Programa - Sessão de Poster - Aspectos teórico-conceituais em Epidemiologia
UMA EPISTEMOLOGIA CRÍTICA A SERVIÇO DA VIDA
Pôster
Damiani, H.B.1, Lemos, C.L.S2, Pinheiro, T.M.M1, Souza, S.D.3
1 Faculdade de Medicina - UFMG
2 Instituto Ciências Biológicas - UFG
3 Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) - Minas
OBJETIVO:
ESTE TRABALHO TEM COMO ESCOPO ABORDAR A DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE COMO SENDO MAIS QUE UM CONCEITO OU UMA CATEGORIA, E SIM UM PARADIGMA EPISTEMOLÓGICO, EMBORA CONTROVERSO, QUE SE ESPRAIA POR DIVERSAS ÁREAS DO SABER. É IMPORTANTE POR PORTAR UM POTENCIAL ANALÍTICO CAPAZ DE RESPONDER À COMPLEXIDADE DOS DESAFIOS SANITÁRIOS QUE ENVOLVEM A EPIDEMIOLOGIA.
MÉTODOS:
FOI REALIZADA UMA REVISÃO NARRATIVA CRÍTICA, TENDO COMO DESCRITOR A CATEGORIA DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE. PARA IDENTIFICAR E SELECIONAR O MATERIAL DE ANÁLISE UTILIZOU-SE O BANCO DE DADOS PUBMED, O PORTAL SCIELO E A PLATOFORMA YOUTUBE. FORAM ANALISADOS ARTIGOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS, LIVROS E VÍDEOS.
RESULTADOS:
NOSSO ESTUDO ENCONTROU A UTILIZAÇÃO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL COMO UMA IMPORTANTE LINHA EPISTEMOLÓGICA NA EPIDEMIOLOGIA LATINO-AMERICANA, ORIGINADA NO ÂMBITO DA SAÚDE COLETIVA NA DÉCADA DE 1970, ASSIM ABORDADA COMO DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE. EMBORA NÃO TENDO UMA PRESENÇA HEGEMÔNICA NAS ABORDAGENS DA SAÚDE, ESTA FORMA DE ANÁLISE TEM SE ESPRAIADO EM OUTRAS ÁREAS DO SABER PARA ALÉM DA SAÚDE, A EXEMPLO DA PEDAGOGIA CRÍTICA, NA EDUCAÇÃO.
CONCLUSÕES:
A PARTIR DE NOSSOS RESULTADOS, CONCLUÍMOS QUE A DETERMINAÇÃO SOCIAL AINDA É POUCO UTILIZADA NA SAÚDE. CONSTITUI-SE, EFETIVAMENTE, COMO UM PARADIGMA CIENTÍFICO UTILIZADO NA EPIDEMIOLOGIA CRÍTICA PAUTADO NA ANÁLISE DIALÉTICA CAPAZ DE OFERECER CONDIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO E ENFRENTAMENTO DOS COMPLEXOS DESAFIOS SANITÁRIOS QUE NOS APRESENTAM PARA A EPIDEMIOLOGIA, POR SER COMPLEXO, PAUTADO NA ANÁLISE DIALÉTICA. ISTO O FAZ DINÂMICO, CAPACITANDO-O À ANÁLISE DE REALIDADES COMPLEXAS DE MODO ESTRUTURAL E SISTEMÁTICO, RAZÃO PELA QUAL OUTRAS ÁREAS DO SABER TAMBÉM O TEM UTILIZADO, COMO A PEDAGOGIA CRÍTICA.
A AVALIAÇÃO DA HETEROGENEIDADE NA META-ANÁLISE EM ESTUDOS OBSERVACIONAIS
Pôster
Vilar, M.E.M1, Nhamuave, E.A.1, Saavedra, R.C.1, Costa, M.C.N.1, Teixeira, M.G.1, Barreto, F.R.1
1 UFBA
Introdução: A Meta-análise é uma técnica estatística utilizada para combinar e resumir resultados de diferentes estudos individuados com semelhanças clínicas e metodológicas a partir de uma revisão sistemática, e pode ser igualmente aplicada a estudos observacionais. Um dos aspectos que permite maior confiabilidade e robustez dos resultados em meta-análise é a avaliação da heterogeneidade, presente em grande parte dos estudos observacionais..
Objetivo: Analisar a heterogeneidade em estudos observacionais na meta-análise e sua contribuição para a epidemiologia.
Métodos: Ensaio teórico com enfoque na análise reflexiva acerca de procedimentos metodológicos para lidar com a heterogeneidade em estudos observacionais. O ensaio se baseou em estratégias metodológicas desenvolvidas em três diferentes estudos observacionais para lidar com a heterogeneidade.
Resultados: Após avaliação da heterogeneidade pelos testes estatísticos (Teste de Cochran ou Estatística I2 de Higgins e Thompson), os estudos evidenciaram magnitude significativa (p<0,05) para heterogeneidade moderada ou alta. Portanto, para reduzir a heterogeneidade em meta-análises, foram implementadas análises de subgrupos (baseado nas caracteristicas) para identificar fontes potenciais de heterogeneidade admitindo-se modelos de efeitos aleatórios. Análises de meta-regressão permitiram estimar os efeitos das covariáveis.
Conclusões: Não obstante a importância dos testes estatísticos para avaliar a heterogeneidade na meta-análise de estudos observacionais, a análise não deve ficar limitada unicamente a estes testes. É necessário considerar igualmente o contexto epidemiológico complexo. Desdobramentos metodológicos mais profundos podem ser utilizados (à exemplo da regressão logística), e os seus resultados poderão evidenciar associações mais confiáveis, sem necessariamente comprometer o rigor metodológico exigido.
A IMPORTÂNCIA DA INTERSECCIONALIDADE EM ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS SOBRE A VIOLÊNCIA
Pôster
Oliveira, K.N.R.1, Barbosa, S.V.1, Pinto, N.R.1, Silva, A.M.M,1, Brito, E.B.S.2, Goes, E.F.3, Ramos, D. O.1
1 ISC/UFBA
2 FAMEB/UFBA
3 Cidacs/Fiocruz
Introdução: A sistemática ocorrência de eventos violentos contra determinados grupos populacionais de acordo com gênero, raça e outros marcadores e o aumento da sua incidência demonstram a necessidade de utilização de perspectivas epistemológicas e metodológicas que contemplem o entrecruzamento dessas relações no contexto da vitimização pela violência. Objetivo: Discutir o uso da abordagem interseccional em estudos epidemiológicos sobre a violência.
Metodologia: Ensaio teórico reflexivo considerando o conceito de interseccionalidade a luz das autoras Patrícia Hill Collins, Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, refletindo a respeito dos potenciais usos da abordagem interseccional em estudos epidemiológicos para além das análises clássicas sobre a violência e da relação entre ajustes e o desfecho tradicionalmente vista de maneira isolada.
Resultados: As desigualdades relacionadas à violência demonstram ser esse um espaço de consolidação de diversas relações de poder. A abordagem tradicional da pesquisa em epidemiologia como algo estritamente técnico e supostamente neutro não produz análises aprofundadas ou soluções para os problemas encontrados. Desta forma, entende-se que nesse campo são necessárias perspectivas transversais mais sofisticadas que compreendam as relações de poder interseccionais envolvidas. A partir da abordagem interseccional, as categorias de raça, sexo, idade, dentre outras passam a refletir sistemas de poder que se constituem mutualmente na produção da violência e que, portanto, não devem ser analisadas de maneira isolada. Assim, a interseccionalidade aplicada à epidemiologia permite estudos mais robustos e proposições mais efetivas sobre o tema.
Conclusões: A abordagem interseccional oferece perspectiva de análise para os estudos epidemiológicos sobre a violência permitindo compreender a múltipla determinação do fenômeno.
AVALIAÇÃO DE INTERAÇÕES ESTATÍSTICAS EM PRESENCIA E AUSÊNCIA DE SINERGISMO
Pôster
Diaz-Quijano, F. A.1
1 Universidade de São Paulo
Avaliar interação estatística entre dois fatores consiste na comparação de incidências observadas e esperadas, segundo uma escala escolhida. Porém, uma interação mecanística (IM) implicaria que um desfecho apenas aconteceria se os dois fatores estiverem presentes, completando uma causa suficiente.
Objetivo: Ilustrar a diferença entre interação estatística e mecanística (sinergismo) de fatores de risco para desfechos dicotômicos.
Métodos: Foram simulados dois cenários de incidência (moderada: 27.8%; e, alta: 53.4%) em populações de 10.000 indivíduos. O desfecho foi causado por qualquer de seis configurações de causas suficientes definidas por causas componentes distribuídas aleatoriamente. Incluíram-se cinco pares de causas componentes com IM (sinergismo) e cinco sem IM. Calcularam-se medidas de interação estatística na escala multiplicativa (razão de riscos relativos [RRR]) e aditiva (excesso de risco relativo devido à interação [RERI]). Considerou-se o nível de significância de 0.05 para definir interação estatística.
Resultados: Na escala multiplicativa, houve interação estatística positiva (RRR >1) em dois dos cinco casos de IM, no cenário moderado, e negativa (RRR <1) em um caso de IM no cenário alto. Os pares sem IM mostraram interação estatística negativa em ambos cenários.
Na escala aditiva, todos os pares com IM exibiram interação positiva (RERI >0) no cenário moderado, em quanto que, dois daqueles no cenário alto. Apresentou-se interação negativa em quatro dos cinco pares de fatores sem IM, no cenário moderado, e em todos os pares sem IM no cenário alto.
Conclusões: A escala aditiva está mais associada ao sinergismo, mas a ausência de interação estatística positiva não descarta o sinergismo.
CINE EPIDEMIO: UTILIZAÇÃO DE FILMES COMO FORMA DE DISCUTIR EVENTOS DE SAÚDE PÚBLICA
Pôster
Silveira Neto, O.J.1, Silva, V.H.P.1, Andrade, V.G.1, Espindola, I.R.M.1, Oliveira, L. E. F.1
1 UEG
O objetivo da realização deste projeto foi o de selecionar e exibir filmes que tivessem um conteúdo técnico de epidemiologia e saúde pública para exibir ao público e realizar discussões após o mesmo, com o objetivo de informar sobre epidemiologia e formas de prevenção de doenças. Foram selecionados os filmes Epidemia, Contágio e Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento, sendo que os três foram exibidos no auditório do campus Oeste da Universidade Estadual de Goiás. Em cada dia, um filme era exibido de forma gratuita para os alunos e para a população no geral, sendo que após o término do filme, era realizada uma discussão sobre o tema do filme e sua correlação com eventos e situações do dia a dia da saúde pública. Foram elaboradas questões para estimular o debate após os filmes, sempre explicando algum conceito epidemiológico e relacionando o mesmo com algo mais prático e de fácil entendimento para a população. Em todos os dias, houve uma boa adesão e interesse do público para participar, sendo que as discussões realizadas foram bem proveitosas. O que pode ser percebido, foi que relacionando temas atuais com os enredos dos filmes, ficou mais fácil de abordar assuntos mais técnicos, como surgimento de pandemias, biossegurança, importância da vacinação, combate a fake news e vigilância epidemiológica. A exibição de filmes com posterior debate sobre epidemiologia e saúde pública, mostrou ser um bom caminho para implantar discussões e análises sobre temas importantes e de relevância para a população.
DESERTOS E PÂNTANOS ALIMENTARES: ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DOS CONEITOS E MEDIDAS
Pôster
Honório, O.S.1, Mendes, L.L.2, Araújo. M.L.3, Pessoa, M.C.2
1 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Centro Universitário Governador Ozanam Coelho (UNIFAGOC
2 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
3 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Faculdades Kennedy/Promove
Objetivo: Desenvolver e realizar a validação de conteúdo de conceitos e medidas para desertos e pântanos alimentares.
Metodologia: estudo de validação de conteúdo, realizado no Brasil, em duas etapas. A primeira consistiu em um levantamento bibliográfico sobre conceitos e medidas pré-existentes relacionados aos desertos e pântanos alimentares e adaptação à realidade brasileira. A segunda foi a realização de um painel de especialistas para validação de conteúdo dos conceitos e medidas elaboradas.
Resultados: Foram convidados 26 especialistas para participar do painel. A etapa de validação do conceito foi respondida por 13 especialistas e a de validação da medida foi respondida por nove. 76,92% concordaram fortemente em definir os pântanos alimentares como áreas em que prevalecem os estabelecimentos que comercializam alimentos não saudáveis. Mais de 80% dos respondentes concordam em definir os desertos alimentares como áreas geográficas de baixa renda sem acesso físico ou com acesso físico limitado a estabelecimentos que comercializam predominante alimentos saudáveis. 44,44% dos especialistas concordam em medir os pântanos alimentares pela razão de estabelecimentos de ultraprocessados por estabelecimentos de alimentos in natura. 55,56% concordam em medir os desertos pela densidade de estabelecimentos saudáveis associada a vulnerabilidade social da vizinhança.
Conclusão: Os conceitos aprovados contemplam a classificação NOVA dos alimentos. A medida leva em consideração os estabelecimentos de aquisição de alimentos in natura e minimamente processados e a vulnerabilidade socioeconômica da área.
MAPEANDO O USO DO GHQ-12 EM ESTUDOS LONGITUDINAIS: UMA REVISÃO DE ESCOPO DE 2013 A 2023
Pôster
Faus, D.P1, Miliauskas, C.R2, Faerstein, E2
1 UFRJ
2 UERJ
Introdução: O objetivo deste estudo é resumir os métodos empregados na utilização do GHQ-12 em estudos longitudinais envolvendo uma população adulta. Métodos: Seguindo as diretrizes PRISMA, foram consultadas as bases de dados MEDLINE, PsycINFO, Scopus e Web of Science para identificar artigos que respondessem à questão norteadora: "Como o GHQ-12 foi utilizado em estudos longitudinais de 2013 a 2023?". Resultados: Dos 480 artigos encontrados, 46 preencheram os critérios de inclusão. Os estudos foram realizados predominantemente em países de alta renda, com população branca e utilizaram o método binário com ponto de corte três. Métodos tradicionais como os Modelos Lineares Gerais, entre os quais o mais utilizado foi a regressão log-binomial ou logística, seguido da regressão de Poisson, os modelos de regressão linear ainda foram os mais usados. Porém, estudos mais recenes têm optado por usar equações estruturais em suas análises. Discussão: A revisão revelou um interesse crescente em técnicas de equações estruturais. A investigação futura deverá incluir estudos em países de baixo e médio rendimento, incorporando a diversidade étnica e explorando ainda mais o SEM e o crescimento latente para análises aprofundadas da saúde mental.