Programa - Sessão de Poster - Avaliação de tecnologias médico-sanitárias
ANÁLISE DE SOBREVIDA NA ONCOLOGIA: UMA REVISÃO DOS MODELOS ECONÔMICOS DA CONITEC
Pôster
Borges, S. S.1, Cerqueira, M. R.1, Frio, G. S.2, Santos, B. B.1, Zimmermann, I. R.1
1 UnB
2 PUC-RS
Objetivos: Analisar o perfil dos modelos econômicos com análise de sobrevida empregados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) na avaliação de tecnologias para tratamento de cânceres metastáticos e avançados.
Métodos: Estudo descritivo das avaliações econômicas disponíveis nos relatórios de recomendação sobre medicamentos oncológicos da Conitec publicados entre janeiro de 2019 e dezembro de 2023. Três revisores independentes selecionaram os relatórios e extraíram os dados de interesse usando um formulário próprio contendo os parâmetros: desfechos elencados no modelo, curvas de distribuição adotada na extrapolação dos dados de sobrevida, métodos de validação e horizonte temporal.
Resultados: Foram identificados 30 relatórios de recomendação da Conitec que avaliaram 32 tratamentos oncológicos para 45 diferentes indicações. Os estados de saúde SLP, progressão e morte foram apresentados em 75% dos modelos. Enquanto a função de sobrevida Weibull foi adotada em 50% das extrapolações de sobrevida global, Exponencial (35%) e Log-normal (15%) foram adotadas para SLP. Os métodos de validação incluíram as estatísticas AIC/BIC (38%), análise de sensibilidade determinística univariada e probabilística (27%) e inspeção visual das curvas ajustadas aos dados observados (27%). Os horizontes de extrapolação variaram principalmente de 15 a 30 anos (31%) e 10 a 20 anos (11,5%).
Conclusão: A representação matemática dos estados de saúde SLP, progressão e morte é frequentemente adotada na avaliação de tecnologias oncológicas na Conitec, com a distribuição Weibull comumente utilizada para extrapolação dos dados de sobrevida.
ANÁLISE DOS RISCOS PERIOPERATÓRIOS EM NEUROCIRURGIAS DE TUMORES CEREBRAIS
Pôster
Novais, O. B.1, Alves, M. A.1, Godinho, G. A.2, Lopes, C. D. D.1
1 UNITINS
2 UFT
Objetivos: Avaliar os fatores de risco perioperatórios em neurocirurgias de tumores cerebrais, com enfoque epidemiológico e bioestatístico. Métodos: Foi realizada uma revisão integrativa com base na estratégia PICO (Paciente, Intervenção, Comparação e Resultado). A seleção incluiu estudos observacionais, de incidência, prognósticos e de prevalência, publicados entre janeiro de 1996 e dezembro de 2022. Foram incluídos 11 artigos após critérios de inclusão e exclusão rigorosos. Resultados: Os dados indicam que 37,6% dos pacientes apresentaram morbidade perioperatória, com uma mortalidade de 3,1%. A idade avançada (p<0,05) e o tamanho do tumor (p<0,01) foram fatores significativamente associados a piores desfechos. A trombose venosa profunda (TVP) foi identificada como uma complicação frequente, com incidência variando de 5% a 20% entre os estudos. Pacientes submetidos a ressecção de meningiomas apresentaram edema peritumoral significativo, correlacionado a volumes tumorais maiores. A profilaxia de TVP e o manejo pós-operatório adequado mostraram-se cruciais na redução de complicações. Conclusão: A compreensão dos fatores de risco perioperatórios em neurocirurgias de tumores cerebrais é essencial para melhorar os desfechos clínicos. Estratégias preventivas, como a profilaxia de TVP e a gestão multidisciplinar, são fundamentais para minimizar a morbidade e mortalidade associadas a esses procedimentos.
CRIAÇÃO DE APLICATIVO PARA A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA A EPIDEMIA DE DENGUE DE 2024
Pôster
Peixoto, E. M.1, Rodrigues, D. O.2, Nazario, G. C.2, Almeida, P. M. P.2, Silva, M. M.2, Santos, M. O. A.2, Nascimento, H. S.2, Carvalho, P . R. D. B.2, Almeida, A. M. P.2, Santana, F. S.3, Mello, C. M. B.3, Costa, L. G.2, Medina, R. D. F.2, Cardoso, S. C. C.2, Velasque, L. S.2
1 Centro de Inteligência em Saúde -SES/RJ ; INI/FIOCRUZ ; PPGENFBIO/UNIRIO
2 Centro de Inteligência em Saúde -SES/RJ
3 SES/RJ
Objetivo: Descrever a implementação e uso de um aplicativo em R Shiny para classificação de risco de pacientes com dengue, seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde do Brasil.
Métodos: Utilizamos a linguagem R e o framework Shiny para desenvolver um aplicativo baseado no fluxograma de diagnóstico e manejo clínico da dengue do Ministério da Saúde. O aplicativo foi disponibilizado online desde 19/02/2024 e está acessível para diferentes estados e para o Ministério da Saúde.
Resultados: O aplicativo apresenta uma lista de condições, sinais e sintomas. Basta clicar nas opções (point and click) para que a classificação de risco e a conduta a ser seguida apareçam na tela. Também é possível reclassificar os pacientes na aba de acompanhamento. Por ser simples e de fácil manejo, o aplicativo registrou mais de 15 mil acessos desde sua criação, refletindo sua aceitação e utilidade na prática clínica. Profissionais de saúde utilizaram o aplicativo para classificar o risco de pacientes com base nos sintomas, conforme as recomendações do Ministério da Saúde. O aplicativo possui Certificado de Registro de Programa de Computador Processo Nº: BR512024001158-7.
Conclusões: A implementação do aplicativo em R Shiny foi bem-sucedida. Sua ampla utilização evidencia sua relevância na prática médica, contribuindo para um melhor manejo clínico e uma abordagem mais padronizada dos casos de dengue.
DADOS E EVIDÊNCIAS DE MUNDO REAL: SUBSÍDIOS PARA A REGULAÇÃO DE DISPOSITIVOS MÉDICOS
Pôster
Filier, Letícia Barel1, Alonzo, Herling Gregorio Aguilar2
1 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
2 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Objetivos: Analisar o uso de dados e evidências de mundo real na área de dispositivos médicos, visando contribuir com o aprimoramento do sistema regulatório sanitário brasileiro.
Métodos: Realizada análise documental em documentos de localidades relevantes na regulação de dispositivos médicos ou seus sistemas de saúde: Brasil, Canadá, China, EUA, Japão, Reino Unido e União Europeia. Posteriormente, realizou-se workshop para disseminação do tema na Anvisa.
Resultados: Foram mapeados os principais conceitos, potencialidades e limitações das evidências de mundo real; seus usos na regulação de dispositivos médicos; requisitos de adequabilidade dos dados para uso regulatório e o panorama internacional e nacional. As evidências de mundo real, tradicionalmente obtidas de estudos epidemiológicos, vêm sendo utilizadas em várias etapas do ciclo de vida dos dispositivos médicos, notadamente no avanço da vigilância ativa e na regularização de produtos inovadores e para doenças raras. Oportunidades de aprimoramento do sistema brasileiro incluem: estabelecimento do tema como pilar estratégico; elaboração de documentos orientativos; aperfeiçoamento do marco regulatório, como adoção de aprovação condicional e melhoria do sistema de Tecnovigilância; aproveitamento de sistemas existentes para coleta de dados de segurança e efetividade; colaboração com outros atores e qualificação do corpo técnico do SUS. O workshop, conduzido na Anvisa em fevereiro de 2023, contou com mais de 100 participantes e possibilitou o debate e avanço do tema na Agência.
Conclusões: O Brasil encontra-se em estágio incipiente comparado ao cenário internacional, com oportunidades de avanço para aprimoramento da regulação sanitária. Desafios incluem acesso e qualidade dos dados, transparência metodológica e aspectos éticos.
DESFECHOS CLÍNICOS DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA COM ÁCIDO TRANEXÂMICO
Pôster
Silva, I.V.A1, do Carmo, V,P2, Silva, J.M.A3, Moreno, P.C.B1, Lemos, E.F.1
1 CASSEMS
2 UNIDERP
3 UFGD
Introdução: A utilização do ácido tranexâmico (ATX) em cirurgias cardíacas tem despertado crescente interesse devido aos seus potenciais benefícios. Objetivo: analisar os desfechos
clínicos observados em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, no âmbito do uso do ácido tranexâmico. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo com pacientes
submetidos à cirurgia cardíaca (março de 2021 a março de 2023) em um hospital privado de Mato Grosso do Sul. Resultados e conclusões: Foram analisados 72 prontuários, destes 91,7% tinham
comorbidades relatadas, com destaque para excesso de peso, HAS e DM. As mulheres, apresentaram desfechos desfavoráveis em maior proporção. Este fenômeno é evidenciado pela incidência mais elevada de crises convulsivas (9,1% vs. 0,0%; p=0,09), eventos trombóticos pós-operatórios (27,7% vs. 6,0%; p=0,01), mortalidade intra-hospitalar (27,3% vs. 4,0%; p<0,001), e uma maior permanência na UTI (>7 dias) (21,1% das mulheres vs. 8,2% dos homens; p=0,20). Essa discrepância entre os sexos sugere a necessidade de uma abordagem mais individualizada no manejo pós-operatório, considerando fatores específicos ao sexo que podem contribuir para resultados distintos.
EFICÁCIA E SEGURANÇA DOS ANTIPSICÓTICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO NO AUTISMO: METANÁLISE EM REDE
Pôster
Lopes, L. P. N.1, Pereira, T. V.2, Lima, E. C.3, Mazzei, L. G.4, Bergamaschi, C. C.4, Abe, F. C.4, Oliveria, J. C.4, Lopes, L. C.4
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Universidade de Sorocaba (UNISO)
2 Universidade de Oxford
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
4 Universidade de Sorocaba (UNISO)
Objetivo: avaliar a segurança e eficácia dos antipsicóticos de segunda geração no comportamento agressivo associado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) comparados entre si e ao placebo. Métodos: Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (ECR) e coortes prospectivas avaliando os antipsicóticos de segunda geração em crianças e adultos com diagnóstico de TEA. A busca foi realizada em 7 bases de dados e literatura cinzenta. Os desfechos avaliados foram sinais e sintomas de comportamento agressivo associados ao TEA medidos pelas escalas Aberrant Behavior Checklist (ABC-I) e Clinical Global Impressions (CGI), e descontinuação total. A qualidade metodológica foi avaliada por meio da ferramenta Risk of Bias versão 2.0. Os dados foram sintetizados a partir de metanálises bayesianas e a ferramenta GRADE foi utilizada para sumarizar os resultados. Resultados: Doze ECR envolvendo 1.101 participantes com até 17 anos atenderam aos critérios de elegibilidade. Nenhuma coorte prospectiva foi identificada. 11 ECR foram financiados pela indústria farmacêutica. Risperidona e aripiprazol (diferença média da ABC-I: -5,7 a -7,1; escala CGI: -0,77 a -0,85) mostraram eficácia superior ao placebo, com probabilidade de superioridade entre 99,3% a 100%, mas não diferiram significativamente entre si. O risco relativo de descontinuação variou de 0,30 a 0,51 entre os antipsicóticos. Todos os estudos incluídos apresentaram alto risco de viés ou algumas preocupações, resultando em uma confiança muito baixa das evidências. Conclusões: os antipsicóticos apresentaram segurança e eficácia superiores em comparação ao placebo, mas não demonstraram diferenças significativas quando comparados entre si.
FORMULAÇÃO CONTENDO FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS E ÓLEO ESSENCIAL NO CONTROLE DE AEDES AEGYPTI
Pôster
Freitas, A. M.1, Moreira, H. V. S.1, Silva, B. F. O.1, Magalhães, K. L. A.1, Santiago, I. O.1, Silva, T. A.1, Dias, V. H. M. L.1, Gôlo, P. S.1, Chaves, D. S. A.1, Bittencourt, V. R. E. P.1, Angelo, I. C.1
1 UFRRJ
Aedes aegypti, vetor de agentes patogênicos causadores de diversas arboviroses, representa um desafio à Saúde Pública no Brasil. Uma estratégia promissora de controle do vetor envolve o uso combinado de fungos entomopatogênicos e óleos essenciais (OE). Neste estudo, investigou-se os efeitos in vitro de diferentes concentrações do OE de Illicium verum, associadas ao isolado nativo LCMS04 de Metarhizium anisopliae, sobre larvas de A. aegypti. Foram testadas concentrações fúngicas (1x106 e 1x107 conídios/mL), suspensas em Tween 80 a 0,03%, combinadas ou não com OE nas concentrações de 5mg/L, 10mg/L e 20mg/L. Preparou-se um controle de Tween 80 a 0,03%. 10 larvas (L2) de A. aegypti (N=360) foram expostas a 10mL dos tratamentos ou controle, por copo, em triplicatas. A sobrevivência foi avaliada por 7 dias e os bioensaios executados em três repetições. Resultados revelaram diferenças significativas entre tratamentos e controle (χ2=438,9; P<0,0001). A sobrevivência das larvas no controle foi 91,1%. O OE reduziu a sobrevivência para 76,4%, 46,6% e 0% nas concentrações de 5mg/L, 10mg/L e 20mg/L, respectivamente A concentração fúngica 1x106conídios/mL de LCMS04 reduziu a sobrevivência para 4,6%, enquanto em associação com OE, nas concentrações de 5mg/L, 10mg/L e 20mg/L, reduziu para 3,45%, 1,1% e 0%, respectivamente. A concentração fúngica 1x107conídios/mL reduziu a sobrevivência para 2,2% e em associação com OE, nas mesmas concentrações, reduziu para 8,04%, 1,1% e 0%, respectivamente. Esses resultados sugerem potencial larvicida de M. anisopliae e OE de I. verum, indicando a associação como uma estratégia efetiva para o controle biológico de larvas de A. aegypti.
IA NAS RETINOGRAFIAS: ANÁLISE DA CONCORDÂNCIA COM A AVALIAÇÃO REALIZADA POR OFTALMOLOGISTA
Pôster
FERREIRA, A. C. M.1, PERILLO, R. D.1, FREITAS, M. A. C.1, MOLINARI-GOMES, L. C.1, TORRES, R.M1, BARROS, G. D. M.1, JORGE, L. S.1, SANTOS, A. F.1
1 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo: Avaliar a concordância entre o diagnóstico de retinografias realizado por médico oftalmologista experiente e outro baseado em algoritmos de inteligência artificial (IA). Métodos: Estudo transversal analisando 920 retinografias realizadas com o uso de um retinógrafo portátil no âmbito do SUS, no período entre dezembro de 2023 e maio de 2024, em cinco municípios de Minas Gerais. Utilizou-se um modelo de IA de Machine Learning que analisou as imagens da retina, classificando-as em baixa, média e alta probabilidade de alterações. As imagens também foram analisadas por um oftalmologista, que classificou os exames como alterados ou normais. As variáveis utilizadas foram: diagnóstico médico (normal ou alterado) e diagnóstico da IA (baixa, média e alta probabilidade de alteração). A concordância foi avaliada pelo coeficiente Kappa (k) e seu intervalo de confiança de 95% (IC95%). Para a análise, a IA considerou média e alta probabilidade como exame alterado, e baixa probabilidade como exame normal. Resultados: o oftalmologista classificou 46% (n = 428) dos exames como alterados, enquanto a IA classificou 32% (n = 312) como alterados. O teste Kappa indicou uma concordância moderada (k= 0,622 [IC 95%: 0,57 - 0,67]). Conclusão: Os algoritmos da IA mostra-se promissora como uma ferramenta para o auxílio no diagnóstico da retinopatia diabética (RD). A concordância de 62% com o diagnóstico médico demonstra a confiabilidade da IA sugerindo seu uso. No entanto, faz-se necessário algoritmos que consigam uma maior aproximação ao diagnóstico médico, bem como para a detecção de outras patologias, além da RD.
IMPLEMENTAÇÃO DA TELEODONTOLOGIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO BRASIL DURANTE A COVID-19
Pôster
Pinheiro, V.V1, Laroque, M.B1, Tillmann, T.F.F1, Liskoski, V.L1, Langlois, C.O1, Silva, A.E.R1
1 UFPEL
Objetivo: Analisar a utilização da teleodontologia na Atenção Primária à Saúde no Brasil ao final do segundo ano da pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo de acompanhamento com cirurgiões-dentistas atuantes na Atenção Primária à Saúde. Os dados do estudo foram obtidos por meio de um formulário online. O desfecho foi a utilização da teleodontologia nas Unidades Básicas de Saúde. As variáveis de exposição foram relacionadas aos cirurgiões-dentistas, aos municípios e organização dos serviços das Unidades Básicas de Saúde. Foram realizadas as análises descritivas, análises bivariadas e análise multivariável utilizando regressão de Poisson. Resultados: Foram avaliados 416 cirurgiões-dentistas. Destes, 24,3%, relataram utilizar a teleodontologia, com a teleorientação sendo a modalidade de teleodontologia mais utilizada (85,6%). Após a análise de regressão de Poisson Ajustada, a maior probabilidade de implementar a teleodontologia ocorreu nas Unidades Básicas de Saúde que estavam nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, que adotaram protocolos para a redução do risco da COVID-19 e tinham cirurgiões-dentistas especialistas em Saúde Pública/Coletiva atuando nas Unidades Básicas de Saúde. Conclusões: Observou-se baixo uso das ferramentas de teleodontologia nas Unidades de Básicas de Saúde do Brasil. Fatores relacionadas a adoção de protocolos para redução de risco de COVID-19, a região brasileira da Unidade Básica de Saúde e ter um cirurgião-dentista com especialização em Saúde Pública ou Coletiva, foram associadas positivamente à implantação da teleodontologia.
MONITORAMENTO DO USO TAFAMIDIS MEGLUMINA NO SUS
Pôster
Silva, M.G.P.1, Lyrio, A.O.1, Lopes, A.C.F.1, Bonan, L.F.S.2
1 CMTS/DGITS/SECTICS/MS
2 DGITS/SECTICS/MS
Objetivo: Monitorar a utilização e o impacto orçamentário do tafamidis meglumina no tratamento da polineuropatia amiloidótica familiar no SUS. Métodos: Estudo descritivo com dados de outubro de 2019 a setembro de 2022, referente aos três primeiros anos de uso do medicamento. Foram realizadas análises descritivas das características demográficas da população incluída, além de avaliações dos dados de utilização e do impacto orçamentário. Os dados estimados usados para recomendação de incorporação da Conitec foram comparados aos dados observados após a implementação do medicamento. Resultados: Foram identificados 630 indivíduos que utilizaram o tafamidis meglumina, com média de idade de 60 anos. A maioria era do sexo masculino (57%) e residente na região Sudeste do país (59%). O número pessoas em tratamento aumentou durante o período analisado e foi superior ao estimado em todos os anos, com o maior erro no primeiro ano (145%) e o menor no último ano (33%). O preço do medicamento variou de R$ 398,46 a R$ 547,89, sendo inferior ao valor estimado para incorporação (R$ 569,27). O impacto orçamentário observado no primeiro ano foi 16% superior ao estimado, mas nos anos seguintes foi entre 9% e 37% inferior ao previsto. Conclusões: O monitoramento de tecnologias de alto custo como o tafamidis meglumina é essencial para a manutenção do SUS. A difusão do medicamento foi mais rápida do que o previsto, porém foi adquirida por um valor inferior, resultando em um impacto orçamentário menor no segundo e terceiro ano. Isso assegura eficiência no uso dos recursos e sustentabilidade financeira.
MUDANÇAS NAS NORMAS JURÍDICAS DE TELEMEDICINA APÓS A EMERGÊNCIA DA COVID-19
Pôster
Gomes, C. H. N.1, Pellini, A. C. G.1
1 Universidade Nove de Julho - UNINOVE
Objetivos: Identificar as mudanças nas normas jurídicas que regulamentaram a telemedicina antes e após o início da pandemia de Covid-19, especialmente no município de São Paulo. Métodos: Foi realizado um levantamento abrangente das normas sobre telemedicina, incluindo aquelas do conselho de classe da categoria médica, desde 1988 até o período pandêmico (março/2020 a dezembro/2022). Resultados: As principais legislações identificadas, que trouxeram mudanças à prática da telemedicina, foram a Lei nº 17.718/2021, que definiu a prática da telemedicina no município de São Paulo; a Resolução CFM nº 2.314/2022, que definiu a telemedicina como o exercício da medicina mediado por Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação (TDICs), para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção de saúde; e a Lei Federal nº 14.510/2022, que autorizou e disciplinou a prática da telessaúde em todo o território nacional, e revogou a Lei nº 13.989/2020, que autorizava, em caráter emergencial, o uso da telemedicina. Conclusões: Este trabalho identificou mudanças nas normas, que antes vedavam a prescrição de tratamentos ou outros procedimentos sem o exame presencial e direto do paciente, salvo em casos de urgência, emergência ou impossibilidade comprovada de realizá-lo. Após a pandemia de Covid-19, essas normas passaram a prever, como ocorreu no município de São Paulo, o exercício da medicina com a transmissão segura de conteúdo audiovisual e de dados por tecnologias digitais, para fins de assistência (acompanhamento, diagnóstico, tratamento e vigilância epidemiológica), prevenção de doenças e lesões, promoção da saúde, educação e pesquisas em saúde.
TECNOLOGIA DE CHATBOT COMO FERRAMENTA AUXILIAR NO MONITORAMENTO DE PACIENTES COM DENGUE
Pôster
Paiz, L. M.1, Von Zuben, A. P. B.2, Angerami, R. N.2, Marinho-Neto, F.2, Lino, C. E.2, Quirino, C. C. R.2, Pereira, L. C.2, Moscon, R.2, Benetti, M. R. S.2, Nunes, M. R. P. T. M.2, Hadich, D. F.2, Zambon, L.2
1 UNESP
2 Secretaria Municipal de Saúde de Campinas
A dengue cursa em uma fase crítica entre o terceiro e sétimo dia, quando podem ocorrer sinais de alarme, principalmente por aumento da permeabilidade capilar. O manejo adequado dos pacientes depende do reconhecimento precoce de sinais de gravidade, do contínuo acompanhamento, do reestadiamento dos casos e da pronta reposição volêmica. A fim de apoiar o monitoramento desses pacientes, a Secretaria de Saúde de Campinas, São Paulo, desenvolveu uma ferramenta de inteligência artificial com tecnologia de chatbot. O bot foi construído para envio de mensagens personalizadas para usuários com suspeita ou diagnóstico de dengue residentes e atendidos na rede pública de saúde de Campinas. A partir dos registros de atendimentos e dados de notificação, os pacientes com número de celular cadastrado e com dois a oito dias de sintomas foram automaticamente selecionados e receberam mensagens de segunda a sexta-feira, contendo perguntas sobre ingestão de líquidos e sinais de alarme. A cada interação do usuário, o chatbot coleta a resposta e salva-a na base de dados. Em caso de respostas de hidratação inadequada ou sinais de alarme, os pacientes são orientados a procurar uma unidade de saúde com urgência e a unidade de referência de moradia é alertada. Entre 12 de março e 17 de maio de 2024, foram disparadas 94.538 mensagens, sendo entregues 67.234 (71,1%). Destas, foram respondidas 32.308 (48,0%), sendo 11.600 (36,0%) respostas de hidratação insuficiente ou presença de sinais de alarme, possibilitando a captação desses casos para intervenção clínica oportuna e otimização de recursos.
TROCA DA VIA DE ADMINISTRAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS
Pôster
da Silva, B.R.1, Bianchini, B.V.1, Locatelli, D.L.2, da Luz, J.P.3, da Silva Dal Pizzol, T.1
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, UFRGS
2 Programa de Pós-Graduação em Assistência Farmacêutica, UFRGS
3
Objetivos: sumarizar as evidências sobre a eficácia da troca da via de administração endovenosa (EV) para via oral (VO) na antibioticoterapia de adultos.
Métodos: O protocolo da revisão sistemática foi registrado no PROSPERO (CRD42022336019). Foram incluídos ensaios clínicos randomizados com pacientes adultos, hospitalizados ou não, em que a intervenção testada foi o uso de antibióticos pela via EV por ao menos 48 horas, com subsequente troca para VO, comparada com o uso exclusivo de antibióticos pela via EV. Os desfechos foram mortalidade, cura clínica, falha terapêutica e tempo de internação hospitalar. Foram incluídas as bases de dados Embase, PubMed, SciELO, ScienceDirect, Cochrane Central Register of Controlled Trials e ClinicalTrials.gov, sem restrições por idioma e data de publicação. As buscas foram realizadas até outubro de 2023. Para a avaliação do risco de viés, foi empregada a ferramenta RoB 2.
Resultados: 3.589 resultados foram triados pela leitura dos títulos e resumos, resultando em 165 para leitura na íntegra, dos quais 15 estudos foram incluídos, totalizando 1.993 participantes. O sítio de infecção mais estudado foi o trato respiratório inferior (n=6 estudos). Não foi identificada diferença estatisticamente significativa entre os grupos para mortalidade, falha terapêutica e cura clínica. O tempo de internação hospitalar foi maior no grupo EV, em comparação com o grupo VO. A maioria dos estudos apresentou alto risco de viés para cura clínica e falha terapêutica.
Conclusão: Embora os resultados sugiram que a troca pela VO possa ser eficaz, é preciso cautela, dado o elevado risco de viés identificado nos estudos.