Programa - Sessão de Poster - Crise climática e saúde
A ATUAÇÃO INTEGRADA NA GESTÃO DE RISCO DE DESASTRE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Ferreira, A. S. B.1, Aguilar, G. M. O.1, Carvalho, L. F.1, Cordeiro, C. R.1, Espindola, A. P.1, Pinheiro, R. N.1, Junior, J. C. O.1, Ribeiro, C. L. P.1
1 SMS RIO
Objetivos: apresentar as ações de preparação, vigilância e resposta frente a Emergências de Saúde Pública por desastres, adotadas na cidade do Rio de Janeiro. Métodos: Trata-se de um relato de experiência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ) no desenvolvimento das ações integradas de preparação, vigilância, resposta e mitigação de riscos à saúde relacionados aos desastres. Resultados: A Vigilância em Saúde atua desde o mapeamento de áreas de risco de desastres até a detecção de rumores, investigação e monitoramento epidemiológico e ambiental, por meio de análises sistemáticas de dados. A SMS-RJ possui o Plano de Contingência de Desastres Naturais para nortear as ações de gestão de risco de desastres à Rede de Atenção à Saúde (RAS) nos territórios e é parte integrante do 3RD (Rio pela Redução de Riscos de Desastres). Participa dos Simulados de Desocupação coordenados pela Defesa Civil como atuação de preparação de eventos relacionados a fortes chuvas. Na perspectiva da qualificação profissional, a SMS-RJ realiza em parceria com a Defesa Civil o Núcleo de Proteção, Defesa Civil e Saúde (NUPDEC Saúde), curso voltado para Agentes de Saúde pautado na atuação da Atenção Primária à Saúde (APS). Para apoio na vigilância e resposta integrada aos desastres, a SMS-RJ compõe junto a demais órgãos públicos a bancada do Centro de Operações Rio. Conclusão: Os desastres naturais, que avançam com maior frequência e intensidade resultante das mudanças climáticas, exercem forte impacto na saúde humana. A SMS-RJ reúne esforços por meio da integração com demais órgãos e aprimoramento da RAS, para atuação coordenada e oportuna.
AQUECIMENTO GLOBAL E SAÚDE PÚBLICA: ABORDANDO OS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Pôster
Cruz, V.1, Aguiar, V. C. F.1
1 Universidade Federal Fluminense - UFF
Objetivo:
Analisar os impactos das mudanças climáticas na saúde humana.
Métodos:
Revisão Integrativa da Literatura, com abordagem qualitativa, no período de maio de 2024.
Resultados:
Relatos científicos publicados em 2015 pelo Observatório do Clima já alertavam sobre os riscos à saúde da população devido às bruscas mudanças climáticas que assolariam o país. Impactos como calor extremo, aumento das doenças infecciosas e transmissíveis, grandes inundações já estariam projetadas há mais de duas décadas. Além do desmonte da legislação ambiental nos últimos anos, não houve grandes investimentos em políticas que visassem reduzir o impacto dessas mudanças no Brasil, levando a um total despreparo em emergências climáticas, como o desastre ambiental que ocorreu no Rio Grande do Sul em maio de 2024.
Diante do impacto na região, podemos observar falhas no sistema de alerta e no preparo para grandes crises, levando a enormes deslocamentos populacionais e alguns desafios para a saúde pública, como o risco aumentado para gastroenterites, leptospirose, diarréias e outros. O acesso aos serviços de saúde também foi seriamente afetado, comprometendo a capacidade de resposta às necessidades das pessoas atingidas.
Conclusões:
A ausência de políticas públicas ambientais são uma das consequências de grandes mudanças climáticas. Os sistemas de saúde precisarão se antecipar para responder às ameaças climáticas que ocorrerão com mais frequência devido aos impactos das atividades humanas. Urge a necessidade dos estados e municípios elaborarem planos em resposta a essas crises, sendo primordial a conscientização da população no que tange às adequadas escolhas políticas.
CRISE CLIMÁTICA E SAÚDE EM 2023: O ANO EM QUE O AMAZONAS SECOU
Pôster
OLIVEIRA, R. P. de1, RAMOS, T. C. A.1, PINHEIRO, E. do N.2, REIS, A. Z. dos1
1 FVS-RCP
2 SES/AM
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou em 30 de dezembro de 2023 um documento sobre o Estado Global do Clima em 2023 no qual afirmou que até outubro de 2023 a temperatura média da superfície global ficou 1,4⁰C acima da média, sendo considerando o ano mais quente em 174 anos de medições meteorológicas. Esta situação atingiu a região Amazônica e a Estiagem em 2023 foi considerada a mais severa. Este trabalho tem por objetivo trazer um relato de experiência da atuação do Centro de Operações de Vigilância em Saúde Estiagem 2023 (COVS ESTIAGEM 2023) da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) no enfrentamento dessa crise climática. Trata-se de estudo descritivo com a utilização de banco de dados com informações geradas a partir de redcap e dados secundários. Em 29 de setembro de 2023 o Governo do Estado do Amazonas decretou Situação de Emergência no Estado do Amazonas e, a partir de então foi criado no âmbito da FVS-RCP o COVS ESTIAGEM 2023, seguindo matriz de responsabilidades e com monitoramentos diários em parceria com o Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), com a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) e com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). A formação do COVS Estiagem 2023 na FVS-RCP foi de suma importância para preparação e resposta frente a emergência em saúde pública vivenciada em 2023 e que ocasionou diversos transtornos com prejuízos ambientais, econômicos, sociais e de saúde.
DIFERENÇAS NO CUSTO E IMPACTO AMBIENTAL DE DIETAS NO BRASIL
Pôster
Caldeira, T. C. M.1, Fagioli, H. B.1, Andrade, G. C.2, Claro, R. M.1
1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
2 Universidade de São Paulo (USP)
Objetivo: Analisar o custo e o impacto ambiental da dieta atual da população brasileira comparando-a com dietas saudáveis e sustentáveis.
Métodos: Estudo de modelagem com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/18 e do banco de Pegadas de Alimentos no Brasil. Realizou-se uma análise de custos associados a dieta baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPA) e na dieta EAT-Lancet, comparadas com a dieta atual brasileira. Utilizou-se o DIETCOST/INFORMAS para gerar múltiplas dietas. Estimou-se as médias e intervalos de confiança de 95% (IC95%) para o total de energia, custo e impacto ambiental (pegadas de carbono (PC) e hídrica (PH)) para o total e os grupos alimentares de cada dieta.
Resultados: A dieta GAPA teve um menor custo (BRL$4,9/1000kcal (IC95%:R$4,8;4,9)) em comparação com a dieta atual (R$5,6(IC95%:R$5,6;5,7)) e EAT-Lancet (R$6,1(IC95%:R$6,0;6,1)). Entre grupos alimentares, a dieta atual teve os custos mais altos para alimentos ultraprocessados e carne vermelha e os menores custos para frutas e vegetais, cenário inverso foi observado para as dietas GAPA e EAT-Lancet. O impacto ambiental/1000kcal foi maior na dieta atual (CF:3,1kg(95%IC:3,0;3,1); PH:2,7mil litros(95%IC:2,7;2,7)) em comparação com a GAPA (CF:1,4kg(95%IC:1,4;1,4); PH:1,5mil litros(95%IC:1,5;1,6)) e a dieta EAT-Lancet (CF:1,1kg(95%IC:1,0;1,1); PH:1,4mil litros(95%IC:1,4;1,4)). Carne vermelha, alimentos ultraprocessados e laticínios foram responsáveis pelos principais impactos ambientais nas dietas.
Conclusões: Os resultados sugerem que adotar as dietas GAPA e EAT-Lancet no Brasil pode reduzir custos e impacto ambiental. A dieta GAPA foi uma opção mais acessível e sustentável. A presença de alimentos, como carne vermelha e ultraprocessados, contribuiu significativamente para o impacto ambiental.
EFEITOS DOS EVENTOS CLIMÁTICOS NA SAÚDE INFANTIL: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO COM A DESNUTRIÇÃO
Pôster
Carvalho AM1, Klapka CS1, Barbosa BB2, Magalhães AR3, Carioca AAF2
1 USP
2 Unifor
3 UFPE
Objetivos
O objetivo do trabalho é analisar se mudanças climáticas exercem impactos diretos/indiretos na saúde infantil, com especial atenção para a desnutrição, fornecendo insights cruciais para a compreensão e mitigação desses efeitos adversos.
Métodos
Foi feita uma revisão de escopo utilizando as bases Scopus, PubMed, Web of Science e Embase para pesquisar estudos originais em inglês, português ou espanhol, com foco global. A estratégia de busca abrangeu termos relacionados à população, mudanças climáticas, desnutrição e obesidade. A partir dos 37 artigos resultantes do screening por pares, realizou-se uma extração de dados para identificar as relações diretas e indiretas entre mudanças climáticas e saúde de crianças menores de 5 anos.
Resultados
Após a leitura de todos os artigos, percebeu-se que existe uma relação positiva entre os seguintes indicadores de mudanças climáticas: chuvas intensas, secas e temperaturas excessivas com baixa estatura/idade e baixo peso/estatura que são indicadores de desnutrição. Esses eventos foram considerados indiretos, pois afetam a produção de alimentos, aumentam a exposição a doenças infecciosas, causam migrações forçadas, mudam o padrão da alimentação, o que pode gerar repercussões na saúde infantil, levando a desnutrição. Não foram encontradas relações diretas entre mudanças climáticas e desnutrição.
Conclusões
A análise de diferentes indicadores de mudanças climáticas revelou uma conexão importante com a saúde infantil, especialmente a desnutrição. Esses achados oferecem uma compreensão essencial para enfrentar os impactos adversos e proteger as crianças de futuras vulnerabilidades.
EVENTOS EXTREMOS DE CALOR E SAÚDE PERINATAL: RELAÇÃO ENTRE ONDA DE CALOR E PREMATURIDADE
Pôster
Rodrigues, A.P.1, Libonati, R1, Santos, D. M.1, Sander de Carvalho, L. A.1, Peres, L. F.1, Diniz, S. C. D.1, Dantas, J.1, Soares, J.C.1, Santos, R.1
1 UFRJ
O aquecimento global induzido pelas atividades humanas já causou múltiplas mudanças no sistema climático, incluindo o aumento dos valores de temperatura extremas. Episódios recentes de ondas de calor (OC) têm afetado bilhões de pessoas em todo o mundo, em particular, em megacidades densamente povoadas. Os impactos diretos do calor no corpo humano causam danos à saúde, que podem ser exacerbados no caso de grupos de risco. Além da mortalidade identificada em numerosos estudos, o calor extremo, é conhecido por influenciar o período gestacional, estando associado ao aumento no número de partos prematuros. A prematuridade impacta na mortalidade mas também na morbidade, com efeitos importantes no desenvolvimento infantil e consequentemente na demanda de assistência específica que ele requer no longo prazo. Embora com estudos consistentes em outros países, no Brasil ainda há lacuna acerca dos reais impactos de eventos extremos de calor na saúde perinatal. A frequência, a duração e a intensidade dos OCs aumentarão na maioria das outras partes do mundo, especialmente em regiões subtropicais e tropicais, devido a uma menor variabilidade interanual. O objetivo deste estudo é investigar os impactos do estresse térmico nos casos de prematuridade e natimortalidade. Método: São conjugados os dados meteorológicos e aqueles provenientes dos registros diários do Sistema de Informação de Nascidos Vivos e do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Para investigar os impactos dos eventos climáticos são analisados o excesso de prematuros e natimortalidade nos períodos de onda de calor entre 2000 e 2020. Os resultados estão em processamento e serão apresentados.
EXPOSIÇÃO AO CALOR NA GESTAÇÃO E ÓBITO FETAL – RESULTADOS PRELIMINARES DO ESTUDO FETRISKS
Pôster
Buralli, R. J.1, Moraes, S. L.1, Kanai, C.1, Almeida, M. F.2, Francisco, R. P. V.1, Novaes, H. M. D.1, Hoshida, M. S.1, Marques, L. J. P.2, Viana, O. A.1, Figueiredo, G. M.1, Silva, Z. P.2, Alencar, G. P.2, Gouveia, N.1
1 Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
Objetivo: avaliar a associação da exposição materna ao calor durante a gestação e óbito fetal. Métodos: Estudo caso-controle com mães de óbitos fetais (n=412) e de nascidos vivos (n=420). Informações foram coletadas por entrevistas com as mães em 14 hospitais SUS em São Paulo. Exposição ao calor (valor acima do percentil 90 da temperatura mensal média) foi estimada para 7 dias ou 30 dias antes do nascimento, usando a estação 'Mirante Santana' do Instituto Nacional de Meteorologia. Dados sociodemográficos, hábitos maternos e exposição ao calor foram descritos e os grupos comparados através de testes de qui-quadrado e Ranksum. Foram estimadas as Odds Ratio para o óbito fetal, considerando: a) temperatura média em cada período, em graus Celsius; b) se ultrapassou o percentil 90; c) número de dias que ultrapassou o percentil 90. Resultados: A maioria das mães de ambos os grupos tinha idade entre 21-40 anos, era parda, tinha ensino médio completo e não consumiu álcool na gravidez. Mães de casos apresentaram significativamente maior idade e chance de não ter parceiro estável, fumar, beber e usar drogas durante a gravidez (p<0,001). Respectivamente, 30 dias e 7 dias antes do parto, a temperatura média foi de 18,9º e 20,0º para casos e de 19,0º e 20,1º para controles. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos para a temperatura média, se excedeu o percentil 90, e número de dias excedidos. Conclusões: Apesar da semelhança entre os grupos, análises subsequentes deverão explorar outros períodos de vulnerabilidade e modelos multivariados.
IMPACTO DE DESASTRE CLIMÁTICO EM ATENDIMENTOS DE PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE DE CRIANÇAS
Pôster
Silva, L.S.1, Vieira, E.W.R.1
1 UFMG
Objetivo: avaliar o impacto de desastre climático na utilização de serviços de saúde por crianças para prevenção e promoção da saúde. Método: foram estudados os números mensais de atendimentos de puericultura a crianças de até 9 anos de idade realizados entre 2017 e 2022 nos serviços de atenção primária de Petrópolis (RJ), atingido por desastres climáticos em meio à pandemia no início de 2022, e de três municípios controles no próprio estado. Os desastres ocasionaram 248 mortes e ampla destruição. Taxas de atendimentos (/10mil crianças nas faixas etárias) nos seis primeiros meses após o desastre (fevereiro-julho de 2022) foram comparadas com durante a pandemia (abril-janeiro de 2020-2022) e com antes da pandemia (abril-janeiro de 2017-2020), utilizando medianas das taxas mensais, teste Mann-Whitney U e diferenças percentuais. Resultados: após o desastre climático houve reduções significativas apenas no município atingido nas taxas de atendimentos para todas as faixas etárias, em relação ao período anterior à pandemia – entre menores de um ano, -33% e entre as crianças de 1-4 anos, -26%. Já ao comparar com durante a pandemia, de modo contrário, apenas nos municípios controles houve aumentos significativos, chegando a 186%, ao passo que no atingido a redução persistiu ou os aumentos não foram significativos. Conclusão: houve impacto dos desastres climáticos na utilização de serviços de saúde por crianças para a prevenção e promoção da saúde, tanto com redução de atendimentos em relação à antes da pandemia quanto com a não retomada de atendimentos em relação à pandemia.
IMPACTO NUTRICIONAL E AMBIENTAL DO CONSUMO DE CARNES NO BRASIL
Pôster
Leite, M. J. S.1, Moura, L. A.1, Carli, E.1, Marchioni, D. M. L.1, Verly Junior, E.2, Carvalho, A. M.1
1 Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo - Brasil
2 Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maracanã, Rio de Janeiro - Brasil
Objetivo: Mensurar o impacto na saúde e no meio ambiente das carnes consumidas pelos brasileiros em um estudo de base populacional.
Métodos: Foi utilizado um índice nutricional para calcular a carga líquida benéfica ou prejudicial à saúde, expressa em variação dos minutos de vida saudável associada a cada 100 gramas de carnes consumidas pelos brasileiros, com base em dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018). Foram considerados os fatores de risco dietéticos avaliados no Global Burden of Disease (2019), do qual foram extraídos anos de vida ajustados por incapacidade (DALY) referentes ao Brasil. Além disso, foram utilizados dados acerca do uso de água e pegadas de carbono associados à produção de quatro tipos de carnes (bovina, suína, frango e caça).
Resultados: Todos os tipos de carne foram associados a perda de minutos de vida saudável e a elevados valores de emissão de gases de efeito estufa e de uso de água (bovina: -16,84’, 20,15 kg CO2eq, 101,74 litros; frango: -2,02’, 1,49 kg CO2eq, 48,50 litros; porco: -17,68’, 1,67 kg CO2eq, 92,35 litros; caça: -13,26’, 6,98 kg CO2eq, 50,26 litros a cada 100 g, respectivamente).
Conclusões: O consumo de carnes foi amplamente associado à poluição, ao uso exacerbado de recursos naturais e a malefícios à saúde. Mudanças de hábitos alimentares se fazem necessárias para contornar os efeitos da sindemia global, através da redução do consumo excessivo de carnes, em especial as vermelhas, que se relacionam com impactos ambientais e nutricionais deletérios no Brasil.
IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE E NUTRIÇÃO DE CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS: UMA RE
Pôster
Klapka, C. S.1, Barbosa, B. B.2, Magalhães, A. R.3, Carioca, A. A. F.2, Carvalho, A. M.1
1 USP
2 UNIFOR
3 UFPE
Objetivos
O objetivo desse trabalho é identificar as evidências existentes acerca da conexão entre as mudanças climáticas e desnutrição e obesidade em crianças menores de cinco anos
Métodos
Foi feita uma revisão de escopo, que seguiu o Manual Joanna Briggs e a lista PRISMA-ScR. As bases de dados Scopus, Pubmed, Web of Science e Embase foram utilizadas. Foram incluídos estudos originais que abordem essas questões, publicados em inglês, português ou espanhol, e com foco mundial. Dois revisores independentes fizeram a triagem de títulos, resumos e textos completos, resolvendo discrepâncias com a ajuda de um terceiro revisor. A estratégia de busca para a revisão de escopo incluiu termos relacionados à população (como "Child*", "Infant*", "Preschool"), às mudanças climáticas (incluindo "Climate change*", "Global Warming", "Greenhouse gas*", "Extreme Climate Event*"), à desnutrição (como "Undernutrition", "Underweight", "Stunting", "Wasting", "Nutrition Deficienc*", "Food Insecurit*", "Food Securit*"), e à obesidade (contendo "Obes*", "Overweight", "Body Mass Index ","BMI "). As buscas foram realizadas combinando-se os termos da população, mudanças climáticas, desnutrição e obesidade.
Resultados
Foram encontrados 1585 trabalhos, que após exclusão de duplicatas, artigos de revisão e afins, foi reduzido para 708. Feito um screening por pares de títulos, resumos e artigos, com um terceiro autor para consulta de dúvidas, restaram 37 artigos sobre a temática. Observou-se que 2 artigos relacionaram mudanças climáticas à obesidade e 37 artigos à desnutrição.
Conclusões
Com base nessa revisão, notou-se que existem impactos diretos e indiretos das mudanças climáticas na saúde e nutrição de crianças menores de 5 anos, em especial a desnutrição.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS: SAÚDE NO PANTANAL
Pôster
Campos, F.M.C.1, Bonilha, S.M.F2, Cortela, D.C.B.3
1 UNEMAT; Centro Universitário Estácio do Pantanal
2 Centro Universitário Estácio do Pantanal
3 UNEMAT
Estimar os efeitos de fenômenos de calor na mortalidade por doenças do aparelho cardiovascular (DAC) nos municípios pantaneiros. O estudo de séries temporais, abrangendo 22 municípios, sendo nove localizados no Mato Grosso do Sul e treze no Mato Grosso. Segundo o censo de 2022, a população do município menos populoso tinha 2.905 e o mais populoso 244.897 habitantes, Glória do Oeste -MT e Rondonópolis -MT, todos os municípios totalizam 752.374 habitantes. Foram utilizados registros diários de mortalidade de residentes por DAC, Capítulo IX da Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças—CID-10—códigos em adultos com 30 anos ou mais. Os dados de mortalidade foram obtidos a partir de 1° de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2022, no Sistema de Informações de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados das variáveis meteorológicas foram obtidos por meio das estações meteorológicas automáticas do Instituto Brasileiro de Meteorologia (INMET). Os dados faltantes foram imputados utilizando o método implementado na biblioteca Multivariate Time Series Data Imputation (mtsdi) no ambiente R versão 4.3.1. As primeiras análises descritivas mostraram 26.427 óbitos por DAC nos municípios pantaneiros, média diária de 3,1 óbitos. O município com registro de temperatura máxima foi Rondonópolis com 45°C em novembro de 2008. Pretendemos criar um aplicativo para disparar sinais de alerta sobre o risco de desconforto térmico para a população e implantar um programa de educação em saúde sobre prevenção e identificação dos primeiros sinais de estresse por calor na população.
O IMPACTO DO EXCESSO DE CALOR NOTURNO NA MORTALIDADE NAS CAPITAIS DO SUDESTE (2000-2019)
Pôster
Gomes, J.P.M.1, Ferreira, L.C.M.1, Ferreira, C.C.M.1, Nogueira, M. C.1
1 UFJF
Objetivos: Analisar a associação entre o excesso de calor noturno (ECN) com a mortalidade por todas as causas, por causas cardiovasculares e causas respiratórias nas capitais estaduais do sudeste entre 2000-2019. Métodos: Foi calculado o ECN, definido como a soma do excesso de temperaturas altas durante o período noturno e coletado dados de mortalidade nas 4 capitais federais do sudeste entre os anos de 2000-2019. Em seguida foi realizado um estudo ecológico de análise em duas etapas. A primeira contou com a estimativa da relação entre o ECN e a mortalidade ao nível da cidade a partir de um Modelo Linear Generalizado combinado com um Modelo de Defasagem Distribuída Não-Linear com uma defasagem de 0-10 dias. A seguir foi realizado uma metanálise de efeitos aleatórios dos estudos de cada cidade e o cálculo da Melhor Previsão Linear Não-Enviesada de cada cidade. Resultados: Foi estimado que o ECN gera um aumento do Risco Relativo (RR) de maneira consistente conforme seu aumento. Em sua medida extrema (percentil 99) gera um RR de 1,19 [Intervalo de Confiança 95% (IC95%)1,14–1,26] para mortalidade por todas as causas, RR de 1,26 [IC95% 1,15,–1,38] para causas cardiovasculares e RR de 1,34 [IC95% 1,18–1,53] para causas respiratórias. Conclusões: O impacto do ECN eleva o risco de mortalidade geral, cardiovascular e respiratória. Este achado sublinha a importância de considerar o ECN como um fator relevante a ser explorado e analisado no contexto da emergência climática em que vivemos.
PROGRESSO CIENTÍFICO NA INVESTIGAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE INFANTI
Pôster
Barbosa, B. B.1, Klapka, C. S.2, Carioca, A. A. F.1, Carvalho, A. M.2
1 UNIFOR
2 USP
Objetivos
Este estudo teve como objetivo investigar o interesse da literatura científica no impacto das mudanças climáticas na saúde infantil.
Métodos
Uma análise bibliométrica foi realizada utilizando o pacote Bibliometrix do software R e a ferramenta "Analyze Results" da base de dados Scopus, da qual os estudos analisados também foram extraídos. A estratégia de busca utilizada foi: ("Climate change*" OR "Global Warming" OR "Greenhouse gas*" OR "Extreme Climate Event* ") AND ("Child*" OR "Infant*" OR "Preschool") AND ("Undernutrition" OR "Underweight" OR "Stunting" OR "Wasting" OR "Nutrition Deficienc*" OR "Food Insecurit*" OR "Food Securit*"), filtrada por título/resumo/palavras-chave e os idiomas inglês, português e espanhol.
Resultados
Foram identificados 431 documentos publicados entre 1998 e 2024, sendo 49% artigos originais, 23% revisões e 12% capítulos de livro. Houve um aumento significativo no número de publicações a partir de 2021, com 61 documentos publicados naquele ano (aumento de 90% em relação a 2020). Os Estados Unidos lideraram as publicações com 36%, seguidos pelo Reino Unido (16%) e Austrália (12%). Os jornais mais relevantes foram o International Journal of Environmental Research and Public Health (5%), seguido pela Environmental Health Perspectives e The Lancet, ambos com 4%.
Conclusões
O aumento nas publicações demonstra um crescente interesse e produção de pesquisas sobre o impacto das mudanças climáticas na saúde infantil. Existe uma concentração significativa das publicações em países falantes da língua inglesa, de alta renda e em periódicos reconhecidos pela relevância científica.
REPERCUSSÕES DE DESASTRES EM SERVIÇOS DE SAÚDE DE MINAS GERAIS - 2018 A 2023
Pôster
Oliveira, G.L.1, Ribeiro, A. P.1
1 UFMG
Objetivo: Descrever o perfil dos desastres registrados entre os anos de 2018 e 2023 em Minas Gerais-MG.
Métodos: Foi realizado estudo descritivo utilizando dados secundários provenientes do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2id) do Governo Federal entre os anos de 2018 e 2023, para MG. Trata-se de uma plataforma da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) na qual os municípios podem registrar desastres, solicitar reconhecimento e recursos federais para ações de resposta e recuperação. Os dados foram extraídos e descritos pelo Pacote Statistical Package for Social Sciences (SPSS).
Resultados: MG teve 7.453 desastres entre 2018-2023, sendo 78,9% reconhecidos, 3,5% não reconhecidos e 17,6% registrados. O maior percentual ocorreu em 2021 (32,1%), seguido por 2020 (31,4%). O evento mais comum foi doenças infecciosas virais (46,8%), seguido por secas (20,7%) e chuvas intensas (18,1%). Em média, 33.413 pessoas foram atingidas, chegando a 3.454 óbitos no período, sendo 2019 o ano com mais mortos (n= 3.014). Um total de 97 instalações públicas de saúde foram danificadas e 5 destruídas. O custo médio com assistência médica foi de R$39 bilhões com maior custo em 2019 (R$328 bilhões).
Conclusões: Observou-se aumento dos desastres reportados em MG entre 2018-2023. A pandemia de COVID-19, embora não se enquadre na categoria de desastre geoclimático, exigiu apoio emergencial para mitigar seus efeitos. O rompimento da Barragem de Brumadinho segue sendo o desastre com maior repercussão para a sociedade e sistema de saúde.
SOBREPOSIÇÃO DE DESASTRES CLIMÁTICO E PANDEMIA: IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES
Pôster
Procópio, J. A.1, Moreira, A.D.1, Andrade, G. N.1, Vieira, E. W. R.1
1 UFMG
Objetivo: avaliar impactos da sobreposição de desastres climático e pandemia nos atendimentos a adolescentes devido à Saúde Mental. Método: foram utilizados dados do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica sobre atendimentos a adolescentes de 10 a 17 anos, nos quais o problema ou a condição avaliada foi a Saúde Mental, realizados entre 2018-2022 na Atenção Primária do município de Petrópolis (RJ), atingido por desastres climáticos por chuvas nos primeiros meses de 2022. Esses desastres provocaram ampla destruição e deixaram 248 mortos durante a pandemia da COVID-19. Taxas de atendimentos (/10mil adolescentes) nos seis primeiros meses da sobreposição (fev-jul/2022) foram comparadas com antes dos desastres climático e pandemia (fev-jul/2018-2019) e com os seis primeiros meses da pandemia isoladamente (mar-ago/2020) utilizando medianas das taxas mensais, teste Mann-Whitney U e diferenças percentuais. Resultados: foram estudados 2.591 atendimentos, sendo a maior parte realizada durante a sobreposição (36,4%), com adolescentes do sexo masculino (54,1%) e de 10 a 13 anos (64,1%). Taxas de atendimentos na sobreposição foram significativamente mais elevadas, por sexo e idade, quando comparadas com antes dos desastres e com durante a pandemia isoladamente (p<0,05). O aumento nas taxas ultrapassou 60% em todas as comparações, chegando a 166,2% em relação a antes dos desastres e a 318,4% em relação aos primeiros seis meses da pandemia entre meninos mais velhos. Conclusão: durante a sobreposição de desastres climáticos e pandemia as taxas de atendimentos a adolescentes devido à Saúde Mental aumentaram quando comparadas tanto com antes quanto com durante a pandemia.
IMPACTO AMBIENTAL DA REDUÇÃO DO CONSUMO DE CARNE EM MODELOS DE SUBSTITUIÇÃO DE ALIMENTOS
Pôster
Coimbra, G. M.1, Machado, A. D.1
1 USP
Objetivo: Quantificar o impacto ambiental da alimentação do povo brasileiro e avaliar a alteração no impacto ambiental em cenários de redução do consumo de carne bovina com substituição isocalórica por feijão.
Métodos: Os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018 foram utilizados para criar o cardápio que representa a alimentação dos brasileiros e os impactos ambientais foram calculados a partir da estimativa do WWF-Brasil, tanto para o consumo real quanto para as estimativas da substituição isocalórica de carne por feijão em 40 e 100%. Os indicadores utilizados para avaliar o impacto ambiental foram a emissão de gases do efeito estufa, eutrofização, uso de água e uso da terra arável.
Resultados: A substituição total de carne pelo feijão promoveria a redução das emissões de gases do efeito estufa em 53,9%, diminuiria o uso de terras aráveis em 62,1% e reduziria a eutrofização em 33,9%. Uma substituição de 40% no consumo de carne bovina por feijão diminuiria a emissão de gases de efeito estufa em 30,0%, o uso de terras aráveis em 37,3%, e a eutrofização em 19,1%. Em contrapartida, o uso de água teria um leve aumento, chegando a 2,6% com a substituição total da carne bovina pelo feijão.
Conclusões: A redução do consumo de carne bovina pode ser uma possibilidade de mitigar o elevado impacto ambiental da produção de alimentos e poderia ser incentivada e utilizada como estratégia para reduzir as pressões e demandas pelos recursos naturais do planeta.