Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia dos acidentes e violências
A REEDUCAÇÃO EM GÊNERO COMO FERRAMENTA DE COIBIÇÃO DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Pôster
Gomes, L. E. S.1, Silva, J. G.1, Ribeiro, M. T. A. M1, Silva, E. P.1
1 UFC
Objetivos: Instituir a prática social educativa de reeducação em gênero como recurso de combate à violência de gênero em unidades prisionais e escolas públicas no estado do Maranhão. Métodos: Utiliza-se a metodologia de Grupos Reflexivos e Rodas de Conversas como caminho para coibir a reincidência de Violência de Gênero, bem como a prevenção da emissão deste mesmo fenômeno. A metodologia de Grupos Reflexivos é aplicada no sistema prisional em grupos fechados. Por outro lado, as Rodas de Conversa ocorrem no ambiente escolar e jurídico, tendo como foco grupos abertos.Resultados: Seguindo por esse caminho, notou-se que a aplicabilidade do Projeto alcança resultados satisfatórios no que tange a ressocialização da população carcerária, uma vez que os internos assistidos não reincidiram a ação delitiva ou tampouco retornaram para o sistema prisional por outra ação. Além disso, outro resultado importante é identificar que, por meio do Projeto, os internos são conscientes de suas ações delitivas para além de uma visão jurídica, mas também visualizam seus atos a partir de perspectivas preventivas e pedagógicas, o que refere-se a dimensões que também compõem a legislação da Lei Maria da Penha. Conclusão: Conclui-se assim que o Projeto, por ora aplicado apenas no estado maranhense, deve ser replicado para outros estados, em virtude de, diversas vezes, comprovar sua capacidade de apreender a percepção dos internos sobre a violência de gênero praticada e, a partir disso, implementar ações preventivas voltadas aos perpetradores e receptores de violência de gênero, de forma combinada e culminando assim em uma prevenção primária.
ANÁLISE ESPACIAL DA MORTALIDADE POR ARMA DE FOGO EM PERNAMBUCO, 2017-2021
Pôster
Silva, M. E. S.1, Oliveira, A. L. S.1, Santos, E. M. P.1, Conceição, M. C.1, Santos, R. C.1, Lubarino, G. A.1, Santos, G. M.1
1 Instituto Aggeu Magalhães - Fiocruz Pernambuco
Objetivo: Analisar espacialmente a média de mortes por agressão por arma de fogo em Pernambuco, entre 2017 e 2021. Metodologia: Este estudo ecológico, tendo os 184 municípios de Pernambuco como unidade espacial e análise, cujos dados foram obtidos do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), considerando o local de residência e as categorias CID-10 de X93 a X95 que são referentes a agressão por arma de fogo. Para entender melhor a dinâmica e a autocorrelação espacial do evento, os dados foram analisados com utilização dos softwares QGIS e GeoDa. A base cartográfica e dados populacionais dos municípios de Pernambuco foram obtidas do site do IBGE. Resultados: A análise revelou relação direta entre a taxa de mortalidade PAF e a densidade demográfica (p < 0,006). Mapas indicaram aglomerados de setores com padrões alto/alto e baixo/baixo na região metropolitana, zona da mata e parte do Agreste. Quatorze municípios mostraram taxas e densidade alta/alta, enquanto a maioria do Sertão e São Francisco apresentou padrão baixo/baixo, exceto Santa Maria da Boa Vista, Ibimirim e Garanhuns (alto/baixo). O município de Paulista foi o único com padrão baixo/alto. Conclusão: A urbanização desordenada em municípios está associada a aglomerados populacionais que leva a alta incidência de crime, drogas e violência, resultando em elevadas taxas de mortalidade por arma de fogo.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A SONOLÊNCIA E A EXPOSIÇÃO AOS MAUS TRATOS NA INFÂNCIA
Pôster
Vianna, S. G. T.1, Venturin, B.2, Leite, F. M. C.1
1 UFES
2 UFPEL
Objetivo: avaliar a associação entre a sonolência, e, a exposição aos maus-tratos na infância e/ou adolescência.
Métodos: estudo transversal de base populacional, realizado entre 1086 mulheres com 18 anos ou mais com parceiro íntimo nos últimos dois anos e residentes no município de Vitória, ES. O distúrbio do sono foi mensurado pela escala de Sonolência de Epworth. Os maus tratos na infância e/ou adolescência foram capturados através de uma adaptação do instrumento Adverse Childhood Experiences International Questionnaire (ACE-IQ). Foram realizadas análises descritivas com resultados expressos em frequência relativa e análises bivariadas com teste qui-quadrado. A análise multivariada da associação foi realizada através de Regressão Logística e os resultados foram expressos em Odds Ratio (OR) com seus intervalos de confiança de 95% (IC95%). Todas as análises foram realizadas através do Stata®.
Resultados: Cerca de 23% das entrevistadas não sofreram nenhum tipo de maus tratos e cerca de 4% sofreram quatro ou mais tipos de maus tratos na infância e/ou adolescência. O número de tipos de maus tratos na infância e/ou adolescência esteve associado à ocorrência de sonolência (p<0,05). Na análise bruta, as mulheres com quatro ou mais tipos de maus tratos na infância apresentaram 2,92 vezes mais chance de sonolência na vida adulta quando comparadas às que nunca sofreram maus tratos. Após ajustes, a chance de sonolência foi de 186% maior entre as mulheres com quatro ou mais tipos de maus tratos do que nas que nunca tiveram.
Conclusão: o histórico de maus tratos na infância ou adolescência está associado ao grau de sonolência diurna das mulheres.
ATIVIDADE EDUCATIVA REALIZADA EM VIA PÚBLICA SOBRE A PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO
Pôster
SILVA, A. T. P. S.1, NERY, A. A.1, CAMPOS, T. S. P.1, ALMEIDA, P. S.1, SANTANA, F. G. R.1, COSTA, M. O.1, SANTANA, K. D.1, FILADELFO, S. F.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivo: descrever a experiência da realização de atividade educativa em via pública sobre a prevenção de acidentes de trânsito. Métodos: trata-se de relato de experiência de atividade educativa desenvolvida por estudantes dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia, bolsistas de Iniciação Científica de grupo de pesquisa de universidade pública, profissionais da Superintendência Municipal de Trânsito de Jequié (SUMTRAN) e do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Jequié, realizada em abril de 2023, em via pública de uma cidade do interior da Bahia. Para a realização da atividade foram elaborados folders informativos com dados epidemiológicos, sensibilização quanto a importância da paz no trânsito e como evitar acidentes, que, no momento da atividade, eram entregues aos condutores dos veículos abordados pela SUMTRAN e discutido brevemente sobre a temática. Resultados: durante o desenvolvimento da atividade, percebeu-se que muitos condutores não utilizavam corretamente os equipamentos de proteção individual, como o cinto de segurança, capacete, e outros admitiram que já desrespeitaram algumas leis de trânsito, principalmente em relação ao excesso de velocidade e o uso de celular. Além disso, no que se refere aos dados epidemiológicos dos acidentes de trânsito na Bahia, a maioria dos indivíduos ficou surpreso com o número de ocorrências e, principalmente com relação aos óbitos de jovens. Conclusões: atividade educativa em vias públicas é fundamental para sensibilizar condutores quanto a importância de cumprir com o que estabelece as leis de trânsito para a redução da morbimortalidade, devido aos impactos gerados na população pela ocorrência dos acidentes de trânsito.
EXPOSIÇÃO AS ADVERSIDADES NA INFÂNCIA ASSOCIADA A SINTOMATOLOGIA DA DEPRESSÃO EM MULHERES
Pôster
Oliveira, T. M1, Miguez, F. G. G1, Leite, M. C. L1
1 UFES
Objetivo: verificar a associação entre a exposição as adversidades na infância e a prevalência de sintomas de depressão em mulheres na idade adulta. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional do tipo transversal, onde foram analisados os dados da pesquisa sobre Violência contra a mulher em Vitória, Espírito Santo: Um estudo de base populacional realizada no ano de 2022, com um total de 1.085 mulheres. O Inventario de Depressão de Beck foi utilizado para mensurar as manifestações de depressão das mulheres, e para a avaliação das experiências adversas o Questionário Internacional de Adversidades na Infância (ACE-IQ), utilizando os subdomínios agrupados em: negligência, abusos e conflitos familiares. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa Stata 17. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo, sendo aprovado por meio do parecer n° 2.819.597. Resultados: A sintomatologia depressiva foi encontrada em quase 24% e quando associadas com as adversidades na infância, nota-se que mulheres que sofreram quatro tipos de eventos adversos ao longo da vida apresentaram 38,7% mais prevalência da sintomatologia depressiva, em relação a associação entre a negligência houve maior frequência de sintomatologia depressiva 32,3%. Em relação aos abusos, as mulheres tiveram 2,64 mais chances de terem depressão. Conclusões: A frequência significativa da associação realizada alerta para a necessidade do olhar atento e o mais precocemente possível para a exposição de experiências adversas na infância e assim cuidar, intervir e evitar os efeitos a perpetuação dos efeitos na vida das mulheres.
MORTALIDADE DE JOVENS E ADOLESCENTES POR CAUSAS EXTERNAS EM MUNICÍPIO NO INTERIOR DA BAHIA
Pôster
SANTANA, K. D.1, NERY, A. A.1, OLIVEIRA, E. S.1, SILVA, A. T. P. S.1, ALMEIDA, P. S.1, COSTA, M. O.1, SANTANA, F. G. R.1, FILADELFO, S. R.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivos: analisar a mortalidade de jovens e adolescentes por causas externas em Jequié-BA, no período de 2018 a 2023. Métodos: trata-se de um estudo descritivo, de cunho quantitativo, realizado com base em dados disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), referente aos casos de óbitos notificados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), com a utilização dos critérios de inclusão: óbitos por causas externas entre os anos de 2018 a 2022 no município de, Jequié-BA, entre as faixas etárias de 10-14, 15-19 e 20-29 que compreendem o grupo de jovens e adolescentes. Os dados foram tabulados com auxílio do Microsoft Office Excel, e analisados por meio de frequências relativa e absoluta. Resultados: Foram observados 386 óbitos por causas externas no município, incluindo agressões, acidentes, entre outros. As agressões predominaram em todas as faixas etárias, com 195 registros (50,51%). A faixa etária mais afetada foi de 20 a 29 anos, com 125 óbitos (63% por agressão). Em 2022, houve o maior número de registros, com 125 casos (32,3% do total). Conclusão: Os resultados demonstram a predominância de óbitos com causa às agressões, dentre os casos de causas externas ocorridos no município, refletindo o grau de violência presente. Neste sentido, é imprescindível identificar a vulnerabilidade a qual estão submetidos estes indivíduos que sofreram as agressões, a relação ou não com o uso de drogas ilícitas e/ou álcool, como também a presença de comportamentos de riscos à sua própria segurança e de outros envolvidos no evento.
MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRÂNSITO ENVOLVENDO MOTOCICLISTAS NO ESTADO DA BAHIA
Pôster
SANTANA, F. G. R.1, NERY, A. A.1, SOUZA, A. J.1, SILVA, A. T. P. S.1, SANTANA, K. D.1, FILADELFO, S. R.1, COSTA, M. O.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico da mortalidade de motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito por macrorregião de saúde no estado da Bahia, no período de 2012 a 2022. Métodos: estudo epidemiológico, do tipo ecológico, realizado com dados secundários oriundos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). O estudo constitui-se pelas nove macrorregiões de saúde da Bahia (centro-norte, centro-sul, extremo sul, leste, nordeste, norte, oeste, sudoeste e sul), com a utilização das categorias da CID-10 (códigos v20-v29) específicos para acidentes envolvendo motociclistas. Para descrever o perfil epidemiológico, utilizou-se as variáveis: sexo, faixa etária, raça/cor da pele, escolaridade e o local de ocorrência do óbito. Resultados: Houve um acréscimo de 13,1% na mortalidade no período estudado, com a ocorrência de 7.668 óbitos de motociclistas envolvidos em acidente de trânsito. As macrorregiões Leste e Sul corresponderam a 35,5% do total de óbitos registrados, configurando-se como as áreas com o maior número absoluto de mortes ao longo do período analisado. Os resultados apontam, ainda, que 91,2% das vítimas eram do sexo masculino, 30,6% do grupo etário de 20 a 29 anos, 75,9% pardos e 29,03% tinham até 7 anos de estudo. Quanto ao local de ocorrência dos óbitos, 49,2% ocorreram em via pública. Conclusão: Observou-se um crescimento na taxa de óbitos em decorrência de acidentes com motociclistas, com as macrorregiões de saúde Leste e Sul destacando-se por registrarem o maior número de mortes, que acometem principalmente homens jovens, pardos e com baixa escolaridade.
O SUICÍDIO DE JOVENS NO BRASIL: QUAIS AS TENDÊNCIAS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS? (2000-2021)
Pôster
Maia Neto, W.L1, Cossolosso, E.H.S1, Farias, S.H1
1 Unifesspa
Objetivo: Analisar a tendência da mortalidade por suicídio em jovens no Brasil. Método: Estudo ecológico para investigar a tendência da mortalidade por suicídio em jovens de 15 a 29 anos, segundo regiões do Brasil, no período de 2000 a 2021. Foram utilizados dados provenientes do SIM/Datasus (CID-BR-10: X60-X84 - lesões autoprovocadas voluntariamente), com análises realizadas por meio do programa Joinpoint. Resultados: A maior variação percentual anual ocorreu na região Sudeste, com um incremento de 9,7% no período de 2016 a 2021. A região Sul apresentou uma variação de 9,4% entre 2015 e 2021, enquanto o Centro-Oeste exibiu um aumento de 8,3% no mesmo período. As menores variações foram observadas nas regiões Norte, com 5,52% de 2014 a 2021, e Nordeste, com 2,95%. Conclusão: As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram maiores variações percentuais anuais nas taxas de mortalidade por suicídio, ao passo que as regiões Norte e Nordeste evidenciaram menores variações, possivelmente influenciadas por qualidade dos dados ao longo do período analisado.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM PERNAMBUCO NO ANO DE 2022
Pôster
Silva, M. E. S.1, Santos, E. M. P.1, Conceição, M. C.1, Santos, R. C.1
1 Instituto Aggeu Magalhães - Fiocruz Pernambuco
Objetivo: Descrever o perfil da mortalidade por causas externas em Pernambuco no ano de 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo, que utilizou dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), tabulados pelo Tabnet do Datasus, referentes aos óbitos por causas externas de acordo com o local de residência em 2022, o estudo foi realizado em Junho de 2024. Para a investigação, foram designadas variáveis sociodemográficas, como: faixa etária, sexo, raça e muncipio de residência. Resultados: No período estudado foram encontrados 8.502 casos de mortes por causas externas no estado de Pernambuco, desses 18,95% foram de residentes de Recife, capital do Estado, 6,94% em Jaboatão dos Guararapes e 4,22% em Petrolina. No que se refere ao gênero 80,93% são do sexo masculino e 18,83% do gênero feminino, dos casos analisados 71,64% foram declarados pardos, 21,85% brancos e 4,95% pretos. As faixa etárias mais predominantes são adultos jovens entre 20 a 29 anos com 23,42% óbitos, seguido de 30 a 39 anos com 16,97% e em terceiro a faixa etária de 40 a 49 anos com 13,96% óbitos. Conclusão: Após o processo de transição epidemiológica brasileira as causas externas como violências, suicídios, acidentes e entre outros, estão entre as principais causas de morbimortalidade no País. Com base no estudo desenvolvido podemos observar que os óbitos se concentraram na região Metropolitana do Recife, e afetam principalmente homens, adultos jovens e pardos.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO ATENDIMENTO POR VIOLÊNCIA EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA PEDIÁTRICA
Pôster
NERY, H.B.1, FERNANDES, E.T.2, SOUSA, L.W.S.3, BEZERRA, R.L.4
1 Escola de Saúde Pública do Ceará
2 Hospital Infantil Albert Sabin
3 Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ
4 Hospital Infantil Abert Sabin
Este trabalho teve como objetivo traçar o perfil epidemiológicos dos atendimentos por violência ocorridos nos últimos 10 anos em um hospital de referência pediátrica no Ceará.
Trata-se de um estudo descritivo, através de uma busca retrospectiva do banco de dados inseridos no SINAN por meio de fichas de notificações de violência interpessoal/auto provocada no período de 2013 a 2023 de crianças e adolescentes atendidos no Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS). Foram consideradas as seguintes categorias de análise: características sócio demográficas (faixa etária, sexo, raça, escolaridade, local de residência) e características do evento (autor, natureza da agressão e encaminhamento). Se utilizou cálculos de frequência e de média, para obtenção de análises estatísticas e descrição do perfil epidemiológico dos referidos registros notificados no hospital.
Do total de atendimentos por violência na unidade (n = 369), a maior prevalência ocorreu entre as crianças de 1 a 14 anos (77,1%), do sexo feminino (62,7%), pardas (84%), de escolaridade ignorada (76,4%) e residentes de Fortaleza (68%). Quanto às características do evento destaca-se que 54,2% foram de natureza sexual, autor conhecido da vítima (43%) e 87% dos casos foram encaminhados para a rede de proteção.
Os resultados enfatizam a necessidade de fortalecer as ações intersetoriais visando ampliar e qualificar as políticas públicas de enfrentamento à violência, reiterando-se a importância da notificação como instrumento de cuidado e garantia de direitos.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES DE TRANSITO OCORRIDOS EM TEIXEIRA DE FREITAS-BAHIA.
Pôster
Gama, S. F.1, Oliveira, C. S.1, Hombre, J. H.1, Santos, S. M.1, Junior, A. L. M.1, Campos, J. M. S.1, Campos, J. V. S.1, Santos, J. O.1, Nascimento, M. A.2
1 UFSB
2 UEMA
Acidentes de trânsito são considerados um grave problema de saúde pública, sendo responsáveis por gerar altos custos ao setor público e hospitalar e causar cerca de 50 milhões de ferimentos e 1,3 milhões de mortes em todo o mundo. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi analisar o perfil epidemiológico dos acidentes de trânsito no município de Teixeira de Freitas- Ba e as características demográficas das vítimas desses acidentes no período de janeiro a maio de 2024. Métodos: Os dados foram coletados junto ao NHE (Núcleo Hospitalar de Epidemiologia) do Hospital Municipal de Teixeira de Freitas através das notificações, tabuladas e analisadas utilizando o Microsoft Excel. Resultados: Verificou-se o registro de 469 acidentes,142 (30,37%) foram causados por homens na faixa etária de 26 a 45 anos e mulheres 63 (13,43%). Circunstância relativa às condições de trabalho foi o mais registrado, 7 (1,49%) óbitos ocorreram neste período de tempo. Conclusões: Os condutores do sexo masculino na faixa etária de 26 a 45 anos e em atividade relacionada ao trabalho, foram as que mais se envolveram em acidentes de trânsito no período de janeiro a maio de 2024 no município de Teixeira de Freitas-Ba.
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À DIREÇÃO SOB EFEITO DE DROGAS ILÍCITAS
Pôster
Sena, K.G. de1, Moraes Neto, O.L.1, Guimarães, R.A.2
1 Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/UFG, Goiânia, GO, Brasil.
2 Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública e Faculdade de Enfermagem/ UFG, Goiânia, GO, Brasil.
Objetivo: Estimar a prevalência e os fatores associados à condução sob efeito de drogas ilícitas entre condutores de automóveis e motocicletas. Métodos: estudo transversal realizado em 14 capitais brasileiras. Os dados foram coletados com auxílio policial em postos de controle de sobriedade, das 21h às 2h. Por meio de formulário, foram examinadas características sociodemográficas, uso de drogas ilícitas, direção sob efeito de drogas ilícitas nos últimos 30 dias e possíveis fatores associados. A regressão múltipla de Poisson foi utilizada para analisar os fatores associados à direção sob efeito de drogas ilícitas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Foram incluídos 5.922 condutores (4.788 condutores de automóveis e 1.134 motociclistas). A prevalência de uso de drogas ilícitas foi de 2,03% (Intervalo de Confiança de 95% [IC95%]= 1,66-2,48), dos quais 34,3% (IC95%= 25,32-44,51) relataram dirigir sob efeito de drogas ilícitas. Do total da amostra, a prevalência do desfecho foi de 0,07% (IC95%:0,49-9,20). Foi encontrada prevalência estatisticamente maior em jovens de 18 a 29 anos, em pessoas sem companheiro, naqueles que relataram dirigir em velocidade excessiva, entre indivíduos que relataram dirigir sob efeito de álcool nos últimos 30 dias e, em indivíduos com histórico de lesões causadas pelo trânsito nos últimos 12 meses. Conclusões: A prevalência de dirigir sob efeito de drogas ilícitas foi elevada entre os motoristas, indicando a necessidade de políticas públicas para reduzir esse comportamento no Brasil.
TAXAS DE MORTALIDADE E CARACTERÍSTICAS DO FEMINICÍDIO PRESUMÍVEL E NÃO PRESUMÍVEL
Pôster
Jesus, F.O.1, Santos, E.R.2, Leão, G.C.1, Rafael, C.E.S.S.3, Marrero, L.4, Dias, S.M.N.5, Orellana, J.D.Y1
1 ILMD/FIOCRUZ AMAZÔNIA
2 Universidade do Estado do Amazonas-UEA
3 Universidade Federal do Amazonas-UFAM
4 Universidade do Estado do Amazonas- UEA
5 Secretaria Municipal de Saúde de Manaus-SEMSA
Objetivos. Descrever as taxas de feminicídios presumíveis (FP) e não presumíveis (FNP), e explorar seus perfis de vitimização. Método. Estudo de mortalidade proporcional em >9 anos de Porto Velho (2022-2023). Os dados foram extraídos da imprensa online, judiciário e Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídas mortes por agressão ou homicídios. Dos 30, 17 foram classificadas como FP por dois pesquisadores treinados, com base nas circunstâncias da vitimização. Taxas por 100 mil/habitantes foram ajustadas por idade e estimados intervalos de confiança (IC), sendo a população de 2022 do Censo/ IBGE e a de 2023 obtida por interpolação geométrica. As estatísticas t-Student, Exato de Fisher e X2 foram empregadas. Valores <0,05 foram considerados significativos e as análises feitas no RStudio. Resultados. Ao todo, 56,6% eram FP. A taxa de FNP foi 3,4 (IC:1,80-5,89) e a de FP 4,07 (IC:2,36-6,63). No grupo FP, 47,1% foram mortas com arma branca, enquanto 84,6% por arma de fogo no grupo FNP (p<0,05). As categorias domicílio e outros locais de ocorrência das vitimizações corresponderam, respectivamente, 76,5% dos FP e 69,2% dos FNP(p=0,012). No grupo de FP, o agressor tinha convívio íntimo com 93,8% das vítimas, enquanto no FNP, 90,9% o agressor era não íntimo (p<0,05). No grupo de FP, 70,6% apresentaram quatro ou mais lesões, enquanto nas FNP, 61,5% tiveram uma a três lesões. Conclusão. A taxa de FP em Porto Velho foi aproximadamente 200% maior que na Amazônia e Brasil, com indícios de ligação a fatores sociais, culturais e institucionais pouco explorados.
TENDÊNCIA DA MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRÂNSITO NO PIAUÍ, 2010-2022
Pôster
Barros, I. C. A.1, Bastos, F. G. T.1, Rego, P. V. L.1, Cunha, S. V.1, Rodrigues, M. T. P.1, Mascarenhas, M. D. M.1
1 UFPI
Objetivos: Analisar características epidemiológicas e tendência temporal da mortalidade por acidentes de trânsito (AT) no estado do Piauí, 2010-2022. Métodos: Estudo ecológico de séries temporais com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), incluindo óbitos cuja causa básica foi classificada com os códigos V01-V89 (acidentes de transporte terrestre), da 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Os dados da população residente foram extraídos das projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Empregou-se regressão linear de Prais-Winsten. Resultados: Registraram-se 13.046 óbitos por AT, com maior proporção na população masculina (85,8%), faixa etária de 20 a 29 anos (24,9%), cor da pele negra (preta e parda) (79,9%), residentes da região de saúde Entre Rios (32,5%) e motociclistas (61,6%). A taxa de mortalidade média do período foi de 30,9 óbitos/100 mil habitantes. A mortalidade por AT manteve-se estável [variação percentual anual (VPA)=-1,6; IC95%:-3,6;0,4], com tendência de redução no sexo feminino (VPA=-3,0: IC95%:-4,0;-2,0), em adolescentes de 10 a 19 anos (VPA=-4,9; IC95%:-6,8;-2,9) e em jovens de 20 a 29 anos (VPA=-3,6; IC95%:-5,3;-1,8). Houve tendência de redução em pedestres (VPA=-7,0; IC95%:-8,3;-5,7), ciclistas (VPA=-5,5; IC95%:-7,8;-3,1) e ocupantes de veículos a motor (VPA=-5,9; IC95%:-10,2;-1,4). A mortalidade entre motociclistas manteve-se estável (VPA=0,4; IC95%:-2,0;2,9). Conclusões: Apesar da redução da mortalidade por AT no Piauí, a mortalidade entre motociclistas permanece estável, sem indícios de redução. Ações de promoção da segurança viária e de prevenção de mortes tem sua importância especialmente entre os mais vulneráveis, como os motociclistas.
TENDÊNCIA DA VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO EM PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA
Pôster
Faria, S. M. C1, Vasconcelos, N. M2, Veloso. G. A3, Reinach, S4, Souza, M. F. M4, Ferreira, A. V. L5, Cardoso, P6, Mendonça, M.L. L7, Sidat, Mohsin8, Felício, M. M2, Ferrinho, P.L.G.M9, Barros, F. P. C10, Gonçalves, J.E.S2, Silva, I. C. V2, Andrade, F. M. D2, Prates, M. L. S2, Malta, D.C2
1 FAPEMIG
2 UFMG
3 UFF
4 VSBR
5 UKB
6 OOAS
7 INSP
8 UEM
9 UNL
10 UFG
Objetivo: Analisar a tendência temporal da prevalência de violência por parceiro íntimo contra meninas e mulheres na Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Metodologia: Analisou-se dados do Global Burden of Disease para a prevalência da violência por parceiro íntimo contra meninas e mulheres de 1990 a 2019 e sua projeção até 2030. Resultado: Os dados mostram uma alta prevalência de violência por parceiro íntimo em todos os países analisados, variando de 40% em Angola e na Guiné Equatorial a 10% no Brasil e em Portugal em 1990. Apesar de todos os países apresentarem tendência de queda, a projeção mostra que em 2030 essa violência ainda terá alta prevalência, sendo que apenas Brasil e Portugal terão prevalências menores que 15%. Conclusão: Os Países de Língua Portuguesa compartilham de um histórico de colonização, com violência e submissão seculares. A herança disso pode ser vista na alta prevalência de violência por parceiro íntimo contra meninas e mulheres e a projeção de sua manutenção até 2030. A violência contra as mulheres é principalmente uma violação doméstica, e seu efetivo enfrentamento depende de ações que visem o empoderamento feminino e a mudança da cultura patriarcal enraizada nos países. Políticas públicas são imprescindíveis para a garantia de uma vida digna às mulheres.
TIPOS DE VIOLÊNCIA INTERPESSOAL/AUTOPROVOCADA NOTIFICADOS EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO
Pôster
Bezerra, R. L.1, Nery, H. B1, Fernandes, E. T1
1 Hospital Infatil Albert Sabin (HIAS)
Objetivos: Analisar as características epidemiológicas de casos notificados de violência interpessoal/autoprovocada. Métodos: Estudo epidemiológico transversal com abordagem descritiva exploratória, baseado em casos notificados por violência interpessoal/autoprovocada no Hospital Infantil Albert Sabin nos anos de 2018 a 2023, localizado no município de Fortaleza – CE,o hospital é referência em pediatria na região. Resultados: Foram notificados 301 casos entre os anos de 2018 e 2023, destes, 66 casos relataram que ocorreram outras vezes, e em 188 notificações esse campo estava ignorado, 07 casos foram autoprovocados e 132 estavam com essa informação ignorada. Destes, o sexo feminino apresentou a maioria dos casos com 65,4% (n:197), no que tange a distribuição de casos por tipo de violência, a sexual chega a 51% (n:153) dos casos, seguida por física com 18% (n:48), psicológica e por negligencia somam os outros 31%, além disso, quase a totalidade dos casos tiveram como local de ocorrência a própria residência da vítima. Conclusão: Analisar tais notificações se faz necessário pois conhecer a magnitude e gravidade das violências, fornece subsídios para política públicas, com enfoque em estratégias de intervenção e prevenção, além de fortalecer a proteção às pessoas em situação de violência.
VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA EM MATO GROSSO, 2011 A 2023: DIFERENÇAS REGIONAIS
Pôster
Sá, E. A. S.1, Silva, N. A.2, Souza, R. R.2, Ferreira, C. L. R. A.2, Lago, D. B. R2, Andrade, A. C. S1
1 UFMT
2 SES-MT
OBJETIVOS: DESCREVER A TAXA DE NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA NAS 16 REGIÕES DE SAÚDE MATO GROSSO, NO PERÍODO DE 2011 A 2023. MÉTODOS: ESTUDO DESCRITIVO DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA EM 16 REGIÕES DE SAÚDE DE MATO GROSSO REALIZADO COM DADOS DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS E NOTIFICAÇÃO, ENTRE OS ANOS DE 2011 A 2023. FOI AVALIADA A VIOLÊNCIA SEGUNDO SEXO; FAIXA ETÁRIA E RAÇA/COR. A TAXA MÉDIA FOI CALCULADA CONSIDERANDO A MÉDIA DE NOTIFICAÇÕES – EM CADA REGIÃO DE SAÚDE E NO ESTADO – DIVIDIDO PELA POPULAÇÃO DE IDOSOS NO MEIO DO PERÍODO, MULTIPLICADO POR 100.000. RESULTADOS: ENTRE 2011 E 2023, FORAM REGISTRADOS 1.345 CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, REPRESENTANDO UMA MÉDIA DE 107 CASOS POR ANO E 9 POR MÊS, ACOMETENDO EM MAIORIA HOMENS (57,3%), NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 60 A 69 ANOS (55,5%) E PARDOS (51,3%). A TAXA MÉDIA DE NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA EM MATO GROSSO NO PERÍODO FOI DE 30,4/100.000 IDOSOS. DAS 16 REGIÕES DE SAÚDE, 9 APRESENTARAM TAXA MÉDIA ELEVADA COMPARADA A MÉDIA ESTADUAL: VALE DO ARINOS (71,9), VALE DO PEIXOTO (59,8), NOROESTE (46,3) TELES PIRES (45,6), GARÇAS ARAGUAIA (45,4), OESTE (42,3), ALTO TAPAJÓS (36,8), NORTE (33,8) E ARAGUAIA XINGU (32,1). CONCLUSÕES: AS MAIORES TAXAS DE NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA FORAM OBSERVADAS NAS REGIÕES MENOS POPULOSAS DO ESTADO. EVIDENCIANDO, ASSIM, A NECESSIDADE DE ARTICULAÇÃO DAS ÁREAS DA SAÚDE, SISTEMA DE JUSTIÇA, SEGURANÇA PÚBLICA E ASSISTÊNCIA SOCIAL, A FIM DE FORTALECER A REDE DE APOIO FORMAL E INFORMAL.
VIOLÊNCIA FÍSICA E SEXUAL NO NAMORO ENTRE OS ADOLESCENTES: ESTUDO DE BASE ESCOLAR
Pôster
Pinto, I.B.A.1, Leite, F.M.C.1
1 UFES
Objetivos: Identificar a prevalência de violência física e sexual no namoro vivenciadas pelos adolescentes do ensino médio residentes na Grande Vitória. Metodologia: Estudo descritivo realizado com 4614 adolescentes com idade de 14 a 19 anos, estudantes do ensino médio na região da Grande Vitória, Espírito Santo. Para o rastreio das violências foram utilizadas as seguintes perguntas: “Você já sofreu violência física (VF) no namoro?” (sim/não); “Você já sofreu violência sexual (VS) no namoro?” (sim/não). Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o Stata 17.0. Resultados: A prevalência de VF no namoro contra as meninas foi de 3,25% (IC95%: 2,6-4,0) e nos meninos 3,14% (IC95%: 7,4-9,8), a faixa etária que mais sofreu foi a de 18 a 19 anos (4,01%; IC95%: 2,7-5,9), em relação à raça/cor houve maior prevalência de VF entre os indígenas 8,33% (IC95%: 3,5-18,5) e pretos 4,62% (IC95%: 3,3-6,4). A VS nas meninas foi de 6,21% (IC95%: 5,3-7,2) e nos meninos 2,76% (IC95%: 2,1-3,6), predominancia de 6,19% (IC95%: 4,5-8,4) entre 18 a 19 anos e na raça/cor preta (5,94%; IC95%: 4,5-7,9). Conclusão: Prevalência da VF e VS no namoro contra as meninas, e contra os adolescentes de 18 a 19 anos de idade. Esses resultados mostram a naturalização da violência contra a mulher desde a adolescência, e a importância de estudos sobre este tema.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E PERCEPÇÃO DAS MULHERES: UMA ANÁLISE CRÍTICA.
Pôster
Lourido, R. S. J.1, Soares, S. DOS. D.1, Lisbôa, B. D. J.1, Lourido, R. S. J.2
1 UFOPA
2 UNAMA
Objetivo: Compreender como a violência obstétrica é caracterizada para as mulheres na literatura científica. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, nas bases de dados Literatura Latino-americana (LILACS) e no Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Foram utilizados os descritores: Equidade, Humanização do Parto e Saúde da Mulher com os operadores booleanos “AND” e “OR”. Os critérios de inclusão foram artigos completos (estudo qualitativo, revisão integrativa, estudo exploratório, revisão de literatura, revisão narrativa), em idiomas português, inglês e espanhol, no período de 2015 a 2022. Artigos que não abordassem o tema, monografias, artigos duplicados e publicações anteriores a 2015 foram excluídos. Resultados: O direcionamento central dessa pesquisa foi a análise crítica referente a percepção das mulheres sobre a violência obstétrica, encontrou-se 76 artigos nas bases virtuais de busca, destes, conforme o padrão estabelecido, foi selecionado somente 25 artigos. Os achados bibliográficos demonstraram que a violência obstétrica é um conjunto de práticas desumanas e discriminatórias, decorrente de preceitos morais e religiosos, resultando em tratamento não digno e uso de linguagem violenta contra a gestante. O desconhecimento do significado de "violência obstétrica" também foi identificado como impedimento das vítimas em reconhecerem os maus-tratos como: violência verbal, moral, psicológica ou física, consequentemente, dificultando denúncias e perpetuando a impunidade e o sofrimento das vítimas. Conclusão: A violência obstétrica ainda é um termo pouco conhecido e sem caracterização adequada para a maioria das mulheres. Dessa forma, essa infeliz prática ainda persiste principalmente no período gravídico-puerperal nos ambientes hospitalares.
VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO E A SUA INTERFACE COM AS CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS
Pôster
Leite, F. M. C.1, Ribeiro, L. A.1, Silva, R. P.1
1 UFES
Objetivos: Verificar fatores associados da violência por parceiro íntimo segundo características reprodutivas. Métodos: Estudo transversal, de base populacional, realizado no município de Vitória, Espírito Santo, no período de janeiro a maio de 2022. Foram entrevistadas 1.086 mulheres com 18 anos ou mais que nos últimos 24 meses anteriores à entrevista, tiveram ou tinham parceiro íntimo. As variáveis dependentes foram as violências psicológica, física e sexual ao longo da vida. O processo de amostragem adotado foi por múltiplos estágios. Realizou-se análise bivariada e análise multivariada, sendo no modelo de regressão de Poisson com estimativa de variância robusta. Resultados: Maior prevalência de violência psicológica (RP: 1,42; IC95%:1,22-1,65), violência física (RP:1,75; IC95%:1,38-2,21) e violência sexual (RP:1,54; IC95%:1,10-2,15) foram verificadas em mulheres com história de infecção sexualmente transmissível. Mulheres cujos parceiros já recusaram usar preservativos tiveram 37%, 54% e 139% maiores prevalências de violência psicológica, física e sexual, respectivamente. As prevalências de violência psicológica física e sexual foram 1,41 (IC95%:1,21-1,64) e 1,34 (IC95%:1,02-1,75) e 1,60 (IC95%:1,14-2,24) vezes maiores em mulheres com dois ou mais parceiros no último ano. A violência psicológica foi 1,31 (IC95%:1,02-1,70) e a física foi 1,62 (IC95%:1,15–2,30) mais prevalente em mulheres com 4 filhos ou mais. Mulheres que tiveram a primeira relação sexual forçada apresentaram 1,58 e 1,37, respectivamente, mais prevalência de violência sexual e psicológica (p<0,05). Conclusões: O presente estudo evidencia associação de violências pelo parceiro íntimo com características reprodutivas das mulheres. Esse fenômeno exige atenção de diferentes setores, especialmente a saúde, para garantir cuidado e direitos às mulheres.
VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO SEGUNDO DADO SOCIAL, ESTRESSE PERCEBIDO E QUALIDADE DE VIDA
Pôster
Santos, D.F.1, NEVES, I.G.C.1, MENEZES, R.S.1, SILVA, P.H.F.1, OLIVEIRA, C.L.1, PAIVA, I.A.1, ALVES, V.A.B.1
1 UFCAT
Objetivo:Analisar a prevalência e a distribuição da ocorrência da violência praticada pelo(a) parceiro(a) íntimo(a) em moradores de Catalão-GO segundo as características sociodemográficas, estresse percebido e qualidade de vida. Método:Trata-se de um estudo quantitativo e transversal com 261 participantes. A coleta de dados ocorreu entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024 de forma randomizada nos domicílios do município de Catalão-GO. Os participantes do estudo foram residentes de Catalão-GO maiores de 18 anos. A violência praticada pelo parceiro(a) íntimo(a) (VPI) ao longo da vida foi o desfecho do estudo, esse foi rastreado por meio do instrumento Violence Against Women traduzido e validado em português. E como variáveis independentes foram abordadas as características sociodemográficas, estresse percebido e qualidade de vida dos participantes. Foi realizada uma análise bivariada dos dados, foi calculado a prevalência (Pr) da violência segundo as características avaliadas, com seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Destacando a maior prevalência entre as características em que os valores de p foram menores que 0,05 no teste qui-quadrado. Resultados:38% dos participantes referem já terem sofrido VPI ao longo da vida. A ocorrência da VPI ao longo da vida foi maior nas seguintes características da vítima (p<0,05): gênero feminino (Pr:42,6%;IC95%:35,2-50,4); com 30 a 59 anos (Pr:42,4%;IC95%:33,9–51,2); solteiras (Pr:45,1%;IC95%:35,8–54,9); alto estresse percebido (Pr:62,2%;IC95%:48,4–74,3); menor qualidade de vida, segundo WHOQOL-BREF, nos domínios psicológico (Pr:55,9%;IC95%:45,1–66,2), relações sociais (Pr:54,8%;IC95%:43,9–65,3), e meio ambiente (Pr:53,8%;IC95%:43,4–63,8). Conclusão:as características sociodemográficas, estresse percebido e qualidade de vida apresentaram associação com a ocorrência da violência estudada.
A EPIDEMIOLOGIA DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS POR COSMÉTICOS CAPILARES EM RECIFE/PE
Pôster
Leite, R. V.1, Barbosa, A. M. F.1, Lopes, Y. S.1, Nascimento, V. K. F.1, Silva, L. V. C.1, Ferreira, A. T.1, Barros, N. G. M.1
1 Prefeitura da Cidade do Recife
Os cosméticos capilares têm, como uma de suas utilidades, a manutenção de penteados, especialmente em épocas festivas. No início do ano de 2023, diversos casos de intoxicação relacionados a esses produtos passaram a ser notificados, causando preocupação por seus efeitos adversos, associados principalmente a lesões oculares. Nesse sentido, esta pesquisa objetiva descrever o perfil epidemiológico da população exposta à intoxicação exógena por cosméticos capilares no Recife/PE em 2023 e 2024. Trata-se de um estudo transversal de incidência, com dados coletados a partir do Sistema de Notificação de Agravos de Notificação (SINAN) e de investigações realizadas via telefone. As variáveis analisadas foram: sexo, faixa etária, raça/cor, semana epidemiológica e local de aplicação. Foram notificados 368 casos de intoxicação exógena por uso de cosméticos capilares em residentes de Recife, sendo 171 em 2023, com pico de casos entre Semanas Epidemiológicas (SE) 6 e 7, e 197 em 2024, com o maior número de notificações na SE 7 (aumento de 15% neste ano). Do total, 95,1% eram do sexo feminino e 78,3% autodeclarados negros. As faixas etárias mais atingidas foram entre 20 a 39 anos e 40 a 59 anos, o que representou 59,2% e 26,4% do total de casos, respectivamente. Em relação aos locais de aplicação mais mencionados, destacam-se a residência (28,3%) e salão de beleza (13,6%). Os dados reforçam a necessidade de medidas estratégicas de monitoramento, prevenção à população e fiscalização dos produtos e estabelecimentos que os comercializam ou fazem seu uso.
ACIDENTES DE TRABALHO EM PROFISSIONAIS DA LIMPEZA URBANA NO DISTRITO FEDERAL,2009 A 2023.
Pôster
BAIO,K.D.1, SOUZA,T.P.1, GARCIA,K.K.S.1, BRANT, JONAS LOTUFO1
1 UNB
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico dos acidentes de trabalho entre profissionais da limpeza urbana (garis) no Distrito Federal, entre 2009 e 2023. Métodos: Realizou-se um estudo descritivo, utilizando notificações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Utilizou-se de estatística descritiva para análise dos resultados, focando em variáveis sociodemográficas. Resultados: Observou-se 420 casos, de ocorrência maior no sexo masculino (n=373; 88,8%); na faixa etária de 25 a 34 anos (n=153; 36,4%); de ensino médio completo (n=29; 6,9%); de empresa não terceirizada (n=58; 13,8%). A principal causa dos acidentes foi a ‘Exposição a fatores não especificados’ (CID-10: X59). O ano com maior quantidade de casos foi em 2023, com 121 casos. Houve um aumento de 89,9% no número de casos em 2023 comparado a 2009.
Conclusão: Os trabalhadores da limpeza urbana enfrentam desafios significativos devido aos baixos salários e aos riscos à sua saúde, mesmo com o uso de EPIs. Acidentes de trabalho podem ter graves consequências, afetando a saúde física e mental, e impactando sua capacidade laboral. Políticas públicas e medidas preventivas precisam ser implementadas e fortalecidas para proteger estes profissionais com maior investimento em segurança, treinamento, educação em saúde e acesso a cuidados médicos de qualidade. É importante realizar mais estudos sobre os desafios de saúde desses trabalhadores, para identificar causas e desenvolver intervenções eficazes. A falta de dados específicos dificulta a compreensão e a intervenção.
ACIDENTES EM MOTOCICLISTAS: CONSUMO DE ÁLCOOL E LESÃO EM EXTREMIDADES E PELVE
Pôster
Magalhães, P.C.A.1, Oliveira. J.V.L2, Dias, V.1, Carvalho, J.M.A2, Monteiro, T.C.T2, Santos, W.J1, Ceballos, A.G.C.2
1 UFPE/Ebserh
2 UFPE
Os acidentes com motocicletas se destacam como um dos mais agressivos agentes de traumatismo e o consumo de bebida alcoólica sabidamente aumenta a chance da ocorrência do sinistro. A gravidade da lesão de extremidade ou pelve pode estar relacionada à vulnerabilidade da exposição do corpo desta área durante o acidente. Objetivo: Analisar a associação entre uso de bebida alcoólica e a gravidade da lesão em região de pelve e extremidades em condutores de motocicleta acidentados. Métodos: Estudo transversal exploratório. A população é formada por motociclistas acidentados no período de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024, internados no Serviço de Traumatologia do Hospital da Restauração Governador Paulo Guerra - HR, em Recife, Pernambuco, Brasil. As medidas que se referem à avaliação da gravidade das lesões foram coletadas através de informações fornecidas em prontuário, sendo aplicado na escala Abbreviated Injury Scale (AIS). Resultados: A pesquisa contou com 305 indivíduos, a maioria era do sexo masculino (98,7%) e com idade entre 18 e 39 anos (70,9%). Quanto à gravidade das lesões em extremidade ou pelve, a lesão grave ocorreu em 229 (74,6%) indivíduos e a leve e moderada em 48 (15,6%). O estudo mostrou associação entre o consumo de bebida alcoólica antes do acidente e a gravidade da lesão em extremidades ou pelve OR 2,47 (IC95% 1,10 - 5,53). Conclusão: Motociclistas que consumiram bebida alcoólica antes do acidente tem mais chance de sofrer lesão grave em extremidades e pelve.
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE
Pôster
Guimarães, J. S.1, Bastos, T. V. R.2, Lima, L. G.1
1 ResMulti/Contagem
2 UECE
Objetivo: Descrever os aspectos epidemiológicos das notificações dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo, descritivo com abordagem quantitativa de dados secundários disponibilizados de forma eletrônica no DATASUS, no período de 2013 a 2023 no Brasil. Foram analisadas as variáveis região, sexo, faixa etária e nível de escolaridade. Resultados: De acordo com os dados disponíveis, neste período, o Brasil teve 2.588.933 casos notificados na população geral, destacando-se o Sudeste (38,02%) e o Nordeste (34,41%) como as regiões mais afetadas. Ademais, o agravo é mais prevalente em pessoas do sexo masculino (55,20%) com faixa etária de 20-39 anos (32,17%), ressalta-se que este grupo é mais susceptível por ser economicamente ativo e dessa forma, estão mais expostos as formas de afazeres no meio urbano e/ou meio rural (Meschial et al, 2023). Acerca do nível de escolaridade, 35% não concluiu o ensino básico, reforçando o fator vulnerabilidade social e sua associação com o agravo. Conclusão: Quando as práticas sociais se desvinculam das práticas ambientais, isso resulta na ampla disseminação de agravos, incluindo os de saúde. O acelerado processo de urbanização, bem como destruição das florestas pela ação antrópica, migração das espécies, às mudanças no uso da terra contribui de forma exponencial no aumento dos acidentes por animais peçonhentos. A prevenção implica na adoção das diretrizes estabelecidas nas políticas ambientais que regulam a ação humana sobre o meio ambiente.
AGRESSÃO PSICOLÓGICA PRATICADA POR MÃES CONTRA OS FILHOS: ESTUDO COM RESIDENTES DE VITÓRIA
Pôster
Silva, L.F.1, Leite, F. M. C.1
1 UFES
Objetivo: Estudar a prevalência de agressão psicológica perpetrada por mães contra seus filhos entre residentes de Vitória, Espírito Santo. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, realizado no município de Vitória, onde participaram 418 mulheres com idade acima de 18 anos. Para o rastreio da violência psicológica foi aplicada a Escala de tática de conflitos entre pais e crianças (CTSPC). A análise dos dados foi feita a partir do software STATA 17. Resultados: 81,8% das mães responderam que gritam ou berram com seus filhos (IC95% 78,12 - 85,52), 14,8% já xingaram ou praguejaram contra seus filhos (IC95% 11,43 - 18,24). Quanto ao castigo, cerca de 89% (IC95% 85,73 - 91,78) explicam porque o filho está fazendo algo errado ,e, apenas 5,5% (IC95% 3,32 - 7,69) das participantes não praticou nenhum ato de violência psicológica contra seu filho. Conclusão: Os achados revelam elevada prevalência de agressão psicológica das mães contra seus filhos, o que pode influenciar negativamente no desenvolvimento da criança e do adolescente, e assim se apresentar como uma demanda silenciosa em saúde
ANALISE DAS NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA SEXUAL EM MULHERES NEGRAS RESIDENTES EM VITÓRIA/ES
Pôster
Lanna, S.D.1, Sartorio, C.R.2, Silva, L.L.1, Ribeiro, L.A.2, Odashima, M.H.G.1, Peterle, P.D.U.1, Leite, F.M.C.2
1 Prefeitura Municipal de Vitória
2 UFES
Objetivo: Analisar as notificações de violência sexual em mulheres negras residentes em Vitória, Espírito Santo (ES), ocorridas no período de 2011 a 2022.
Método: Trata-se de estudo epidemiológico do tipo descritivo realizado a partir de dados de notificações de violência sexual contra mulheres negras em todos os ciclos de vida, registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Os dados foram analisados no Excel 2404 Build 16.0.
Resultados: No período analisado foram identificadas 2.137 notificações de violência sexual contra pessoas do sexo feminino. Deste total, em 1.504 casos as vítimas se autodeclararam da raça/cor negra, que correspondem a 70,3% de ocorrência quando comparadas às mulheres não negras. As maiores prevalências foram identificadas para a “faixa etária” de 10 a 14 anos (n=556); quanto ao “tipo de violência sexual”, o estupro (n=1.322) e o quanto o “vínculo do agressor/ vitima” amigos/conhecidos (n=330).
Conclusões: Os resultados demonstram a prevalência de violência sexual notificada em residentes de Vitória semelhante à identificada a nível nacional. Na sociedade brasileira historicamente racista, machista-patriarcal, cisheteronormativa e capitalista, a violência contra mulheres negras é (re)produzida nas relações desiguais de poder, favorecendo uma lógica violenta em que os corpos negros femininos existem para servir como fonte de satisfação, contribuindo para a maior incidência do agravo nessa população. O movimento feminista negro amplia este debate incluindo a perspectiva da interseccionalidade considerando as vulnerabilidades sobrepostas que as mulheres negras enfrentam em uma condição agravada pela condição social, política e econômica, resultando em maior exposição às múltiplas formas de violências.
ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS NEGRAS NO MRJ, 2018-2022
Pôster
Irineu, N. M.1, Santa Anna, M. F.1, Aguilar, G. M. O.1, Ferreira, C. D.1, Oliveira e Cruz, D. M.1, Saraceni, V.1
1 Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
Objetivos: Este trabalho buscou descrever as características epidemiológicas das notificações de violência contra a população negra no município do Rio de Janeiro, entre os anos de 2018 a 2022. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo dos registros de violência, notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) durante o período especificado. Análises exploratórias segundo as variáveis ano, raça/cor, sexo, idade, tipo de violência relatada e ciclo de vida do provável autor da violência foram elaboradas com o software R. Resultados: No MRJ foram registradas 76.325 notificações de violência das quais 58,0% dos casos em indivíduos de raça cor preta/parda. O ano de 2022 concentrou a maior frequência de registros (25,7%). A análise por faixa etária mostrou que mulheres negras, na faixa etária de 20 a 29 anos (n=11.158) foram as mais afetadas. Em relação ao tipo de violência, considerando-se apenas a população negra, destacou-se a indicação de violência física (39,7%) e perpetrada majoritariamente por homens adultos. Verificou-se que 13,0% das notificações apresentaram informações ausentes sobre raça/cor. Conclusões: Os achados sugerem a necessidade de melhorias na qualidade do preenchimento da variável raça/cor para estruturação de políticas mais assertivas e inclusivas. A prevenção de violências envolve diversos setores, como a segurança pública, educação, assistência social e saúde. Diante desses resultados, reitera-se a necessidade de investir em estratégias de prevenção mais eficazes e a importância de promover continuamente práticas antirracistas.
ANÁLISE ESPACIAL DA VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA NO BRASIL ENTRE 2011 E 2022
Pôster
Guimarães, M.R.1, PINA, MF2
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ), Rio de Janeiro, Brasil.
2 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ). Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológicas em Saúde (ICICT/FIOCRUZ), Rio de Janeiro, Brasil.
Introdução: A violência autoprovocada ocorre distintamente nos grupos etários. Objetivo: Analisar os padrões espaciais de incidência da violência autoprovocada no Brasil entre 2011 e 2022 segundo ciclos de vida. Métodos: Estudo descritivo e ecológico de análises espaciais das taxas de incidência de violência autoprovocada específicas por idade e padronizadas por idade presentes no Sistema de Informação de Agravos de Notificação entre 2011 e 2022, na Região Geográfica Imediata do Brasil, segundo ciclos de vida: adolescentes (10 a 19 anos), jovens (20 a 24 anos), adultos (25 a 59 anos) e idosos (60 anos ou mais). Resultados: Houve 760.392 casos, 29,5% (n=223.880) em adolescentes, 16,7% (n= 126.962) em jovens, 50,4% (n=383.449) em adultos e 3,4% (n= 26.101) em idosos. Padrões espaciais foram semelhantes em todos os ciclos, com aglomerados espaciais de alta incidência no litoral sul e na capital, Brasília. Conclusão: Este estudo gerou informações que poderão subsidiar futuras políticas públicas, buscando a promoção da saúde e a prevenção da violência autoprovocada nos diferentes ciclos de vida.
ASSOCIAÇÃO DE FATORES INDIVIDUAIS, RELACIONAIS E COMUNITÁRIO NO AUTORRELATO DE VIOLÊNCIA E
Pôster
Andrade, F. M. D.1, Vasconcelos, N. M.1, Souza, J. B.1, Gomes, C. S.1, Malta, D. C.1
1 UFMG
Objetivo: Analisar a associação entre os fatores individuais, relacionais e comunitário com o autorrelato de violência em pessoas idosas. Método: Estudo transversal, de base populacional utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019. A variável desfecho considerou a soma dos idosos com idade ≥ 60 anos que autorrelataram algum dos subtipos de violência (psicológica, física ou sexual) no último ano que antecedeu a pesquisa. Para a escolha das variáveis explicativas, considerou-se os níveis individual, relacional e comunitário do modelo ecológico para compreender a violência. Calcularam-se as prevalências e os intervalos de confiança de 95% (IC95%) para violência total segundo as explicativas. Realizaram-se as análises bivariadas, sendo estimadas Odds Ratio não ajustadas, as variáveis com p-valor <0,20 foram incluídas no modelo multivariado. Compuseram o modelo final, as variáveis que apresentaram nível de significância de <0,05. Resultados: Participaram deste estudo 22.728 pessoas idosas, desses 10,05% autorrelataram algum tipo de violência, sendo 11,09% mulheres e 8,69% homens. Os fatores associados a violência no nível individual foram: sexo feminino (OR:1,25; IC95%:1,07;1,47), faixas etárias de 60 a 69 anos (OR:2,11;IC95%:1,59;2,83) e 70 a 79 anos (OR:1,71;IC95%:1,27;2,30), consumo abusivo de álcool (OR:1,61;IC95%:1,20;1,89), autoavaliacão ruim/muito ruim da saúde (OR:1,61;IC95%:1,37;1,61) e multimorbidade (OR:1,31;IC95%:1,13;1,51). No relacional foram: residir sozinho (OR:1,20;IC95%:1,01;1,43) e não ter familiar com quem contar (OR:2,18;IC95%:1,65;2,90). No comunitário foram: residir em área urbana (OR:1,47;IC95%:1,25;1,74), não fazer voluntário (OR:0,73;IC95%:0,60;0,88) e não participar de atividades religiosas (OR:0,81;IC95%:0,68;0,96). Conclusão: Os resultados podem contribuir para avançar no enfrentamento das violências contra as pessoas idosas no Brasil.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA E A MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS NAS CAPITAIS DO SUDESTE
Pôster
Gomes, J.P.M.1, Ferreira, L.C.M.1, Ferreira, C.C.M.1, Nogueira, M.C.1
1 UFJF
Objetivos: Analisar a associação entre a temperatura média e a mortalidade por causas externas totais (CET), focando em lesões autoprovocadas (LA) e acidentes de transporte (AT), nas capitais do sudeste brasileiro entre 2000-2019. Métodos: Dados de mortalidade por causas externas do período foram coletados para cada cidade, subdivididos em LA e AT. Foi conduzido um estudo ecológico de análise em duas etapas. Inicialmente, utilizou-se um Modelo Aditivo Generalizado combinado com um Modelo de Defasagem Distribuída Não-Linear com defasagem de 0-3 dias para estimar a relação entre a temperatura média e mortalidade em cada cidade. Posteriormente, foi realizada uma metanálise de efeitos aleatórios para integrar os resultados das diferentes cidades e calcular a melhor previsão linear não-enviesada. Resultados: A temperaturas extremamente frias (percentil 5) possuem um Risco Relativo (RR) de 0.95 [Intervalo de Confiança 95%(IC95%) 0,92–0,98] para CET e 0.90 [IC95% 0.85–0.96] e 0.86 [IC95% 0.81–0.92] para AT e LA, respectivamente. De maneira antagônica, temperaturas extremamente quentes (percentil 95), possuem RR de 1.04 [IC95% 1,02–1,08] para CET e 1.07 [IC95% 1,03–1,12] e 1,12 [IC95% 1,06–1,17] para AT e LA, respectivamente. Conclusões: Temperaturas abaixo da média exercem um efeito protetor contra mortes por causas externas, enquanto temperaturas acima da média aumentam esse risco. Estes achados destacam os impactos das variações de temperatura no comportamento das pessoas e a importância de usá-las como variáveis de monitoramento e previsão de desfechos.
ATIVIDADES EDUCATIVAS NA ÁREA HOSPITALAR SOBRE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO
Pôster
COSTA, M. O.1, NERY, A. A.1, OLIVEIRA, J. S.1, SILVA, A. T. P. S.1, ALMEIDA, P. S.1, SANTANA, K. D.1, FILADELFO, S. R.1, SANTANA, F. G. R.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivos: descrever a vivência de atividades educativas realizadas na área hospitalar sobre prevenção de acidentes de trânsito. Métodos: trata-se de um relato de experiência das atividades desenvolvidas por estudantes dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia, bolsistas de Iniciação Científica de um grupo de pesquisa de uma universidade pública, entre outubro de 2022 e outubro de 2023, realizado em um hospital de médio porte, referência em trauma, situado no interior da Bahia. Os locais das atividades foram o ambulatório, recepção da emergência e clínica ortopédica. Previamente às atividades, foram elaborados folders contendo informações sobre os acidentes de trânsito, principalmente no que tange à epidemiologia e ações de prevenção, que, no momento do desenvolvimento das atividades, eram entregues aos usuários e acompanhantes, bem como a discussão breve sobre a temática. Resultados: durante o desenvolvimento das atividades educativas, percebeu-se insuficiência no conhecimento dos usuários e acompanhantes sobre a magnitude dos acidentes de trânsito, de suas consequências e das medidas de prevenção, que envolvem principalmente a utilização de equipamentos de proteção individual e cumprimento das leis do trânsito. Outrossim, muitos indivíduos acidentados ou que já sofreram acidentes de trânsito relataram que mesmo seguindo as condutas corretas no trânsito, foram vítimas de outros condutores e de suas ações imprudentes. Conclusões: atividades educativas sobre os acidentes de trânsito na área hospitalar são fundamentais para contribuir com a redução da morbimortalidade por este evento, haja vista que muitos usuários e/ou acompanhantes encontravam-se na unidade hospitalar devido a esse agravo.
AVALIAÇÃO DO CASOS NOTIFICADOS DE VIOLÊNCIA SEXUAL POR PARCEIRO ÍNTIMO NA AMAZÔNIA LEGAL
Pôster
SILVA, A. M. I.1, MARQUES, D. O.1, PEREIRA, L. N. S.1, SILVA, E. O.1, REIS, L. N.1
1 UEA
Objetivo: Monitorar os casos de violência sexual cometido por parceiro íntimo na Amazônia Legal entre 2011 e 2021. Método: Para obtenção das notificações, os dados foram extraídos do banco de dados do Sistema de Notificação de Agravos e Notificação (SINAN) entre os anos de 2011 e 2021 na Amazônia Legal. Os filtros selecionados referentes ao parceiro foram: “cônjuge”; “ex-cônjuge”; “namorado”; e, “ex-namorado”. A Amazônia Legal é composta por 9 estados de 3 regiões brasileiras (Norte: Acre; Amapá; Amazonas; Rondônia; Roraima Tocantins e Pará. Nordeste: Maranhão. Centro-Oeste: Mato Grosso). A análise incluiu a média, desvio-padrão (dp) e frequência dos dados. Resultados: A Amazônia Legal, registrou 56.963 casos de Violência por Parceiro Íntimo (VPI) contra mulher, dos quais 13.677 (24,0%) foram de natureza sexual. A média anual de notificações na Região Norte foi de 269,9 (dp± 270,8), seguido do Nordeste 24,7 (dp± 39,0) e Centro-Oeste 16,8 (dp±16,2). O principal autor foi o namorado (8.386; 61,3%), seguido pelo cônjuge (3.605; 26,4%), ex-namorado (1.041; 7,6%) e ex-cônjuge (645; 4,7%). Em toda a Amazônia Legal, o “namorado” foi identificado como o principal autor da violência sexual. Conclusão: Conclui-se que o namorado foi o principal autor de violência sexual por parceiro íntimo, e a Região Norte registrou o maior número de notificações. A discrepância na frequência é provavelmente atribuída à maior abrangência da região na Amazônia Legal. Limitações do estudo incluem possível subnotificação e dados incompletos. Apesar disso, os resultados mostram números alarmantes de violência sexual por parceiro íntimo na Amazônia Legal.
CARACTERÍSTICAS DAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO NOTIFICADAS EM SANTA CATARINA ENTRE 2015 E 2022
Pôster
Mir, T.G.D.1, Coelho, E.B.S.1, Bolsoni, C.C.1
1 UFSC
Estudo de abordagem quantitativa, retrospectivo descritivo, com dados secundários, que objetivou caracterizar as tentativas de suicídio (TS) notificadas em Santa Catarina, entre 2015 e 2022, por meio da análise dos registros inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As características sociodemográficas e circunstâncias das TS foram analisadas e estratificadas por sexo. As frequências absolutas e relativas com seus respectivos intervalos de confiança (IC95%) e o valor de p. foram calculados. Obteve-se como resultados: 35.853 notificações de TS, predominando em pessoas do sexo feminino (66,92%), entre 20 a 29 anos (26,46%), autodeclaradas brancas (88,44%), heterossexuais (96,20%), sem cônjuge (53,84%), nível de escolaridade médio (44,89%) e aproximadamente um terço (29,13%) possuem deficiência ou transtorno. O método principal foi o envenenamento/intoxicação (79,59%), sendo a residência o local predominante (92,35%) e quase metade referiu TS anteriores (42,50%). A maior frequência de notificações (19,44%) e taxa de incidência (89,14/100 mil) foi em 2019 e a incidência anual foi maior na Macrorregião Sul, em quase todo o período do estudo. Este estudo atingiu seus objetivos, apontando que questões relacionadas ao gênero como a violência contra as mulheres, assim como a medicalização do sofrimento psíquico, são fatores associados a maior ocorrência de TS em mulheres. Também apontou uma possível relação entre a maior incidência de TS em regiões mais afetadas por desastres climáticos e ambientais. Recomenda-se novos estudos sobre a temática e o aprimoramento da ficha de notificação.
CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE VIOLÊNCIA COMUNITÁRIA E SUA APLICABILIDADE NA ÁREA DE SAÚDE
Pôster
Miliauskas, CR1, Junger, W1, Bertolino, B1, Figueiredo, JA1, Hellwig, N1, Lopes, CS1
1 UERJ
A medição dos dados secundários de violência é importante para pesquisas no campo da saúde, incluindo sua descrição, impacto e análise dos fatores de risco. Objetivo: este trabalho descreve a construção de indicadores de violência comunitária por bairros a partir de registros da polícia civil para sua aplicabilidade em estudos no campo da saúde. Métodos: foram construídos três indicadores: taxa de crimes contra patrimônio, taxa de crimes contra pessoa não letais e taxa de crimes letais. Cada indicador foi calculado contendo em seu numerador os respectivos tipos de crimes oriundos dos registros de ocorrência das delegacias de Polícia Civil do Município do Rio de Janeiro, e no denominador a população residente, sendo a unidade de análise o bairro. Resultados: os resultados são apresentados no formato de mapas dos bairros do Município do Rio de Janeiro, com a distribuição de ocorrência de crimes contra o patrimônio, contra a pessoa do tipo não letais e contra a pessoa do tipo letais, classificados conforme o nível de exposição: baixo, médio e alto. Discussão: os autores discutem sua aplicabilidade, podendo eles serem replicados e utilizados no estudo da associação da violência com diferentes desfechos. Conclusão: o desenvolvimento de indicadores de violência comunitária com diferentes constructos, conforme apresentado, pode servir como ferramenta importante no estudo da violência, seus fatores de risco e consequências para a saúde.
CYBERBULLYING ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR, 2019
Pôster
Mello, FC1, Buback, J2, Souza, JB2, Vasconcelos, NM2, Gomes, CS2, Santos, FM3, Sadi, EJP2, Pereira, CA2, Morais, EA2, Malta, DC2
1 USP/RP
2 UFMG
3 Faculdade de Ciencias Médicas, MG
O estudo estimou a prevalência do Cyberbullying (CB) em escolares brasileiros e analisou a associação com fatores sociodemográficos, familiares, de saúde mental e comportamentais. Trata-se de um estudo transversal com dados da PeNSE 2019. Realizou-se análise multivariada com regressão de Poisson. A prevalência de CB foi de 13,2% e foi maior entre os adolescentes que se sentiam tristes (RP= 1,5; 1,4-1,7); solitários (RP= 1,47; 1,36-1,59); referiram que a vida não vale a pena (RP= 1,71; 1,59-1,84); não tem amigos (RP= 1,68; 1,50-1,87); apanhavam dos pais (RP= 1,54; 1,45-1,65); faltavam às aulas (RP= 1,13; 1,06-1,20); usavam tabaco (RP= 1,19; 1,10-1,30); álcool (RP= 1,16; 1,08-1,25); drogas ilícitas (RP= 1,14; 1,04-1,25); tiveram relação sexual (RP= 1,23; 1,14-1,33). Tiveram menor prevalência: meninos (RP= 0,85; 0,80-0,91); 16-17 anos (RP=0,88; 0,82-0,95); com supervisão dos pais (RP=0,78; 0,73-0,83). O Cyberbullying tem elevada prevalência e destaca-se a importância de monitorar a prática, estabelecendo ações de prevenção nas escolas.
DEPRESSÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO
Pôster
Nascimento, Julia Alcântara Corrêa do1, Angarita, Daniela Marisol Pérez1, Miguez, Fernanda Garcia Gabira1, Leite, Franciele Marabotti Costa1
1 UFES
Objetivo: Analisar a prevalência de sintomas depressivos e sua associação com a exposição à violência por parceiro íntimo. Método: Estudo transversal, de base populacional, onde participaram 1086 mulheres, com idade de 18 anos e mais, residentes do município de Vitória, Espírito Santo (ES), Brasil. Para avaliar a depressão foi utilizado o Beck Depression Inventory (BDI), e, para o rastreio das violências por parceiro íntimo foi aplicado o Instrumento da Organização Mundial de Saúde. As análises foram realizadas no programa estatístico Stata versão 17.0. As análises bivariadas foram realizadas por meio de teste qui-quadrado (χ2) de Pearson, com nível de significância de 5%. A associação entre as variáveis foi feita por meio da Regressão de Poisson com variância robusta pela Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada, assim como os seus respectivos intervalos de confiança (IC95%). Resultados: A prevalência de sintomas depressivos foi de 23,9%. Mulheres que sofreram violência ao longo da vida tiveram uma prevalência de 2,55 maior de sintomas depressivos (IC95% 2,01-3,23) e aquelas que sofreram violência durante a pandemia de Covid-19 tiveram 2,24 mais prevalências de sintomatologia depressiva (IC95% 1,82-2,75) comparadas àquelas que não sofreram violência pelo parceiro íntimo. Conclusões: Os achados demonstram que existe uma associação entre a exposição a violência pelo parceiro íntimo e a depressão, destacando-se a necessidade de atuar na prevenção e erradicação da violência para melhorar as condições de saúde das mulheres.
DESCORTINANDO O ESTUPRO DE VULNERÁVEL COMPARANDO DADOS DE NASCIDOS VIVOS E VIOLÊNCIA
Pôster
Silva, C. D. F.1, Lemos, C. T.1, Resende, G. C.2, Araújo, T. S.1, Melo, A. X.1, Ramos, T. C. A.1
1 FVS-RCP
2 UFAM
Objetivos: Comparar dados oficiais de violência sexual contra meninas de 10 a 13 anos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) referentes a partos nessa mesma faixa etária. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, descritivo e quantitativo sobre a violência sexual em relação com a gravidez de meninas entre 10 e 13 anos, durante o período de 2018 a 2022 no Estado do Amazonas. Resultados: A partir do cruzamento e análise das informações extraídas do SINASC e do SINAN observou-se: 1) 4.052 partos no SINASC de meninas que tinham menos de 14 anos; 2) 3.148 notificações de violência sexual no SINAN contra meninas que tinham na data de ocorrência entre 10 e 13 anos; e 3) apenas 12,9% das meninas-mães registradas no SINASC tinham também notificações no SINAN por ocasião de violência sexual, sendo que deste universo 7,4% contava com duas notificações de violência sexual no mesmo sistema de informação. A literatura utilizada para a compreensão dos dados se baseia na legislação penal brasileira, na epidemiologia das violências, na violência com recorte de gênero, na cultura do estupro e na teoria das interseccionalidades. Conclusões: Essas observações confirmam a magnitude da subnotificação da violência sexual contra meninas nessa faixa etária, que é a de maior prevalência da violência sexual no Amazonas, mas, principalmente, evidenciam a invisibilidade do estupro de vulnerável facilmente interpretado somente pela ótica da gravidez na adolescência.
DESENVOLVIMENTO DO CORE SET DA CIF PARA VÍTIMAS NÃO FATAIS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO
Pôster
Duarte, F. G. D.1, Oliveira, L. R.1
1 UFMT
Objetivo: Desenvolver um Core Set da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), para vítimas não fatais de acidentes de trânsito. Métodos: Para a construção do Core Set foram desenvolvidos quatro estudos distintos: revisão sistemática da literatura; estudo transversal aplicando o checklist da CIF; estudo transversal adotando abordagem qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas, ambos, com vítimas de acidentes de trânsito; e pesquisa com especialistas a fim de identificar os fatores funcionais e ambientais da condição de saúde estudada. Resultados. Os estudos geraram uma lista com 78 categorias diferentes da CIF, sendo, 18 categorias na revisão sistemática, 36 no estudo transversal; 22 no estudo qualitativo; e 48 no estudo com especialistas. Das categorias que constituíram o Core Set, 14,1% foram do componente funções do corpo, 17,9% das estruturas do corpo, 46,2% de atividades e participação, e 21,8% dos fatores ambientais (barreiras e facilitadores). No componente atividades e participação as categorias mais relevantes foram relacionadas a mobilidade (andar, deslocar, dirigir); e cuidados pessoais (vestir-se, lavar-se, comer). Conclusões: O uso do Core Set para vítimas de acidentes de trânsito possibilitará avaliar e monitorar a funcionalidade e a incapacidade dos indivíduos, a partir de uma ferramenta concisa, apoiada no modelo biopsicossocial, além de promover a aplicação da CIF na clínica, ensino e pesquisa.
DESVENDANDO O RACISMO OBSTÉTRICO: UMA INVESTIGAÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Augusto, M. M.1, Leite, T. H.1, Mesenburg, M. A.2, Nakamura-Pereira, M.2, Leal, M.C.2, Marques, E. S.1
1 IMS/UERJ
2 FIOCRUZ
Objetivo: Analisar a prevalência das diferentes manifestações de Volência Obstétrica (VO) em mulheres brancas e negras. Métodos: Utilizou-se os dados de puérperas do estado do Rio de Janeiro (ERJ) oriundos da pesquisa “Nascer no Brasil II” (n=1.221). As mulheres foram entrevistadas por meio de ligação telefônica ou link de autopreenchimento enviado por WhatsApp aos 4 meses após o parto entre 2021/2024. A VO foi mensurada por meio do instrumento adaptado de Bohren et al. (2015). A raça/cor da pele foi mensurada a partir da autodeclaração segundo categorias do IBGE. Foi utilizado o teste qui-quadrado para a comparação entre os grupos. Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante na prevalência de violência física entre mulheres negras e brancas (7,5% vs 8,6%), bem como nas dimensões de estigma e discriminação (7,6% vs 5,7%), negligência (29,0% vs 28,2%) e alívio da dor (81,7% vs 78,8%). As prevalências de violência psicológica, toques vaginais inadequados e na dimensão referente a fluídos (não poder comer/beber durante o trabalho de parto), mobilidade e ausência de acompanhante foram maiores entre mulheres negras (20,1%, 47,3% e 82,9%), quando comparada à brancas (15,3%, 32,3% e 63,4%, p-valor⩽0,05), respectivamente. A co-ocorrência dos quatro tipos de VO mais prevalentes foi maior em mulheres negras, quando comparada às brancas (11% vs 7%). Conclusão: Observou-se uma disparidade racial na prevalência de certos subtipos de VO, com prevalência maior entre mulheres negras residentes no ERJ.
DISTÚRBIO DO SONO E SUA ASSOCIAÇÃO COM VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO
Pôster
Moreira, M.1, Venturin, B.2, Leite, F. M. C.1
1 UFES
2 UFPel
Objetivo: avaliar a prevalência do distúrbio de sono entre mulheres residentes de Vitória, e, sua violência (geral, física, psicológica e sexual) por parceiro íntimo ao longo da vida .
Métodos: estudo transversal de base populacional, realizado entre mulheres com 18 anos ou mais com parceiro íntimo nos últimos dois anos e residentes em Vitória, ES. O distúrbio do sono foi mensurado pela escala de Sonolência de Epworth e a violência tipificada ao longo da vida foi estimada pelo instrumento da Organização Mundial da Saúde - Violence Against Woman (WHO VAW Study). Todas as análises foram realizadas através do Stata®.
Resultados: A frequência de distúrbio do sono foi de 17,9% (IC95% 15,7-20,3) e esteve associado na análise bivariada à faixa etária; raça/cor da pele; anos de estudo, renda familiar em tercil e violência (geral, psicológica, física e sexual) ao longo da vida e nos últimos 24 meses (p<0,05). Na análise bruta, verificou-se que as mulheres com histórico de violência geral na vida apresentaram 55% mais chance de distúrbio do sono quando comparadas às que não relataram (p<0,05).
Conclusão: a violência é um problema de saúde pública com danos de curto e longo prazo na saúde da mulher.
ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS UTILIZANDO INSTRUMENTOS DE GESTÃO: FLUXO
Pôster
Lindoso, M. C.1, Gualter, J. F1, Mendes, R. S.1, Rocha, J. C.1, Pereira, C. A.1, Ribeiro, I. S1, Costa, E. A1
1 SEMUS - HOSPITAL DA CRIANÇA
Objetivo: Apresentar o Fluxo de Violência Sexual desenvolvido no Hospital da Criança como estratégia de enfretamento aos casos de violência sexual praticado contra crianças que buscaram o atendimento em saúde nessa unidade. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência elaborado a partir dos dados extraídos do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) de uma Unidade pediátrica do município de São Luís – MA após a implementação do fluxo de violência sexual de janeiro a maio de 2024. Resultados: No período foi possível inferir que o fluxograma é um instrumento eficaz para registrar os casos de violência sexual, já que após a utilização do instrumento identificou-se um aumento de 35% (12 casos) do número de notificações em relação aos anos de 2022 (8 casos) e 2023 (7 casos) no mesmo período. Também foi possível registrar dados importantes para preenchimento do documento de notificação, acompanhamento e encaminhamento dos casos para as demais áreas da rede de atendimento. Conclusão: conclui-se que o fluxograma é uma ferramenta fundamental para que vítimas de violência sexual recebam atendimento na área de Saúde o mais precocemente possível, tendo o foco voltado à prevenção de sequelas que ameaçam a sua integridade física e emocional. Esse instrumento de gestão possibilita uma notificação de qualidade dos casos de violência sexual praticada contra as crianças e oferecer elementos aos gestores para que sejam criadas políticas publicas nessa área.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL PRÉ E PÓS PANDEMIA DE COVID-19: ANÁLISE COMPARATIVA
Pôster
Ferreira, B. N.1, Nascimento, J. A. C1, Silva, G. G1, Silveira, L. L. G.1, Entringer, A. M.2, Fiorotti, K. F.1, Oliveira, C. M. R1
1 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Programa de Atendimento à Vítima de Violência Sexual (PAVÍVIS)
2 Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA), Programa de Atendimento à Vítima de Violência Sexual (PAVÍVIS)
Objetivos
Analisar a prevalência de adolescentes menores de 14 anos vítimas de estupro de vúlneravel acolhidas em programa especializado.
Métodos
Estudo descritivo realizado com pacientes menores de 14 anos acolhidas no programa de atendimento às vítimas de violência sexual, dentro do Hospital Universitário de Vitória-ES, que foram vítimas de estupro de vulnerável. Os dados foram coletados nos anos de 2018 a 2021. Dividiu-se o período de tempo em momentos pré-pandemia (2018-19) e durante a pandemia de Covid-19 (2020-21).
Resultados
Durante o período, foram acolhidas no programa 450 pacientes; destas, 228 foram acolhidas no momento pré-pandemia e 222 durante os dois primeiros anos da pandemia. No primeiro período, 16,23% (n = 37) de pacientes acolhidos eram meninas menores de 14 anos e no seguinte, 22,07% (n=49) destas compartilhavam este perfil. Em consonância com dados da literatura, a predominância de agressores com algum tipo de vínculo com a vítima se mostrou presente na amostra. Em 2018/19, apenas 8,11% (n=3) dos agressores eram desconhecidos da vítima e em 2020/21 6,12% (n=3) destes não possuíam vínculo com elas.
Conclusões
A prevalência no acolhimento destes casos aumentou durante o período de 2020/21 quando comparado ao de 2018/19. Percebe-se que o impacto da pandemia se mostrou presente em tal cenário, assim como a literatura discorre sobre. A permanência da frequência de agressores sem algum tipo de relacionamento com essas vítimas reforçou que elas são mais propensas a serem violentadas por alguém do seu convívio.
EXPERIÊNCIA DA DESCENTRALIZAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA EM ÁREA DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Irineu, N.M1, Santos, M.G2, Maciel, C. J. V. G2
1 SMS/SVS-RJ
2 Divisão de Vigilância em Saúde da Coordenadoria Geral de Atenção Primária 3.2 Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (DVS CAP 3.2/ SMS-Rio)
Objetivos: Descrever a experiência da descentralização das notificações de Violência da Área Programática (AP) 3.2 do município do Rio de Janeiro. Métodos: Relato sobre a descentralização das notificações em dois Serviços de Vigilância em Saúde e uma unidade hospitalar municipal da AP 3.2 em dois momentos: janeiro e outubro de 2023. Foram realizados treinamentos nos equipamentos de saúde com as equipes dos serviços e núcleo hospitalar, utilizando-se instrutivos técnicos elaborados pela Divisão de Vigilância em Saúde (DVS) da área, incluindo a qualificação e a digitação das fichas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Resultados: Foram treinados 14 profissionais de vigilância em três encontros. Observou-se o aumento do percentual de fichas de notificação imediata inseridas oportunamente, chegando a 100% dos casos no mês seguinte à descentralização (novembro de 2023), configurando maior celeridade na comunicação dos casos. A análise dos indicadores do painel de vigilância apresenta também o alcance e manutenção de outras taxas de avaliabilidade, tais como: percentual de unidades da rede de atenção com notificação de violência realizada e proporção da variável raça/cor preenchido. Conclusões: Os serviços descentralizados assumiram um papel mais ativo, reduzindo a carga de trabalho das instâncias centrais e permitindo uma resposta mais ágil às ocorrências de violência. Os treinamentos desempenharam um papel fundamental ao capacitar os profissionais locais, garantindo que estivessem devidamente habilitados para lidar com as tarefas de digitação, seguindo os procedimentos adequados.
FATORES ASSOCIADOS A VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS IDOSAS NO BRASIL, SEGUNDO O TIPO DE AGRESSOR
Pôster
Santos, M.A.B.1, Neto, P.J.A.V.1, Moreira, R. S.1
1 IAM-FIOCRUZ PE
Examinou-se os fatores que aumentam o risco de violência contra as pessoas idosas no Brasil, segundo o tipo de agressor. Estudo de corte transversal com dados secundários, de base populacional, através da Pesquisa Nacional de Saúde em 2013, totalizando 11.697 indivíduos com 60 anos ou mais no Brasil. Ter sofrido violência por agressor conhecido ou desconhecido foi a variável dependente, as independentes foram divididas em blocos (Socioeconômico e demográfico; Autopercepção e cuidado com a saúde; Utilização do serviço de saúde; Estado de saúde/doença e Funcionalidade). O efeito das variáveis independentes sobre a variável dependente foi evidenciado pela “Odds Ratio” com Intervalo de Confiança 95%. Executou-se modelos hierarquizados de regressão logística multinomial simples e múltipla. A partir da análise simples foram escolhidas para análise múltipla as variáveis com p-valor <0,05. Associaram-se ao agressor desconhecido: cor da pele branca, <68 anos, saber ler e escrever, problemas no sono, não sentir prazer em fazer atividades e ter deficiência física. Enquanto saúde ruim, fumar, discriminação no serviço de saúde e sentir-se mal consigo mesmo se associaram ao agressor conhecido .Foram associados aos dois tipos de agressores: Discriminação por tipo de doença e pequena dificuldade para sair sozinho. Estados com maior quantitativo de casos de violência encontrados foram Amapá, Paraná, Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Norte. Desse maneira, avaliar a prevalência de violência contra pessoas idosas, o tipo de agressor, bem como os fatores associados, é fundamental para o reconhecimento e prevenção do abuso individual, institucional e estrutural.
FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS AO AUTORRELATO DE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS IDOSAS
Pôster
Andrade, F. M. D.1, Vasconcelos, N. M.1, Souza, J. B1, Vieira, M. A. S.1, Mascarenhas, M. D. M.2, Minayo, M. C. S.3, Malta, D. C.1
1 UFMG
2 UFPI
3 Fiocruz
Objetivo: Investigar a prevalência e os fatores sociodemográficos associados ao autorrelato de violência contra a pessoa idosa. Método: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Calcularam-se as prevalências e os intervalos de confiança de 95% (IC95%) de autorrelato de violência total e subtipos (psicológica, física e sexual) pelas variáveis sociodemográficas. Além disso, foram investigadas as associações entre violência total e as variáveis sociodemográficas por meio do modelo de Regressão Logística. Resultados: Responderam à pesquisa 22.728 pessoas com 60 anos ou mais de idade. Dessas, 10,05% relataram ter sofrido algum tipo de violência, sendo, 8,69% nos homens e 11,09% nas mulheres. Os fatores associados a violência nas mulheres foram ter 60 a 69 (OR:2,21; IC95%:1,51;3,24) e 70 a 79 anos (OR:1,96; IC95%: 1,32;2,92), ser divorciadas/separadas (OR:1,70; IC95%:1,29;2,23) e residir em área urbana (OR:1,51; IC95%:1,19;1,90). Nos homens foram ter 60 a 69 anos (OR:1,87; IC95%:1,21;2,89), raça/cor da pele não brancos (OR:1,52; IC95%:1,21;1,91), renda de 1 a 3 SM (OR:1,59; IC95%:1,00;2,51) e residência em área urbana (OR:1,37; IC95%:1,06;1,76). Os idosos com 5 a 9 anos de estudo, tiveram menores chances de violência (OR: 0,50; IC95%:0,26;0,94). Conclusão: Um décimo das pessoas idosas no Brasil relatou algum tipo de violência no último ano que antecedeu a pesquisa, a maioria do sexo feminino. Além disso, há evidências de que os fatores associados a ocorrência de violência são diferentes entre os gêneros. Portanto, é fundamental a criação de políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais e de gênero no país.
FERIDAS CRÔNICAS EM MEMBROS INFERIORES E AS EXPERIENCIAS DE VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO.
Pôster
Pattuzzo,A,M.1, Leite,F,M,C.1, Xavier,F,G.1
1 UFES
Objetivo: Analisar a frequência de mulheres com ferida crônica em membro inferior, seu perfil socioeconômico, clínico e a violência por parceiro íntimo. Método: Trata-se de um estudo descritivo, realizado no município de Vitória, Espírito Santo. As entrevistas ocorreram em domicílio. As participantes foram 39 mulheres portadoras de lesões crônicas de membros inferiores. A análise dos dados foi realizada por meio do programa Stata 14.0. Resultados: A frequência de lesões de membros inferiores foi de 3,6%, sendo maior em idosas (33,3%), não brancas (66,7%), com até 8 anos de escolaridade (41,0%), de classe econômica B (48,7%), que viviam com companheiro (84,6%), possuíam religião (79,5%), e não tinham plano de saúde (51,3%). A maior parte (59,0%) não fumava, e não fazia uso de bebida alcoólica (56,4%). Cerca de 44% apresentavam artrite, artrose ou reumatismo; 46,2% eram hipertensas, e 33,3% diabéticas. Das participantes, 46,2% referiam dor crônica. A presença de colesterol alto foi autorreferida por 38,5%; e sinais e sintomas de depressão estavam presentes em 35,9% das participantes. Mais da metade (51,3%) alegou que a presença da lesão em membro inferior gerou alterações na realização das atividades diárias. Cerca de 13% haviam sido vítimas de violência física praticada pelo parceiro íntimo na pandemia, e 28,2% violência psicológica. Conclusão: A pesquisa permitiu conhecer o perfil das mulheres com feridas crônicas residentes em Vitória, reforçando que grande parte utilizava o SUS, apresentava comorbidades e teve experiência de violência perpetrada por parceiro íntimo na pandemia.
GESTAÇÃO RESULTANTE DA VIOLÊNCIA SEXUAL: O DESFECHO ENTRE MULHERES ADULTAS E ADOLESCENTES
Pôster
Nascimento, Julia Alcântara Corrêa do1, Silva, Guilherme Germano da1, Ferreira, Beatriz Nicoli1, Silveira, Laura Locatel Gomes1, Fiorotti, Karina Fardin1, Entringer, Alexsandra Martins2, Oliveira, Chiara Musso Ribeiro1, Leite, Franciele Marabotti Costa1
1 UFES
2 SESA
Objetivos: Analisar as solicitações de interrupção da gestação, decorrente de violência sexual, entre mulheres atendidas em um serviço de referência no Espírito Santo. Métodos: estudo transversal realizado em um serviço especializado em atendimento de vítimas de violência sexual, com mulheres maiores de 18 anos e adolescentes menores de 14 anos que encontravam-se no processo decisório de interrupção legal da gestação. Para o rastreio do público alvo, foi utilizado o banco de dados programa, proveniente da planilha de gestantes atendidas no referido serviço entre os anos 2018 a 2023. Os dados foram analisados utilizando o Microsoft Excel 2010. Resultados: Ao longo do período foram registradas 228 solicitações de interrupção legal da gestação, sendo 189 (83%) de mulheres adultas e 39 (17%) de vítimas adolescentes. Do total de mulheres adultas, 147 (77,8%) realizaram o abortamento, e, dentre as 39 adolescentes, apenas 13 pacientes (33,3%) prosseguiram com o abortamento legal. Os dados apresentados apontam que gestantes adultas, vítimas de violência sexual, têm cerca de 2 vezes mais realização de interrupção da gravidez em relação às adolescentes. Conclusões: os resultados indicam que em gestações por violência sexual as mulheres adultas optam pelo aborto legal mais frequentemente do que as menores de 14 anos, apontando para uma provável interferência, maior neste caso, das relações familiares e sociais no processo decisório.
HOMICÍDIOS EM MULHERES NOS DOMOCÍLIOS BRASILEIROS (2000 A 2022): ESTUDO DE SÉRIES TEMPORAI
Pôster
Meira KC1, Jomar RT2, Guimarães RM3, Dantas ESO4
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2 INCA
3 ENSP/FIOCRUZ
4 HUOL/UFRN
Analisar a tendência temporal dos homicídios de mulheres perpetrados nos domicílios do Brasil e Regiões de 2000 a 2022, segundo os métodos mais incidentes. Estudo ecológico de tendência temporal com dados de homicídios de mulheres com 10 ou mais anos de idade ocorridos no domicílio e disponíveis no Sistema de Informação Sobre Mortalidade. Os registros de óbito foram corrigidos para a má certificação e subnotificação.A tendência temporal foi avaliada por regressão binomial negativa e classificadas de acordo com os valores do risco relativo e de p<0,05. Antes dessa análise verificou-se a presença de autocorrelação serial por meio da estatística de Durbin-Watson.Maiores taxas (por 100.000 mulheres foram observadas nas Regiões Centro-Oeste (2,47) e Norte (2,50) e entre mulheres de 20 a 39 anos. Tendência ascendente foi observada nas Regiões Norte (RR=1,010, p<0,05) e Nordeste (RR=1,012, p<0,05), enquanto no Sul e Sudeste, observou-se tendência descendente (RR=0,995 vs. RR=0,979, p<0,001), resultados semelhantes aos observados nos homicídios por arma de fogo. Taxas de homicídio no domicílio por objeto contundente, penetrante ou cortante permaneceram estáveis em todas as Regiões, exceto no Nordeste, em que foi ascendente (RR=1,004, p<0,001). Há diferenças na tendência temporal dos homicídios de mulheres no domicílio segundo meios de perpetração e região geográfica.
LESÕES DE TRÂNSITO EM MOTOCICLISTAS EM RODOVIAS FEDERAIS DO NORDESTE BRASILEIRO
Pôster
Rocha, F. L.1, Oliveira, E. C. T.2, Velásquez-Meléndez, G.3
1 UFCG
2 UNCISAL
3 UFMG
Objetivos: caracterizar as lesões de trânsito por acidentes envolvendo motociclistas em rodovias federais do Nordeste brasileiro no triênio 2021 a 2023. Métodos: estudo epidemiológico com dados abertos agregado por todas as causas e tipos de acidentes, do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), relacionados às lesões de trânsito envolvendo motociclistas em rodovias federais do Nordeste no triênio 2021 a 2023. As variáveis utilizadas foram: sexo, grupo etário, unidade federativa, localização da BR e estado físico do envolvido. Foi utilizada estatística descritiva, com proporções e seus intervalos de confiança de 95% (IC95%) para a caracterização das lesões de trânsito. Resultados: Entre 2021 e 2023, 55.702 pessoas se envolveram em lesões por acidentes com motociclistas e 6.632 foram a óbito nas rodovias federais do Nordeste brasileiro. A maior proporção de pessoas envolvidas foi do sexo masculino, com idade entre 30 a 59 anos, com lesões leves e graves no triênio e a maior proporção dos acidentes ocorreram em rodovias localizadas em zonas urbanas. O estado de Pernambuco teve a maior proporção de pessoas envolvidas nos anos 2021 e 2022 e a Bahia no ano 2023. A maior proporção de óbitos ocorreu nos anos 2021 e 2022. Conclusões: os resultados mostram a necessidade de intensificar a fiscalização e o monitoramento e vigilância de acidentes na região Nordeste, considerando as especificidades locais e o crescimento da frota de motociclistas nos últimos anos. O uso de dados de sistemas de monitoramento de óbitos e acidentes deve ser incentivado para fins de vigilância.
MORTALIDADE DE MULHERES POR AGRESSÕES EM DOMICÍLIOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2
Pôster
Nunes, D.1, Carvalho. A1, Oliveira. G, Z1, Moraes. S1, Medeiros, O. C.1
1 IDOMED
Objetivo: Analisar os óbitos por agressão em mulheres em idade fértil que ocorreram no domicílio no município do Rio de Janeiro, entre 2015 e 2020. Método: Trata-se de um estudo descritivo dos registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídos óbitos de mulheres entre 10-49 anos, cuja causa básica referiu o grupo das agressões e ocorreram no domicílio durante o período de 2015 a 2020. Foram exploradas as variáveis faixa etária, raça/cor, escolaridade, área programática e meios de agressão. Os registros foram obtidos no DATASUS e TABNET municipal Rio e foram analisados por meio do programa Excel. Resultados: No município do Rio de Janeiro, no período de 2015 a 2022 ocorreram 574 óbitos em mulheres em idade fértil e no domicílio foram identificados 75 óbitos (13,0%). Em relação a esses óbitos, observa-se uma proporção relacionada à raça cor de 41,3% na cor branca; 44,0% na cor parda e13,3% na cor preta. Já em relação à faixa etária, foram identificadas proporções de 21,3% na faixa etária de 26 a 29 anos, 18,66% na faixa etária de 30-34 anos e 17,33% na faixa etária de 40 a 44 anos. Em relação aos meios de agressão foram encontradas proporções de 32,0% para agressão por enforcamento/estrangulamento/sufocação, 31,0% para agressão por objeto cortante ou penetrante e 20,0% para agressão por arma de fogo. Outras proporções foram analisadas. Conclusão: A análise de óbitos de mulheres que ocorreram no domicílio pode apoiar os estudos que buscam estimar feminicídios.
MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRANSPORTE TERRESTRE EM MATO GROSSO, 2018 A 2022
Pôster
Ferreira, C. C. A1, Andrade, A. C. S1, Silva, S.M1, Melanda, F. N1, Gorgulho, B. M2, Oliveira, L. R1, Silva, H. T3
1 Instituto de Saúde Coletiva-Universidade Federal de Mato Grosso
2 Faculdade de Nutrição-Universidade Federal de Mato Grosso
3 Departamento de Estatística-Universidade Federal de Mato Grosso
Objetivo: Estimar a taxa de mortalidade por Acidentes de Transporte Terrestre (ATT) em Mato Grosso nos anos de 2018 a 2022, segundo faixa etária e sexo, e a mortalidade proporcional segundo raça/cor e escolaridade. Metodologia: Dados de óbitos por ATT obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade e classificados segundo a 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) sob os códigos de V01 a V89. Resultados: Entre 2018 e 2022, ocorreram 5.452 óbitos no estado de Mato Grosso decorrentes de ATT, sendo a taxa de mortalidade (100.000 habitantes) mais elevada no sexo masculino em todo o período e na faixa etária de 50 a 59 anos nos anos 2019, 2021 e 2022 (39,2, 49,7 e 48,2 respectivamente). Em 2020, a maior taxa foi observada na faixa etária 20 a 29 anos (47,8). A raça/cor da pele parda representou 60,92% dos óbitos por ATT no ano de 2018 e 60,51% em 2022. Quanto à escolaridade, a mortalidade foi maior entre aqueles com quatro a onze anos de estudo. Conclusões: Os ATT continuam sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo. No Brasil se destacam como a segunda causa mais recorrente de mortalidade. Em Mato Grosso esses acidentes causam grande impacto no número de vidas perdidas, em sua maioria adultos com até 59 anos de cor parda.
MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRÂNSITO NO ESTADO DO AMAZONAS, 2012 A 2022
Pôster
Martins, P. A. S.1, Lima, L. G. S.1, Carlos, A. C. B.1, Tiradentes, A. C. S.1, Ribeiro, A. R.1, Oliveira, A. B. V.1, Santos, E. A.1
1 FAMETRO
Objetivos: descrever o perfil epidemiológico dos óbitos por acidentes de trânsito no estado do Amazonas, 2012 a 2022. Métodos: estudo epidemiológico ecológico descritivo, mostrando os óbitos ocorridos no estado do Amazonas no período de 2012 a 2022. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade, analisando-se por meio de frequência absoluta e relativa as variáveis como: sexo, idade, raça/cor, escolaridade, município de ocorrência, e tipo de acidente. A taxa de mortalidade específica foi calculada para comparação entre os municípios, sendo o denominador os dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, por 100 mil. Resultados: Registrou-se um total de 4.505 óbitos no período estudado, havendo uma redução de 4,7% dos óbitos de 2012 para 2022, indo de 444 para 423 óbitos. As variáveis com maior frequência de óbitos foram sexo masculino (81%; 3.670), raça/cor parda (87%; 3.908) e faixa etária de 20 a 29 anos (28%; 1.247). Quanto à escolaridade, a maioria possuía ensino médio (34%; 1.553) ou fundamental II (29%; 1.302). Os municípios de Iranduba (225,3 óbitos/100 mil habitantes), Apuí (211,1), Rio Preto da Eva (192,2), Presidente Figueiredo (178,5), Itacoatiara (143,2) e Manaus (142,5) apresentaram as maiores taxas de mortalidade. Sobre o tipo de acidente, os pedestres, motociclistas e ocupantes de automóvel foram as principais vítimas, em 44%, 30% e 12% dos óbitos, respectivamente. Conclusões: Os dados ressaltam a necessidade de políticas públicas focadas na segurança viária e melhorias na infraestrutura de trânsito urbano, principalmente no interior do Amazonas, especialmente para jovens, pedestres e motociclistas.
MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS NO ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2013 A 2022
Pôster
Farias, Y.N.1, Alencar, L.Y.N.2, Cruz, E.N.2
1 UEPA
2 UFPA
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico da mortalidade por causas externas em residentes do Estado do Pará no período de 2013 a 2022. Métodos: Estudo descritivo com dados de óbitos por causas externas do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) - capítulo XX CID10 - ocorridos em residentes do estado do Pará entre 2013 e 2022; e populacionais do Ministério da Saúde e IBGE. Foram realizadas tabulações e análises através dos programas Tabwin e Excel. Resultados: No período de 2013 a 2022, as causas externas corresponderam a 2ª principal causa de óbito no Pará, totalizando 67.903 óbitos. As taxas de mortalidade por causas externas aumentaram continuamente até 2017 (92,0 óbitos/100.000 habitantes) e foram decaindo nos anos posteriores. Em 2022 o estado apresentou uma elevação na taxa para 79,2 óbitos/100.000 hab, o que representa uma diminuição menor que 5% no período. O sexo masculino (87%), faixa etária de 15 a 39 anos (63%) e raça/cor parda (83%) representam os grupos mais atingidos. Entre as causas destacaram-se as agressões (52,3%) e acidentes de transporte (24,3%), principalmente em homens jovens (15 a 39 anos). Conclusões: As causas externas se sobressaem na mortalidade do estado do Pará, com um perfil constituído na maioria por homens jovens, de raça/cor parda, tendo como importantes causas as violências (agressões) e acidentes de trânsito. O fortalecimento de ações de vigilância e implementação de políticas públicas mais eficazes são necessárias, uma vez que trata-se de causas que podem ser evitadas ou reduzidas.
MORTALIDADE POR SUICÍDIO EM ADULTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA E MACRORREGIÕES
Pôster
Confortin, S.C.1, Coelho, L.L.1, Grasso, A.C.V.1, Santos, E.V.1, Torriani, M.B.1, Siqueira, Y.S.1, Miranda, V.I.A.1
1 UNESC
Objetivo: Analisar a variação na taxa de mortalidade por suicídio em adultos nas macrorregiões de Santa Catarina, de 2011 a 2020. Métodos: Estudo ecológico, com dados de óbitos de adultos (20-59 anos) com causa básica suicídio. Utilizou-se regressão linear segmentada para determinar a variação anual percentual. Resultados: Em Santa Catarina, de 2011 a 2020, houve aumento na taxa de mortalidade por suicídio de 3,4% ao ano. Em relação às macrorregiões, houve aumento da taxa na maioria delas, sendo que, na macrorregião Sul aumentou 4,6%, Planalto Norte e Nordeste 3,8%, Meio Oeste e Serra 3,0%, e na Grande Florianópolis aumentou 2,9% ao ano. Na macrorregião do Grande Oeste, houve dois períodos de variação, com redução de 10,2% ao ano (2011 a 2013) e aumento de 5,7% (2013 a 2020). Na macrorregião da Foz do Rio Itajaí houve aumento de 12,8% (2017 a 2020). No Alto Vale do Itajaí, houve aumento de 10,4% ao ano (2011 a 2016) e redução 6,3% ao ano (2016 a 2020). Conclusão: A maioria das macrorregiões de Santa Catarina apresentaram tendência de aumento significativo na taxa de suicídios no período de 2011 a 2020, mesmo com variação presentes em períodos em algumas macrorregiões.
MORTALIDADE POR SUICÍDIO EM IDOSOS EM SANTA CATARINA: TENDÊNCIA TEMPORAL 2011 A 2020
Pôster
Miranda, VIAM1, Siqueira, YS1, Frello, ET1, Torriani, MB1, Fadanelli, ACR1, Coelho, LL1, Confortin, SC1
1 UNESC
Objetivo: Analisar a variação na taxa de mortalidade por suicídio em idosos nas macrorregiões de Santa Catarina (SC), de 2011 a 2020.
Métodos: Estudo ecológico, com dados obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram incluídos os óbitos de idosos (60 anos ou mais) e com causa básica o suicídio, de acordo com a CID-10, relativos aos códigos X60-X84, Y10-Y19 e Y87. A análise de regressão linear segmentada foi adotada para calcular a variação anual percentual e alterações significativas na tendência.
Resultados: De 2011 a 2020 ocorreram 1.721 óbitos por suicídios em SC. Houve aumento significativo das taxas de mortalidade por suicídio em idosos no estado de SC (2016 a 2020) e nas macrorregiões Meio Oeste e Serra (2011 a 2020), Grande Oeste (2018 a 2020), Grande Florianópolis (2016 a 2020). As taxas de mortalidade reduziram em SC (2011 a 2016) e nas macrorregiões Grande Oeste (2011 a 2018), Grande Florianópolis (2011 a 2016) e Foz do Rio Itajaí (2011 a 2020).
Conclusão: As taxas de mortalidade por suicídio se diferenciam entre as macrorregiões do estado e SC.
NOTIFICAÇÃO DE CASOS DE VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Pôster
Lima, L.G.1, Silva, A.S.2, Silva, R.R.C.P2, Moraes, A.P.P2, Bastos, T.V.R.2, Tavares, A.C.2
1 RESMULTI/MG
2 UECE
Objetivo: Descrever o perfil das notificações de violência autoprovocadas no estado do Ceará. Método: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de abordagem quantitativa. Foram utilizados dados secundários provenientes do SINAN e incluídos todos os casos de violência autoprovocada no período de 2009 a 2022. Foram analisadas as variáveis sexo, faixa etária, local de ocorrência das lesões e autoagressão prévia. Resultados: No Ceará foram notificados 23.484 casos de lesões autoprovocadas, dos quais 65,0% foram do sexo feminino. Verificou-se maior proporção de notificações de indivíduos na faixa etária de 20 a 29 anos, mas chama atenção também a crescente nas taxas que compreende a faixa etária entre 10 e 19 anos. A residência foi o local predominante de ocorrência das lesões autoprovocadas, e 43,4% das notificações eram de pessoas que já haviam se autoagredido ou tentado suicídio previamente. Conclusões: Mesmo com os respaldos legais que têm como objetivo monitorar e fomentar novas estratégias, políticas e diretrizes de enfrentamento efetivo sobre as situações de violência, a realidade em serviços da Rede de Atenção Psicossocial é tomada pela de falta de informação, de acesso e de encorajamento no uso das fichas de notificação compulsória. É necessário que se enxergue as notificações como estratégia de cuidados e enfrentamento às situações de violência a fim de prevenir e minimizar o que já está marcado na vida das pessoas acometidas e transborda em todos seus espaços vitais, inclusive dentro dos centros de saúde.
NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES DO CAMPO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2018-2021
Pôster
Bernardino, M.1, Stochero, L.1, Wernersbach-Pinto, L1, Guimarães, G. A.2
1 Fiocruz
2 UFRJ
Objetivos: Analisar as notificações de violência contra as mulheres que vivem no campo no estado do Rio de Janeiro no período antes e durante a pandemia de COVID-19.
Métodos: trata-se de um estudo descritivo, a partir dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, sendo eleitos os casos de violência contra as mulheres com idade a partir de 18 anos, da zona rural, no período 2018 a 2021, do estado do Rio de Janeiro. A homogeneidade das frequências foi avaliada com o teste Qui-Quadrado (p-valor <0,05).
Resultados: Foram notificados 1.346 casos de violência contra as mulheres do campo, sendo 637 (47,3%) durante a pandemia. A maior parte das notificações foi de solteiras (35,1%), 29,6% entre 20 e 29 anos, brancas (36%), e com ensino médio completo (11%). Os resultados mostram que houve uma diminuição significativa nas notificações dos casos de violência física (p<0,001) e psicológica (p<0,001) durante a pandemia quando comparados aos dois anos anteriores. Já a violência sexual, teve um aumento significativo (p = 0,01).
Conclusões: Mulheres rurais já constituem uma população marcada por isolamento social e dificuldade de acesso a serviços públicos. A pandemia foi um momento de incentivo do isolamento social, que, para mulheres rurais, pode ter incrementado sua situação de vulnerabilidade. A diminuição nos casos de notificação da violência pode refletir uma dificuldade no acionamento de serviços públicos durante a pandemia. Já o aumento de casos de violência sexual, sugere um agravamento de sua manifestação.
NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA EM ADOLESCENTES RESIDENTES EM VITÓRIA/ES
Pôster
Lanna, S.D.1, Sartório, C.R.2, Silva, L.L.1, Ribeiro, L.A.2, Odashima, M.H.G.1, Peterle, P.D.U.1, Leite, F.M.C.2
1 Prefeitura Municipal de Vitória
2 UFES
Objetivo: Analisar as notificações de violência autoprovocada em adolescentes residentes em Vitória, Espírito Santo, ocorridas no período de 2011 a 2022.
Método: Trata-se de estudo epidemiológico do tipo descritivo realizado com dados de notificações de violência autoprovocada, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação de adolescentes de 10 a 19 anos, residentes em Vitória, Espírito Santo,
Os dados foram analisados no Excel 2404 Build 16.0.
Resultados: No período analisado foram identificadas 1.743 notificações, sendo 83,0% (n=1.447) do sexo feminino. Esse agravo prevaleceu contra vítimas de 15-19 anos (n=1.043) e raça/cor negra (n=1.173). Com relação ao Meio de Agressão em 907 casos o meio utilizado foi o envenenamento e em 724 o uso de objeto perfurocortante. No ano de 2020 (n=208), observa-se a redução em 38,8% das notificações comparado a 2019 (n=340).
Conclusões: A violência autoprovocada entre adolescentes mostra-se prevalente no município de Vitória em consonância com as estatísticas nacionais, evidenciando um cenário de desigualdades e vulnerabilidades sociais que contribuem para o sofrimento psíquico e em que as intervenções intersetoriais se mostram pontuais e insuficientes. A queda no número de notificações durante a pandemia é atribuída a ênfase dos atendimentos nos serviços de saúde a COVID e as medidas sanitárias para contenção da pandemia que determinaram o fechamento de fontes de notificação da Assistência Social e Educação. Os dados apresentados, desafiam as políticas públicas a considerarem os determinantes sociais, questionando diagnósticos individualizados, prescrições medicamentosas precoces e a descontinuidade do acompanhamento em saúde de adolescentes e jovens que devem ter protagonismo na construção de ações territorializadas, protetivas e efetivamente acolhedoras.
OPERATIVO SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO: AÇÃO INTERSETORIAL EM RODOVIAS NO ESTADO DE GOIÁS
Pôster
Rodrigues, M.F.1, Pinheiro, J.M.C.1, Andrade, G.B.A.1, Vieira, M.S.C.1, Carvalgo, M.M.1, Rodrigues, M.F1
1 SES-GO
Ações intersetoriais foram realizadas em Goiás visando atuar na promoção da
saúde dos motoristas do transporte de cargas. Este estudo visa relatar os
resultados da ação Operativo Saúde e Segurança do Trabalho realizada em
rodovias de Goiás, 2022 e 2023. Estudo descritivo, a partir das fichas de
atendimento único do operativo, Goiás, 2022 e 2023. Quatro operativos foram
realizados pela SES/GO, Superintendência Regional do Trabalho, PRF, Goiás,
2022 e 2023 com abordagem dos caminhoneiros em rodovias goianas, com
oferta de vacinas, testes rápidos para detecção de infecções sexualmente
transmissíveis e Covid-19, aferição da pressão arterial e glicemia, análise de
IMC, teste de força muscular, acuidade visual, orientações sobre a exploração
sexual infantil e prevenção ao uso de tabaco e álcool. No total dos operativos
191 motoristas aderiram aos serviços de saúde, sendo que em 2022 (50%) e
(36%) em 2023 estavam obesos, (31%) em 2022 e (43%) em 2023 estavam
com sobrepeso, encontravam-se com níveis alterados de pressão arterial em
2022 (54 %) e em 2023 (51%). Nos dois anos, 8% dos motoristas
apresentaram níveis de glicemia elevados, 71% dos motoristas referiram fazer
uso de álcool e 37% uso de tabaco, 100% dos testes Covid 19 foram não
reagentes, dos testes para IST 2,6% foram reagentes para sífilis. Os achados
evidenciaram alta prevalência de obesidade e pressão arterial entre
caminhoneiros, acima da prevalência da população goiana. Uso de bebida
alcóolica também foi preocupante. Estes são fatores de risco para doenças que
podem contribuir para ocorrência da acidentalidade nas estradas.
ÓBITO DE MULHERES COM NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA: ESTUDO DESCRITIVO NO BRASIL
Pôster
Pinto, I.V1, Teixeira, R.A2, Reinach, S2, Marinho, F2, Malta, D.C3
1 Instituto René Rachou - Fiocruz Minas
2 Vital Strategies
3 Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo: Identificar as causas de óbito em mulheres com notificação de violência em serviços de saúde e o tempo entre a notificação e o óbito.
Métodos: Estudo descritivo realizado a partir do pareamento determinístico dos registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2011 a 2021, Brasil. Foram selecionadas pessoas do sexo feminino com somente uma notificação. As mulheres e as causas básicas do óbito foram caracterizadas segundo dois grupos de violência notificada: interpessoal e autoprovocada.
Resultados: Foram identificadas 24.466 pessoas do sexo feminino com notificação de violência e óbito no período avaliado. Entre as mulheres com notificação de violência interpessoal (N=18.509;75,7%), destaca-se: mediana de idade de 56 anos, sendo 48,9% com 60 anos e mais; 49,3% da raça/cor preta e parda; 12,7% dos óbitos ocorreram de 1 a 90 dias após a notificação; as principais causas básicas do óbito foram: agressões (14,8%) e doenças cerebrovasculares (6,9%). Entre as mulheres com notificação de violência autoprovocada (N=5.957; 24,3%), destaca-se: mediana de idade de 45 anos, sendo 70,2% entre 20 a 59 anos; 56,4% da raça/cor branca; 18,6% dos óbitos ocorreram de 1 a 90 dias após a notificação; as principais causas básicas do óbito foram: lesões autoprovocadas intencionalmente (41,4%) e causas mal definidas e desconhecidas (6,9%).
Conclusões: O setor saúde deve utilizar a notificação para promover cuidado integral a mulheres em situação de violência, articular ações em rede e contribuir para a prevenção de óbitos.
PANDEMIA DA COVID-19 E A VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO EM VITÓRIA, ESPÍRITO SANTO, BRASIL
Pôster
Leite, F.M.C.1, Buleriano, L.P.2, Santos, D. F.3, Luis, M.A.4, Silva, R.P.4, Miranda, V.I.A.5, Coll, C.V.N.6, Venturin, B.6
1 UFES
2 SESA
3 IBIOTEC
4 Ministério da Saúde
5 UNESC
6 UFPEL
Objetivo: estimar a prevalência de violência por parceiro íntimo durante a pandemia de Covid-19, a coocorrência desse agravo, e, os fatores associados. Métodos: Estudo transversal, de base populacional, realizado no município de Vitória, Espírito Santo, Brasil. A coleta de dados ocorreu entre janeiro e maio de 2022. Houve a participação de 1.086 mulheres com 18 anos ou mais. Para identificar os casos de violência por parceiro íntimo foi utilizado o instrumento validado pela Organização Mundial da Saúde. Foi estimada a prevalência geral das violências (psicológica, física ou sexual) durante a pandemia e analisada segundo as características demográficas e socioeconômicas e experiências familiar e de vidas. Para a análise bivariada utilizou-se o teste qui-quadrado de heterogeneidade. A regressão logística foi utilizada para calcular os Odds Ratios (OR) bruto e ajustado e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). O método de seleção backward foi utilizado para exclusão das variáveis. Adotou-se o nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: a violência geral por parceiro íntimo durante a pandemia foi de 21,3%. Após a análise ajustada, foi observado que as mulheres com maiores chances de serem vítimas de violência por parceiro íntimo foram as mais jovens, as que conviviam com o companheiro, as com menos anos de estudo e as com histórico de violência sexual na infância (p<0,05). Conclusão: entre as mulheres residentes em Vitória, a violência perpetrada pelo parceiro íntimo durante a pandemia apresentou uma prevalência similar à estimativa global. Fatores demográficos, socioeconômicos e experiências de vida estiveram associados ao fenômeno.
PERCEPÇÃO DE ESTRESSE EM MULHERES DE VITORIA CONFORME AS EXPERIENCIAS DE VIOLÊNCIA NA VIDA
Pôster
Silva, A.G.V.1, Miguez, F.G.G.1, Leite, F. M. C.1
1 UFES
Objetivo: Verificar a associação entre a percepção de estresse e as experiências de violência sexual na infância e praticadas por parceiro íntimo. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, realizado com 1.086 mulheres com idade de 18 anos ou mais, residentes no município de Vitória, Espírito Santo. A coleta de dados ocorreu entre janeiro e maio de 2022. A percepção do estresse foi avaliada pela escala PSS-10. Para verificar a relação entre o estresse e as variáveis independentes teste t e análise de variância foram averiguadas, assim como foi utilizado regressão linear multivariável. As análises foram realizadas pelo programa Stata® versão 15.1. Resultados: As médias de estresse entre as mulheres com história de violência sexual na infância foi de 19,7. Aquelas que sofreram dois tipos de violência parceiro íntimo alguma vez na vida tiveram média de 20,0 pontos, semelhante ao grupo de mulheres que sofreu dois tipos de violência por parceiro durante a pandemia (20,2). Mulheres que sofreram violência sexual na infância têm um nível de estresse de 1,96 pontos maior do que as que não sofreram. Mulheres que sofreram dois tipos de violência ao longo da vida tendem a apresentar um aumento médio de 5,06 pontos na medida de estresse, bem como as que sofreram dois tipos de violência durante a pandemia com 4,10 pontos a mais que aquelas que não sofreram violência. Conclusão: Há associação entre a percepção de estresse e a experiência de violência na infância e na violência praticada pelo parceiro íntimo.
PERFIL DAS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA AP 2.2 NO MRJ
Pôster
Almeida,B. A.1, Dias,F.S.1
1 PCRJ-SMS
O objetivo deste trabalho é identificar o perfil das mulheres vítimas de violência doméstica na área de planejamento (AP) 2.2 no Município do Rio de Janeiro (MRJ), realizando diagnóstico situacional que subsidie estratégias de organização da Vigilância em Saúde local no enfrentamento a este agravo. Quem são essas mulheres e quais são suas vulnerabilidades. Métodos: Estudo descritivo do tipo transversal, com dados secundários, de 2017 a 2021, provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As análises foram realizadas no Microsoft Excel. Resultados: Entre 2017 e setembro de 2021, foram notificados 369 casos de violência doméstica na AP 2.2, o maior número de notificações por ano, são 90 casos, ocorridos em 2018; 60% das notificações são reincidentes,41,4% das mulheres são da raça negra, somando as pretas e pardas,41,1% são residentes do bairro da Tijuca,34,9% na faixa etária de 30 a 39 anos,43,3% são solteiras,76,9%foram agredidas dentro da residência,84,2% sofreram violência física,44,7% tiveram como agressor o cônjuge. Conclusões: verificou-se que as mulheres independentes do seu perfil socioeconômico estão vulneráveis a esse tipo de violência na AP 2.2, pode-se constatar que aumento da violência doméstica durante a pandemia não é retratado pelas notificações, provavelmente porque o acesso aos serviços de saúde estava restrito e com os esforços voltados para o combate a COVID-19. É de suma importância que os profissionais de saúde estejam capacitados para o enfrentamento da violência contra mulher, sensibilizados para realizar atendimento, encaminhamento adequado e para articulação em rede, contribuindo assim para quebra do ciclo de violência.
PERFIL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO RIO GRANDE DO SUL
Pôster
Lerm, B. R.1, Limana, J.1, Ahne, S. M. S.1, Giugliani, C.1
1 UFRGS
Objetivos
Descrever características de crianças e adolescentes (0-18 anos) atendidas em 2022 em um serviço de referência para o atendimento de vítimas de violência sexual infanto-juvenil no Rio Grande do Sul.
Métodos
Estudo transversal e descritivo, utilizando dados de prontuário. Foram descritas variáveis referentes à: vítima (sexo, idade, presença de algum tipo de deficiência, raça/cor da pele, e se residia em casa de acolhimento); mãe da vítima (idade e escolaridade); e quem acompanhou a vítima no serviço.
Resultados
A maioria das vítimas foram meninas (82%), de raça/cor da pele branca (72%), seguida de parda (20%) e preta (8%). A média de idade das meninas (10,6 anos, DP: 4,0) foi maior que a dos meninos (8,5 anos, DP: 3,9). Possuíam algum tipo de deficiência 8% das vítimas e 5% residiam em casas de acolhimento. A média de idade materna foi de 35,5 anos (DP: 7,7); 33% das mães não possuíam instrução ou haviam concluído o ensino fundamental. Foram ao serviço acompanhadas apenas de suas mães 62% das vítimas, enquanto que 8% foram somente com agentes da rede de proteção (profissionais do conselho tutelar, educador social, profissionais de casas de acolhimento, etc.).
Conclusões
Os resultados indicam que, predominantemente, as vítimas atendidas foram meninas brancas, que compareceram ao serviço acompanhadas apenas da mãe, cuja escolaridade foi baixa em grande parte dos casos. Faz-se necessário considerar possíveis barreiras de acesso pelas vítimas negras. Através dessa caracterização, facilita-se a criação de políticas de saúde pública visando a proteção deste grupo.
PERFIL DE HOMENS VIOLENTADOS SEXUALMENTE NO BRASIL: UMA ANÁLISE DO QUADRIÊNIO 2018-2022
Pôster
Santana, G. S.1, Barros, E. M.2, Tetemann, E. C.2, Ribeiro, J. H. M.2
1 Faculdade de Enfermagem da Universidade Santo Amaro (UNISA)
2 Faculdade de Enfermagem da UNISA
OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico das notificações sobre violência sexual masculina (VSM) no Brasil. MÉTODO: Foram coletadas informações, no período de 2018 a 2022, de VSM no SINAN entre os meses de fevereiro e maio de 2024. Utilizou-se as variáveis faixa etária, região, raça/cor, local de ocorrência e autor da violência, tabulados e analisados por meio do Jamovirsão 2.3.26.RESULTADOS: Em relação à região, Sudeste (46,39%) e Sul (22,63%) apresentavam o maior percentual de notificações para VSM, sendo que Pará (47,85%), Pernambuco (25,1%), São Paulo (54,87%), Paraná (48,9%), Goiás (44,26%) foram, proporcionalmente, os estados que mais notificaram casos de VSM entre 2018 e 2022. Nesse período, as faixas etárias 1 a 4 anos (23,18%), 5 a 9 anos (35,2%) e 10 a 14 anos (20,70%) apresentaram as maiores proporções de notificações e, independente da idade, houve aumento no número de VSM, sobretudo em 2021 e 2022. Nestas faixas etárias, destacaram-se a raça/cor branca (24%, 35% e 19%) seguida da parda (22,29%, 35,7% e 21,69%). Esses homens foram violentados em suas residências, escolas ou vias públicas por seus pais, padrastos, irmãos, amigos e desconhecidos. Os resultados deste estudo estão convergindo com Arruda et.al. (2023) e Silva et. al (2022) na qual os maiores percentuais de VSM foram registrados em homens brancos da região Sudeste, na faixa etária de 5 a 9 anos. CONCLUSÕES: Pouco estudada, a violência sexual masculina ocorre e necessita de atenção com vistas a superar as adversidades construídas no contexto histórico machista da sociedade.
PERFIL DE MORBIDADE POR VIOLÊNCIA EM MG: O QUE MUDOU DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19?
Pôster
Figueredo Júnior, D. A.1, Alves, L. R. M.1, Moreira, K. D.1, Castro, P. D.1, Freitas, E. D.1
1 UFJF/campus GV
Objetivos: Avaliar o perfil de morbidade por violência no estado de MG, comparando as médias de incidência antes e durante a pandemia de Covid-19, por ciclo de vida e gênero.
Métodos: Estudo epidemiológico ecológico, que utilizou dados do SINAN/SUS para calcular as médias mensais de incidência de notificação de violência, por gênero e ciclo de vida (0-9 anos, 10-19 anos, 20-59 anos e +60 anos). As análises foram divididas em período pré-pandêmico (julho/2014 a março/2020) e pandêmico (abril/2020 a junho/2022). O teste t foi utilizado para comparar: a) diferença das médias de incidência entre os gêneros, em cada ciclo de vida e período; b) diferença das médias de incidência antes e durante a pandemia, em cada subgrupo.
Resultados: Em todos os ciclos de vida a média de incidências foi maior no sexo feminino. Comparando-se as médias de cada subgrupo entre os períodos, observou-se uma redução geral de notificações durante a pandemia. O teste t evidenciou uma maior diferença entre os sexos nas notificações durante a pandemia no grupo de 0-9 anos. Nos grupos 10-19 e 20-59 anos essa diferença reduziu durante a pandemia. Para a categoria +60 anos, não houve diferença em relação ao período pré-pandêmico.
Conclusões: Após o início da pandemia do Covid-19 houve redução da incidência de notificações por violência. Contudo, essa redução foi diferente entre os sexos para cada ciclo de vida, sugerindo que a pandemia impactou de forma diferente esses grupos, sob o ponto de vista da notificação de violência.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CASOS DE VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA NA VI REGIÃO EM SAÚDE -PE.
Pôster
Mandu, L.C.S.1, Vilela, A.P.1, Matias, H.V.1, Vasconcelos, M.A.S.1, Melo, W.E.S.1, Silva, G.R.A.R.1, Silva, A.C.R.1, Pires, A.P.D.1, Amaral, D.H.A.1, Rodrigues, R.M.S.1, Lucena, J.R.M.1, Arcoverde, J.H.V.1, Costa, D.M.A.1
1 VI GERES
A violência autoprovocada consiste em um problema de saúde pública, devido a sua elevada incidência e prejuízos decorrentes. A notificação dessa conduta ocorre por meio do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), que integra o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Objetivo: caracterizar os casos notificados de violência autoprovocada nos Municípios da VI GERES a partir dos registros do SINAN correspondentes ao período de 2021 a 2023. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico, de série temporal, retrospectivo de caráter descritivo com abordagem quantitativa, realizado a partir de casos de violência autoprovocada no Estado de Pernambuco (VI GERES). Os dados foram coletados por meio eletrônico, através do banco de dados nacional do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: O número de casos sofreu aumento de 223% no período de 2021 a 2023, com destaque para os municípios de Arcoverde, Petrolândia e Tacaratu, no que se refere ao sexo o maior número de casos ocorreu com pessoas do sexo feminino, quanto a idade a ocorrência maior é em adultos jovens, com maior número em população entre 20 e 49 anos, a causa mais comum da violência autoprovocada é a ingestão de medicação ou agrotóxicos com percentual de 93%, e enforcamento com 7%. Conclusão: Reforça-se a relevância de avaliar as características da violência autoprovocada, de modo a vislumbrar fatores de risco e de proteção associados ao fenômeno para o delineamento de ações e políticas públicas.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO BRASIL: UM RETRATO RACIAL E DE GENERO
Pôster
Araújo, L. M. F.1, Figueiredo, F. G.1, Pinho, D. X.1, Souza, F. S.1, Palma, T. F.1
1 UNEX
Objetivo: Analisar a violência doméstica no Brasil, a partir de seu perfil epidemiológico, tendência temporal e características de risco. Método: Estudo ecológico analítico, com dados provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN, com foco na tendência temporal geral, por sexo e raça, entre 2018-22; e, no perfil sociodemográfico e características da violência doméstica, em 2022. Foram calculadas: a Variação Percentual Proporcional-VPP e as incidências estratificadas por características da violência. Resultados: No período (2018-22) foram notificados 1.964.766 casos no Brasil, com aumento sustentado dos registros gerais (VPP=+45,3%). Ganha destaque o aumento em mulheres (VPP=+41,7%) e pessoas negras (VPP=+60,6%). Em 2022, registrou-se 509.150 casos. São Paulo foi o estado com mais casos (26%), sendo sua capital, o município de maior destaque (n=48.739 casos). Nova Iguaçu-RJ (n=5.183) aparece à frente de capitais brasileiras importantes como Goiânia, Salvador e Porto Alegre. As mulheres sofrem mais (70,3%), bem como negros(as) (53,7%). As vítimas são, majoritariamente, jovens (60,0% têm até 29 anos). Mais de 18 mil casos ocorreram em grávidas e quase 6 mil foram relacionados ao trabalho (15,3% em trabalhadores rurais). A principal motivação foi o sexismo (12,4%), seguido de conflito geracional (8,2%). A violência física foi mais incidente (50,7%), reincidente (37,8%), com destaque para as autoprovocadas (30,1%) e perpetradas pelo(a) companheiro(a) (13,7%). Em 22,0% dos casos, o agressor fez uso de álcool. Conclusão: A violência doméstica tem como vítima principal a mulher, pessoas negras, com acesso precário às estruturas de seguridade social e que carecem de ações mais efetivas para sua proteção.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES AUTOPROVOCADAS NA ÁREA 5.2 NO PERÍODO DE 2018 A 2022
Pôster
Prado, A.P.T.F.1
1 SMSRJ/S/SUBPAV/CAP5.2/DVS
Introdução: A OMS estima que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente. Em 2019, houve 13.523 suicídios no Brasil. As Lesões Autoprovocadas (LAPs) são o estágio prévio ao suicídio. Objetivo: analisar o perfil epidemiológico das vítimas de LAPs na Área Programática 5.2 da cidade do Rio de Janeiro de 2018 a 2022. Método: Estudo transversal descritivo com dados do SINAN que analisou as características sociodemográficas, meio de agressão e incidência por bairros. Resultados: 2990 notificações de LAPs foram registradas, sendo 78% entre mulheres. Adultos jovens e adolescentes foram os mais afetados, e a raça/cor parda teve 50% de representatividade. Barra e Pedra de Guaratiba têm as maiores incidências de LAPs, apesar de menor número de notificações. Envenenamento e objeto perfurocortante foram as formas mais comuns de LAP. Ocorrência LAP por ciclo de vida foi maior em adultos jovens. Conclusão: Multifatorialidade, subnotificação e recusa ao atendimento são limitações na notificação de LAPs, além, suicídios não são notificados no SINAN e não há uma interface com o SIM. O perfil epidemiológico revela vulnerabilidade da população feminina, adolescente e adulta jovem, estando diretamente ligada a LAP. Adultos jovens precisam de melhoria no suporte, pois estão em maior risco quanto ao suicídio. Existe necessidade do cuidado aos sobreviventes enlutados pelo suicídio.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS VIOLÊNCIAS AUTOPROVOCADAS NO ESTADO DE GOIÁS
Pôster
Rodrigues, M.F.1, Pimentel, A.A.1, Silva, E.M.L.S.1, Andrade, G.B.A.1, Pinheiro, J.M.C.1, Carvalgo, M.M.1, Rodrigues, M.F.1
1 SES-GO
A violência autoprovocada é compreendida como ideação suicida, autoagressões (automutilações), tentativas de autoextermínio (TAE) e suicídio. Este estudo objetiva descrever o perfil epidemiológico das violências autoprovocadas e a mortalidade por suicídio em Goiás, 2023. Trata-se de um estudo descritivo com dados das notificações de violência interpessoal/autoprovocada do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informação sobre a Mortalidade (SIM), Goiás,2023. Os dados foram estratificados por sexo, faixa etária, raça/cor, local de ocorrência, recidivas e meios. Em Goiás, foram notificados 21.963 casos de violências autoprovocadas em 2023. Deste total, 32,2% foram casos de violências autoprovocadas. A maior frequência de casos foi no sexo feminino 67% e na raça parda 68%. Residência foi o local com maior ocorrência 80,4% e 47% das tentativas já ocorreram outras vezes. A faixa etária de 20-49 anos foi a que mais cometeu tentativas de autoextermínio 20%. Dados do SIM mostram que apesar da maioria das TAE serem praticadas por mulheres, a mortalidade por este agravo acontece em homens 78%. A mortalidade teve maior concentração na faixa etária 20-39 anos 48%. O enforcamento, estrangulamento e sufocamento foram os meios mais utilizados pelas vítimas 75%. As notificações de violência autoprovocada e a mortalidade possuem altas prevalências no Estado de Goiás. A residência esteve associada a esta altoagressão e a reincidência é preocupante. As TAE ocorrem em maior proporção em mulheres, enquanto a mortalidade está mais frequente no sexo masculino. O enforcamento, estrangulamento e sufocamento ganharam destaque no meio mais utilizado pelas vítimas.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE VIOLÊNCIA SOFRIDA PELAS MULHERES NO AMAZONAS NO ANO DE 2022
Pôster
Nery, S. A. P.1, Lopes, M. C.1, Santos, M. L. P.1, Pereira, L. N. A. S.1, Ferreira, V. L. P.1
1 UEA
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico de mulheres que sofreram violência, no Estado do Amazonas no ano de 2022. Metodologia: trata-se de um estudo ecológico sobre o perfil dos tipos de violência sofrida por mulheres no Amazonas utilizando dados secundários do ano de 2022, oriundos do segmento Doenças e Agravos de Notificação, integrante do Departamento de Informações, do Sistema Único de Saúde. Foram calculadas: média, desvio padrão, valor mínimo e máximo e frequências absolutas e relativas. Resultados: encontraram-se 4.627 notificações no SINAN referentes a casos de violência sofrida por mulheres, no estado do Amazonas, no ano de 2022. No que se refere à identificação dessas vítimas, predominam mulheres pardas (79%) com faixa etária entre 10 a 14 anos (27%), que cursaram de forma incompleta o Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série (23%). Embora a violência ocorra em todas as faixas etárias, a faixa etária com mais ocorrência, foi a que vai dos 10 aos 39 anos (73%). Observou-se um número expressivo (973) dos dados ignorados/brancos quanto a escolaridade. Dos 4.627 incidentes reportados, a maioria dos casos registrados são do tipo violência física 50% (2.281), perpetrada na residência (3.009) por pessoas por conhecidas (876). Conclusão: O estudo possibilitou compreender o perfil epidemiológico da violência sofrida por mulheres Amazonenses no ano 2022, além de observar a importância da notificação, o que pode direcionar ações preventivas e assistenciais no campo da Saúde Coletiva. Combater essa violência é essencial para proteger vidas e promover a equidade de gênero e a saúde.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE VÍTIMAS DE ATT NA I REGIÃO DE SAÚDE (PE) EM 2023
Pôster
Lira, M. B.1, Silva, I. J. M. S.1, Lima, L. R. A.1, Carvalho, C. M. A2, Silva, D. L.3, Monte, A. C. P.3, Britto, A. M.3, Santos, G. M.3, Souza, J. A. N.3, Souza, K. P. S.3, Araujo, J. M. A.3, Santos, J. M.3, Leite, A. C.3, Andrade, W. S.3, Costa, C. E. M.4, Silva, E. P. S.5, Ribeiro, M. F. P.6
1 Secretária de Saúde do Recife, Pernambuco, Brasil
2 Distrito Sanitário I, Secretária de Saúde do Recife, Pernambuco, Brasil
3 Iª Gerência Regional de Saúde, Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, Vigilância Epidemiológica, Pernambuco, Brasil
4 Iª Gerência Regional de Saúde, Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, Coordenação de Vigilância Epidemiológica, Pernambuco, Brasil
5 Iª Gerência Regional de Saúde, Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, Coordenação de Vigilância em Saúde, Pernambuco, Brasil
6 Iª Gerência Regional de Saúde, Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, Gerência, Pernambuco, Brasil
Este estudo analisou o perfil das vítimas de Acidentes de Transporte Terrestre (ATT) notificados na I Região de Saúde (I GERES) em Pernambuco no ano de 2023, composta por 19 municípios e Fernando de Noronha, para fornecer informações para estratégias de prevenção e promoção da saúde em nível regional. Dados do Sistema de Informações sobre Acidentes de Transporte Terrestre (SINATT) foram analisados estatisticamente. As variáveis incluíram sexo, faixa etária, raça, natureza do acidente, meio de locomoção, dia da semana e relação com o trabalho. Foram notificados 14.202 casos de ATT, com 6.687 (47,08%) ocorrendo na I RS. A maioria das vítimas era do sexo masculino (78,30%) e jovens entre 20 e 29 anos foram os mais afetados (30,39%). A população em idade ativa representou 82,05% dos ATT. A maioria das vítimas era parda (78,70%), seguida por brancas (9,05%) e pretas (6,79%). Motocicletas foram o meio de locomoção mais frequente (46,37%). Colisões (38,29%) e atropelamentos (25,41%) foram os tipos mais comuns de acidentes, ocorrendo principalmente nos finais de semana (46,54%). A maioria dos casos (89,99%) não estava relacionada ao trabalho. Os municípios com mais acidentes foram: Vitória de Santo Antão (34,81%), Recife (22,97%) e Olinda (6,37%). Evolução em 72h: Alta Hospitalar (57,86%), Internação (28,74%), Transferência (9,65%), Alta com Encaminhamento (1,51%) e Óbito (0,54%). Naturezas das lesões: Fratura (37,74%), Politraumatismo (12,85%) e Traumatismo cranioencefálico (6,37%).
POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: QUAL O PAPEL DA EPIDEMIOLOGIA?
Pôster
Resende, L. F.1, Seixas, M. M.2, Canaan, K. C.1
1 Secretaria Municipal de Saúde de São João del Rei/MG
2 Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais/ URS São João del Rei
Objetivos: Compreender o contexto da violência contra mulheres em um município de Minas Gerais e contribuir para a organização dos serviços de Vigilância e Assistência às vítimas. Métodos: Análise descritiva das fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de violências interpessoais contra mulheres, referentes ao ano de 2023. Resultados: Observou-se que nas notificações prevaleceram as violências física (64%), psicológica (24% - esta sempre associada aos outros tipos), sexual (7%) e tortura (5%). De modo associado, observou-se a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) como principal serviço notificador (77% dos casos), seguido pelas unidades hospitalares (19%). Quanto às unidades básicas de saúde, notou-se baixo número de notificações (4%). Não foram identificadas notificações provenientes de outros serviços de saúde. Conclusões: Percebe-se que, na maioria das vezes, as notificações ocorrem apenas quando existem consequências visíveis da violência (ou seja, danos físicos) que exigem intervenções de urgência e/ou emergência ou de maior nível de complexidade. Infere-se que há significativa subnotificação das violências cujas marcas não são observáveis diretamente, agravando a invisibilização de outros tipos de violências, como a psicológica, institucional, moral e patrimonial. Nesse mesmo sentido, também observa-se dificuldade na identificação e notificação de violências sexuais em que não há contato físico. Tais questões indicam a necessidade de qualificação contínua das equipes de saúde e das demais áreas das políticas públicas, tanto no que tange à identificação e notificação das situações de violência contra mulheres, quanto na abordagem, acolhimento e acompanhamento para cuidado continuado à vítima.
QUALIDADE DE SONO DE MOTOCICLISTAS ACIDENTADOS NO TRÂNSITO
Pôster
Oliveira. J.V.L1, Magalhães, P.C.A2, Dias, V2, Carvalho, J.M.A1, Monteiro, T.C.T1, Santos, W.J.2, Ceballos, A.G.C.1
1 UFPE
2 UFPE/Ebserh
A qualidade do sono influencia na saúde e bem-estar do indivíduo. Quando prejudicada, pode aumentar a chance de adoecer e trazer danos para a realização de atividades diárias como operar máquinas e dirigir. Objetivo: Avaliar a qualidade de sono de condutores de motocicletas acidentados no trânsito. Métodos: Estudo Transversal de caráter exploratório. A coleta de dados foi realizada diariamente entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024 com todos os pacientes envolvidos em acidentes de trânsito, na condição de condutores de motocicletas, internados na enfermaria de Traumato ortopedia do hospital da Restauração Governador Paulo Guerra (HR) em Recife- PE. O HR é um serviço de referência no Estado de Pernambuco e faz parte das unidades sentinelas de vigilância dos acidentes de transporte terrestre. Para avaliar a qualidade do sono foi utilizado o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) que se destina a avaliar as características dos padrões de sono e quantificar a qualidade do sono do indivíduo. Resultados: Participaram da pesquisa 309 motociclistas, em sua maioria homens, jovens, com renda de até dois salários mínimos e ensino fundamental. Entre os pesquisados foi verificado que nenhum apresentou boa qualidade de sono enquanto que 255 (82,5%) apresentaram uma qualidade de sono ruim e 54 (17,5%) apresentaram distúrbio de sono. Conclusões: A má qualidade do sono pode ser um fator associado aos acidentes com motociclistas. São necessárias maiores evidências que possam contribuir com o debate e com estratégias de redução dos acidentes e suas consequências para a saúde da população.
QUALIDADE DE VIDA E RISCO DE FEMINICÍDIO EM MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA EM CAMPINAS
Pôster
Caicedo-Roa M1, Dalaqua LG2, Filizola P3, Cordeiro R1, García-Venegas MF4
1 Unicamp
2 Unip
3 Ceamo
4 La Sabana
Antecedentes A violência contra a mulher é um tema prioritário para a epidemiologia e de saúde pública devido às graves consequências na vida das mulheres que a sofrem. O objetivo deste estudo foi quantificar o impacto na qualidade de vida do grupo de fortalecimento de mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo atendidas em um centro de referência em violência em Campinas, São Paulo, Brasil.
Método Estudo quase-experimental antes e após. A avaliação de qualidade de vida e risco de feminicídio foi avaliado com as escalas Danger Assessment e WHOQOL-bref em 3 momentos: na admissão ao grupo de intervenção e após 3 e 6 meses. Foi realizada aplicados os testes T pareado e U de Mann Withney para verificar a diferença entre as medições dos domínios de qualidade de vida.
Resultados 78 mulheres em situação de violência por parceiro íntimo participaram do estudo. As violências mais prevalentes foram psicológicas (96,2%), físicas (79,5%) e morais (67,7%). Três meses após a participação no grupo de fortalecimento, houve melhora nos 4 domínios da qualidade de vida, significativamente nos domínios psicológico (p = 0,032) e físico (p = 0,006). Mais da metade dos participantes foi classificada no nível extremo de risco para feminicídio (51,3%).
Conclusão Com os dados disponíveis coletados, o grupo de fortalecimento mostrou-se uma estratégia que impacta positivamente na qualidade de vida de mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo.
READMISSÃO HOSPITALAR APÓS ACIDENTE DE TRÂNSITO: ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO
Pôster
NERY, A.A.1, CARMO, E.A.2, CARDOSO, J.P.1, FERREIRA, L.N.1, OLIVEIRA, J.S.1
1 UESB
2 HC-UFU
Objetivo: estimar a incidência de readmissão hospitalar em vítimas de acidentes de trânsito no período de um ano após a alta hospitalar. Métodos: estudo de coorte prospectivo realizado com indivíduos que sofreram acidente de trânsito internados em um hospital regional localizado no interior da Bahia. A coorte foi formada por indivíduos recrutados na Linha de Base, no período de fevereiro a junho de 2019, os quais foram acompanhados por 12 meses, prospectivamente, após a alta hospitalar. Resultados: Dos 200 acidentados acompanhados, 50 (25,0%) referiram readmissão hospitalar, das quais 66,0% ocorreram nos primeiros 60 dias após a alta. O tempo de permanência hospitalar na readmissão variou de 1 a 528 horas, com média de 66,71 horas (± 121,16). Evidenciou que os indivíduos readmitidos eram em maior proporção do sexo masculino (70,0%), da faixa etária de 30 a 59 anos (60,0%), de raça/cor não branca (85,7%) e com escolaridade entre o ensino fundamental e médio (89,8%). As readmissões foram em maior frequência de acidentes que envolveram veículo de duas rodas (86,0%), que ocorreram nos dias úteis da semana (56,0%), no turno diurno (62,0%) e com relato de não estarem em excesso de velocidade (75,0%) nem em consumo de bebida alcóolica (86,0%). A maioria dos readmitidos tinha histórico de lesão única (62,0%), cujo trauma foi classificado de gravidade leve (74,0%). Quanto à reabilitação, 60,0% dos indivíduos que foram readmitidos estava recebendo tratamento. Conclusão: constatou-se que 25% dos indivíduos que sofreram acidente de trânsito foram readmitidos no período de 12 meses após alta hospitalar.
SOLICITAÇÕES DE ABORTO LEGAL EM PROGRAMA DE ATENDIMENTO À VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL - ES
Pôster
Locatel, L. G. S.1, Martins, A. E.2, Ferreira, B. N.1, Musso, C. R. O.1, Germano, G. S.1, Alcântra, J. C. N.1, Fardin, K. F.1
1 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Programa de Atendimento à Vítima de Violência Sexual (PAVÍVIS)
2 Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA), Programa de Atendimento à Vítima de Violência Sexual (PAVÍVIS)
Objetivos: analisar os dados acerca das solicitações de interrupção legal de gestação recebidas em 2020 e em 2023, no Programa de Atendimento à Vítima de Violência Sexual (PAVÍVIS), localizado em Vitória - Espírito Santo. Metodologia: estudo epidemiológico transversal realizado com pessoas vítimas de violência sexual acolhidas pelo PAVÍVIS. A coleta de dados incluiu todos os acolhimentos realizados em 2020 e em 2023, com idades entre 10 e 55 anos e idade média de 19,3 anos. Para o rastreio dos dados, foram utilizados os Relatórios Anuais dos respectivos anos, que contém documentadas as solicitações demandadas. Resultados: em 2020, o total de pacientes acolhidos foi de 102: destes, 25 solicitaram a interrupção (24,5%). Em 2023, o número de atendimentos foi de 140: sendo 71 solicitações de interrupção (50,7%). De 2020 para 2023, os acolhimentos aumentaram 37,2%, e o aumento das solicitações de interrupção de gestação nesse mesmo período é de 184%. Conclusões: compreendendo a elevação dos números como multifatorial, destaca-se a importância dos serviços de referência em abortamento legal e seguro para a manutenção social no que tange os direitos da saúde reprodutiva como um direito do gênero. Além disso, acredita-se que o perfil do PAVÍVIS tenha contribuído para o aumento da demanda dos atendimentos, uma vez que a singularidade do serviço prestado se dá pela amplitude do acolhimento e acompanhamento da paciente em situação de violência, realizado de maneira multidisciplinar e multifocal: antes, durante e depois da solicitação de abortamento legal.
TEMPO DE RETORNO AO TRABALHO APÓS LESÃO NO TRÂNSITO: ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO
Pôster
NERY, A.A.1, CARMO, E.A.2, CARDOSO, J.P.1, FERREIRA, L.N.1, OLIVEIRA, J.S.1
1 UESB
2 HC-UFU
Objetivo: estimar a incidência e o tempo de retorno ao trabalho em indivíduos que sofreram acidente de trânsito um ano após a alta hospitalar. Métodos: estudo de coorte prospectivo desenvolvido com sobreviventes de acidente de trânsito internados em um hospital regional do interior da Bahia, no período de 2019 a 2020, os quais foram acompanhados por 12 meses, prospectivamente, após a alta hospitalar. O tempo de retorno ao trabalho foi apresentado em mediana de dias. Resultados: dos 241 indivíduos acompanhados, 187 (77,6%) realizavam alguma atividade remunerada antes do AT, destes 82 (43,9%) retornaram ao trabalho no período de 12 meses após a alta hospitalar, com mediana de 92 dias até o retorno às atividades laborais. Os acidentados que apresentaram menor tempo de retorno ao trabalho foram: sexo masculino (92 dias), do grupo etário de 60 anos ou mais (47 dias), não casados (92 dias), escolaridade entre o ensino fundamental e médio (85 dias), renda mensal ≤ um salário mínimo (92 dias), não possuía plano de saúde (92 dias), não tinha vínculo ocupacional (92 dias), nenhum direito trabalhista (79 dias), não contribuíam com nenhum tipo de previdência (70 dias) e não estavam recebendo benefício após o acidente (48 dias). Evidenciou-se maior tempo de retorno laboral nos acidentados pedestres (112 dias), com múltiplas lesões (98 dias) e que ficaram internados em UTI (222 dias). Conclusão: constatou-se que 43,9% dos acidentados retornaram ao trabalho no período de 12 meses após a alta hospitalar.
TENDENCIA DE MORTALIDADE POR LESÕES NO TRÂNSITO EM RODOVIAS FEDERAIS
Pôster
Rocha, F. L.1, Velásquez-Meléndez, G.2
1 UFCG
2 UFMG
Objetivos: verificar a tendência de mortalidade por lesões de trânsito em rodovias federais brasileiras entre os anos 2013 e 2023. Métodos: trata-se de um estudo ecológico, com dados de mortalidade por lesões resultantes de acidentes de trânsito em rodovias federais brasileiras entre 2013 e 2023, registrados pelo do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF). Foi calculado o Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM) por 100 mil habitantes, a proporção de óbitos e o número de acidentes para cada ano do período. A análise de tendência foi verificada por regressão linear por pontos de inflexão, usando o software Joinpoint, classificada em crescente, decrescente ou estacionária. Calculou-se a Variação Percentual Anual (APC) com seus intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: entre os anos 2013 e 2023 ocorreram 1.060.708 acidentes de trânsito nas rodovias federais e um total de 68.445 óbitos. O maior CGM foi no ano 2013 (4,19/100 mil habitantes) e a maior proporção de óbitos foi em 2022 (8,45%). Houve declínio no CGM com redução significativa entre 2013 e 2018 (APC= -9,82; IC95%: -11,9; -8,1). Apesar da redução no número de acidentes e da tendência no CGM, houve aumento na proporção de óbitos, com destaque para o período de 2020 a 2023. Conclusões: Os dados mostram redução no CGM por acidentes no período de 2013 a 2018. Contudo, faz-se necessário analisar a mortalidade por grupos específicos, como sexo e idade, considerando as especificidades dos grupos a fim de subsidiar ações de fiscalização no trânsito e de vigilância em saúde.
TENDÊNCIA DE VIOLÊNCIA FÍSICA EM MULHERES:ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA ENTRE 2014-2023 EM CG-MS.
Pôster
Magalhães, J.P.R.1, Abastoflor, L.L.L.1, Cabral, I.L.S.1, Bomfim, R. A1
1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Objetivo: Investigar as tendências de notificações de violência interpessoal/autoprovocada por tipo de violência física com recorte de raça/etnia no período de 2014 a 2023, em Campo Grande - MS.
Metodologia: Estudo ecológico de séries temporais com dados secundários, utilizando o método de Prais-Winstein, considerando a autocorrelação serial de Variações Percentuais Anuais (VPA), tradução do inglês Annual Percentage Change (APC), com intervalo de confiança de 95% (IC95%).
Resultados: A taxa racial de violência física por 100.000 mulheres apresentou aumento significativo na prevalência em mulheres amarelas de 2017 a 2018, comparada às demais raças. No período pós pandêmico, esse número aumentou entre as mulheres indígenas, em contrapartida, as taxas entre as mulheres brancas foram menores.
Conclusão: A análise evidenciou que as mulheres pertencentes a diferentes grupos raciais apresentaram disparidades significativas em relação à incidência de violência física. A elevada prevalência por violência física entre as mulheres amarelas de 2017 a 2018 demonstra a urgência de intervenções específicas a esse grupo racial. Com o aumento de violências físicas em mulheres indígenas no período pós pandêmico, ressalta a importância de elaborar políticas públicas e direcionar programas sociais e de saúde, voltados à prevenção de violências contra a mulher indígena respeitando sua abrangência cultural. Apesar de que ainda a taxa de violência física entre as mulheres brancas são menores, esse resultado pode indicar a existência fatores de proteção ou diferenças na exposição à violência que merecem apurações mais aprofundadas.
TENDÊNCIA TEMPORAL DO SUICÍDIO NO BRASIL, 2000–2021: DISPARIDADES ÉTNICO-RACIAIS E ETÁRIAS
Pôster
Linhares, L.M.S1, Alves, D.S.B.2, Melo, E.C.P3
1 Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande/MS
2 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
3 Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
Objetivo: Analisar a tendência temporal da mortalidade por suicídios no Brasil, segundo grupo etário e raça/cor, de 2000 a 2021.
Métodos: Estudo ecológico de série temporal a partir de dados sobre mortalidade por lesões autoprovocadas intencionalmente, extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade, estratificados segundo grupo etário e raça/cor. Para análise de tendência foi utilizada a Regressão Joinpoint. Para definir os parâmetros de ajuste dos modelos avaliou-se a homoscedasticidade, por meio do teste de Breusch-Pagan, e autocorrelação de primeira ordem, com o teste de Durbin-Watson.
Resultados: Registrados 224.381 óbitos por suicídio, no período, com tendência de crescimento anual médio de 0,90% (IC95%: 0,57; 1,27). Diferenças locais e sociodemográficas mostraram-se significativas e apontaram distintos perfis de vulnerabilidade. Tendência de crescimento do suicídio em todo o país. Exceto na raça/cor preta, todas as outras apresentaram tendência de aumento. Maiores taxas e elevações ocorreram entre os indígenas, com aumento anual médio de 4,46% (IC95%: 3,69; 5,23). Tendência de aumento em todos os grupos etários, com destaque para os adolescentes com aumento anual médio de 3,08% (IC95%: 2,13; 4,04). Tendência de aumento em todos os grupos etários, com destaque para adolescentes. Destacam-se disparidades etárias e étnico-raciais relevantes, além de distribuição heterogênea do padrão em nível estadual ao longo do período.
Conclusões: A identificação de grupos mais vulneráveis, como indígenas e adolescentes, requer políticas públicas efetivas capazes de ajustar ações aos componentes históricos, culturais e socioeconômicos dos subgrupos e contemplar especificidades regionais e contextuais.
TENDÊNCIAS E DESIGUALDADES NA VIOLÊNCIA INTERPESSOAL ENTRE ADOLESCENTES, 2004-2021.
Pôster
Miranda, VIA1, Coll, CVN2, Matijasevich, A3, Santos, IS2, Murray, J2
1 UNESC
2 UFPel
3 USP
Objetivo: Avaliar as tendências temporais das experiências de adolescentes com violência interpessoal familiar e desigualdades sociais, usando dados de duas Coortes de Nascimentos de base populacional do Sul do Brasil.
Métodos: Foram realizadas duas coortes de nascimentos de base populacional, cada uma incluindo todos os nascimentos em um ano civil (1993, 2004) na cidade de Pelotas. As experiências de violência interpessoal na família foram avaliadas por meio de questionários confidenciais autorreferidos quando os participantes tinham 11 e 15 anos de idade. As prevalências de violência familiar (castigo corporal dos pais) foram estimadas por sexo e faixa de renda familiar para cada coorte e acompanhamento e tendências avaliadas. Também investigamos desigualdades socioeconômicas absolutas e relativas nos indicadores de violência ao longo do tempo.
Resultados:
Para o sexo masculino aos 11 anos, houve diminuição significativa dos castigos corporais nas idades de 11 e 15 com reduções de risco relativo de 17% e 30% para cada período. Para meninas, houve reduções significativas nos castigos corporais em casa aos 11 e 15 anos, com riscos relativos de 36% e 26%. As experiências de violência foram mais frequentes entre os mais pobres.
Conclusão:
Relatamos dados de violência interpessoal na adolescência coletados em duas coortes, em 1993 e 2004, com cerca de 10.000 pessoas sendo acompanhadas desde o nascimento e ao longo de 15 anos. Reduções no castigo corporal em casa foram consistentemente encontradas para homens e mulheres aos 11 e 15 anos.
TRAGÉDIAS SOBREPOSTAS: ENCHENTE E VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES E CRIANÇAS EM ABRIGOS
Pôster
Stochero, L.1, Pacheco, D.L.2, Wernersbach Pinto, L.1
1 FIOCRUZ
2 UERJ
Objetivos: analisar as notícias de violência sexual contra mulheres e crianças em abrigos durante as inundações no Rio Grande do Sul (RS).
Métodos: Estudo descritivo desenvolvido a partir de notícias em versões digitais de jornais recuperadas a partir da ferramenta Google Alerta com as palavras ‘abuso sexual’, ‘abrigo’ ‘enchente’ e ‘RS’. O recorte temporal utilizado para seleção das notícias foi o mês de maio de 2024.
Resultados: durante a tragédia climática que iniciou em maio no RS, centenas de pessoas tiveram que deixar suas casas e ficar em abrigos e alojamentos. Foram encontradas 12 reportagens em diferentes jornais digitais sobre casos de violência sexual contra mulheres e crianças em abrigos da capital, Porto Alegre. Inicialmente algumas mulheres que pediram ajuda não receberam auxílio e tiveram que se mudar do abrigo por conta própria para se proteger com seus filhos(as). Após denúncias, mobilização de movimentos feministas e repercussão jornalística, medidas foram tomadas para a segurança das mulheres e crianças, como a investigação policial, prisões dos suspeitos, policiamento reforçado os abrigos e criação de abrigos exclusivos para mulheres e crianças.
Conclusões: a tragédia climática que assolou o RS e desabrigou famílias, revelou também as múltiplas vulnerabilidades de mulheres e crianças que não estão seguras nos abrigos emergenciais. É urgente que no planejamento de enfrentamento de crises e tragédias se tenha ações voltadas para a prevenção da violência e o acolhimento de mulheres e crianças, bem como a implementação de protocolos de emergência para crises climáticas com especial atenção às mulheres e crianças.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER POR PARCEIRO ÍNTIMO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Cordeiro, C.R.1, Moraes, C.L.1
1 IMS/UERJ
Objetivos: Analisar evolução das taxas e o perfil das notificações de violência contra a mulher perpetrada por parceiros íntimos (VPI) no município do Rio de Janeiro (MRJ), identificando os grupos mais vulneráveis ao longo dos últimos 10 anos.
Métodos: O estudo se baseou nos dados de notificações de violência contra o sexo feminino registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no MRJ de 2014 a 2023. A análise incluiu vítimas a partir dos 10 anos de idade, em que o provável autor da agressão foi identificado como cônjuge, ex-cônjuge, namorado ou ex-namorado. As análises também consideraram as variáveis de raça/cor (negra x não negra); e área de residência (10 Áreas de Planejamento - AP).
Resultados: No período, houve um aumento de 441% na taxa de notificação de VPI. Três áreas do município concentram 50% das notificações: 5.3-Santa Cruz (16%), 5.2-Campo Grande (15%) e 3.3-Madureira (15%). As regiões com a menor proporção de notificações foram a 2.2-Tijuca (2%), 1.0-Centro (4%), 2.1-Zona Sul (5%) e 3.2-Méier (5%). Entre 2014 e 2023, mulheres negras representavam 62% do total de notificações com aumento de 11% nessa proporção ao longo do período. A taxa de notificação foi duas vezes maior entre mulheres negras, chegando a ser três vezes maior nos anos de 2019 e 2021.
Conclusões: A disparidade entre as taxas de notificação de mulheres negras e não negras e os dados sobre local de residência apontam para a maior vulnerabilidade das mulheres negras periféricas.
VIOLÊNCIA DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL NA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Pôster
REICHOW, K.F.1, VENANCIO, I.S.1, ASSIS, J.L.P.1, WENZEL, D.1, CONDE, W.L.1
1 USP
Este trabalho tem como objetivo analisar a violência de gênero no Brasil conforme o recorte de orientação sexual declarada das vítimas. Foram trabalhados os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, de adultos entre 18-59 anos de idade no momento da pesquisa. Para a análise, as perguntas do módulo V - Violência do questionário da PNS foram enquadradas conforme o que a Lei nº11.340 de 2006 - Lei Maria da Penha - enquadra como violência do tipo sexual.
Pessoas autodeclaradas “Bissexuais” são as que apresentaram maior frequência de assédios ao longo da vida, tanto no sexo feminino, quanto masculino (0,34 e 0,30 em assédios, respectivamente). O mesmo ocorre para violência sexual de estupro (0,22 e 0,089, respectivamente). Assédios são 6 vezes mais frequentes entre pessoas do sexo feminino não hétero, e 23 vezes mais frequentes entre pessoas do sexo masculino não hétero.
Em relação ao local no qual são praticadas as violências sexuais, entre vítimas não heterossexuais do sexo feminino, a “Residência” aparece em 9%, enquanto a violência pratica em “Bar/Restaurante/Similar” alcança 49% das ocorrências. Entre vítimas do sexo masculino, os mesmos locais atingem 18% e 33%, respectivamente.
Os relatos de violência sexual observados na PNS 2019 mostram um recorte não aleatório das vítimas quanto à orientação sexual. Essencialmente, percebe-se o elevado risco de violência sexual associado às sexualidades que fogem do padrão heteronormativo e aos ambientes de maior interação social, como é o caso de escola, trabalho, bares e vias públicas.
VIOLÊNCIA ENTRE PARCEIROS ÍNTIMOS E O EXCESSO DE PESO EM CRIANÇAS DE 6 A 30 MESES
Pôster
Pimenta, N. G.1, Moraes, C. L.1, Reichenheim, M. E.1, Salles-Costa, R.2, Marques, E. S.1
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro
Objetivo: Investigar a relação entre a exposição à violência entre parceiros íntimos (VPI) e o excesso de peso em crianças de seis a trinta meses. Métodos: Estudo transversal de base populacional realizado em Campos Elísios, Duque de Caxias, Rio de Janeiro. A amostra incluiu 370 domicílios com crianças de seis a trinta meses, cujas mulheres referência do domicílio tivesse um relacionamento amoroso nos doze meses que antecederam a entrevista. A VPI foi mensurada pela Revised Conflict Tactics Scale (CTS2) e o excesso de peso infantil pelo índice de massa corporal para idade (IMC/I). Para a análise da relação de interesse utilizou-se análise via regressão logística ajustada. Resultados: Dentre as mulheres entrevistadas, 65,5% eram não brancas, 72% pertenciam às classes socioeconômicas C e D/E, e 87,3% viviam com seus companheiros. A prevalência de sobrepeso ou obesidade entre as crianças foi de 51,7%. Filhos de mulheres expostas à violência psicológica e física pelo parceiro íntimo tinham 1,19(IC95%:1,01-1,48) e 1,71(IC95%:1,21-2,42) vezes mais chances, respectivamente, de apresentarem excesso de peso. As crianças cujos pais e/ou responsáveis perpetravam violência psicológica e física entre si tinham, respectivamente, 1,11(IC95%:1,02-1,22) e 1,37(IC95%:1,04-1,48) vezes mais chances de apresentar excesso de peso quando comparadas às de casais que não vivenciavam violências entre o casal. Conclusão: Os achados indicam que a VPI pode influenciar na ocorrência de excesso de peso em crianças entre 6 e 30 meses. Este estudo destaca a importância de abordagens multidisciplinares e intervenções eficazes que visem não apenas reduzir a exposição à violência, mas também proteger a saúde de crianças.
VIOLÊNCIA ESCOLAR E O CONSUMO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS E NÃO SAUDÁVEIS O AMBIENTE ESCOLAR
Pôster
Nascimento, H.S.1, Peres, M.F.T.2, Marques, E.S.1
1 IMS/UERJ
2 FMUSP
Objetivos: Investigar a relação entre a violência escolar e o consumo de alimentos dentro da escola de estudantes de escolas públicas e particulares da cidade de São Paulo.
Métodos: Estudo transversal, com amostra representativa de adolescentes cursando o 9° ano do Ensino Fundamental II de escolas públicas e particulares do Município de São Paulo (SP). Participaram da pesquisa 87 escolas públicas e 32 privadas, totalizando 2.680 estudantes. A variável exposição, violência na escola, contemplou a exposição direta e indireta a alguns atos de violência ocorridos dentro desse ambiente. O consumo alimentar, desfecho de interesse, foi avaliado a partir de questionário de frequência alimentar e categorizado de acordo com o consumo 5 ou mais dias/semana como consumo habitual. Para a análise da relação entre exposição e desfecho utilizou-se regressão logística multivariada.
Resultados: Dos entrevistados, 52 % eram do sexo masculino, 44,8% se auto-declararam brancos, 66,8% estudam em escola pública e 9,3% foram expostos à violência na escola. O alimento saudável consumido com mais frequência foi o feijão (68%), seguido de verduras (53,4%). Dentre os alimentos não saudáveis, os doces (20%) e as bebidas açucaradas (20,4%) foram os mais frequentes. A exposição a violência na escola aumentou o consumo de salgadinhos em 1,9 vezes (IC95%:1,26-2,97) e o consumo de frutas em 3,0 vezes (IC95%:1,99-4,64) em adolescentes escolares.
Conclusões: Os achados indicam que a violência na escola pode influenciar no consumo alimentar de alguns alimentos dentro do ambiente escolar.
VIOLÊNCIA ÍNTIMA E HIPERTENSÃO: REVISÃO SISTEMÁTICA COM META-ANÁLISE.
Pôster
Toniato, J.L.S.M1, Marques, E.S1, Henriques, T. L2
1 Instituto de Medicina Social - UERJ
2 Instituto de Medicina Social - Uerj
Objetivo: Identificar, avaliar e sintetizar evidências científicas nacionais e internacionais sobre a relação entre violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo e hipertensão arterial. Metodologia: Revisão sistemática com meta-análise. A busca foi realizada em sete bases de dados: MEDLINE (via PubMed), PsycINFO, Scopus, Embase, LILACS, Google Scholar e WHOLIS, utilizando descritores específicos. Não houve restrição de período ou idioma. Resultados: Foram recuperados 3.456 artigos; após remoção de duplicatas e leitura de títulos, resumos e textos completos, 16 estudos foram incluídos. A seleção, extração de dados e análise de qualidade foram realizadas por dois revisores independentes. Os artigos incluídos, publicados entre 2000 e 2022, eram predominantemente de países de alta renda. Quatorze estudos eram transversais, com tamanhos de amostra variando de 425 a 70.156 participantes e idades entre 15 e 89 anos. Diversos tipos de VCMPI foram avaliados, com ênfase na violência emocional/psicológica. A exposição e os desfechos foram medidos de formas variadas.
A análise de qualidade metodológica utilizou instrumentos padronizados da JBI. Sete estudos apresentaram alto risco de viés, sete risco moderado e dois baixo risco. A meta-análise não demonstrou relação entre VCMPI e HA em mulheres, e a análise de sensibilidade confirmou esses achados. Conclusão: Não foi encontrada relação significativa entre VCMPI e HA. Há necessidade de estudos com maior rigor metodológico e amostras representativas para melhor entender essa relação complexa
VIOLÊNCIA NO NAMORO ENTRE ESCOLARES NÃO HETEROSSEXUAIS: REGIÃO METROPOLITANA DE VITÓRIA/ES
Pôster
Alves, M.F1, Pinto, I.B.A1, Leite, F.M.C1
1 UFES
Objetivos: Identificar a prevalência de experiências violentas no namoro entre escolares declarados não heterossexuais da Região Metropolitana da Grande Vitória. Metodologia: Estudo transversal, de base escolar, realizado com 4614 adolescentes de 14 a 19 anos, estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas. Para o rastreamento da violência os participantes foram questionados sobre a ocorrência de violência psicológica, física e sexual nos relacionamentos. As análises estatísticas foram feitas no Stata 17.0. Resultados: Aproximadamente 21,0% dos estudantes declararam-se não-heterossexuais. Nota-se que 23,2% (IC95%: 20,3-26,4) das meninas vivenciaram a violência psicológica no namoro. Para os meninos a prevalência foi de 16% (IC95%: 11,5-21,8), verifica-se que a maior prevalência desse agravo foi no grupo de 18 a 19 anos (P:24,4% IC95:17,6-32,8). Quanto à violência física, esta aconteceu para 5,5% (IC95%:4,1-7,4) das meninas e 4% (IC95% 2,0-7,8) para os meninos, e, a maior prevalência foi no grupo de 16 a 17 anos (P:5,5% IC95:4,0-7,6). Já a violência sexual no namoro aconteceu para 10,3% (IC95%: 8,3-12,7) das meninas, e, 5,5% (IC95%: 3,1-9,7) dos meninos. Conclusão: A violência no namoro entre adolescentes não heterossexuais é um agravo presente, e, especial no grupo de meninas. Essa violência, muitas vezes é silenciosa, podendo ter graves consequências na saúde da vítima e contribuir para a maior vulnerabilidade a outras formas de violências.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA DURANTE O PARTO E SUAS ASSOCIAÇÕES COM O ALEITAMENTO MATERNO
Pôster
Costa, R. M.1, Leite, T. H.1, Marques, E. S.1, Leal, M. C.2, Mesenburg, M. A.2, Nakamura, M. P.2
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2 Fundação Oswaldo Cruz
Objetivo: Investigar a associação entre as diversas formas de violência obstétrica (VO) durante o parto com o aleitamento materno.
Métodos: Trata-se de dados preliminares de uma coorte perinatal de abrangência nacional chamada “Nascer no Brasil 2”, que está sendo realizada entre 2022/2024 em 465 maternidades de todas as regiões do Brasil. No presente estudo, foram utilizados dados sobre aleitamento materno (exclusivo ou não exclusivo X sem aleitamento) e cinco dimensões de VO (violência física, psicológica, negligência, estigma e discriminação e toques vaginais inadequados). As informações foram coletadas 120 dias após o parto através de entrevistas telefônicas ou links de autopreenchimento. Foi realizado um teste qui-quadrado, com um p-valor <0,05 como limiar de aceitação da hipótese alternativa.
Resultados: Até o momento, aproximadamente 12.000 mulheres foram entrevistadas. Aos 4 meses após o parto, 81% das mulheres estavam amamentando seus bebês. Mulheres que sofreram VO psicológica tiveram menores prevalências de amamentação no 4º mês após o parto (77,9% X 82,0%). O mesmo foi observado para outras formas de VO como toques vaginais inadequados (80,6 X 82,4) e estigma e discriminação (77,1 X 81,5). Para a violência física e negligência não foram observadas diferenças estatísticas significativas.
Conclusões: Esta pesquisa conclui que a violência obstétrica durante o parto pode estar associada ao desmame precoce aos 4 meses após o parto. No entanto, uma análise multivariada é necessária para confirmar essa hipótese.
VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO NA VIDA E DURANTE A COVID-19 E QUALIDADE DE VIDA
Pôster
Miguez, F. G. G.1, Oliveira, G.1, Leite, F. M. C.1
1 UFES
Objetivo: Verificar a associação entre a qualidade de vida e a exposição a violência por parceiro íntimo entre mulheres residentes no município de Vitória. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com dados de um estudo de base populacional no município de Vitória no estado do Espírito Santo, realizado de janeiro a maio de 2022. Participaram do estudo 1.086 mulheres com 18 anos ou mais. A qualidade de vida foi avaliada pelo Short Form Health Survey – 36, que possui oito domínios: capacidade física, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. A violência foi verificada por sua ocorrência ao longo da vida e durante a pandemia de Covid-19, bem como por tipos (psicológica, física e sexual). A análise de dados foi conduzida mediante mediana e intervalo interquartil como medidas de tendência central e de dispersão devido a distribuição não normal dos dados, para verificar a relação dos dados os testes de kruskal-wallis e mann-whitney foram realizados. Resultados: Foi possível verificar relação entre todos os domínios da qualidade de vida e a ocorrência de violência ao longo da vida (menos na capacidade funcional) e durante a pandemia de Covid-19. O mesmo é encontrado quando analisamos as violências por tipos seja ela física, sexual e psicológica. Há redução na mediana e intervalo interquartil dos scores de qualidade de vida quando a mulher é exposta a violência por parceiro íntimo. Conclusão: A exposição a violência pelo parceiro íntimo reduz a qualidade de vida entre as mulheres residentes no município de Vitória.
VIOLÊNCIA SUBESTIMADA: O RECONHECIMENTO DE ATOS VIOLENTOS PELAS MULHERES
Pôster
Vasconcelos, NM1, Malta, DC1
1 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo: Analisar a prevalência de violência relatada pelas mulheres brasileiras utilizando diferentes abordagens para mensuração. Métodos: Estudo transversal utilizando dados da Pesquisa DataSenado de Violência contra a Mulher 2023, com amostra representativa do país. Inicialmente, foi perguntado às mulheres: “Você já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar?” e para aquelas que responderam positivamente, acrescentou-se a pergunta “E algum episódio de violência doméstica ou familiar ocorreu nos últimos 12 meses?”. Posteriormente, todas as entrevistadas foram questionadas sobre a ocorrência de violência por alguém da relação íntima ou familiar nos últimos 12 meses, a partir de questionário adaptado e validado internacionalmente que exemplifica alguns atos violentos. Para esse estudo, estimou-se a prevalência de violência a partir de ambas as abordagens apresentadas. Resultados: Dentre as 21.787 mulheres entrevistadas, 31,72% relataram violência doméstica ou familiar na vida, com 22,09% dessas relatando algum episódio nos últimos 12 meses. Dessa forma, aproximadamente 7,01% das mulheres relataram violência doméstica ou familiar nos últimos 12 meses. No entanto, ao exemplificar os atos violentos, 32,87% das mulheres relataram ao menos um episódio de violência nesse mesmo período. Por subtipo, violência psicológica ou moral foi relatada por 30,72% das entrevistadas, física por 8,13%, patrimonial por 7,90% e sexual por 2,64%. Conclusões: A prevalência de violência teve grande diferença entre as duas abordagens utilizadas. O detalhamento de atos violentos pode ajudar as mulheres a reconhecerem situações de violência, que muitas vezes podem ser naturalizadas culturalmente. Além disso, questionários mais detalhados contribuem para a melhoria da mensuração da violência.
VITIMIZAÇÃO POR VIOLÊNCIA POLICIAL NO BRASIL:RESULTADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE-2019
Pôster
Oliveira, L. R.1, Luquine Junior, C. D.2, Astolfi, R. C.2, Ferreira, T. R. S. C.2, Ryngelblum, M.2, Silva, D. M. F.2, Peres, M. F. T.2
1 ISC-UFMT
2 FM-USP
Objetivos. Explorar a intersecção de marcadores sociais da diferença (MSD) associados à vitimização por violência, segundo o agressor, com destaque à violência policial. Métodos. Estudo transversal da população brasileira de jovens e adultos e de pessoas brancas, pardas e pretas com base em dados da Pesquisa Nacional de Saúde/2019 (n=64.837). A vitimização por violência foi analisada para cada tipo de agressor (policial, familiar, conhecido, desconhecido/outros,) e sua associação com os MSD (raça/cor, sexo e faixa etária) foi investigada em modelos de regressão logística brutos e ajustados. A interseccionalidade foi avaliada por meio de modelo de regressão com termos de interação entre sexo, faixa etária e raça/cor. Resultados. Referiu ter sofrido violência 20,54% da população. A chance de exposição à violência policial foi maior em homens que em mulheres (OR=2,82; IC95% 1,37-5,81) e em pessoas pretas quando comparadas às brancas (OR=3,74; IC95% 1,73-8,12). A intersecção entre os MSD revelou que mulheres jovens brancas e mulheres jovens/adultas pretas apresentam chance maior de vitimização policial que mulheres adultas brancas assim como homens de qualquer idade e raça/cor; homens jovens pretos têm ainda maior chance (OR=102,32; IC95%16,70-624,55). Conclusões. É fundamental investigar a violência policial propiciando maior visibilidade abordando-a como um problema de Saúde Pública