Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia nutricional
ALIMENTANDO CONSCIÊNCIAS: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E NUTRICIONAL NA PRÁTICA ESCOLAR
Pôster
Reis, T. C.1, Moreira,G.F.1, Medeiros, D.B.1, Machado, A.M.1
1 UFU
Objetivo:Promover a conscientização sobre a importância da alimentação saudável e sustentável e sobre o descarte correto do lixo, utilizando embalagens de alimentos ultraprocessados como ferramenta educativa, durante o mês do meio ambiente.Metodologia: Foi realizado um projeto interdisciplinar,com as 4 turmas de 5° ano de uma escola de ensino fundamental, envolvendo educação ambiental, artes e educação alimentar e nutricional, sendo as crianças protagonistas em todos os processos. Foram coletadas embalagens de alimentos que as crianças trouxeram de casa durante o recreio. Depois foi realizada aula expositiva sobre os impactos do crescimento da população mundial e o descarte incorreto do lixo. Na aula de artes foram visualizadas imagens de artistas que trabalham com reflexão sobre o aumento do lixo e materiais recicláveis e conversa sobre hábitos (em casa) sobre a separação do lixo. Com as nutricionistas escolares foi realizada oficina prática com a interpretação dos rótulos e discussão em sala (divisão em trios, direcionamento sobre o que se analisar nos rótulos) e oficina culinária de lanche saudável. Foi realizada exposição da atividade na Mostra Pedagógica de Educação Ambiental para toda a comunidade escolar. Resultados: Discussão em sala e com a comunidade escolar de conceitos sobre alimentação saudável bem como estimulação da reflexão crítica dos alunos sobre suas escolhas alimentares e seu impacto no meio ambiente. Conclusão: Ao final do projeto, os alunos demonstraram estar mais conscientes e capacitados para fazerem escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis, e também sobre o descarte correto do lixo e sobre a economia circular.
ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E PRÉ-ESCOLARES: DADOS PRELIMINARES DE DUAS CIDADES BRASILEIRAS
Pôster
Farias, G. F.1, Ramos, L. S.1, Moreira, P. R.1, Guedes, M. S.1, Flores, N.1, Gomez, V. B. G.1, Lopes, E. C.2, Martins, K. A.2, Vilella, P. R.2, Reis, R. S.2, Bernardi, J. R.1
1 UFRGS
2 UFG
Objetivos: Identificar e comparar o consumo de alimentos ultraprocessados por crianças pré-escolares de dois municípios brasileiros. Metodologia: Estudo transversal realizado em Porto Alegre (RMPA) e Goiânia (RMG) com cuidadores e crianças pré-escolares nascidas a termo e com peso ao nascer > 2.500g. Cuidadores foram recrutados por redes sociais, escolas de educação infantil e hospitais públicos. O consumo de alimentos ultraprocessados nos últimos sete dias foi avaliado por uma versão adaptada do questionário de marcadores do consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Variáveis categóricas foram apresentadas em frequência absoluta e relativa, e o teste Qui-quadrado foi utilizado para detectar diferenças. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (HCPA: HCPA: 2023-0142; CAAE 68764523510015327). Resultados: Foram analisadas 220 díades criança-cuidador: 31,4% (n=69) de RMPA e 68,6% (n=151) de RMG. Nos últimos sete dias de investigação sobre a alimentação, observou-se que 83% (n=181) das crianças consumiram bolachas, doces ou guloseimas, 57,1% (n=124) consumiram embutidos, 79,3% (n=172) consumiram bebidas adoçadas e 57,5% (n=126) consumiram macarrão instantâneo. Não houve diferença significativa entre as regiões para esses consumos (p=0,507; p=0,293; p=0,077; p=0,276, respectivamente). Conclusões: De acordo com os resultados preliminares, observou-se um alto consumo de alimentos ultraprocessados nos últimos sete dias por crianças em idade pré-escolar de ambos os municípios brasileiros de grande porte analisados. Esses dados reforçam a importância de estratégias para promoção de hábitos alimentares saudáveis nessa faixa etária.
AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NA POPULAÇÃO NEGRA DE BAIXA RENDA NO BRASIL
Pôster
da Silva, M. A. L.1, Freitas, R. S. G.2, Pastorello, C. C. G.1, Louzada, M. L. C.1
1 Universidade de São Paulo (USP)
2 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Objetivo: descrever a aquisição dos alimentos ultraprocessados nos domicílios chefiados por pessoas negras em situação de baixa renda no Brasil em 2017-2018. Métodos: foram utilizados dados de aquisição de alimentos para consumo domiciliar da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018 produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram selecionados domicílios onde o/a chefe da família se autodeclarou negro(a) (preta ou parda) e que se encontram em situação de baixa renda, ou seja, receberam até meio salário mínimo per capita mensal (8.879 domicílio). As quantidades adquiridas dos alimentos ultraprocessados foram convertidas em calorias. As estimativas foram expressas como percentual médio de calorias. Resultados: os alimentos ultraprocessados representam, em média, 13,52% das calorias adquiridas nos domicílios chefiados por pessoas negras em situação de baixa renda. Dentre esses alimentos, os mais adquiridos foram frios e embutidos (2,29%), biscoitos salgados (2,21%) e doces (1,97%), margarina (1,77%), refrigerantes (0,75%). Conclusão: nota-se a baixa aquisição de alimentos ultraprocessados em domicílios chefiados por pessoas negras em situação de baixa renda, embora essa participação já tenha uma magnitude relevante que tende a aumentar os riscos da saúde nessa população decorrente desses alimentos. Esses dados demonstram a situação de um grupo historicamente invisibilizado, apoiando no desenvolvimento de políticas equitativas que garantam o direito à alimentação adequada e saudável para aqueles que enfrentam restrições econômicas e de acesso.
ASSOCIAÇÃO ENTRE OMISSÃO DE DESJEJUM E INDICADORES DE ADIPOSIDADE EM ADOLESCENTES
Pôster
Rodrigues, G. G.1, Souza, A. M.1, Monteiro, L. S.1, Lopes, T. S.1, Pereira, R. A.1
1 UFRJ
Objetivo: Avaliar a associação entre a omissão de desjejum e indicadores de adiposidade em adolescentes brasileiros.
Métodos: Foram analisados dados de 71.740 adolescentes (12 a 17 anos de idade) examinados no Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA, 2013-2014), inquérito multicêntrico, de base escolar e representatividade nacional. A informação sobre a omissão de desjejum foi obtida por recordatório alimentar de 24h. Foram tomadas as medidas do peso, estatura e perímetro de cintura. O índice de massa corporal (IMC=peso/estatura2) foi estimado e classificado conforme os critérios da Organização Mundial da Saúde em sem excesso de peso, sobrepeso e obesidade. O perímetro da cintura (PC) foi examinado em elevado (≥percentil 80) e adequado (
Resultados: Entre os adolescentes investigados, 50,2% eram do sexo masculino, 52,7% tinham entre 12 e 14 anos de idade, 82,6% eram alunos de escola pública, 68,6% estudavam pela manhã, 50,8% viviam na região sudeste e 23,2% omitiam o desjejum. Não realizar o desjejum foi associado ao incremento da chance de obesidade (OR: 1,27; IC95%: 1,20; 1,50) e PC elevado (OR:1,24; IC95%: 1,12; 1,37).
Conclusão: A omissão do desjejum foi frequente entre adolescentes e esta prática foi associada ao incremento da adiposidade corporal.
AVALIAÇÃO DE RISCO ASSOCIADO AO CONSUMO DE PEIXE CONTAMINADOS POR MERCÚRIO NA AMAZÔNIA
Pôster
Santos, M. R. S.1, Farias, M. P. S.1, Mota, A. L. M.2, SOARES, J.M.1, Meneses, H. N. M1
1 Ufopa
2 UEPA
Objetivos: Avaliar os riscos à saúde atribuível ao consumo de peixes contaminados por mercúrio (Hg) em comunidades ribeirinhas de Santarém-Pará. Métodos: Estudo realizado em 2022, com 168 adultos. A avaliação de risco baseou-se na metodologia da Organização Mundial de Saúde (WHO), para isso, utilizou-se 3 estratos populacionais: adultos, mulheres em idade fértil (MIF) e homens. Foram coletados dados referentes ao perfil sociodemográfico, consumo de peixes e peso corporal. A ingestão diária estimada de metilmercúrio (MeHg) foi calculada através dos dados disponíveis na nota técnica da Fiocruz (2023). O cálculo da razão de risco (RR) foi estimado pela divisão da quantidade média de MeHg ingerida diariamente, pela dose de referência proposta pela (FAO/WHO): 0,23µg MeHg/kgpc/dia para MIF e 0,45µg para adultos. Com base nos dados, quando a RR for ≥1 considera-se o risco de adoecimento pela exposição mercurial. Resultados: A análise da razão do risco atribuível ao consumo de pescado contaminado em diferentes cenários de exposição revelou que a ingestão de metilmercúrio excedeu os limites preconizados pela (FAO/WHO) em todos os estratos populacionais estudados. Considerando a ingestão de MeHg de peixes carnívoros, observou-se a estimativa da RR com valores superiores a 1 em todos os estratos populacionais: adultos (2,1), mulheres em idade fértil (3,9) e homens (2,1). Conclusões: Todos os indivíduos que consomem frequentemente peixes carnívoros contaminados com MeHg estão sob risco de adoecimento. Este risco é ainda maior para mulheres em idade fértil, visto as consequências da exposição ao Hg em uma futura gestação.
CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS POR MULHERES COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS
Pôster
Silva, M.E.G.1, Lisboa, G.J.1, Silva, M.L.B.M.2, Mulder, A.R.P.1
1 UERJ
2 UFRJ
Objetivo: Descrever a frequência de consumo de frutas e hortaliças (FH) por mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Métodos: Estudo transversal realizado com mulheres adultas com SOP, na cidade do Rio de Janeiro. O consumo de FH foi avaliado com base no relato de parte de um questionário de frequência alimentar. As perguntas utilizadas foram: “Com que frequência a sra. costuma comer verduras e legumes crus, cozidos ou refogados, sem incluir batatas, mandioca/aipim, inhame e cará?” e “Com que frequência a sra. costuma comer frutas, sem incluir sucos de frutas?”. As frequências foram divididas e classificadas em consumo regular, não regular e recomendado. Os dados foram analisados por frequência de consumo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto, sob o número: 60519722.5.0000.5259. Resultados: Entre as 30 mulheres com SOP avaliadas, com idade entre 18 e 40 anos, 53,3% e 60% relataram consumir regularmente FH, respectivamente. No entanto, apenas 10% relataram consumir a quantidade recomendada de FH por dia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente, 5 porções diárias. Conclusão: O consumo de FH entre mulheres com SOP se mostrou baixo, sobretudo considerando o consumo recomendado de 5 porções diárias. Uma vez que tais grupos alimentares são considerados fatores de proteção para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), supõe-se que a alimentação dessas mulheres necessita de atenção, a fim de reduzir o risco de DCNT nessa população.
CONSUMO DE VITAMINA A E PREVALÊNCIA DE CEGUEIRA NOTURNA EM GESTANTES, EM VITÓRIA (ES)
Pôster
Souza, E. R.1, Bertoni, C. T.2, Saunders, C.3, Barbosa, M. C. R.2
1 UFVJM
2 Ufes
3 UFRJ
Objetivos: identificar a prevalência de deficiência de vitamina A (DVA) e seus fatores associados em gestantes do município de Vitória-ES.
Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Vitória-ES. Foram selecionadas gestantes residentes no município de Vitória-ES, que apresentavam feto único. A coleta aconteceu em 2019 em 7 UBS, distribuídas em 5 territórios de saúde diferentes, escolhidas por sorteio. Foram coletados dados de 82 gestantes. Os dados foram obtidos por meio de entrevista estruturada nas consultas de pré-natal realizadas nas unidades básicas de saúde (UBS) onde as gestantes estavam cadastradas. Para a avaliação funcional da DVA, foi investigada a presença de cegueira noturna (XN) por meio de entrevista padronizada pela Organização Mundial da Saúde. Investigou-se a prevalência de XN, consumo de Vitamina A (VA) e variáveis associadas em gestantes. Os dados foram analisados no software SPSS for Windows versão 22.0.
Resultados: A prevalência de XN encontrada foi de 4,3%, o que indica que não é um problema de saúde pública nessa região. O consumo alimentar foi inadequado em 69,4% das gestantes entrevistadas. O dado encontrado demonstra que há uma inadequação na alimentação de grande parte das gestantes, o que a longo prazo poderia trazer consequências como a DVA. Não foi observada associação entre XN ou consumo de VA com nenhuma das variáveis testadas.
Conclusão: Os resultados deste estudo indicam que não há prevalência significativa de cegueira noturna em gestantes, não se classificando como um problema de saúde pública na região.
DIAGNÓSTICO E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE MULHERES NEGRAS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Pôster
Souza, B. E. S. O.1, Barreto, M. F. V.1
1 UFRB
Objetivo: Evidenciar o diagnóstico nutricional e perfil epidemiológico de mulheres negras assistidas por uma Unidade de Saúde da Família (USF) de um município baiano. Métodos: Coleta e análise de dados nutricionais e de consumo alimentar de 2023 através do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), focados em mulheres de qualquer nível de escolaridade e categorizadas por raça/cor. Resultados: Das 300 mulheres negras assistidas pela USF, 35% estavam em sobrepeso, 21,6% em obesidade grau I, 9,3% em obesidade grau II e 4,6% em obesidade grau III; e 75% das mulheres consumindo alimentos ultraprocessados. Os dados evidenciam alta prevalência de excesso de peso e consumo de alimentos ultraprocessados, fatores de risco significativos para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Conclusões: Discutir a saúde da mulher negra a partir da interseccionalidade faz-se crucial na garantia da equidade e acesso aos cuidados de saúde, especialmente levando em consideração que esta população apresenta os maiores índices de insegurança alimentar no Brasil. Ademais, essas mulheres enfrentam desafios devido aos determinantes sociais, como as condições socioeconômicas desfavoráveis, que impactam seus hábitos alimentares e estado nutricional, como acesso limitado a alimentos saudáveis devido às restrições financeiras e de transporte. Essas dificuldades acentuam a vulnerabilidade às DCNT e a necessidade de intervenções que abordem as disparidades sociais e econômicas, incluindo ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) nas redes de atenção à saúde, garantindo uma alimentação baseada no consumo de alimentos in natura e minimamente processados e promovendo equidade e combate ao racismo estrutural.
FREQUÊNCIA SEMANAL DO CONSUMO ALIMENTAR DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL
Pôster
Silva, M. L. B. M.1, Matos, Y. A. C. S.1, Souza, L. S.1, Cherol, C. C. S.1, Ferreira, A. A.1
1 UFRJ
Objetivo: Descrever a frequência semanal do consumo alimentar das pessoas com deficiência (PCD) e comparar com pessoas sem deficiência (PSD). Métodos: Estudo transversal utilizando microdados da Pesquisa Nacional de Saúde/2019. PCD foram identificadas por deficiência física, auditiva, visual, mental e/ou múltipla. Analisaram-se alimentos saudáveis (feijão, frutas, legumes, carnes, frango, peixes) e não saudáveis (suco de caixa/refresco em pó, refrigerantes, biscoitos). Categorizou-se a frequência do consumo em: menos de 5 vezes e 5 a 7 vezes na semana. Calcularam-se intervalos de confiança (IC95%) e teste qui-quadrado para avaliar associação (p-valor<0,05) no STATA 16.0 modo survey. Resultados: 8,2% da população eram PCD. Elas apresentaram maior consumo de frutas de 5 a 7 vezes/semana comparado às PSD (49,2%[IC95%47,6-50,8] vs. 46,1%[IC95%45,4-46,8]). As PCD consumiram menor proporção de carnes e peixes menos de 5 vezes/semana (carnes:71%[IC95%70,5-71,7] e peixes:96,3%[IC95%95,8-96,7]). As PCD apresentaram consumo de 5 a 7 dias/semana menor de refrigerantes (6,8%[IC95%5,8-8,0] vs. 8,7%[IC95%8,4-9,1]) e biscoitos (12,5%[IC95%11,5-13,6] vs. 14,8%[IC95%14,4-15,3]) do que as PSD. Conclusão: PCD parecem ter alimentação mais saudável comparado às PSD, o que pode estar relacionado à condição de deficiência que impõe necessidades específicas de cuidado à saúde. O baixo consumo de proteínas fomenta futuros estudos para compreender o consumo alimentar nessa população.
INSEGURANÇA ALIMENTAR ENTRE PESSOAS COM COVID-LONGA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS
Pôster
Silva, G. S.1, Barreto, F.1, Andrade, R.1, Santos, M. P.1, Campelo Junior, E. B.1, Lima, C. C. O. J.1, Pereira, S. M.1
1 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
Objetivo: analisar a prevalência de insegurança alimentar em pacientes com diagnóstico de covid-longa no Brasil. Método: trata-se de um estudo multicêntrico realizado em capitais brasileiras [São Paulo, Recife, Manaus e Salvador] no período de outubro de 2023 a marco de 2024 em ambulatório de tratamento para covid-longa. Foi aplicado questionário contento questões sobre dados sociodemográfico, comorbidades, vacinação e insegurança alimentar em pacientes com diagnóstico médico de covid-longa. Utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar de oito perguntas. As análises foram realizadas descritivamente. Resultados: Foram entrevistadas 135 pessoas, com média de idade de 48.45 (range: 21-74) e 62,96 do sexo masculino. A maioria cor de pele branca (51.11%), com ensino superior (41.48%) e 12.59% estavam com a diabetes. Observou-se alta proporção de 3 doses de vacina contra covid (91.34%), além de alta proporção de não vacinação na quarta dose (21%) e quinta dose (47.71%). A ocorrência de insegurança alimentar foi em 20%, sendo mais frequente em negros e com baixa vacinação contra covid na 4 ou 5 doses. Conclusões: observou-se elevada proporção de insegurança alimentar no grupo estudando e estudos adicionais são necessários para investigar as repercussões da insegurança alimentar no contexto de saúde de pessoas com covid-longa.
LOCAIS DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2017-2018
Pôster
Matos, Y. A. C. S.1, Oliveira, R. T.1, Ghiggino, L. T.1, Domingos, T. B.1, Cherol, C. C. S.1, Castro Junior, P. C. P.1, Salles-Costa, R.1
1 UFRJ
Objetivo: Descrever a prevalência dos locais de aquisição de alimentos e os alimentos comprados nesses locais, segundo níveis de insegurança alimentar (IA) no Estado do Rio de Janeiro. Métodos: Estudo transversal descritivo com microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 (n=3.180). Os locais de aquisição foram agrupados em supermercados, pequenos mercados (PMs) e feiras. Sobre os alimentos, avaliou-se aquisição de: arroz, feijão, legumes e verduras, frutas, pães, leite e derivados, ovos, pescados, frango, carnes, bebidas açucaradas e biscoitos. A IA, estimada pela Escala Brasileira de IA, classificou famílias em: segurança alimentar (SA), IA leve e IA moderada/grave (IAMG). Prevalências e intervalos de confiança (IC95%) (p-valor<0,05) foram estimados no STATA 16.0. Resultados: Para as famílias em SA, os supermercados foram os principais locais de compra de pescados (56,8% [IC95%37,5;74,3]), ovos (35,5% [IC95%29,8;41,7]) e leite (55,8% [IC95%50,1;61,3]), enquanto as feiras foram os locais de aquisição de frutas (43,8% [IC95%38,4;49,3]) (p<0,05). Famílias em IAMG compraram preferencialmente ovos (46,9% [IC95%32,4;62,0]), leites (52,9% [IC95%39,1;66,3]) e pães (89,4% [IC95%83,5;93,3]) em PMs. (p<0,05). Conclusão: Os PMs foram o principal local de aquisição de famílias em IAMG. Essa característica pode gerar maior comprometimento da renda familiar com alimentação, uma vez que o preço praticado é mais elevado, dificultando acesso a alimentos saudáveis.
MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR ENTRE ADOLESCENTES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DO RECÔNCAVO
Pôster
Oliveira, T.R.S1, Conceição, E.J.C1, Oliveira, C.A1, Campos, R. O1, Santos, D. B1, Santana, J.M1
1 UFRB
Objetivo
Analisar os marcadores de consumo alimentar entre as adolescentes, de uma escola estadual, em um município do recôncavo baiano.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal aninhado a um quase experimental intitulado: Proposta de um modelo de cuidado centrado na mulher e desfechos perinatais, da UFRB. Este estudo envolveu uma amostra de 106 adolescentes de uma escola estadual do município de Santo Antônio de Jesus. A coleta de dados foi conduzida por estudantes e pesquisadores devidamente treinados do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). As participantes do estudo responderam questionários padronizados contendo informações sociais, demográficas e condições de saúde. Para avaliação do consumo alimentar empregou-se os marcadores de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFRB.
Resultados
A maioria das participantes (62%) realiza até seis refeições/dia, e 42,1% as três principais refeições/dia (desjejum, almoço e jantar). No que se refere aos marcadores de consumo alimentar, observou-se que 21% das adolescentes consumiram no dia anterior pelo menos um alimento dos grupos alimentares considerados in natura e minimamente processados e que 39,2% referem ter consumido pelo menos um dos alimentos pertencentes ao grupo ultraprocessados (UP).
Conclusão
O emprego dos marcadores de consumo alimentar permitiu a identificação de práticas alimentares inadequadas no grupo estudado, destacando importante prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados em detrimento aos alimentos in natura e minimamente processados, bem como menor frequência de consumo diário número de refeições ao dia.
NECESSIDADE E INGESTÃO ENERGÉTICA DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO: ANÁLISE SEGUNDO ÀS DRIS 2023
Pôster
Rodrigues, T. L.1, Costa. M. L.1, Silva, S. C. B.1, Telles, C. E.1, Neto, J. V.1, Fisberg, R. M.1
1 FSP/USP
Objetivos: Estimar a necessidade energética de adultos e idosos da população de São Paulo segundo as Dietary Reference Intakes (DRI) - 2023, compará-la com a ingestão energética, e segundo sexo, índice de massa corporal (IMC), faixa etária e nível de atividade física. Métodos: Dados extraídos do Inquérito de Saúde de São Paulo com foco em Nutrição (ISA-Nutrição 2015), estudo transversal de base populacional com amostra probabilística complexa. O presente estudo utilizou dados de 610 adultos e idosos, a saber: sexo, idade, nível de atividade física, IMC e ingestão habitual de energia - estimada a partir dos dois R24h, com o método Multiple Source Method (MSM). A necessidade energética foi calculada seguindo as proposições das DRI 2023. As análises estatísticas foram realizadas com o software RStudio, considerando nível de significância de 5% e a complexidade amostral. Resultados: A mediana de idade foi de 50 anos; da necessidade energética de 2482,13 kcal; e a de ingestão energética, de 1736,53 kcal; observou-se predominância do sexo masculino (52,41%), de indivíduos com excesso de peso (53,57%) e fisicamente ativos (57,90%). Participantes do sexo masculino apresentaram maior ingestão energética (1943,88 kcal; p<0,001), especialmente entre 19 e 30 anos (2045,89 kcal; p=0,001). Os grupos avaliados diferiram em relação à estimativa da necessidade energética segundo variáveis estudadas. Conclusão: Nenhum grupo atingiu as recomendações de ingestão energética propostas pelas DRIs 2023. Além disso, a necessidade energética variou para todos os grupos e a ingestão variou segundo sexo e faixa etária.
NECESSIDADE ENERGÉTICA NA POPULAÇÃO ADULTA E IDOSA DE SÃO PAULO SEGUNDO AS DRI 2005 E 2023
Pôster
Botelho da Silva, S.C.1, Costa, M.L.1, Rodrigues, T.L.1, Telles, C.E.1, Neto, J.V.1, Fisberg, R.M.1
1 FSP/USP
Objetivos: Estimar a necessidade de energia de pessoas adultas e idosas da cidade de São Paulo, segundo sexo, faixa etária, nível de atividade física e Índice de Massa Corporal (IMC) pelas fórmulas de Dietary Reference Intakes (DRI) – 2023, e comparar as estimativas com as da versão anterior (DRI-2005). Métodos: Dados do estudo Inquérito de Saúde de São Paulo com foco em Nutrição (ISA-Nutrição 2015), estudo transversal de base populacional com amostra probabilística complexa. A amostra foi composta por pessoas adultas e idosas (n=610). Foram utilizadas as informações de sexo, idade, IMC e nível de atividade física. Foram calculadas as estimativas energéticas (EER) pelas fórmulas das DRI 2005 e 2023. As análises estatísticas foram realizadas com software RStudio. Resultados: A mediana de idade foi de 50 anos, e as de necessidade energética de 2527,71 kcal e 2482,13 kcal, de acordo com as DRI 2005 e 2023, respectivamente. Mais da metade da população era de homens (52,41%), houve predominância de indivíduos com excesso de peso (53,57%) e com perfil ativo em nível de atividade física (57,9%). Medianas de necessidade energética variaram de acordo com sexo, idade, IMC e nível de atividade física. A EER foi maior para homens do que para mulheres, e diminui conforme a idade, além de ser maior em indivíduos com obesidade e naqueles mais fisicamente ativos. Conclusão: As EER variaram segundo sexo, faixa etária, nível de atividade física e IMC, e foram menores quando calculadas pelas DRI 2023.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE GESTANTES USUÁRIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM GOIÂNIA-GOIÁS
Pôster
Rodrigues, M. L. M.1, Schincaglia, R. M.1, Guimarães, M. M.1, Reis, R. S.1, Vilela, A. A. F.2
1 UFG
2 UFJ
Objetivos: Avaliar o perfil epidemiológico de gestantes adultas da Atenção Primária à Saúde (APS). Métodos: Trata-se de um estudo transversal aninhado a uma coorte com 157 gestantes captadas no último trimestre gestacional em Unidades Básicas de Saúde de Goiânia-Goiás. Os dados foram coletados por entrevistas via telefônica. Os sintomas de ansiedade foram investigados pelo Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). O ganho de peso foi avaliado segundo as curvas atuais. As variáveis foram descritas em frequências relativas, mediana e intervalos interquartis. Resultados: A maioria das gestantes tinha entre 20-29 anos (66,24%), eram pardas (61,15%) e ≥ 12 anos de estudo (74,52%). Pertenciam às classes econômicas C2, D, E (63,69%) e viviam com companheiro (85,35%). Acerca dos sintomas de ansiedade, 49,04% tiveram pontuação no IDATE ≥40. Em relação à COVID-19, 29,30% se infectaram. Durante a entrevista, 63,06% estavam com idade gestacional de 35-36 semanas, 57,32% não tinham desejo de engravidar, 22,93% tiveram aborto e 5,73% bebês prematuros. Sobre o estilo de vida, 3,18% fumavam e 16,56% consumiam bebida alcoólica na gestação. Quanto ao estado nutricional, 45,86% estavam com excesso de peso no IMC pré-gestacional, e 59,87% com ganho de peso acima da recomendação. Conclusões: As mulheres avaliadas apresentam prevalências elevadas de sintomas de ansiedade e ganho de peso gestacional. Os resultados deste estudo podem contribuir para estratégias no âmbito da APS da saúde materna na gestação e no pós-parto.
PERFIL SOCIAL E NUTRICIONAL DE MEMBROS DA ACADEMIA DA SAÚDE DE UM MUNICÍPIO PERNAMBUCANO
Pôster
Farias, É. R. D.1, Orange, L. G.1, Freitas, C. M.1, Pereira, A. B. S.1, Melo, R. G.1, Fonte, R. A. B.1, Lima, C. R.1, Leal, V. S.1, Oliveira, M. S.1, Silva, D. G.1, Gominho Filho, A. C.1, Silva, F. V. S.1, SILVA, J. R. H.1
1 UFPE
Objetivo. Avaliar o perfil socioeconômico e estado nutricional de participantes da Academia da Saúde em Vitória de Santo Antão – PE. Métodos. Estudo transversal de natureza descritivo-analítica com participantes do programa Academia da Saúde, do município de Vitória de Santo Antão-PE. As entrevistadas responderam um questionário acerca do perfil socioeconômico e estado nutricional, segundo a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC). O projeto foi aprovado pelo comitê de ética envolvendo seres humanos - CAAE: 60248222.8.0000.9430. Resultados. Participaram 51 mulheres adultas, das quais, 25% consideravam-se brancas (n=13), 60,8% pardas (n=31), 9,8% pretas (n=5) e 3,9% indígenas (n=2). Em relação ao estado civil, a maioria estava casada (66,7%, n=34), seguida por solteiras (21,6%, n=11), divorciadas (5,9%, n=3) e viúvas (5,9%, n=3). Quanto à renda, 74,5% (n=38) tinham uma renda familiar de até 1 salário mínimo e 25,5% (n= 13) renda maior que 1 salário mínimo. No que diz respeito à moradia, a maioria (86,3%, n=44) possuía residência própria, alugada 7,8% (n= 4) cedida: 5,9% (n= 3). Quanto ao estado nutricional indicou que 80,4% (n=41) das participantes estavam acima do peso, enquanto 19,6% (n=10) foram classificadas como eutróficas. Conclusões. Os resultados evidenciam uma diversidade no perfil socioeconômico e uma prevalência de participantes com excesso de peso, ampliando a necessidade de estratégias de intervenção que devem contemplar a saúde nutricional, levando em consideração as condições socioeconômicas.
PREVALÊNCIA DO AUTORRELATO DE ALTERAÇÕES DO APETITE NO BRASIL: UM ESTUDO POPULACIONAL
Pôster
Ayala, CO1, Camargo, Carolina Altmayer Bueno2, Mattiello, Rita3, Costa, Caroline Abud Drumond4
1 Programa de Pós-graduação em Pediatria e Saúde da Criança, Escola de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
2 Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
3 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
4 Programa de Pós-graduação em Pediatria e Saúde da Criança, Escola de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
Objetivo: Estimar a prevalência do autorrelato de alterações do apetite no Brasil utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS-2019).
Método: Estudo transversal baseado nos dados público da PNS-2019. Foram incluídos indivíduos hígidos com idade ≥15 anos, definidos como aqueles relataram não ter nenhum diagnóstico médico de outras doenças. O autorrelato das alterações do apetite foi analisado a partir das respostas oriundas da pergunta “Nas duas últimas semanas, com que frequência o(a) S.r. (a) teve problemas na alimentação, como ter falta de apetite ou comer muito mais do que de costume?”. A prevalência com intervalo de confiança de 95% (IC95%) foi calculada pelo modelo de Poisson com variância robusta, considerando os pesos amostrais.
Resultados: Foram analisados 48,785 indivíduos. A maioria dos participantes residiam em áreas urbanas 36,645 (85%), 26,260 (53%) eram homens, 33,000 (66%) tinham entre 20 e 49 anos, e 26,039 (47%) se autodeclararam pardos. Quanto à escolaridade, 4,540 (78%) cursaram o ensino médio e graduação, 17,115 (50%) tinham renda per capita inferior a um salário-mínimo e 26,443 (56%) eram solteiros. A prevalência do auto-relato de alterações do apetite nas últimas 2 semanas foi de 6,3% (IC 95% 5,9 a 6,7).
Conclusões: No Brasil, em 2019, 6,3% da população hígida representada pela amostra do estudo relatou alteração no apetite nas últimas duas semanas. A identificação precoce dessas alterações pode contribuir a compreender a magnitude do problema, possibilitando intervenções e tratamentos mais eficazes.
REDUÇÃO DA INSEGURANÇA ALIMENTAR NA ÁREA RURAL E URBANA DO BRASIL ENTRE 2022 E 2023.
Pôster
Ribeiro, E. C. S. A.1, Lobato, J. N1, Cabral, J. M1, Telles, K. S. N1, Souza, L. S1, Cherol, C. C. S1, Ghiggino, L. T1, Ferreira, A. A1, Salles-Costa, R1
1 UFRJ
Objetivos: Analisar a variação da insegurança alimentar (IA) moderada e grave na área rural e urbana no país.
Métodos: Estudo transversal com microdados de 2 inquéritos populacionais (II VIGISAN/2022=12.745; PNAD contínua/2023=173.676). A IA foi aferida pelas duas versões da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar/Ebia (2022=versão curta [8 perguntas/Ebia8]);2023=versão completa [14 perguntas/Ebia14]), comparáveis entre si. Estimou-se as prevalências (p) da IA para as famílias de áreas urbanas e rurais, para os dois inquéritos com base na Ebia8, e as diferenças percentuais (DP%) entre os anos (DP%= [p2023-p2022]/[p2022])*100). Análises foram realizadas no STATA 16.
Resultados: Entre 2022 e 2023 observou-se redução significativa da IA (p<0,001). A área rural continuou apresentando os maiores níveis de IA. Em 2022, a IA grave chegou a 18,6% nos domicílios rurais e 15% nos urbanos, e em 2023, ocorreu redução significativa nos dois territórios (6,7% e 4,8%, respectivamente). Observou-se maiores reduções em todos os níveis de IA na área urbana (IA leve= -44,1%; IA moderada= -57,7%; IA grave= -68% , quando comparado com a área rural (IA leve= -34%; IA moderada= -46,1; IA grave= e -64%).
Conclusões: A maior prevalência da IA em 2022 pode estar relacionada a desmontes de políticas públicas destinadas ao combate da fome e pobreza. Mediante o retorno das políticas na pauta nacional para a redução da IA após a pandemia, já é possível relacionar com a diminuição da IA no país.
RELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E A OBESIDADE EM ADULTOS BRASILEIROS
Pôster
Silva, A.T.O.1, Fernandes, A.C.R.1, Ferreira, D.D.1, Canella, D.S.2, Baltar, V.T.1
1 UFF
2 UERJ
Objetivos: Avaliar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e a obesidade em adultos brasileiros.
Métodos: Dados de recordatórios alimentares de 24h do Inquérito Nacional de Alimentação 2017-2018 foram utilizados para a análise da participação calórica de AUP. Foram selecionados 28.901 indivíduos entre 19 e 59 anos, excluindo-se gestantes e lactantes. Os indivíduos foram classificados em obesos (O) e não obesos (NO), onde índice de massa corporal > 30kg/m² é obeso segundo OMS. Calculou-se, então, a média (e intervalo de 95% de confiança) de participação de AUP para O e NO, segundo região e área do Brasil . Todas as análises foram realizadas considerando o delineamento amostral no pacote estatístico R versão 4.4.1.
Resultados: O consumo médio de AUP para adultos foi de 15,6 % (IC95%: 15,2; 15,9), similar entre O e NO. No Norte, com a menor média, observou-se 11,8% [11,0; 12,5] para NO e 11,30% [9,6; 13] para O. A maior contribuição foi observada no Sul, com 18,73% [17,9; 19,6] para NO e 18,2% [16,5; 19,9] para O. A área urbana apresentou maior contribuição de AUP do que a rural, porém, também sem diferença entre O e NO.
Conclusões: Neste estudo não há evidências de diferença entre as participações de consumo de AUP entre obesos e não obesos, sugerindo que outros aspectos, além da alimentação, são determinantes para a obesidade.
SEGURANÇA ALIMENTAR E LOCAIS DE AQUISIÇÃO DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS NO BRASIL
Pôster
Oliveira, R.T1, Ametista, YC1, Silva, L1, Domingos, TB1, Cherol, CC1, Castro Junior, PC1, Salles-Costa, R1
1 UFRJ
Objetivo: Descrever os locais de aquisição de frutas, legumes e verduras, segundo a segurança alimentar (SA) e níveis de insegurança alimentar (IA) em domicílios brasileiros. Métodos: Estudo transversal utilizando os microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 (n=51.920). Os locais de aquisição foram classificados em supermercados, pequenos mercados, feiras e outros. As cinco macrorregiões brasileiras foram analisadas. A (SA) e os níveis de (IA), IA leve e moderado/grave (IAMG), foram avaliadas utilizando a Escala brasileira de insegurança alimentar (EBIA). Os intervalos de confiança foram estimados com um nível de significância de 5% (IC95%). Análises realizadas no programa estatístico STATA 16.0. Resultados: Os supermercados foram os principais locais de aquisição de frutas para famílias em SA no Norte (48,1%), Sudeste (50,5%), Sul (50,6%) e Centro-Oeste (55,4%), e as feiras no Nordeste (51,4%). Paras as famílias em IA leve e IAMG, feiras no Nordeste (54,5% e 51,3%), e os supermercados nas demais regiões (p<0,05). Legumes e verduras foram comprados em supermercados pelas famílias em SA no Norte (50,2%), Sudeste (47,9%), Sul (43,1%) e Centro-Oeste (49,8%) e nas feiras no Nordeste (50,6%). Na IA leve e IAMG, nas feiras no Nordeste (49,5% e 50,2%) e nas demais regiões nos supermercados (p<0,05). Os pequenos mercados e os outros locais não foram significativos. Conclusão: Nota-se uma preferência na aquisição de frutas, legumes e verduras, em supermercados, enquanto na região Nordeste se destacam as feiras. Essa diferença regional sugere influências variadas de contextos socioeconômicos e culturais na escolha dos locais de aquisição de alimentos.
SUBSTITUIÇÃO DE REFEIÇÕES E QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Pôster
Rodrigues, G. G.1, Macedo, K. C.1, Lopes, T. S.1, Pereira, R. A.1
1 UFRJ
Objetivos: Analisar a relação entre hábito de substituição de almoço e jantar por lanche e a autopercepção da qualidade da alimentação em universitários.
Métodos: Estudo transversal realizado com estudantes de uma universidade pública do Rio de Janeiro, em 2020, no período de isolamento social devido à pandemia por COVID-19. Os dados foram coletados por questionário autopreenchido incluindo a pergunta: “Em média, nos últimos três meses, com que frequência você consumiu lanche no lugar de almoço ou jantar?”; as respostas foram categorizadas em: “nunca, 1-2 vezes/semana e ≥3 vezes/semana”. A autopercepção da qualidade da alimentação foi classificada em: “excelente/muito boa; boa; regular/ruim”. O teste do qui-quadrado foi aplicado para avaliar a homogeneidade das categorias sob comparação (p<0,05).
Resultados: Entre os 2775 estudantes investigados, o almoço foi substituído por lanche ≥3 vezes/semana por 12% dos estudantes e o jantar, por 46%. Entre os estudantes que substituíam o almoço por lanche ≥3 vezes/semana, 63% relataram alimentação regular/ruim, entre os que substituíam 1-2 vezes/semana, 43%, e entre os que nunca faziam essa substituição, 31% (p<0,01). Resultados similares foram observados para a substituição do jantar por lanche: 46% vs. 32% vs. 31%. Entre os que nunca substituíam o almoço por lanche, 34% relataram alimentação excelente/muito boa, os que substituíam 1-2 vezes/semana, 19% e para ≥3 vezes/semana, 11% (p<0,01); resultados similares foram observados para a substituição do jantar por lanche (39 vs. 30 vs. 20%) (p<0,01).
Conclusão: Entre universitários, a autopercepção da qualidade da alimentação foi coerente com os hábitos de refeição.
TENDÊNCIAS TEMPORAIS DO ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Alvadia, L.H.C1, Barros, R.A.F.B1, Almeida, D.J1, Almeida, T.V1, Fernandes, P.A2, Rosa, L.C.G.1
1 SMS-Rio
2 UFRJ
Objetivo: Avaliar a tendência temporal da cobertura do estado nutricional, desnutrição e obesidade em crianças (0 a 9 anos) no município do Rio de Janeiro no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN).
Métodos: Pesquisa transversal, descritiva, com dados públicos do SISVAN (2012 a 2023). A cobertura foi calculada considerando o número de registros por ano, dividido pela população nessa faixa etária (Censo de 2010). A tendência foi avaliada utilizando-se regressão linear e o teste de Mann-Kendall, escolhido por detectar tendências em séries temporais sem exigir distribuição específica dos dados.
Resultados: No período, a cobertura do SISVAN para essa faixa etária variou de 6,5% (2012) a 42,2% (2023), com incremento anual médio de aproximadamente 25%, em relação ao ano anterior. Tanto a regressão linear quanto o teste de Mann-Kendall indicam tendência positiva e significativa na cobertura (p<0,05). Em relação à desnutrição, ambos os métodos sugerem tendência decrescente fraca, sem significância estatística (p>0,05). A análise da obesidade revelou tendência decrescente estatisticamente significativa. A regressão linear indica que a prevalência de obesidade diminui cerca de 0,3 pontos percentuais ao ano e o teste de Mann-Kendall confirma essa tendência negativa.
Conclusão: Os dados do SISVAN revelam uma melhora significativa na cobertura de registros do estado nutricional. A desnutrição mostrou leve redução sem significância estatística, enquanto a obesidade apresentou tendência decrescente significativa. A ampliação da cobertura e a atenção à qualidade dos dados são cruciais para ações de saúde eficazes e direcionadas ao público infantil.
A EDUCAÇÃO PERMANENTE E VIGILÂNCIA NUTRICIONAL E ALIMENTAR EM BETIM, MINAS GERAIS.
Pôster
Pugedo, F.S.F.1, Linhares, I. W.1
1 Prefeitura Municipal de Betim
Objetivos: capacitar os profissionais de saúde na qualificação dos registros dos marcadores de consumo alimentar no SISVAN e promover discussão sobre o aleitamento materno e introdução alimentar. Métodos: trata-se de um relato de experiência sobre a realização de atividades de educação permanente junto às equipes da APS de Betim/MG. Por meio do edital PET-Saúde 2022 foi desenvolvido o projeto “Amamenta, Alimenta Betim”. Para realização das atividades foram selecionadas 12 UAPS. Nas oficinas foram utilizados relatórios do SISVAN, além da realização de atividades sobre aleitamento materno e introdução alimentar. Resultados: o monitoramento das práticas de consumo alimentar corrobora com o diagnóstico da situação alimentar/nutricional e potencializa o planejamento da atenção à saúde. As oficinas foram implementadas em 11 UAPS, tendo como público 98 profissionais da APS, das seguintes categorias: enfermeiro, técnico de enfermagem, ACS, médico, nutricionista, dentista, assistente social, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e educador físico. Foram discutidos os relatórios do SISVAN, referentes ao formulário de marcadores de consumo alimentar específicos de cada UAPS. Sendo desenvolvida atividade prática que mostrou o registro no sistema de informação municipal. Por final, foram abordadas as temáticas do aleitamento materno e da introdução alimentar saudável. Conclusões: o PET-Saúde proporcionou o desenvolvimento de parcerias entre a prefeitura de Betim, a PUC Minas e o MEC para o desenvolvimento do projeto, que não só aprimora a qualidade dos dados no SISVAN, mas também capacita os profissionais de saúde e a comunidade para adotar práticas alimentares saudáveis para as crianças, refletindo em melhorias significativas na saúde pública.
A INVISIBILIDADE DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADULTOS E IDOSOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Pôster
Oliveira, T.N.1, Silva, E.M.1, Costa, R.N.L.2, Oliveira, A.S.D.1, Franco, A.S.1, Trevisani, J.J.D.1, Bem-Lignani, J.1, Silva, C.V.C.1
1 UERJ
2 SMS/RJ
OBJETIVO:
Analisar os resultados do diagnóstico nutricional de adultos e idosos a partir da demanda de consultas ambulatoriais realizadas em uma Clínica da Família do município do Rio de Janeiro (RJ).
MÉTODO:
Trata-se de um estudo quantitativo descritivo dos atendimentos da população maior de 20 anos de uma Clínica da Família, da AP 3.2 do município do RJ de janeiro a março de 2024. Na base de dados do SIA/SUS foram extraídos dados referentes ao número total de atendimentos ambulatoriais e no SISVAN Web as informações sobre estado nutricional referentes à mesma unidade de saúde. As prevalências do estado nutricional foram analisadas segundo índice de massa corporal (IMC) por sexo, raça/cor.
RESULTADOS:
Foram estimadas 6.886 consultas na população adulta e idosa nesse período, sendo observada baixa cobertura do diagnóstico nutricional (25,3%) dos atendimentos. A obesidade atingiu 40,5% das mulheres, sendo superior que em homens adultos (40,5%). Entre os idosos, o excesso de peso em homens e mulheres foi elevado (49,2% e 54,0% respectivamente); idosas negras apresentaram maior déficit de peso que idosas brancas (31,9% e 3,8% respectivamente).
CONCLUSÃO:
Os resultados refletem a baixa cobertura do SISVAN nos serviços, que carecem da efetiva implementação da vigilância alimentar nutricional (VAN) como elemento das rotinas do cuidado e da adoção de estratégias de qualificação da mesma no serviço.
A QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO DE UMA SUBAMOSTRA DA COORTE NUTRINET-BRASIL
Pôster
SOUZA, T.N.1, FRADE, E. O. S.1, LOUZADA, M. L. C.1
1 Faculdade de Saúde Pública
Introdução: O Índice de Qualidade da Alimentação Brasileira (IQAB) foi desenvolvido segundo as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira. O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade da alimentação de uma subamostra da coorte NutriNet-Brasil usando o IQAB.
Metodologia:
O IQAB varia de 0 a 100 pontos e possui dez componentes divididos em três dimensões (consuma, limite e evite). A maioria dos componentes são avaliados pela densidade calórica (% kcal). O IQAB foi aplicado em uma subamostra da coorte NutriNet-Brasil, em dados coletados através do Questionário de Frequência Alimentar Nova (QFA-Nova). O QFA-Nova avalia o consumo habitual alimentar segundo o processamento industrial. A subamostra inclui 409 brasileiros, de ambos os sexos, entre 19 e 78 anos, de todas as regiões. Foi estimada a média e erro padrão (EP) do IQAB e seus respectivos componentes.
Resultados: A média do índice na subamostra foi de 62,9 (EP 0,5), variando de 31,5 a 91,8 pontos, com mediana de 63,0. Não houve diferença significativa entre sexo, foi maior entre pessoas com mais de 51 anos (65,2 EP 0,9), menor entre moradores da região Sul (61,2, EP 1,12) se comparado com a Nordeste (64,5, EP 0,9), e menor entre pessoas que completaram o ensino médio (59,4, EP 1,9).
Conclusão: A amostra apresenta um consumo próximo do adequado para alimentos ultraprocessados e frutas. O índice apresenta variação de acordo com idade, região e escolaridade. Por outro lado, teve um consumo inadequado de sal de cozinha.
A RELAÇÃO ENTRE AMBIENTE ALIMENTAR DOMICILIAR DE ADOLESCENTES E INSEGURANÇA ALIMENTAR
Pôster
Rodrigues, C.B.1, Pereira, R.A.1
1 UFRJ
Explorar a relação da insegurança alimentar com ambiente alimentar domiciliar (AAD). Estudo transversal realizado com adolescentes de escola pública de ensino médio (Rio de Janeiro, 2021). Questionário de avaliação das dimensões do ambiente alimentar domiciliar e a escala de insegurança alimentar foram completados pelos participantes. O AAD foi avaliado considerando pontuações atribuídas às dimensões: “práticas alimentares familiares – PAF”, “disponibilidade de alimentos frescos e grãos integrais – AFGI”, “disponibilidade de alimentos não-saudáveis – ANS”, “disponibilidade de equipamentos de preparo/conservação de alimentos – EPCA”, “acessibilidade a frutas e vegetais – AFLV”, “condutas motivadoras parentais – CM” e “condutas controladoras e vigilantes parentais – CCV”. Escores mais elevados indicam ambientes mais favoráveis à alimentação saudável. A insegurança alimentar foi categorizada em “grave/moderada – IAGM”, “leve – IAL” e “segurança alimentar – SA”. Foram estimadas as médias (desvios-padrão) dos escores e o teste de Kruskall-Wallis (p<0,05) foi aplicado para compará-las entre as categorias de insegurança alimentar. Foram avaliados 501 estudantes de 14 a 19 anos (média=17 anos), sendo 51% meninas. Foram estimadas médias mais elevadas para os adolescentes em SA comparados aos em IL e IAGM: PAF (9,54 vs 8,26 vs 7,76, p=0,02); AFGI (4,50 vs 4,14 vs 3,76, p<0,001); ECPA (4,89 vs 4,44 vs 3,98, p<0,001); AFLV (8,21 vs 6,46 vs 5,81, p<0,001); CM (6,62 vs 5,91 vs 5,53, p<0,001). Para ANS a pontuação média foi menor para a SA do que para IL e IAGM (2,57 vs 2,98 vs 3,76, p<0,001). Não foram observadas diferenças para CCV. Adolescentes em segurança alimentar descreveram AAD mais favoráveis à alimentação saudável que suas contrapartes.
ACEITABILIDADE DE UM SAL HIPOSSÓDICO COM ESPECIARIAS POR CRIANÇAS COM EXCESSO DE PESO
Pôster
Silva, P. R.1, Brandão, J. M.1, Cunha, D. B.1, R, Sichieri.1
1 UERJ
Objetivos: Testar a aceitabilidade de um sal hipossódico com especiarias anti-inflamatórias para redução da pressão arterial e descrever as características pessoais conforme aceitabilidade do sal.
Métodos: As famílias receberam um sal hipossódico composto por 25% de KCl e 10% de especiarias (cúrcuma, manjericão, alecrim, orégano e hortelã). Especiarias foram usadas para aumentar a aceitabilidade do sal. Orientou-se utilizar o sal nas refeições preparadas em casa por um 1 mês. O teste de aceitabilidade foi realizado com a escala hedônica, com as categorias: “Não gostei”, “Indiferente” e “Gostei”. As frequências de aceitabilidade foram estratificadas por sexo, idade, estado nutricional e grau de escolaridade do responsável.
Resultados: Entre as 89 crianças avaliadas, 77,5% relataram gostar do sal. Apenas 6,7% delas não gostaram e 15,7% delas foram indiferentes. No geral, as meninas (83,3%) gostaram mais do que os meninos (70,7%). O sal teve boa aceitabilidade nas 3 categorias do estado nutricional, dentre eles crianças com sobrepeso lideraram a aprovação com 87%. Em seguida, vieram crianças com obesidade, com 78% de aprovação, e as crianças com obesidade grave, com 74%. Entre crianças de familiar com ensino médio completo, 78,1% gostaram, e das crianças que tinham familiares com ensino superior e ensino médio completo 75% gostaram. Só 7,9% tinham ensino médio incompleto ou não estudaram.
Conclusão: A aceitabilidade pelas crianças foi muito boa e dado que a família participou infere-se que entre os adultos também houve boa aceitabilidade, mas estudos em adultos e idosos devem ser conduzidos.
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NA GRAVIDEZ E O GANHO DE PESO SEGUNDO NOVAS CURVAS BRASILEIRAS
Pôster
Carreira, N.P.1, da Roza, D. L.1, de Lima, M. C.1, Chaves, A. V. L.1, Sartorelli, D. S.1, Crivellenti, L. C.1
1 USP
Objetivo: Avaliar a efetividade de um aconselhamento nutricional no ganho de peso gestacional, segundo as novas curvas para gestantes brasileiras, entre mulheres adultas com sobrepeso. Métodos: Análise de dados de um ensaio clínico realizado entre gestantes assistidas no sistema público de saúde do município de Ribeirão Preto, SP, entre 2018 e 2021. Foram incluídas mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional entre 25 e 29 kg/m² e idade gestacional de no máximo 15 semanas e 6 dias. As participantes foram sorteadas no grupo intervenção (GI) ou grupo controle (GC). Todas receberam o atendimento habitual de pré-natal. Mulheres do GI participaram de sessões de aconselhamento nutricional com orientações sobre o ganho de peso gestacional (GPG) adequado, alimentação saudável com base na classificação dos alimentos Nova e prática de atividades físicas. As novas curvas para gestantes brasileiras foram empregadas na avaliação do GPG. Foram classificadas com GPG excessivo as gestantes com percentil > 27, insuficiente com percentil < 18 e adequado aquelas entre os percentis 18 e 27. A efetividade do aconselhamento no GPG foi avaliada utilizando modelos de regressão logística ajustados. Resultados: Mulheres do GI apresentaram uma menor média de GPG comparadas ao GC; porém, sem significância estatística (8,68kg vs. 9,62kg, p= 0,08). Nos modelos de regressão logística ajustados, observou-se maior chance de mulheres com GPG insuficiente no GI comparado ao GC (OR: 3,29; IC95%: 1,23; 8,82; p= 0,02). Conclusão: As gestantes que receberam o aconselhamento nutricional apresentaram maior chance de GPG insuficiente.
ADESÃO À DIETA PLANETÁRIA ENTRE CRIANÇAS EM TRATAMENTO PARA OBESIDADE INFANTIL
Pôster
ASSIS, Marcia Thamyres Paulino de1, BRANDÃO, Joana Maia1, SICHIERI, Rosely1, CUNHA, Diana Barbosa1
1 UERJ
Objetivos: Avaliar a adesão à Dieta Planetária Saudável (DPS) em crianças com excesso de peso.
Métodos: A amostra é composta por crianças com excesso de peso entre 7 e 12 anos que participaram de um ensaio clínico randomizado para tratamento da obesidade infantil baseada da DPS. Os grupos controle (GC) e intervenção (GI) participaram de 6 consultas mensais com nutricionista. O GI recebeu orientações e metas propostas com base na DPS, enquanto o GC recebeu orientações gerais sobre alimentação saudável. Aplicou-se questionário de frequência alimentar qualitativo com 61 alimentos, que foram divididos em 12 grupos que compõem o Índice da DPS: Castanhas e amendoim, Leguminosas, Legumes, Vegetais folhosos, Cereais integrais, Ovos, Peixes e frutos do mar, Tubérculos, Laticínios, Carne Vermelha, Frango e Frutas. As médias de frequência de consumo diário foram comparadas entre os grupos, antes e depois da intervenção por meio do teste T pareado.
Resultados: No grupo intervenção, houve mudanças estatisticamente significativas na frequência diária de castanhas e amendoim (+0,07x/dia; p-valor=0,05) e na frequência diária de laticínios (-0,85x/dia – p-valor=0,04). No grupo controle não houve nenhuma mudança estatisticamente significativa.
Conclusão: As crianças que receberam orientações baseadas na dieta planetária saudável passaram a consumir mais oleaginosas e reduziram o consumo de laticínios.
AGENDA 2030 EM SÃO PAULO: INDICADORES NUTRICIONAIS CONVERGEM COM METAS ACORDADAS NOS ODS?
Pôster
Wenzel, D1, Conde, WL2, Assis, JL2, Venancio, I2, Figueiredo, K2
1 SMS/PMSP
2 FSP/USP
Objetivo: Avaliar o progresso dos indicadores nutricionais rumo às metas acordadas na agenda 2030 para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no município de São Paulo. Métodos: foi analisada a base de crianças menores de cinco anos, atendidas nas UBS, no período de 2019 a 2023. O estado nutricional foi classificado pela comparação entre as medidas antropométricas e as curvas internacionais de crescimento da OMS e expressos em escore Z. Resultados: No período de 2019 a 2023, houve mudanças positivas em todos os índices nutricionais: de 7.7% para 7.5% no déficit de altura (DA): de 5.7% para 4.2% no déficit de peso (DP); de 9.5% para 9.3% no excesso de peso (EP) e aumento de 45,9% para 53,0% no aleitamento materno exclusivo (AME). A estimativa dos valores para os anos subsequentes indica média anual de variação de +1% ao ano, atingindo 7.8% para DA e de 0,95% ao ano para DP, atingindo 1.87%, em 2030. Nos casos do EP e do AME, a variação anual e prevalência em 2030 foram, respectivamente, 0.99% e 8.6% e +1.01% e 59.0%. Conclusão: Até o momento, os indicadores avaliados apresentaram sentido positivo sem projetar, ainda, o cumprimento do valor das metas acordadas. Será necessário ressaltar a importância das políticas públicas - o que implicará em intensificar o seu planejamento e ações intra e intersetoriais - e monitoramento anual da aceleração da tendência de variação dos indicadores para permitir o cumprimento das metas do ODS em São Paulo (SP).
AMBIENTE ALIMENTAR CONSTRUÍDO E NATURAL DE MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DE SÃO PAULO
Pôster
Vidal, N. A. C.1, Kimura, G. K. A.1, Martins, A. P. B.1, Borges, C. A.1, Jaime, P. C.1
1 Universidade de São Paulo
Objetivos: analisar os ambientes alimentares de municípios de pequeno porte em São Paulo. Métodos: selecionaram-se 8 municípios que aderiram ao PROTEJA e apresentaram as maiores prevalências de obesidade infantil em 2022. Para o ambiente alimentar construído, usaram-se dados de comércios alimentares do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas de 2022, classificando a saudabilidade conforme a metodologia de desertos alimentares, além de dados do ambiente escolar do Censo Escolar de 2022 e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Para o ambiente alimentar natural, utilizaram-se dados da Pesquisa Agrícola Municipal de 2022. Resultados: a categoria predominante de comércios de alimentos foram os mistos em todos os municípios (45,6% a 67,7%), com comércios saudáveis sendo menos frequentes. No ambiente escolar, a maioria das escolas aderiram ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), porém 3 municípios não compraram da agricultura familiar, enquanto os outros destinaram mais de 44,9% dos recursos para tal. Quanto à produção agrícola, os principais produtos foram cana-de-açúcar (n=6; 73.500 a 248.000 ton.) e milho (n=2; 15.939 e 16.066 ton.). A produção alimentar foi diversificada, incluindo abacate (3,125 ton.), café (4.800 ton.), limão (12.150 ton.), amendoim (750 ton.), laranja (55.447 ton.) e tomate (4.797 ton.), mas 5 municípios apresentaram baixa variedade de cultivos (2 a 5 tipos). Conclusão: embora os ambientes alimentares não favoreçam a alimentação saudável, o ambiente escolar através do PNAE é crucial para promoção da alimentação saudável na infância, sendo necessário estimular e articular a agricultura familiar para o abastecimento das escolas.
AMBIENTE ALIMENTAR DE ESCOLAS PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE NITERÓI, RIO DE JANEIRO
Pôster
Santos, J.S.G1, NEVES, R.K.A1, TAVARES, L.F2, CARDOSO, L.O1
1 ENSP/FIOCRUZ
2 UFRJ
Objetivo: Caracterizar o ambiente alimentar de escolas privadas de Niterói, Rio de Janeiro, no ano de 2022. Métodos: Estudo ecológico realizado com uma amostra de escolas privadas e teve como unidades de análises as cantinas escolares e buffers de 250 e 400 metros. Quatro indicadores de saudabilidade relacionados à disponibilidade de alimentos foram utilizados para avaliar o ambiente alimentar nas cantinas escolares. Foram contabilizadas também informações de estabelecimentos de venda de alimentos (classificados como predominantemente in natura e/ou minimamente processados; predominantemente alimentos ultraprocessados e de padrão misto) que estavam dentro dos buffers no entorno escolar. Foram obtidas informações de renda per capita dos setores censitários das escolas. Resultados: As cantinas apresentaram, em média, uma proporção de alimentos in natura de 18,39% (IC95%: 15,54 - 21,24) e de alimentos ultraprocessados de 39,55% (IC95%: 35,52 - 43,58). A razão entre a disponibilidade de alimentos ultraprocessados e alimentos in natura e/ou minimamente processados foi de 4,0 (IC95%: 3,25 - 4,82), indicando que as cantinas vendem cerca de 4 vezes mais alimentos ultraprocessados. O Índice de saudabilidade apresentou um escore médio de 43,61 (IC95%: 41,30 - 45,90). No entorno escolar, os estabelecimentos de padrão misto e os que vendem alimentos ultraprocessados foram os mais frequentes em setores censitários de maior renda, com maior predominância de lanchonetes e restaurantes. Conclusão: Os achados indicam uma preocupante disponibilidade de alimentos ultraprocessados nas cantinas escolares e no entorno das escolas, o que pode ter um impacto significativo no consumo alimentar e nas condições de saúde dos escolares.
AMBIENTE ALIMENTAR DO VAREJO NO ENTORNO DE ESPAÇOS FREQUENTADOS POR CRIANÇAS EM MACEIÓ, AL
Pôster
Vidal, N. A. C.1, Aragão, L. S.1, Bastos, E. C. L.1, Costa, G. M. A.1, Silveira, J. A. C.2
1 Universidade Federal de Alagoas
2 Universidade Federal do Paraná
Objetivos: caracterizar o ambiente alimentar do varejo no entorno de espaços frequentados por crianças em Maceió, Alagoas. Métodos: realizou-se uma auditoria nos comércios de alimentos localizados no entorno de 400 metros de unidades de saúde e centros de ensino infantil, os georreferenciando e aplicando o instrumento Nutrition Environment Measurement Survey for Stores. Os comércios foram categorizados em saudáveis, mistos e ultraprocessados de acordo com a metodologia de desertos alimentares. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e espaciais no software QGIS 3.34. Resultados: foram auditados 2799 varejistas de alimentos na cidade, sendo predominantes os comércios ultraprocessados (n=1396; 49,9%), incluindo as mercearias (n=693) e comércios de doces (n=315). Apesar dos comércios saudáveis serem o segundo mais frequentes (n=956; 34,1%), concentram um quarto de seus estabelecimentos em três feiras livres/mercados públicos da cidade. Em territórios com poucas alternativas de comércios saudáveis, encontram-se os comércios mistos (n= 447; 16,0%), onde a partir do estimador de densidade de Kernel apresentam picos de concentração em todos os bairros da cidade. No entanto, apesar desses comércios também ofertarem alimentos in natura, são estabelecimentos com alta presença de estímulos de marketing para aquisição de ultraprocessados. Conclusão: o ambiente alimentar de Maceió possui maior quantidade de comércios que ofertam alimentação não saudável, sendo necessário além do estímulo aos comércios saudáveis como as feiras livres, estratégias de mitigação da oferta de ultraprocessados nos comércios mistos para estimular escolhas alimentares mais saudáveis.
AMBIENTE ALIMENTAR DOMÉSTICO E CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS EM ADOLESCENTES
Pôster
SAMPAIO, G. R.1, RODRIGUES, P. R. M.1, MURARO, A. P.1
1 UFMT
Objetivo: Estimar a associação entre a disponibilidade de alimentos ultraprocessados no ambiente alimentar doméstico e o consumo desses alimentos em adolescentes brasileiros.
Métodos: Estudo transversal com amostra nacionalmente representativa de adolescentes brasileiros de 10 a 19 anos de idade (N= 8.475). O ambiente alimentar doméstico foi estimado com dados de disponibilidade domiciliar da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017/2018. O consumo alimentar individual foi obtido com dados do Inquérito Nacional de Alimentação de 2017/2018, com aplicação de recordatório de 24 horas. Foram analisados sete grupos de alimentos ultraprocessados, tanto para o ambiente alimentar doméstico quanto para o consumo individual, sendo, para as análises, dicotomizados em sim/não. A associação entre o ambiente alimentar doméstico e o consumo alimentar foi avaliada por modelos de regressão logística, obtendo-se a Odds Ratio (OR) e intervalo de confiança de 95% (IC95%), ajustados pelo número de moradores, estrato socioeconômico das famílias e consumo energético total dos adolescentes.
Resultados: Houve associação significativa entre a disponibilidade de alimentos ultraprocessados no ambiente alimentar doméstico e o consumo dos mesmos grupos de alimentos pelos adolescentes: chips (OR: 2,2, IC95%: 1,4; 3,5), guloseimas (OR: 1,8, IC95%: 1,1; 2,7), doces e sobremesas (OR: 1,9, IC95%: 1,3; 2,6), bebidas com adição de açúcar (OR: 2,2, IC95%: 1,7; 2,7), fast food (OR: 2,0, IC95%: 1,5; 2,7), biscoitos (OR: 2,1, IC95%: 1,6; 2,7) e carnes processadas (OR: 1,7, IC95%: 1,4; 2,0).
Conclusão: A presença de alimentos ultraprocessados no ambiente alimentar doméstico foi diretamente associada ao consumo desses alimentos pelos adolescentes.
ANÁLISE DA INSEGURANÇA HÍDRICA EM DOMICÍLIOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Lima, T.F.1, Colares, A.C.G.1, Bem-Lignani, J.2, Salles-Costa, R.1
1 UFRJ
2 UERJ
Objetivos: Analisar a insegurança hídrica (IH) em domicílios, segundo as áreas de planejamento (APs) e níveis de insegurança alimentar (IA), no município do Rio de Janeiro (RJ). Métodos: Estudo transversal, de base populacional, com amostra probabilística de 2.000 domicílios que considerou a distribuição nas 5 Áreas de Planejamento (APs) do RJ. A IH foi avaliada pela Escala de Insegurança Hídrica Domiciliar (classificada em: segurança X insegurança hídrica) e a IA pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (classificada em: segurança alimentar X IA leve X IA moderada X IA grave). O teste Qui-quadrado foi calculado para comparar as diferenças nas prevalências da IH segundo as APs e os níveis de IA. As análises consideraram nível de significância de 5% e foram realizadas no software STATA 16. Resultados: Dos domicílios em IH, 55,1% estavam concentrados na AP3 (bairros da zona norte do município) e 43,7% possuíam IA moderada/grave. Dentre os domicílios em segurança hídrica, 34,7% estavam na AP3 e 73,9% em segurança alimentar. Conclusões: Os resultados sinalizam as desigualdades sociais com relação à IH dentre as APs no município do RJ. Também foi identificado que os domicílios que vivenciam a IH, em sua maioria, também estão em IA. A alta prevalência de IH e sua relação com a IA, apontam para a crise hídrica existente no município que compromete o acesso à direitos humanos, como à água e aos alimentos, havendo necessidade de diminuir tais disparidades sociais na população carioca.
ASSOCIAÇÃO DO GANHO DE PESO COM CONSUMO DE COMFORT FOOD DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
SANTOS, G. A.1, MACHADO-COELHO, G.L.L.1, MEIRELES, A. D.1, MENEZES JÚNIOR, L. A. A1
1 UFOP
Objetivo: Analisar a associação entre mudanças no consumo de alimentos do tipo comfort food durante a pandemia de covid-19 e ganho de peso em adultos.
Métodos: Inquérito domiciliar (outubro-dezembro/2020) em dois municípios de Minas Gerais (Mariana e Ouro Preto-MG), com adultos. O peso corporal autorrelatado foi avaliado no período antes da pandemia (março/2020) e durante a pandemia (out-dez/2020). Assim, calculou-se o ganho de peso [(peso durante a pandemia – peso antes da pandemia/peso antes da pandemia*100)] e classificado como clinicamente significante quando > 5%. Mudança no consumo de comfort food foi avaliada por autorrelato, e classificada em não alteraram, aumentaram ou diminuíram. Foi realizada regressão logística multivariada, ajustada para idade, sexo, cor da pele e renda.
Resultados: Dos 1589 indivíduos avaliados, a maioria era do sexo feminino (51,9%), com 35-59 anos (45,6%), preto ou pardo (67,9%) e recebiam <2 salários mínimos (45,6%). Em relação ao consumo de comfort food, 63,1% não alteraram, 20,0% aumentaram e 16,9% diminuíram o consumo durante a pandemia;17,7% dos indivíduos ganharam 5% ou mais de peso corporal. A diminuição no consumo de comfort food não foi associada com o ganho de peso (OR:1,09;95%CI:0,55-2,16). Porém, o aumento do consumo foi associado ao ganho de 5% ou mais de peso corporal (OR:2,72;95%CI:1,48-5,02).
Conclusões: O aumento no consumo de comfort food durante a pandemia esteve associado a um aumento nas chances de ter ganho de peso corporal.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A SAUDABILIDADE DE CANTINAS ESCOLARES E PRESENÇA DE PÂNTANOS ALIMENTARES
Pôster
Santos, J.S.G1, NEVES, R.K.A1, TAVARES, L.F2, CARDOSO, L.O1
1 ENSP/FIOCRUZ
2 UFRJ
Objetivo: Identificar a associação entre o índice de saudabilidade de cantinas de escolas privadas e a presença de pântanos alimentares no entorno de escolas privadas em uma metrópole brasileira.
Métodos: Estudo ecológico utilizando dados de uma amostra de 56 cantinas de escolas privadas de Niterói (Rio de Janeiro) e dados dos estabelecimentos de comercialização de alimentos da Secretaria Municipal de Niterói do ano de 2022. O índice de saudabilidade avalia a disponibilidade de alimentos in natura e a ausência de ultraprocessados nas cantinas, com pontuações mais próximas de 100 indicando maior saudabilidade. Para o cálculo de pântanos alimentares, realizou-se o somatório do número de lanchonetes, lojas de doces, bares e lojas de conveniências e, quando encontrado somatório maior ou igual a quatro estabelecimentos, o local foi classificado como pântano alimentar. A associação entre a saudabilidade das cantinas e a presença de pântanos alimentares foi analisada por regressão linear simples, tendo como variável dependente o índice de saudabilidade e como variável independente a presença de pântanos alimentares. Resultados: 49 escolas (85,9%) estavam inseridas em setores censitários classificados como pântanos alimentares. As cantinas de escolas privadas de Niterói cujo entorno é caracterizado por pântanos alimentares apresentou uma redução média de 8,9 pontos no índice de saudabilidade quando comparado com cantinas cujo entorno não é caracterizado como pântanos alimentares. Conclusão: A presença de pântanos alimentares no entorno escolar está associada a uma menor saudabilidade das cantinas, destacando a necessidade de políticas públicas para melhorar os ambientes alimentares no entorno escolar.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E EXCESSO DE PESO EM PRÉ-ESCOLARES ACOMPANHADO
Pôster
Santos, I.N1, Carneiro, L.B.V1, Castro, I.R.R2, Cardoso, L.O.3
1 UFRJ
2 UERJ
3 ENSP/FIOCRUZ
Objetivo
Investigar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e o excesso de peso em amostra representativa de crianças de seis a 59 meses acompanhadas em serviços de atenção primária no município do Rio de Janeiro.
Método
Estudo seccional realizado em 2014. O consumo alimentar foi avaliado por meio de um recordatório alimentar de 24 horas. A exposição de interesse foi a participação relativa de AUP no total de energia consumida e o desfecho foi o IMC/I classificado de forma dicotômica: excesso de peso (não e sim). Crianças com valor de escore Z de IMC/I > 2 foram consideradas com excesso de peso. Foram utilizados modelos de regressão logística múltipla ajustados por idade e sexo da criança, escolaridade e idade maternas e renda familiar para investigar essa associação. As análises foram realizadas no R.
Resultados:
Foram estudadas 527 crianças. A participação de AUP no total de energia foi de 30,47% e a prevalência de excesso de peso foi de 9,93%. A razão de chances de prevalência de excesso de peso foi de 1,17 (IC95% 0,44-3,12) para as crianças no segundo terço de consumo e de 1,32 (IC95% 0,46-3,78) para as crianças no terço de maior consumo de AUP.
Conclusão
Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre as variáveis analisadas. Estudos longitudinais com crianças nesta faixa etária são necessários para compreender o papel dos AUP no excesso de peso infantil.
ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTOS E PADRÕES ALIMENTARES EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA
Pôster
MACHADO, S.P.1, FONTENELE, C.C.A.S.1, REBOUÇAS, K.S.C.1, TABOSA, V.L.1, CARNEIRO, P.C.P.D.M.1, LIMA-VERDE, S.M.M.1
1 UECE
Objetivos: Analisar associação entre comportamentos alimentares e padrões de consumo alimentar identificados em mulheres com câncer de mama de Fortaleza-Ceará.
Métodos: Estudo transversal com 189 mulheres recém diagnosticadas com câncer de mama-CM. Análise de Componentes Principais, seguida de rotação ortogonal varimax, foi utilizada para identificar os principais padrões de consumo alimentar-PA com a média de consumo de alimentos de dois recordatórios de 24h, bem como para identificar os comportamentos alimentares-CA com os itens do Questionário Holandês de CA. Cada mulher recebeu um escore fatorial para cada CA e PA. A associação entre CA e PA foi testada por análise de regressão logística.
Resultados: A maioria das mulheres estudadas eram adultas (84,7%), raça autodeclarada parda, preta ou amarela (81,9%) e escolaridade inferior ao nível médio completo (54,5%). Foram identificados quatro PA principais, que explicaram 30,49% da variância total: cafeteria (pães, gorduras, café, ovo e doces); ultraprocessado (massas, bebidas açucaradas, laticínios, embutidos); prudente (folhosos, cereais, tubérculos, alimentos regionais e legumes) e tradicional brasileiro (arroz, feijão, bolo e frango); e três CA, que explicaram 45,4% da variância total: ingestão emocional; restrição alimentar; e ingestão externa. Após ajuste, mulheres com câncer de mama e comportamento de restrição alimentar apresentaram maior chance de aderir ao PA prudente [OR: 0,53 (0,17 - 0,90)]. Para os demais CA e PA, não foram observadas associações.
Conclusão: Foram identificados três CA (ingestão emocional; restrição alimentar; e ingestão externa) e quatro PA (cafeteria, ultraprocessado, prudente e tradicional brasileiro). Alimentação restritiva esteve associada a maior chance de aderir ao PA prudente.
ASSOCIAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO EM ALIMENTAÇÃO E A ADESÃO AO GUIA ALIMENTAR BRASILEIRO
Pôster
Gabe, K. T.1, Jaime, P. C.1
1 FSP-USP
Objetivo: Investigar a associação entre o conhecimento em alimentação segundo o nível de processamento dos alimentos e a adesão ao Guia Alimentar para a População Brasileira. Métodos: Participantes da coorte NutriNet-Brasil (n=1053) responderam a uma escala de práticas alimentares baseada no Guia (24 itens), que gera um escore de 0 a 72, e indicaram em uma escala de 1 a 10 o quão saudáveis consideram cada item em uma lista de 12 alimentos distribuídos em três níveis de processamento: in natura ou minimamente processados (g1); processados (g3); e, ultraprocessados (g4). Pontuação foi atribuída quando os itens g1 foram avaliados como mais saudáveis que os g3, e ambos como mais saudáveis que os g4. Ponderação amostral foi utilizada para aproximar a distribuição da amostra do perfil da população brasileira. A associação entre a pontuação de conhecimento e a adesão ao Guia foi testada por meio de regressão linear com ajuste para variáveis socioeconômicas e de comportamento. Resultados: A média de escore de adesão ao Guia foi 43,1 (dp=9,3) e o de conhecimento foi 5,4 (dp=1,2). No modelo bruto, para cada um ponto de aumento de conhecimento, a adesão ao Guia aumentou, em média, 0,8 pontos (p=0,002). A associação permaneceu significativa no modelo ajustado, mas o coeficiente foi reduzido para 0,6 (p=0,020). Conclusão: O maior conhecimento segundo o nível de processamento dos alimentos está associado à maior adesão ao Guia, reforçando a importância da disseminação das recomendações.
ASSOCIAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E MARCADORES DO CONSUMO ALIMENTAR EM ADULTOS BRASILEIROS
Pôster
Moreira, N. F.1, Fortini, C. S.1, Muraro, A. P.2, Rodrigues, P. R. M.2
1 UFGD
2 UFMT
Objetivo: Estimar a associação entre depressão e marcadores do consumo alimentar em adultos brasileiros.
Métodos: Estudo transversal, com adultos (N=63.782) da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. A prevalência de depressão foi avaliada com o Patient Health Questionnaire-9, utilizando ponto de corte ≥10. O consumo alimentar foi avaliado considerando o consumo regular (≥5 vezes/semana) de marcadores de alimentação saudável e não saudável e estimado um escore para qualidade da dieta através da soma da frequência semanal de consumo, variando de 0 (não consumia) a 7 (todos os dias) para os saudáveis e de 7 (não consumia) a 0 (todos os dias) para os não saudáveis. Foi estimada a prevalência de depressão e seu intervalo de confiança de 95% de acordo com marcadores analisados, considerando o desenho do estudo e os pesos amostrais.
Resultados: A prevalência de depressão foi de 10,8%, sendo maior entre aqueles com consumo regular de suco artificial (12,1% [IC95%: 11,1;13,4] vs. 10,6% [10,1;11,0]), doces (13,3% [12,0;14,7] vs. 10,3% [9,9;10,8]), substituição do almoço por lanches (21,5% [17,8;25,6] vs. 10,5% [10,1;11,0]) e com pior qualidade da dieta (quinto 1: 13,9% [12,8;15,0] vs. quinto 5: 8,7% [7,8;9,7]). Por outro lado, a prevalência de depressão foi menor entre aqueles com consumo regular de feijão (9,7% [9,2;10,3] vs. 13,1% [12,3;13,9]) e verduras e legumes (10,2% [9,6;10,8] vs. 11,5% [10,9;12,1]). Não houve diferença significativa para frutas, suco natural e refrigerantes.
Conclusão: Houve associação direta da prevalência de depressão com os marcadores de alimentação não saudável e inversa com os marcadores de alimentação saudável.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTIGMA DO PESO INTERNALIZADO E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM MULHERES GORDA
Pôster
Flauzino, P. A.1, Duarte, I. L.1, Cavalcante, J. L. R.1, Sousa, Y. B.1, Bezerra, I. N.1
1 Universidade Estadual do Ceará
Objetivos: avaliar a associação entre o estigma do peso internalizado e comportamento alimentar em mulheres gordas da periferia do Nordeste do Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado com 172 mulheres com índice de massa corporal (IMC) superior a 25kg/m², recrutadas em Serviços de Atenção Primária à Saúde de bairros periféricos da cidade de Fortaleza, Ceará. A internalização do estigma do peso foi medida por meio da Escala de Internalização do Viés de Peso. O comportamento alimentar foi medido por meio do Questionário Holandês de Comportamento Alimentar. A análise fatorial exploratória foi utilizada para derivar os três traços do comportamento alimentar. Modelos de regressão linear foram utilizados para testar a associação entre os três traços do comportamento alimentar e o estigma internalizado do peso (variável independente), e foram desenvolvidos modelos para cada traço do comportamento alimentar ajustados por idade, renda, escolaridade, raça/cor e IMC. Resultados: A variância cumulativa entre as três características do comportamento alimentar foi igual a 52,3%. Traços emocionais e de comportamento alimentar externo foram associados ao estigma do peso internalizado em todos os modelos após ajuste (β= 0,024; IC95% = 0,014 – 0,035 e β= 0,015; IC95% = 0,004 – 0,025). Conclusão: A maior predominância do traço do comportamento alimentar emocional e externo esteve associada à maior internalização do estigma do peso. Os achados justificam o esforço para mitigar a discriminação sobre o peso e a necessidade de mais estudos na população brasileira.
ASSOCIAÇÃO ENTRE HABILIDADES CULINÁRIAS E QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO
Pôster
Rodrigues, D.1, Barbosa, G.1, Lopes, T.1, Alves, R.1, Turon.1, Fernandes, A.1
1 UFRJ
Objetivo: avaliar a relação entre grau de habilidade culinária (HC) e qualidade da alimentação em adultos do Rio de Janeiro.
Métodos: Estudo transversal realizado em 2020 com 1278 adultos (18 a 59 anos de idade; 80% mulheres) residentes no estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por questionário on-line. O Índice de Habilidades Culinárias (IHC) foi utilizado para avaliar a HC, classificada em: baixa (≤60 pontos), média (61-89,9 pontos) e elevada HC (≥90 pontos). A qualidade da dieta foi avaliada por escores estimados considerando pontuação atribuída à frequência de consumo semanal de alimentos marcadores de alimentação saudável (MAS) e não saudável (MANS). Quanto mais elevados os escores (categorizados em tercis), melhor a qualidade da dieta. O teste qui-quadrado foi aplicado para avaliar a homogeneidade da distribuição da qualidade da dieta segundo o grau de HC (p<0,05).
Resultados: A proporção de indivíduos com dieta de baixa qualidade (T1) era maior entre indivíduos com baixa HC, considerando MAS (43%) e MANS (47%) comparados aos que relataram HC média (32; 33%) e alta (ambos 36%). O inverso foi observado para dieta de qualidade elevada (T3), cujas proporções foram menores entre os que tinham baixa HC (MAS: 25%; MANS: 24%) do que entre os de HC média (29; 31%) e alta (ambos 36%) (p<0,01).
Conclusão: Indivíduos com elevada HC relataram dieta de melhor qualidade em comparação aos que tinham baixa HC. O desenvolvimento de habilidades culinárias pode ser uma estratégia eficaz para promover uma alimentação saudável.
ASSOCIAÇÃO ENTRE IMAGEM CORPORAL E DISTÚRBIOS ALIMENTARES EM UNIVERSITÁRIOS DA SAÚDE
Pôster
Paim, L. D.1, Soares, T. D.1, Olinto, M. T. A.2, Garcez, A.3
1 UFCSPA
2 UFRGS
3 UFRGS/UFCSPA
Objetivos: Investigar a associação entre (in)satisfação e percepção da imagem corporal com sintomas de distúrbios alimentares em estudantes universitários. Métodos: Estudo transversal conduzido com 534 universitários de uma instituição federal de ensino superior especializada em ciências da saúde e localizada no sul do Brasil. A presença de sintomas de distúrbios alimentares foi avaliada por meio da ferramenta de triagem SCOFF (Sick, Control, One Stone, Fat, Food) (≥2 sintomas). A (in)satisfação e percepção da imagem corporal foram avaliadas por meio de uma escala de silhuetas para adultos brasileiros. As razões de prevalência (RP) para a associação foram estimadas por regressão de Poisson, incluindo seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%. Resultados: A média de média da amostra foi de 23,3±6,2 anos (78,3% do sexo feminino). A prevalência de sintomas de distúrbios alimentares foi de 53,6% (IC95%: 49,3–57,8), enquanto as de (in)satisfação e de distorção da imagem corporal foram 64,6% (IC95%: 60,5–68,7) e 53,4% (IC95%: 49,1–57,6), respectivamente. Após ajuste, os estudantes insatisfeitos com sua imagem corporal devido ao excesso de peso tiveram uma probabilidade 2,16 vezes maior de apresentarem sintomas de distúrbios alimentares (RP=2,16; IC95%: 1,66–2,80; p<0,001). Da mesma forma, estudantes com uma percepção superestimada do tamanho corporal apresentaram uma probabilidade 35% maior para sintomas de distúrbios alimentares (RP=1,35; IC95%: 1,12–1,63; p=0,002). Conclusões: Este estudo demonstrou uma associação significativa entre imagem corporal com sintomas de distúrbios alimentares em universitários da área da saúde. Além disso, as prevalências dessas condições de saúde foram altas nesse grupo populacional.
ASSOCIAÇÃO ENTRE LOCAL DE CONSUMO E FREQUÊNCIA DE CONSUMO DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS
Pôster
Souza, A.P. A1, Vieira, F. S.T1, Fonseca, L.B1, Ferreira, M.G1
1 UFMT
Objetivo: Analisar a associação entre o local de consumo das refeições e a frequência regular de consumo de frutas, verduras e legumes entre estudantes universitários. Métodos: Estudo transversal com 685 estudantes universitários, de 16 a 25 anos de idade, participantes do Estudo Longitudinal sobre Estilo de Vida e Saúde de Estudantes Universitários - ELESEU. Dados coletados por questionário autoaplicado. A variável desfecho foi o consumo regular (≥5 vezes na semana) de frutas, legumes e verduras (FLV), e a variável independente foi o local de consumo, categorizado em: restaurante universitário e outros locais. O teste do qui-quadrado foi utilizado para estimar as associações. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Muller da Universidade Federal de Mato Grosso, sob o parecer nº 1.006.048, de 31 de março de 2015. Resultados: Do total de participantes, 76,5% e 46,3% realizam as refeições do almoço e jantar no restaurante universitário, respectivamente. Em relação ao consumo regular de FLV, observou-se que 23,9% e 59,9% dos participantes consumiam regularmente. Estudantes do sexo masculino que realizavam a refeição do almoço no restaurante universitário apresentaram maior frequência de consumo regular de legumes e verduras comparados àqueles que realizavam essa refeição em outros locais (63,4% vs 49,3%, p-valor=0,02). Entre as mulheres não foram observadas associações entre o local da refeição e o consumo regular de FLV. Conclusões: Os homens que almoçavam no restaurante universitário apresentaram maior frequência de consumo regular de legumes e verduras, em comparação com aqueles que almoçavam em outros locais.
ASSOCIAÇÃO ENTRE OBESIDADE MATERNA E DIABETES GESTACIONAL COM O MICROBIOMA DO LEITE HUMANO
Pôster
Moreira, MFS1, Bertoldi, CS2, Moraes, MVR3, Drehmer, M4
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
2 Programa de Residência Multiprofissional do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA
3 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA
4 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Objetivo: Sumarizar evidências sobre a influência da obesidade e do diabetes mellitus gestacional na variedade e/ou composição do microbioma do leite humano. Métodos: Uma revisão sistemática foi conduzida conforme as diretrizes PRISMA e registrada no PROSPERO sob o ID CRD42024540697. A busca dos estudos foi realizada nas bases MEDLINE, Web Of Science e EMBASE. Estudos observacionais, transversais, caso-controle e coorte, compostos por lactantes expostas à obesidade e/ou diabetes mellitus gestacional, foram considerados elegíveis. O risco de viés foi avaliado pelo ROBINS-E. Resultados: Ao todo 1.125 estudos foram localizados e 7 destes incluídos na revisão, resultando em amostras entre 18 e 155 lactantes. A classificação "muito alto risco" de viés foi identificada em todos estudos incluídos. A exposição ao diabetes mellitus gestacional e, principalmente, à obesidade materna, associaram-se a alterações na variedade e/ou composição do microbioma do leite humano. Lactantes expostas à obesidade apresentam em seu leite maior prevalência do gênero Staphylococcus e menor prevalência do gênero Bifidobacterium, enquanto as lactantes expostas ao diabetes mellitus gestacional demonstram uma maior prevalência dos gêneros Gemella e Prevotella, além do Staphylococcus. Os achados referentes à maior ou menor prevalência de filos bacterianos foram inconclusivos. Conclusão: A exposição ao diabetes mellitus gestacional e à obesidade materna associaram-se a alterações na variedade e/ou composição do microbioma do leite humano. Entretanto, estes achados são provenientes de estudos com muito alto risco de viés, devido às diferentes técnicas de análise e coleta do leite humano e pela ausência de informações sobre fatores confundidores.
ASSOCIAÇÃO ENTRE PADRÕES ALIMENTARES E A ADIÇÃO DE AÇÚCAR E ADOÇANTE NO BRASIL.
Pôster
Mastrangelo, M.E.M.T.1, Santos, J.E.M.2, Araujo, M.C.3, Castro, M.B.T.1
1 UFRJ
2 INCA
3 ENSP, Fiocruz
Objetivo: Avaliar a associação entre padrões alimentares e a adição de açúcar e adoçante na população brasileira. Métodos: Foram analisados todos os indivíduos investigados no segundo Inquérito Nacional de Alimentação 2017-2018 que reportaram o consumo alimentar no primeiro dia do recordatório de 24 horas (n=46.164). Os alimentos reportados foram classificados em vinte e seis grupos alimentares de acordo com características nutricionais semelhantes. Os padrões alimentares foram identificados por meio da análise de componentes principais a partir de uma matriz de correlação que levou em consideração o fator de expansão e os pesos amostrais. Aplicou-se modelos de regressão linear para analisar a associação entre os padrões alimentares e a adição de açúcar e adoçante. Resultados: Foram identificados três padrões alimentares: i) padrão café com leite; padrão arroz e feijão; e iii) padrão lanches e bebidas açucaradas. Exceto pelo padrão tradicional, os padrões café com leite e lanches e bebidas açucaradas apresentaram doces e bolos em seus grupos, respectivamente. O padrão lanches e bebidas açucaradas também obteve elevadas cargas negativas de frutas e hortaliças. A adição de açúcar foi inversamente associada aos padrões tradicional (β= -1,11; p<0.01) e lanches (β=-1,33; p<0.01). Enquanto a adição de adoçante foi associada ao padrão misto (β=2,64; p<0.01) e ao padrão tradicional (β=0,58; p=0.04). Conclusão: A adição de açúcar foi inversamente associada aos padrões com grupos de alimentos com elevados teores de açúcares. Levantando-se aqui a hipótese de uma compensação para o uso de adoçantes em padrões em relação à adição de açúcares.
ASSOCIAÇÃO ENTRE POBREZA ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE MENORES DE 2 ANOS - SISVAN 2019
Pôster
Moreira, L. M.1, Cursino, G. N.1, Oliveira, N. T.1, Salvatte, K.S.1, SOUSA, J.T.A.1, FARIAS, D.R.1
1 UFRJ
Objetivos: Estimar a associação da pobreza alimentar moderada (PAM) e grave (PAG) com o estado nutricional antropométrico de crianças <2 anos. Métodos: Análise dos microdados de 86.709 crianças registradas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) em 2019. Foram avaliados marcadores de consumo alimentar (10-11 meses) e peso e comprimento (12-23 meses). Foram classificadas em diversidade alimentar mínima (Organização Mundial da Saúde/Unicef) crianças que tinham consumo ≥ 5 grupos de alimentos entre os 8 avaliados: (1) leite materno, (2) cereais, (3) frutas e vegetais ricos e vitamina A, (4) carnes, (5) ovos, (6) leguminosas, (7) outras frutas e vegetais, (8) leite e derivados. Foram classificadas em PAM consumo de 3-4 grupos e pobreza alimentar grave (PAG) consumo ≤ 2 grupos. Foram calculados e classificados os escores-Z (OMS) do IMC-para-idade (IMC/I) e comprimento-para-idade (C/I). As análises incluíram modelos de regressão multinomial (IMC/I) e Poisson (C/I). Resultados: A prevalência de DAM foi de 84,2%, 11,4% de PAM e 4,4% de PAG. Crianças em PAG apresentaram maior razão de prevalência para excesso de peso (RP= 1,4; p=0,001) e maior chance de baixo comprimento para idade (OR= 1,6; p= <0,001), comparadas às em DAM. Crianças em PAM apresentaram maior chance de baixo comprimento para idade (OR= 1,4; p= 0,001) comparadas às em DAM. Conclusões: Foi observado 15% de pobreza alimentar moderada amostra. A pobreza alimentar se associou ao excesso de peso e baixo comprimento para idade, reforçando a importância da introdução alimentar diversificada para a redução de diferentes formas de má nutrição.
ATIVIDADE FÍSICA E FATORES ASSOCIADOS EM BRUMADINHO, APÓS ROMPIMENTO DA BARRAGEM
Pôster
Nascimento-Souza, M.A1, Silva, M.L.L1, Peixoto, S.V2
1 Instituto René Rachou (Fiocruz Minas)
2 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Objetivo: avaliar a prevalência da prática suficiente de atividade física entre adultos participantes do Projeto Saúde Brumadinho (PSB) e os fatores associados a essa prática.
Métodos: estudo transversal realizado a partir dos dados da linha de base do PSB, que foi conduzida no ano de 2021 e incluiu 2.679 indivíduos com 18 anos ou mais. A prática suficiente de atividade física foi avaliada a partir da versão reduzida do International Physical Activity Questionnaire, considerando pelo menos 150 minutos de atividades semanais em todos os domínios. As variáveis exploratórias foram sexo, faixa etária, escolaridade, cor da pele autorreferida e área de residência de acordo com o rompimento da barragem (não atingidos diretamente, diretamente atingidos e residentes em área de mineração). A associação entre as variáveis exploratórias e o desfecho foi avaliada pela regressão logística.
Resultados: a prevalência de atividade física suficiente foi de 69,7% (IC95% 66,8–72,5). Menor chance desse desfecho foi encontrada nos participantes com idade entre 25 e 39 anos (OR ajustado= 0,53; IC95% 0,32-0,89) e nos residentes em áreas que foram diretamente atingidas pelo rompimento da barragem (OR ajustado= 0,44; IC95% 0,35–0,55). Por outro lado, aqueles com ensino médio ou mais apresentaram maior chance de prática suficiente de atividade física (OR ajustado= 1,64; IC95% 1,07–2,51).
Conclusões: os resultados permitem caracterizar grupos mais vulneráveis o que pode contribuir para o planejamento de ações de promoção da saúde, sobretudo entre aqueles que foram vítimas de desastres.
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE ALIMENTAR ORGANIZACIONAL: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Pôster
Azevedo, A.B.C.1, Albuquerque, F.1, Curioni, C. C.1, Bandoni, D. H.2, Espinoza, P. G.3, Canella, D. S.1
1 UERJ
2 Unifesp
3 Universidad de Chile
Objetivos: Sistematizar evidências sobre instrumentos para avaliação do ambiente alimentar organizacional no qual adultos estão inseridos e as dimensões avaliadas por eles.
Métodos: Foi realizada revisão de escopo com foco em locais de trabalho, com protocolo publicado anteriormente (DOI 10.1136/bmjopen-2023-077307). As bases de dados: PubMed, Embase, Web of Science, PsycINFO, Scopus e Google Scholar foram utilizadas. A revisão incluiu estudos publicados a partir de janeiro de 2005, ano de publicação do modelo de Glanz et al. (2005). Nenhuma restrição de idioma foi aplicada. Para análise dos dados, foi utilizado o modelo conceitual de Castro e Canella (2022).
Resultados: Após a remoção das duplicatas, restaram 996 artigos, 104 foram pré-selecionados pelo título e resumo. 65 artigos foram selecionados após leitura do texto completo. Dos artigos originais, a maioria era dos Estados Unidos (33,9%) e do Brasil (14,3%), entretanto encontramos estudos de 16 países. 58,9% foram realizados em universidades, 21,4% locais de trabalho e 19,6% hospitais/unidades de saúde. 35 instrumentos foram identificados: 8 eram variações do Nutrition Environment Measures Survey (NEMS), 3 adaptações de versões do NEMS e 24 instrumentos originais. As dimensões mais avaliadas foram: disponibilidade de alimentos/bebidas nos espaços e de estabelecimentos, sendo avaliadas por 80% e 71,4% dos instrumentos, respectivamente. As dimensões acessibilidade financeira, qualidade e promoção foram avaliadas por 68,6% dos instrumentos.
Conclusões: Uma parte considerável dos instrumentos não foi desenvolvida para o ambiente organizacional e nenhum considerou todos os componentes e dimensões propostos no modelo utilizado na análise. Os instrumentos avaliam principalmente disponibilidade de alimentos/bebidas nos espaços.
AVALIAÇÃO DO GANHO PONDERAL EM GESTANTES DA COORTE NISAMI
Pôster
Lima, L.B.1, Souza, E.S.1, Oliveira, C.A.1, Campos, R.O.1, Bacelar, A.Y.S.1, Soares, A.C.M2, Lisboa, C.S.1, Rocha, J.V.3, Santos, D.B.1, Santana, J.M.1, Silva, C.S.4, Silva, M. C5
1 UFRB
2 UEFS
3 UESB
4 UFRB/UEFS
5 UESB/UEFS
Objetivo: analisar o ganho ponderal e perfil socioeconômico de gestantes acompanhadas na Atenção Primária à Saúde de um município do Recôncavo da Bahia. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com 294 gestantes do serviço de assistência pré-natal em Unidades de Saúde da Família do município de Santo Antônio de Jesus. Destas, 247 pertencem ao Núcleo de Investigação em Saúde Materno Infantil e 47 gestantes foram captadas pelo projeto Vênus “Proposta de um modelo de cuidado centrado na mulher e seus desfechos perinatais”. As participantes responderam um questionário padronizado, contendo informações socioeconômicas, de saúde e estilo de vida e foram aferidos peso e estatura nos três trimestres gestacionais. Resultados: A média de idade foi 26 anos (DP: 6,02). O perfil socioeconômico indicou que a maioria são casadas ou residem com o companheiro (50,7%), possuem renda familiar de até dois salários mínimos (73,2%) e se autodeclaram pretas ou pardas (85%). Quanto à prática de atividade física, observou-se expressiva prevalência de sedentarismo (61,6%). Quanto ao ganho de peso total na gestação, encontrou-se média de 12,08 Kg (DP: 5,54), sendo o mínimo -3 Kg e o máximo de 26 Kg. Conclusão: Esta pesquisa indica que, apesar da média de ganho ponderal encontrada está entre os intervalos de adequação, apresenta variações que categorizam em ganho excessivo ou insuficiente de peso, sendo estes considerados fatores de risco para a saúde materna e fetal, visto que, associa-se às Doenças Crônicas Não Transmissíveis e possui impactos no desenvolvimento cognitivo da criança.
CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ALIMENTAR COMUNITÁRIO DE FORTALEZA-CEARÁ, 2019
Pôster
Oliveira, B. B. R.1, Honório, O. S.2, Mendes, L. L.3, Coelho, C. G.3, Araújo, L. F.1
1 UFC
2 UFOP
3 UFMG
Objetivos: Caracterizar o ambiente alimentar comunitário de Fortaleza-Ceará em 2019. Métodos: Estudo ecológico exploratório do ambiente alimentar da cidade de Fortaleza. As unidades de análise utilizadas foram os setores censitários (n=3.007). Os estabelecimentos que vendem ou comercializam alimentos, cujas informações foram obtidas através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza, foram categorizados em: in natura ou minimamente processados, mistos e ultraprocessados - segundo a classificação NOVA (BRASIL, 2014) e a proposta da CAISAN (2018). A análise descritiva foi realizada por meio de médias e desvio padrão ( DP) e a análise de autocorrelação espacial foi realizada através do Índice de Moran local univariado. Resultados: Considerando o número de estabelecimentos por setor censitário, a maior média de estabelecimentos foi na categoria mistos 1,04 (1,70), seguida da categoria in natura ou minimamente processados 0,56 ( 1,07) e ultraprocessados 0,44 ( 0,89). Observou-se uma autocorrelação positiva ou direta em todas as associações espaciais (iMoran 0,068 in natura; 0,113 mistos; 0,102 ultraprocessados) indicando conglomerados espaciais com padrão de similaridade na vizinhança. Os estabelecimentos in natura ou minimamente processados e mistos formaram clusters alto-alto com maior concentração tanto nas áreas litorâneas como nas áreas mais periféricas da cidade, já os ultraprocessados apenas nas áreas litorâneas da cidade. Conclusões: A caracterização do ambiente alimentar comunitário de Fortaleza possibilitou identificar as áreas e populações mais expostas e propensas a uma alimentação menos saudável a partir da distribuição espacial das categorias de estabelecimentos que vendem ou comercializam determinados tipos de alimentos.
CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE BRASILEIROS EM USO DE DIETAS: INA 2017-2018
Pôster
BORTOLOT, B. S.1, ARAUJO, M. C.2, VERLY JR, E.1
1 IMS Hésio Cordeiro/UERJ
2 Ensp/Fiocruz
Objetivos: Comparar o consumo alimentar de brasileiros em uso de dietas para diabetes e hipertensão.
Métodos: Foram utilizados dados de 46.164 indivíduos (≥10 anos) do Inquérito Nacional de Alimentação 2017/2018. Uso de dietas para diabetes e pressão alta foi avaliado por questionário estruturado. O consumo alimentar foi obtido por recordatório de 24h e sete grupos de alimentos foram definidos. As médias de consumo foram estimadas usando modelos de regressão de duas partes, considerando o desenho amostral e fatores de expansão.
Resultados: A ingestão de frutas, hortaliças e cereais integrais foi significativamente maior entre os que relataram fazer dieta somente para diabetes ((97,2g; IC95% 86,3-109,6; 104,9g [98,3-111,9]; 26,7g [22,1-32,4], respectivamente) comparado aos que relataram não fazer dieta (57,3g [56,3-58,4]; 84,2g [83,4-84,9]; 9,0g [8,7-9,3], respectivamente). Entre os que faziam dieta somente para hipertensão, o consumo foi significativamente maior para frutas (74,1g [65,6-83,7]) e cereais integrais (13,8g [10,9-17,6]). Já o consumo de carne vermelha e embutidos, bebidas açucaradas e salgados (biscoitos e lanches) foi significativamente menor tanto entre os que relataram fazer dieta somente para diabetes (75,0g [68,6-81,9]; 51,5g [41,9-63,3]; 56,7g [50,4-63,9], respectivamente) quanto para hipertensão (64,0g [58,9-69,6]; 79,5g [66,7-94,7]; 65,8g [59,4-73,0], respectivamente), comparado aos que não faziam dieta (98,3g [97,2-99,3]; 180,9g [177,3-184,6]; 81,4g [80,2-82,5], respectivamente).
Conclusões: Realizar dietas para diabetes e hipertensão associou-se positivamente ao consumo de alimentos marcadores de alimentação saudável e inversamente aos não saudáveis.
CIDADE DE SÃO PAULO: NUTRIÇÃO DE CRIANÇAS E SEU REFLEXO NA DESIGUALDADE SOCIAL
Pôster
Wenzel, D1, Afonso, RA1, Zucoloto, AD1
1 SMS/PMSP
Objetivo: descrever o cenário nutricional de crianças menores de cinco anos, atendidas na atenção primária à saúde do município de São Paulo, alinhado as metas acordadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Métodos: Foram analisadas 263.807 crianças menores de cinco anos, de um total de 1.649.283 atendimentos, no ano de 2023. O estado nutricional foi calculado pela comparação entre as medidas antropométricas, descritos em escore Z, com padrões internacionais de crescimento saudável, por meio das curvas de crescimento. As frequências foram apresentadas com intervalos de 95% de confiança. Para análise da série histórica foi considerado o período de 2019 a 2023. Resultados: Os dados correspondem a 36% de crianças residentes na cidade. Desses, 7,5% (IC95% 7,3-7,6) apresentaram déficit de altura (DA), 4,2% (IC95% 4,1-4,2) déficit de peso (DP), 9,3% (IC95% 9,2-9,4) excesso de peso (EP) e 15,5% (IC95% 15,3-15,6) apresentaram a dupla carga da malnutrição. Crianças de programas de transferência de renda apresentaram proteção maior para DA e risco aumentado para peso excessivo comparado as demais. Crianças pretas, pardas e indígenas apresentaram risco aumentado tanto para o DA, como para EP. Nos últimos cinco anos, verificou-se redução em todas as condições nutricionais, sendo, 7,7% para 7,5% no DA, 5,7% para 4,1% no DP e 9,5% para 9,3% no EP. Conclusão: a incorporação da análise nutricional na rotina das estatísticas de saúde contribui para o monitoramento da condição de saúde e segurança alimentar e nutricional, efetividade à priorização de metas, ao planejamento de políticas públicas e às ações intra e intersetoriais.
COMISSÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO SUS : DESAFIOS E POTENCIALIDADES
Pôster
Borges, D.C1, Caetano, L.C.2, Garcez, M.U.2, Souza, L.2, López, A.L.N.2, Alves, B.S.2, Dutra, E.M.S.2, Rampelotto, C2
1 UFRGS/GHC
2 GHC
O Grupo Hospitalar Conceição é atualmente a maior rede pública de hospitais do Sul do país, com quatro unidades hospitalares, doze unidades de saúde, três CAPS, uma UPA e uma escola voltada à formação de profissionais para o SUS.O objetivo do resumo é descrever como se deu a estruturação de uma comissão de segurança alimentar e nutricional (COSEAN), que tem como foco a integração das ações de alimentação e nutrição da instituição. A comissão foi organizada a partir de três grupos de trabalhos: o primeiro tem como foco o acompanhamento do Programa de Aquisição de Alimentos (principalmente no gerenciamento das ações do contrato da chamada pública de 4,4 milhões); o segundo tem como objetivo o acompanhamento dos fornecedores, através de visitas técnicas e o terceiro busca o desenvolvimento de tecnologias voltadas a educação nutricional dos trabalhadores, apresentando programas e políticas no âmbito da alimentação e ações voltadas à saúde. Como principais resultados alcançados até agora, destaca-se a atuação da comissão durante a catástrofe climática enfrentada pelo Rio Grande do Sul, no mês de maio, onde a equipe atuou na organização do abastecimento dos hospitais, trabalho direto nos abrigos e na organização das cozinhas solidárias presentes no território. Para o segundo semestre o principal objetivo é a elaboração de um curso sobre educação alimentar e nutricional para os trabalhadores, em conjunto com ações que visem a melhoria dos hábitos alimentares, como a redução do consumo de sódio e o apoio para o desenvolvimento de uma cozinha solidária.
COMO COMEM AQUELES QUE NÃO TÊM O QUE COMER?
Pôster
REICHOW, K.F.1, WENZEL, D.1, VENANCIO, I.S.1, ASSIS, J.L.P.1, CONDE, W.L.1
1 USP
O objetivo deste trabalho é descrever algumas dinâmicas alimentares e como estão associadas aos diversos níveis de IA no Brasil, que não estão diretamente incluídas na ferramenta psicométrica EBIA (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), como organização e distribuição do orçamento familiar, seleção dos alimentos de base calórica, hábitos alimentares e tipos de preparação.
Selecionamos 62.688 indivíduos da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2018) em dia alimentar típico e sem dieta. O escore da IA foi definido segundo a pontuação EBIA, classificando domicílios em 4 categorias: segurança (SA), insegurança leve (IAL), moderada (IAM) e grave (IAG).
Observa-se que o atraso de pagamentos é 2.7 vezes mais frequente entre famílias em IAG relativamente àquelas em SA. Entre famílias em IAG, os atrasos alcançam 74,1% em água/gás; 53,2% em bens/serviços e 35,3% em aluguel. Quando a diferença de renda real e necessária é negativa, os gastos alimentares aparecem como prioridade.
Na análise de preparação de alimentos, o uso de frituras alcança 36,0% das preparações entre famílias em IAG versus 27,4% entre SA. O consumo de alimentos crus atinge 16,6% das preparações entre famílias em SA contra 8,3% entre IAG.
Essas diferenças apontam a vulnerabilidade entre famílias em insegurança alimentar. O tipo de preparação alimentar usado nas refeições está diretamente associado ao nível de SA, e o enquadramento de gastos e atrasos de pagamento visam maximizar a obtenção de alimentos, em decisões ditadas pela redução do risco imediato à sobrevivência física.
COMPRA E CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO AMBIENTE ESCOLAR POR ADOLESCENTES
Pôster
Sales, M. D. S.1, Toral, N.1, Carmo, A. S.1, Vasconcellos, M.2, Gonçalves, V. S. S.1
1 Universidade de Brasília
2 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo: investigar a associação entre a compra de alimentos no ambiente escolar e o consumo de alimentos ultraprocessados por adolescentes do Distrito Federal, Brasil. Métodos: estudo transversal, realizado com adolescentes do 9° ano de escolas públicas e privadas do Distrito Federal. As variáveis foram obtidas por meio de aplicação de questionário autopreenchido e aferição de peso e estatura dos adolescentes. A análise de associação entre compra de alimentos no ambiente escolar e consumo de alimentos ultraprocessados no dia anterior foi realizada por meio da Regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: Foram avaliados 499 adolescentes, com idade média de 15,0 anos (IC95% 14,7 - 15,3). A prevalência de adolescentes que referiram consumir ao menos um alimento ultraprocessado no dia anterior foi de 95,8% (IC95% 93,7 – 97,2), e 17,8% (IC95% 14,7 – 21,4) foram classificados com excesso de peso. Na análise de associação, observou-se que entre os adolescentes de escolas privadas que costumavam comprar pelo menos um alimento ultraprocessado na cantina da escola ou no entorno com a frequência mínima de 1 vez por semana, houve maior prevalência de consumo de cinco ou mais subgrupos de alimentos ultraprocessados no dia anterior (p<0,05). Conclusões: Os resultados apontaram associação entre a compra de alimentos ultraprocessados na cantina e no entorno da escola e o maior consumo destes por adolescentes. Além disso, observou-se alta prevalência de excesso de peso e de consumo desses alimentos. Ressalta-se a importância da regulação da disponibilidade e venda de alimentos de baixa qualidade nutricional no ambiente escolar.
CONSTRUÇÃO DE BANCO DIETETICO DE MÃES DA COORTE MULTICENTRICA MILQ: RELATO DO BRASIL
Pôster
Schneider, B.C.1, Kurihayashi, A.Y.1, Figueiredo, A.C.C.2, Campos, A.D.S.1, Silva, G.T.1, Mucci, D.B.3, Kac, G.1
1 UFRJ
2 UFRJ, UNIFESO
3 UERJ, UFRJ
Objetivo: Descrever as etapas de construção do banco dietético materno no centro brasileiro do estudo multicêntrico The Mothers, Infants, and Lactation Quality (MILQ). Métodos: A coorte prospectiva MILQ, realizada no Brasil, Dinamarca, Gâmbia e Bangladesh, visa fornecer valores de referência para nutrientes no leite humano. O Brasil recrutou 428 mulheres em maternidade pública do Rio de Janeiro-RJ e aplicou dois recordatórios de 24 horas (R24h) pela técnica Multiple Pass Method no 3 trimestre de gestação (n=294) e em três momentos pós-parto: 1-3,4 (n=155); 3,5-5,9 (n=127) e 6-8,5 meses (n=91). Resultados: Os dados foram inseridos no software do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil e os arquivos .csv compilados no Stata(v.15). Checou-se dados missing (código/alimento/porção), plausibilidade do tamanho da porção e número de refeicões/dia. Dados missing de porção (11%) foram imputados por meio do método Hot Deck. Preparações culinárias foram convertidas em ingredientes e medidas caseiras em gramas. Alimentos industrializados (ex. lasanha congelada) não foram transformados em ingredientes. Calculou-se macro e micronutrientes pela Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos (TBCA). Itens alimentares sem código na TBCA (27%) foram substituídos por equivalentes. Estimou-se o consumo habitual dos nutrientes por meio da variabilidade intrapessoal pelo The Multiple Source Method. Identificou-se valores outliers pela amplitude de energia (<600/>6000kcal) (n=25) e modelo de efeito aleatório de Boone-Heinonen et al. (2019) (3DP, n=9). Conclusões: A construção do banco dietético compreendeu múltiplas etapas. O desenho longitudinal, a aplicação de dois R24h e o processo de substituições de itens sem código na TBCA aumentaram a complexidade.
CONSUMO ALIMENTAR E FATORES ASSOCIADOS EM BRUMADINHO APÓS ROMPIMENTO DA BARRAGEM
Pôster
Peixoto, S.V1
1 Instituto René Rachou (Fiocruz Minas)
Objetivo: avaliar a prevalência do consumo regular de frutas e hortaliças (FH) entre adultos participantes do Projeto Saúde Brumadinho (PSB) e os fatores associados a esse consumo.
Métodos: estudo transversal realizado a partir dos dados da linha de base do PSB, que foi conduzida no ano de 2021 e incluiu 2.794 indivíduos com 18 anos ou mais. Foram considerado como tendo um consumo regular de FH aqueles participantes que relataram consumir esses alimentos em cinco ou mais vezes na semana, independentemente da quantidade ingerida. As variáveis exploratórias foram sexo, faixa etária, escolaridade, cor da pele autorreferida e área de residência de acordo com o rompimento da barragem (não atingidos diretamente, diretamente atingidos e residentes em área de mineração). A associação entre as variáveis exploratórias e o desfecho foi avaliada pela regressão logística.
Resultados: a prevalência de consumo regular de FH foi de 32,9% (IC95% 30,0-35,9). Maior chance desse consumo foi verificada entre as mulheres (OR ajustado= 1,6; IC95% 1,2-2,0), nos participantes com idade entre 40 e 49, 50 e 50 e naqueles com 60 anos ou mais (OR ajustado= 2,0; IC95% 1,2-3,4; OR ajustado= 3,8; IC95% 2,3-6,3; OR ajustado= 6,9; IC95% 4,1-11,4, respectivamente) e nos residentes em área de mineração (OR ajustado= 1,5; IC95% 1,1-2,0).
Conclusões: menos da metade dos participantes apresentou consumo regular de FH. Características individuais e área de residência foram associadas ao consumo alimentar dos indivíduos, devendo ser consideradas nas ações de promoção da alimentação adequada e saudável.
CONSUMO ALIMENTAR E PESO CORPORAL DURANTE A COVID 19: DOCENTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Pôster
Monteiro, L.S1, Pontes, P.V1, Lourenço, A.E.P1, Wollz, L.E.B1, Sperandio, N1, Almeida, A.L.H1
1 UFRJ
Objetivo: Avaliar a relação do consumo alimentar e alteração de peso corporal, durante a Covid-19, de docentes da rede pública de ensino do município de Macaé.
Métodos: Estudo transversal, realizado em 2021 com docentes de duas escolas do ensino fundamental e duas do ensino médio de Macaé/RJ. Utilizou-se perguntas sobre alteração de peso corporal e consumo de alimentos considerados marcadores saudáveis e não saudáveis, durante a Covid-19. O perfil de peso foi avaliado segundo o Índice de Massa Corporal, considerando-se excesso de peso o IMC ≥ 25 kg/m².
Resultados: A média de idade dos 51 professores foi de 46,8 (±9,8) anos, sendo 90,2% mulheres e 80,4% com excesso de peso. Durante a Covid-19, 52,9% referiram ter aumentado o peso corporal. Ao comparar o relato de consumo com a alteração de peso, observou-se que dos docentes que aumentaram o consumo de embutidos, 80% tiveram também aumento do peso corporal na Covid-19 (p<0,01), o mesmo foi verificado para as bebidas adoçadas (75%; p=0,04) e biscoito salgado (81,8%; p=0,04). O aumento do relato de consumo dos legumes e verduras foi mais elevado entre os docentes que não apresentaram alteração de peso (61,8%; p<0,01). A diminuição do relato de consumo dos biscoitos recheados (68,4%; p<0,02) e pratos prontos industrializados (69,6%; p<0,01), foi maior entre os docentes sem alteração do peso corporal na Covid-19.
Conclusão: O aumento de consumo de alimentos não saudáveis foi relacionado ao aumento de peso corporal, enquanto o aumento de legumes e verduras a não alteração de peso durante a pandemia.
CONSUMO ALIMENTAR E QUALIDADE DE VIDA EM UNIVERSITÁRIOS: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO
Pôster
Bouzada, D.F.1, Meireles, A.L1, Barbosa, B.C.R1, Paula,W.1, Menezes-Júnior, L.A.A. de1
1 UFOP
Objetivo: Avaliar a associação entre consumo alimentar e a qualidade de vida (QV) de estudantes universitários durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo transversal multicêntrico com estudantes de graduação de oito universidades públicas. A coleta de dados foi realizada entre outubro/2021 e fevereiro/2022 por meio de questionário online. A variável desfecho QV foi avaliada pelo instrumento WHOQOL-Bref e a explicativa consumo alimentar aferida segundo grau e propósito de processamento pelo questionário de frequência alimentar (QFA). Realizou-se análise de regressão logística. As análises estatísticas foram realizadas no software Stata®, versão 15.1. Resultados: Foram avaliados 8.650 estudantes. O domínio Meio Ambiente apresentou pontuação média mais alta de 58,97 (DP=18,79) e a mais baixa o domínio Psicológico com 49,64 (DP=19,84). O escore médio do consumo alimentar foi de 19,88 (IC 95%: 19,76-19,99). A associação entre os domínios da QV e o consumo alimentar segundo o grau e o propósito do processamento apresentou que no primeiro quartil (Q1) tiveram a menor frequência de consumo de alimentos ultraprocessados e maior ingestão de alimentos in-natura/minimamente processados. Estudantes no quarto quartil (Q4) apresentaram o contrário no consumo alimentar, com a pior qualidade da dieta. Na análise ajustada, indivíduos do Q4 foram mais propensos a baixa QV em todos os domínios (Físico, Psicológico, Meio Ambiente e Relações Sociais). Conclusão: A maioria dos estudantes universitários apresentaram baixa qualidade de vida e alto consumo de AUP, além disso a QV associou-se inversamente ao alto consumo de AUP concomitante ao menor consumo de alimentos in-natura/minimamente processados para cada domínio.
CONSUMO ALIMENTAR E STATUS DE PESO DE ADOLESCENTES BRASILEIROS ENTRE 2008-2009 E 2017-2018
Pôster
BARDE, B. G. L.1, BEZERRA, I. N.2, SICHIERI, R.1
1 IMS/UERJ
2 UECE
Objetivos: Avaliar mudanças no consumo alimentar e status de peso de adolescentes brasileiros.
Métodos: Foram analisados dados do Inquéritos Nacional de Alimentação (INA) de 2008-2009 e 2017-2018, que coletaram dados de consumo alimentar, peso e altura de 7.425 adolescentes (de 10 a 19 anos) em 2008-2009 e 8.264, em 2017-2018. Os alimentos consumidos foram avaliados em 17 grupos. A prevalência das categorias de status de peso foi estimada a partir da classificação do IMC/idade/sexo.
Resultados: Nos meninos, o baixo peso aumentou de 1,8 para 3,9%; sobrepeso de 18,6 para 23,1%; obesidade tipo I de 5,4 para 10,1% e obesidade grave de 0,4 para 1,3%. Nas meninas, somente a prevalência de sobrepeso aumentou de16,3% para 22,6%. Em ambos os sexos houve redução do consumo de arroz e feijão. O consumo de feijão na faixa de renda de 0,5 salários-mínimos per capita (SM) reduziu em 20g e na faixa de maior renda (2 ou mais SM), passou de 134g para 124g. Para o arroz a variação na menor renda foi de 17g, sendo 40 g na maior renda. Na menor renda destaca-se o aumento no consumo de fast-food, que passou de 14,6g por dia para 22,8g, sendo que na maior renda a variação foi de 74 para 84g. Para os dois sexos e rendas houve redução de bebidas adoçadas com similar aumento para os sucos.
Conclusões: Na década houve redução na qualidade da alimentação e piora dos indicadores antropométricos em adolescentes brasileiros.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS POR ADOLESCENTES NO BRASIL SEGUNDO LOCAL DE CONSUMO
Pôster
Grassi, A.G.F.1, da Cruz, G.L.2, Louzada, M.L.C.2, Rauber, F.1
1 Faculdade de Medicina – Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Saúde Pública – Universidade de São Paulo
Objetivos:
Avaliar o padrão alimentar de adolescentes brasileiros de acordo com a classificação Nova e verificar como o consumo de alimentos ultraprocessados varia de acordo com o local de consumo (dentro e fora de casa).
Métodos:
Foram utilizados dados de consumo alimentar de indivíduos com idade entre 10 e 19 anos da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada em 2017-2018. Os alimentos foram identificados segundo a classificação Nova nos quatro grupos e respectivos subgrupos. Foi calculada a média do consumo diário total de calorias e a participação percentual de cada um dos grupos e subgrupos no total. O consumo alimentar foi avaliado dentro e fora de casa para todos os adolescentes e segmentado em duas faixas etárias (10-14 anos e 15-19 anos).
Resultados:
Alimentos in natura e minimamente processados representaram 48,8% das calorias ingeridas pelos adolescentes brasileiros, enquanto os alimentos ultraprocessados representaram 26,8%.
O consumo de alimentos ultraprocessados representou 25,6% das calorias ingeridas dentro de casa e 41,3% fora de casa. Destaca-se um maior consumo fora de casa de chocolate, sorvete e sobremesas industrializadas (+3,5 pontos percentuais [pp]), salgados fritos ou assados (+3,4 pp), biscoitos salgados e salgadinhos (+3,0 pp), cachorro quente, hambúrgueres e sanduíches (+2,7 pp) e refrigerantes (+2,3 pp), em relação ao consumo dentro de casa.
Conclusões:
Os adolescentes apresentaram alto consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil. A ingestão desses alimentos variou de acordo com o local de consumo, sendo consideravelmente maior fora de casa para ambas as faixas etárias.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS POR CRIANÇAS EM INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster
Rocha, L. L.1, Okano, C. Y.1, Carvalho, B. C.1, Jardim, M. Z.1, Mendes, L. L.1
1 UFMG
O consumo exacerbado de alimentos ultraprocessados (AUP) é um fator que tem sido associado à obesidade em crianças, e pode estar relacionado com o estado de segurança alimentar e nutricional (SAN) desse público. Dessa forma, o objetivo deste estudo é avaliar o consumo de AUP em crianças em situação de insegurança alimentar e nutricional (InSAN) atendidas na atenção básica, integrantes do projeto de Manejo da Obesidade Infantil realizado em Betim, Minas Gerais. Foram avaliados dados da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), categorizados em SAN e InSAN, e do consumo de AUP de 185 crianças de seis a 10 anos participantes do projeto. Foi considerado o consumo de AUP no dia anterior, quantificado por meio do questionário de consumo de alimentos ultraprocessados (QAUP), e posteriormente categorizado segundo o escore NOVA. Os dados foram coletados entre agosto e novembro de 2022. Da amostra de crianças avaliadas, 51,35% estavam em InSAN. Dentre as famílias com renda até R$ 606 e entre R$ 606 e R$ 1212, 83,33% e 92% encontravam-se em situação de InSAN (p<0,001), respectivamente. Os refrigerantes foram os AUP mais consumidos entre as crianças em SAN, em comparação com as crianças em InSAN. Desse modo, destaca-se a necessidade de ações preventivas que assegurem o Direito Humano à Alimentação Adequada às famílias em InSAN e políticas públicas eficazes que promovam a alimentação saudável e a SAN entre as famílias, auxiliando no manejo da obesidade infantil e na garantia de um desenvolvimento infantil adequado.
CONSUMO DE FRUTAS E VEGETAIS NA GESTAÇÃO E DESFECHOS NEONATAIS: EVIDÊNCIAS DO CONMAI
Pôster
Lazzeri, B.1, Sartorelli, D.S.2, Taylor, C. M.3, Emmett, P. M.3, Batalha, M. A.4, OLIVEIRA, A. C. M.5, Marco, F. M.6, MASTROENI, S. S. B. S.6, Drehmer, M.1
1 UFRGS
2 FMRP/USP
3 University of Bristol
4 UFRJ
5 UFAL
6 UNIVILLE
Objetivo: Investigar a associação entre o consumo de frutas e vegetais na gestação e o peso ao nascer e parto prematuro. Método: Estudo de coorte utilizando dois bancos de dados harmonizados pelo Consórcio Brasileiro de Nutrição Materno-Infantil (CONMAI). A alimentação de 4.110 gestantes foi avaliada por meio de marcadores de consumo alimentar (MCA), e a de 1.780 gestantes, por questionários de frequência alimentar (QFA). Nos MCA, a frequência semanal de consumo de frutas e vegetais foi recategorizada. No banco de QFA, os itens relativos a frutas e vegetais foram convertidos em equivalentes diários e somados. Modelos de regressão linear e logística foram usados para analisar a associação entre o consumo de frutas e vegetais e os desfechos. Resultados: No banco de MCA, gestantes que consumiam vegetais de 1 a 4 vezes por semana apresentaram uma redução de 36% na chance de baixo peso ao nascer (OR: 0,64; IC95% 0,42-0,99). Aqueles que consumiram vegetais 5 dias ou mais por semana tiveram uma redução de 34% (OR: 0,66; IC95% 0,44-0,99) em comparação às não consumidoras, mas esses resultados não se mantiveram após ajustes. No banco de QFA, cada aumento na frequência diária de consumo de frutas associou-se a um aumento de 29 g (IC95% 11-47; p = 0,001) no peso ao nascer no último modelo. Não houve associação significativa para outros desfechos em ambos os bancos. Conclusão: Observou-se associação entre maior consumo de frutas e um maior peso ao nascer utilizando dados do QFA.
CONSUMO DE POTÁSSIO E RELAÇÃO NA / K E SEUS FATORES ASSOCIADOS EM ADULTOS DE VITÓRIA.
Pôster
Callo-Quinte, G.1, Mill, J. G.1
1 UFES
Objetivo: Estimar o consumo de K e a relação Na/K e seus fatores associados. Métodos: Estudo transversal de dados do sub estudo da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Participaram aleatória e voluntariamente 272 adultos, de ambos os sexos, de 20 a 69 anos, domiciliados na cidade de Vitória / ES. O consumo de K em g/dia e a relação Na/K em mEq/ mEq foram os desfechos estimados a partir da excreção urinária de 24 horas. Variáveis socioeconômicas, de saúde e ambientais foram coletadas via questionário por personal treinado. Utilizamos os testes anova e regressão linear bruta e ajustada com variância robusta, adotando nível de significância estatística de 5%. O consumo médio de potássio foi de 2,9 ± 1,2 g/dia, valor inferior às recomendações (3,5g/d) em ambos os sexos. O consumo médio foi maior em homens (3,3 ± 1,3mg/d) do que em mulheres (2,6 ±7,5mg/d, p<0.05). A relação Na/K observada foi de 3,3mEq/mEq, considerada muito maior do que o recomendado pela OMS (1). Nas análises ajustadas, o maior consumo de K foi associado a mulheres obesas e o menor consumo a participantes negros, enquanto a relação Na/K observou-se positivamente associada a homens negros e negativamente associada à escolaridade dos participantes. Os desfechos estudados encontram-se fora das recomendações. Escolaridade e cor da pele, proxies de renda, foram os fatores associados ao baixo consumo de K e alta relação Na/K. Urgem medidas para atingir as recomendações, como incremento de consumo de frutas e verduras ou diminuição do consumo de sódio.
Palavras-chaves: potássio, sódio, consumo, urina 24 horas, dieta saudável.
CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS: COORTE DE NASCIMENTOS DE PELOTAS
Pôster
Oliveira, R.R.1, da Silva, E.L.C.1, Hartwig, F.P.1, Motta, J.S1, Horta, B.L.1
1 UFPel
Objetivo: Descrever o consumo de alimentos ultraprocessados de acordo com características sociodemográficas entre participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982.
Métodos: No estudo perinatal, 5.914 recém-nascidos foram incluídos. Em 2022-2023 esses participantes foram acompanhados. O consumo de alimentos no dia anterior foi avaliado por meio de uma listagem de alimentos. Foi estimado o escore do consumo de alimentos ultraprocessados, a partir da somatória de subgrupos de alimentos, variando de 0 a 21. Foi definido como alto consumo um escore maior ou igual a sete. As variáveis independentes foram: sexo, cor da pele, escolaridade e renda familiar. A análise da associação foi realizada por regressão de Poisson.
Resultados: Dos 3.086 participantes que responderam ao questionário online, 2682 responderam as questões sobre alimentação. A prevalência do alto consumo de alimentos ultraprocessados no dia anterior foi de 41% entre os participantes da coorte. Não houve modificação de efeito por sexo. Entre os homens, a prevalência de alto consumo foi 31% menor entre aqueles com maior escolaridade e 36% menor entre os pertencentes ao maior quintil de renda. Entre as mulheres, a prevalência de alto consumo foi 70% maior entre as participantes com cor da pele parda, 44% menor entre as mais com maior escolaridade e 54% menor entre aquelas pertencentes ao maior quintil de renda.
Conclusões: Mulheres com cor da pele parda foi associado ao maior consumo de alimentos ultraprocessados, enquanto que a maior escolaridade e renda foram fatores associados ao menor consumo de alimentos ultraprocessados em ambos os sexos.
CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS POR RAÇA E COR NO BRASIL, VIGITEL 2019-2023.
Pôster
Dantas, J.D.1, F, M.J.M.1, Santos, A.L.S.1, Santos, B.L.S.1, Silva, I.G.1, M.S.S.1, W,M.B.1, Silva, N.S.1, O, T.N.C.1
1 ENSP/Fiocruz
Objetivos: Investigar a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados entre diferentes categorias de raça e cor no Brasil.
Métodos: Estudo ecológico com dados do VIGITEL de 2019 a 2023, analisando a relação entre a raça/cor autodeclaradas e o consumo de alimentos ultraprocessados. Foi utilizada a Razão de Chance de Prevalência (RCP) com IC 95%.
Resultados: A prevalência de consumo variou significativamente entre as categorias de raça/cor. Para a cor amarela, a prevalência aumentou de 10,75% em 2019 para 16,61% em 2023. Entre brancos, a prevalência foi de 17,02% em 2019 e 17,12% em 2023. Na cor indígena, a prevalência variou de 19,93% em 2019 para 25,86% em 2023. Entre pardos, as prevalências foram de 19,63% em 2019 e 18,28% em 2023, e para a cor preta, de 19,94% em 2019 para 18,62% em 2023. As RCPs indicaram maior consumo em algumas categorias: em 2019, a RCP para pardos foi 1,19 (IC: 1,06-1,34), indicando que indivíduos pardos têm 1,19 vezes mais chances de consumir alimentos ultraprocessados em comparação aos brancos. Em 2020, a RCP para indígenas foi 2,03 (IC: 1,07-3,88), indicando que indígenas têm 2,03 vezes mais chances de consumir ultraprocessados em comparação aos brancos. As demais razões de chance para amarelos, indígenas (exceto 2020), pardos (exceto 2019) e pretos não foram estatisticamente significativas.
Conclusões: Disparidades no consumo de alimentos ultraprocessados foram observadas entre diferentes raça e cor no Brasil. Esses achados destacam a necessidade de políticas públicas direcionadas para reduzir o consumo de ultraprocessados e melhorar a equidade na saúde.
CONSUMO PATERNO DE ULTRAPROCESSADOS E SUA RELAÇÃO COM A COMPOSIÇÃO CORPORAL NEONATAL
Pôster
Carvalho MR1, Miranda DEGA2, Baroni NF1, Santos IS1, Carreira NP1, Crivellenti LC1, Sartorelli DS1
1 USP
2 UNAERP
OBJETIVO
Investigar a relação entre o consumo paterno de alimentos ultraprocessados (AUP) e as medidas antropométricas e adiposidade neonatal.
MÉTODOS
Estudo integrante de um ensaio clínico aleatorizado controlado conduzido entre 350 gestantes adultas com sobrepeso em atendimento pré-natal em Unidades de Saúde no município de Ribeirão Preto, SP, Brasil. Após inclusão das gestantes, seus parceiros foram convidados a participar deste estudo. Dados paternos foram obtidos por meio de um questionário estruturado. O consumo alimentar paterno foi avaliado por meio de dois inquéritos recordatórios de 24 horas obtidos em dias não consecutivos. O software Nutrition Data System for Research foi utilizado para calcular o valor energético dos alimentos. A contribuição energética (%E) de AUP foi calculada segundo a NOVA e a ingestão usual estimada pelo Multiple Source Method. As medidas antropométricas do neonato foram obtidas por protocolos padronizados e a adiposidade neonatal estimada por modelo antropométrico preditivo. Modelos de regressão linear multivariada ajustados foram empregados para investigar o efeito %E AUP na dieta paterna nas medidas antropométricas e a adiposidade dos recém-nascidos.
RESULTADOS
No total, 85 pares de pais e recém-nascidos foram incluídos. A média da ingestão energética total da dieta paterna foi de 2589 (±285) kcal e a contribuição média do %E de AUP foi de 31% (±14). Foi observado uma associação direta entre o %E de AUP e a dobra cutânea supra ilíaca (mm), independente de fatores de confusão.
CONCLUSÃO
O %E de AUP da dieta paterna foi diretamente associado com um marcador de risco de obesidade infantil.
CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS EM 38 PAÍSES
Pôster
Costa, C. S.1, Santos, T. M.1, Ferreira, L. Z.1, Hellwig, F.1, Lima, N. P.1, Barros, A. J. D.1
1 Centro Internacional de Equidade em Saúde, Universidade Federal de Pelotas.
Objetivo: Avaliar as diferenças no estado nutricional de crianças menores de 5 anos de acordo com a contaminação da água em 38 países.
Métodos: Foram utilizados dados de inquéritos nacionais de saúde (2014-2021) em 38 países de baixa (10), baixa-média (15), média-alta (12) e alta renda (1). A qualidade da água potável foi avaliada pela contagem de colônias (dicotômica: 0; 1 ou mais colônias). Os indicadores do estado nutricional foram stunting (crianças com estatura-para-idade <-2 desvios-padrão, DP) e wasting (crianças com peso-para-estatura <-2DP). Foram estimadas as razões de odds (RO) para stunting e wasting segundo a contaminação da água, estratificadas por área de residência (urbano, rural) e ajustadas para índice de riqueza do domicílio.
Resultados: O percentual de crianças que apresentaram stunting foi de 23,4% e wasting, de 5,4%. Alguma contaminação da água esteve presente nos domicílios de 69,9% das crianças. A chance de crianças menores de 5 anos apresentarem stunting foi 70% maior na presença de contaminação da água em áreas urbanas. Para áreas rurais, a chance foi 2,15 vezes maior em comparação à ausência de contaminação da água. Para wasting, a chance de crianças menores de 5 anos apresentarem essa condição foi 61% maior na presença de contaminação da água, tanto para áreas urbanas como para rurais.
Conclusões: A exposição à água contaminada está associada com maior chance de pior estado nutricional em crianças menores de 5 anos, mas a associação ainda é possivelmente confundida pelo nível de riqueza do país. Maiores chances de stunting foram observadas em áreas rurais.
CONTRIBUIÇÃO DO CAFÉ NA INGESTÃO DE AÇÚCAR NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE CASO CRUZADO
Pôster
Simões, M.B.A.1, Brandão, J.M.1, Antunes, A.B.S.1, Sichieri, R.1
1 Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro – UERJ
Objetivos: Investigar a relação entre o consumo de café e a ingestão de açúcar, adoçantes e grupos alimentares.
Métodos: Utilizou-se os dados do inquérito alimentar, conduzido em uma amostra da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, incluindo 38.854 participantes. A ingestão alimentar foi avaliada por meio de dois recordatórios de 24 horas. Dias com e sem consumo de café foram comparados para analisar o impacto do café na ingestão de açúcar, adoçantes, bebidas açucaradas, doces, leite, chocolate e achocolatados.
Resultados: No Brasil, 87% da população maior de 10 anos consome café. Foram identificados 2.192 homens e 2.580 mulheres que tomaram café somente em um dos dois dias. Observou-se um incremento de 20g no consumo de açúcar de adição no dia em que os participantes consumiram café comparando-se com os dias sem consumo de café. Para adoçantes não calóricos também há maior ingestão, nos dias com consumo de café, sendo maior essa diferença nas mulheres. Há um aumento de 12% na frequência de uso de adoçantes nos idosos no dia que consomem café. Nos dias de consumo de café observou-se menor consumo de bebidas açucaradas, principalmente entre os adolescentes (-67ml/dia) e menor consumo de leite, principalmente entre idosos (-49ml/dia).
Conclusões: O consumo de café está associado a um aumento na ingestão de açúcar e adoçante e redução de bebidas açucaradas e leite.
CORANTES E AROMATIZANTES EM ALIMENTOS E BEBIDAS PUBLICITADOS PARA CRIANÇAS NO BRASIL
Pôster
Nunes, B. S.1, Grilo, M. F.2, Eberle, M.F.1, Duran, A. C.1
1 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
2 The George Washington University
Objetivo: Avaliar a prevalência de alimentos e bebidas com corantes e aromatizantes com estratégias de marketing publicitados às crianças no mercado brasileiro entre 2018 e 2021.
Métodos: Este estudo transversal analisou 2.219 produtos de marcas que representavam até 80 % do mercado para sua categoria e de marcas próprias dos maiores varejistas brasileiros lançados entre 2018 e 2021 e disponíveis na base de dados Mintel-GNPD. Os produtos foram considerados publicitados às crianças se apresentassem pelo menos uma estratégia de marketing conforme protocolos do INFORMAS e da OMS. Corantes e aromatizantes foram identificados nas listas de ingredientes de acordo com Codex Alimentarius e RDC Nº2/2007. Realizamos análises descritivas para determinar a prevalência de produtos com corantes, aromatizantes e ambos por categorias de alimentos e tipos de corantes.
Resultados: Dos alimentos e bebidas publicitados para crianças 37,1% continham corantes, 70,2% aromatizantes e 32,7% apresentavam ambos os aditivos alimentares. Refrigerantes (67,5% com corantes; 100,0% com aromatizantes), doces (66,1% com corantes; 83,8% com aromatizantes), sorvetes (63,6% com corantes; 89,4% com aromatizantes), bebidas lácteas (54,2% com corantes; 83,2% com aromatizantes) e biscoitos salgados (53,8% com corantes; 80,8% com aromatizantes) foram os grupos com maior prevalência de produtos com corantes e aromatizantes. Os cinco corantes mais prevalentes foram Azul Brilhante FCF (9,3%), Amarelo Crepúsculo FCF (8,2%), Caramelo I (7,7%), Caramelo IV (6,3%) e Carmins (6,0%).
Conclusões: A alta prevalência de alimentos e bebidas publicitados para crianças com corantes e aromatizantes reforça a necessidade do monitoramento do uso de aditivos alimentares visando proteger a saúde e os direitos das crianças.
DETERMINANTES DA ANEMIA EM CRIANÇAS INDÍGENAS XAVANTE DO BRASIL CENTRAL
Pôster
Paresque, L. L. A1, Lignani, J. B2, Arantes, R3, Welch, J. R3, Coimbra Jr, C. E. A3, Ferreira, A. A1
1 UFRJ
2 UERJ
3 ENSP/Fiocruz
Objetivo: avaliar as inter-relações entre a anemia e determinantes socioeconômicos, maternos e biológicos, de crianças indígenas Xavante, no Mato Grosso – Brasil. Métodos: através de um inquérito populacional realizado em 2011, na Terra Indígena Pimentel Barbosa, foram avaliadas crianças entre 6 e 59 meses, acerca dos níveis de hemoglobina e outros aspectos biológicos, bem como, maternos, socioeconômicos e demográficos. Foi elaborado um modelo hipotético, que postulou associações diretas e indiretas entre a anemia e seus determinantes, segundo embasamento teórico-científico. Utilizou-se análise de caminhos para testar as relações entre os determinantes e a hemoglobina. Foi utilizado o pacote estatístico MPlus 8 considerando nível de significância de 5%.. Resultados: cerca de 61,1% das crianças indígenas da Terra Indígena Pimentel Barbosa, entre 6 e 59 meses, apresentavam anemia. O modelo final apresentou ajuste considerado aceitável. Foram observadas relações significativas e diretas entre a idade da criança (β= 0,460), o número de moradores do domicílio (β= -0,143), o grupo de aldeia (β= -0,346) e o desfecho hemoglobina. Conclusão: a presença da anemia foi identificada através da associação dos baixos níveis de hemoglobina em crianças indígenas Xavante menores de 2 e 5 anos, assim como naquelas que pertenciam aos domicílios mais numerosos e ao grupo de aldeia mais novo, em relação aos demais. Estes achados apontam a existência de determinantes socioeconômicos, demográficos, históricos e biológicos, na prevalência de anemia. Além da presença de iniquidades em saúde, vivenciadas por povos indígenas brasileiros em relação à população em geral.
DIETA DE ADULTOS BRASILEIROS DA ZONA URBANA SEGUNDO TEMPO DE DESLOCAMENTO PARA O TRABALHO
Pôster
Costa, G.1, Mululo, A.2, Campos Araujo, M.1
1 ENSP
2 UFF
Objetivos: Considerando a relação entre qualidade de vida do trabalhador, mobilidade urbana e o consumo alimentar, este estudo visa descrever as diferenças na alimentação da população adulta brasileira da zona urbana de acordo com níveis de tempo de deslocamento para o trabalho (TDT).
Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, com 17.141 indivíduos adultos residentes na zona urbana. O TDT foi agrupado em 4 categorias (≤5min; 6-30min; 31min-1h; >1h). Foi estimado a média do consumo alimentar de 19 grupos alimentares e seus respectivos intervalos de confiança de acordo com cada categoria de TDT, obtidos por meio do primeiro R24h do Inquérito Nacional de Alimentação (INA). Foi utilizado o software SAS considerando a complexidade da amostra.
Resultados: O consumo médio per capita bruto do grupo de frutas foi 1,6 vezes maior entre os adultos da zona urbana que levavam até 5 minutos no TDT, em comparação com aqueles que levavam mais de 1 hora. Essa diferença se manteve em 1,4 vezes maior após ajuste por sexo, idade, renda, escolaridade, cor de pele e macrorregião do país. O consumo bruto do grupo de massas foi 1,3 vezes maior no TDT de 31 minutos a 1 hora em comparação ao de até 5 minutos. Porém, tal diferença não foi observada após o ajuste pelas covariáveis. Os demais grupos alimentares não apresentaram diferenças estatísticas significativas.
Conclusões: Foi identificado menor consumo de frutas e maior consumo de massas entre adultos que possuem TDT mais elevado.
DIETA DE ALTA DENSIDADE DE ENERGIA E REDUZIDA EM FIBRAS E INGESTÃO DE MICRONUTRIENTES
Pôster
Monteiro, L. S.1, Gomes, L. E. S.2, Jessri, M.3, Sichieri, R.4, Pereira, R. A.2
1 UFRJ Macaé
2 UFRJ
3 UBC
4 UERJ
Objetivo: Avaliar a relação entre padrões alimentares e a ingestão de micronutrientes em brasileiros. Métodos: São analisados dados de consumo alimentar (avaliado por recordatório de 24-horas) obtidos no Inquérito Nacional de Alimentação de 2017-2018 de indivíduos com ≥10 anos de idade (n=44.744). Análise de Partial Least Squares foi utilizada na extração de padrões alimentares de adolescentes, adultos e idosos (variáveis resposta: densidade de energia (kcal/g), gordura total (% caloria total) e densidade de fibra (g/1000kcal); preditoras: 32 grupos alimentares), sendo retidos no padrão aqueles com carga fatorial ≥|0,15|. Foram estimados os coeficientes de correlação de Pearson (p-valor <0,05) entre os escores fatoriais e a ingestão de micronutrientes. Resultados: O padrão alimentar de adultos incluiu gorduras sólidas, pão, bebidas adoçadas, molhos, queijo e fast foods com cargas positivas; e arroz, feijão, frutas, vegetais e água com cargas negativas. Além desses alimentos, em adolescentes, o padrão incluiu, com cargas positivas, os biscoitos e, em idosos, suco de fruta, bolo e macarrão. Em adolescentes, adultos e idosos os escores fatoriais foram inversamente correlacionados à ingestão de magnésio (r=-0,64; -0,52; -0,52), potássio (r=-0,51; -0,46; -0,50), folato (r=-0,36; -0,35; -0,36), fósforo (r=-0,23; -0,23; -0,21), zinco (r=-0,23; -0,22; -0,21), vitamina E (r=-0,22; -0,21; 0,30) e cobre (r=-0,21; -0,21; -0,19) e diretamente à piridoxina (r=0,30; 0,27; 0,24) e riboflavina (r=0,32; 0,27; 0,28). Conclusões: Em brasileiros, padrão alimentar com elevada densidade energética e reduzido em fibras foi associado a menor ingestão de micronutrientes, especialmente aqueles encontrados em hortaliças, grãos integrais e nozes.
DIFERENÇAS NO PERFIL NUTRICIONAL ENTRE 2015/16 E 2019/21: RESULTADOS DO ELSI-BRASIL
Pôster
Ygnatios, N. T. M.1, Moreira, B. S.2, Avelar, N. C. P.3, Braga, L. S.4, Mambrini, J. V. M.5, Lima-Costa, M. F.6, Torres, J. L.4
1 Centro Universitário Santa Rita (UNIFASAR). Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
2 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
3 Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
4 Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
5 Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
6 Departamento de Medicina Preventiva e Social, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (NESPE) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Universi
Objetivos: Analisar as diferenças do perfil nutricional entre 2015/16 e 2019/21 e estimar o número de brasileiros com 50 anos ou mais com inadequações do perfil nutricional. Métodos: Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados nacionalmente representativos de 8.724 participantes da onda 1 (2015/16) e 7.729 participantes da onda 2 (2019/21) do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). Foram descritas as prevalências com os intervalos de confiança de 95% (IC95%) dos parâmetros antropométricos [índice de massa corporal e circunferência da cintura (CC)] e do consumo alimentar semanal de frutas, hortaliças, peixes, aves e carnes vermelhas nas duas ondas. Foram analisados sete critérios de inadequação do perfil nutricional. Resultados: Houve aumento na prevalência de CC elevada [70,0% (IC95% 68,5-71,5) e 75,5% (IC95% 72,8-78,0)] e do consumo de frutas em 3-4 dias da semana [16,5% (IC95% 15,4-17,6) e 23,0% (IC95% 20,1-26,1)] entre a primeira e segunda ondas, respectivamente. As prevalências de baixo peso e excesso de peso (cerca de 2% e 70%, respectivamente) se mantiveram estáveis neste período. As prevalências de consumo de hortaliças, peixes, aves e carnes vermelhas não apresentaram diferenças entre as ondas. Estimou-se que, em 2022, cerca de 29 milhões de brasileiros com 50 anos ou mais tinham quatro ou mais critérios inadequados do perfil nutricional. Conclusões: O perfil nutricional da população brasileira com 50 anos ou mais apresentou mudanças discretas de 2015 a 2019. Um conjunto de ações de Saúde Pública é necessário para melhorar os parâmetros antropométricos e o consumo alimentar desse contingente populacional.
DISPARIDADES ÉTNICO-RACIAIS NAS TRAJETÓRIAS DE CRESCIMENTO INFANTIL NO BRASIL
Pôster
Helena Benes Matos da Silva1, Rita de Cássia Ribeiro-Silva1, Juliana Freitas de Mello e Silva2, Irina Chis Ster3, Poliana Rebouças2, Emanuelle F. Goes4, Maria Yury Ichihara4, Andrêa Ferreira5, Júlia M. Pescarini6, Rosemeire Fiaccone7, Enny S. Paixão6, Maurício L. Barreto2
1 Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil. Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, BA, Brasil.
2 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, BA, Brasil.
3 Infection and Immunity Research Institute, St George‘s University of London.UK.
4 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, BA, Brasil.Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salv
5 The Ubuntu Center on Racism, Global Movements, and Population Health Equity, Dornsife School of Public Health, Drexel University, US. Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvad
6 Epidemiology and Population Health, London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, UK.
7 Departamento de Estatística, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.
Objetivo: Nosso objetivo foi investigar o crescimento infantil de acordo com o grupo étnico-racial materno usando uma base de dados nacional brasileira.
Métodos: Este é um estudo de coorte retrospectivo de base populacional que utilizou dados vinculados da Coorte de Nascimentos do CIDACS e do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Crianças nascidas a termo, com 5 anos ou menos, que apresentavam duas ou mais medidas de comprimento/altura (cm) e peso (kg) foram acompanhadas entre 2008 e 2017. Modelos não lineares de efeitos mistos foram utilizados para estimar trajetórias de crescimento infantil, entre diferentes grupos étnico-raciais maternos (brancos, de ascendência asiática, negros, pardos e indígenas).
Resultados: 4.090.271 crianças foram incluídas no estudo. Em relação ao peso (kg) e ao comprimento/altura (cm) das crianças, as de mães indígenas, pardas, negras e asiáticas eram, em média, mais baixas e pesavam menos que as brancas. Em relação às trajetórias de crescimento de peso para idade e altura para idade foi evidenciado um declínio acentuado nos escores-z médios nas primeiras semanas de vida, seguido por um período de recuperação. Crianças de mães indígenas e aquelas em maior vulnerabilidade social apresentaram crescimento menos favorável.
Conclusão: Observamos disparidades étnico- raciais no estado nutricional e nas trajetórias de crescimento infantil, com filhos de mães indígenas apresentando resultados menos favoráveis em comparação com seus pares brancos. O fortalecimento das políticas destinadas a proteger as crianças indígenas deve ser realizado com urgência para abordar as desigualdades étnicas sistemáticas na saúde.
DISPARIDADES REGIONAIS NA TENDÊNCIA DO CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS NO BRASIL: 2008-2030
Pôster
Santos, D. S.1, Alves, A. G. S.1, Pires, G. C. V.1, Rodrigues, M. P.1, Caldeira, T.C.M.2, Sousa, T. M.1
1 Uerj
2 UFMG
Objetivos: Analisar a tendência temporal (2008-2023) e projeção (2030) da prevalência do consumo recomendado de frutas e hortaliças (FH) segundo as regiões do Brasil.
Métodos: Análise de série temporal com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) coletados entre 2008 e 2023 (n=697,549 adultos) nas capitais brasileiras. Modelos de regressão linear de Prais-Winsten foram utilizados para identificar tendências temporais do consumo recomendado de FH (≥5 porções/dia em ≥5 dias/semana) no período completo (2008-2023) e recente (2018-2023), além da projeção das prevalências para 2030, considerando o período recente. As análises foram realizadas para o conjunto do país e segundo as regiões do Brasil.
Resultados: No período completo, o consumo recomendado de FH apresentou estabilidade em todas as regiões e conjunto do país. Já no período recente, a prevalência do consumo recomendado de FH reduziu de 23,1% em 2018 para 21,4% em 2023 (-0,43pp/ano) no conjunto do país. Entre as regiões, a redução no período recente foi significativa apenas no Norte (18,9% para 16,1%; -0,67pp/ano), Nordeste (19,7% para 17,0%; -0,48pp/ano) e Centro-Oeste (26,3% para 21,8%; -1,16pp/ano), mantendo-se estável nas demais regiões. Projeções para 2030 indicam prevalências inferiores àquelas do ano inicial (2008) para as regiões Norte, com projeção de 12,3% (2008: 14,2%), Nordeste, com projeção de 13,7% (2008: 16,8%) e Centro-Oeste com projeção de 15,2% (2008: 21,3%).
Conclusões: Os resultados revelam disparidades regionais na tendência do consumo recomendado de FH do Brasil, com declínio atribuído especialmente a regiões economicamente menos desenvolvidas.
DISPONIBILIDADE DE ULTRAPROCESSADOS EM DOMICÍLIOS COM CRIANÇAS NA PANDEMIA DA COVID-19
Pôster
Camargo, P. P.1, Santos, C. C. D.1, Rodrigues, E. C.1, Meireles, A. L.1, Mendonça, R. D.1
1 UFOP
Objetivos:
Identificar a disponibilidade de alimentos ultraprocessados nos domicílios com escolares na pandemia da covid-19.
Métodos:
Estudo transversal com dados coletados de março a maio de 2021 em 475 domicílios com crianças (6 meses a 17 anos) matriculadas na rede municipal de ensino de Mariana e Ouro Preto, MG. Por meio de entrevistas telefônicas avaliaram-se características socioeconômicas, situação de segurança alimentar e disponibilidade de 13 alimentos ultraprocessados nos domicílios. A disponibilidade dos alimentos foi referente aos últimos 30 dias, com respostas em escala Likert: baixa disponibilidade: nunca 0, raramente 1, às vezes 2; ou alta disponibilidade: quase sempre 3 e sempre 4. A partir dessa pontuação, foi criado um escore de disponibilidade de ultraprocessados, variando de 0 a 52 pontos. Quanto maior o escore, maior a disponibilidade dos ultraprocessados nos domicílios. As análises estatísticas foram realizadas por meio de regressão linear múltipla.
Resultados:
A média do escore de disponibilidade de ultraprocessados foi de 24,4 pontos. A alta disponibilidade de ultraprocessados foi verificada em menos de 47,0% dos domicílios, com exceção de biscoitos (66,3%) e molho de tomate industrializados (66,2%). Domicílios com mulheres chefes de família, entrevistados não casados e situação de insegurança alimentar tiveram associação negativa com o escore de disponibilidade de ultraprocessados. O grande impacto na redução da renda dos domicílios teve associação positiva com esse escore.
Conclusões:
Alimentos ultraprocessados não apresentaram alta disponibilidade nos domicílios de escolares. Entretanto, um grande impacto na redução da renda na pandemia contribuiu para a maior disponibilidade desses alimentos.
ESCALA DE AUTO EFICÁCIA PARA REALIZAR ORIENTAÇÕES ALIMENTARES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster
Couto, V.D.C.S1, Vanhoz, A.B.L.2, Oliveira, C.Z2, Jaime, P.C3
1 Faculdade de Saúde Pública, USP
2 BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
3 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS/USP)
Objetivos: Adaptar e validar uma escala para mensurar a percepção de autoeficácia dos profissionais de saúde da Atenção Primária para realizar orientações alimentares individuais baseadas nos Protocolos de uso do Guia Alimentar Brasileiro.
Métodos: Elaboração de quatro itens adicionais para uma escala de 12 itens previamente validada, entrevistas individuais com especialistas e profissionais de saúde para avaliar a extensão da compreensão dos itens, aplicação da escala ampliada de 16 itens com 1039 profissionais de saúde da Atenção Primária, uso do Alfa de Cronbach para mesurar a consistência interna e a análise fatorial exploratória para estudar os agrupamentos dos itens.
Resultados: A compreensão das questões pelos profissionais de saúde foi satisfatória, a nova escala de 16 itens apresentou Alfa de Cronbach de 0,973 (IC95% 0,970-0,976). Análise de fatores apresentou 2 componentes. O componente 1: estratégias para superação de obstáculos para uma alimentação saudável, reúne itens que demonstram a confiança em apoiar os usuários a superar obstáculos para atingir uma alimentação saudável contidas em todos os capítulos do Guia Alimentar que fazem recomendações alimentares. O componente 2: orientação alimentar individual baseada no Guia Alimentar reúne itens que consolidam o conhecimento geral das recomendações do Guia Alimentar e que aplicam esse conhecimento ao cuidado individual, propostas pelos Protocolos: diagnóstico, ordenação do cuidado e especificidades individuais.
Conclusões: A adaptação da escala se mostrou válida para mensurar a percepção de confiança de profissionais de saúde da Atenção Primária para realizar orientações alimentares individuais baseadas nos Protocolo de uso e nas recomendações do Guia Alimentar brasileiro.
ESTADO NUTRICIONAL DE MENORES DE 5 ANOS EM MANAUS-AM, SEGUNDO DADOS DO SISVAN, EM 2023.
Pôster
Lima, T. M.S.L.1, Fonseca, V.M.2, Carvalho, V.M.S.1
1 SEMSA Manaus
2 IFF/Fiocruz
Estima-se que, em 2020, 45 milhões de crianças menores de 5 anos de idade no mundo estavam em desnutrição aguda, e o excesso de peso atingiria 38,9 milhões de crianças, com impactos imediatos e a longo prazo. Objetivos: Descrever o estado nutricional de menores de 5 anos de idade, acompanhados na Atenção Primária a Saúde(APS), em Manaus-AM, em 2023, segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Métodos: Estudo ecológico das prevalências de Peso baixo para idade e Estatura baixa para idade (Curvas de crescimento da OMS-2006), em crianças menores de 5 anos, em Manaus-AM, segundo os relatórios públicos do SISVAN, por estabelecimentos de saúde da APS. Resultados: O total de crianças acompanhadas em Manaus, segundo o SISVAN, em 2023, foi 97894 crianças, sendo 298 indígenas. Foi observado peso baixo para a idade em 2360 crianças (2,4%), prevalência maior que no Brasil (1,8%) segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS,2006). Verificou-se excesso de peso em 6273 crianças (6,4%), maior que a Região Norte (5,6%). A altura muito baixa para idade foi verificada em 3835 crianças (3,9%) e 7631 (7,8%) apresentaram altura baixa para a idade, refletindo o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento e a qualidade de vida. Conclusões: Verificou-se elevadas prevalências de excesso de peso e déficit de altura a para idade, reforçando a importância de discutir o impacto das intervenções em saúde, bem como qualificar e aprimorar o registro antropométrico e a vigilância alimentar e nutricional na APS.
ESTADO NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE OBESIDADE DAS MULHERES RESIDENTES EM VITÓRIA-ES.
Pôster
Santana, N.M.T.1, Leite, F.M.C.2
1 Ifes
2 Ufes
Objetivo: Descrever o estado nutricional das mulheres residentes na cidade de Vitória/ES e verificar a prevalência de obesidade segundo as características socioeconômicas, clínicas, comportamentais e de experiências de vida. Método: Trata-se de estudo transversal, de base populacional, realizado na cidade de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Foram elegíveis mulheres maiores de 18 anos que tiveram parceiro íntimo nos últimos 24 meses anteriores à entrevista. A obesidade foi mensurada a partir do peso e altura autorreferidos e classificados segundo o IMC. Todas as análises foram realizadas no programa Stata® 14.0 Resultados: 1.073 mulheres estudadas a média do IMC foi de 26,4+-5 kg/m2. Estavam abaixo do peso 3% (N=32; IC95% 0,02-0,04), eutróficas 41,8% (N=449; IC95% 0,39-0,45), com sobrepeso 33,2% (N=356; IC95% 0,30-0,36) e obesas 22% (N=236; IC95% 0,20-0,25). A prevalência de obesidade foi maior naquelas com idade de 30-39 anos (RP:26,9 IC95 21,2-33,4) com 0-8 anos de estudo (RP:33,2; IC95%26,9-40,1), no tercil mais pobre renda familiar mensal (RP:29,5; IC95%25,3-34,1), naquelas com 5 ou mais gestações (RP:38,6; IC95%27,9-50,5), nas diabéticas (RP:34,5; IC95%29,2-40,1), hipertensas (RP:34,5; IC95%29,2-40,1) e nas praticantes de atividade física (RP:25,9; IC95%22,5-29,6) (p<0,05). A raça/cor, situação conjugal, vivência de violência por parceiro íntimo, adversidades na infância/adolescência e uso de álcool atual não tiveram diferenças entre os grupos. Conclusão: Conclui-se que mais da metade da população feminina apresenta excesso de peso (sobrepeso e obesidade). A obesidade está associada com a idade, renda familiar, anos de estudo, número de gestações e as doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
ESTADO NUTRICIONAL EM MENORES DE 5 ANOS EM UMA CAPITAL DO EXTREMO NORTE, 2019 A 2023.
Pôster
Muniz, T.R.1, Wanderley, K.B.1, Tavares, F.G.1, Alves, V. H.1
1 UFF
Objetivo: Analisar a cobertura do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional e do estado nutricional de crianças menores de 5 anos no período de 2019 a 2023 do Município de Boa Vista - RR. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, de abordagem ecológica, realizado a partir de dados secundários, disponíveis nas bases de dados do SISVAN - WEB entre os anos de 2019 a 2023. Resultados: Foram identificados 57.356 registros de crianças menores de 5 anos no SISVAN, no período de estudo. Observou-se crescimento da cobertura do SISVAN em todos os anos, sendo o ano de 2023 o que apresentou maior cobertura (n=16.865 registros), representando um aumento de 166,1% quando comparado ao ano de 2019. A partir do indicador de peso/altura, a prevalência de risco para sobrepeso variou entre 17,3% a 19,5%, enquanto a prevalência de obesidade reduziu de 7,1% para 5,4% no período do estudo. Quando analisado o índice peso/idade encontrou-se uma variação de 4,9 a 7,0% de peso elevado para idade. No indicador IMC/idade, a prevalência de risco para sobrepeso variou entre 15,0% a 22%, enquanto que, a prevalência de obesidade (4,7% para 3,2%), magreza (3,3% para 1,8%) e magreza acentuada (2,6% para 0,9%) reduziram no período. Quando analisado o indicador de altura/idade demonstrou redução na prevalência de altura muito baixa e baixa para idade no decorrer dos anos analisados (4,0 para 3,1% e 8,4 para 7,8%, respectivamente). Conclusão: O risco de sobrepeso superou o estado nutricional de desnutrição nos índices antropométricos analisados no período.
ESTILO DE VIDA, CONDIÇÃO DE PESO E INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL EM MULHERES
Pôster
Maia, Gonçalves Lara1, Alves, Arruda Iuna1, Pereira, Alves Rosângela1, Lopes, Souza de Taís1
1 UFRJ
Objetivos: Avaliar a associação entre o estilo de vida e a condição de peso com a insatisfação com a imagem corporal em mulheres.
Métodos: Estudo seccional, realizado em 2020, com coleta de dados on-line. Foram elegíveis mulheres adultas, residentes no Rio de Janeiro. A Escala de Silhuetas foi utilizada para avaliar a satisfação ou insatisfação com imagem corporal (IIC). As variáveis explanatórias foram condição de peso (avaliada pelo IMC e categorizada em: peso adequado; excesso de peso), estar em dieta (sim; não), autopercepção da qualidade da alimentação (excelente/muito boa; boa; regular/ruim) e atividade física (sim; não). O odds ratio (OR) foi estimado para avaliar a associação entre as variáveis de interesse.
Resultados: Foram avaliadas 961 mulheres, das quais 68% relataram IIC, 49% tinham excesso de peso, 14% estavam em dieta, 23% relataram alimentação excelente/muito boa e 38%, regular/ruim e 55% praticavam atividade física. A IIC foi relatada por 91% das mulheres com excesso de peso e 48% daquelas com peso adequado (OR=11,03); 82% das que estavam em dieta e 67% daquelas que não estavam (OR=2,21); 51% das que tinham alimentação excelente/muito boa, 69% daquelas com boa alimentação (OR=2,08) e 80% daquelas com alimentação regular/ruim (OR=3,73); 63% das que praticavam atividade física e 76% das que não praticavam (OR=0,53).
Conclusões: Em mulheres adultas, o excesso de peso foi a condição mais fortemente associada com a IIC e a atividade física reduziu a chance de IIC.
EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS DE 6 A 15 MESES NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Pôster
Martins, F. A.1, Ramalho, A. A.1, Andrade, A. M.1, Opitz, S. P.1, Koifman, R. J.2, Silva, I. F.2
1 UFAC
2 FIOCRUZ-ENSP
Objetivo: Investigar a prevalência do excesso de peso e fatores associados em crianças de 6 a 15 meses de vida numa coorte em Rio Branco, Acre. Métodos: Estudo transversal numa coorte de 857 nascidos vivos entre abril e junho de 2015. Dados sobre a gestação, parto e puerpério imediato foram coletados em entrevistas logo após o nascimento. O acompanhamento domiciliar para aferição das medidas antropométricas e coleta de informações sobre alimentação, acesso ao serviço de saúde e sociodemográficas, ocorreu entre o 6º e 15º mês de vida. O excesso de peso foi definido como índice peso/estatura >+2 escore-Z. Os fatores associados ao excesso de peso e seus intervalos de confiança de 95% foram analisados pela regressão logística múltipla hierarquizada. Resultados: A prevalência de excesso de peso foi de 7,9%. Após ajuste para sexo e idade os fatores associados ao excesso de peso foram: avaliação materna do peso do bebê em sobrepeso ou obesidade (ORaj:14,45;IC95%:7,84-26,62), ser filho de mãe com 2 ou 3 (ORaj:2,41;IC95%:1,15-5,02), e 4 ou mais filhos vivos (ORaj: 3,34;IC95:1,55-7,17), excesso de peso materno (ORaj:2,09;IC95%:1,13-3,88), uso habitual de fórmulas lácteas (ORaj:3,26;IC:1,40-7,41), e ausência de amamentação na primeira hora de vida (ORaj:0,55;IC95%:0,30-0,98). Conclusão: Em Rio Branco-Acre, o excesso de peso foi maior nas crianças avaliadas pela mãe com sobrepeso ou obesidade, em uso habitual de fórmula láctea, que não receberam aleitamento materno na primeira hora de vida, em filhos de mulheres que apresentavam excesso de peso e possuíam dois ou mais filhos vivos.
EXPOSIÇÃO À VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO E O CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS EM CRIANÇAS
Pôster
Valverde, A.C.1, Marques, E.S.1, Hasselmann, M.H.1
1 UERJ
Objetivo desse estudo foi investigar a associação entre violência por parceiro íntimo (VPI) e consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) em crianças de 3 a 5 anos atendidas em Unidades Básicas de Saúde do Município do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo seccional com 148 crianças, realizado entre 2015 e 2017. A VPI foi mensurada por meio da versão brasileira do “Conflict Tactics Scales 2” e o consumo de AUP pelas crianças foi mensurado via consumo de itens alimentares classificados de acordo com o grau de processamento. O consumo foi categorizado em 0 = consumiu de 0 a 4 AUP e 1= consumiu ≥ 5 AUP, sendo considerada alta ingestão de ≥ 5 AUP pela criança durante as 24 horas anteriores a entrevista. As associações foram avaliadas por regressão logística mediante estimativas de razão de chances ajustadas e intervalos de confiança de 95%. As variáveis de ajustes foram: condição socioeconômica, escolaridade e saúde mental materna, apoio social e mau uso de álcool pela mãe.
As análises ajustadas mostraram que todas as formas de violência psicológica contra a mulher aumentaram em mais de três vezes as chances da criança ter um elevado consumo de AUP, sendo a violência menor (RC=3,43; IC95%=1,45–10,27; p=0,027); violência maior (RC=4,67; IC95%=1,29–16,93; p=0,019) e violência global (RC=3,48; IC95%=1,16–10,47; p=0,027). Não foi observada associação entre a violência física entre parceiros íntimos e o consumo de AUP em crianças. Conclui-se que é necessário levar em consideração aspectos familiares nas políticas de promoção de alimentação infantil saudável.
FATORES SOCIOECONÔMICOS ASSOCIADOS AO CONSUMO ALIMENTAR EM USUÁRIOS DA ESF - PETRÓPOLIS/RJ
Pôster
Costa, R. S. G. C.1, Lima, B. V. M.1, Costa, A. C. C.1, Virgínio, V. C. O.1, Berti, T. L.1, Oliveira, N.1
1 UNIFASE
Objetivos: Avaliar fatores associados ao consumo alimentar de usuários adultos e idosos da Estratégia de Saúde da Família em uma região de Petrópolis/RJ. Métodos: Estudo transversal, com adultos e idosos por amostragem de conveniência oriundos de dois PSF de Petrópolis. Realizado questionário face a face, contendo informações sobre: sexo, idade, raça/cor, grau de instrução e situação ocupacional. Para avaliação do consumo alimentar, foi utilizado questionário do Vigitel sobre o consumo de alimentos no dia anterior à entrevista. Este é composto por 25 itens, sendo 12 alimentos in natura e minimamente processados (AINM) e 13 ultraprocessados (AUP). Descritas as médias do consumo dos grupos de alimentos com IC95%, sendo a ausência de sobreposição nos IC95% assumida como diferença significativa. Resultados: Avaliados 64 usuários, com média de consumo de 5,8 (5,4-6,2) itens de AINM, representados principalmente por alimentos tradicionais (arroz, feijão, vegetais e carnes). A média de consumo de AUP foi de 1,8 (1,5-2,2) itens, representados por margarina, pães e biscoitos. Dois fatores foram associados à maior média de consumo de itens de AIN: àqueles com ensino médio completo ou superior incompleto/completo comparados com fundamental completo/incompleto e médio incompleto [6,4 (5,7-7,1) vs. 5,2 (4,9-5,7)] e àqueles com emprego formal [7,2 (6,1-8,4)] comparados a “do lar”/desempregado [5,1 (4,4-5,8)] e emprego informal [5,5 (4,9-6,0)]. Conclusão: Indivíduos de menor escolaridade e que são do “do lar”/desempregado ou com emprego informal possuem menor consumo de AINM, que devem ser a base da alimentação, segundo o Guia Alimentar Brasileiro.
FORMAS DE PREPARO CULINÁRIO DE ALIMENTOS DA NOVA CESTA BÁSICA CONSUMIDOS POR ADOLESCENTES
Pôster
Santos, M.C1, Machado, R.H.V1, Lage, L.G2, Grassi, A.G.F.1, Mazzali, V.S.1, Rauber, F.1
1 Faculdade de Medicina – Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Saúde Pública - Universidade de São Paulo
Objetivos: Comparar a diversidade de técnicas de preparo culinário utilizadas para o consumo de alimentos componentes da nova cesta básica por adolescentes brasileiros segundo as macrorregiões do país. Métodos: Análise transversal de dados secundários da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 para o consumo alimentar de adolescentes entre 10 e 19 anos. A forma relatada de preparo culinário de leguminosas, cereais, raízes e tubérculos, legumes e verduras, frutas, oleaginosas, carnes e ovos, leites e queijos foi classificada segundo ausência ou presença de cocção e suas respectivas subcategorias. A média ± erro padrão de relatos de consumo das formas de preparo culinário foi calculada para cada subgrupo de alimento e comparada segundo as cinco macrorregiões brasileiras. Resultados: As diferenças regionais nos relatos de preparo destacaram-se para os cereais (cozimento sem acréscimo de gorduras foi 2x maior na região Nordeste em relação às demais regiões, p<0,001); para as raízes e tubérculos (ausência de consumo na forma assada na região Norte); para os legumes e verduras (maior consumo na forma in natura na região centro oeste e cerca de 3,6x maior que as regiões norte e nordeste, p<0,001) e para as carnes (diferenças entre nordeste e sudeste para uso de cozimento, 47% maior no Nordeste, p<0,001). As formas de preparo culinário para os demais subgrupos se distribuíram de forma similar entre as regiões do país. Conclusões: Foram identificadas diferenças regionais principalmente relacionadas ao uso do cozimento dos alimentos nas regiões Norte e Nordeste do país em relação às demais regiões.
GANHO DE PESO GESTACIONAL PELAS CURVAS BRASILEIRAS E DESFECHOS GESTACIONAIS E NEONATAIS
Pôster
Cruz, B.F.1, Moreira, M.F.S.2, Holand, B.L.2, Drehmer, M.3, Bosa, V.L.4
1 Curso de Nutrição, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
2 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
3 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
4 Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Objetivo: Analisar a relação entre o ganho de peso gestacional total (GPG) e desfechos gestacionais e neonatais. Método: Estudo de coorte Maternar, realizado com 1.196 puérperas entrevistadas entre abril de 2018 e fevereiro de 2020, em maternidade referência no sul do Brasil. O GPG total foi classificado de acordo com as curvas brasileiras adotadas pelo Ministério da Saúde em 2022. As relações entre o GPG e os desfechos tipo de parto, idade gestacional do parto e classificação do peso para idade ao nascer foram avaliadas por regressão de Poisson com variância robusta, ajustada para idade, renda per capita e índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional. Consideraram-se significativos valores p ≤ 0,05. Resultados: A idade média foi 27,9 (±6,1), 60,1% apresentaram excesso de peso pré-gestacional, 14,8% GPG insuficiente, 15,1% GPG adequado e 70,1% GPG excessivo. Houve 9,4% de nascimentos abaixo de 37 semanas e 38,4% de partos cesariana. Dentre gestantes com GPG excessivo, houve 70% menor risco de nascimento de recém-nascidos pequenos para idade gestacional (RR 0,30 IC95% 0,12 - 0,80) e 2 vezes maior risco de recém-nascidos grandes para idade gestacional (GIG) (RR 1,99 IC95% 1,34 - 2,95). Aquelas com GPG insuficiente, 49% apresentaram menor risco de GIG (RR 0,51 IC95% 0,29 - 0,86). Conclusão: A nova referência brasileira de GPG foi capaz de identificar ganho de peso excessivo em dois terços da amostra estudada.
HARMONIZAÇÃO DE DADOS DE CONSUMO ALIMENTAR DE GESTANTES DO CONSÓRCIO BRASILEIRO CONMAI
Pôster
Lazzeri, B.1, Sartorelli D. S.2, Batalha, M. A.3, Gomes, C. B.4, MASTROENI, S. S. B. S.5, Marco, F. M.5, VAZ, J. S.6, ANDRADE, G. C.7, Constante H. M.8, Drehmer, M.1
1 UFRGS
2 FMRP/USP
3 UFRJ
4 FMB-UNESP
5 UNIVILLE
6 UFPel
7 FMUSP
8 Universidade de Sheffield - UK
Objetivo: Descrever o processo de harmonização dos dados de consumo alimentar de gestantes participantes do Consórcio Brasileiro de Nutrição Materno-Infantil (CONMAI). Método: Estudo descritivo metodológico, envolvendo o processo de harmonização de dados de consumo do CONMAI. Os dados foram organizados em dois bancos, marcadores de consumo alimentar (MCA) e questionários de frequência alimentar (QFA), conforme o método de coleta. As respostas dos MCA, baseadas na frequência semanal de consumo, foram reagrupadas em: “nunca/quase nunca”, “1-4 dias por semana”,“≥5 dias por semana”. Para os QFA foram criadas variáveis derivadas em gramas diárias e foi realizada análise de outliers pela ingestão calórica total, considerando valores de z-scores (-2/+2 desvios padrão). Analisou-se a distribuição das novas variáveis por estudo e no banco final, e a heterogeneidade com modelos multinível. Resultados: Os dados harmonizados incluíram 8 estudos (n=5.484 gestantes) com MCA e 4 estudos (n=1.759 gestantes) com QFA. A recategorização das variáveis no banco de MCA mostrou frequências similares entre as categorias de consumo na maioria dos alimentos, com maiores diferenças em sucos naturais, refrigerantes e bebidas adoçadas. Nos QFA, as maiores diferenças no consumo diário foram de vegetais folhosos, bebidas adoçadas e refrigerantes. A heterogeneidade indicou variação inferior a 0,01% para o feijão (MCA) e 15,5% para frutas e sucos naturais (QFA). Conclusão: A harmonização dos dados de consumo alimentar foi viável, permitindo o uso dessas variáveis para mensurar as relações entre dieta durante a gestação e desfechos maternos-infantis em futuros estudos do CONMAI.
HÁBITOS DE REALIZAÇÃO DE LANCHES EM ADULTOS BRASILEIROS: INQUÉRITO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO
Pôster
Vasconcelos, T.M.1, Monteiro, L.S.2, Rodrigues, P.R.M.3, Alves, I.A.2, Yokoo, E.M.4, Sichieri, R.5, Pereira, R.A.2
1 UECE
2 UFRJ
3 UFMT
4 UFF
5 UERJ
Objetivo: caracterizar os hábitos de realização de lanches entre adultos brasileiros.
Métodos: Estudo transversal com 29.353 adultos, utilizando dados de consumo alimentar obtidos a partir de recordatório de 24 horas do Inquérito Nacional de Alimentação 2017-2018. Os alimentos e bebidas consumidos foram descritos juntamente com a quantidade consumida, horário, local e ocasião do consumo: café da manhã, almoço, jantar e lanches. Os lanches foram classificados de acordo com o horário de consumo em lanche da manhã, da tarde ou da noite. Foram estimados os intervalos de confiança de 95% para as médias de número de lanches ao dia, frequência de realização e ingestão calórica nos lanches. Diferenças entre as categorias foram avaliadas pela não sobreposição dos intervalos de confiança.
Resultados: Os adultos consumiam em média 2,32 lanches por dia, sendo maior entre os de maior renda (2,55), residentes na área rural comparados à urbana (2,78 vs. 2,25) e nos dias de semana em comparação aos finais de semana (2,36 vs. 2,10). Observou-se que 85,7% faziam pelo menos um lanche ao dia. O lanche da manhã foi relatado por 38,9%, o da tarde por 65,6% e o da noite por 56,9% dos indivíduos. A ingestão média de energia foi menor entre aqueles que não relataram lanches (1504,0 kcal/dia) em comparação com aqueles que consumiam um (1688,7 kcal/dia), dois (1788,3 kcal/dia) ou ≥3 lanches/dia (1965,0 kcal/dia).
Conclusão: O hábito de lanchar, principalmente no período da tarde, é frequente entre adultos. O relato de lanches se relacionou ao incremento da ingestão calórica.
HÁBITOS DE REALIZAÇÃO DE REFEIÇÕES E QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO EM UNIVERSITÁRIOS
Pôster
Macedo, K.C.1, Rodrigues, G.G.B1, Pereira, R.A.1, Lopes. T.S.1
1 UFRJ
Objetivos: Estimar a associação entre a frequência de realização de refeições principais com
a autopercepção da qualidade da alimentação em estudantes universitários.
Métodos: Estudo transversal, realizado em 2020, com alunos matriculados nos cursos de
graduação de uma universidade pública do Rio de Janeiro. A coleta de dados ocorreu por
meio de questionário on-line. A realização das refeições desjejum, almoço e jantar foi
avaliada pela questão “Em média, com que frequência você fez as seguintes refeições nos
últimos três meses?” que para o desjejum e jantar foi categorizada em: ≥5 ou <5
vezes/semana ou nunca e para o almoço em: ≥5 ou <5 vezes/semana. A autopercepção da
qualidade da alimentação categorizada como: excelente/muito boa, boa, regular/ruim. A
homogeneidade das distribuições foi avaliada pelo teste qui-quadrado (p<0,05).
Resultados: Dos 2.775 universitários investigados, 62% realizavam o desjejum ≥5
vezes/semana, 87%, o almoço e 51%, o jantar. A alimentação era regular/ruim para 62% dos
indivíduos que nunca realizavam o desjejum e 31% dos que faziam essa refeição ≥5
vezes/semana; para o jantar, essas proporções foram de 48% e 28%; a alimentação
regular/ruim foi referida por 73% dos que almoçavam <5 vezes/semana e 33% daqueles que
almoçavam ≥5 vezes/semana. A alimentação era excelente/muito boa para 32% dos
realizavam o desjejum ≥5 vezes/semana, enquanto que 14% dos que nunca faziam o
desjejum, assim classificaram a dieta; as proporções do jantar foram de 34 e 23% (p<0,01
para todas as comparações).
Conclusões: A autopercepção da alimentação foi consistente com os hábitos de realização de
refeições.
HÁBITOS E PRÁTICAS NO CONSUMO DE GORDURA DE UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA COM ENSINO SUPERIOR
Pôster
Lopes, L. P. N.1, Pantuzza, L. L.2, Theodoro, H.3, Motter, F. R.4, MOURA, M. D. G.2, SANTOS, D. M. S. S.5, LOPES, L. C.2
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Universidade de Sorocaba (UNISO)
2 Universidade de Sorocaba (UNISO)
3 Universidade de Caxias do Sul
4 Hospital Sírio Libanês
5 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade de Sorocaba (UNISO)
Objetivo: caracterizar preferências e comportamentos alimentares de consumo de alimentos ricos em gordura de brasileiros com ensino superior. Métodos: estudo transversal com adultos selecionados em universidades e grupos de pesquisa, com coleta online de dados. Foi utilizado questionário com 33 itens sobre preferências pelo consumo de alimentos ricos em gordura (ex: gorduras realçam o sabor dos alimentos) e comportamentos alimentares (ex: ao comer carne, deixo as partes gordurosas de lado), com opções de resposta do tipo Likert-5. Foi realizada análise descritiva das características da amostra. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Sorocaba (CAAE: 57412522.5.0000.5500). Resultados: foram incluídos 580 participantes, sendo 74,1% mulheres e 78,6% com especialização, mestrado ou doutorado. Houve participação das cinco regiões do país, com predominância da região Sul (46,4%). A maioria dos participantes não fumava (94,8%) e era onívoro (91%). Em relação às preferências e comportamentos alimentares, apesar de 58,8% deles acharem que a gordura realça o sabor do alimento, 62,9% evitam gorduras por achar que elas engordam. Quando questionados se os jovens não precisam se preocupar com o consumo de gorduras, 93,8% discordaram. Ainda, 41,7% dos participantes relataram que comem fritura pelo menos uma vez por semana. Conclusões: a população estudada apresentou hábitos majoritariamente saudáveis, que parecem conhecer os benefícios da redução do consumo de gordura. Apesar de serem dados iniciais da pesquisa, sugere-se que o nível de escolaridade pode estar relacionado com tais hábitos.
HORÁRIO DE INGESTÃO ENERGÉTICA E CARACTERÍSTICAS DO CONSUMO ALIMENTAR NO BRASIL
Pôster
Rodrigues, P. R. M.1, Monteiro, L. S.2, Vasconcelos, T. M.3, Alves, I. A.2, Yokoo, E. M.4, Sichieri, R.5, Pereira, R. A.2
1 UFMT
2 UFRJ
3 UECE
4 UFF
5 UERJ
Objetivo: Estimar a associação entre o horário de ingestão energética e indicadores do consumo alimentar e características sociodemográficas no Brasil.
Métodos: Estudo transversal, com 44.744 indivíduos com idade ≥10 anos participantes do Inquérito Nacional de Alimentação realizado em 2017/2018. O consumo alimentar foi obtido por recordatório de 24 horas. A relação de ingestão energética noturna/matinal foi calculada, padronizada e categorizada em tercis. As características sociodemográficas foram sexo, faixa etária e renda familiar per capita. A média e o Intervalo de Confiança de 95% (IC95%) dos indicadores do consumo alimentar e das características sociodemográficas foram estimadas entre os tercis da relação ingestão energética noturna/matinal. As diferenças significativas foram examinadas pela não sobreposição dos IC95%.
Resultados: A maior ingestão energética noturna em relação à matinal foi mais elevada em homens comparados às mulheres (38,6 vs. 33,5%), adolescentes (38,2%) e adultos (38,0%) comparados aos idosos (26,8%) e indivíduos com maior renda familiar (38,2%) comparados às contrapartes. Comparando os tercis 3 vs. 1 da ingestão energética noturna/matinal foram estimadas médias mais elevadas de ingestão de energia (1797 vs. 1669 kcal), proteínas (83,2 vs. 75,5g) e lipídios (59,7 vs. 57,2g) e maior proporção de consumo de marcadores de dieta de baixa qualidade: carnes vermelhas (55,1 vs. 50,3%), fast food (27,2 vs. 22,0%), bebidas com adição de açúcar (24,1 vs. 16,3%), massas e preparações (23,4 vs. 19,9%), doces e sobremesas (14,5 vs. 11,9%) e molhos (6,9 vs. 4,1%).
Conclusão: Maior ingestão energética no período noturno foi relacionada com características desfavoráveis da qualidade da dieta.
HORÁRIOS DE ALIMENTAÇÃO E QUALIDADE DO SONO ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Pôster
VIEIRA, F. S. T. V.1, SOUZA, A. P. A.1, FONSECA, L. B.1, FERREIRA, M. G.1
1 UFMT
Objetivo: estimar a associação entre os horários de alimentação e a qualidade do sono entre estudantes universitários. Métodos: Estudo transversal com 685 estudantes, de cursos de período integral, com idade entre 16 e 25 anos. A qualidade do sono foi avaliada pela escala de Pittsburgh. Os horários de alimentação foram extraídos do recordatório alimentar de 24 horas. Variáveis independentes: janela de alimentação diária (< 10 horas /≥10 horas), comer antes de dormir (<2 horas / >2 horas) e última ingestão alimentar (<18 horas / >18 horas). Modelos de regressão linear foram usados para estimar a associação entre as variáveis independentes e qualidade do sono, ajustados por variáveis sociodemográficas, do estilo de vida e sintomas depressivos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller (Parecer nº 3.598.400). Resultados: A pontuação média da Escala de Pittsburgh foi de 8,27±3. Entre os participantes 76,2% apresentavam janela alimentar >10 horas, 55,7% comeram <2 horas antes de dormir e 88, 1% ingeriram alimentos após as 18 horas. Houve piora na qualidade do sono entre os estudantes que referiram janela alimentar >10 horas (β=0,68 IC95%=0,17-1,19) e entre àqueles que comeram < 2 horas antes de dormir (β=0,65 IC95%=0,24-1,07). Ingerir alimentos após as 18 horas não apresentou associação com o desfecho. Conclusão: A qualidade do sono apresentou associação direta com a janela alimentar diária e intervalo entre a última ingestão e o horário de dormir. Alinhar os horários de alimentação contribui para melhora na qualidade do sono nesse grupo populacional.
INGESTÃO DIETÉTICA E QUALIDADE DE VIDA DOS USUÁRIOS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Pôster
Sampaio, J.P1, Chaves, R.C.S1, Seixas, C.M.1, Almeida, L.A1
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Objetivos: Avaliar a ingestão dietética, estado nutricional e qualidade de vida de indivíduos com transtornos psiquiátricos em tratamento em um centro de atenção psicossocial CAPS universitário do município do Rio de Janeiro. Métodos: Trata-se de um estudo observacional com amostra de conveniência composta por 30 usuários que se alimentavam semanalmente na unidade. Dados socioeconômicos, medidas antropométricas e de autopercepção de qualidade de vida e saúde foram coletados. A avaliação dietética foi realizada pelos métodos de pesagem direta e recordatório de 24 horas. Para a análise descritiva, foi calculada a média, o desvio-padrão (DP) e distribuição de frequências. Para a associação foram utilizadas as diferenças de médias, testes estatísticos de Fisher e χ2 (qui-quadrado), considerando o p<0,05 . Resultados: A média de consumo energético foi de 1275 kcal para mulheres e 1938 kcal para homens, com ingestão de macronutrientes de acordo com as recomendações nutricionais. Em relação aos micronutrientes, foram encontradas inadequações de consumo de ômega 3 e zinco. Referente ao diagnóstico nutricional, 63% apresentaram excesso de peso e 66% risco moderado a alto para doenças cardiovasculares. Segundo a autoavaliação de qualidade de vida, 66% consideraram boa e muito boa e 50% estão satisfeitos e muitos satisfeitos com a sua saúde. Conclusão: As inadequações observadas no estudo devem ser consideradas para a elaboração e implementação de melhorias nos cardápios oferecidos nos CAPS. O cuidado clínico e nutricional contínuo é essencial para reduzir os sintomas psiquiátricos e promover a melhoria da qualidade de vida e saúde.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E ACESSO A FRUTAS E HORTALIÇAS EM LARES COM CRIANÇAS/ADOLESCENTES
Pôster
Souza, T. T. Q.1, Rodrigues, P. R. M.1, Sampaio, G. R.1, Muraro, A. P.1
1 UFMT
Objetivos: Avaliar a disponibilidade de frutas, legumes e verduras (FLV) nos domicílios brasileiros conforme a presença de crianças e/ou adolescentes, segundo o nível de segurança alimentar. Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018. Avaliou-se a insegurança alimentar (IA) pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, categorizando os domicílios em: segurança alimentar, IA leve e IA moderada/grave. A disponibilidade de alimentos foi obtida pela média da aquisição per capita em quilogramas (kg) dos sete dias anteriores à entrevista dos grupos: frutas, legumes e verduras (FLV). Estimou-se as médias e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) da aquisição dos grupos de alimentos segundo a presença de crianças/adolescentes e o nível de IA domiciliar. As análises estatísticas foram realizadas pelo Software Stata. Resultados: Crianças ou adolescentes estavam presentes em 39,5% dos domicílios brasileiros, e se relacionaram a chefes de família com menor escolaridade, menor renda, raça/cor preta/parda, localização domiciliar no meio rural e nas regiões Norte e Nordeste. Encontrou-se maiores prevalências de IA leve (30,7%) e IA moderada/grave (15,1%), quando comparados aos domicílios sem crianças e/ou adolescentes (19,7 e 11,1%, respectivamente). Com exceção da aquisição de verduras na categoria de IA leve, a média de aquisição per capita (kg) de FLV foi menor para todos os grupos de alimentos e níveis de segurança alimentar entre domicílios com crianças e/ou adolescentes, diminuindo à medida que a IA se agravou. Conclusões: A disponibilidade de FLV foi menor nos domicílios com crianças ou adolescentes e naqueles em situação de IA.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E FATORES SOCIOECONÔMICOS DE GESTANTES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster
Oliveira, F.M.D.1, Rodrigues, C. S.1, de Souza, T. M. S.1, Da Silva, F.L.C.1, Carvalho, V.S.1, Martins, L.C.1, Mota, F.S.1, Pamplona, Y.A.P.1
1 Unisantos
Objetivo: Analisar a associação entre insegurança alimentar e os fatores socio-econômicos de gestantes assistidas na atenção primária à saúde (APS) de Cajazeiras-PB. Metodologia: Pesquisa quantitativa transversal, realizada com 99 gestantes assistidas na APS de Cajazeiras-PB. Utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para identificar a (in) segurança alimentar (variável dependente) e um questionário estruturado para as características socioeconômicas (variáveis independentes). Modelo de regressão logística foi usado para estimar associação entre fatores socioeconômicos e INSAN, as variáveis com p<0,05 permaneceram no modelo final. Resultados: Das gestantes entrevistadas 44,4% conviviam com algum nível de INSAN. Domicílios chefiados pelas gestantes apresentaram maior chance de INSAN (OR= 0,440; IC 95%: 0,195 -0,992; P=0,048). Conclusão: Uma alta prevalência de gestantes com algum grau de INSAN foi encontrada nos dados desta pesquisa. Lares onde a gestante era considerada chefe de domicílio apresentavam maior probabilidade de vivenciar a situação de insegurança. Mais estudos são necessários sobre a temática, para contribuição na tomada de decisões e criação de políticas e programas que garantam a SAN das gestantes.
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM GESTANTES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DE PETRÓPOLIS
Pôster
Pires, I. E.1, Rezende, L. R.P.2, Santos, A. P. R.2, Rosa, L. C. L.1, Costa, A. S.1
1 UNIFASE
2 SMS Petrópolis
Objetivo: Avaliar o risco de Insegurança Alimentar (IA) em gestantes beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) de Petrópolis–RJ.
Métodos: Estudo realizado pela Secretaria de Saúde e residentes de nutrição do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto. A coleta de dados foi realizada entre março de 2023 e maio de 2024 a partir de uma ficha de notificação de gestantes beneficiárias do PBF, preenchida pelos profissionais de saúde nas consultas de pré-natal. A ficha continha dados pessoais, antropométricos e a Triagem para Risco de Insegurança Alimentar (TRIA), instrumento rápido e de fácil aplicação para identificar famílias com risco de IA.
Resultados: No total, foram notificadas 680 gestantes, das quais, 639 foram selecionadas, pois possuíam as informações necessárias para a classificação da IA através da TRIA. Observou-se que 20,8% (133) foram classificadas com Segurança Alimentar (SA) e 79,2% (506) com algum grau de IA, sendo: 14,7% (94) com IA leve e 64,5% (412) com IA moderada/grave.
Conclusões: Com base nos dados obtidos, observou-se que as gestantes do município, beneficiárias do PBF, encontraram-se com grau de insegurança alimentar superior aos dados brasileiros para população geral (58,7%), segundo Inquérito Nacional de Insegurança Alimentar de 2022. Dessa forma, compreende-se que gestantes beneficiárias do PBF, apesar do benefício de transferência de renda, ainda se encontram em maiores riscos de IA e situações de vulnerabilidades sociais, acarretando maiores riscos durante o período gestacional, necessitando de intervenções.
INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA DETERMINAR A PREVALÊNCIA DA TENDÊNCIA À ORTOREXIA NERVOSA
Pôster
Freitas, A.P1, Arpini, L.S.B1, Monteiro, G.T.R1
1 ENSP/ Fiocruz
Objetivos: Descrever e comparar os instrumentos utilizados para identificar a prevalência da tendência a ortorexia nervosa em publicações recentes na literatura mundial. Ortorexia nervosa (ON) é descrita como um comportamento obsessivo patológico pela alimentação saudável, eventualmente trazendo um impacto negativo à saúde do indivíduo. Métodos: Foram selecionados vinte artigos que apresentaram resultados da frequência de ortorexia nervosa publicados em diferentes países. Resultados: Foram utilizados os instrumentos validados Orto-15, Orto-11, DOS (Escala de Ortorexia de Dusseldorf) e Escala de Ortorexia de Teruel (TOS). Nove estudos foram feitos no Brasil; dois na Espanha, dois nos Estados Unidos e dois na Turquia; e um em cada um dos seguintes países França, Itália, Jordânia, Líbano e Portugal. O Orto-15 foi utilizado em 14 publicações com média do percentual da população com tendência à ON de 72,4% (variando de 31,6 a 90,9%). Três utilizaram o Orto-11: 35,8% (variando de 17,0 a 59,8%). Quatro aplicaram o DOS: 10.8% (variando de 10,1 a 11,3%) e somente um utilizou o TOS: 14,9%. Conclusões: Nos 20 estudos selecionados, a prevalência da tendência à ON variou de 10,1% a 90,9%. O instrumento mais utilizado, Orto-15, foi o que apresentou prevalências mais elevadas e maior variabilidade nos seus resultados. Por outro lado, o DOS revelou menor prevalência e variação, sugerindo ser um instrumento mais preciso.
INTENÇÃO DE AMAMENTAR: ASSOCIAÇÃO COM FATORES DEMOGRÁFICOS, SOCIOECONÔMICOS E EXPERIÊNCIA
Pôster
Souza, T.M.S.1, Oliveira, F.M.D.1, Rodrigues, C.S.1, Da Silva, F.L.C.1, Carvalho, V.S.1, Martins, L.C.1, Mota, F.S.1, Pamplona, Y.A.P.1
1 Unisantos
Objetivo: Estimar a prevalência da intenção materna de amamentação (IMA) e a sua
duração, além de identificar os fatores socioeconômicos, demográficos,
comportamentais relacionados à saúde, experiência anterior com amamentação e
antecedentes obstétricos. Métodos: Estudo transversal com gestantes no segundo
trimestre de gravidez que estavam em acompanhamento pré-natal em 23 unidades
básicas de saúde na região de Cajazeiras, Paraíba. Foi realizada análise descritiva e teste
de Qui-quadrado. Resultados: Das 99 gestantes, a maioria (79,80%) tinham entre 18 e
34 anos, 40,40% planejava amamentar por até 6 meses, ensino médio completo, com
emprego regular e viviam com companheiros. A intenção de amamentar por até 6 meses
era maior quando a própria gestante ou o companheiro era o chefe do domicílio. Outros
fatores que se associaram a IMA são a idade do pai da criança de até 35 anos, reação
positiva à notícia da gravidez, moradia em uma casa de alvenaria, a ausência de
fumantes no domicílio, nunca ter consumido bebidas alcoólicas, ser primípara, ter sido
amamentada durante a própria infância, experiência anterior com amamentação, ter
realizado o pré-natal em uma Unidade Básica de Saúde e ter a primeira consulta de pré-
natal realizada entre 5 e 8 semanas de gestação, bem como contar com o apoio e
concordância do companheiro em relação à amamentação. Conclusão: A identificação
dos fatores conexos à IMA é primordial para o planejamento de políticas públicas e
ações para proteção e promoção do aleitamento materno.
LETRAMENTO ALIMENTAR DE ADOLESCENTES
Pôster
Farias, P.K.S.1, Eleutério, T.P.1, Santos, A.S.F.1, Sampaio, H.A.C.2, Martins, A.M.E.B.L1
1 UNIMONTES
2 UECE
Objetivos: Relatar o desenvolvimento e validação de um instrumento para avaliar o letramento alimentar de adolescentes de escolas públicas de Montes Claros – MG, segundo os modelos teóricos de Sørensen et al. (2012) e Krause et al. (2018), focando em acesso, compreensão, avaliação e aplicação das informações sobre hábitos alimentares. Métodos: Desenvolveu-se um instrumento denominado Letramento Alimentar entre Adolescentes (LAA), avaliando-se validade de conteúdo e confiabilidade com teste e reteste em 60 participantes. A coleta de dados foi realizada por acadêmicos treinados, utilizando software específico, e análises descritivas foram feitas com o SPSS versão 25.0. Resultados: O instrumento foi aplicado em 60 adolescentes, com consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,82. Para avaliar o letramento alimentar, 734 alunos participaram, sendo 236 com 12 anos e 498 com 15 anos, com taxas de resposta de 47,58% e 100%, respectivamente. Dos escolares, 9,3% nunca tiveram acesso a informações sobre alimentação adequada. Enfermeiros foram a principal fonte de informação (91,6%), com o rádio como principal meio (90,2%). O tema "Alimentação saudável e não saudável" foi acessado por 80% dos entrevistados, mas a maioria relatou dificuldades na compreensão, avaliação e aplicação das informações sobre alimentação saudável. Conclusão: O diagnóstico do letramento alimentar entre adolescentes revelou dificuldades significativas na compreensão, avaliação e aplicação de informações sobre alimentação saudável, apesar do acesso a essas informações. Portanto, é crucial desenvolver e implementar intervenções educativas específicas para melhorar essas habilidades e promover melhores práticas alimentares entre adolescentes.
MUDANÇA NO CONSUMO DE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Pôster
Mastrangelo, M.E.M.T.1, Silva, A.A.1, Araujo, M.C.2, Oliveira, M.I.U.3, Adegboye, A.R.A.4, Castro, M.B.T.1
1 UFRJ
2 ENSP, Fiocruz
3 UFS
4 Coventry University, UK
Objetivo: Descrever as frequências do consumo de plantas alimentícias não convencionais (PANC) de acordo com as características sociodemográficas da população brasileira. Métodos: Analisou-se as freqüências e os intervalos de confiança de 95% do consumo de PANC pela população brasileira nos Inquéritos Nacionais de Alimentação de 2008-2009 (n=34.003) e 2017-2018 (n=46.164) a partir do primeiro dia dos registros alimentares e dos recordatórios de 24 horas, respectivamente. A classificação das PANC foi realizada segundo Kinupp e Lorenzi (2014) e o consumo foi estratificado por macrorregiões, situação de domicílio, faixa etária, sexo, renda, escolaridade, cor da pele e status de peso. Resultados: A prevalência do consumo de PANC foi de 7,0% em 2008-2009 e 8,7% em 2017-2018. As maiores prevalências foram encontradas na região Nordeste (16,9% e 20,9%), áreas rurais (12,3% e 13,8%) e entre os menores estratos de renda (18,5% e 21,8%), respectivamente, em 2008-2009 e 2017-2018. Em 2017-2018, as maiores prevalências foram entre os idosos (10,7%), menor escolaridade (10,5%) e pardos (10,9%). Conclusão: No período de dez anos observou-se uma manutenção da baixa freqüência do consumo de PANC na população brasileira e um ligeiro aumento entre os idosos, os adultos, moradores da região Nordeste, nas áreas rurais, e entre pessoas com a cor da pele parda, com baixa escolaridade e nos estratos de menores renda.
MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE LACTANTES UTILIZANDO A TÉCNICA DE DILUIÇÃO DE DEUTÉRIO
Pôster
Campos, A. D. S.1, Silva, G. T.1, Figueiredo, A. C. C.2, Kurihayashi, A. Y.1, Schneider, B. C.1, Mucci, D. B.3, Allen, L. H.4, Kurpad, A. V.5, Kac, G.1
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2 Centro Universitário Serra dos Órgãos
3 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
4 Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA)
5 Faculdade de Medicina de St. John
Objetivo: Investigar a trajetória da composição corporal de lactantes e explorar preditores da sua massa gorda (MG). Método: The Mothers, Infants, and Lactation Quality (MILQ) é uma coorte prospectiva multicêntrica que contempla linha de base na gestação e quatro visitas no pós-parto: 24 – 72 horas (visita 1), 1 – 3,49 meses (visita 2), 3,5 – 5,99 meses (visita 3) e 6 – 8,5 meses (visita 4). A composição corporal (MG, massa-livre de gordura – MLG, e Água corporal total – ACT) de 140 díades mães-filhos brasileiras foi estimada pela técnica de diluição de deutério nas visitas 2, 3 e 4. As análises estatísticas incluíram modelos longitudinais de efeitos mistos. Resultados: Não houve variação significativa nas médias da MG, MLG e ACT ao longo do tempo. Os modelos com interação revelaram preditores de mudanças na MG. Mulheres com idade ≥30 anos tiveram um ganho médio de 163g (β = 0,163 kg; IC 95% 0,00; 0,31; p = 0,041) por semana maior do que aquelas com idade <20 anos. Mulheres pertencentes ao segundo tercil de renda familiar (1500 – 2400 reais) ganharam em média 93g (β = 0,093 kg; IC 95% 0,00; 0,17; p = 0.032) por semana a mais do que aquelas do primeiro (200 – 1497 reais). Mulheres multíparas ganharam 65g (β = 0,065 kg; IC 95% -0,00; 0,14; p = 0.090) por semana a mais do que primíparas. Conclusões: A MG, MLG e ACT se mantiveram estáveis entre 1 e 8,5 meses de lactação. Idade materna, paridade e renda são preditores de mudanças na MG materna.
MUDANÇAS DO CONSUMO ALIMENTAR NO ELSA-BRASIL: DIFERENÇAS POR SEXO, IDADE E ESCOLARIDADE
Pôster
Molina, M.C.B.1, Aprelini, C.M.O.2, Martins, H.X.2, Pereira, T.S.S.3, Giatti, L.4, Alvim, S.5, Luft, V.C.6
1 UFES/UNIFAL
2 UFES
3 UDLAP - México
4 UFMG
5 UFBA
6 UFRGS
Objetivo: Identificar mudanças no consumo de macro e micronutrientes, e de alimentos minimamente processados (AMP), processados (AP) e ultraprocessados (AUP), considerando sexo, idade e escolaridade, em participantes da coorte ELSA-Brasil. Métodos: Análise longitudinal com dados da linha de base (2008-10) e da onda 3 (2017-19). Foram incluídos servidores públicos de seis instituições de ensino superior e pesquisa (35-74 anos). Consumo alimentar foi avaliado por meio do Questionário de Frequência Alimentar. Mudanças no consumo foram verificadas por meio do teste T pareado. Teste T Student e ANOVA foram utilizados para verificar diferenças de consumo (∆) por grupo de duas ou três categorias, respectivamente (sexo, idade e escolaridade). Análise realizadas no SPSS IBM Statistics versão 22.0, p<0,05. Resultados: Foram avaliados 11.863 participantes (55,5% mulheres). Houve redução de 25,4% no consumo de AUP. Homens e adultos apresentaram maior aumento no consumo de AMP e maior redução de AUP. Verificou-se aumento no consumo de proteínas (8%), fibras totais (19,7%), selênio (20,4%), e maior redução de cálcio entre as mulheres (-6,4%). Indivíduos com maior escolaridade apresentaram maior redução de AUP, carboidrato, energia, sódio e sacarose, enquanto os de menor escolaridade apresentaram aumento. Idosos apresentaram maior aumento no consumo de lipídios e valor energético. Conclusões: Após 9 anos, ocorreram alterações no consumo alimentar dos participantes de forma distinta entre os grupos, com redução geral de AUP e aumento de proteínas e fibras. Escolaridade apresentou maior influência na mudança de consumo de macro e micronutrientes.
NOVO CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO ANTROPOMÉTRICA NUTRICIONAL DE CRIANÇAS
Pôster
Silva-Ferreira, H1
1 UFAL
Objetivo: O critério utilizado atualmente para avaliação nutricional de populações classifica crianças em eutrofia, magreza, déficit estatural e sobrepeso, ignorando quadros que ocorrem de forma concomitantes como magreza + déficit estatural e déficit estatural + sobrepeso, condições estas que elevam o risco de mortalidade e doenças crônicas, respectivamente. Este trabalho apresenta um novo critério de classificação (NCC) que discrimina as seis possíveis condições antropométricas.
Métodos: Utilizaram-se dados de dois inquéritos realizados em 1992 (n=1229) e 2015 (n=987), com amostras de crianças (<5 anos) de Alagoas. O NCC é baseado num esquema de classificação cruzada envolvendo as categorias dos índices altura-para-idade (z<-2; z≥-2) e peso-para-altura (z<-2; -2 a +2; z>+2).
Resultados: As prevalências (%) de desfechos antropométricos encontradas em 1992 e 2015 foram, respectivamente: eutrofia (71,0/80,2), déficit estatural (20,8/2,7), sobrepeso (4,8/14,4); magreza (0,8/2,1), baixa estatura e magreza concomitantes (0,5/0,0) e baixa estatura com sobrepeso (2,0/0,5). No total, 472 indivíduos apresentaram baixa estatura-para-idade, o que, pela classificação usual, seriam classificados como portadores de desnutrição crônica. No entanto, 39 (8,3%) deles também apresentavam sobrepeso, sugerindo obesidade e, portanto, ausência de desnutrição vigente; enquanto sete (1,5%) apresentavam a condição mais grave: déficit estatural + magreza, situação associada com elevado risco de mortalidade.
Conclusão: O NCC identificou condições negligenciadas em inquéritos tradicionais. Essas condições são relevantes nos contextos de dupla carga da má nutrição e sua adequada identificação permite abordagens preventivas e terapêuticas específicas, além de orientar políticas públicas de saúde melhor direcionadas.
O IMPACTO DO PNAE NOS HÁBITOS ALIMENTARES DOS ESTUDANTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Souza, I.1, Fernandes, E. B.1, Silva, V. S.2
1 IFRJ
2 IBC
O objetivo do presente estudo é avaliar o impacto do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nos hábitos alimentares dos estudantes do estado do Rio de Janeiro, especificamente no consumo de alimentos saudáveis e de ultraprocessados. Nesse sentido, utilizamos os dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2019, que indaga sobre o consumo de alimentos ultraprocessados (frequência do consumo de produtos industrializados) e de alimentos saudáveis (frequência do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados). A análise estatística utilizada foi o modelo linear generalizado para dados de amostragem complexa (pacote survey do R) e as variáveis do modelo foram idade, sexo (masculino e feminino), raça (branco, preto, pardo, amarelo e indígena) e dependência administrativa da escola (pública e privada). Ao todo foram avaliados 1182217 estudantes. Os resultados mostram que com relação à frequência de consumo de alimentos ultraprocessados, as meninas apresentam uma maior frequência de consumo do que meninos (OR: 2.13, 95%IC: 1.83-2.49). Já com relação à frequência de consumo de alimentos saudáveis os resultados mostram uma associação positiva com estudar em escola pública (OR: 1.39, 95%IC: 1.17-1.64), menor frequência de alimentos saudáveis entre as meninas (OR: 0.31, 95%IC: 0.27-0.37) bem como menor frequência de alimentos saudáveis quanto maior a idade (p<0,01). Concluímos que estudar em escola pública com acesso ao PNAE no estado do Rio de Janeiro e um fator associado ao consumo de alimentos saudáveis.
PADRÃO ALIMENTAR ULTRAPROCESSADO E A SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ALEMÃES
Pôster
Segala, G. D.1, Levy, R. B.1, Schlack, R.2
1 USP
2 RKI
Objetivo: Investigar a associação entre o padrão alimentar ultraprocessado e a saúde mental de crianças e adolescentes na população alemã. Métodos: Foram utilizados dados da German Health Interview and Examination Survey for Children and Adolescents (KiGGS) que incluiu uma amostra representativa de 12.094 jovens alemães, com idades entre 5 e 17 anos. Entre 2003 a 2006, eles responderam a um Questionário de Frequência Alimentar (com 45 itens) e tiveram sua saúde mental reportada pelos pais ou responsáveis por meio do Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ - Strengths and Difficulties Questionnaire), cuja pontuação foi dividida em duas categorias: escores ≤ 12; e escores ≥ 13 e ≤ 40. Análises descritivas foram realizadas utilizando medidas de tendência central (médias e proporções). Análises de regressões logísticas, bruta e ajustada, para a associação entre o padrão alimentar ultraprocessado e saúde mental foram realizadas, considerando sexo, idade, índice de massa corporal, frequência de atividade física, maturação sexual e condição socioeconômica como covariáveis. Resultados: Os alimentos ultraprocessados representaram, em média, 51,76% da ingestão diária de calorias das crianças e adolescentes, variando de 36,53% (1º quartil) a 67,45% (4º quartil). O padrão alimentar ultraprocessado mostrou-se associado à piora da saúde mental no modelo bruto (ORbruto=1,93; IC95%:1,68-2,23) e após ajustes para variáveis de confundimento (ORajust=1,67; IC95%:1,44-1,94). Conclusões: Em acordo com a literatura atual, os resultados indicam que o padrão alimentar ultraprocessado está associado à pior qualidade da saúde mental de crianças e adolescentes.
PADRÃO ALIMENTAR ULTRAPROCESSADO E GANHO DE PESO NA COORTE NUTRINET-BRASIL
Pôster
Leite, M. A.1, Rezende, L. F. M.2, Giovannucci, E.3, Zhang, X.4, Louzada, M. L. C.5, Monteiro, C. A.5, Levy, R. B.6
1 Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, Brasil e Departamento de Atenção Primária à Saúde, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, SP, Brasil.
2 Departamento de Medicina Preventiva, Escola Paulista de Medicina
3 Departamento de Nutrição, Harvard T.H. Chan School of Public Health, Boston, MA, EUA
4 Departamento de Epidemiologia, Harvard T.H. Chan School of Public Health, Boston, MA, EUA
5 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, SP, Brasil
6 Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, Brasil
Objetivo: Examinar a associação prospectiva entre a adesão ao padrão alimentar ultraprocessado e o risco de ganho de peso em adultos brasileiros.
Métodos: Foram utilizados dados de 23.486 participantes da coorte NutriNet-Brasil, coletados entre 2020 e 2024, que responderam a dois recordatórios alimentares de 24h (Nova24h) e informaram peso e altura no baseline. A adesão ao padrão alimentar ultraprocessado foi avaliada por meio da contribuição de alimentos ultraprocessados na ingestão total de energia (% UPP). Casos acumulados de aumento ≥5% e ≥10% do peso corporal inicial foram avaliados ao longo do seguimento (mediana: 31 meses) por meio de autorrelatos de peso periódicos. Modelos de riscos proporcionais de Cox multivariados e análises estratificadas por modificadores de efeito foram realizados.
Resultados: Observou-se uma associação linear de dose-resposta entre adesão ao padrão alimentar ultraprocessado e aumento no risco de ganho de peso. Comparado ao primeiro quinto (<11,6% UPP), o último quinto de adesão ao padrão alimentar ultraprocessado (≥33,7% UPP) foi associado a um risco 26% maior de ≥5% de ganho de peso (HR 1,26; IC 95% 1,17; 1,35) e 40% maior de ≥10% de ganho de peso (HR 1,40; IC 95% 1,25; 1,56) no período. A associação foi atenuada após a inclusão de potenciais mediadores dietéticos nos modelos. A associação com ≥5% de ganho de peso foi mais forte entre os participantes que não estavam com sobrepeso no baseline.
Conclusões: Padrões alimentares ultraprocessados aumentam o risco de ganho de peso em adultos brasileiros.
PADRÕES ALIMENTARES DE ADOLESCENTES BRASILEIROS: INQUÉRITO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO
Pôster
Marques, M. L.1, Rego, A. L. V.1, Monteiro, L. S.2, Cunha, D. B.3, Sichieri, R.3, Pereira, R. A1
1 UFRJ
2 UFRJ/Macaé
3 UERJ
Objetivos: Identificar os padrões alimentares de adolescentes brasileiros e os grupos com maior aderência aos padrões.
Métodos: Foram analisados dados de amostra representativa de adolescentes (10-19 anos de idade) brasileiros (n=8.264) examinados no Inquérito Nacional de Alimentação de 2017-2018. O consumo alimentar foi avaliado por Recordatório de 24 horas. Os alimentos relatados foram categorizados em 32 grupos alimentares. Análise fatorial exploratória com componentes principais e rotação Varimax foi aplicada na extração dos padrões alimentares; screeplot foi adotado na identificação dos fatores retidos; incluídos grupos alimentares com carga fatorial >|0,20|. Foram comparadas médias e intervalos de confiança de 95% dos escores fatoriais segundo as características da população.
Resultados: Foram identificados 4 padrões alimentares (27,3% da variabilidade do consumo alimentar): “Pão com manteiga” (Óleos/gorduras, Pão, Queijos); “Típico brasileiro” (Arroz, Feijão, Água, Carnes, Hortaliças); “Suco-bebida cafeinada” (Açúcares/adoçantes, Café/chá, Suco de frutas, Biscoitos); “Lanches” (Bebidas com adição de açúcar, Molhos processados, Salgados fritos/assados, Sanduíches, Bebidas lácteas, Doces/sobremesas/guloseimas). Observou-se maior aderência ao padrão “Lanches” entre adolescentes do sexo masculino, entre 15 e 19 anos de idade, de áreas urbanas, com renda >1 salário-mínimo, que não consumiam desjejum e que realizavam pelo menos uma refeição fora-de-casa. Meninas e adolescentes do Sul tiveram menor aderência ao padrão “Típico brasileiro”, que teve maior adesão por adolescentes do Centro-Oeste.
Conclusões: Os padrões alimentares identificados mostram que os adolescentes adotam tanto a dieta tradicional brasileira como alimentos de baixa qualidade nutricional. Os achados reiteram a necessidade de ações de promoção à alimentação saudável dirigidas ao grupo investigado.
PADRÕES ALIMENTARES EM GESTANTES DE UM ESTUDO MULTICÊNTRICO BRASILEIRO
Pôster
Perez, C. P.1, Almeida, C. C. B.1, Crispim, S. P.1
1 UFPR
Objetivos: Identificar os padrões alimentares em gestantes de dois municípios brasileiros, Pinhais/PR e Viçosa/MG.
Métodos: Foi utilizado dados de um estudo transversal ocorrido entre setembro de 2018 e fevereiro de 2021 pelo Estudo Multicêntrico de Deficiência de Iodo (EMDI-Brasil). Aplicou-se o recordatório de 24 horas e a classificação dos alimentos conforme FAO/WHO (GIFT). A análise de componentes principais, com rotação ortogonal Varimax, foi realizada no software SPSS. Para a retenção dos componentes principais, utilizaram-se o Critério de Kaiser (eigenvalues > 1) e Análise Paralela (AP), mantendo-se cargas fatoriais ≥0,3 e ≤-0,3. O cálculo das médias das cargas fatoriais por município também foi realizada.
Resultados: Identificados três padrões alimentares principais: "Tradicional Brasileiro", "Carnes e Bebidas" e "Não Saudável". O padrão "Tradicional Brasileiro" apresentou cargas positivas para cereais, leguminosas, gorduras e ovos, e negativa para pratos compostos. O "Carnes e Bebidas" destacou-se por cargas positivas para carnes, bebidas e tubérculos. O "Não Saudável" incluiu cargas positivas para gorduras, lanches, especiarias e doces, e negativas para vegetais e leguminosas. As diferenças entre Pinhais e Viçosa foram significativas, com Pinhais inclinando-se para "Carnes e Bebidas" e "Não Saudável" (cargas médias de 0,202 e 0,249, respectivamente), enquanto Viçosa mostrou preferência pelo padrão "Tradicional Brasileiro" (carga média de 0,155).
Conclusões: Os resultados parciais destacam a importância de entender os padrões alimentares regionais em gestantes para futuras intervenções nutricionais.
PADRÕES DE AMAMENTAÇÃO E FATORES ASSOCIADOS AO DESMAME PRECOCE NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Pôster
Martins, F. A.1, Ramalho, A. A.1, Andrade, A. M.1, Opitz, S. P.1, Koifman, R. J.2, Silva, I. F.2
1 UFAC
2 FIOCRUZ-ENSP
Objetivo: Caracterizar os padrões de amamentação nos primeiros seis meses de vida e fatores associados ao desmame precoce numa coorte de nascidos vivos em Rio Branco-Acre. Métodos: Estudo prospectivo com nascidos vivos entre abril a junho/2015. As entrevistas com as mães ocorreram pós-nascimento e entre 6 e 15 meses pós-parto. Na alta hospitalar, o aleitamento foi definido em exclusivo (AME) e materno (AM), e no seguimento em AME, aleitamento materno predominante (AMP) e AM. A interrupção da amamentação nos seis meses foi classificada como desmame precoce. Utilizou-se o método de Kaplan-Meier para estimar a probabilidade condicional de mudança no padrão de amamentação e risco de desmame. Os fatores associados ao desmame foram analisados pela regressão de Cox. Resultados: Dos 833 lactentes participantes, 95,4% estavam em AME e 4,6% em AM na alta hospitalar. A probabilidade do lactente em AME na alta hospitalar permanecer em AME, ou se tornar AMP ou AM, aos seis meses, foi de 16,4%, 32,3% e 56,5% respectivamente. A probabilidade do desmame foi maior para aqueles em AM na alta hospitalar (47,4%) em comparação aos em AME (26%). Foram associados ao desmame precoce: o AM na alta hospitalar (HR=1,82;IC95%1,06–3,11), ausência de amamentação cruzada praticada pela mãe (HR=2,50;IC95%1,59–3,94), usar chupeta (HR=6,23;IC95%4,52–8,60), pretender amamentar por menos de seis meses (HR=1,93;IC95%1,25–2,98), não amamentar na primeira hora de vida (HR=1,45;IC95%1,10–1,92) e consumir álcool na gestação (HR=1,88;IC95% 1,34–2,90). Conclusão: Comparados aos lactentes em AME, aqueles em AM na alta hospitalar, apresentaram maior probabilidade de desmame.
PADRÕES DE MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR EM ADULTOS BRASILEIROS
Pôster
Moreira, N. F.1, Froelich, M.2, Fortini, C. S.1, Rodrigues, P. R. M.3
1 UFGD
2 Instituto Federal de Mato Grosso
3 UFMT
Objetivos: Identificar padrões alimentares com marcadores de alimentação saudável e não saudável em adultos brasileiros.
Métodos: Estudo transversal com amostra representativa de adultos brasileiros (N= 88.531) participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (2019). Os padrões alimentares foram identificados por meio de da análise de classes latentes considerando o consumo semanal regular (≥ 5 dias na semana) de 4 marcadores de alimentação saudável (feijão, verduras e legumes, frutas e suco natural) e 3 não saudável (refrigerante, suco artificial e doces). Para a escolha dos padrões, foram considerados: critério de informação de Akaike, critério de informação Bayesiano, observando-se os menores valores, e o maior valor da entropia. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa estatístico R.
Resultados: Foram identificados 3 padrões alimentares, com participação da população em cada padrão previsto em 44,4%, 11,5% e 44,1%, respectivamente. O primeiro foi definido como “monotono” caracterizado por maior consumo de feijão e baixo dos demais marcadores. O segundo foi definido como “misto” com maior consumo de feijão, frutas, sucos artificiais e doces. O terceiro como “saudável”, caracterizado por maior consumo de feijão, verduras e legumes e frutas.
Conclusões: Nos 3 padrões identificados observou-se elevada participação do feijão mostrando-se como um forte marcador da alimentação brasileira. Os padrões mais prevalentes foram o monótono e o saudável.
PÂNTANOS ALIMENTARES NO ENTORNO DE ESCOLAS: COMPARAÇÃO ENTRE DADOS SECUNDÁRIOS E PRIMÁRIOS
Pôster
MACHADO, S.P.1, FERREIRA, M.S.1, DOMINGOS, E.B.1, HONÓRIO, O.S.2, ARAÚJO, L.F.3, CANUTO, R.4, MENDES, L.L.5
1 UECE
2 UFOP
3 UFC
4 UFRGS
5 UFMG
Objetivos: Analisar a presença de pântanos alimentares no entorno escolar e confrontar os achados dos dados secundários e primários.
Métodos: Trata-se de um estudo ecológico e transversal, com análise dos dados secundários e auditoria in loco do Ambiente Alimentar Comunitário nas escolas públicas de Fortaleza-CE. Dados das escolas e estabelecimentos de vendas de alimentos-EVA foram geocodificadas no Google Maps e Qgis. Para identificar pântanos alimentares-PA, utilizou-se metodologia de Hager (2017), adaptada por pesquisadores brasileiros, utilizando como unidade de análise o buffer de 250m, classificando o entorno escolar como PA quando a soma de lanchonetes, mercearias e lojas de doces totalizaram quatro ou mais.
A presença de PA foi comparada quanto ao período pedagógico (regular ou integral) e renda per capita (menor ou maior renda) das escolas pelo Teste Qui-quadrado. Para confrontar os dados primários e secundários, utilizou-se o Teste de Wilcoxon.
Resultados: Das 300 escolas estudadas, 17,7% estavam em áreas com pântanos alimentares, com base nos dados secundários, independentemente do período pedagógico, e sendo maior a frequência entre áreas com menor renda (66,0 vs. 34,0%; p=0,012).
No confronto dos dados primários com secundários, para as seis escolas auditadas, PA foram encontrados apenas nos dados primários (83,3%). Na auditoria in loco, observou-se que dos 200 estabelecimentos ativos encontrados no entorno das escolas, a maioria (96,5%) não estava prevista nos dados secundários.
Conclusão: A auditoria in loco apresentou vantagens por capturar dados do comércio informal e flutuação do comércio local, permitindo um recorte mais fidedigno da realidade quando comparada aos dados secundários.
PERCENTUAL ENERGÉTICO E SUBGRUPOS DE ULTRAPROCESSADOS NA DIETA USUAL DE GESTANTES
Pôster
Lima, M. C. de1, Sartorelli, D.S.1, Rodrigues, S.S.P.2
1 FMRP - USP
2 FCNAUP
Objetivos: Identificar os principais subgrupos de alimentos ultraprocessados (AUP) e o percentual energético (%E) proveniente desses alimentos na dieta usual de gestantes brasileiras e portuguesas.
Métodos: Estudo transversal comparativo que utilizou os dados de: 1) linha de base de um ensaio clínico randomizado controlado conduzido com grávidas atendidas em Unidades de Saúde de Ribeirão Preto, SP, Brasil (n=350); e 2) do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-2016, Portugal (n=226). Foram coletados dois inquéritos recordatórios de 24 horas. Os AUP foram classificados segundo a Nova classificação de alimentos. O consumo usual foi estimado no Multiple Source Method. O %E proveniente dos AUP foi calculado por média (±DP) e IC95%. As análises foram conduzidas no programa SPSS (versõ 21).
Resultados: O %E médio diário proveniente de AUP entre as grávidas brasileiras foi de 449,6 (±207,6) kcal representando 24,2 (±8,8) do %E total diário; entre as portuguesas foi de 484,2 (±242,4) kcal e 22,3 (±9,3), respectivamente. Os grupos de AUP mais consumido entre as brasileiras foram “sanduíches” [23,5 (±9,4); 18,9 – 28,0], “pratos prontos para consumo” [16.3 (±11.4); 13,0–19,6] e “salgadinhos de pacote” e [14,7 (±12,1); 10,6 – 18,8]. Entre as portuguesas foram “salgados” [22,9 (7,1); 18,9–26,8], “pães e torradas” [8,0 (5,4); 7,2–8,8] e “salgadinho de pacote” [7,6 (3,5); 3,3–12,0].
Conclusão: Os subgrupos de AUP mais consumidos correspondem a potenciais substitutos de refeições, desestimulando a prática de habilidades culinárias. Além disso, o %E proveniente dos AUP foi considerável.
PERCEPÇÃO DE SAÚDE DE ESTUDANTES DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA SEGUNDO FORMA DE INGRESSO
Pôster
Jesus, G. A.1, José, M. E. R.1, Canella, D. S.1
1 UERJ
Objetivo
Descrever a autopercepção de saúde dos estudantes de graduação de uma universidade pública, segundo forma de ingresso.
Métodos
Estudo transversal realizado com estudantes de uma universidade pública localizada no Rio de Janeiro. Todos os estudantes que ingressaram em 2022 (n=4.751), no retorno às atividades presenciais, foram convidados a participar. A coleta foi realizada utilizando a plataforma Google Forms. Para avaliação da autopercepção de saúde as opções de resposta foram agrupadas em: Muito boa/Boa, Regular e Ruim/Muito ruim. A exposição foi a forma de ingresso na universidade: cota x não cota. Foram realizadas análises descritivas com frequência relativa para as variáveis categóricas e utilizou-se teste qui-quadrado.
Resultados
Participaram do estudo 924 graduandos de cursos diversos, sendo 646 (69,9%) não cotistas e 278 (30,1%) cotistas. A autopercepção de saúde diferiu significativamente entre cotistas e não cotistas (p=0,010). A maioria dos estudantes não cotistas avaliaram sua saúde como Muito boa/Boa (54,5%), seguidos pela avaliação Regular (35,9%) e Ruim/Muito ruim (7,9%). Entre os cotistas, a proporção de autopercepção Muito boa/Boa (45,6%) e Regular (44,6%) foi semelhante.
Conclusões
Verificou-se pior autopercepção de saúde entre os estudantes cotistas, indicando a vulnerabilidade não apenas social dos ingressantes pelo sistema de cotas e exemplificando a desigualdade nas condições de saúde.
PERFIL DE LACTENTES MENORES DE 6 MESES EM AME INTERNADOS POR IRA
Pôster
MACHADO, Poliana Aparecida Vitorio Longo1, LUIZ, Jéssica Cordeiro2, ANDRADE, Isabel Farinazzo3, PEREIRA, Alessandra da Silva1
1 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
2 Universidade Federal Fluminense
3 Hospital Infantil Ismélia da Silveira
O estudo teve como objetivo analisar a prática de Aleitamento Materno Exclusivo (AME) de lactentes até 6 meses de idade internados por infecções respiratórias em um hospital pediátrico do município de Duque de Caxias. Método: pesquisa descritiva transversal, observacional, a partir de dados secundários do registro de estatísticas assistenciais da Instituição. A coleta de dados ocorreu em maio de 2024 e foram analisadas as variáveis: peso (kg), idade em meses, modo ventilatório, tempo de internação (dias); uso de ventilação mecânica (S /N) e se estavam em AME (S /N). Foram realizadas análises descritivas dos dados e teste de qui-quadrado para avaliar a associação entre AME e sexo, prematuridade e ventilação mecânica, com nível de significância (p<0,05). Resultados: foram analisadas 60 crianças, sendo 43% do sexo feminino, idade média de 3 meses, 15% foram prematuros, média de peso de 5.291±2017 kg, tempo médio de internação de 6 dias e 48,3% das crianças estavam em aleitamento materno. Foram observadas associações significativas entre AME e sexo (p=0,021); prematuridade (p=0,015) e uso de ventilação mecânica (p=0,008), sendo maior a prática de AME entre as meninas e entre as crianças que não foram prematuras e que não necessitam de VM. A partir da análise dos dados concluímos que, estímulo ao AME visa, dentre outros, reduzir a incidência de infecções respiratórias em menores de 6 meses de vida, devendo ser estimulado durante o período de internação e após a alta. Cabendo ressaltar que os determinantes para AME se articulam em rede, desde a atenção básica.
PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES IDOSOS ACOMPANHADOS EM UM AMBULATÓRIO DE GERIATRIA
Pôster
Bandeira, M.S.1, Sales, A.E.C.1, Viana, A.C.C.1, Mendonça, P.S.2
1 Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) - Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC/UFC/EBSERH)
2 Programa de pós graduacao em Ciencias Medicas/ UFC, Hospital Walter Cantídio/UFC/EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, Instituto Doutor José Frota
Objetivos: Avaliar o estado nutricional de pacientes idosos acompanhados pelo ambulatório de geriatria de um hospital de referência.
Métodos: trata-se de um estudo transversal, observacional, quantitativo, realizado no ambulatório de geriatria de um hospital universitário localizado no nordeste brasileiro. A amostra foi composta por 76 pacientes idosos, acima de 60 anos. Foram coletados idade, peso, altura, circunferências do quadril, cintura e pescoço. Os dados de peso e altura, foram utilizados para cálculo do Índice de Massa Corporal para a população idosa. A circunferência da cintura e quadril foram utilizados para calcular a relação cintura/quadril, com ponto de corte 0,85 m para mulheres e 1,0m para homens. A circunferência do pescoço foi utilizado o ponto de corte de 34cm para mulheres e 36cm para homens. Os dados coletados foram tabulados no programa Microsoft Excel®. Realizando análise descritiva dos dados de forma a caracterizar a amostra levantada na pesquisa.
Resultados: Em relação ao sexo e idade, dos 76 pacientes avaliados, 31,58% foram do sexo masculino e a média de idade de 71,21 anos. Conforme índice de massa corporal, 56,6% apresentaram diagnóstico nutricional de excesso de peso e apenas 38,16% foram classificados com diagnóstico de eutrofia. Quanto a circunferência da cintura, 85,53% apresentaram risco elevado para doenças cardiovasculares. Já em relação a circunferência do pescoço, 55,26% exibiram risco elevado para doenças cardiovasculares. Outro parâmetro estudado foi a relação cintura/quadril, no qual 77,63% encontram-se com risco elevado para doença cardiovascular.
Conclusão: concluiu-se que há prevalência de excesso de peso e risco elevado de comorbidades, principalmente para doenças cardiovasculares.
PERFIL SOCIOECONÔMICO E CONSUMO ALIMENTAR DE UNIVERSITÁRIOS APÓS A PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
Borsalino, G.1, Santos, E.V.O.1, Palchetti, C.Z.1, Moura, L. A.1, Machado, A. D.1, Marchioni, D. M. L.1
1 FSP-USP
Objetivo: Avaliar a associação entre variáveis sociodemográficas e marcadores de alimentação saudável em universitários pós-pandemia de COVID-19.
Métodos: Estudo transversal, realizado em 2023, envolvendo 1109 estudantes de graduação da Universidade de São Paulo, por meio de questionário online. Foram incluídos participantes com idade ≥ 18 anos que apresentaram dados completos para as variáveis socioeconômicas consideradas independentes (gênero, orientação sexual, idade, cor da pele, estado civil e renda per capita) e para marcadores de alimentação saudável adotados pelo VIGITEL (consumo semanal de feijão, verduras e legumes, frutas, lácteos, carnes, frango e ovos) - variáveis dependentes. Avaliou-se a associação entre as variáveis por meio de regressão logística (software R, versão 4.2.1). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FSP-USP (CAAE 36402820.9.0000.542).
Resultados: Dos participantes, 93% são cis-gênero; 56% apresentaram idade entre 17 e 22 anos. Houve associação negativa para solteiros e maior consumo de feijão (OR=0,31; p<0,001), união estável e consumo de legumes/verduras (OR=0,34; p<0,05) e menor renda e maior consumo de verduras/legumes (OR=0,71; p<0,001), frutas (OR=0,53; p<0,001), lácteos (OR=0,70; p<0,01) e carnes (OR=0,66; p<0,05). Associação positiva para mulheres cis e consumo de feijão (OR=1,42; p<0,001) e carnes (OR=2,31; p<0,001) e negativa quanto ao consumo de frutas (OR=0,69; p<0,01); positiva para pardos e consumo de legumes/verduras (OR=1,73; p<0,001), e frutas (OR=2,02; p<0,001).
Conclusões: As variáveis socioeconômicas apresentaram relação com os marcadores de alimentação saudável, sobretudo o consumo de feijão, associado à renda e gênero, consumo de legumes/verduras à cor da pele, e consumo de carnes associado ao gênero.
POBREZA ALIMENTAR EM CRIANÇAS DE 6-59 MESES NO BRASIL: EVIDÊNCIAS DO ENANI-2019
Pôster
Carneiro, L.B.V.1, Lacerda, E.M.A.1, Oliveira, N.1, Schincaglia, R.M.2, Alves-Santos, N.H.3, Berti, T.L.1, Crispim, S.P.4, Farias, D.R.1, Mello, J.V.C.1, Normando, P.1, Castro, I.R.R.5, KAc, G.1
1 UFRJ
2 UFG
3 UFPA
4 UFPR
5 UERJ
Objetivo: Descrever a prevalência de pobreza alimentar segundo características socioeconômicas e os grupos alimentares consumidos por crianças brasileiras.
Métodos: Foram utilizados dados do questionário fechado sobre alimentação de 12.582 crianças de 6–59 meses, participantes do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), inquérito populacional de base domiciliar realizado em 123 municípios. Foi usado o novo indicador da UNICEF que classifica crianças que consomem 3 ou 4 e menos de 3 grupos de alimentos, dentre 8, como vivendo em pobreza alimentar moderada e grave, respectivamente. As prevalências dos níveis de pobreza alimentar foram descritas segundo características socioeconômicas. A prevalência do consumo de cada grupo alimentar e de alimentos ultraprocessados foi estimada, considerando o desenho amostral, segundo o nível de pobreza alimentar por faixa etária (6–23; 24–59 meses). As combinações de grupos de alimentos mais consumidas por crianças que viviam em pobreza grave foram calculadas.
Resultados: As prevalências de pobreza alimentar moderada e grave foram de 32,5% (IC95%:30,1;34,9) e 6,0% (IC95%:5,0;6,9), respectivamente. Crianças cujas mães/responsáveis tinham menor escolaridade (<8 anos) e menor renda per capita (<1/4 salário mínimo) tiveram maior prevalência de pobreza alimentar grave [8,3% (IC95%:6,2;10,4) e 7,5% (IC95%:5,6;9,4), respectivamente]. Os grupos alimentares mais consumidos por crianças que vivem em pobreza alimentar em ambas as faixas etárias foram: produtos lácteos, cereais e tubérculos e ultraprocessados.
Conclusões: A prevalência de pobreza alimentar encontrada em crianças brasileiras menores de 5 anos foi alta. Observou-se elevada frequência do consumo de produtos lácteos associados a cereais e tubérculos, e do consumo de alimentos ultraprocessados em crianças que viviam em pobreza alimentar grave.
PRÁTICAS ALIMENTARES SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS EM UMA USF DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS/RJ.
Pôster
Borsato, M. L.1, Veronique, B.1, Dias, E. P. M.1, Fialho, T.1, LORENZO, P. A.1, SANTOS, C.B1, NASCIMENTO, L.M.S.2, ANGELO, M.N.2
1 UNIFASE
2
Objetivos: Avaliar o conhecimento de mulheres atendidas pela equipe de nutrição de uma USF sobre elaboração de marmitas congeladas saudáveis e sustentáveis. Métodos: O estudo desenvolveu-se na USF Boa Vista em Petrópolis/RJ no mês de março de 2024, por alunos de nutrição da UNIFASE através do projeto de curricularização da extensão CINUS, a partir da observação da necessidade de promover práticas alimentares saudáveis, práticas e sustentáveis. Aplicou-se o questionário através do portal de comunicação virtual da unidade em mulheres acompanhadas pela equipe de nutrição. Foram desenvolvidas 12 perguntas sobre higienização, aproveitamento integral dos alimentos, técnicas de congelamento e preparo de marmitas. Os dados obtidos foram tabulados no Excel para análise no software PSPP. Resultados: Os questionários foram distribuídos para 30 mulheres com idade média de 52 anos (±19,5), com 83,3% de respostas (25). Dessas, 96% relataram gostar de cozinhar, enquanto 52% demonstraram não possuir conhecimento adequado sobre a higienização correta dos alimentos. Entre as participantes, 76% nunca aplicaram técnicas de aproveitamento integral dos alimentos. Sobre o preparo antecipado de refeições, todas relataram que a prática facilitaria sua rotina diária. Porém, 80% dos indivíduos afirmaram não saber como preparar marmitas congeladas e 92% manifestaram interesse em adquirir esse conhecimento. Conclusão: Estes dados evidenciam a relevância da execução de oficinas, possibilitando inclusive geração de renda extra, além de enriquecer o preparo de refeições, ajudando a reduzir o desperdício e a contaminação de alimentos. Ademais, facilita a adesão de uma alimentação saudável, reduzindo o consumo de ultraprocessados, contribuindo para o controle de DCNT.
PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E COMPLEMENTAR EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO
Pôster
CRUVEL, J.M.S.1, OLIVEIRA, E.C.1, SANTOS, A. G. M. A.1, SOUSA, M.M.B.1, PIRES, B.R.F.1, COUTINHO, M. A.1, BARROSO, M. P. R. S.1, QUIRINO, S.M.1, CAVALCANTE, F. A. B.1, VIANA, N. F.1
1 HUUFMA
Objetivo: Descrever o aleitamento materno e a alimentação complementar (AC) de crianças admitidas em um hospital universitário do Maranhão.
Métodos: Trabalho descritivo realizado com dados coletados em formulários de admissão específicos do serviço de nutrição do hospital. Foram incluídos 172 pacientes internados no período de junho de 2015 a junho de 2016. Formulários incompletos ou de pacientes que não iniciaram a alimentação complementar foram excluídos.
Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo masculino, 52,3% (n=90) e a mediana de idade foi de 4,5 anos. Um terço dos participantes, 30,2% (n=52), nunca recebeu aleitamento materno exclusivo (AME), a mediana de AME entre o restante foi de 4 meses. Apenas 29,1% (n=50) seguiram em AME até o 6º mês, 38,4% (n=66) tiveram a AC antecipada e 22,7% (n=39) receberam AM predominante. A AC foi iniciada antes do 4º mês de vida em 25,1% (n=43). O principal alimento introduzido foi o mingau, 68,0% (n=117). O leite de vaca integral ou o composto lácteo foram ofertados em 34,3% (n=59). O suco foi ofertado em 39,5% (n=68) e o esquema alimentar de papa de fruta e salgada foi observado em 7,6% (n=13).
Conclusão: Nota-se baixa frequência de AME até o 6º mês de idade, assim como alta frequência de introdução precoce da AC, cujo principal alimento introduzido foi o mingau. O esquema alimentar recomendado pelo Ministério da Saúde foi observado em baixa proporção de pacientes. Dessa forma, o planejamento de ações públicas que favoreçam a alimentação saudável no primeiro ano de vida é necessário.
PREVENÇÃO À SAÚDE VIA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL PELO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA
Pôster
Santos, A. P. R1, Gomes, C. T. R1, Netto, D. C. C1, Pires, E. I2, Rezende, L. R. P1
1 SMS Petrópolis
2 UNIFASE
A obesidade infantil é considerada um dos maiores problemas de saúde pública, afetando milhares de crianças em idade escolar pelo mundo. É tema relevante de impacto na saúde coletiva pois sua crescente prevalência repercute em fatores políticos, econômicos, sociais e culturais.
Objetivos: Avançar com a promoção à saúde e prevenção de agravos relacionados à obesidade infantil utilizando a educação em saúde como estratégia através do Programa Saúde na Escola (PSE) de Petrópolis/RJ.
Métodos: Foram realizados encontros anuais com estudantes da rede pública de ensino de Petrópolis. Utilizando como base o programa de enfrentamento à obesidade infantil “Crescer Saudável”, foram realizadas avaliações antropométricas seguidas de atividades de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) com nutricionista da equipe, utilizando materiais lúdicos como “Monstrinho e a montagem de seu prato” e “Trilha dos Alimentos” e “Caça palavras da obesidade’’, almejando facilitar o processo de compreensão e reflexão a respeito da alimentação adequada e saudável em diferentes idades.
Resultados e conclusões: A EAN abrangeu 7664 estudantes com idades entre 4 a 19 anos de 22 centros de educação infantil e 29 escolas. Foi observada boa interação e envolvimento por parte da escola e dos estudantes, possibilitando a troca de saberes e o raciocínio crítico a respeito do grau de processamento dos alimentos e o impacto na saúde de diversos alimentos frequentemente consumidos. Estimulou-se o consumo da merenda escolar, escolhas mais saudáveis e a mudança de hábitos de vida para melhoria da qualidade da saúde desde a infância.
PREVENÇÃO DE DOENÇAS COM A DIETA BRASILEIRA: PROTOCOLO DO ENSAIO CLÍNICO PREDIBRA
Pôster
Gabe, K. T.1, Louzada, M. L.1
1 FSP-USP
Objetivo: descrever o protocolo do ensaio clínico randomizado PREDIBRA, “Prevenção de doenças com a dieta brasileira”, que visa avaliar a eficácia de uma intervenção digital baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira em prevenir doenças entre participantes da coorte NutriNet Brasil. Métodos: o protocolo foi desenvolvido baseado no modelo SPIRIT (The Standard Protocol Items: Recommendations for Intervention Trials Statement) e será registrado na plataforma Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBec). Resultados: ensaio clínico aninhado à coorte NutriNet-Brasil. A intervenção durará seis meses, sendo composta por um aplicativo móvel de promoção da dieta brasileira, aliado a teleconsultas mensais com nutricionistas. Participantes do NutriNet Brasil (n=2760) serão recrutados segundo critérios de inclusão e randomizados em quatro braços, sendo dois grupos intervenção (aplicativo e teleconsultas / somente aplicativo); e, dois grupos controle (aplicativo sem mensagens de alimentação / controle passivo). Os desfechos serão medidos nos meses 0, 3, 6 e 12 a contar do início da intervenção. Os desfechos primários são a redução de peso corporal e de sintomas depressivos, e os secundários, o aumento no nível de conhecimento segundo nível de processamento dos alimentos, o aumento na adesão a práticas alimentares saudáveis, e a melhoria da qualidade da alimentação segundo as recomendações do Guia. Conclusão: O estudo contribuirá com evidências sobre a relação causal entre a dieta proposta pelo Guia Alimentar e desfechos em saúde. A intervenção de saúde digital produzida poderá ser disponibilizada ao Ministério da Saúde para incorporação no Sistema Único de Saúde.
QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO E INSATISFAÇÃO COM IMAGEM CORPORAL EM MULHERES
Pôster
Silva, N.A.1, Schtscherbyna, A.2, Alves, I.A1, Pereira, R.A.1, Lopes, T.S.1
1 UFRJ
2 HCE
Objetivos: Avaliar a associação entre o índice da qualidade da alimentação e o grau de insatisfação com a imagem corporal em mulheres.
Métodos: Estudo seccional, realizado em 2020. Os participantes foram recrutados por meio de redes sociais e a coleta de dados foi on-line. Eram elegíveis mulheres de 19-59 anos de idade do Rio de Janeiro. O Body Shape Questionnaire foi aplicado para avaliar a insatisfação com a imagem corporal (IIC), que foi categorizada em: ausência; leve; moderada ou grave. Foi calculado o índice de qualidade da dieta com base na frequência de consumo de marcadores saudáveis e não saudáveis da alimentação, sendo categorizados em tercis e classificados em qualidade baixa (T1), intermediária (T2) e boa (T3). O odds ratio (OR) foi estimado para avaliar a associação entre a qualidade da alimentação e IIC.
Resultados: Foram avaliadas 961 mulheres, com idade média de 35 anos, das quais 16% rekataram ICC leve e 10%, IIC moderada ou grave. A pontuação média da qualidade da alimentação foi de 65,1. Mulheres com qualidade da alimentação boa apresentaram associação com a ICC leve (OR=0,40) e a ICC moderada ou grave (OR=0,41) comparadas àquelas sem ICC. Mulheres com qualidade da alimentação intermediária também se associaram com a ICC moderada ou grave (OR=0,49) comparadas àquelas sem ICC.
Conclusões: A qualidade da alimentação classificada como boa reduziu a chance de ICC leve e moderada ou grave, enquanto a qualidade da alimentação intermediária reduziu a chance de ICC moderada ou grave.
REDUÇÃO DO CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS E CONDIMENTOS EM UNIDADES SAÚDE DA FAMÍLIA/ES
Pôster
Molina, M.C.B.1, Martins, H.X.M.2, Oliveira, A.M.A.2, Moura, K.C.S.2, Azevedo, L.B.2, Gering, S.J.2
1 UFES/UNIFAL
2 UFES
Objetivo: Avaliar o impacto de um programa educativo no consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) em crianças de 7 a 10 anos e no uso de condimentos industrializados na prática culinária familiar. Métodos: Trata-se de um ensaio comunitário conduzido com famílias cadastradas em 26 Unidades de Saúde da Família (USF), em quatro municípios da Região Metropolitana de Vitória/ES. Famílias com crianças de 7-10 anos foram convidadas por agentes comunitários de saúde, e, após inclusão no estudo, foram realizados exames e entrevistas em 2 momentos: linha de base (julho-dezembro/2021) e após 12 meses, seguindo protocolos padronizados. Consumo de AUP foi avaliado por meio de questionário de frequência alimentar e o uso de condimentos por perguntas para identificação do tipo e frequência semanal. As USF foram randomizadas em dois grupos: Intervenção (GI) e Controle (GC). A temática central do programa envolveu a promoção da alimentação adequada e saudável, utilizando diferentes estratégias. Após 9 meses, foi realizada a segunda avaliação. Para análise dos dados e comparação dos momentos de avaliação, foi realizada análise por intenção de tratar. Testes estatísticos apropriados foram realizados, utilizando-se o software SPSS versão 20.0, e adotado p<0,05. Resultados: Foram avaliadas 470 crianças: 53,1% meninas, 63,1% pardas. Crianças do GI apresentaram redução nos percentuais de consumo diário de biscoito recheado (p=0,010) e achocolatado (p=0,015), e seus pais/responsáveis referiram diminuição no consumo frequente de condimentos industrializados (p=0,007). Conclusão: O programa se mostrou efetivo para redução do consumo de AUP em crianças e no uso de condimentos industrializados pelas famílias.
RELATO DE EXPERIÊNCIA: ELABORAÇÃO DO PROTOCOLO DE DEVOLUTIVAS DOS PARTICIPANTES ENANI-2024
Pôster
Ferreira, G.S.A1, Peixoto, K.S1, LEPSCH, J1, NORMANDO, P1, SANTOS, I. N1, KAC, G1
1 UFRJ
Objetivo: Descrever o protocolo de devolutivas da avaliação nutricional de crianças de até 72 meses e suas mães biológicas do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2024).
Métodos: A devolutiva do estado nutricional é automatizada pelo programa LabVIEW, desenvolvido exclusivamente para o estudo, que contém dados antropométricos de peso e altura, e os seguintes resultados laboratoriais: Hemoglobina, Ferritina, Vitamina A, Zinco e Vitamina B12 para as crianças, e Hemoglobina para as mães. Para a classificação do estado nutricional infantil são utilizados os indicadores de altura e índice de massa corporal (IMC) para a idade, e o IMC para as mães, seguindo as orientações da OMS e SISVAN. O programa conta com controle de qualidade que sinaliza a necessidade de verificar dados antropométricos quando os valores são improváveis ([escore-z] > 5). Diagnóstico de desnutrição ou obesidade, ou alterações nos parâmetros laboratoriais resultam no encaminhamento para a rede pública de saúde. O laudo completo do laboratório de análises clínicas central e um folder para promoção da alimentação saudável também constam na devolutiva. O encaminhamento às famílias é realizado via WhatsApp, e-mail ou correio e pode ser acessado pelo site do estudo.
Resultados: A automatização da produção de mais de 15 mil devolutivas previstas permitirá a otimização do fluxo de produção e reduzirá as chances de possíveis erros no processo de elaboração do documento.
Conclusão: O protocolo de devolutivas implementado no ENANI-2024 mostra-se adequado para o volume de devolutivas elaboradas para a garantia do retorno dos resultados em tempo oportuno às famílias estudadas.
SATISFAÇÃO E PERFIL DE USUÁRIOS DE EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster
Tangerino, G. C.1, Knust, B. G.1, Silva, E. M.1, Maione, N. C.1, Oliveira, T. N.1, Rodrigues, V. M. S.1, Franco, A. S.1, Castro, I. R. R.1, Barros, S. T.2
1 UERJ
2 Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos
OBJETIVO
Avaliar o perfil e satisfação de usuários de um equipamento de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) do estado do Rio de Janeiro (RJ).
MÉTODOS
Estudo transversal realizado em parceria com a gestão de SAN do RJ, entre 2022 e 2024. Foi aplicado um questionário face a face com questões sociodemográficas e de satisfação dos usuários nas cinco unidades de um equipamento de SAN que distribui refeições embaladas (desjejum, almoço e jantar). Utilizou-se amostra aleatória simples (Statulator) de tamanho determinado com base na prevalência esperada da característica de interesse na população (50%), erro amostral tolerado de 5% e poder estatístico de 95%, supondo 10% de perdas. Os dados foram analisados por estatística descritiva (SPSS 21.0).
RESULTADOS
Foram avaliados 387 usuários, maioria do sexo masculino (66,6%), maiores de 40 anos (81,6%) e predominantemente pretos e pardos (76,5%). A maior parte não completou ensino fundamental (61,5%), relatou não trabalhar (71,6%) e receber auxílio do governo (75,2%). Frequentam o equipamento diariamente/quase todos os dias 69,2%, sendo o almoço mais procurado (99,7%). Quanto à satisfação dos usuários, a porção das refeições foi considerada suficiente (72,9%), a qualidade avaliada de “boa” a “excelente” (86,0%) e com variedade de frutas (74,7%), vegetais (86,3%) e carnes (93,3%). Críticas foram relatadas, destacando-se a organização da fila.
CONCLUSÃO
Os equipamentos são frequentados por uma população vulnerabilizada, evidenciando a sua importância na garantia da SAN, pois oferecem alimentação de qualidade em quantidade suficiente por refeição.
SISTEMAS ALIMENTARES BRASILEIROS SUSTENTÁVEIS: UMA TENDÊNCIA TEMPORAL
Pôster
Camusso, I.G.1, Norde, M.N.2, Carvalho, A.M.3
1 Aluna de graduação do curso de nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), São Paulo, São Paulo - Brasil
2 Pesquisadora de pós-doutorado no Obesity and Comorbidities Research Center da UNICAMP
3 Professora doutora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), São Paulo, São Paulo - Brasil
Objetivos: O estudo visa identificar, analisar e comparar a tendência temporal dos indicadores e dimensões do Índice Multidimensional Brasileiro para Sistemas Alimentares Sustentáveis (MISFS) de 2021 e sua revisão em 2023 (MISFS-R), considerando a diversidade geográfica e geopolítica brasileira. O índice abrange quatro dimensões: nutricional, ambiental, econômica e social para cada estado brasileiro. Metodologia: Dados de fontes como IBGE e Global Burden of Diseases foram usados para construir a base de dados do MISFS-R. Os Indicadores foram categorizados nas quatro dimensões do sistema alimentar. Testes estatísticos pareados foram aplicados para comparar dados de 2006-2009 e 2017-2020, com resultados apresentados em tabelas no Microsoft Excel e Stata 17. O nível de significância de P<0,05 foi adotado para interpretar diferenças estatisticamente significativas. Resultados e Conclusões: Dos 24 indicadores analisados, 66,7% mostraram diferenças estatísticas entre os períodos. Dez indicadores apresentaram melhora na sustentabilidade, seis apresentaram redução e os demais permaneceram inalterados. A dimensão econômica destacou-se com indicadores que apresentaram melhora na sustentabilidade: aumento de produtores em cooperativas, maior contribuição da agricultura para o PIB, melhor infraestrutura de maquinário e mais fazendas com acesso à eletricidade, evidenciando uma melhora na produção de alimentos, com maior rentabilidade e resiliência econômica. Em contrapartida, a dimensão ambiental apresentou mais indicadores com redução da sustentabilidade, através do aumento de emissões de gases do efeito estufa e do desmatamento, além da redução da biodiversidade. Isso sugere que, provavelmente, houve incentivos econômicos à produção de alimentos; contudo, esse quadro resultou em um impacto significativo no meio ambiente.
SISTEMAS COMPLEXOS COMO UMA FERRAMENTA PARA COMPREENSÃO DE SISTEMAS ALIMENTARES
Pôster
Dias, LF1, Klapka, CS1, Moura, LA1, Melo, HS1, Marchioni, DML1, Sarti, FM2, Carvalho, AM1
1 FSP/USP
2 EACH/USP
Objetivos
Investigar a literatura científica baseada no uso de ferramentas de sistemas complexos para compreensão dos sistemas alimentares.
Métodos
Foi realizada análise bibliométrica utilizando o pacote Bibliometrix do software R e a ferramenta “Analyze Results” da base de dados Scopus, da qual também foram extraídos os estudos analisados. A estratégia de busca utilizada foi: (("Conceptual map" OR "Computer simulation*" OR "Complex Network*" OR "Complex System*" OR "Dynamic System*" OR "ABM" OR "Agent Based Model*" OR "Complexity analysis*") AND ("Food System*")) filtrado por título/resumo e idiomas inglês, português e espanhol.
Resultados
Foi identificado um total de 263 estudos publicados entre 1968 e 2023. Houve um aumento significativo de publicações a partir de 2014, com 12 artigos publicados no mesmo ano (aumento de 21,8% em relação ao ano anterior). Entre os países com mais publicações, os EUA tiveram 77 artigos (29,3%), seguidos do Reino Unido com 48 artigos (18,3%) e da França com 28 artigos (10,6%). Em relação às áreas de indexação, um total de 121 artigos (46,0%) foram indexados em “Ciências Agrárias e Biológicas”, 86 artigos (32,7%) em “Ciências Ambientais” e 61 artigos (23,2%) em “Engenharias”.
Conclusões
O aumento de publicações mostra o interesse na utilização de abordagens de sistemas complexos para compreender os sistemas alimentares nas últimas décadas, e potencialmente influenciar práticas e políticas públicas para promover a justiça e a sustentabilidade. No entanto, é importante notar que ainda faltam análises que compreendam o tema, considerando a constante evolução dos sistemas alimentares.
SITUAÇÃO DE PESO DE BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E INSEGURANÇA ALIMENTAR
Pôster
Colares, A.C.G.1, Cherol, C.S.1, Domingos, T.B.1, Lima, T.F.1, Ghiggino, L.T.1, Costa, R.S.1
1 UFRJ
Objetivo: Analisar a situação de peso em mulheres adultas beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) e sua relação com insegurança alimentar (IA). Métodos: Estudo descritivo, utilizando uma subamostra da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/18 (n=2707). A IA foi medida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, classificando domicílios em segurança alimentar (SA), IA leve, moderada/grave. O índice de massa corporal (IMC; medido em kg/m²) foi estimado a partir do peso e altura autorreferidos, classificando o status de peso da população em: baixo peso (BP) IMC ≤ 18,4 Kg/m²; eutrofia (EU) IMC 18,5–24,9 Kg/m²; sobrepeso (SB) IMC 25-29,9 Kg/m²; obesidade (OB) ≥ 30,0 Kg/m² (OMS, 2005). Estimou-se as prevalências, intervalo de confiança (IC) de 95% e o p-valor, através do software STATA 16. Resultados: As mulheres representam 87,41% dos beneficiários do PBF (IC:85;89,00), onde 38,21% se inserem no perfil de EU (IC:35,45;41,04) e 58,76% entre perfis de SB/OB (IC:53,4;64,42). 28,08% de beneficiárias do PBF estão em SAN (IC: 25,52;30,80), enquanto 40,20% se encontram em IA leve (IC:37,39;43,07) e 31,71% entre perfis de IA moderada/grave (IC:28,05;35,76). Conclusões: Mulheres beneficiárias do PBF estão mais expostas ao SB e OB, e possuem uma relação significativa com níveis de IA.
TEMPO DE SONO E PERFIL LIPÍDICO EM CRIANÇAS COM OBESIDADE
Pôster
Azevedo, D. C.1, Cunha, D. B.1
1 IMS / UERJ
Objetivo: Verificar a associação entre tempo de sono e perfil lipídico em crianças com obesidade.
Métodos: Dados da linha de base de um ensaio clínico randomizado para tratamento da obesidade infantil, envolvendo 101 crianças entre 7 e 12 anos. O tempo de sono foi calculado a partir da pergunta: Quantas horas em média você dorme numa noite habitual de sono? As determinações bioquímicas de colesterol total (CT), LDL-c, HDL-c e triglicerídeos (TG) (mg/dl) foram realizadas após 12 horas de jejum. A associação entre tempo de sono (contínua) e CT, LDL-c, HDL-c e TG foi avaliada por modelos lineares generalizados ajustados por sexo, idade, cor da pele e atividade física, estratificados pelo nível de obesidade (não grave entre +2Z e +3Z e grave acima de 3Z da mediana de referência).
Resultados: A média de idade das crianças foi de 9,08±1,55 anos e o tempo médio de sono de 8,61±1,58 horas/dia. Observou-se que 48,5% dos participantes apresentaram tempo de sono inadequado (menor que 9 horas/dia). A média de HDLc foi 45,72±13,39, em 58,7% da amostra, este se apresentou alterado, e de triglicerídeos foi 100,39±48,69, sendo 54% da amostra com alteração. A média de LDLc foi 88,44±25,45, e 17,20% apresentaram alteração. Entre obesos não graves a média de LDLc correspondeu a 92,11±21,72 e graves 84,24±29,09. Observou-se associação negativa entre tempo de sono e LDLc entre as crianças com obesidade não grave (β = -4,11; p-valor=0,04).
Conclusões: Menor tempo de sono esteve associado a maiores níveis de LDLc em crianças com obesidade não grave.
TENDÊNCIA TEMPORAL DO BAIXO PESO AO NASCER, NO BRASIL, ENTRE 2001 A 2020.
Pôster
Alves, L.A.G.1, Rocha, L.S.1, Sena, R.C.1, Oliveira, M.G.2, Freitas, R.F.3, Lessa, A.C.1
1 UFVJM
2 UFCSPA
3 UFAM
Objetivo: Avaliar a tendência temporal do baixo peso ao nascer no Brasil no período de 2001 a 2020. Métodos: Estudo ecológico de série temporal com abrangência nacional em que foi analisada a tendência do baixo peso ao nascer, através da utilização de dados secundários extraídos do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) no período de 2001 a 2020. Calculou-se a proporção de BPN segundo categoria das variáveis para cada ano da série, analisado a tendência de BPN pelo modelo de Prais-Winsten e calculado a taxa de incremento anual (TIA) para análise das variações temporais do baixo peso ao nascer. Resultados: Entre o período de 2001 a 2020 foram registrados 58.638.478 recém-nascidos vivos e destes 4.907.338 (8,37%) apresentaram baixo peso ao nascer. Observou-se que a proporção de BPN, no período estudado, teve tendência crescente (β= 0,00146; p<0,05; TIA= 0,3%). Com relação ao parto cesáreo e escolaridade materna acima de 12 anos, tiveram tendência crescente com taxa de crescimento anual 0,4% e 0,9%, respectivamente. A proporção de BPN entre recém-nascidos pré-termo (<37 semanas) e gestantes com idade superior a 35 anos, apresentou tendência estacionária. Conclusão: Observou-se que o Brasil, ao longo dos 20 anos de estudo, apresenta uma tendência crescente de BPN, com uma proporção variando de 7,95% a 8,58%. Os resultados deste estudo, contribuem para conhecimento do panorama nacional do baixo peso ao nascer segundo as variáveis obstétricas de parto e maternas, colaborando para melhoria das políticas públicas materno- infantil, principalmente em relação ao aumento de partos cesarianos.
TRABALHO NOTURNO ESTÁ RELACIONADO AO EXCESSO DE PESO: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2019
Pôster
Sales, A.E.C1, Silva, E.P2, Tavares, N.H.C3, .4, .4
1 Programa de pós-graduação em Saúde Pública, Universidade Federal do Ceará; Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC/UFC/EBSERH)
2 Programa de pós-graduação em Saúde Pública, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza (CE), Brasil
3 Departamento de Saúde Comunitária, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza (CE), Brasil.
4 .
Objetivo: Investigar a associação entre o trabalho noturno e excesso de peso em adultos brasileiros. Métodos: Estudo transversal com 42.251 adultos (18-64 anos) participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), edição 2019. A variável explicativa de interesse foi a exposição ao trabalho noturno (não/sim). A variável resposta foi o excesso de peso, mensurado pelo Índice de Massa Corporal, sendo utilizadas as seguintes categorias: peso normal (referência), sobrepeso e obesidade. Regressão Logística Multinomial foi utilizada para avaliar associações entre o trabalho noturno e o excesso de peso, obtendo-se o odds ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Foram feitos ajustes sequenciais para sexo, idade, raça/cor da pele autorreferida, escolaridade e macrorregião do país. Resultados: A maioria era homem (56,5%), com idade entre 35 e 44 anos (27,5%), de raça/cor da pele branca (45,7%), residentes da região Sudeste (46,5%) e com ensino médio completo (41,6%). A maioria apresentou sobrepeso (40%) e a prevalência de trabalho noturno foi de 14,2%. Após os ajustes, os indivíduos que trabalham no período noturno apresentaram maiores chances de sobrepeso (OR: 1,19, IC 95%: 1,06 - 1,33) e obesidade (OR 1,44, IC 95%: 1,25 - 1,65), independentemente de fatores sociodemograficos. Conclusão: O trabalho noturno foi significativamente associado a maiores chances de apresentar excesso de peso, especialmente a obesidade. Os achados enfatizam a importância de intervenções que promovam estilo de vida saudável para estes trabalhadores, como alimentação e prática de atividade física adequadas.
TRAJETÓRIAS LATENTES DE GANHO DE PESO GESTACIONAL E IMC PRÉ-GESTACIONAL – COORTE MATERNAR
Pôster
Holand, B.L.1, Farias, D.R.2, Bosa, V.B.3, Drehmer, M.1
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Nutrição Josué Castro. Programa de Pós-Graduação em Nutrição.
3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde.
Objetivo: Identificar trajetórias de ganho de peso subjacentes entre as gestantes e a relação com o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional. Métodos: Estudo de coorte realizado em uma maternidade de referência no Sul do Brasil. Medidas repetidas de peso e data das consultas foram extraídas das cadernetas de gestante. Ganho de peso gestacional (GPG) foi calculado a partir da subtração do peso pré-gestacional da medida de peso em cada consulta pré-natal e tratado de forma contínua. Para definir as trajetórias de GPG foi utilizado modelo de trajetória de classe latente. A diferença de proporção das categorias de IMC entre os grupos de trajetória foi avaliada por teste qui-quadrado. Resultados: Foram incluídas 952 mulheres e 8390 medidas repetidas de peso. Identificou-se cinco trajetórias de GPG, denominadas: (1) baixo ganho de peso (n=140); (2) baixo ganho de peso com elevação no último trimestre (n=115); (3) moderado ganho de peso (n=336); (4) moderado ganho de peso com elevação no último trimestre (n=236); (5) ganho de peso elevado (n=125). A trajetória “1” foi mais prevalente em mulheres com obesidade pré-gestacional (54,3%), menos prevalente nas com baixo peso/eutrofia (17,1%) (p<0,001). As trajetórias “3” e “4” foram mais prevalentes em mulheres com baixo peso/eutrofia pré-gestacional, 53% e 49%, respectivamente, e menos prevalentes em mulheres com obesidade pré-gestacional (respectivamente, 14,3% e 12,9%) (p<0,001). Conclusão: O IMC pré-gestacional está relacionado com as trajetórias de GPG.
USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES ENTRE ADOLESCENTES DE UMA COORTE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
Pôster
Carvalho, P. V. A.1, De Sá, C. M. S.1, Farias, M. C.1, Costa, I. C. M.1, Fonseca, N. C.1, Alves, M. T. S. S. B.1, Chagas, D. C.1
1 UFMA
Objetivo: Avaliar a prevalência do uso de suplementos alimentares entre os adolescentes da coorte de 1997/98, São Luís, Maranhão. Método: Estudo transversal com 2.515 adolescentes (18/19 anos) pertencentes à coorte de nascimento mista de 1997/98 de São Luís, Maranhão. O uso de suplemento alimentar foi avaliado a partir da pergunta “Você usa algum suplemento alimentar?” seguido de sua listagem. Variáveis demográficas, socioeconômicas e antropométricas foram analisadas. Utilizou-se o programa Stata 15.0 para a análise descritiva. Resultados: Dos adolescentes investigados, 5,1% consumiam suplementos alimentares. Destes, 71,0% consumiam apenas um tipo de suplemento, sendo o Whey protein e aminoácidos isolados os mais consumidos (50,5%). Dos adolescentes que consumiam suplementos alimentares, 60,9% eram do sexo masculino; 60,3% autodeclaram-se pardo/mulato/caboclo; 43,8% pertenciam à classe econômica C; 48,4% tinham 9 a 11 anos de estudo; 83,6% foram classificados com percentual de gordura normal e 85,9% com peso adequado segundo índice de massa corporal para idade. Adicionalmente, 53,0% fizeram dieta para ganhar peso e 61,7% consumiram álcool nos últimos 12 meses. Conclusão: Adolescentes do sexo masculino, com peso adequado e que faziam dieta para ganho de peso tiveram maior prevalência de consumo de suplementos alimentares. Whey protein e aminoácidos isolados, comumente utilizados para ganho de massa muscular, foram os suplementos mais consumidos. A promoção da educação em saúde sobre o uso consciente de suplementos alimentares entre jovens é importante, considerando os potenciais impactos na saúde a longo prazo.
VARIAÇÃO DO CONSUMO DE SOFAS NO BRASIL: ANÁLISE DOS INQUÉRITOS ALIMENTARES DE 2008 E 2018
Pôster
Rego, A. L. V.1, Marques, M. L.1, Monteiro, L. S.2, Sichieri, R.3, Pereira, R. A.1
1 UFRJ
2 UFRJ/Macaé
3 UERJ
Objetivos: Avaliar a variação no consumo de alimentos ricos em gorduras sólidas e açúcares de adição (SoFAS) na dieta dos brasileiros ao longo de 10 anos.
Métodos: Foram analisados dados de indivíduos ≥10 anos de idade examinados nos Inquéritos Nacionais de Alimentação de 2008-2009 (n=32.749) e 2017-2018 (n=44.744). O consumo alimentar foi avaliado por registro alimentar (2008-2009) e recordatório de 24 horas (2017-2018). Alimentos com >13% da energia provenientes de gordura saturada ou açúcar de adição ou >1,3% fornecidos por gordura trans foram considerados com excesso de SoFAS. Foi estimada a contribuição (%) desses alimentos para ingestão de energia e respectivos intervalos de confiança de 95%.
Resultados: Entre 2008-2009 e 2017-2018, a contribuição média de alimentos SoFAS para a ingestão diária de energia para a população em geral variou de 43,5 a 46,6%. A maior contribuição dos SoFAS foi verificada para adolescentes (2008: 47,1%; 2018: 49,5%), seguida dos adultos (2008: 42,6%; 2018: 46,2%) e idosos (2008: 41,5%; 2018: 45,0%). Os maiores incrementos foram observados para adultos e idosos, com variações de 3,6 e 3,5 pontos percentuais.
Conclusões: A ingestão de gorduras sólidas e açúcar de adição era elevada em todos os grupos etários. Nos 10 anos que separam os dois inquéritos nacionais de alimentação, a qualidade da dieta dos brasileiros se deteriorou, dado o incremento da ingestão de alimentos com conteúdo excessivo de SoFAS. A metade das calorias da dieta dos adolescentes são provenientes desses componentes, sendo esse grupo prioritário para ações de promoção da alimentação saudável.
VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA E O CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS
Pôster
VALVERDE, A.C.F.S.1, PAOLINO, L.Q.1, CURIONI, C.C.1, MARQUES, E.S.2, HASSELMANN,M.H.1
1 UERJ - Instituto de Nutrição
2 UERJ - Instituto de Medicina Social
Objetivo deste estudo foi investigar a associação de violência contra criança (VCC) e o consumo de frutas e legumes em crianças de 2 a 5 anos de idade atendidas em Unidades Básicas de Saúde do Município do Rio de Janeiro. Estudo transversal com 180 crianças, realizado entre 2015 e 2017. A VCC foi mensurada pela versão brasileira do “Parent-Child Conflict Tactics Scales” (CTS-PC) e para investigar o consumo alimentar da criança foi aplicado à mãe um questionário estruturado, que incluía perguntas sobre o consumo alimentar da criança nas últimas 24 horas. Os alimentos consumidos foram classificados como 0: a criança consumiu frutas e hortaliças e 1: a criança não consumiu frutas e hortaliças. As associações foram analisadas por meio de regressão logística mediante estimativas de razão de chances ajustadas e intervalos de confiança de 95%. As variáveis de ajustes foram: idade da criança, idade materna, condições de moradia e apoio social. As análises ajustadas mostraram que pais/responsáveis que perpetram agressão psicológica ou violência física contra suas crianças, apresentam aproximadamente três vezes mais chances de seus filhos não consumirem frutas e hortaliças (OR:3,11; IC95%=1,22–7,93; p=0,017).Esses resultados identificam que a VCC parece ter uma associação negativa no consumo de frutas e hortaliças em crianças.
FATORES ASSOCIADOS À INSEGURANÇA ALIMENTAR EM UNIVERSITÁRIOS APÓS A PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
Miranda, A. A. M.1, Machado, A. D.1, Santos, E. V. O.1, Moura, L. A.1, Gonçalves, M. R.1, Dalamaria, T.1, Marchioni, D. M. L.1, Ramalho, A. A.2
1 USP
2 UFAC
Objetivo: Identificar a prevalência e os fatores associados à insegurança alimentar (IA) em estudantes universitários.
Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com os dados do BRAZUCA-COVID, que foi conduzido em alunos de graduação da Universidade de São Paulo. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário on-line entre março e julho de 2023, obtendo-se informações sociodemográficas, de saúde, estilo de vida e alimentação. Os níveis de (in)segurança alimentar foram estimados por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Foi avaliada a associação da IA com as variáveis estudadas por meio de regressão logística multivariada.
Resultados: Foram analisados 1152 alunos, com uma média de idade de 25 anos, majoritariamente do gênero feminino (56,9%). Do total de participantes, 7,6% recebiam até 1 salário mínimo (SM) de renda familiar mensal. A IA foi identificada em 30,0% dos respondentes, sendo 16,5% de insegurança leve, 6,1% moderada e 7,4% grave. Observou-se uma associação positiva e estatisticamente significativa (p<0,05) entre a IA e as seguintes variáveis: cor da pele autodeclarada preta e parda; faixa etária dos 20 a 39 anos; renda familiar até 1 SM; ser participante dos programas de benefícios do governo; receber auxílio universidade; realizar menos de 2 refeições/dia; usar o restaurante universitário, e ter estresse moderado ou grave.
Conclusões: Constatou-se que um terço dos universitários estavam em situação de IA. Esses achados sugerem a importância de ações e políticas públicas, e em particular, políticas estudantis com o objetivo de melhorar o cenário de IA no país.