Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia social e determinantes sociais em saúde
ADEQUAÇÃO AO PRÉ-NATAL E OCORRÊNCIA DE SIFILIS GESTACIONAL NO RIO DE JANEIRO (2017-2021)
Pôster
Santos, MELS1, Barbosa, MVG1, Silva, SGP1, Magalhães, JF1, Souza, JT1, Cruz, KO1, Tavares, FG1
1 UFF
Objetivo: Descrever os casos de sífilis gestacional (SG) e adequação ao pré-natal (ADPN) entre as residentes do estado do Rio de Janeiro (RJ), notificadas ao SINAN no período entre 2017 e 2021. Método: Trata-se de um estudo descritivo ecológico sobre os casos de SG entre residentes do estado do Rio de Janeiro, notificadas ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e ADPN registrada no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) no período de estudo. Foram calculados os indicadores de incidência de SG e a proporção de ADPN segundo variáveis raça/cor. Resultados: Foram notificados 51.620 casos de SG. A maior taxa de incidência de SG (TISG) foi registrada na Metropolitana I (52/1000NV) e a Noroeste apresentou a maior prevalência de ADPN (65,6%). A maior TISG ocorreu nas mulheres pretas variando de 87 a 116/1000NV. Os maiores aumentos na TISG ocorreram nas regiões Metropolitana I, Metropolitana II e Médio Paraíba com valores de 116,3, 96,4 e 65,34 por 1000NV, respectivamente. A população branca apresentou a menor TISG e o maior percentual de ADPN. Na Baía da Ilha Grande, a população indígena demonstrou redução do percentual de adequação do pré-natal ao longo do período de análise. Conclusão: Com o presente estudo, constata-se que a população preta mantém as maiores taxas de incidência de sífilis, ainda que mantenha o percentual de adequação ao pré-natal crescente ao longo dos anos. Enquanto a população branca é a população com os maiores percentuais de adequação ao pré-natal e menores taxas de incidência de sífilis gestacional.
CAUSA DE INTERNAÇÕES EM INDÍGENAS MENORES DE 5 ANOS SEGUNDO REGIÕES DO BRASIL, 2017-2013
Pôster
Silva, S. G. P.1, Souza, J. T.1, Magalhães, J. F.1, Cruz, K. O.1, Barbosa, M. V. G.1, Santos, M.E.L.S1, Tavares, FG1
1 UFF
Objetivo: Descrever a ocorrência de internações em crianças indígenas menores de 5 anos segundo regiões do Brasil no período de 2017 a 2023. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo ecológico sobre as causas de internação hospitalar ocorridas em menores de 5 anos notificadas ao Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) no período de 2017 a 2023. Para tanto, foram calculadas proporções de internações segundo causa básica (CID-10) em indígenas segundo regiões brasileiras. Resultados: Foram registradas 51.780 internações de crianças indígenas menores de 5 anos no Brasil. As principais causas foram doenças do aparelho respiratório (48,3%), doenças infecciosas e parasitárias (21,8%) e afecções perinatais (9,8%). Na região Norte, essas causas também prevaleceram, com 47,9% das internações por doenças respiratórias. No Nordeste, as doenças respiratórias lideraram (45,36%), seguidas por doenças infecciosas. No Sudeste, doenças respiratórias foram a principal causa (39,26%). No Sul, o maior número de internações foi por doenças respiratórias (51,66%), seguidas por afecções perinatais. No Centro-Oeste, doenças respiratórias foram mais comuns em indígenas (50,25%), enquanto afecções perinatais prevaleceram em não indígenas (32,3%). Conclusão: Observa-se que há diferença nas causas de internação em indígenas de diferentes regiões e que doenças do aparelho respiratório ocuparam lugar de destaque em todas as regiões, enquanto as doenças infecciosas e parasitárias foram destaque, também, nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Sendo, estas, causas de internações evitáveis por meio de melhor oferta de serviços de saúde e condições de vida.
DESIGUALDADES EM SAÚDE ASSOCIADO A LETALIDADE POR SRAG POR COVID-19 NO RIO DE JANEIRO
Pôster
Silva, J.S.1, Paiva, N.S.1, Gueiros, M.F.1, Souza, M.C.1
1 UFRJ -IESC - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
Objetivo: Este estudo busca compreender a letalidade hospitalar de SRAG por COVID-19 por região administrativa de saúde em pessoas com 18 anos ou mais, no período entre junho de 2021 a maio de 2022 no Rio de Janeiro (RJ).
Métodos: Estudo transversal com dados secundários do Sistema de informação SIVEP-GRIPE.
Realizada análise da letalidade hospitalar de SRAG por COVID-19 por região administrativa de saúde para verificar a possível associação entre a vulnerabilidade social do local de residência e o desfecho.
Resultados: Dos 3.790 casos, 1.245 (32,8%) evoluíram para óbito. A letalidade por SRAG por COVID-19 (%), no período do estudo, por RA no MRJ alcançou resultados entre 22,95% e 57,14%, Vigário Geral e Rocinha, respectivamente. Foi observado Guaratiba (22,97%), Barra da Tijuca (23,74%), Jacarepaguá (26,79%) localizadas na zona oeste do MRJ apresentaram melhores resultados, sendo a Barra da Tijuca e Jacarepaguá possuidores dos melhores índices de progressão social conforme Instituto Pereira Passos (IPP). As RAs, Rocinha (57,14%), Jacarezinho (50,0%) e Maré (47,37%) apresentaram as maiores taxas de letalidade, locais de grande vulnerabilidade social e que possuem os piores índices de desenvolvimento social.
Conclusão: Neste cenário, acredita-se ser fundamental considerar as dinâmicas territoriais considerando suas particularidades, a fim de elaborar, planejar e executar táticas para lidar com doenças, como a COVID-19, para promover a saúde, capaz de atender a diversas demandas sociais e econômicas desta população.
DESIGUALDADES RACIAIS NO ACESSO AO SANEAMENTO BÁSICO E HABITABILIDADE NO BRASIL
Pôster
CÂMARA, J.H.R.1, RIBEIRO, E.C.S.1, GHIGGINO, L.T.1, RODRIGUES, A.V.A.1, LIMA, T.F.1, SALLES-COSTA, R.1, FERREIRA, A.A.1
1 UFRJ
Objetivos: Avaliar as desigualdades raciais nas condições de saneamento básico (SB) e habitabilidade no Brasil. Métodos: Estudo transversal com microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2018 (n=57.920). Analisou-se a raça/cor (branca e preta/parda) do chefe da família segundo as condições de SB (acesso à água, escoamento sanitário e serviço de coleta de lixo) e habitabilidade, avaliada com base na proximidade de rios poluídos, áreas sujeitas a deslizamentos e inundações, e presença de animais sinantrópicos, segundo local de moradia (urbano/rural). Prevalências e intervalos de confiança 95% analisadas no STATA 16. Resultados: Domicílios urbanos chefiados por brancos têm melhor acesso à rede de água (95,9%; IC95,37-96,31), esgoto (80,2%; IC 79,19-81,23) e coleta de lixo (99,5%; IC 99,36-99,58), enquanto autodeclarados pretos/pardos dependiam mais de poço artesiano (4,5%; IC 3,70-5,43) e água de chuva (2,5%; IC 1,9-3,32) e esgoto em fossa não ligada à rede (24,4%; IC 22,6-26,36). Pretos/pardos vivem mais em áreas poluídas (17,2%; IC 16,22-18,25), sujeitas a deslizamentos/inundações (14,7%; IC 13,3-15,09) e com animais sinantrópicos (62,5% IC 61,5-63,56). No rural, os domicílios chefiados por pretos/pardos têm melhor acesso à água da rede geral (41%; IC 35,92-46,36), enquanto autodeclarados brancos dependem mais de fossas (87,2%; IC 84,17-89,79). Chefias brancas têm maior prevalência de coleta de lixo (47,2%; 43,71-50,82), enquanto pretos/pardos queimam (55%; IC 50,47-59,51) ou enterram lixo (7,9%; IC 5,99-10,37). Conclusões: As desigualdades raciais podem ser evidenciadas pelo acesso ao SB e habitabilidade, refletindo a exclusão social e racismo histórico. Essas disparidades perpetuam o racismo estrutural e ambiental, afetando desproporcionalmente a população preta/parda.
MICROPLÁSTICOS EM PLACENTAS: FATORES SOCIOECONÔMICOS E SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS
Pôster
Barcelos, T. N.1, Faerstein, E.1
1 UERJ
Objetivos: Investigar associações entre fatores sociodemográficos e socioeconômicos e a presença de microplástico em placentas humanas. Métodos: Abordagem seccional para analisar as informações e amostras coletadas de gestantes no terceiro trimestre de gestação do estudo de coorte do Projeto Infância e Poluentes Ambientais. Serão realizadas análises univariadas, bivariadas e análises de regressão logística para avaliar a associação entre os fatores socioeconômicos e sociodemográficos e a presença de microplásticos. Resultados: As análises univariadas indicaram que a maioria das participantes do estudo são pardas (48,6%), possuem ensino médio completo (38,9%), exercem atividade remunerada (59,7%) e moram com um companheiro (84,7%), sendo a renda familiar total menor de R$1412 para 27,8% das participantes. Em termos de condições de moradia, mais da metade reside em comunidade (55,6%), a maioria tem acesso à rede de abastecimento de água (88,9%) e rede de esgoto (97,2%), e quase todos têm coleta regular de lixo (93,1%). Conclusão: A identificação dessas variáveis é crucial para entender a associação com a presença de microplásticos em placentas humanas e direcionar análises futuras. Este estudo destaca a necessidade urgente de abordar a poluição por microplásticos, especialmente considerando sua presença em placentas humanas e os possíveis impactos na saúde materno-fetal.
PREVALÊNCIA DA INSEGURANÇA ALIMENTAR NOS DISTRITOS SANITÁRIOS DE SALVADOR, BA
Pôster
SILVA, S. O1, SANTOS, I. O1, PEREIRA, M1
1 Universidade Federal da Bahia
O objetivo deste estudo foi descrever a situação de insegurança alimentar nos territórios cobertos pelos Distritos Sanitários de Salvador. Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados da pesquisa "Qualidade do ambiente urbano de Salvador – QUALSalvador", coletados em 2019. A amostra incluiu 15.187 domicílios de todos os bairros da capital que responderam à Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Para este estudo foi calculada a prevalência da insegurança alimentar, agregada pelos 12 Distritos Sanitários. Os distritos que abrangem bairros periféricos (7) apresentaram 40% ou mais das famílias em situação de insegurança alimentar. Observou-se que os distritos com menores prevalências estão situados nas regiões nobres da cidade. A distribuição da (in)segurança alimentar pelos distritos reflete as desigualdades nas condições de vida entre essas regiões. Distritos com maiores taxas de homicídio e problemas prevalentes como desnutrição e obesidade apresentaram as maiores prevalências de insegurança alimentar. A alimentação é um aspecto essencial para a proteção da saúde, e a desigualdade no acesso aos alimentos é um importante determinante das condições de saúde. Considerando a vigência da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, é necessário fortalecer a vigilância alimentar e nutricional para monitorar os problemas alimentares e nutricionais dos territórios, aliada à triagem da insegurança alimentar das famílias acompanhadas na atenção primária. Para a promoção da saúde é necessário uma abordagem intersetorial com a colaboração entre saúde, educação, assistência social e outros setores para potencializar ações e contribuir com melhorias nas condições de vida da população que são relacionadas à saúde.
TERAPIA NEOADJUVANTE SEM CIRURGIA: PERFIL DE MULHERES COM C NCER DE MAMA TRATADAS NO SUS
Pôster
SOUSA, C.C.V1, DIAS, C. Z1, CHERCHIGLIA, M .L1
1 UFMG
Objetivo: Avaliar as características sociodemográficas e clínicas das mulheres com câncer de mama (CM) tratadas somente com terapia sistêmica neoadjuvante (TSN), sem cirurgia, no Sistema Único de Saúde (SUS), de 2008 a 2014 Metodologia: Estudo transversal, descritivo, usando dados de pareamento determinístico - probabilístico dos subsistemas de informação do SUS. Foram incluídas mulheres, com CID-10 C0.50, realizando o primeiro tratamento no SUS de 2008 a 2014. O número de mulheres que realizaram somente TSN/100.000 foi estimado por estado e regiões, dividido pela população de mulheres no ano de 2008 a 2014, conforme dados do IBGE. Resultados: 7.118 mulheres trataram CM no SUS com a TSN sem realização de cirurgia posteriormente. 33,06% tinham entre 60 e 69 anos, 47,4% brancas e 33,2% pardas. 43,6% residiam na região Centro-Oeste e 30,3% na Nordeste. 87% das mulheres apresentavam estádio ao diagnóstico avançado, sendo 84% no estádio III. Observou-se que 65,6% realizou apenas quimioterapia (QT) neoadjuvante e 32,9% QT neoadjuvante seguido de algum outro tratamento sistêmico (hormonioterapia e/ou terapia anti-HER 2). 31,2% vieram ao óbito e foram submetidas somente a QT neoadjuvante. As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores taxas de realização de TSN apenas (12,5 e 15,9/100.000). E o Acre apresentou a maior taxa (5,3/100.000). Conclusões: Mulheres com CM > 60 anos, residentes nas regiões Norte e Nordeste, com estádio avançado apresentam a maior frequência de realização de TSN sem cirurgia.
"DURA É A VIDA DO FAVELADO": COLONIZAÇÃO PNEUMOCÓCICA EM CRIANÇAS E ADULTOS DE NITERÓI.
Pôster
Daflon-Silva, L.1, Cabral, A. S.2, Pereira, P. A. K.2, Miranda, F. M.2, Lima, J. L. C.3, da Silva, A. B.2, Neves, F. P. G.2
1 UNIRIO
2 UFF
3 UFPE
Introdução: Streptococcus pneumoniae é o principal agente bacteriano da pneumonia e meningite. É responsável por aproximadamente 15% de óbitos em crianças com idade inferior a 5 anos, mas também afeta adultos. A colonização do trato respiratório superior humano pela bactéria consiste na primeira fase do processo infeccioso e residir em favelas é um fator que promove maior disseminação deste agente. Objetivo: Analisar a associação de fatores para colonização pneumocócica em crianças e adultos residentes em uma favela de Niterói após vacinação pediátrica universal, utilizando o risco relativo (RR). Métodos: Foram conduzidos estudos transversais com crianças (≤ 6 anos) e adultos (≥ 18 anos) no período de 2009 a 2019. Foram amostrados, através de questionários, dados clínicos [presença de sinais/sintomas, doenças crônicas, tabagismo] e sociodemográficos [idade, sexo, número de residentes no mesmo domicílio, frequência a creche/escola, renda familiar] dos participantes. Foi utilizado o teste exato de Fisher para análise da significância entre as características avaliadas e a colonização pneumocócica. Resultados: Crianças que frequentam creches/escolas tiveram RR de 76,3% para colonização, as que apresentaram sintomas respiratórios tiveram RR de 63,2% Já em adultos, ser tabagista (RR: 39,5%), apresentar doenças crônicas (RR: 29,6%) e apresentar sintomas respiratórios (RR: 24,2%) puderam ser associados à colonização da nasofaringe pela bactéria. Conclusão: Os valores de RR indicam a maior colonização de crianças. A determinação desses fatores fornece subsídios para a adoção de políticas públicas mais eficazes quanto à colonização pneumocócica, o que permite maior qualidade na atenção à saúde e economia de recursos humanos e materiais.
A TUBERCULOSE E SEU LEGADO SOCIAL NA JUVENTUDE DO CAJU
Pôster
LOPES, R.A.D1, LEANDRO, B. B. S.1
1 EPSJV/Fiocruz
Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico da tuberculose (TB) no Caju, bairro do município do Rio de Janeiro, de 2007 a 2019 e compreender o seu processo saúde-doença sob a perspectiva dos habitantes locais. Métodos: Estudo misto, com uma etapa ecológica, que identificou o perfil epidemiológico dos casos de TB na área e período de estudo, e uma etapa transversal, por meio de survey online, para compreensão do adoecimento por TB com base na percepção dos moradores. Resultados: Foram notificados 482 casos de TB no Caju, a taxa de incidência (TI) em 2018 chegou a ser quase 5 vezes a média nacional, a maior TI foi em 2013, com 235 casos por 100 mil habitantes. A juventude (12 a 29 anos) representou 35% (n=170) dos casos, sendo, majoritariamente, homens, pessoas negras e sem o Ensino Médio concluído. O survey online obteve 302 respostas, sendo 75% jovens. Segundo os moradores, o principal motivo da juventude ser a faixa-etária mais atingida pela TB relaciona-se ao "Estilo de vida e aos hábitos de risco". Para os participantes, para que haja redução da incidência da TB no território é necessária uma abordagem ampla das políticas públicas de saúde como ações coletivas, de prevenção, de vigilância e educação que envolvam os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS). Conclusões: Neste estudo a juventude concentrou uma considerável carga de tuberculose, portanto, é pertinente a incorporação de ações que considere as especificidades desse segmento etário nas ações da APS e nas medidas de controle e enfrentamento da Tuberculose.
ANÁLISE DE SOBREVIVÊNCIA EM IDOSOS SEGUNDO VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS
Pôster
Cardillo, V. H.1, Gallardo, N.1, Lima, M.G.1, Barros, M.B.A.1, Alves, L.C.1
1 UNICAMP
Objetivo
Avaliar o efeito de fatores sociodemográficos, como sexo, faixa etária, estado marital, renda, escolaridade e raça na sobrevida de idosos residentes no município de Campinas/SP, entre o período de 2008 e 2018.
Método
Trata-se de um estudo de coorte, que utilizou dados coletados de idosos (60 anos e mais) participantes do “Inquérito de Saúde de Campinas” (ISACamp 2008), que correspondem a 1.519 indivíduos, e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Campinas, no período de 2008 a 2018. Modelos semiparamétricos de riscos proporcionais de Cox, com ajustes por idade e sexo, foram estimados para determinar a magnitude da associação de cada uma das variáveis (estado marital, renda e escolaridade) no tempo até o óbito dos idosos.
Resultados
Após ajustes, o risco de morrer foi maior nos homens e nas pessoas com 80 anos ou mais. Entre os idosos que reportaram renda menor que um salário mínimo, o risco de morrer foi 47% (1.1 – 1.9) maior em relação aos de maior renda. Idosos com 0-3 anos de escolaridade apresentaram risco de morrer 61% (1.1 – 2.3) maior em comparação aos que estudaram 12 anos ou mais. Quanto ao estado marital, os idosos que relataram não morar com um parceiro(a) estável apresentaram risco de morrer 38% (1,1 - 1,7) maior.
Conclusões
Os idosos que têm maior nível de escolaridade, maior renda e que vivem com um parceiro(a) têm maior probabilidade de sobrevida, mostrando que esses determinantes sociais influenciam na sobrevivência dos idosos de Campinas.
ANÁLISE DO QUESITO RAÇA-COR EM ARTIGOS BASEADOS NOS DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Pôster
Lemos, S.F.F.1, Feter, J.1, De Paula, M.S.E.1, Bairros, S.F.1, Umpierre, D.1
1 UFRGS
Objetivo: Examinar os padrões de citação do quesito raça-cor em artigos baseados nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Métodos: Foi realizada uma busca sensível a estudos da PNS na base eletrônica SciELO. O critério de seleção dos artigos foi incluir dados do suplemento da PNS de 2013 e 2019, ou ambos. Para identificar a utilização de termos relacionados à raça-cor, os seguintes termos foram rastreados em cada seção do artigo: raça, cor, raça-cor, etnia, afrodescendente, preto, negro, racial, e racismo. Resultados: Foram encontrados 88 artigos, sendo 78,4% publicados em 2022. Destes, 48,9% utilizaram dados somente da PNS de 2019 e 27,3% analisaram dados das duas edições da PNS (2013 e 2019). Observou-se que 21,6% dos estudos descreveram algum termo relacionado à raça-cor na introdução, 75,0% na métodos, 69,3% nos resultados e 54,5% na discussão/conclusão. Dos 88 estudos, 19,3% não mencionaram ou mencionaram um único termo relacionado à raça-cor. Os termos menos frequentemente mencionados nos estudos foram: afrodescendente (1,1%), racismo (6,8%), etnia e racial (ambos 5,7%). Os termos preto (44,3%) e cor (36,4%) foram os mais mencionados. Conclusões: Foi observado maior utilização dos termos preto e cor, e com usos mais frequentes nas seções de métodos, resultados e discussão. Este achado não reflete propriamente a discussão e recorte dos estudos sobre este tema especificamente e indica a baixa prevalência de estudos brasileiros com base nos dados da PNS que abordam a temática.
ANÁLISE DOS ÓBITOS FETAIS DAS PARTURIENTES RESIDENTES DAS FAVELAS DE NITERÓI
Pôster
Silva, J.M.P.1, Honorato, G.L.T.2, Almeida, S.M.C.B.2, Machado, L.2, Costa, F.M.2, Faria, L.L.F.2, Guillen, L.C.T.2, Hellmann, S.O.2
1 IESC/UFRJ - FMS Niterói
2 FMS Niterói
Embora a mortalidade fetal associe-se às diversas desigualdades, o compromisso com seu enfrentamento ainda não vigora nas políticas de saúde globais. Objetivos: Descrever o perfil dos óbitos fetais na cidade de Niterói e verificar associação entre o local de residência, perfil sociodemográfico e desfechos clínicos. Métodos: Foram analisados os óbitos fetais de residentes do município de Niterói/RJ no período de 2018 a 2022. Foi considerado como exposição a parturiente ser residente em favela. O risco relativo foi calculado para as variáveis: peso ao nascer, idade gestacional, causa básica, faixa etária e escolaridade da parturiente e paridade. Resultados: Ocorreram 274 óbitos fetais no período, 98 (35,8%) eram residentes em favelas e 176 (64,2%) não residentes em favelas. 48,9% (134) dos fetos eram do sexo feminino, 46,7% (128) do sexo masculino e 4,4% (12) não tinham essa informação. Em relação ao momento do óbito, 93,4% (256) morreu antes do parto, 5,5% (15) morreu durante o parto e 1,1% (5) não tinha informação. As três principais causas de morte foram: P209- hipóxia intra-uterina (22,3%), seguida de P000– transtornos maternos hipertensivos (17,2%) e P021– descolamento da placenta e hemorragia (12%). Foi identificado aumento do risco das parturientes residentes em favelas terem óbito fetal por sífilis (RR= 2,2), oligodramnia (RR= 5,4) e por corioamnionite (RR= 2,2); ademais, as nulípara (RR= 4,5) e adolescente (RR= 2,1) também apresentaram risco aumentado para óbito fetal, quando residentes em favelas. Conclusões: Desigualdades territoriais afetam negativamente as parturientes e, consequentemente, seus fetos.
ANÁLISE ESPACIAL DA MORTALIDADE POR HOMICÍDIOS NA RMSP DE 2007 A 2013
Pôster
Almeida, A.B.A1, Silva, Z.P1, Neto, F.C1
1 FSP/USP
Introdução: A violência no Brasil é um importante problema social. O uso de ferramentas de análise espacial pode
contribuir para mensurar possíveis efeitos espaciais que atuam sobre eventos de interesse em saúde pública. Objetivos:
Descrever e comparar o perfil epidemiológico da mortalidade por homicídios na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
de 2007 a 2013, a partir de uma abordagem espacial evidenciando-se o local de residência destes óbitos dos que
sofreram homicídio, e relacionar a mortalidade com a raça/cor e demais variáveis socioeconômicas e demográficas.
Métodos: Foi realizado um estudo ecológico, descritivo, a partir da análise espacial da mortalidade por homicídios de
residentes de 15 anos de idade e mais, tendo como unidades de análise as áreas de ponderação da RMSP, no período de
2007 a 2013. Foram utilizados dados do SIM e do Censo 2010 do IBGE. Foram utilizadas estatísticas de varredura para a
detecção de aglomerados de alto risco puramente espaciais, espaço-temporais e de variação espacial das tendências
temporais, e SIG para a elaboração dos mapas para a representação dos dados resultantes das análises e da
geocodificação. Resultados: Identificou-se tendência de redução da mortalidade total de 15 anos e mais (-3,3% ao ano).
Conclusões: Os homicídios ocorrem de forma desigual no espaço urbano. Os homicídios têm cara e cor pré-definidas,
conforme observados nos aglomerados de brancos e negros em áreas territoriais já conhecidas das autoridades de
segurança.
ASPECTOS INTERSECCIONAIS E A UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE BUCAL NO BRASIL
Pôster
Marder, E. L.1, Junior, O. L. D. A.1, Fagundes, M. L. B.1, Giordani, J. M. A.1
1 UFSM
Objetivo: O objetivo deste estudo foi examinar as possíveis intersecções entre sexo, cor da pele e renda se cruzam e associam-se a utilização de serviços odontológicos entre adolescentes brasileiros. Métodos: Este estudo transversal utilizou dados de 4.336 adolescentes entre 15 e 19 anos, da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019. Foram utilizados questionários para coletar dados sobre características demográficas, socioeconômicas e utilização de serviços odontológicos nos últimos 12 meses. As análises foram realizadas no software STATA 14.0. As associações entre sexo, cor da pele, renda e utilização de serviços odontológicos foram avaliadas por meio do modelo de regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: A amostra final deste estudo foi composta por 4.270 indivíduos. Os resultados sugerem que homens pretos com renda inferior a um salário mínimo apresentaram prevalência 3 vezes (RP:3,23 [IC95%: 1,92 -5,43]) maior de não utilização de serviços de saúde e atendimento odontológico quando comparados a mulheres brancas. Com relação às demais categorias, foi possível observar que as únicas categorias que não apresentaram maior prevalência de não utilização de serviços odontológicos foram as mulheres pardas/pretas que ganham mais de 1 salário mínimo (RP:1,50 [IC95% : 0,82-2,73]) e mulheres brancas com renda inferior a 1 salário mínimo (RP:1,65 [0,90-3,01) quando comparadas a categoria de regerencia (mulheres brancas que ganham mais do que um salario mínimo). Conclusão: Nossas análises revelaram iniquidades significativas na utilização de cuidados de saúde bucal, decorrentes de interseções entre sexo, cor da pele e renda.
ATENCIÓN INTEGRAL EN TUBERCULOSIS: PERSPECTIVA BIOPSICOSOCIAL EN UN HOSPITAL DE ARGENTINA
Pôster
Barrios, RN1, Aranda, MJ2, Pereira, AM3, Herrero, B4
1 Hospital General de Agudos Abel Zubizarreta (HGAZ) - Ciudad de Buenos Aires - Argentina
2 Dirección de epidemiología – Municipio de General San Martin – Provincia de Buenos Aires - Argentina.
3 Universidad de Tres de Febrero - Universidad de Buenos Aires – Ciudad de Buenos Aires - Argentina.
4 Área de Relaciones Internacionales, FLACSO Argentina / CONICET – Ciudad de Buenos Aires - Argentina
Objetivos: Explorar las capacidades institucionales de un hospital público de la Ciudad de Buenos Aires para desarrollar intervenciones integrales de atención-cuidado de la tuberculosis (TB).
Métodos: Investigación cualitativa con enfoque antropológico, basada en entrevistas en profundidad al personal de salud durante el período 2019-2020. La integralidad se relacionó con la consideración de las necesidades de salud de las personas con TB desde una perspectiva biopsicosocial. Estrategia analítica se basó en los principios de la teoría fundamentada.
Resultados: Se entrevistó a 14 personas de diferentes disciplinas en salud. La atención-cuidado de la TB se organizaba principalmente desde un modelo de atención centrado en los aspectos biológicos de la enfermedad. Aunque la TB se asociaba con la pobreza, no se señalaron intervenciones sistemáticas sobre aspectos psicosociales. Durante la pandemia por COVID-19, algunas intervenciones se suspendieron debido a la reasignación de recursos hacia la emergencia sanitaria. Sin embargo, algunos relatos sugieren una adecuación institucional a las necesidades psicosociales de las personas con TB, especialmente aquellas en condición de vulnerabilidad social, como mujeres transgénero o personas en situación de calle. Entre estas intervenciones se encuentran la evaluación de la condición social para gestionar subsidios económicos, atención sin turno, y la incorporación de organizaciones de la sociedad civil en la atención y cuidado. Conclusiones: Es necesario continuar trabajando hacia un modelo de atención y cuidado de la TB que incluya intervenciones integrales de diferentes ámbitos implicados en el control de la enfermedad, abordando de manera sistemática la dimensión psicosocial de las personas que la padecen.
AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE LITERACIA PARA A SAÚDE NOS GRUPOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Pôster
Gomes, C.T.R.1, Silva, N.S.2, Martins, G. M. S.2, Pavão, A. L. B.3
1 SMS Petrópolis
2 UNIFASE
3 ICICT Fiocruz
A Literacia para a Saúde (LS) envolve nosso manejo e tomada de decisão no processo saúde-doença. Neste contexto, as Atividades Coletivas (AC) são ferramentas potentes de educação e promoção da saúde na Saúde Coletiva (SC). Objetivos: Estudo transversal que investigou os níveis de LS e fatores associados de 97 usuários adultos participantes de AC das Estratégias Saúde da Família de Petrópolis/RJ.
Métodos: Mensuraram-se os níveis de LS pelo instrumento de HLS-EU-Q16 na versão brasileira. As variáveis analisadas foram a Autoavaliação do Estado de Saúde (AAES), sociodemográficas (sexo, idade, raça/cor, escolaridade e emprego) e características das AC. Realizaram-se testes estatísticos qui-quadrado de Pearson e exato de Fischer através do software SPSS®.
Resultados: Público majoritariamente do sexo feminino (90,7%), branco (51,5%), de 60 a 77 anos (55,1%) e AAES classificada “ruim” (55,6%). Das AC, 80% tinham foco em realizar educação em saúde ou promover convivência. Nível LS “insuficiente” foi observado em 57,7%, prevalecendo entre mulheres (61,4%). Houve associação relevante entre LS e as variáveis sexo (0,034), escolaridade (0,023) e emprego (0,006), não sendo observada entre os níveis de LS e os tipos de AC.
Conclusões: Resultados conforme a literatura investigada, onde variáveis estudadas e demais Determinantes Sociais da Saúde possuem fortes associações com a LS. Investigações sobre a temática podem servir de base para a qualificação de ações de promoção da saúde e aprimoramento dos níveis de LS da população no campo da SC.
CONDIÇÕES DE VIDA MATERNA E CESARIANA: ANÁLISE COM EQUAÇÕES ESTRUTURAIS NA COORTE NISAMI
Pôster
Oliveira, K.A.1, Santos, D.B.2, Bispo Júnior, J.P.3, Santana, J.M.2, Teles, C.A.S.4, Silva, C.A.L.1, Costa, M.C.O.1
1 UEFS
2 UFRB
3 UFBA
4 Fiocruz
Introdução: A cesariana (CS) está associada à morbimortalidade perinatal. Sua prevalência é alta em muitos países e a complexidade dos fatores associados tem sido investigada. Objetivo: investigar os efeitos diretos e indiretos das condições de vida materna no parto cesáreo, segundo paridade. Métodos: estudo de coorte, realizado na cidade de Santo Antônio de Jesus, com uma amostra final de 760 binômios (gestantes e conceptos), entre os anos de 2011 a 2015. A análise foi estratificada por paridade e foi empregue a modelagem de equações estruturais. A condição de vida materna, variável latente, foi a variável exposição e a cesariana, a variável desfecho deste estudo. Resultados: a condição de vida materna exerceu efeito direto negativo sobre a cesariana entre as primíparas -0,316 (p=0,002). Já entre as multípara exerceu um efeito direto positivo, mas não significante 0,036 (p=0,716). A escolaridade correlacionou-se negativamente com a condição de vida materna. A duração da gestação relacionou-se negativamente com a cesariana. Os efeitos indiretos da condição de vida materna sobre a cesariana, são mediados pela escolaridade. A condição de vida materna não é apenas um fator de risco, mas também um determinante muito poderoso sobre a cesariana, pois afeta a via de parto tanto direta quanto indiretamente e por meio de outros fatores intermediários. Conclusão: os achados reforçam o impacto da condição de vida materna sobre a cesariana mediados pela escolaridade, sendo que entre as primíparas essas relações foram mais expressivas, evidenciando maior exposição.
CONDIÇÕES DE VIDA MATERNA E DESFECHOS PERINATAIS ADVERSOS: NA COORTE DO NISAMI
Pôster
Oliveira, K.A.1, Santos, D.B.2, Bispo Júnior, J.P3, Santana, J.M.2, Teles, C.A.S.4, Silva, C.A.L.1, Costa, M.C.O.1
1 UEFS
2 UFRB
3 UFBA
4 FIOCRUZ
Introdução: Os desfechos perinatais adversos, prematuridade (PTB) e baixo peso ao nascer (BPN), são considerados indicadores importantes das chances de sobrevivência do recém-nascido. Objetivo: investigar os efeitos diretos e indiretos das condições de vida materna, avaliada pelos fatores socioeconômicos durante a gestação, em partos prematuros (PTB) e baixo peso nascer (BPN), considerando o efeito dos potenciais fatores mediadores sobre a condição de vida materna e resultados do nascimento. Métodos: Os dados foram obtidos de 865 binômios (gestantes e seus conceptos) no estudo de coorte materno-infantil na Bahia, Brasil, de 2011 a 2015. Foi adotado modelos de equações estruturais que avaliam os efeitos diretos e indiretos, permitindo que múltiplas equações simultâneas incorporem fatores de confusão e mediação. A condições de Vida Materna, variável latente construída a partir das seguintes variáveis observadas: ter companheiro, raça/cor, renda familiar em salários mínimos, beneficiaria de auxilio social, situação de emprego. Resultados: A condição de vida materna teve um efeito direto e positivamente associada aos desfechos perinatais (CP = 0,253; p = 0,012) e um efeito indireto negativo via a anemia materna (CP = -0,094; p = 0,003). Observou-se um efeito direto negativo da anemia materna nos desfechos perinatais. Conclusão: O principal e mais importante achado desta pesquisa suporta a evidência de que as condições de vida materna estiveram associados aos desfechos perinatais, indicando prejuízos no nascimento da criança. Esses achados sugerem que identificar e intervir nos fatores sociais de risco durante a gestação poderia prevenir a ocorrência dos desfechos perinatais adversos.
CONSULTAS DE PRÉ-NATAL NO BRASIL ENTRE 2000-2021: AVANÇOS E DESIGUALDADES PERSISTENTES
Pôster
Boing, A.F.1, Boing, A.C.1
1 UFSC
Objetivos: Analisar a cobertura e as desigualdades das consultas de pré-natal no Brasil entre 2000 e 2021.
Métodos: Dados de consultas de pré-natal de gestantes foram extraídos do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). As proporções de gestantes que realizaram ao menos sete consultas foram calculadas para os 5.570 municípios, analisadas segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) e distribuídas espacialmente. O Slope Index of Inequality (SII) e o Relative Index of Inequality (RII) foram utilizados para medir as desigualdades. Analisaram-se desigualdades entre os estados e dentro de cada estado.
Resultados: Foram analisadas 64.698.627 gestações, com aumento da proporção de sete ou mais consultas de 46,0% em 2000 para 73,5% em 2021. A variabilidade entre municípios diminuiu, com o coeficiente de variação caindo de 60,8% para 17,1%. O SII diminuiu de 54,5 em 2000 para 17,8 em 2021, enquanto o RII reduziu de 5,6 para 1,3. Apesar das melhorias, persistem desigualdades significativas. O estado com menor cobertura em 2021 apresentou valor inferior ao observado por onze outros estados duas décadas antes, no ano 2000. Já o valor que São Paulo apresentava em 2000 não foi atingido por seis estados vinte e um anos depois. Também houve fortes desigualdades dentro de todos os estados.
Conclusões: Houve avanços na cobertura de consultas de pré-natal no Brasil, com redução das desigualdades, mas ainda persistem desigualdades regionais evidentes, necessitando-se de políticas específicas para mitigar essas disparidades.
CORRELAÇÃO ESPACIAL ENTRE APVP E VULNERABILIDADES SOCIAIS NO RIO DE JANEIRO EM 2022
Pôster
Ferreira, E. P.1, Alves, D. S. B.1
1 UNIRIO
Objetivo: Analisar a correlação espacial entre a Taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) no estado do Rio de Janeiro. Métodos: Estudo ecológico abordando os municípios do estado utilizando dados do SIM, IBGE e IPEA, tendo como variáveis a Taxa Padronizada de APVP (TxAPVP) em 2022 e o IVS-Geral e suas Dimensões (Capital Humano - CH, Renda e Trabalho - RT e Infraestrutura Urbana - IU) de 2010, mais recentes disponíveis. Utilizou-se medidas descritivas, mapas temáticos, teste de correlação de Spearman e LISA Univariado e Bivariado considerando significância de 5%. Resultados: A mediana da TxAPVP foi 84,34 anos a cada 1.000 indivíduos e observou-se predominância de valores majoritariamente baixos para IVS em todo o território. A TxAPVP apresentou correlação positiva fraca com o IVS Geral (rho=0,390, p<0,001) e IVS-IU (rho=0,367, p<0,001), indicando que municípios com maiores taxas tendem a ser mais vulneráveis. A correlação com IVS-CH (rho=0,203, p=0,052) e IVS-RT (rho=0,203, p=0,281) não foi significativa. Constatou-se agrupamentos alto-alto da TxAPVP e IVS-Geral IVS-IU na Região Metropolitana, contrastando com o baixo-baixo no Médio Paraíba e Noroeste Fluminense. Os agrupamentos para IVS-CH e IVS-RT foram menos expressivos e dispersos. Conclusão: A correlação espacial da perda de anos potenciais de vida com a vulnerabilidade social, especialmente na dimensão Infraestrutura Urbana, evidencia a necessidade de políticas públicas para melhorar as condições locais. Recomenda-se estudos futuros com dados atualizados do Censo 2022.
DENGUE E DETERMINANTES DE SAÚDE: ESTUDO DA SUA COMPREENSÃO POR UMA REVISÃO INTEGRATIVA.
Pôster
Morschbacher, J.1, Haack, B. M.1, Lutinski, J. A.1
1 UNOCHAPECO
Objetivos: Este estudo teve como objetivo identificar possíveis relações entre determinantes de saúde e fatores ambientais associados à dengue a partir de uma revisão integrativa de literatura. Métodos: Realizou-se busca nas bases de dados da Capes e Lilacs, num recorte temporal de 2015 a 2022, utilizando-se os descritores dengue, determinantes sociais de saúde, fatores climáticos, mudanças climáticas, região de fronteira, comercialização de produtos, deslocamento de pessoas, políticas públicas seguidos do operador boleano and, incluiu-se 50 artigos para a revisão. Resultados: Urbanização, saneamento básico, fatores socioeconômicos, fatores culturais, políticas públicas e educação, bem como questões de temperatura, pluviosidade, sazonalidade e fatores espaciais relacionados à dengue, foram apontados pelos estudos como pontos de discussão e de melhorias num contexto em conjunto (setor governamental e civil) para compreensão do comportamento da dengue, bem como sensibilização da importância do controle e prevenção da doença, controle do vetor e erradicação de ambientes favoráveis à sua proliferação. Ainda, a evolução e ciclo de vida do mosquito estão associados a condições de seu desenvolvimento: urbanização desenfreada e sem planejamento, descarte inadequado de resíduos sólidos urbanos, saneamento básico inadequado, condições de chuva e temperatura do ambiente associados bem como condições e comportamentos humanos relacionados aos modos de vida e trabalho implicam em possíveis causas de favorecimento de ocorrência da dengue. Conclusão: O entendimento dos determinantes de saúde associados à dengue facilita a adoção de estratégias específicas para sua prevenção, bem como traz noções de como uma determinada região está respondendo a um possível fator de risco.
DESENVOLVIMENTO SOCIAL, HUMANO E TUBERCULOSE NA ZONA OESTE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
WILKEN, R.O1, CORRÊA, E.P.O2, BRAGA, J.U3
1 Instituto de Medicina Social Hésio Cordeiro - UERJ
2 ENSP-Fiocruz
3 Instituto de Medicina Social Hésio Cordeiro - UERJ/ Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da ENSP-Fiocruz
Objetivos: Analisar a relação entre desenvolvimento social, desenvolvimento humano e a incidência de tuberculose pulmonar na população residente dos bairros da Área de Planejamento (AP) 5.2 do município do Rio de Janeiro.
Métodos: Trata-se de estudo ecológico analítico, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2015 a 2019. Foi calculada a taxa média anual de incidência de tuberculose do período por bairro e avaliou-se sua associação com índices de desenvolvimento social (IDS) e desenvolvimento humano (IDH). A correlação entre as taxas médias anuais de incidência de tuberculose e os índices de desenvolvimento foi avaliada pelo coeficiente de correlação de Pearson.
Resultados: Foram notificados 2.572 casos novos de tuberculose na AP 5.2 do MRJ no período estudado. A taxa média anual de incidência de tuberculose variou entre os bairros, com a maior taxa observada no bairro Pedra de Guaratiba (147,72 casos por 100 mil habitantes), seguido de Barra de Guaratiba (110,64 por 100 mil habitantes) e a menor taxa no bairro de Senador Vasconcelos (44,99 casos por 100 mil habitantes). Tanto o desenvolvimento social como desenvolvimento humano estiveram inversamente relacionados com a incidência de tuberculose pulmonar (rde -0.08 e rde -0,14)respectivamente.
Conclusões: A taxa de incidência variou significativamente entre os bairros da AP 5.2, foi mais elevada em bairros como Pedra de Guaratiba e Barra de Guaratiba, e menor em Senador Vasconcelos. A correlação inversa encontrada entre a taxa de incidência de tuberculose e os índices de desenvolvimento foi observada nos bairros analisados.
DESERTOS E PÂNTANOS ALIMENTARES E ÍNDICE BRASILEIRO DE PRIVAÇÃO EM FORTALEZA, 2019
Pôster
Oliveira, B. B. R.1, Honório, O. S.2, Mendes, L. L.3, Coelho, C. G.3, Araújo, L. F.1
1 UFC
2 UFOP
3 UFMG
Objetivos: Verificar a prevalência de desertos e pântanos alimentares de acordo com o Índice Brasileiro de Privação (IBP) em Fortaleza, em 2019. Métodos: Estudo ecológico exploratório em Fortaleza, Ceará. As unidades de análise foram os setores censitários (n=3.007). As informações sobre os estabelecimentos que vendem ou comercializam alimentos foram obtidas através Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza. A classificação de desertos e pântanos alimentares foi feita a partir da metodologia proposta pela CAISAN (2018) e adaptada por Honório et al (2021). O IBP é um índice proposto pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (CIDACS) construído com base nos dados de renda, escolaridade e condições de moradia do Censo Demográfico Brasileiro de 2010 (IBGE). A caracterização dos desertos e pântanos alimentares por IBP foi realizada através do teste Qui-quadrado de Pearson e a distribuição espacial deles através de mapas coropléticos. Resultados: Desertos alimentares foram mais prevalentes (31,24%, IC95% 28,5-34,0) em áreas de maior vulnerabilidade - 4 quartil do IBP (p<0,05). Já os pântanos alimentares foram mais prevalentes em áreas de menor vulnerabilidade - 1 (29,8%, IC95% 26,8-32,7) e 2 (29,9%, IC95% 26,9-32,9) quartis do IBP e (p<0,05). Não houve diferença estatisticamente significante entre quartis do IBP nas áreas com presença simultânea de desertos e pântanos alimentares. Conclusões: os resultados apontam para desigualdades socioeconômicas no ambiente alimentar da cidade de Fortaleza, limitando o acesso a alimentos saudáveis e facilitando o consumo de alimentos ultraprocessados a depender da vulnerabilidade social do território.
DESIGUALDADE SOCIAL E DE GÊNERO NA HIPERTENSÃO ARTERIAL ENTRE BRASILEIROS MAIS VELHOS
Pôster
Coelho, D. M.1, Andrade, A. C. S.2, Moreira, B. S.3, Braga, L. S.4, Lima-Costa, M. F.3, Caiaffa, W. Teixeira.1
1 OSUBH/UFMG
2 ISC/UFMT e OSUBH/UFMG
3 NESPE/UFMG e Fiocruz Minas
4 NESPE/UFMG
Objetivo: Analisar a associação das condições socioeconômicas individuais e contextuais com a hipertensão arterial (HA), segundo o sexo, entre adultos mais velhos residentes em áreas urbanas no Brasil. Métodos: Foram analisados dados de 6.767 participantes (≥ 50 anos) da linha de base (2015-2016) do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) aninhados no contexto urbano (Estudo ELSI-Urbe). A HA foi autorreferida. A medida de condição socioeconômica individual foi a escolaridade e a do contexto foi o Índice Brasileiro de Privação (IBP) em nível do setor censitário. Modelos de regressão logística multinível (indivíduos e setores censitários), ajustados por idade e estratificados por sexo, foram utilizados na análise de dados. Resultados: A prevalência de HA foi de 42,2% (intervalo de confiança de 95% [IC95%] = 38,9-45,6%) em homens e 57,8% (IC95% = 54,4-61,1%) em mulheres. Em mulheres, maior escolaridade (≥ 9 anos versus ≤ 4 anos de estudo) associou-se à menor chance de HA (odds ratio [OR] = 0,62; IC95% = 0,52–0,74) e residir em setores censitários com maior privação foi associado à maior chance de HA (OR por desvio padrão [DP] = 1,04, IC95% = 1,01–1,09). Em homens, não houve associação significativa da escolaridade individual e IBP com HA. Conclusão: Nossos resultados reforçam as evidências de que as condições socioeconômicas individuais e contextuais estão associadas à HA e que essa associação variou segundo o gênero.
DESIGUALDADES NO ACESSO AOS ESPAÇOS PÚBLICOS PARA ATIVIDADE FÍSICA NO BRASIL
Pôster
Müller, W. A.1, Wendt, A.2, Santos, S. F. S.3, Crochemore-Silva, I.1
1 UFPel
2 PUC-PR
3 UNESP
Objetivo: explorar as desigualdades e interseccionalidades no acesso aos espaços públicos para atividade física (EPAF) em adultos brasileiros. Métodos: dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (61.419 participantes maiores de 18 anos). Foi questionado sobre a existência de lugares públicos, como praça, parque, rua fechada ou praia, para caminhada, exercício ou prática de esporte, próximos das residências dos respondentes. As desigualdades avaliadas incluíram gênero, cor da pele e quintis de riqueza. Interseccionalidades foram mensuradas utilizando o Jeopardy Index. Utilizou-se diferença para dimensões binárias e índice absoluto de desigualdade para dimensões ordinais, expressas em pontos percentuais (p.p.), por unidades da federação. Resultados: a prevalência de EPAF próximos das residências foi de 56,2% (IC 95%: 55,2; 57,2), variando de 38,0% (IC 95%: 35,3; 40,8) a 78,5% (IC 95%: 69,3; 77,8) nos 27 estados brasileiros. Desigualdade de gênero não foi significativa. Desigualdade socioeconômica foi observada em todo o país, com indivíduos mais ricos percebendo até 34,4 p.p. de EPAF a mais do que os mais pobres, variando de 15,5 a 40,2 p.p. nos estados. Comparando mulheres, pretas/pardas e mais pobres com homens, brancos e mais ricos, a desigualdade acumulada de percepção de EPAF atingiu 31,3 p.p. Apenas três unidades federativas apresentaram lacunas de desigualdades menores (disparidades entre 15 p.p. e 20 p.p.). Conclusões: a percepção de acesso aos EPAF apresenta distribuição desigual no Brasil, principalmente para os mais pobres e residentes em alguns estados. Políticas públicas devem promover espaços públicos de lazer para regiões e grupos mais vulneráveis em todo o país.
DIREITOS PARA QUEM? A PRECARIZAÇÃO DE DIREITOS BÁSICOS E SEUS ATRAVESSAMENTOS NO CUIDADO
Pôster
da Costa, A. C. P.1, Pereira, M. F. M. F.1, Pacheco, G. M.1, Mendonça, D. P.1
1 ENSP/Fiocruz
A privação da garantia de direitos básicos influencia e impacta no processo de saúde-doença, principalmente daqueles atravessados por marcadores sociais da diferença de raça e gênero.
Objetivos
Pensando a partir da experiência de residência multiprofissional em três clínicas da família da Zona Norte e uma da Zona Central do Rio de Janeiro, tem-se por objetivo ponderar sobre como a deficiência de acesso a direitos como alimentação adequada, trabalho digno, segurança, escolaridade e moradia aparece como determinante de risco no processo de saúde-doença e quais são os corpos que vivenciam esse contexto de precarização.
Métodos
Utilizando o método cartográfico, é possível considerar o impacto da carência de direitos humanos na viabilização ao cuidado e sobre como as interseccionalidades de raça, gênero e sexualidade perpassam essas coletividades, às quais são negadas à saúde e aos demais direitos.
Resultados
O racismo, o machismo e a LGBTQIAPN+fobia são marcadores sociais da diferença que transpassam grande parte dos sujeitos acompanhados nas quatro clínicas da família, denunciando maior vulnerabilidade e adoecimento desses corpos no processo de saúde-doença e no acesso aos direitos básicos, supostamente já garantidos pelo Estado.
Conclusões
Nessa lógica cruel, a população negra, com particularidades de gênero e sexualidade, tem a viabilização do seu cuidado prejudicada pela insuficiência na garantia de seus direitos, o que atrapalha em suas demandas de saúde e em sua atuação autônoma na relação com os serviços.
DISPARIDADES POR RAÇA E GÊNERO NA OCORRÊNCIA DE MULTIMORBIDADE EM ADULTOS BRASILEIROS
Pôster
Tavares, N.H.C1, Coelho, C.G.2, Araújo, L.F.1
1 UFC
2 UFMG
Objetivo: Investigar as disparidades por raça/cor e gênero na ocorrência de multimorbidade entre brasileiros. Métodos: Estudo transversal com 63.597 adultos (18-64 anos) participantes da Pesquisa Nacional de Saúde, 2019. As variáveis de exposição foram sexo (homem e mulher) usado como “proxy” de gênero; e a raça/cor da pele autorreferida (Brancos, Pardos e Pretos). A variável desfecho foi a presença de multimorbidade (não/sim), definida pelo diagnóstico médico de duas ou mais condições crônicas autorreferidas. Utilizou-se regressão logística para investigar esta associação, obtendo-se odds ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%, ajustados por idade, escolaridade e mutuamente para ambas as exposições. Resultados: A maioria era mulher (54,75%), com idade entre 35 e 44 anos (24,11%), parda (44,50%) e referiu ter ensino médio completo (39,13%). A prevalência de multimorbidade foi de 26,67%. Após ajustes por idade, escolaridade e sexo, apenas Pardos permaneceram associados à menor ocorrência de multimorbidade (OR 0,89; IC95% 0,83–0,96). Quanto ao gênero, as mulheres permaneceram associadas à maior ocorrência de multimorbidade em comparação aos homens, mesmo após todos os ajustes, incluindo raça/cor da pele (OR 2,01; IC 95% 1,87–2,15). Conclusão: Encontramos disparidades na ocorrência de multimorbidade em adultos brasileiros, indicando que as mulheres são mais propensas a ter multimorbidade, enquanto Pardos tiveram menor ocorrência. Esses resultados podem indicar que as mulheres vivem mais, tornando-as mais propensas a relatar diagnósticos de doenças crônicas, e que indivíduos Pardos e Pretos morrem prematuramente, podendo levar a inversões nas associações encontradas.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FISIOTERAPEUTAS NO BRASIL E A RELAÇÃO COM FATORES SOCIOECONÔMICOS
Pôster
Alves, C.M.C1, Marques, M.J.S.1, Souza, C.M.M.2, Feitosa, Y.O.3, Branco, M.R.F.C.1
1 UFMA
2 Unopar/Anhanguera
3 UEMA
Objetivos: Analisar como evoluíram a quantidade de profissionais e de atendimentos de fisioterapia no sistema único de saúde (SUS), relacionando com o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e o orçamento do SUS per capita. Métodos: Estudo ecológico, referente ao período de 2008 a 2019. A análise estatística incluiu covariância, correlações de Pearson, matriz de contraste de Tukey e mapas de correlação. Resultados: Todas as unidades federativas (UFs) apresentaram correlação positiva do montante de fisioterapeutas com o PIB per capita e apenas Acre (r=0.00; p=0.088) e Rio de Janeiro (r=0.00; p=0.101) não mostraram correlação positiva da quantidade de fisioterapeutas com o orçamento do SUS per capita. Foram observadas correlações positivas do quantitativo de atendimentos de fisioterapia com o PIB per capita, na Paraíba (r=0.96; p<0.001), Acre (r=0.88; p<0.001), Amazonas (r= 0.84; p=0.001), Mato Grosso (r=0.78; p=0.003), Tocantins (r=0.77; p=0.004), Roraima (r=0.74; p=0.005) e Espírito Santo (r=0.62; p=0.033) e da quantidade de atendimentos com o orçamento do SUS per capita, no Acre (r=0.84; p=0.001), Amazonas (r=0.76; p=0.004), Tocantins (r= 0.73; p=0.007), Paraíba (r=0.65; p=0.024) e Rondônia (r=0.64; p=0.025). Conclusões: O crescimento econômico e os recursos alocados ao SUS podem estar associados à expansão dos serviços de fisioterapia.
DIVERSAS FACES DA MORTALIDADE POR DOENÇAS INFECCIOSAS: UMA SITUAÇÃO DE INIQUIDADE SOCIAL
Pôster
Leandro, B. B. S.1, Ribeiro, M. G.2
1 FIOCRUZ
2 UFRJ
Analisar a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias (DIP) com base nas intercessões de gênero, raça, idade e classe enquanto um indicador de iniquidade social, articulando a discussão entre desigualdades urbanas e em saúde na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro (RMRJ). Com base na epidemiologia social latino-americana, foi realizado um estudo epidemiológico de tipo ecológico com uso de dados do SIM no ano de 2022, realizando uma análise conjugada das variáveis de sexo, raça, faixa etária e ocupação. Os resultados encontrados foram discutidos com base na literatura científica a respeito de interseccionalidade, iniquidades em saúde e desigualdades urbanas. O perfil etário dos óbitos por DIP deslocou-se das crianças de até 5 anos para a população idosa acima de 80 anos. Em 2022, na RMRJ, ocorreram 10.287 óbitos por DIP, desses, quatro doenças concentraram 90% dos óbitos: covid-19; septicemia não identificada; HIV e tuberculose. A análise desses adoecimentos específicos mostrou diferenciais quando se comparou a relação entre homens-brancos, homens-negros, mulheres-brancas e mulheres-negras, com acentuação da situação para pessoas da classe baixa e popular e, em alguns contextos, para os homens negros. A mortalidade pelas DIP não deve ser naturalizada uma vez que máscara situações de iniquidade social, em geral, evitáveis e refletidas nos marcadores sociais da diferença. Além dos aspectos biológicos relaciona-se com essa mortalidade processos sanitários, ambientais, históricos, econômicos, culturais entre outros que influenciam na sua manutenção e distribuição desigual no espaço físico e social, constituindo-se como um processo crítico de saúde (categoria de Jayme Breilh).
EFEITOS DA EPIDEMIA DO SARSCOV-2 EM UMA REGIÃO DE ALTA VULNERABILIDADE DE SÃO PAULO
Pôster
Pimentel, R.M.M.1, Macedo Jr, H.2, Abreu, L.C.3, Echeimberg, J. O.4, Santos, E. F.S.5, Leone, C.5
1 USCS
2 FUABC - FMABC
3 UFES
4 FMABC
5 FSP
Objetivo: Analisar os efeitos da COVID 19 em uma região de alta vulnerabilidade da Cidade de São Paulo, no período de 2020 a 2022. Método: Trata-se de um estudo ecológico de série temporal de base populacional, com dados de casos e óbitos por COVID-19. A partir de dados secundários com dados públicos oficiais disponíveis no site da Prefeitura da Secretária de Saúde de São Paulo. As taxas de construção de séries temporais foram calculadas usando o modelo de regressão de Prais-Winsten, que permitiu que as correções de auto correlação de primeira ordem fossem realizadas nos valores, organizadas no tempo. Resultado: Ao analisarmos as tendências da Região da Leste em relação ao Município de São Paulo não observamos diferenças nas tendencia. No entanto, ao compararmos a região de São Mateus apresenta tendencias diferentes da Região Leste e do Município como um todo. Além disso, ao analisar as diferenças entre os distritos observamos resultados diferentes entre si apontando maior letalidade nos distritos Iguatemi e São Rafael que possuem mais vulnerabilidade. Conclusão: o território de São Mateus, inserido na CRS Leste apresentou diferenças quantos a análise das taxas de incidência, mortalidade e letalidade demonstrando que há divergências quando analisamos fatores regionais e locais do impacto espacialmente heterogêneo na saúde da pandemia de COVID-19..
EFEITOS DA INTERSECÇÃO DE RAÇA/COR, RIQUEZA E EDUCAÇÃO EM DESFECHOS RELACIONADOS À AIDS
Pôster
Lua, I1, Magno, L.2, Silva, A.F.3, Gestal, P.F.P.S.3, Bastos, J.L.4, Jesus, G.5, Coelho, R.A.6, Ichihara, M.Y.5, Barreto, M.L.5, Santos, C.A.S.T.5, Macinko, J.7, Souza, L.E.3, Dourado, I.3, Rasella, D.8
1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
2 UNEB
3 ISC-UFBA
4 Faculty of Health Sciences, Simon Fraser University
5 CIDACS-Fiocruz
6 Ministério da Saúde
7 UCLA Fielding School of Public Health
8 ISGlobal, Hospital Clínic - Universitat de Barcelona
Objetivos: Analisar os efeitos da intersecção de marcadores de diferenças sociais em desfechos de Aids em grande amostra da população brasileira.
Métodos: Estudo de coorte retrospectiva com subamostra proveniente do linkage da “Coorte de 100 Milhões de Brasileiros” e dados de notificação (SINAN) e óbitos (SIM) por Aids. Foram acompanhados 28,3 milhões de brasileiros com ≥ 13 anos de idade por 9 anos (2007-2015). Os desfechos analisados foram: taxas de incidência, mortalidade e letalidade por aids; e as exposições principais foram: intersecções de raça/cor da pele, índice de riqueza e educação. As associações foram avaliadas por meio da interação dos efeitos e mensuração de medidas aditivas e multiplicativas.
Resultados: Raça/cor, educação e riqueza foram fortemente associadas a todos os desfechos avaliados, com aumento da magnitude à medida que as interseções foram incluídas. Risco significativamente maior de adoecer (Risco Relativo ajustado: 3,07, IC95%:2,67-3,53) e morrer (RRa:4,96, IC95%:3,99-6,16) por aids foi observado na interseção de raça/cor preta, menor escolaridade e menor nível de riqueza. Nesse mesmo grupo interseccional também foi observada elevada taxa de letalidade (RRa:1,62, IC95%:1,18-2,21). As medidas de interação aditivas e multiplicativas corroboram com a hipótese de que os efeitos combinados dos marcadores de diferenças sociais são maiores que a adição/multiplicação dos seus efeitos isolados.
Conclusões: Os grupos historicamente oprimidos que se encontram nas interseções de raça/cor preta, menor educação e menor riqueza apresentaram risco maior de adoecer e morrer por aids. As intervenções relacionadas ao HIV/aids exigem a implementação de políticas intersetoriais abrangentes que sigam uma perspectiva de interseccionalidade.
EXPLORING THE INFLUENCE OF RELIGION AND RELIGIOSITY ON THE MAMMOGRAPHY SCREENING
Pôster
Dias Jr, C.S1, Verona, A.P.1, Leocádio, V.A.2
1 UFMG
2 SEJUSP/MG
Objectives: The objective of this work is to examine the association between religious denomination, religiousness, and mammography in Brazil, comparing white and black women (black and brown) with ages between 50 and 69. The data used are from the first wave of ELSI-Brazil.
Methods: The descriptive analysis of the data consisted of the calculation of relative frequencies for characterization of the study populations as well as to produce estimates of the prevalence of the event (mammography) in each study population (white and black women). The multinominal logistic regression model, which provides the relative risk ratio (RRR) and its 95% confidence intervals as an association measure, was used to test the hypothesis of association between exposures of interest (mammography) and religious denomination and religiosity (frequency). In all analyses (comparison of groups and models for hypothesis testing), the significance level of 5% (p<0,05) was adopted. The analyses were carried out separately for each of the women's groups.
Results: Religious engagement holds significant importance within the black female community, as it serves as a catalyst for promoting health-conscious behaviors. White women, who exhibit a higher proportion of undergoing this type of examination, appear to place less significance on religious activities when it comes to undergoing mammography. This suggests that factors other than religious affiliation may influence this group's decision to undergo mammography.
Conclusions: The findings of this study suggest that religiosity has a significant role in influencing the adherence of black women to the recommended timeframe for mammography scans.
FATORES ASSOCIADOS AO CONSUMO DE VERDURAS, LEGUMES E FRUTAS POR GESTANTES BRASILEIRAS
Pôster
MARQUES, C. B. L.1, SILVA, M. A.1
1 UFMT
Objetivo: avaliar os fatores associados ao consumo de verduras, legumes e frutas por gestantes brasileiras.
Métodos: Trata-se de um estudo que utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Foram analisadas apenas as informações das gestantes, considerando-se os módulos C (características gerais dos moradores), D (características de educação dos moradores) e P (estilo de vida, hábitos alimentares e prática de atividade física). Considerou-se como consumo regular de verduras, legumes e frutas, a ingestão destes grupos alimentares em pelo menos 5 dias da semana. A associação entre o consumo alimentar e os fatores sociodemográficos foi realizado por meio do teste de qui-quadrado.
Resultados: Das 773 gestantes avaliadas, a maior prevalência foi de mulheres adultas (92,24%), que se autodeclararam parda, preta ou indígena (70,25%) e que concluíram o ensino médio (49,26%). Ainda, a maioria vivia com o cônjuge (77,10%), não praticavam atividade física e residiam na zona urbana (75,42%). Observou-se que as gestantes adultas apresentaram maior consumo regular de verduras e legumes (p=0,031), quando comparado às adolescentes. A maior escolaridade (≥ 12 anos) esteve associada à maior ingestão de verduras, legumes (p<0,001) e frutas (p<0,001). A prática de atividade física se associou ao maior consumo regular de verduras e legumes (p<0,001) e frutas (p<0,001). Ainda, indivíduos que moravam com o cônjuge (p=0,031) e em domicílio urbano (p<0,001) também apresentaram maior consumo de verduras e legumes.
Conclusão: A melhor condição sociodemográfica esteve relacionado ao maior consumo de verduras, legumes e frutas.
FATORES ASSOCIADOS AO USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO ÚLTIMO ANO, ISA-CAPITAL SP
Pôster
Santos, E. F. S.1, Louvison, M. C. P.2, Oliveira, E. C. T.3, Monteiro, C. N.4, Freitas, Y. N. L.2, Schröder, C. A.2, Barros, M. B. A.5, Goldbaum, M.6, Cesar, C. L. G.1
1 1- Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
2 2- Departamento de Política, Gestão e Saúde, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
3 3- Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL) – Maceió (Al), Brasil
4 4- Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, Brasil
5 5- Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Campinas (SP), Brasil
6 6- Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
Objetivos: Avaliar os fatores associados ao uso de serviços de saúde no último ano, segundo características demográficas, socioeconômicas e condições de saúde.
Métodos: Trata-se de estudo transversal com base nos dados do inquérito domiciliar de saúde de base populacional, ISA-Capital SP, realizado em 2015. A variável desfecho foi o uso de serviço de saúde no último ano. Os fatores associados foram: sexo, faixa etária, cor/raça da pele, religião, estado civil, escolaridade, local de residência, plano de saúde, presença de multimorbidade, presença de problemas emocionais, nível de autopercepção de saúde e, também, relato de problema de saúde nas últimas duas semanas. Para análise estatística, utilizou-se o modelo de regressão de Poisson para estimar as razões de prevalência ajustadas (RPa).
Resultados: 85,9% dos participantes utilizaram os serviços de saúde no último ano. Pessoas de 12 a 59 anos, de cor de pele preta e parda, apresentaram prevalências inferiores significativas (-8% a -5%) de uso de serviço de saúde no último ano, enquanto mulheres, pessoas com posse de plano de saúde, com presença de multimorbidade, que relataram ter problemas emocionais, com pior autopercepção de saúde e, também, que relataram ter problema de saúde nas últimas 2 semanas, apresentaram prevalências superiores significativas (5% a 15%) de uso de serviço de saúde no último ano.
Conclusões: Foram identificados fatores associados ao uso de serviços de saúde no último ano, em relação às características demográficas, socioeconômicas e de condições de saúde.
FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE PRECOCE NO BRASIL: UMA ABORDAGEM DE MACHINE-LEARNING
Pôster
Ferreira, E. P.1, Alves, D. S. B.1
1 UNIRIO
Objetivo: Identificar e analisar os preditores para o óbito precoce e APVP no Brasil. Métodos: Estudo seccional abordando os óbitos registrados no SIM no período de 2005 a 2019. As variáveis explicativas foram Sexo, Local de Ocorrência do Óbito, Raça/Cor, Escolaridade, Região de Residência e Causa Básica de Óbito (capítulos CID-10) e existência de HAS ou Diabetes como causa relacionada (Linhas A, B, C, D ou II da DO). A variável desfecho foi o óbito precoce, definido como aquele ocorrido em idade inferior à expectativa de vida segundo ano e sexo. As análises foram realizadas através de tabela de contingência e do Algoritmo de Árvore de Classificação. Resultados: Foram analisados 19.302.517 óbitos entre 2005 e 2022, sendo a maioria do sexo masculino, casados ou em união estável, brancos ou amarelos, com baixa escolaridade e residentes no Sudeste ou Nordeste. As principais causas de óbito foram doenças do aparelho circulatório, neoplasias e causas externas. A maioria dos óbitos foi classificada como precoce (12.013.117; 62,23%), especialmente entre homens, solteiros, pretos, pardos ou indígenas, com baixa escolaridade e residentes no Norte ou Centro-Oeste, com causas externas como principal causa de óbito. A árvore de classificação revelou que a causa do óbito é o principal preditor de mortalidade precoce, seguido por escolaridade, raça/cor e local de ocorrência. Conclusão: Constatou-se fatores associados à mortalidade precoce que evidenciam a necessidade de políticas públicas direcionadas e atenção integral à saúde, visando maior equidade na expectativa de vida.
FATORES SOCIOECONÔMICOS E DIFERENCIAIS DE GÊNERO NA INCAPACIDADE FUNCIONAL (ELSI-BRASIL)
Pôster
Bomfim, W.C.1, Peixoto, S.V.2, Mambrini, J.V.M.3
1 Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais, UFMG
2 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Instituto René Rachou / UFMG
3 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Instituto René Rachou
Objetivos: Analisar a contribuição dos fatores socioeconômicos para o diferencial de incapacidade funcional entre mulheres e homens idosos brasileiros. Métodos: Estudo transversal, baseado nos dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) (2015-2016). O desfecho foi a incapacidade funcional, avaliada nos domínios atividades básicas (ABVD) e instrumentais (AIVD) da vida diária. Como marcadores socioeconômicos, foram utilizadas escolaridade (<4/4+ anos), raça/cor (branca/não-branca), estrutura domiciliar (escore construído a partir de itens de caracterização domiciliar e mensurado por análise de componentes principais) e renda mensal domiciliar per capita, os dois últimos dicotomizados no percentil 75. Como ajuste, foram considerados sexo, idade (60-74/75+) e número de doenças crônicas (0-1/2+). A associação entre os desfechos e as exposições foi avaliada por modelo logístico, bruto e ajustado, considerando a complexidade amostral e α=0,05. A contribuição dos fatores socioeconômicos para os diferenciais de gênero na incapacidade funcional foi avaliada pelo método de decomposição não-linear. Resultados: Foram incluídos 4.997 participantes, com idade média de 69,7 (±7,9) anos e 56% mulheres. A prevalência de incapacidade funcional foi de 18,0% (ABVD) e 45,7% (AIVD), com diferença significativa entre os sexos. Os resultados da decomposição evidenciaram a contribuição dos marcadores socioeconômicos, com uma redução de aproximadamente 17% nos diferenciais de incapacidade caso as mulheres tivessem a composição socioeconômica dos homens. Conclusões: A redução das desigualdades de gênero na incapacidade funcional passa pela atuação nos determinantes sociais. A saúde, como uma condição social, pode ser melhorada por meio de políticas públicas e ações inter e multissetoriais, que também atuem nos marcadores socioeconômicos.
FATORES SOCIOECONÔMICOS E EDENTULISMO ENTRE ADULTOS MAIS VELHOS: EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Pôster
Silva, V.A.N.1, Mambrini, J.V.M.1
1 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Instituto René Rachou/Fiocruz Minas
Objetivo: Avaliar a associação entre variáveis socioeconômicas mensuradas no nível individual e contextual e o edentulismo entre adultos mais velhos brasileiros (50+). Métodos: Estudo transversal baseado nos dados da linha de base (2015-2016) do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). O desfecho de interesse foi o edentulismo. Escolaridade, renda domiciliar per capita e raça/cor autorreferida foram os marcadores socioeconômicos de nível individual, e, de nível contextual, o Índice Brasileiro de Privação (IBP). Como ajuste, foram utilizadas as variáveis sexo, idade, mora só e número de doenças crônicas. A associação entre os marcadores socioeconômicos e o edentulismo foi analisada por meio do modelo logístico multinível bruto e ajustado, após evidência de variabilidade significativa do desfecho entre os setores censitários, por meio da avaliação do coeficiente de correlação intraclasse e da mediana do odds ratio. Resultados: A amostra foi composta por 8.358 participantes, com prevalência de edentulismo de 29,83% (IC95%: 27,40 - 32,38). Resultados do modelo ajustado evidenciaram, no nível individual, menor chance de edentulismo entre participantes de maior escolaridade (OR = 0,32; IC95%: 0,26 - 0,39) e maior renda domiciliar per capita (OR = 0,67; IC95%: 0,55 - 0,81). Maior chance de edentulismo foi observada entre residentes de setores censitários de maior privação socioeconômica (OR = 1,04; IC95%: 1,01 - 1,07). Conclusão: Os resultados apontam a necessidade de ações e políticas públicas com foco na população residente em áreas de maior privação, principalmente para o grupo de maior vulnerabilidade socioeconômica, como estratégia para diminuir as iniquidades no edentulismo.
ICSAP NA POPULAÇÃO DO DF: RECORTES ETÁRIOS E DE SEXO NA PREVALÊNCIA DAS PRINCIPAIS MORBIDA
Pôster
Moreira, W. C. Q.1, Shimizu, H. E.1, Lucena, F. F. A.1, Russo, L. X.2
1 UnB
2 UFGD
Objetivo: analisar o perfil de prevalência das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP), entre 2018 e 2023, na população geral do Distrito Federal, por sexo e faixa etária. Métodos: estudo ecológico de caráter temporal quantitativo com componente descritivo para cálculo de medidas de tendência central, frequência relativa percentual e taxas, a partir da coleta e análise dados secundários das ICSAP registrados no SIH através das AIH. Resultados: as taxas de ICSAP no DF, entre 2018 e 2023, apresentaram tendência geral de redução (de 20,0% a 18,3% por 10.000 habitantes) nos limites temporais do estudo, com expressiva queda em 2020, quando registrou 14,7% por 10.000 habitantes. A população mais afetada foi a feminina com 50,5% do total de casos registrados, e a faixa etária com maior prevalência de causas sensíveis institucionalizadas esteve entre 0 e 9 anos de idade (34,3%). As diarreias e gastroenterites de origem infecciosa presumível figuram como a maior causa de internações no período analisado (32,2%). Conclusões: a concentração de ICSAP na primeira e segunda infâncias (0 a 9 anos), de causas infecciosas previníveis, pode ter importante componente de DSS, refletido em condições de gestação, parto e puerpério, bem como de vulnerabilidade social pós-natal, sem se desconsiderar ressonância da operacionalização do modelo de atenção básica no DF.
INFLUÊNCIA DOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS NA DISTRIBUIÇÃO DE DEPRESSÃO EM MINAS GERAIS.
Pôster
Fofano, G.A.1, Reis, M.F.1, Keulen, M.S.L1, Figueiredo, V.P.1, Chaoubah, A.1
1 UFJF
Introdução: A depressão é uma das principais doenças crônicas não transmissíveis que acomete grande parte da população em geral. Objetivo: Analisar a distribuição espacial dos atendimentos e internações por depressão e a relação com indicadores socioeconômicos nas macrorregiões do estado de Minas Gerais. Material e métodos: estudo ecológico, observacional e descritivo realizado com dados secundários do Sistema de Informação Ambulatorial e Hospitalar (SIA e SIH) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) sobre depressão no estado de Minas Gerais, em 2022. Foram analisados: número de internações hospitalares, tempo de internação, taxa de internação e de utilização de leitos, Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), Índice de Gini e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Resultados: As macrorregiões com maior taxa de internação foram, a Norte, Triangulo do Norte e Jequitinhonha e que, quando estratificada por sexo, observa-se que as mulheres apresentaram maiores taxas de depressão. A macrorregião Nordeste foi a que apresentou o maior índice de IVS e Gini, menor IDH e baixa taxa de internação com as demais. Por outro lado, melhores valores de IVS foram encontrados na macrorregião Sul e Oeste, respectivamente, 0,22 e 0,21. A Oeste também foi a que apresentou um Gini mais baixo(0,46), indicando uma menor desigualdade social. Conclusão: Destacou-se as principais características das internações por depressão no estado e sua relação com variáveis sociais e demográficas que, reafirmam a necessidade de desenvolvimento de estratégias direcionadas à realidade de cada macrorregião de saúde do estado de Minas Gerais.
INIQUIDADE CONTEXTUAL NA REALIZAÇÃO DE EXAMES PREVENTIVOS ENTRE MULHERES (50+):ELSI-URBE
Pôster
Carvalho, P. F.1, Braga, L.S.2, Peixoto, S.W.V.3, Caiaffa, W.T.4, Lima-Costa, M.F.3, Mambrini, J.V.M.1
1 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Fundação Oswaldo Cruz - Instituto René Rachou
2 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Universidade Federal de Minas Gerais
3 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Fundação Oswaldo Cruz - Instituto René Rachou, Universidade Federal de Minas Gerais
4 Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivos: Avaliar a contribuição do contexto socioeconômico para os indicadores de uso dos serviços de saúde entre mulheres mais velhas (+50). Métodos: Foram utilizados dados transversais do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), coletados entre 2015-16. O uso de serviços de saúde foi avaliado a partir da realização dos exames de mamografia (50-69 anos) e Papanicolau (50-64 anos), dosagem de colesterol (50+ anos) e glicemia (50+ anos) e aferição da pressão arterial (50+ anos). A condição socioeconômica da participante foi mensurada, no nível contextual, utilizando o Índice Brasileiro de Privação (IBP). A associação entre a variável de nível contextual e os desfechos de interesse foi analisada por meio do modelo logístico multinível bruto e ajustado por potenciais fatores de confusão, após evidência de variabilidade significativa dos desfechos entre os setores censitários, por meio do ajuste de modelos nulos e avaliação do coeficiente de correlação intraclasse e da mediana do odds ratio. Resultados: A amostra do estudo foi composta por 5.314 mulheres com 50 anos ou mais, sendo 54,2% idosas. Observou-se associação estatisticamente significativa entre o IBP e os exames de glicemia (OR 0,91; IC95% 0,86-0,96) e colesterol (OR 0,89; IC95% 0,84-0,94), sendo maior a chance de realização desses exames entre mulheres residentes nos setores censitários de menor privação. Conclusões: Os resultados evidenciam a necessidade de ações e políticas públicas voltadas para a população de mulheres brasileiras mais velhas que residem em setores censitários de maior privação, como estratégia para reduzir iniquidades presentes na realização dos exames preventivos.
INIQUIDADES SOCIAIS E PREMATURIDADE EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS - PARANÁ
Pôster
Ulinski, S.L.V.1, Graciano, A.C.J.1, Sartorelli, A.P.1, Baurakíades, E.1, Nunes, H1
1 Secretaria de Saúde de São José dos Pinhais
Objetivo: Identificar a existência de iniquidades sociais presentes em partos prematuros de São José dos Pinhais. Métodos: Foram usados dados do SINASC de 22.307 nascimentos no período de 2018 a 2022. As variáveis independentes usadas foram as características maternas (idade, raça/cor, estado civil e escolaridade) e o grau de prematuridade e peso ao nascer foram usados como desfecho. O grau de prematuridade foi classificado como: extremamente prematuro (< 28 semanas completas de gestação), muito prematuro (28≥ a < 32 semanas) ou prematuro moderado (32≥ a < 37 semanas). Os dados foram processados no software Epiinfo versão 7.2. O teste do X2 foi usado para comparar a distribuição das características maternas. Resultados: O percentual de prematuridade apresentou uma tendência de aumento passando de 9,1% (2018) para 11,7% (2022). Os partos cesários e crianças com baixo peso ao nascer (< 2500g) seguiram essa mesma tendência. Quanto às características maternas, os partos prematuros predominaram entre gestantes com idade de 40 a 48 anos (14,5%), entre gestantes pretas (12,9%) e pardas (11,2%). Identificou-se associação entre baixa escolaridade materna e partos prematuros (p<0,01). As gestantes divorciadas e viúvas tiveram maior percentual de partos prematuros. Isso pode estar associado a uma maior vulnerabilidade pela falta de suporte/apoio de um companheiro não tendo como compartilhar dificuldades e responsabilidades. Conclusões: a análise das características maternas evidenciou a necessidade de elaborar estratégias que promovam a equidade na atenção ao pré-natal em São José dos Pinhais par reduzir o risco de prematuridade e visar o bem-estar materno e fetal.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E DETERMINANTES SOCIAIS DA QUALIDADE DE VIDA NA GESTAÇÃO
Pôster
Fernandes, R.C.1, Gomes, F.V.1, Paula, F.C.J1, Santos, L.1, Inokuma, A.1, Perrot, T.S.P.1, Lotz, R.M.S.1, Hofelmann, D.A.1
1 UFPR
Objetivos: analisar a associação entre a insegurança alimentar e a qualidade de vida em gestantes.
Métodos: Estudo transversal, com gestantes em acompanhamento pré-natal em serviços públicos de saúde em Colombo (PR), no período de 2018 a 2019. A insegurança alimentar foi investigada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, e a qualidade de vida por meio do Whoqol-Bref. Diferenças entre os escores dos domínios de qualidade de vida, e os níveis de insegurança alimentar, escolaridade e renda foram investigadas por meio do teste de Kruskal-Wallis.
Resultados: 604 mulheres foram avaliadas, sendo a prevalência de IA de 42,9% (IC95% 39,0; 46,9), 36,4% leve, e 6,5% moderada ou grave. Maiores escores para qualidade de vida foram observados nos domínios social (p50=75) e psicológico (p50=70,8). Observou-se menores escores do domínio físico e ambiental de qualidade de vida, com o aumento dos graus de IA, enquanto para os domínios psicológico e social, foram identificados menores escores para mulheres com IA moderada ou grave. Adicionalmente, a maior escolaridade e renda estiveram positivamente associadas aos escores dos domínios de qualidade de vida,
Conclusões: Os resultados destacam desigualdades sociais na qualidade de vida na gestação, com piores escores associados à experiência de insegurança alimentar, menor escolaridade e renda.
INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA, SEGUNDO RAÇA-COR, 2017-2022
Pôster
Santos, E. F. S.1, Pimentel, R. M. M.2, Souza Jr, H. M. F.3, Abreu, L. C.4
1 1- Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil
2 3- 2- Departamento de Medicina, Universidade Municipal de São Caetano do Sul – São Caetano do Sul (SP), Brasil.
3 Departamento Saúde da Coletividade, Faculdade de Medicina do ABC – Santo André (SP), Brasil.
4 4- Departamento de Educação Integrada em Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo – Vitória (ES), Brasil.
Objetivos: Avaliar as internações por condições sensíveis à atenção primária, segundo raça-cor branca e preta, na prefeitura regional de São Mateus do município de São Paulo, no período 2017-2022.
Métodos: Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais utilizando dados secundários oriundos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde - SIH/SUS, entre 2017 e 2022. Para calcular as taxas segundo raça-cor, por 100.000 habitantes, os dados de população foram disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos censos demográficos realizados em 2000 e 2010 e para os demais anos, foram utilizadas projeções intercensitárias. Para verificar se as taxas, segundo raça-cor, diferiram entre o primeiro e o último triênio, utilizou-se o teste t de Student, monocaudal à direita, para amostras independentes. Para tomada de decisão estatística, foi considerado o valor de p < 0,05.
Resultados: No primeiro triênio, as maiores taxas de internações por condições sensíveis à atenção primária foram observadas na população de cor branca, embora essa diferença não tenha sido estatisticamente significativa (p=0.6635). No segundo triênio, as maiores taxas foram observadas na população preta, com diferenças estatisticamente significativas (p=0.0332).
Conclusões: As internações por condições sensíveis à atenção primária reduziram durante pandemia de COVID-19 com ampliação das desigualdades sociais. A análise dos determinantes sociais da saúde revelou que a população de cor preta foi especialmente vulnerável à desigualdade nas condições de saúde para as quais o manejo, o tratamento e as intervenções adequadas realizadas no nível da atenção primária poderiam potencialmente prevenir a internação hospitalar.
INTERSECCIONALIDADE E ADESÃO AO “LIFE ESSENTIAL 8” ENTRE ADULTOS MAIS VELHOS (ELSI-BRASIL)
Pôster
Paula, T.F.1, Moreira, B.S. de2, Danielewicz, A.L.3, Avelar, N.C.P. de3, Mambrini, J.V.M. de1
1 IRR - Fiocruz Minas
2 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento - NESPE
3 Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, campus Araranguá - SC
Objetivo: Avaliar como a adesão a comportamentos e fatores de saúde cardiovascular, segundo o "Life Essential 8" (LE8), se associam de forma interseccional com raça/cor, escolaridade e posse de plano de saúde. Métodos: Estudo transversal baseado em dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), 2015-2016. O desfecho foi a adesão aos comportamentos (adequação da dieta, prática de atividade física, exposição à nicotina, qualidade do sono) e fatores de saúde (índice de massa corporal, lipídios séricos, glicose sérica e pressão arterial) do LE8, avaliada como média simples entre as pontuações de cada domínio, sintetizada em escore e dicotomizada no percentil 25. A exposição foi o número de vulnerabilidades, com base nas variáveis: raça/cor (preta/não preta), escolaridade (<4/4+ anos) e posse de plano de saúde (não/sim). As variáveis de ajuste foram sexo e idade. Modelo logístico foi utilizado para estimar a associação bruta e ajustada entre o número de vulnerabilidades sociais e a adesão ao LE8. A análise dos dados considerou a complexidade amostral e α=5%. Resultados: Foram incluídos 1.800 adultos mais velhos, com idade média de 62 (± 9,39) anos e 52,4% mulheres. Participantes com uma (OR=1,92; IC95%: 1,13-3,25), duas (OR=2,24; IC95%: 1,03-4,90) ou três (OR=3,99; IC95%: 1,94-8,18) vulnerabilidades apresentaram maiores chances de baixa adesão ao LE8, comparados a participantes sem vulnerabilidades sociais. Conclusão: Os achados destacam a necessidade de intervenções direcionadas que considerem a interseccionalidade dos marcadores socioeconômicos, visando mitigar as iniquidades na adesão aos fatores comportamentais e de saúde do LE8 entre adultos mais velhos brasileiros.
O PESO DOS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE NA EPIDEMIA DE HIV/AIDS
Pôster
Rodrigo Anderle1, Felipe Alves Rubio1, Priscila Scaff Pinto1, Ana Bertoni a1, José Alejandro Ordoñez2, Iracema Lua3, James Macinko1, Luis Eugenio Souza1, Inês Dourado1, Davide Rasella4
1 ISC - UFBA
2 ISC- UFBA
3 UEFS
4 ISC - UFBA, ISGlobal
Vários avanços foram feitos em relação às intervenções biomédicas para enfrentar a epidemia de HIV/AIDS. Contudo, as promessas do fim da AIDS ainda estão distantes da nossa realidade. Desvantagens socioeconômicas são o maior obstáculo aos avanços biomédicos, distribuindo de forma desigual os riscos de contrair o HIV e desenvolver AIDS. Nosso objetivo foi verificar o peso dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS) na incidência de AIDS. Desenvolvemos uma extensão do pacote Epimodel R incluindo cinco DSS relacionados ao HIV/AIDS - como educação, renda, sexo, raça e idade - nas interações comportamentais e nas transições da doença em uma população de 1.172.721 indivíduos distribuídos em dez capitais brasileiras. Nosso modelo simula a metade mais pobre de cada município, representada pela amostra do Cadastro Único de 2012. Calibramos nossos resultados para a incidência de AIDS em cada cidade entre 2012 e 2019. Comparamos com um cenário alternativo onde os DSS não tem efeito na progressão da doença. O cenário Alternativo mostra que para cada cem casos de AIDS, 37 (intervalo de incerteza: 32, 44) estão relacionados aos efeitos dos DSS. O número de casos evitáveis de AIDS é maior para indivíduos de menor renda (44% - ii: 33%, 64%), de raça/cor parda ou negra (38% - ii: 32%, 48%), ou escolaridade inferior (39% - ii: 33%, 46%). Em menor escala, este efeito também é percebido em indivíduos menos vulnerabilizados. Os resultados desta simulação ressaltam, uma vez mais, a relevância dos DSS para o enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS no Brasil.
O SUPORTE SOCIAL PERCEBIDO POR USUÁRIOS E USUÁRIAS DE UM CAPS I
Pôster
Rocha, B. V.1, Corrêa, V. P.1, Santos, B. M.1, Silva, N. C.1, Schneider, I. J. C.1
1 UFSC
Objetivo: descrever o suporte social percebido por usuários e usuárias do Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS) de Araranguá, Santa Catarina.
Métodos: trata-se de um estudo transversal com dados obtidos do Projeto de pesquisa “Vulnerabilidades em Saúde de usuários do CAPS de Araranguá–SC”. Foram incluídos maiores de 18 anos, de ambos os sexos, sem comprometimento cognitivo e em tratamento há mais de 6 meses. No estudo foi utilizada a Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido, composta por 12 itens, divididos em fatores: família, amigos/amigas e outras pessoas significativas. As respostas eram pontuadas entre 1-7 e valores mais altos indicam maior suporte social percebido. Os resultados foram apresentados em médias e frequências absolutas.
Resultados: foram realizadas 170 entrevistas. A média geral do suporte social percebido foi de 4,5. A média dos fatores família (4,6) e outras pessoas significativas (5,4) foram maiores que a média geral, enquanto a média dos amigos/amigas (3,6) foi menor. O percentual de pontuações acima de 5,0 (valor de corte para respostas positivas) de suporte social percebido geral foi de 37,7%. Quanto aos fatores família, amigos/amigas e outras pessoas significativas foram 48,2%, 26,5% e 65,9%, respectivamente.
Conclusões: os resultados evidenciaram uma percepção intermediária de suporte social geral entre usuários e usuárias do CAPS. Conclui-se que o suporte social percebido pelos participantes é advindo principalmente de outras pessoas significativas em suas vidas, que não são amigos/amigas e nem familiares. Além disso, o suporte social de amigos/amigas é o menos percebido por este público.
PADRÕES ESPACIAIS DA MORTALIDADE MATERNA ANTES E DURANTE A PANDEMIA PELA COVID-19
Pôster
Oliveira, H. J. P.1, Bonfim, C. V.2, Silva, V. M. P.3, Frutuoso, L. A. L. M.4, Pereira, C. C. B.4, Barbosa, C. C.4, Lima, J. L.4, Mendonça, E. F.4, Ishigami, B. I. M4, Silva, A. P. S. C.3
1 SES-PE; IAM-FIOCRUZ-PE
2 FUNDAJ
3 IAM/FIOCRUZ PE
4 SES-PE
Objetivo: analisar a distribuição espacial dos óbitos maternos no estado de Pernambuco,
Brasil, no triênio pré-pandêmico (2017 – 2019) e pandêmico (2020 – 2022). Método:
estudo ecológico cujas unidades de análise foram os municípios do estado de
Pernambuco entre os períodos pré-pandêmicos (2017 – 2019) e pandêmicos (2020 –
2022). Foram utilizados dados do sistema de informações sobre mortalidade, e para
calculo da razão de mortalidade materna, dados do sistema de informação sobre
nascidos vivos. A razão de morte materna é calculada a partir do número de óbitos
maternos divido pelo número de nascidos vivos, expresso por 100.000. Foi utilizado o
índice de Moran global para verificar autocorrelação espacial das razões. Essas relações
foram espacializadas no diagrama de espalhamento de Moran com significância de
95%. Resultados: entre 2017 e 2019, os municípios de Santa Cruz da Baixa verde e
Mirandiba apresentaram razões de mortalidade materna muito alta, 192,7 por 100.000
NV e 179,3 por 100.000 nascidos vivos respectivamente. No diagrama de espalhamento
de identificaram-se cinco clusters e dois municípios críticos localizados na II, III, IV,
VII, XI e XII. Entre 2020 a 2022, Saloá apresentou uma razão de mortalidade materna
muito alta (347,9 por 100.000 nascidos vivos). No diagrama de espalhamento de Moran
foram idenficados três clusters e três municípios críticos localizados na II, V, VI, VII,
X, XI e XII região de saúde. Conclusão: o estudo da dinâmica espacial da razão de
mortalidade permitiu identificar alteração no padrão espacial durante a pandemia da
covid-19 como áreas prioritárias de maior risco para óbito.
PADRÕES TEMPORAIS DA RAZÃO DA MORTALIDADE MATERNA EM PERNAMBUCO, BRASIL, 2017 - 2022
Pôster
Oliveira, H. J. P.1, Bonfim, C. V.2, Silva, A. P. S. C3
1 SES-PE; IAM-FIOCRUZ-PE
2 FUNDAJ
3 IAM/FIOCRUZ PE
Objetivo: Analisar a distribuição temporal dos óbitos maternos em Pernambuco, Brasil,
entre 2017 e 2022. Método: Estudo ecológico cujas unidades de análise temporal foram
os semestres dos anos de 2017 a 2022, totalizando 12 observações. Foram utilizados
dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, e para cálculo da razão de
mortalidade materna, dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos. A razão
de morte materna foi calculada a partir do número de óbitos maternos divido pelo
número de nascidos vivos, expresso por 100.000. Para a análise temporal, utilizou-se o
modelo de regressão Joinpoint com intervalo de confiança de 95% e nível de
significância de 5%. Resultados: Na análise da série temporal da razão de morte
materna para Pernambuco, o modelo de regressão Joinpoint evidenciou três tendências.
As duas primeiras tendências entre o primeiro semestre de 2017 ao segundo semestre de
2019 e entre o segundo semestre de 2019 até o primeiro semestre de 2021 foram
estacionárias. A terceira tendência, entre o primeiro semestre de 2021 ao segundo
semestre de 2022 foi decrescente com variação percentual do semestre de -6,50.
Conclusão: O estudo identificou decréscimo da mortalidade materna nos últimos anos
da pandemia de Covid-19. Essa redução pode estar relacionada a medidas de proteção
especificas como a vacinação. Os dados do estudo podem contribuir para a identificação
de alteração nos padrões temporais da mortalidade materna e, com isso, direcionar os
gestores para uma melhor aplicabilidade dos recursos em saúde que são finitos e, por
vezes, insuficientes.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL E PROFICIÊNCIA EM DISPOSITIVOS MÓVEIS ENTRE PESSOAS IDOSAS
Pôster
Silva, V. L.1, Furtado, A. G. T. L.1, Lins, C. C. S. A.1, Borba, A. K. O T.1, Nascimento, T.1, Coriolano, M. G. W. S.1
1 UFPE
Objetivo: Analisar a proficiência em dispositivos móveis e sua associação com a participação social entre pessoas idosas. Métodos: Foi desenvolvido um estudo seccional junto ao universo de 311 pessoas idosas participantes de grupos de convivência no município do Recife-PE. A variável dependente consistiu na proficiência no uso de dispositivos móveis, mensurada por meio do protocolo Mobile Device Proficiency Questionnaire. A média do escore MDPQ varia de 08 a 40 pontos. Foram considerados como pontos de corte: 08 a 16 (baixa proficiência), 16 a 24 (moderada proficiência) e 24 a 40 (alta proficiência). Para analisar a associação entre a proficiência em dispositivos móveis e tipos de atividade de participação social foram analisados modelos simples e múltiplos de regressão logística multinomial. Resultados: A maioria da população de estudo apresentou baixa proficiência em dispositivos móveis (42,8%). A alta proficiência foi identificada em apenas 16,4% das pessoas idosas. A análise simples identificou associação entre a participação em encontros sociais, eventos culturais e centros comunitários. Após o controle de variáveis sociodemográficas, a participação em encontros sociais permaneceu associada à alta proficiência em dispositivos móveis (OR=5; P=0,050) e à média proficiência (OR=2,42; P=0,028). A participação em centros comunitários também foi associada de forma independente à alta proficiência em dispositivos móveis (OR=0,23; P=0,003) e à média proficiência (OR=0,35; P=0,006), demonstrando baixa inclusão digital entre os participantes deste equipamento. Conclusões: A participação social foi associada à proficiência em dispositivos móveis, importante indicador de inclusão digital. Tais achados podem contribuir para políticas de inclusão digital de pessoas idosas.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS
Pôster
Santos, A.C.1, Rabelo, L.F.1, Cecilio, S.G.2, Lemos, L.1, Castro, C.M.1, Carvalho, R.1
1 Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais
2 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo: Definir o perfil sociodemográfico e epidemiológico da população em situação de rua (PSR). Método: Estudo transversal com amostra por conveniência, que teve como público-alvo a PSR de Belo Horizonte. A coleta de dados foi realizada entre março e maio de 2024 em um local de apoio para PSR. Foi utilizado um questionário elaborado pelos pesquisadores, que abordou aspectos sociais e demográficos, trajetória de rua, hábitos de vida e doenças prevalentes. Participaram aqueles com 18 anos ou mais, que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram excluídas pessoas que estavam sob influência de álcool, drogas e estado de consciência alterado. Resultado: Um total de 236 PSR foram entrevistadas, dos quais, 84% eram homens, com mediana de idade de 41 anos (Intervalo interquartil 33-48). Aproximadamente 58% se autodeclararam pardos, 28% se identificaram como negros e 12% como brancos. Apenas 4% eram analfabetos, enquanto 39% relataram não ter concluído o ensino fundamental. Dos entrevistados, 54% estavam em situação de rua há menos de um ano. As principais razões que levaram à situação de rua foram problemas familiares (48%) e falta de emprego (26%). Sobre o uso de substâncias, metade afirmou utilizar tabaco e álcool, seguidos de maconha (25%), crack (23%) e cocaína (20%). Conclusão: Observou-se que a PSR de Belo Horizonte é majoritariamente masculina, com baixa escolaridade e diversificada racialmente. Problemas familiares e desemprego foram as principais causas que levaram a essa situação. O uso de substâncias foi comum.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE MORTALIDADE MATERNA NO BRASIL ENTRE 2002-2022
Pôster
Araújo, L. C.1, Bernhardt, M. F. C.1, Klokner, L. M.1
1 UFSC
A mortalidade materna é um importante indicador de saúde, correspondente às mortes durante a gestação ou até 42 dias pós-parto, com causas vinculadas à gravidez. No Brasil, esse indicador é uma ferramenta útil, pois reflete as vulnerabilidades socioeconômicas do país - relacionadas às condições de vida da mulher. Objetivos: descrever o perfil epidemiológico das notificações de mortalidade materna no Brasil entre 2012-2022. Métodos: estudo com abordagem quantitativa-descritiva acerca das notificações de mortalidade materna registradas no Brasil entre 2002-2022, com dados do SIM. Resultados: ao longo do período, observou-se manutenção na taxa de mortalidade materna - em 2002 apresentou taxa de 54,1 por 100.000 nascidos vivos e em 2022 apresentou taxa de 53,5. No período analisado foram registrados 36.328 mortes, destacando-se a região sudeste (34,4%), seguida da nordeste (33,7%). As causas foram majoritariamente relacionadas à gravidez, parto e puerpério (CID-10) (97,8%), dos quais 64,9% decorrem de causa obstétrica direta. Quanto ao perfil epidemiológico, a maioria dos óbitos ocorreram entre 20-29 anos (39,9%), na população negra (60,2%) e sem ensino médio completo (69,0%), sendo 38,3% com fundamental incompleto. Conclusões: dentro da janela analisada, houve poucas mudanças na taxa de mortalidade materna no país. Ainda, percebe-se relação entre população por macrorregião e número de mortes. Ademais, atinge principalmente aquelas com menor escolaridade, pretas ou pardas e pertencentes a faixa etária de 20-29 anos e decorre de consequências diretas da gestação, parto ou puerpério. Logo, percebe-se a fragilidade advinda de aspectos sociodemográficos do país.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E INSEGURANÇA ALIMENTAR EM COZINHAS SOLIDÁRIAS DE PETRÓPOLIS/RJ
Pôster
Berti, T.L1, Alves, J.B1, Maia, G.S.A1, Duque, L.O.M.D1, Hang, C.L.S.F1, Pires, J. M2, Pereira, T.N.1, Raimundo, T. C1, Banal, E.B3
1 UNIFASE
2 Casa da Cidadania
3 UNIRIO
Objetivos: Descrever o perfil sociodemográfico e a frequência de insegurança alimentar (IA) entre usuários de cozinhas solidárias de Petrópolis/RJ. Métodos: Estudo transversal descritivo realizado em três cozinhas solidárias de Petrópolis. A coleta de dados foi realizada por entrevista, com questionário padronizado incluindo dados socioeconômicos (sexo, idade, raça/cor autorreferida, ocupação, benefícios sociais, tipo de moradia), acesso a equipamentos de segurança alimentar e nutricional (SAN). A IA foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) de 8 itens, classificando-a em leve, moderada ou grave. Resultados: Foram avaliados 37 usuários com média de idade de 37 anos (21-72), sendo a maioria do sexo feminino (72,9%), da raça/cor parda ou preta (91,9%), possuíam casa própria (71,2%), recebiam benefícios sociais de transferência de renda (89,2%), não possuíam trabalho remunerada ou fonte de renda (67,6%) e entre os que tinham, a maioria se tratava de emprego informal. Quanto à IA, 86,5% viviam em algum grau, sendo entre estes 40,6% em IA leve, 28,1% moderada e 31,3% grave. Quanto ao acesso à equipamentos de SAN, mais da metade relatou frequentar a cozinha 1 vez/ semana (59,5%) e 32% de 2-3 vezes/semana, 21,6% recebia cestas básicas para conseguir se alimentar e 10,8% tinha acesso a outros equipamentos de SAN (restaurante popular, outras cozinhas). Conclusão: A maioria dos usuários das cozinhas solidárias encontram-se em situação de vulnerabilidade social e vivenciam a insegurança alimentar. As evidências sinalizam que as cozinhas solidárias do município são equipamentos de SAN de suma importância para viabilizar o acesso da população à alimentação.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E O ÓBITO EM GESTANTES HOSPITALIZADAS POR COVID-19 NO BRASIL
Pôster
Azevedo, F. A.1, Ribeiro, S. A. V.1, Priore, S. E.1, Rodrigues, J. M.1, Franceschini. S. C. C.1
1 UFV
Objetivos: Descrever o perfil sociodemográfico de gestantes hospitalizadas por COVID-19 no Brasil e a relação com o óbito. Métodos: Estudo longitudinal, realizado com dados secundários do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP Gripe). Foram avaliados todos os casos de hospitalizações de gestantes adultas (≥ 20 anos), decorrentes da síndrome respiratória causada pelo SARS-CoV-2 no período da pandemia, com amostra total de 16.202 mulheres, no entanto, destaca-se a presença de dados ausentes para algumas variáveis do banco de dados. Foram avaliadas as seguintes variáveis: desfecho da hospitalização classificada em óbito ou cura; a idade foi classificada de acordo com idade materna avançada, dicotomizada em < 35 anos e ≥ 35 anos; etnia autorrelatada, classificada em branca, preta/parda, amarela/indígena; escolaridade dicotomizada em ensino médio completo ou incompleto. Utilizou-se o software R versão 4.3.2 para condução da estatística descritiva e teste de Qui-quadrado. Resultados: Na amostra avaliada, o óbito ocorreu em 7,62% (n = 1236) das gestantes. Referente aos fatores sociodemográficos, 74,40% (n = 5376) tinham ensino médio completo, 52,62% (n = 7412) eram pretas/pardas e 62,71% (n = 11765) tinham idade inferior a 35 anos. Na análise de Qui-quadrado, o óbito esteve relacionado à menor escolaridade, idade igual ou superior a 35 anos e cor da pele preta/parda. Conclusões: A escolaridade, idade e etnia se associaram ao óbito por COVID-19 em gestantes brasileiras. Esses fatores são considerados determinantes sociais em saúde o que corrobora com os resultados encontrados.
PERSISTENTES DESIGUALDADES: MORTALIDADE DE CRIANÇAS NO BRASIL ENTRE 2010 E 2022
Pôster
Boing, A.F.1, Boing, A.C.1
1 UFSC
Objetivos: Analisar a desigualdade espacial e socioeconômica entre os municípios brasileiros na mortalidade de crianças menores de cinco anos entre 2010 e 2022.
Métodos: Analisaram-se dados de óbitos e nascidos vivos de crianças menores de cinco anos dos sistemas nacionais de informações. Os indicadores de mortalidade infantil e entre crianças de 1 a 4 anos de idade foram calculados para todos os municípios e também para cada decil de municípios agrupados segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Foram estimadas medidas simples e complexas de desigualdades, plotados mapas da distribuição dos óbitos no território nacional e calculado o excesso de óbitos ocorridos se as taxas do decil de maior IDH-M fossem aplicadas a todos.
Resultados: A mortalidade infantil diminuiu de 13,9 por 1.000 nascidos vivos (x1.000nv) para 12,6 x1.000nv entre 2010 e 2022, com menor redução após 2015. Em 2022, a mortalidade infantil foi 45% maior no decil de menor IDH-M em comparação ao de maior. A mortalidade entre crianças de um a quatro anos reduziu até 2020, mas aumentou nos anos seguintes, sendo 88% maior no decil de menor IDH-M em 2022. Houve pouca redução nas desigualdades ao longo dos anos. As maiores desigualdades foram observadas nas doenças nutricionais e infecciosas. O excesso de óbitos foi de 71.686 crianças entre 2010-2022 e a maior parte dos municípios com altas taxas de mortalidade se concentraram no Norte-Nordeste do país.
Conclusões: Embora a mortalidade infantil e entre crianças de um a quatro anos tenha diminuído no Brasil, persistem significativas desigualdades.
POPULAÇÃO TRANS E USO DE MEDICAÇÃO PSIQUIÁTRICA: UM ESTUDO DE PREVALÊNCIA
Pôster
Gimenes, B.P1, Rocha, A.F2, AGUILAR, G.T3, Thomazi, G.L4, Damaceno, A.N1
1 UNISINOS
2 Ministério da Saúde
3 AIDS Healthcare Foundation
4 Universidade de São Paulo
Objetivo: Analisar a prevalência do uso de medicação psiquiátrica e avaliar diferenças sociodemográficas associadas entre pessoas atendidas em um Ambulatório Trans, em Porto Alegre, RS.
Métodos: Estudo transversal com 629 registros de pessoas atendidas entre 2021 e 2022, maiores de 18 anos e residentes no município. O desfecho foi o uso de medicação psiquiátrica, medido pela dispensa registrada em um sistema de dispensação de medicamentos. As variáveis independentes incluíram dados sociodemográficos. Foram utilizados os testes U de Mann-Whitney, qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher.
Resultados: A amostra incluiu 41,9% homens trans, 36,1% mulheres trans, 16,1% pessoas não-binárias, 2,6% travestis e 3,3% outras. A prevalência do uso de medicamentos psiquiátricos foi de 29% (IC 95%, 25% - 32%). Houve associação significativa entre idade e uso de medicamentos, com a mediana de idade dos usuários sendo 27 anos, comparada a 25 anos para não usuários (p < 0.001). A raça/cor apresentou associação significativa (p = 0.040). Pessoas pardas tiveram maior prevalência de uso (43.5%), seguido por pretas (32.6%), brancas (27.1%) e amarelas (14.3%). Além disso, a vinculação com unidades de saúde da atenção primária mostrou associação significativa (p < 0.001), com 40.3% dos vinculados usando medicação, comparado a 18.2% dos não vinculados.
Conclusões: Idade, raça/cor e vinculação com unidades de saúde da atenção primária estão associadas à alta prevalência de medicamentos psiquiátricos entre pessoas trans.
RACISMO NA MOBILIDADE EDUCACIONAL E SATISFAÇÃO COM A VIDA: INSIGHTS ELSA-BRASIL
Pôster
Assis, B. C. S.1, Camelo, L. V.1, Giatti, L.1, Barreto, S. M.1, Griep, R. H.2, Patrão, A. L.3
1 Universidade Federal de Minas Gerais
2 Fundação Oswaldo Cruz
3 Universidade do Porto
Objetivos: Investigar a associação entre mobilidade educacional intergeracional e verificar se essa associação difere segundo raça/cor num contexto brasileiro. Métodos: Usando dados de 12.987 participantes da 2ª visita do ELSA-Brasil (2012-2014), investigamos se a raça/cor (Branca, Parda, Preta) modifica a associação da mobilidade educacional intergeracional com satisfação com a vida e renda média per capita. A mobilidade educacional intergeracional foi avaliada comparando a escolaridade materna com a do próprio participante. Foi utilizada a escala Satisfaction With Life Scale (satisfeito versus insatisfeito) para avaliar a satisfação com a vida. Resultados: A prevalência de insatisfação com a vida foi maior em Pretos (13,5%) e Pardos (12,4%) do que em Brancos (9,2%). Após ajustes por idade, sexo, situação conjugal e centro de pesquisa, a mobilidade educacional ascendente foi associada às chances 32% (OR: 0.68; 0.53-0.86) menores de insatisfação com vida quando comparada à trajetória estável-baixa, mas essa associação foi observada apenas entre Brancos. A trajetória estável-alta foi associada às chances 31% (OR: 0.69; IC95%: 0.56-0.86) e 29% (OR: 0.71; 0.54-0.95) menores de insatisfação com vida em Brancos e Pardos, respectivamente. Nenhuma associação entre mobilidade social e satisfação com vida foi observada em pretos. Conclusão: As trajetórias educacionais ascendente e estável-alta associaram-se a maior renda familiar per capita em brancos e a menor renda em pretos. Nossos resultados reforçam que o racismo estrutural reduz os benefícios da mobilidade educacional em termos de satisfação com a vida e renda em pretos e pardos em comparação aos benefícios observados em brancos.
RELIGION, RELIGIOSITY, AND SMOKING AMONG OLDER ADULTS: ELSI BRAZIL, 2019-2021
Pôster
Dias Junior, C.S.1, Loyola Filho, A.I.2
1 UFMG
2 IRR/Fiocruz
Objectives: The current study examined the relationship between religion/religiousness and smoking among 8,703 individuals in the Longitudinal Study of the Health of the Elderly Brazilians (ELSI-Brazil).
Methods: To test the hypothesis that interest-related exposures (religion and religiosity) are associated with smoking, we utilized the logistic regression model, which offers the odds ratio and accompanying 95% confidence intervals as measures of association. Univariate and multivariate (adjusted) analyses were carried out. Only factors related with the event at a p-value of ≤0.20 were included in the multivariate models for adjustment.
Results: The smoking prevalence in the sample was 13.7%. When interest-related exposures were considered, the smoking prevalence among people who professed no religion was 21.6%, which was substantially greater than the 13.0% reported among those who claimed to be religious. In terms of religiosity, the prevalence of smoking declined as the frequency of attendance at religious services increased: 25.8% among those who declared not visiting church, 17.9% among those with low frequency, 15.2% among those with medium frequency, and 9.5% among those with high frequency. The multivariate analysis revealed a link between smoking and having some religion (OR = 0.67; IC 95%: 0.49-0.91) and the frequency of religious cults (OR = 0.67, IC 95%: 0.46-0.96 for low; OR = 0.60, IC 95%: 0.43-0.82 for medium; and OR = 0.39, IC 95%: 0.28-0.56 for high).
Conclusion: The present study established a negative correlation between smoking, religiosity, and religion among individuals aged 50 and older in Brazil.
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E SUICÍDIO NA GESTAÇÃO E APÓS O PARTO: UM ESTUDO DE COORTE
Pôster
Duarte, W. B. A.1, Silva, E. P.1, Ludermir, A. B.1
1 UFPE
Objetivo: Investigar o impacto dos transtornos mentais comuns (TMC) na gravidez e sete a nove anos após o parto para a tentativa de suicídio em mulheres cadastradas na Estratégia de Saúde da Família (ESF), no Recife, Pernambuco, Brasil.
Métodos: Este é um estudo de coorte prospectivo que engloba as etapas um e dois de uma coorte, composta de três etapas. Foram incluídas 644 mulheres adultas. Para avaliar os transtornos mentais comuns foi usado o Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20), sendo as mulheres divididas em dois grupos: não suspeitas de TMC (escore igual ou menor que 7) e suspeitas de TMC (escore igual ou acima de 8). A tentativa de suicídio foi investigada pela pergunta: “Você já tentou pôr fim a sua vida? (sim e não).”
Resultados: A prevalência de TMC na gestação (primeira etapa) e sua incidência sete a nove anos após o parto (terceira etapa) foram, respectivamente, 19,3% (n= 124) e 12,6% (n= 81). A incidência da tentativa de suicídio na terceira etapa foi de 10,9% (n=70). A análise multivariada demonstrou efeito cumulativo dos TMC para a tentativa de suicídio: TMC só na gestação (OR 5,4; IC 95% 2,2-13,3); só na terceira etapa (OR 5,8; IC 95% 2,3-14,9); e nas duas etapas (OR 6,0; IC95% 2,5-14,4).
Conclusão: O acúmulo dos TMC em mulheres aumenta a chance de tentativa de suicídio, sendo importante a implementação de políticas públicas para a saúde das mulheres, principalmente com histórico de doença mental, hábitos não saudáveis e que sofrem violência.
VIGIL NCIA POPULAR EM SAÚDE: UMA NOVA VIGIL NCIA PARA A DEFESA DA VIDA?
Pôster
Carneiro, F.F1, Maia, A.2, Teixeira, A.C.A3, Xavier, M.4, Araújo, R.5, Diógenes, S.S6, Holanda, M.6, Jesus, R7, Gadelha, S.S8, Silva, L.R9, Dantas, V.L.A9, Viana, F9, Dantas, U.9, Wagner, Ricardo9, Acosta, Juliana.10
1 Fiocruz
2 Cáritas
3 Fiocruz Ceará
4 CERESTA/SES/Ce
5 -M21
6 Universidade Federal do Ceará
7 EFA
8 FAFIDAM
9 Participatório em Saúde e Ecologia de Saberes
10 Ministério da Saúde
A Vigilância Popular em Saúde (VPS) pode ser entendida como o protagonismo popular pela defesa da vida por meio da geração de dados com produção de conhecimento compartilhado, do monitoramento participativo pelo uso de tecnologias acessíveis; da comunicação popular; da articulação com a academia, SUS e movimentos sociais; e das reivindicações de direitos e políticas públicas. Este resumo apresenta a VPS, como estratégia emancipatória de luta e defesa da vida frente ao agronegócio na Chapada do Apodi, no Ceará. Trata-se de uma pesquisa-ação com representantes da academia, movimentos sociais, entidades, organizações comunitárias e trabalhadores do SUS. Foi realizada uma oficina territorial cujo material produzido foi avaliado pela análise de conteúdo auxiliado pelo software Iramuteq. A oficina destacou a necessidade de fortalecimento da luta comunitária pela vida no território, envolvendo o problema dos agrotóxicos e o papel das mulheres, devidamente registrado em um plano de ação que tem ajudado na atuação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e Ambiente da SESA/Ce. A organização comunitária alia-se à atuação dos movimentos populares, evidenciando-as como pontos fundamentais e estratégicos nas articulações das comunidades para a reivindicação de direitos, através de quintais produtivos, por exemplo. Foram observados indicadores de VPS associados aos impactos do agronegócio, como a elevada mortandade de abelhas e a desterritorialização das pessoas que praticam a agricultura familiar. Frente a expansão do agronegócio na região, a VPS pode continuar sendo uma importante ação, que articulada ao SUS, ganha potência para a defesa da vida nos territórios.
VULNERABILIDADE SOCIOECONÔMICA E MORTES POR DESESPERO NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Pôster
Carvalho, W. R. G1, Meira, K.C2, Medeiros, A.G.P3, Neves, L3, Vardiero, N3, Guimarães, R.M3
1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte
3 Fundação Oswaldo Cruz
Objetivos: Estimar a relação entre a insegurança socioeconômica e as mortes por desespero nas cidades brasileiras. Métodos: Foi utilizado dados de 5.570 municípios para criar agrupamentos relacionados ao desenvolvimento socioeconômico e, em seguida, foi analisada as taxas de mortalidade ajustadas por idade (ASMR) de cada agrupamento, além de utilizar o teste ANOVA para realizar comparações entre eles. Resultados: A análise dos agrupamentos gerou dois grupos de municípios brasileiros. As taxas de mortes por desespero são consistentemente mais altas no grupo que experimenta mais privação. No entanto, considerando as diferenças entre 2010 e 2019, o aumento das taxas foi maior no grupo com menor experiência de privação (48,82% vs. 39,53%). Foi verificada uma lacuna entre os agrupamentos antes do início da estagnação econômica em 2010. A lacuna entre os grupos diminuiu de 20,58% (p<0,001) em 2010 para 14,03% em 2019 (p=0,034). Conclusões: Os cenários de crises econômicas criam diferenciais de mortalidade em certos grupos populacionais. Além disso, desigualdades significativas explicam como as causas de mortes por desespero afetam diferentes subpopulações. Em uma primeira abordagem foi avaliado essa suposição, e foi verificado esses diferenciais em um nível ecológico. As políticas públicas devem focar na redução das disparidades na mortalidade por desespero entre os diferentes estratos socioeconômicos, visando promover maior equidade em saúde.
AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E FATORES ASSOCIADOS EM POPULAÇÃO DE MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE
Pôster
Rueda-Garcia, P.A.1, Araujo, H.M2, Mello, L.M.2
1 USP, UDES
2 USP
Objetivos: Verificar a relação entre autopercepção de saúde, bem-estar subjetivo, fatores sociodemográficos, trabalho e renda.
Métodos: Estudo descritivo realizado em município de pequeno porte paulista, por meio de entrevistas com usuários da Atenção Primária à Saúde, utilizando-se questionários para obtenção de dados sobre perfil sócio demográfico, bem-estar subjetivo (Oxford health questionnaire) e no trabalho (Estado de Bem-Estar no Trabalho), autoestima (Rosemberg), saúde financeira (Índice de Saúde Financeira/Febraban), liberdade (Multidimensional Inequality Framework) e renda. O estudo foi aprovado pelo CEP do Hospital das Clínicas da FMRP/USP e todos os participantes assinaram TCLE.
Resultados: Trinta usuários participaram do estudo, sendo 76,7% mulheres e 23,3% homens, com idade variando de 18 a 64 anos [38,6(DP17,25)]e 80% destes recorriam exclusivamente ao SUS para cuidados em saúde. Cerca de 43% dos participantes eram casados(as), 36,6% referiram ensino médio incompleto e 2% ensino superior completo. Com relação à situação laboral, 36,7% apresentavam vínculo empregatício formal e 43% relatou estar desempregado(a) há 6 (DP9,6)anos. A renda familiar mensal média informada por 50% dos entrevistados foi menor de R$3.630,00, considerando nº4 moradores/domicílio e média de trabalhadores com renda/domicílio de 2 (DP 0,81). Além disto, 86% admitiram liberdade religiosa, 70% referiram apoio familiar e 56,7% negaram qualquer tipo de discriminação nos últimos anos. A análise de regressão mostrou relação entre autopercepção de saúde e saúde financeira (valor p 0,043); escore de felicidade (valor p 0,014); e idade (valor p 0,009).
Conclusões: Saúde financeira, felicidade e idade estiveram relacionados a maior autopercepção de saúde, mesmo em situação de fragilidade socioeconômica.