Programa - Sessão de Poster - Farmacoepidemiologia
CARACTERÍSTICAS DE INDIVÍDUOS INSULINIZADOS PARA TRATAMENTO DO DIABETES NO BRASIL
Pôster
Tierling, V.L.1, Fontanella, A.T.2, Tavares, N.U.L.1
1 Universidade de Brasília
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Objetivos: Descrever o perfil de indivíduos em uso de insulina para tratamento do diabetes no Brasil. Métodos: Foram analisadas as prevalências de uso de insulina entre indivíduos com indicação médica de insulina a partir da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos, segundo sexo, idade, cor autorreferida, escolaridade, classificação econômica, plano de saúde e região geográfica. Ainda, de acordo com a autopercepção do estado de saúde; presença de comorbidades; outros problemas de saúde e limitação de atividades habituais em decorrência da doença. Resultados: Do total de adultos com 20 anos ou mais entrevistados, 6,8% (IC95%: 6,4-7,2) referiram diagnóstico médico de diabetes, dos quais 18,1% (IC95%: 16,0-20,3) tinham indicação de insulina, correspondendo a cerca de 1,8 milhão de pessoas. Dentre os indivíduos com indicação, 87,6% (IC95%: 82,3-91,4) relataram o uso, sem diferenças significativas entre as características sociodemográficas analisadas. Observou-se maior percentual de uso entre aqueles com limitação de atividades habituais devido ao diabetes, variando de 84,5% (IC 95%: 77,8-89,4) para aqueles com nenhuma ou pouca limitação a 97,8% (IC95%: 93,3-99,3) entre aqueles com limitação moderada. Conclusões: Parte dos indivíduos com indicação de insulina não estavam utilizando o medicamento, o que aponta a necessidade de intervenções para melhorar a adesão ao tratamento. O maior percentual de uso entre indivíduos com limitação de atividades habituais indica a necessidade de estratégias de educação em saúde que reforcem a importância do tratamento para prevenir complicações decorrentes do diabetes.
TENDÊNCIA TEMPORAL DA COMERCIALIZAÇÃO DE COXIBS EM DROGARIAS NO BRASIL DE 2014 A 2021
Pôster
Biase, T.M.M.A1, Lopes, L.1, Silva, M.T.2, Galvão, T.F.1
1 Universidade Estadual de Campinas
2 Universidade de Brasília
Objetivo: Avaliar as tendências de vendas de anti-inflamatórios inibidores seletivos da cicloxigenase-2 (coxibs) no Brasil.
Métodos: Trata-se de análise da tendência temporal das vendas de coxibs no Brasil, de janeiro de 2014 a dezembro de 2021, utilizando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados da Anvisa . Foram elegíveis registros de vendas de celecoxibe e etoricoxibe em drogarias. Os desfechos primários foram o consumo de coxibs em dose diária definida (DDD) e DDD por 1.000 habitantes por dia (DID), analisados por região brasileira (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). As tendências do consumo de coxibs em DDD foram avaliadas por meio de modelo de regressão segmentada e calculada a variação percentual média anual (AAPC) com intervalo de confiança de 95% (IC95%). A significância estatística foi p<0,05; as análises foram realizadas no software Stata 14.2.
Resultados: Foram registradas 3.386.363 vendas de coxibs por drogarias. Celecoxibe teve maior consumo na região Sul (0,38 para 0,70 DID) e Centro-Oeste (0,24 para 0,57 DID). O etoricoxibe foi mais vendido no Centro-Oeste (0,14 para 0,26 DID), seguido pelo Sul (0,17 para 0,22 DID). O Norte apresentou o menor consumo para ambos os medicamentos. De 2014 a 2021, houve aumento nas vendas de coxibs no Brasil, com celecoxibe como o mais vendido com 0,21 para 0,45 DID (AAPC 14,99 IC 95% 8,85; 21,47) em comparação ao etoricoxibe com 0,12 para 0,16 DID (AAPC 5,11 IC 95% -2,36; 13,14).
Conclusão: As vendas de coxibs no Brasil aumentaram no período avaliado, especialmente de celecoxibe, isso sugere que medidas regulatórias não promoveram o uso racional desses medicamentos.
ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE DE NOVAS TERAPIAS PARA MIELOMA MÚLTIPLO REGISTRADAS NO BRASIL
Pôster
Souza, P. H.C.1, Rodrigues, M. A.2, Menezes de Pádua, C. A.3, Braga, L. P.4, Drummond, P. L. M.5, Reis, A. M. M. R.6
1 pedrocvsouza@gmail.com
2 marinaalacoquer@gmail.com
3 campadua@ufmg.br
4 leticiapbraga@gmail.com
5 paula.drummond@funed.mg.gov.br
6 amreis@farmacia.ufmg.br
Objetivos: Analisar o registro de novas terapias para mieloma múltiplo-MM no Brasil e sua incorporação no Sistema Único de Saúde-SUS no período de 2003 a 2023.
Método: Estudo descritivo do registro de novas terapias para MM, abrangendo medicamentos e terapias avançadas. Pesquisou-se no Pubmed/Medline as novas terapias. Identificou-se o registro nos sites da Food and Drug Administration-FDA, European Medicines Agency-EMA e Agência Nacional de Vigilância Sanitária-Anvisa. Caracterizou-se as novas terapias em relação à natureza (biológica ou sintética), classe terapêutica, inovação terapêutica (first-in-class), Breakthrough Therapy (designação do FDA para processo de registro de medicamentos com evidência preliminar de avanço terapêutico). Calculou-se curvas de sobrevida de Kaplan-Meier, compreendendo o período entre as datas do registro no exterior e na ANVISA, segundo as características. As curvas de sobrevida foram comparadas usando o teste de log rank (Mantel Cox). Verificou-se a incorporação das novas terapias pelo SUS.
Resultados: No Brasil estão registradas 12 (70,6%) das 17 novas terapias disponíveis no exterior, sendo que 7(58,3%) são biológicas, 5(41,7%) first-in-class, 6(50%) Breakthrough Therapy. As novas terapias registradas compreendem as classes terapêuticas: 3 inibidores de proteassoma (IP), 2 imunomoduladores, 6 anticorpos monoclonais e 1 terapia avançada. No SUS foram incorporados 2 IP. Menor tempo para registro na ANVISA foi estatisticamente associado com natureza biológica (p=0,008), anticorpo monoclonal (p=0,035) e Breakthrough Therapy (p=0,031).
Conclusões: As novas terapias registradas para MM no Brasil representam avanços terapêuticos e refletem a tendência de emprego da imunoterapia no tratamento do MM. A incorporação no SUS foi pequena abrangendo somente IP.
EFEITOS DA PANDEMIA NO CONSUMO DE MEDICAMENTOS PSICOATIVOS EM UM INSTITUTO DE INFECTOLOGIA
Pôster
Oliveira, V.G.1, Cunha, C.R.1, Santos, T.R.1, Nunes, P.H.C.1, 1
1 INI/Fiocruz
Objetivos: Avaliar os efeitos da pandemia de COVID-19 no consumo ambulatorial de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos de um instituto de referência em infectologia no Rio de Janeiro, no período de 2019 a 2023.
Métodos: Foram obtidos dados de consumo de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, de uso ambulatorial, a partir de sistema informatizado de baixa eletrônica de medicamentos dispensados. Foi calculada a Dose Diária Definida (DDD) desses medicamentos, por ano, considerando-se os anos de 2019 a 2023. Para cálculo da DDD, foi utilizado, como denominador, o número de pacientes atendidos na farmácia ambulatorial da instituição, por ano.
Resultados: Foram calculadas as DDD anuais, de 2019 a 2023, de doze medicamentos, dentre antidepressivos e ansiolíticos, fornecidos em um ambulatório de referência em infectologia no Rio de Janeiro. Foi possível observar picos de consumo, em 2020, primeiro ano de pandemia, dos medicamentos alprazolam, bromazepam, amitriptilina, clonazepam, citalopram, fluoxetina e imipramina. Diferentemente dos medicamentos citados, que após pico de consumo tiveram seu consumo normalizado, para o diazepam, observa-se queda constante do consumo desde 2021, após o pico. O medicamento bupropriona apresentou picos de consumo em 2020 e 2022. Por fim, os medicamentos paroxetina e trazodona também apresentaram pico em 2020, seguido de queda em 2021, porém com consumo crescente desde então.
Conclusões: O consumo de medicamentos antidepressivo e ansiolíticos foi impactado pela pandemia da covid-19. Todos os doze medicamentos avaliados tiveram picos de consumo em 2020, primeiro ano de pandemia no Brasil.
ESTADO NUTRICIONAL E USO DE FÁRMACOS PSICOESTIMULANTES EM CRIANÇAS COM SINTOMAS DE TDAH
Pôster
Gonçalves, B.P1, Martins-Silva, T1, Tovo-Rodrigues, L1, Bertoldi, A.D1
1 UFPel
Objetivos:
Investigar a associação entre o estado nutricional e o uso de fármacos psicoestimulantes em crianças com sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015.
Métodos:
Foram utilizados dados de 744 participantes da Coorte de nascimentos de Pelotas de 2015, com sintomas de TDAH aos 6-7 anos. Foi considerada a presença de sintomas de TDAH ≥7 pontos na escala Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). O estado nutricional foi avaliado segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) para idade em escore-z. A associação foi testada através de regressão linear bruta e ajustada para as covariáveis de IMC pré-gestacional, tabagismo e álcool na gestação, escolaridade materna e renda familiar as quais foram mensuradas por meio do autorrelato das mães.
Resultados:
A prevalência de uso de fármaco psicoestimulante foi de 1,81% (IC95% 0,9 – 3,0) (n=14). As crianças com sintomas de TDAH em uso de psicoestimulante apresentaram menor IMC escore-z, comparadas as que não fazem uso de medicamento, mas a associação não foi estaticamente significativa mesmo após ajuste para as covariáveis (β -0,70; IC95% -1,65 – 0,24; p=0,146).
Conclusão:
As crianças com sintomas de TDAH em uso de fármaco psicoestimulante apresentaram menor IMC. No entanto, a associação não foi significativa, possivelmente pelo pequeno número de crianças em uso de fármacos nesta idade. O uso dessa classe de medicamentos em crianças com TDAH pode ser um aliado no combate ao excesso de peso desde que associado ao aconselhamento de um estilo de vida saudável.
INTERAÇÕES ENTRE FÁRMACOS E SUPLEMENTOS ALIMENTARES COM ALIMENTOS/NUTRIENTES EM IDOSOS.
Pôster
Muniz, T.R1, Tavares, F.G1, Ferko, G.P. S2
1 UFF
2 UFRR
Objetivo: Identificar potenciais interações entre fármacos e suplementos alimentares com alimentos/nutrientes em idosos institucionalizados. Métodos: Foi realizado um estudo transversal, com delineamento descritivo e abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu por meio da análise dos prontuários e prescrições médicas dos idosos residentes na única instituição de longa permanência para idosos na capital e de referência no estado de Roraima. Os fármacos prescritos foram classificados segundo o primeiro nível da Anathomical Therapeutic Chemical e as interações potenciais teóricas entre fármacos e suplementos alimentares com alimento/nutrientes segundo a base de dados informatizada Micromedex®. O estudo foi elaborado seguindo as normas e diretrizes da Resolução nº 466/2012 e aprovado pelo CEP/UFRR sob o número 2.964.036. Resultados: Os dados evidenciaram 182 possíveis interações, que se distribuíram em 44 diferentes combinações entre fármacos e suplementos alimentares com alimento/nutrientes. Destaca-se ainda que, mais da metade (52,8%) das prescrições apresentaram nível de gravidade alta (15,4%) a moderada (37,4%) e com tempo de início rápido (61,0%) de interação. A toranja foi a substância que esteve envolvido em mais interações, com potencial de interagir com 10 (31,25%) fármacos distintos, sendo quatro desses (12,5%) com ação no sistema cardiovascular. Conclusões: Identificou-se várias potenciais interações entre fármacos e suplementos alimentares com alimentos/nutrientes. Observou-se ainda, interações com predominância de gravidade alta a moderada, com inicio rápido e boa documentação. A toranja representou a substância com maior frequência de possíveis interações, sendo fundamental o cuidado com a revisão da prescrição medicamentosa e os componentes das refeições diárias utilizadas na instituição.
INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS PARA SAÚDE MENTAL E COVID-19 NO BRASIL: UMA ANÁLISE REGIONAL
Pôster
SILVA, M. L. B1, LEAL, J. V. C.1, MOREIRA, J. P. L1
1 UFF
Objetivos: Compreender as possíveis alterações na dinâmica das hospitalizações por intoxicação por medicamentos para a saúde mental, nos períodos pré, pandêmico e pós-pandêmico, no território brasileiro. Métodos: Este estudo utilizou o Sistema de Informações Hospitalares, disponível no DATASUS, no período 2018 a 2023. Foram incluídos os indivíduos hospitalizados por intoxicação por medicamentos para a saúde mental, segundo as regiões geográficas do Brasil. Utilizou-se o tamanho da população residente (IBGE), para calcular as taxas de hospitalização por 100 mil habitantes, incluindo um ajuste proporcional que seriam referentes aos leitos privados. A taxa de letalidade foi calculada pela razão entre óbitos e casos. Resultados: As taxas de hospitalização no Brasil, em geral, reduziram no período pandêmico com aumento em 2023, apresentando taxas superiores às do período pré-pandêmico. Esse resultado é alavancado pelas regiões Sul e Sudeste que apresentaram a mesma tendência. A região Sul destacou-se com a maior taxa de hospitalização durante todos os períodos do estudo, atingindo 4,31 por 100 mil habitantes em 2023. Na região Norte, a taxa de hospitalização aumentou 194%, de 2018 para 2023, apesar da redução de 64% na letalidade. Por outro lado, a região Sudeste apresentou um aumento de 21% na letalidade durante o mesmo período. Conclusões: Os achados revelam alterações significativas na dinâmica das hospitalizações por intoxicação medicamentosa no território brasileiro. Estes resultados sublinham a importância de vigilância contínua e implementação de estratégias preventivas e de intervenção, atentando às particularidades de cada região, especialmente em contextos de emergências de saúde pública como a covid-19.
NEUROPATIA PERIFÉRICA NO TRATAMENTO DO MIELOMA MÚLTIPLO: UM ESTUDO DE FARMACOVIGILÂNCIA
Pôster
Braga, L. P.1, Menezes de Pádua, C.A.1, Costa, I. H. F.2, Drummond, P. L. M.3, Souza, P. H. C.1, Reis, A. M. M.1
1 Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais
2 Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
3 Fundação Ezequiel Dias
Objetivos: investigar neuropatia periférica associada a medicamentos utilizados no tratamento do mieloma múltiplo.
Método: estudo de farmacovigilância realizado a partir de Individual Case Safety Reports – ICSR relatados entre 2001 e 2023, extraídos do VigiBase®, base de dados global de notificação espontânea de eventos adversos da Organização Mundial da Saúde. Os medicamentos investigados foram: 1) inibidores do proteassoma-IP: bortezomibe, carfilzomibe e ixazomibe; 2) imunomoduladores: lenalidomida, pomalidomida e talidomida. Neuropatia periférica foi identificada nos ICSR a partir de uma seleção de consultas padronizadas ao MedDRA (versão 26.0) do termo “neuropatia periférica”. Utilizou-se análise de desproporcionalidade Reporting Odds Ratio -ROR e intervalo de confiança 95%-IC 95%. Os potenciais sinais identificados foram considerados desproporcionais se ROR > 1, sendo que maior valor de ROR indica sinais mais fortes.
Resultados: relatou-se um total de 35.494.304 ICSR no período estudado, sendo 228.061 relatos de neuropatia periférica e destes, 21.667 suspeitos de estarem associados ao uso de IP ou imunomoduladores. Todos os medicamentos estudados apresentaram sinais desproporcionais sendo bortezomibe o mais forte (ROR=26,17; IC95%=26,45-27,9) e carfilzomibe o mais fraco (ROR=3,91; IC95%=3,53-4,32). A talidomida foi o medicamento com sinal de desproporcionalidade mais forte entre os imunomoduladores (ROR=10,79; IC95%=10,37-11,20).
Conclusão: bortezomibe e talidomida apresentaram sinais mais fortes de desproporcionalidade, indicando maior suspeita de neuropatia periférica comparativamente a outros medicamentos. O VigiBase® se mostrou fonte relevante na condução de análises de desproporcionalidade em estudos de farmacovigilância. O monitoramento da neuropatia periférica é fundamental para a qualidade de vida do paciente e tomada de decisão clínica no tratamento do mieloma múltiplo.
ONDE USUÁRIOS DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE OBTÉM MEDICAMENTOS PARA HIPERTENSÃO E DIABETES?
Pôster
Amaral, L. M. A.1, Amaral, C. A.2, Rego, M. T. L.3, Monteiro, G. T. R.4, Sampaio, A. F. S.1
1 UFAC
2 IFAC
3 ENCE
4 FIOCRUZ
Objetivo: Descrever as fontes de obtenção de medicamentos para o tratamento de hipertensão arterial (HA) e diabetes mellitus (DM). Metodologia: Estudo transversal de base populacional com amostra expandida constituída por 7.865 pessoas com HA e/ou 2.245 pessoas com DM, com idade de 18 ou mais anos, de ambos os sexos, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família, da zona urbana, de Rio Branco, Acre, em 2019. A amostragem foi do tipo probabilística complexa, obtida por conglomerado em dois estágios. Os dados foram analisados de forma descritiva, com nível de significância de 95%. Resultados: A prevalência de tratamento medicamentoso para HA foi de 97,4%, sendo mais de um terço dos anti-hipertensivos obtidos em farmácias privadas (34,7%), com maior proporção entre aqueles que não tinham plano de saúde (83,2%; p=0,034) e que realizaram consulta nos últimos três meses (70,0%; p=0,001). A proporção de obtenção nas unidades de saúde do SUS foi de 58,4%. Entre as pessoas com DM, a prevalência de tratamento medicamentoso foi de 90,6%. A proporção de obtenção medicamentos antidiabéticos nas unidades de saúde do SUS foi de 82,0%, sendo maior entre aqueles sem escolaridade (19,5%; p=0,018), que não possuíam plano de saúde (90,5%; p=0,032) e que realizaram consulta nos últimos três meses (84,9%, p=0,005). Conclusões: Os resultados ressaltam a importância do aprimoramento de estratégias que facilitem o acesso aos medicamentos para o tratamento de doenças crônicas.
PREVALÊNCIA DO USO DE ANTIBACTERIANOS NA GESTAÇÃO: REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster
Guimarães, F.S.1, Dal-Pizzol, T.S.2, Silveira, M.P.T.1, Bertoldi, A.D.1
1 UFPel
2 UFRGS
Objetivo: Sintetizar evidências sobre o uso de antibacterianos na gestação e descrever os estudos de acordo com características metodológicas. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática das bases MEDLINE, EMBASE, Scientific Electronic Library Online, Biblioteca Virtual em Saúde, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, e Web of Science. Foram incluídos estudos de coorte ou transversais, de base populacional, com gestantes que reportaram prevalências de uso de antibacterianos em, ao menos, um trimestre da gestação. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada de acordo com o Joanna Briggs Institute Critical Appraisal Checklist for Prevalence Studies. Os dados dos estudos incluídos foram agrupados em gráficos e tabelas. Resultados: Foram identificados 79 estudos sobre o tema, com um total de 16.251.280 gestantes e 5.169.959 registros. A prevalência do uso de antibacterianos na gestação variou entre 2,0% (IC95% 2,0-2,0) até 64,3% (IC95% não relatado). Majoritariamente, os estudos foram realizados em países de alta renda (91,5%). Em 41% dos estudos, não houve relato do intervalo de confiança 95%. De forma geral, a diferença nas prevalências pode estar relacionada a fatores como tipo de estudo, fonte dos dados e contexto local do estudo. Conclusão: Foi identificada alta heterogeneidade entre os estudos incluídos. As diferenças nas prevalências do uso de antibacterianos na gestação estão relacionadas a fatores metodológicos e contextuais, bem como diferenças nas estruturas de saúde dos países.
TENDÊNCIA DE CONSUMO DE BENZODIAZEPÍNICOS NA MACRORREGIÃO SUL DO BRASIL (2014-2021)
Pôster
Mello, B.S1, Bordokan, F.S1, Gurski, F. C1, Schmidt, M. G1, Martins, E. L1, Olinto, M. T. A2, Costa, J. S. D1, Paniz, V. M. V1
1 UNISINOS
2 UFRGS
Objetivo: Comparar o consumo dos psicofármacos benzodiazepínicos alprazolam e clonazepam na macrorregião Sul do Brasil e acompanhar a tendência entre os anos de 2014 e 2021. Metodologia: Estudo ecológico com dados do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados-SNGPC. Considerou-se a dispensação das unidades farmacotécnicas, industrializadas, no período de 2014 e 2021. O consumo foi medido pela dose diária definida-DDD utilizando estimativas populacionais para indivíduos com 18+, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde-DATASUS e a DDD padronizada de 1mg para efeito hipnosedativo do clonazepam. Conduziu-se análise estatística descritiva e de regressão de Prais-Winsten para a série temporal. As tendências observadas foram classificadas em crescentes, estáveis ou decrescentes, com intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5%. Resultados: Na macrorregião, a dispensação compreendeu 380.148.821 unidades farmacotécnicas de alprazolam e 829.870.039 de clonazepam. Comparando 2014 e 2021, observou-se aumento da DDD, de 3,59 para 4,64 para o alprazolam e redução de 17,78 para 14,68 para o clonazepam. A estratificação por estados, revelou tendência crescente de consumo do alprazolam em SC e RS, com coeficientes de dispensação de 8,43 e 6,94, respectivamente e decrescente no PR (-0,60). Para o clonazepam, observou-se tendência crescente de consumo no RS (11,13) e decrescente no PR e SC, com coeficientes de -3,25 e -0,20/1000 hab. 18+, respectivamente. Conclusão: O RS exprimiu comportamento distinto aos demais estados, revelando tendência crescente de consumo em ambas as farmacoterapias. Estudos que elucidem padrões de prescrição e consumo, em consonância ao uso racional são essenciais.
TENDÊNCIA DE CONSUMO DE DIAZEPAM E ZOLPIDEM NA MACRORREGIÃO SUL DO BRASIL (2014-2021)
Pôster
Gurski, F.C.1, Bordokan, F.S.1, Mello, B.S.1, Schmidt, M.G.1, Martins, E.L.1, Olinto, M.T.A.2, Costa, J.S.D.1, Paniz, V.M.V.1
1 Unisinos
2 UFRGS
Objetivo: Comparar o consumo dos psicofármacos hipnóticos-sedativos diazepam e zolpidem na macrorregião Sul do Brasil e acompanhar a tendência entre os anos de 2014 e 2021. Metodologia: Estudo ecológico com dados do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados-SNGPC. Considerou-se a dispensação das unidades farmacotécnicas, industrializadas, no período de 2014 e 2021. O consumo foi medido pela dose diária definida-DDD utilizando estimativas populacionais para indivíduos com 18+, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde-DATASUS. Conduziu-se análise estatística descritiva e de regressão de Prais-Winsten para a série temporal. As tendências observadas foram classificadas em crescentes, estáveis ou decrescentes, com intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5%. Resultados: Na macrorregião, a dispensação compreendeu 144.322.085 unidades farmacotécnicas de diazepam e 393.096.714 de zolpidem. Comparando 2014 e 2021, observou-se redução da DDD, de 1,98 para 1,16 para o diazepam e aumento de 1,84 para 7,74 para o zolpidem. A estratificação por estados, revelou tendência de redução no consumo de diazepam, com coeficientes decrescentes de dispensação: -12,16 no RS; -2,36 em SC e -0,88 no PR/1000 hab. 18+; e tendência crescente no consumo de zolpidem, com maiores coeficientes de dispensação em SC (50,79), seguido por PR (40,60) e RS (39,91)/1000 hab. 18+. Conclusão: Observou-se um padrão de aumento no consumo do zolpidem, com maior consumo em SC, e de redução no uso de diazepam, com maior queda no consumo registrada no RS. Estudos que elucidem a tolerância e os efeitos adversos, coibindo o uso irracional devem ser considerados.
USO DE PROGESTERONA EM GESTANTES DE UMA COORTE DE NASCIMENTOS
Pôster
Colvara, CC1, Silveira, MPT1, Leão, OAA1, da Silveira, MF1, Bertoldi, AD1
1 UFPEL
Objetivos: Este estudo descreve as gestantes que fizeram uso de progesterona para prevenção do parto pré-termo, de acordo com características demográficas, socioeconômicas, comportamentais, de saúde e história obstétrica. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, que incluiu 4.270 mães de crianças elegíveis para a Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. Foram realizadas análises descritivas da amostra e do uso de progesterona de acordo com as variáveis independentes e em relação à indicação do uso de progesterona, estratificadas por tipo de financiamento do pré-natal. Resultados: A prevalência do uso de progesterona foi de 14,4% (IC95% 13,4 – 15,5). O uso de progesterona foi mais prevalente em mulheres brancas, com mais idade, maior escolaridade e renda, bem como em gestantes com aborto prévio, intervalo entre gestações inferior a dois anos, IMC pré-gestacional de sobrepeso, com parto cesáreo, parto múltiplo, parto prematuro, com ameaça de aborto e ameaça de parto prematuro. Entre as gestantes com indicação de uso de progesterona (29,8%), a prevalência de uso foi o dobro entre as com atendimento privado comparadas às de atendimento público (34,3% vs. 17,9%). Conclusões: Os resultados do presente estudo contribuem para compreender os grupos de gestantes com maior e menor prevalência de uso, facilitando a adoção de intervenções relacionadas ao parto prematuro. Além disso, os dados de indicação de uso sugerem que, boa parte das gestantes que precisariam não estão utilizando a progesterona, o que pode indicar dificuldade de acesso ou falta de encaminhamento para utilização, além de uma grande desigualdade na sua utilização.
UTILIZAÇÃO DE ANTI-INFECCIOSOS EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS NO BRASIL
Pôster
Fernandes, T. de B.1, Osorio-de-Castro, C. G. S.1, Lima, E.C.2
1 Fundação Oswaldo Cruz
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro
Objetivo: Analisar a utilização de anti-infecciosos (AIn) em enfermarias de cinco hospitais pediátricos quanto a diferenças de consumo, indicações e uso apropriado.
Metodologia: Estudo observacional descritivo que utilizou dados oriundos de uma coorte prospectiva. A primeira etapa foi a análise de dados de utilização dos AIn usando a classificação Anatômico Terapêutico Químico (ATC) e cálculo de Dias de terapia (DOT) e Duração da terapia (LOT). A segunda etapa foi a descrição do uso dos AIn em idade não especificada em bula (off label - OL). Na terceira parte, verificou-se a exposição aos AIn com maior potencial para o desenvolvimento de resistência microbiana; com o uso da Drug utilization 90% (DU90%) e a classificação AWaRe.
Resultados: O estudo analisou 1020 crianças hospitalizadas, observando disparidades em comorbidades, histórico de UTI e tempo de hospitalização. Infecções respiratórias foram comuns, e a ceftriaxona foi o mais prescrito. Houve variação nos valores de DOT/1000PD (278-517) e LOT/1000PD (265-390). Sergipe (SE) usou mais AIn, com alto consumo de penicilinas e cefalosporinas de segunda geração. O uso off label foi de 17,6%, variando entre Rio de Janeiro (RJ) (23,7%) e Distrito federal (DF) (6,8%), especialmente em lactentes. RJ e DF tiveram consumo superior a 60% da categoria Access. A DU90% mostrou diferenças entre hospitais, com predominância da categoria Watch em Ceará, Rio Grande do Sul e Sergipe.
Conclusões: Ocorreu uma diversidade nas práticas de prescrição entre os hospitais, o que ressalta a necessidade de protocolos mais uniformes para otimizar o uso de AIn e combater a resistência microbiana.