Programa - Sessão de Poster - Gênero, saúde sexual e saúde reprodutiva
BARREIRAS DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE PARA PESSOAS TRANSEXUAL
Pôster
Bezerra, C.R1, Silva, R.A1, Nascimento, A.D.R1, Faria, N.B1, Silvestre, G.C.S.B1, Rocha, R.PS1, Netto, A. M.T1, Moura, S.V1, Santos, C.V1, Ferreira, T.A.F2
1 UNEMAT
2
Introdução: A discussão sobre gênero vem sendo fomentada dentro do campo da saúde pública há décadas, abrangendo desde a saúde reprodutiva, até mais recentemente questões de gênero. Objetivo: Analisar a perspectiva no acesso de pessoas transexuais no Sistema Único de Saúde. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, a partir de levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas na integra. A busca foi realizada de forma livre nas seguintes fontes: Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline via PubMed) e Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico. Os dados foram coletados em maio de 2024. Resultados: Foram selecionados 05 artigos. A literatura vem demonstrando que a experiência de acolhimento de pacientes Transexuais por meio do SUS ainda é um desafio. O acesso da comunidade Trans aos serviços de saúde é notado por uma série de obstáculos, bem como atendimentos desumanos e discriminatórios por parte dos profissionais de saúde, condutas inadequadas, constrangimentos, falas preconceituosas e assédio verbal deferidos por profissionais de saúde no sistema de saúde público. Conclusão: É preciso destacar a importância da criatividade na elaboração de estratégias alternativas ao diagnóstico para entrada no processo transexualizador do SUS. A sistematização das informações acerca dos usuários e de tais demandas nos possibilita estabelecer estratégias de enfrentamento, articular ações de saúde com os recursos da rede socioassistencial e, assim, viabilizar a integralidade e a intersetorialidade como preconiza os princípios do SUS que são: Universalidade, Equidade e Integralidade.
CARACTERIZAÇÃO DOS ÓBITOS DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL ENTRE 2012 E 2022 EM MATO GROSSO
Pôster
Lima, J.G.S1, Muraro, A.P1, Albuquerque, S.C.C1, Melanda, F.N1, Souza, R.A.G1
1 UFMT
Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos óbitos de mulheres em idade fértil (MIF) em Mato Grosso entre 2012 e 2022 segundo características sociodemográficas e principais causas. Métodos: Trata se de um estudo ecológico descritivo a partir dos dados de óbitos Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) para os anos de 2012 a 2022. Foram analisados óbitos de mulheres de 10 a 49 anos de idade segundo as características sociodemográficas (idade, escolaridade, estado civil, raça/cor) e causa básica (capítulos do CID-10), estratificada no período pré-pandemia (2012-2019) e pandemia (2020-2022). Além disso, foi avaliada a proporção de óbitos investigados segundo Região de Saúde. Resultados: Entre os anos de 2012 e 2022 ocorreram 13.870 óbitos MIF em Mato Grosso. A maior proporção de óbitos ocorreu na faixa etária de 40 a 49 anos (46,1%), menor nível de escolaridade (com ensino fundamental 42,4%) e solteiras (50,1%). No quesito étnico observou-se que mais da metade dos óbitos ocorreram entre mulheres pardas (59,19%). No período pré-pandemia, causas externas eram a principal causa do óbito (23,7%), superada por doenças infecciosas e parasitárias, que inclui Covid-19, no período de 2020-2022 (27,6%). As regiões de saúde com maior proporção de óbitos investigados foram Oeste Matogrossense (99,5%), seguida da Médio Norte (99,0%), por outro lado Araguaia Xingu (78,9%) e Alto Tapajós (85,3%) foram as regiões com menor proporção de MIF investigados. Conclusões: Foi verificado a mudança nas principais causas de óbito no período avaliado com a pandemia de Covid-19, além de desigualdade regionais na investigação de óbito no estado.
CUIDADOS IGNORADOS: A URGÊNCIA DE LITERATURA SOBRE PREVENÇÃO DE ISTS À MULHERES LÉSBICAS.
Pôster
Aguiar, V. C. F.1, Cruz, V.1
1 UFF
Objetivo
Destacar a escassez de literatura sobre cuidados de Enfermagem em prevenção de ISTs para mulheres lésbicas
Métodos
Revisão Integrativa de Literatura com abordagem PICo.
Resultados
Os resultados revelam uma disparidade significativa entre a quantidade de artigos identificados (396) e os selecionados (08), evidenciando uma predominância de pesquisas sobre homossexualidade masculina em detrimento da feminina. Essa lacuna na literatura destaca a invisibilidade das mulheres lésbicas e a falta de estudos relevantes para essa população.
Apesar do estímulo à produção científica após a implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher em 2004, há um escasso progresso na área de pesquisa sobre mulheres que fazem sexo com mulheres ao longo de duas décadas.
A Agenda de Prioridades de Pesquisa do Ministério da Saúde (APPMS) visa alinhar as prioridades de saúde com atividades de pesquisa científica, direcionando recursos para estratégias do SUS. No entanto, entre os 14 eixos publicados em sua última atualização, em 2019, a saúde da mulher lésbica permanece invisibilizada.
A escassez de publicações científicas resulta em uma falta de embasamento teórico para a prática profissional em saúde, levando a uma assistência inadequada e ao afastamento dessa população aos serviços de saúde, aumentando o risco de adoecimento.
Conclusões
A falta de informações compromete diretamente o processo de saúde-adoecimento-cuidado das mulheres lésbicas, tornando crucial incentivar estudos que abordem as lacunas existentes e busquem estratégias eficazes de prevenção e intervenção para enfrentar desafios e promover mudanças significativas na prevenção de ISTs em mulheres que fazem sexo com mulheres.
FATORES ASSOCIADOS AO EXCESSO DE CESÁREAS EM 880 MIL NASCIMENTOS NO RIO DE JANEIRO
Pôster
Guimarães, R.M.1, Martins, E.S.2, Oliveira, L.D.2, Martins, L.F.B.2, Tavares, L.M.2, Santos, M.B.C.2, Neto, M.B.2, Godinho, M.V.2, Marinho, R.A.S.2, Cavalcanti, S.S.H.2, Rodrigues, V.H.V.2
1 FIOCRUZ | UNESA
2 UNESA
Objetivo
identificar os fatores socioeconômicos, assistenciais e obstétricos que contribuem para a alta proporção de partos cesáreos na cidade.
Métodos
Realizamos um estudo transversal utilizando o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos de 2012 a 2021. Escolhemos variáveis relacionadas aos cuidados de saúde, fatores socioeconômicos e obstétricos e realizamos uma regressão logística binária para estimar a associação de cada variável e tipo de parto. Aplicamos testes de ajuste do modelo para validar o modelo final de regressão logística. Usamos os testes de Hosmer-Lemeshow, Pearson e Deviance.
Resultados
Dos 880.182 nascimentos ocorridos em 10 anos, verificamos que ocorreram 54,29% de cesáreas. A associação mais impressionante foi o tipo de hospital e a ocorrência de cesáreas (OR = 9,81, IC 95% 9,66 - 9,97). Comparado ao primeiro ano da série, 2021 representou uma chance 26% menor de realização de cesariana no Rio de Janeiro (OR=0,74, IC 95% 0,72 - 0,76), provavelmente devido à implementação de políticas de atenção primária e de atenção obstétrica integral. Em relação aos fatores contextuais, embora a associação com raça seja marginal, encontramos modificação de efeito para raça entre os modelos bruto (OR = 0,44, IC 95% 0,43 - 0,45) e ajustado (OR = 1,04, IC 95% 1,02 - 1,06). A precisão geral do modelo final do modelo foi de 87,8%.
Conclusão
Embora as dimensões assistenciais, socioeconômicas e obstétricas contribuam para explicar o excesso de cesáreas, os fatores obstétricos foram surpreendentemente menos preditivos do que as variáveis associadas aos cuidados de saúde.
MORTALIDADE DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL EM MATO GROSSO SEGUNDO RAÇA-COR.
Pôster
Lima, J.G.S1, Muraro, A.P1, Melanda, F.N1
1 UFMT
Objetivos: Analisar as disparidades raciais dos óbitos de mulheres em idade fértil (MIF) em Mato Grosso de 2012 a 2022. Métodos: Estudo ecológico descritivo com os dados de óbitos Sistema de Informação Mortalidade (SIM) dos anos de 2012 a 2022. Foram consideradas as comparações entre pretas/pardas e brancas segundo características sociodemográficas, distribuição nas regionais de saúde e causa básica dos óbitos (capítulos do CID-10) de mulheres de 10 a 49 anos de idade. Não foram consideradas na análise demais categorias de raça/cor. Resultados: Dos 13.780 óbitos de MIF ocorridos, 66,5% eram da raça/cor preta/parda e 30,3% de brancas. Entre pretas/pardas, a proporção de MIF entre aquelas com nível de escolaridade fundamental completo (51,4%) foi maior quando comparadas às brancas (37,4%). Quanto ao estado civil, a proporção de óbitos entre mulheres solteiras também foi maior entre pretas/pardas (56,1%) em comparação com brancas (49,4%). Não houve diferença significativa em relação à faixa etária dos óbitos segundo raça/cor. Em todas as regiões de saúde avaliadas houve maior proporção de mortalidade em mulheres preta/parda, destacando a região Norte Araguaia Karajá com 76,2% das mortes, e na Baixada Cuiabana com 74,9% em relação as mulheres brancas. Sobre a causa básica do óbito destacaram se as causas externas em 24,3% em mulheres brancas e 21,8% mulheres pretas/pardas, e seguido das neoplasias em 19,5% mulheres brancas e 18,4% mulheres pretas/pardas. Conclusões: Os resultados encontrados evidenciam que a mortalidade de mulheres em idade fértil afeta de forma desigual as mulheres pardas/negras em relação as mulheres brancas.
MORTALIDADE MATERNA DE MULHERES INDÍGENAS EM DECORRÊNCIA DO PARTO NO ANO DE 2021
Pôster
Bezerra, C.R1, Santos, C.V1, Silva, R.A1, Faria, N.B1, Silvestre, G.C.S.B1, Rocha, R.P1, Netto, A.M.T1, Ribeiro, A.D.N1, Silva, M.R1, Salomão, H.P1
1 UNEMAT
Introdução: A mortalidade materna entre mulheres indígenas é uma questão preocupante na epidemiologia. Elas enfrentam desafios devido a barreiras de acesso aos cuidados de saúde, discriminação e falta de serviços culturalmente sensíveis. Objetivo: Analisar a mortalidade de mulheres indígenas no parto para promover a saúde e o bem-estar dessas populações marginalizadas e reduzir as disparidades de saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo de Avaliação de fatores de risco. São identificados e analisados os fatores de risco associados à mortalidade materna entre as mulheres indígenas, como falta de acesso a cuidados pré-natais, distância de centros de saúde, condições socioeconômicas desfavoráveis e barreiras culturais. Resultados: As taxas de mortalidade materna entre as mulheres indígenas é de 115 mortes a cada 100 mil casos analisados. Entre mulheres não-indígenas, o número é de 67 mortes a cada 100 mil partos, a análise dos dados estudados, tem como objetivo revelar as principais causas de morte no parto entre as mulheres indígenas, permitindo comparar as taxas de mortalidade materna entre mulheres indígenas e não indígenas, destacando as disparidades de saúde e fornecendo insights sobre os determinantes dessas diferenças. Conclusão: O estudo revela uma realidade preocupante e complexa, frequentemente são mais altas do que as observadas em outros grupos étnicos, destacando disparidades significativas no acesso aos cuidados de saúde e outros determinantes sociais da saúde.
MORTALIDADE MATERNA E COBERTURA DA ATENÇÃO BÁSICA NA BAHIA: UMA ANÁLISE DE 2015 A 2020
Pôster
SILVA, A. M. M.1, SANTOS, J. M. S.1, SILVA, C. M.2, OLIVEIRA, K. N. R.1, PINTO, N. R.1, BRITO, R. L.3, FERREIRA, A. J. F.4, GOES, E. F.4, RAMOS, D. O.1
1 ISC-UFBA
2 ZARNS
3 UFBA
4 cidacs-fiocruz
Objetivos: Analisar a relação entre a cobertura das unidades de atenção básica e a razão de mortalidade materna nos municípios da Bahia de 2015 a 2020. Métodos: Estudo ecológico e exploratório, desenvolvido no contexto da residência multiprofissional em saúde coletiva com ênfase em epidemiologia e serviços de saúde do ISC-UFBA. Dados municipais foram extraídos do portal e-Gestor e TABNET-DATASUS e analisados por meio de correlações bivariadas de Pearson e Spearman. Resultados: Entre 2016 e 2020, na Bahia, foram notificados 25.741 óbitos de Mulheres em Idade Fértil (MIF), dos quais 621 foram óbitos maternos. O teste de plausibilidade da relação entre a cobertura da atenção básica e a proporção de gestantes com sete ou mais consultas de pré-natal mostrou-se positiva e estatisticamente significante. Entretanto, a associação entre cobertura da atenção básica e a Razão de Mortalidade Materna (RMM) não foi estatisticamente significante, exceto em 2017, quando a meta da OMS foi alcançada. Conclusões: Para uma gestação segura, é essencial garantir acesso a todos os níveis de serviços de saúde, não apenas à atenção básica. Muitas mulheres, especialmente as que residem em áreas distantes dos grandes centros urbanos na Bahia, enfrentam vazios assistenciais de média e alta complexidade, fundamentais para pré-natais de alto risco. A mortalidade materna reflete a realidade social e as condições socioeconômicas, sendo um indicador da qualidade da assistência à saúde.
ABORTO LEGAL EM MENINAS DE 10 A 14 ANOS NO RIO GRANDE DO SUL: UMA ANÁLISE COM DADOS DO SIN
Pôster
Silva, M.C.B1, Schwalm, A.1, Giugliani, C.1, Patuzzi, G2, Ruschel, A.3, Limana, J.1, Knauth, D. R.1
1 UFRGS
2 GHC
3 HMIPV
Objetivo: Analisar os registros de aborto legal em meninas de 10 à 14 anos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do RS.
Métodos: Estudo transversal, retrospectivo, descritivo e analítico. Foram analisados, no período de 2011 a 2021, 235 registros do SINAN, divididos em duas categorias etárias: ≤14 anos e >14 anos. As variáveis categóricas foram apresentadas por meio de estatística descritiva. Para analisar as mudanças ao longo do tempo, foi conduzido o teste de linearidade, considerando a divisão da amostra entre maiores e menores de 14 anos. O valor de significância utilizado foi de 95% (p < 0,05).
Resultados: Dos 235 registros, 13% eram de meninas entre 10 e 14 anos. Dentro dessa faixa etária, a idade mais prevalente foi 13 anos (n=11; 35,5%), a raça/cor autodeclarada branca foi predominante (n=22; 70,9%) e a escolaridade mais comum foi da 5ª à 8ª série (n=18; 58%). O município de residência mais registrado foi Porto Alegre (n=6; 19,3%). Na série histórica (2011 a 2021), observou-se aumento significativo do número de casos entre maiores de 14 anos (p < 0,001) , enquanto os casos na faixa de 10 a 14 anos se mantiveram estáveis.
Conclusões: Os resultados indicam a dificuldade de acesso ao aborto legal, pois os registros para meninas de 10 a 14 anos não aumentaram significativamente em 11 anos, diferentemente do quantitativo relacionado à violência sexual oriundos da segurança pública. Os registros do SINAN representam apenas uma parte dos abortos legais, evidenciando fragilidades no sistema de informação.
ANÁLISE DA TENDÊNCIA DA MORTALIDADE MATERNA EM BELO HORIZONTE, 1996 A 2023
Pôster
Lansky, S.1, Rocha, M1, Ishitani, L2
1 Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
2 Secretaria Municipal de Saúde - BH
Objetivos - Analisar a mortalidade materna de Belo Horizonte (BH) para subsidiar as ações de redução da mortalidade evitável.
Métodos – Análise da tendência da mortalidade materna (MM) de residentes em BH entre 1996 e 2023, utilizando o Sistema de Informação sobre Mortalidade, após investigação dos óbitos. A Razão de Morte Materna (RMM) e variáveis selecionadas foram agrupadas em 5 anos e utilizada a análise de regressão joinpoint.
Resultados - A RMM manteve-se estagnada, variando entre 43,4 e 38,5/100.000, com tendência de aumento (p=0,59) e foi 1,3 vezes maior entre mulheres negras; no último período a variação intraurbana foi de 9,8 a 82,1/100.000. Destaca-se o aumento de 32,0% na idade ≥ 35 anos, redução de 72,2% de escolaridade < 8 anos e redução de 53,7% da ocupação “Donas de casa”, correspondendo a 14% e 47,6% no último período, respectivamente. As causas diretas reduziram 40,1%, mas ainda representam 59,1%. Hemorragia (20,5%) e Síndromes Hipertensivas (11,4%) são as causas principais e tiveram a menor redução no período, 14,3% e 9,2%. As mortes por infecção puerperal e abortamento reduziram em 75,8% e 68,2% respectivamente, respondendo por 4,5% e 2,3% no período final. A maior proporção de óbitos ocorreu no SUS, reduzindo de 86,2% para 66,7%.
Conclusões - A RMM permanece elevada e com maioria de causas evitáveis, expressando as desigualdades socioeconômicas e raciais e a necessidade da qualificação da assistência materna.
ANÁLISE SOCIOEPIDEMIOLÓGICA DOS ÓBITOS POR HIPERTENSÃO GESTACIONAL NO NORDESTE DO BRASIL
Pôster
Pires, N.M.C1, Amorim, J.M1, Castro, B.de1, Carrijo, M.E1, Mota,L.O1, Silva, S.F da1, Fernandes, A.B1
1 UNITINS
Objetivo: Analisar os aspectos socioepidemiológico das gestantes com diagnóstico de hipertensão gestacional que evoluíram para óbito na região nordeste do Brasil.Método: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de abordagem quantitativa, exploratória e retrospectiva, cuja exploração foi a região Nordeste do Brasil. As informações utilizadas provêm do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) a respeito dos óbitos por ocorrência causados por hipertensão gestacional com e sem proteinúria. Para a coleta dos dados, foram utilizadas as variáveis: faixa etária, cor, escolaridade e estado civil. Resultados: De acordo com dados coletados a partir do DATASUS, no período de 2012-2022, ocorreram 580 mortes de gestantes, englobando categorias de hipertensão gestacional sem ou com proteinúria significativa. Em relação aos óbitos por faixa etária, a maior quantidade deles se concentrou em gestantes de 25 a 34 anos, totalizando 44% (257 mortes). Em 2021 ocorreu o maior número de casos (65), e o número de óbitos foi mais significativo em mulheres de cor parda (395 gestantes). No que tange ao estado civil, número de óbitos foi maior entre as solteiras (258 mortes). Por fim, no que tange a escolaridade, 229 pacientes estudaram entre 8 e 11 anos. Conclusões: Ao analisar os dados coletados, observa-se que compreender as variáveis socioeconômicas é fundamental na compreensão da hipertensão gestacional. É fundamental, portanto, que através de traçados epidemiológicos sejam elaboradas estratégias de melhoria nos cuidados pré-natais e nas emergências obstétricas, a fim de reduzir as complicações dessa condição e diminuir os óbitos no ciclo gravídico-puerperal.
DESIGUALDADES RACIAIS DA MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Silva, B.S.1, Sousa, G. M. L.1, Queres, R. L.1, Lourenço, L. P.1, Martins, M. P. O.1, Fonseca, S. C.1, Pinto, C. B.1, Kawa, H.1
1 UFF
Objetivo: analisar a tendência da mortalidade materna por causas e segundo raça/cor, de 2008 a 2021, no estado do Rio de Janeiro (RJ). Métodos: estudo descritivo de série temporal. Dados do SIM e do SINASC disponibilizados no site da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. As razões de mortalidade materna foram agrupadas por biênio e segundo causas, de acordo com classificação da OMS (CID- MM). A série temporal foi analisada por regressão Joinpoint, que ajusta tendências lineares e estima mudanças anuais. Resultados: No período estudado, ocorreram 2522 óbitos maternos. A Razão de Mortalidade Materna (RMM) variou de 86,1 (2008- 2009) a 131,9 (2020-2021) óbitos por 100.000 nascidos vivos (NV). Mulheres pretas apresentaram RMM mais elevadas em todos os anos, atingindo 226,1 em 2020-2021. Entre as causas diretas, o grupo de causas hipertensivas apresentou maior RMM, com predomínio da categoria O14. Dentre as causas indiretas, as categorias O99 e O98 foram as principais responsáveis pelos óbitos maternos. Observou-se estabilidade da RMM total, em mulheres brancas e pretas. Já as pardas apresentaram declínio entre 2008 e 2016, seguido de estabilização. Segundo grupos de causas, a maioria apresentou padrão de estabilidade, com exceção do grupo 5, em que ocorreu declínio. Conclusões: as desigualdades raciais se mantiveram por todo período estudado, com maior vulnerabilidade de mulheres pretas, independentemente da causa de morte materna. Além disso, a pandemia de Covid-19 no biênio 2020-2021 desacelerou o declínio da mortalidade materna no RJ, tornando mais difícil o alcance da meta de 30/100.000 NV.
DIFERENÇAS REGIONAIS EM ATENDIMENTOS PROXY DE ABUSOS SEXUAIS INFANTIS DURANTE A PANDEMIA
Pôster
Silva, A. L. P.1, Andrade, G. N.1, Mendes, M. S. F.1, D’Assunção, A. D. M.1, Vieira, E. W. R.1
1 UFMG
Objetivo: avaliar impactos da pandemia da COVID-19 nos atendimentos pré-natais a meninas vítimas de estupro de vulnerável no Brasil, como proxy dos impactos nos abusos sexuais infantis. Método: foram utilizados dados de atendimentos pré-natais individuais a meninas com idades entre 10 e 13 anos realizados entre 2017 e 2021, estratificados por estados e Distrito Federal, Regiões e Brasil, disponíveis no Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica. Taxas mensais de atendimentos (/10 mil meninas de 10 a 13 anos) durante a pandemia (abril/20-março/21) foram calculadas e comparadas às taxas mensais anteriores (abril/17-março/20), utilizando o teste Mann-Whitney U e as diferenças percentuais entre as medianas das taxas. Resultados: foram estudados 149.075 atendimentos pré-natais a vítimas de estupro de vulnerável (24,14% realizados durante a pandemia). No computo geral, não houve diferenças para o Brasil como um todo, mas foram observadas diferenças regionais marcantes nas taxas de atendimentos proxy dos abusos sexuais infantis durante a pandemia: no Nordeste uma taxa 5,98% menor (p<0,05) e no Sul 32,23% maior (p<0,05). Em quatro estados (AM, AL, PB e RJ) as taxas mensais médias de atendimentos caíram significativamente entre -10,32% e -20,07%. Por outro lado, em dois estados (PR e RS), houve aumentos significativos entre 26,36% e 47,49%. Conclusão: no primeiro ano da pandemia da COVID-19 houve mudanças nos padrões de atendimentos proxy dos abusos sexuais infantis, com diferenças regionais inversas indicando, por um lado, aumento dos casos e, por outro, possivelmente diminuição da atenção à gravidez resultante dos abusos.
DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL DAS VIAS DE PARTO NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL ENTRE 2000 E 2022
Pôster
Maciel, N. S1, Brito, L. K. T.2, Bezerra, A. D. C.3, Silva Filho, L. S.3, Silva, K. A.3, Costa, C. C.2, Damasceno, A. K. C.1
1 Universidade Federal do Ceará
2 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
3 Universidade Estadual do Ceará
Objetivo: Analisar a tendência temporal da ocorrência das vias de parto na Região Nordeste do Brasil de 2000 a 2022. Métodos: Estudo ecológico de séries temporais, realizado em maio de 2024. Os dados foram obtidos do Sistema de Nascidos Vivos (SINASC/DataSUS) e tratam do número de partos por local de residência, de 2000 a 2022. Utilizou-se o software Joinpoint para realizar análise linear segmentada. Calculou-se Variação Percentual Anual Média (AAPC) com intervalo de confiança de 95% (IC95%). Valor negativo de AAPC indica tendência decrescente e valor positivo indica tendência crescente. Resultados com p<0,05 foram considerados significativos. Resultados: Houve tendência crescente no número de partos cesáreos no Nordeste durante todo período (AAPC: 2,5%; IC95%: 2,2; 2,8; p<0,001), sobretudo entre 2000 e 2013 (APC: 4,7%; IC95%: 4,3; 4,5; p<0,001). Os estados que mais apresentaram crescimento foram Maranhão (AAPC: 4,0%; IC95%: 3,5; 4,5; p<0,001), Rio Grande do Norte (AAPC: 3,3%; IC95%: 2,6; 3,9; p<0,001) e Ceará (AAPC: 3,1%; IC95%: 2,6; 3,7; p<0,001). Em contrapartida, houve diminuição na tendência dos partos vaginais em todos os estados do Nordeste no período (AAPC: -3,4%; IC95%: -3,7; -3,1; p<0,001), embora a redução tenha sido menos acentuada de 2012 a 2022 (APC: -2,5%; IC95%: -3,5; -1,6; p<0,001). Conclusões: Houve tendência crescente no número de partos cesáreos no Nordeste. Em contrapartida, os estados da região apresentaram diminuição na tendência dos partos vaginais. É essencial executar políticas de saúde que incentivem práticas seguras de parto vaginal e reduzam cesarianas desnecessárias.
DOXI-PEP: VULNERABILIDADES E ROTAS CRÍTICAS DE HOMENS NO ITINERÁRIO TERAPÊUTICO NO BRASIL
Pôster
Sousa, A. F. L1, Sousa, A.R2
1 Hospital Sírio-Libanês
2 Universidade Federal da Bahia
Objetivo: Investigar o contexto de uso da Doxy-PEP (profilaxia pós-exposição baseada em doxiciclina) para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) por homens que fazem sexo com homens (HSH) no Brasil a fim de o itinerário terapêutico. Métodos: Foi realizado um estudo qualitativo com 32 participantes HSH, selecionados por meio de redes sociais. A coleta de dados foi realizada utilizando questionários online, que incluíam perguntas abertas sobre experiências com a Doxy-PEP, acesso a medicamentos e interações com o sistema de saúde. As respostas foram analisadas usando o software IRaMuTeQ para Classificação Hierárquica Descendente e Análise Temática Reflexiva. Resultados: Os resultados revelaram três categorias principais: 1) Acesso e Manejo da Profilaxia Pós-Exposição, onde os participantes relataram dificuldades em obter a Doxy-PEP devido a restrições de prescrição e falta de informação; 2) Percepções e Conhecimentos sobre Riscos e Prevenção, que destacou uma mistura de conhecimento e desinformação sobre ISTs e estratégias de prevenção; 3) Dinâmicas Sociais e Comportamentais, demonstrando como interações sociais e estigma influenciam práticas de prevenção. O estudo também indicou a automedicação e o armazenamento de medicamentos como práticas comuns. Conclusão: O estudo identificou múltiplas barreiras no acesso e manejo da Doxy-PEP entre HSH no Brasil, influenciadas por fatores individuais, sociais e programáticos. É imperativo desenvolver estratégias de saúde pública que melhorem o acesso e a informação sobre a Doxy-PEP entre os HSH, além de abordagens que reduzam o estigma associado às ISTs.
ENTRE ACOLHIMENTO E DESAMPARO: FATORES ASSOCIADOS AO APOIO SOCIAL DURANTE A GESTAÇÃO
Pôster
Gomes, C. B.1, Souza, H. A.1, Malta, M. B.2, Nunes, H. R. C.1, Carvalhaes, M. A. B. L.1
1 FMB-UNESP
2 Unoeste
Objetivo: Investigar os fatores associados ao apoio social relatado por gestantes. Método: Estudo com dados secundários provenientes de dois estudos conduzidos em Botucatu-SP, com gestantes adultas de risco habitual obstétrico e assistidas na atenção primária à saúde (n=593). O estudo 1, realizado entre 2012 e 2014, foi um estudo de coorte, com dados coletados no domicílio da gestante nos três trimestres gestacionais; o estudo 2, transversal, ocorreu entre 2018 e 2019, com entrevista telefônica ocorrida no 2º ou 3º trimestre gestacional. Para investigar o apoio social percebido durante a gestação foi aplicada a Escala de Apoio Social (MOS-SSS), com escore calculado de 0-100. A associação entre as características das gestantes (idade, cor da pele, estado nutricional pré-gestacional, recebimento de bolsa família, escolaridade, trabalho, tabagismo e etilismo pré-gestacional e durante a gestação e gestação planejada) e o escore de apoio social foi estimada por regressão linear múltipla, no software SPSS 20.0, considerando p<0,05 como nível de significância estatística. Resultados: A mediana do escore de apoio social foi 90,8, sendo que houve redução no escore de apoio social quanto maior o número de filhos, essa relação foi significativa para mulheres com um parto (β=-5,77; p=0,039) e ainda mais forte para aquelas com dois ou mais partos (β=-7,71; p=0,002). Não ter companheiro reduziu em pouco mais de 5 pontos o escore de apoio social das gestantes (β =-5,06; p=0,013). Conclusão: A ausência de companheiro e o maior número de gestações prévias foram os fatores associados ao menor apoio social durante a gestação.
EPIDEMIAS HISTÓRICAS E DESIGUALDADES DE GÊNERO: IMPACTOS NA SAÚDE DAS MULHERES.
Pôster
Pinho,1
1 IESC-UFRJ
OBJETIVO: Neste ensaio, expõe-se como epidemias históricas afetaram as mulheres e sua saúde sexual e reprodutiva (SSR), e se as políticas de enfrentamento consideraram questões de gênero. MÉTODOS: Ensaio a partir de revisão narrativa de estudos relacionados às epidemias de peste, na era pré-industrial, de influenza e sífilis na era moderna e epidemias emergentes do século XX-XXI (HIV/aids, SARS-CoV, Ebola, Zika, COVID-19), publicados nas bases BVS, Pubmed e literatura cinza. RESULTADOS: Estudos bioarqueológicos mostraram diminuição nas razões de sexo na epidemia de peste. A sífilis, nos séculos XIX-XX, foi considerada fenômeno de degeneração social e prostitutas alvo de vigilância policial/sanitária. A primeira epidemia de influenza (1918-1919) se relacionou com o aumento de aborto, perdas fetais e prematuridade e, no século XXI, os planos de enfrentamento pouco fizeram menção às desigualdades de gênero. A epidemia de HIV/aids revelou a interação entre susceptibilidade biológica e desigualdades de gênero/raça/classe. Na epidemia de Ebola (2014-2016), as mulheres apresentaram maior risco de exposição devido aos seus papéis tradicionais. A resposta brasileira à epidemia de Zika (2015-2016) focalizou medidas preventivas de responsabilização individual e na pandemia de COVID-19 produziram-se fartas evidências da relação sindêmica com as desigualdades de gênero/raça/classe, porém incipientes as medidas de enfrentamento que considerassem tais questões e/ou mulheres fora do ciclo gravídico-puerperal. CONCLUSÕES: As respostas às emergências sanitárias têm sido, historicamente, pouco orientadas para um olhar de gênero e de justiça reprodutiva, respondendo mais a questões de urgências biomédicas e vigilância epidemiológica do que aos impactos diretos/indiretos que a epidemia infringe às mulheres.
ESTIMATIVAS DE ABORTO INDUZIDO NO BRASIL: NOVA PROPOSTA DE CÁLCULO POR MÉTODO INDIRETO
Pôster
Domingues, R.M.S.M.1, Rodrigues, A.S2, Dias, M.A.B3, Saraceni, V4, Pinheiro, R.S5, Coeli, C.M.5, Madeiro, A.6
1 INI/Fiocruz
2 UFES
3 IFF/Fiocruz
4 SMS/RJ
5 IESC/UFRJ
6 CCS/Uiversidade Estadual do Piauí
Objetivo: apresentar nova proposta de cálculo das estimativas de aborto induzido no Brasil por método indireto, baseada nas internações hospitalares por complicações de aborto, utilizando a metodologia do Instituto Guttmacher.
Métodos: Foram utilizados dados do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) para identificação de internações por aborto com financiamento público e da Agência Nacional de Saúde Suplementar para aquelas com financiamento pela saúde suplementar (SS). Foram utilizados fatores de correção para descontar internações por abortos espontâneos por faixa etária da mulher e utilizados dados da Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) 2016 para revisão do fator de correção de complicações que não necessitaram de internações, a partir da simulação de cenários com parâmetros distintos de cobertura populacional de planos de saúde e frequência de abortos induzidos.
Resultados: Foi estimada, para 2015, uma Taxa de Aborto Inseguro total de 8,5 por 1.000 mulheres de 10 a 49 anos, sendo de 9,8 em usuárias do SUS e de 4,7 em usuárias da SS, e uma Razão de Aborto Inseguro total de 18,1 por 100 nascidos vivos, com valores de 21,1 em usuárias do SUS e 9,6 em usuárias da SS.
Conclusão: Esta nova proposta de cálculo avança ao incorporar dados de internações da SS e fator de correção para complicações que não resultaram em internação baseado em dados empíricos da PNA 2016. Espera-se que essa proposta possa ser aprimorado à medida que novas evidências sejam produzidas, principalmente as que retratem as particularidades e especificidades das diversas regiões do país.
EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE SATISFAÇÃO COM O PARTO: COORTE COM DOIS ANOS DE SEGUIMENTO
Pôster
Giugliani, C1, Ahne, SMS1, Paiz, JC2, Giugliani, ERJ1
1 UFRGS
2 Secretaria Municipal de Saúde Esteio/RS
Objetivo: Avaliar a evolução da satisfação da mulher com o parto ao longo de dois anos pós-parto. Métodos: Coorte prospectiva, com 287 mulheres selecionadas aleatoriamente em duas maternidades, uma pública e outra privada, em Porto Alegre/RS em 2016. Trinta dias após o parto, foi aplicado questionário estruturado nos domicílios das participantes. A satisfação com o parto foi aferida com a pergunta “Como você avalia sua satisfação geral em relação ao atendimento ao seu parto?”, com respostas em escala Likert, de “muito satisfeita” a “muito insatisfeita”. A mesma pergunta foi reaplicada, por telefone, após 24 meses. A variável violência obstétrica foi aferida com a pergunta “em algum momento do atendimento ao parto, do pré ao pós-parto, você se sentiu desrespeitada, maltratada ou humilhada?”. Para as análises, foram utilizados modelos de regressão logística para dados correlacionados (GEE), estimando-se as razões de chance (RC). Resultados: A análise ajustada demonstrou que a satisfação com o parto mudou ao longo do tempo (RC 2,69; IC95% 1,63-4,42), apontando para a percepção de uma experiência mais positiva após dois anos. Dentre as variáveis testadas (nível socioeconômico, raça/cor, escolaridade, situação conjugal, tipo de parto, paridade, local do parto e violência obstétrica), a resposta negativa a “ter sofrido maus-tratos, desrespeito ou humilhação durante o parto” mostrou-se associada à mudança da percepção de satisfação com o parto ao longo do tempo (RC 2,87; IC 95% 1,56 – 5,29). Conclusão: Mulheres que não sofreram violência obstétrica têm mais chance de melhorarem a sua percepção de satisfação com o parto após dois anos.
EXPECTATIVAS DAS GESTANTES EM RELAÇÃO AO SEU PARTO: RESULTADOS PRELIMINARES
Pôster
Limana, J1, Ahne, SMS1, Marques, GM2, Giugliani, C1, Iser, BPM2
1 UFRGS
2 UNISUL
Objetivo: Avaliar expectativas de gestantes em relação ao seu parto. Métodos: Estudo transversal com gestantes brasileiras em qualquer trimestre gestacional. Foi aplicado um questionário online, composto por questões sociodemográficas, história obstétrica e pelo Questionário de Expectativas Quanto ao Parto e Nascimento (QEPN), contendo 10 questões, com opções de respostas em escala Likert, variando de “concordo totalmente” a “discordo totalmente” e pontuação total de 50 pontos. Um escore baixo indica uma expectativa mais positiva da gestante. Resultados: Das 292 gestantes, 62,6% eram primíparas e 45,9% estavam no terceiro trimestre gestacional; 25,1% faziam pré-natal unicamente no Sistema Único de Saúde. A média de idade foi 31,45 anos (DP ± 5,55). Sobre as expectativas, 73% responderam que sentiam autonomia para escolher o tipo de parto; 53,8% disseram estar preparadas para mudanças que possam ocorrer no momento do parto; 95,6% e 96,9% tinham consciência de que é normal sentir dor ou medo, respectivamente, e 48,3% acreditavam que suportariam a dor. Ainda, 69,5% sentiam-se ansiosas ao pensar no momento do parto e 82,5% se preocupavam com possíveis intercorrências durante o trabalho de parto. A média da soma total do QEPN foi 22 pontos (DP± 4,02), indicando expectativas mais positivas. Uma parcela significativa das gestantes (38,2%) não teve suas expectativas em relação ao parto abordadas no pré-natal. Conclusões: O momento do parto pode gerar preocupações e ansiedade entre gestantes. Abordar as expectativas das gestantes em relação ao seu parto ainda no pré-natal pode auxiliar na preparação da mulher para esse momento.
É POSSÍVEL DIMINUIR CESARIANA EM MULHERES HIPERTENSAS EM HOSPITAIS PRIVADOS?
Pôster
Cunha, W. L.1, Henriques, T. L.1, Paravidino, V.B1, Leal, M. C2, Domingues, R. M. S. M.3, Marques , E.S.1, Esteves Pereira, A. P.2, Nakamura Pereira, M.4
1 UERJ
2 ENSP/FIOCRUZ
3 INI/FIOCRUZ
4 IFF/FIOCRUZ
Objetivo: Avaliar a efetividade do “Projeto Parto Adequado” na redução da taxa de cesariana em mulheres hipertensas e a morbidade materna no mesmo cenário. Métodos: estudo transversal envolvendo 4.878 mulheres de doze maternidades situadas em três macrorregiões do Brasil (Sul, Sudeste e Nordeste). Para a análise foram selecionadas apenas as mulheres hipertensas e que chegaram à maternidade através do plantão. Foram excluídas mulheres com gravidez gemelar, HIV positivas, com placenta prévia, com descolamento prematuro de placenta, e grupos de Robson de 6 a 9. A amostra final possui 465 mulheres, divididas em Grupo intervenção (participação no PPA) e “cuidado usual”. Foram avaliados os seguintes desfechos: Entrar em trabalho de parto, via de parto e morbidade materna. Foi realizado um modelo de regressão logística baseado em um DAG onde a escolaridade, idade, cor da pele, cicatriz uterina anterior e IMC pré-gestacional foram considerados ajuste mínimo para a relação entre intervenção e desfechos. Resultados: Após o ajuste, observou-se que a intervenção aumentou a chance das mulheres em entrar em trabalho de parto (OR= 3,6; IC95% 2,2 – 5,7) e de ter um parto vaginal (OR=5,8; IC95% 2,9 – 12,1); e não foi associada à morbidade materna grave (OR=0,94; IC95% 0,49 – 1,8).
Conclusão: O “Projeto Parto adequado” foi efetivo em reduzir a taxa de cesarianas e não aumentou a chance de morbidade materna entre as mulheres hipertensas.
FATORES ASSOCIADOS AO BAIXO PESO AO NASCER EM UMA COORTE DO RIO DE JANEIRO, 2007-2008
Pôster
Caminha, B. L. M.1, Carmo, T. T.1, Pereira, A. P. E.1
1 FIOCRUZ
Objetivos: Investigar associação entre baixo peso ao nascer e número de consultas pré-natais em uma amostra de mulheres residentes dos municípios de Queimados e Petrópolis. Métodos: Trata-se de uma análise seccional de um estudo de coorte prospectiva, realizado em 2007-2008, pelo grupo de pesquisa de Saúde da Mulher, Criança e do Adolescente da ENSP/Fiocruz. Participaram gestantes selecionadas no primeiro trimestre de gestação em unidades municipais do SUS em Queimados e Petrópolis. A amostra foi composta por 1460 mulheres que foram acompanhadas até o fim da gestação e, após o nascimento, os bebês foram acompanhados até o nono mês de vida. Foram apresentadas as Razões de Chances Ajustadas por um modelo de regressão múltipla logística binária não condicional ao nível de 95% de confiança. Resultado: Percebeu-se que a variável “Prematuridade” exerce comportamento de modificação de efeito ao interagir com o “Número de consultas pré-natais”. As consultas pré-natais reduziram as chances de baixo peso ao nascer em, aproximadamente, 52% para os casos em que as mulheres deram à luz a recém-nascidos a termo (sem prematuridade, ou seja, idade gestacional ideal). Isso pode se dar devido ao maior número de consultas suficientes entre mulheres que façam acompanhamento de alto risco. Conclusão: O número de consultas suficientes pré-natal se mostrou um fator protetor para o baixo peso ao nascer quando interagiu com a prematuridade (idade gestacional < 37 semanas). Quando o parto é a termo, as consultas suficientes de pré-natal têm menor chance de baixo peso ao nascer, quando comparadas ao número insuficiente de consultas.
GRAVIDEZ NÃO PLANEJADA COMO UM FATOR DE RISCO PARA DEPRESSÃO PERSISTENTE
Pôster
Theme-Filha MM1, Fraga ACSA2, Bastos MP1, Baldisserotto ML3
1 ENSP
2 INI Fiocruz
3 UFRJ
Objetivo: avaliar o efeito da gravidez não planejada na depressão na gestação e pós-parto em mulheres brasileiras.
Métodos: coorte prospectiva com 513 gestantes de baixo risco obstétrico, IG <20 semanas e com 18 anos e mais, realizada entre 2016 a 2019 em duas Unidades de Atenção Primária à Saúde no Rio de Janeiro. A presente análise incluiu 366 mulheres que completaram as três ondas de acompanhamento: antes de 20 semanas de gestação, após a 34ª semanas gestacionais e 2 meses pós-parto. As participantes foram questionadas sobre o planejamento da gravidez (desejava engravidar, desejava esperar mais tempo, não desejava engravidar), e a Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo (EPDS) foi administrada em todas as entrevistas para avaliar sintomas de depressão perinatal. Regressão logística multinomial ajustada por fatores sociodemográficos, histórico obstétrico, estilo de vida, depressão anterior, suporte social e violência relacionada à gravidez, foi utilizada para estimar o efeito da gravidez não planejada na gestação, pós-parto e sua persistência durante os 2 períodos.
Resultados: Mulheres que desejavam esperar mais tempo (OR 3.75 95% 1.42-9.88) e aquelas que não desejavam engravidar (OR 6.68 95% 2.46-18.16) apresentaram maior risco de sintomas depressivos persistentes. A depressão durante a gravidez ou apenas no pós-parto não mostrou uma associação significativa com o planejamento da gestação.
Conclusão: Intervenções oportunas são imperativas para prevenir e identificar as gestações não planejadas, particularmente entre mulheres que apresentam maior em risco de depressão perinatal.
INDICADORES DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO AMAZONAS
Pôster
Pereira, L.N.A.S1, Dos Reis, L.N.1, Silva, A.M.I.1, Marques, D.O.1, Nery, S.A.P.1, Ferreira, V.L.P.1, Oliveira, N.F.1
1 UEA
Objetivos: Monitorar indicadores de gênero no âmbito da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) a partir de um observatório de violência de gênero. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo transversal descritivo, realizado no período de 2021 a 2022 a partir da criação do projeto de extensão “Observatório de Violência de Gênero” desenvolvido na Universidade do Estado do Amazonas. Participaram da pesquisa 227 graduandos e servidores da UEA, entre discentes, docentes e técnicos administrativos do sexo feminino. O tipo de amostragem ocorreu por autosseleção. Resultados: A maioria das participantes eram mulheres cisgênero (85,1%), pardas (50,7%), com idade entre 18 e 21 anos (46,7%), e renda menor que dois salários-mínimos (39,6%). Dentre as violências de gênero vivenciadas, a maioria relatou não ter sofrido violência (85,7%). Das que sofreram, predominou-se a violência simbólica (26,9%), seguido de assédio sexual (22%) e importunação sexual (18,9%). Conclusão: Apesar da limitação da amostragem por conveniência, este trabalho se mostrou importante para identificar a vivência das mulheres que estão no âmbito da universidade a partir da perspectiva de violência de gênero. Embora a maioria das participantes afirmem não sofrer violência, o assédio e importunação sexual ainda estão presentes dentro do meio acadêmico, sendo assim a relevância do observatório como meio de combate à violência de gênero nas universidades.
LUTO E CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS E PSICOSSOCIAIS APÓS PERDA FETAL, EM SÃO PAULO
Pôster
Gomes, M. L. S.1, Silva, Z. P.1, Almeida, M. F.1, Alencar, G. P.1, Marques, L. J. P.1, Leite, J. S.1, Novaes, H. M. D.2, Santos, O. A. V.2, Francisco, R. P. V.2, Hoshida, M. S.2, Figueiredo, G. M.2, Buralli, R. J.2, Gouveia, N.2
1 FSP-USP
2 FMUSP
Objetivo: Estudar as características socioeconômicas, psicossociais, histórico reprodutivo e situação de luto das puérperas que tiveram óbito fetal no Município de São Paulo. Métodos: Estudo descritivo, exploratório, com 100 puérperas que tiveram óbito fetal, integra o projeto FetRisks, que incluiu óbitos fetais (casos) e nascidos vivos (controles) entre 22-44 semanas de gestação, ocorridos em 14 hospitais SUS. A captação foi realizada no hospital após o parto e foram aplicados três instrumentos: questionário no hospital, escala (Perinatal Grief Scale - PGE) e entrevista domiciliar após 8 semanas. Resultados: Foram mais frequentes as puérperas entre 20 e 34 anos (63%), de raça/cor não branca (72%), com pelos menos ensino fundamental completo (88%), que viviam com o cônjuge (56%). Em relação ao histórico reprodutivo, 68% tiveram gestação anterior e, destas, 12 mulheres (18%) tiveram óbito fetal anterior. Quanto à duração da gestação atual, predominaram gestações <32 semanas (45%), porém 24% tinham ≥37 semanas de gestação. Todas fizeram pré-natal. Durante a gravidez, 27% tiveram brigas/desentendimentos sérios com o companheiro, 11% se separaram e 4% sofreram agressão física do pai do bebê durante a gravidez, 6% usaram drogas durante a gestação. A prevalência de luto complicado (>90 pontos obtidos na PGE), que necessita de tempo e ajuda para superá-lo, foi de 58% e 45% afirmaram que ‘sentem que precisam de aconselhamento profissional para ajudar a retornar à vida normal’. Conclusão: Foram identificadas situações que podem agravar o luto. A prevalência de luto complicado e necessidade de aconselhamento profissional foram elevadas.
MORTALIDADE MATERNA EM MATO GROSSO: ANÁLISE POR MACRORREGIÕES DE SAÚDE, 2012-2022.
Pôster
Magalhães, S. A. Z.1, Aguiar, A. A.1, Menecchino, L. A.2, Murano, A. P.1, Melanda, F. N.1
1 UFMT
2 Secretaria de Saúde Cuiabá
Objetivo: Analisar as razões de mortalidade materna (RMM) segundo as macrorregiões de saúde em Mato Grosso no período de 2012 a 2022. Métodos: Estudo descritivo de série temporal a partir de dados do Sistema de Informação de Mortalidade e Sistema de Informação de Nascidos Vivos, obtidos no DATASUS/MS. A RMM foi calculada pela divisão do número de óbitos maternos pelo número de Nascidos Vivos (NV), multiplicado por 100 mil. Resultados: A RMM no estado variou de 58,0 a 78,5/100 mil NV no período pré-pandêmico, chegando a 145,2 em 2021 e 49,9 em 2022 (redução de 15% para todo o período). As RMM mais elevadas foram observadas nas macrorregiões Norte (195,9/100 mil NV) e Sul (175,7/100 mil NV) em 2021. As macrorregiões Leste, Norte e Centro-Noroeste apresentaram redução no período (-81%, -50% e -37%, respectivamente), enquanto as macrorregiões Sul (86%), Oeste (52%) e Centro-Norte (33%) apresentaram aumento na RMM. Conclusão: Embora tenha sido observada redução na RMM no estado, este estudo revelou disparidades entre as macrorregiões de saúde e expressivo aumento durante a pandemia de Covid-19, particularmente em 2021. Ademais, a RMM do estado é mais elevada do que a observada na região Centro-Oeste e para todo o Brasil, e está acima do pactuado como Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, que é de 30/100 mil NV.
MORTALIDADE MATERNA NO CONTEXTO DA COVID-19 EM MINAS GERAIS, BRASIL
Pôster
Lopes, L.M.G.1, Souza, J.B.1, Malta, D.C.1, Pilecco, F.B.1
1 UFMG
Objetivo: Investigar mudanças na Razão de Mortalidade Materna (RMM) durante a pandemia de COVID-19 segundo características sociodemográficas, de atenção obstétrica e regionais em Minas Gerais. Métodos: Estudo ecológico de série temporal. As RMM em 2010-2019 e 2020-2021 foram descritas segundo idade, escolaridade, raça/cor de pele, número de consultas/trimestre de início do pré-natal e macrorregião de saúde de residência. Avaliou-se a correlação entre RMM e variáveis socioeconômicas da macrorregião (PIB per capita, Índice Brasileiro de Privação – IBP – e escolaridade) utilizando o coeficiente de Pearson. Resultados: A RMM aumentou 62,5% na pandemia, especialmente em mulheres entre 20 a 34 anos (64,5%), brancas (77,7%), com menor escolaridade (134,9%), menor número de consultas pré-natal (102,2%) e residentes na macrorregião Noroeste (241%). Contudo, as RMM foram superiores nas mulheres de 35 anos ou mais (125,1/100.000 nascidos vivos), pretas (90,5), com menor escolaridade (151,5), menor número de consultas de pré-natal (181,2) e residentes na macrorregião Nordeste (122,3). Dos óbitos ocorridos em 2020-2021, 40,2% foram por COVID-19. Em 2010-2019 a RMM aumentou com o aumento do IBP (R=0,73;p=0,0029) e reduziu com o aumento da escolaridade (R=0,68;p=0,0079). Durante a pandemia não houve correlação entre indicadores socioeconômicos e RMM. Conclusões: Grupos com menor RMM anteriormente experimentaram sua maior elevação na pandemia. Gestantes e puérperas devem ser prontamente reconhecidas como grupo de risco diante de novas crises sanitárias. Ademais, a manutenção de serviços de saúde sexual e reprodutiva e o monitoramento contínuo de casos e óbitos estão entre as medidas capazes de reduzir o risco de aumento das mortes maternas.
MORTALIDADE MATERNA TARDIA: ANÁLISE ECOLÓGICA DOS DADOS BRASILEIROS DE 2010 A 2019
Pôster
Borgonove, K.C.A1, Brandi, L.F.C2, Silva, R.A.R2, Souza, K.V2
1 HC-UFMG
2 UFMG
OBJETIVO: Avaliar a tendência temporal da razão de mortalidade materna tardia (RMMT) no Brasil e suas regiões de 2010 a 2019. MÉTODO: Estudo ecológico com dados dos Sistemas de Informação sobre Mortalidade e sobre Nascidos Vivos de 2010 a 2019, focando em mulheres com mortes codificadas como O96 da CID-10. Utilizaram-se modelos autorregressivos de Prais-Winsten para analisar a tendência e foram calculadas as variações percentuais médias anuais (APC) da RMMT e seus intervalos de confiança (IC95%). RESULTADOS: Foram notificados 1.470 óbitos maternos tardios, resultando em uma RMMT de 5 óbitos por 100.000 nascidos vivos (NV). A região Norte apresentou o menor índice (3,5/100.000 NV) e a Sul, o maior (8,3/100.000 NV). Houve uma tendência crescente na RMMT, com aumento geral no período e APC de 9,79% (IC95% 4,32-15,54). A região Centro-Oeste liderou esse aumento, com APC de 26,06% (IC95% 16,36-36,56), seguida pelas regiões Norte e Nordeste, com 23,50% (IC95% 13,93–33,88. Cerca de 83% das MMT declaradas foram investigadas, sendo que 65,6% foram corrigidos pelos Comitês de Mortalidade Materna. CONCLUSÃO: Este estudo sugere que as tendências observadas na RMMT refletem disparidades regionais significativas na mortalidade materna tardia no Brasil entre 2010 e 2019. Destaca-se a importância dos Comitês de Mortalidade Materna na correção dos dados. É necessário melhorar o cuidado pós-natal para prevenir mortes evitáveis, além de aprimorar a notificação e indicadores da mortalidade materna tardia.
MORTE MATERNA POR ABORTO NA REGIÃO NORTE: UMA ANÁLISE DE 2012 A 2022
Pôster
Goes, G. O.1, Dias, M.A.B.2
1 IFF/ FIOCRUZ
2 IFF/FIOCRUZ
A pesquisa analisou a razão de mortalidade materna por aborto na região norte do país. Utilizando o método um estudo retrospectivo seccional com análise de dados do Sistema de Informação de mortalidade (SIM), Sistema de Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e observatório de mortalidade materna. Os dados apontam que no período de 2012 a 2022 houveram 2753 óbitos maternos, 106 óbitos como causa básica o aborto e 68 óbitos maternos como causa associada ao aborto, no total 174 de óbitos maternos como causa o aborto ocorridos no período. Os óbitos por aborto se caracterizam por mulheres na faixa etária de 20 a 39 anos (43,7%), de cor parda (63,8%), sem companheiro (51,7%) e com escolaridade entre 8 e 11 anos (43,7%). A razão de mortalidade materna-RMMA nos últimos anos, de forma específica de 2019 até 2022 aumentou em 4,27%, na análise de causa básica, e em 39,1% dos óbitos por aborto consta na causa associada, o que levanta a hipótese de sub registro dos óbitos. O óbito materno por aborto na região Norte do País apresenta dados preocupantes quanto a escolaridade e faixa etária que indicam características sociodemográficas preditoras ao óbito por aborto e o aprofundamento das iniquidades sociais da região. E os resultados da pesquisa apontam a hipótese que óbitos em mulheres em decorrência do aborto estejam subnotificados, sendo necessário aprofundamento de pesquisas quanto às causas de óbitos materno e/ou mulheres em idade fértil.
PARTOS ASSISTIDOS COM O USO DE TECNOLOGIAS NÃO INVASIVAS EM MATERNIDADE DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Ribeiro, L. V.1, Silva, V. M. A.2, Reis, T. C.3, Penna, L. H. G.1, Porto, I. S.3, Roehrs, H.2
1 UERJ
2 UNIRIO
3 UFRJ
Objetivo: Identificar os desfechos dos partos assistidos com o uso das tecnologias não invasivas. Este estudo parte da hipótese que as práticas assistenciais não invasivas interferem positivamente em desfechos perinatais sem complicações. Métodos: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, de delineamento transversal, utilizando técnica documental retrospectiva. O cenário foi uma maternidade na cidade do Rio de Janeiro. A amostra foi composta por 695 registros de partos entre os meses de julho e dezembro de 2019, presentes no livro de parto da maternidade. Os dados coletados foram organizados através do software Excel e tratados pelo software R 3.6.1. Resultados: O estudo revelou que a maioria dos partos assistidos ocorreram com alguma tecnologia não invasiva (78,5%). As tecnologias em destaque foram: respiração consciente (82,9%), penumbra (64,5%), e verticalização (58,8%). A maioria das mulheres pariram em posições semi-vertical (58,6%) e vertical (29,6%). Em relação ao grau de laceração após o parto, foi evidenciado que as mulheres tiveram laceração de 1º grau (55%), de 2º grau (20,8%) e períneo íntegro (20,3%). A maioria das mulheres (95,8%) não tiveram hemorragia pós parto, ou seja, tiveram bom desfecho de parto. Os dados demonstraram que 95,3% dos RN nasceram com o índice de Apgar superiores a 7 no 1º e 5º minutos de vida e foram encaminhados ao alojamento conjunto com suas mães. Conclusões: O estudo identificou assistência ao parto e nascimento com desfechos perinatais positivos e sem intercorrências. São necessários novos estudos que fortaleçam as boas práticas assistenciais para um parto mais humanizado.
PATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA: ANÁLISE A PARTIR DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE (2019)
Pôster
Carvalho, N. P.1, Cabral, C. S.2, Pilecco, F. B.1
1 UFMG
2 USP
Objetivos: Discutir limites e possibilidades de compreensão do fenômeno da paternidade adolescente no contexto brasileiro a partir da análise de características sociodemográficas de homens jovens que passaram por essa experiência. Métodos: Estudo transversal com dados de homens de 20-29 anos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Estimou-se frequências relativas e intervalos de confiança. A regressão de Poisson foi utilizada para avaliar a associação de fatores sociodemográficos com o desfecho de ter tido filho antes dos 20 anos de idade. O desenho e os pesos amostrais da PNS foram considerados nas análises. Resultados: Dos homens de 20 a 29 anos, 28,5% (IC95% 26,8-30,3) já tiveram filho(s) biológico(s). Destes, 23,9% (IC95% 21,3-26,5) tiveram o primeiro filho antes dos 20 anos. Neste grupo, 54,5% declara-se como pardo (IC95% 48,4-60,7), 34,5% não tem ensino fundamental completo (IC95% 28,9-40,2), 41,9% têm renda domiciliar de até meio salário mínimo (IC95% 36,0-47,7), 69,5% coabita com cônjuge ou companheiro(a) (IC95% 63,6-75,4) e 77,5% trabalha (IC95% 72,2–82,8). Fatores associados ao desfecho no modelo ajustado foram: raça/cor indígena, menor nível de escolaridade, menor renda domiciliar e coabitação com cônjuge ou companheiro(a). A variável trabalho perdeu significância após ajuste pela coabitação. Conclusões: Evidencia-se maior vulnerabilidade socioeconômica de jovens com experiência de paternidade adolescente e importância da conjugalidade, ressaltando a necessidade de compreendermos as dimensões estruturais e relacionais desse fenômeno.
PERCURSO DE MULHERES NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA OBTENÇÃO DO DISPOSITIVO INTRAUTERINO
Pôster
Reis, S. N.1, Santos, B. N.S.1, Sousa, C. O. G.1, Felisbino-Mendes, M. S.1
1 Programa de Pós-graduação em Enfermagem, Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. / Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Epidemiologia (NIEPE), Escola de
Objetivos: Descrever o percurso das mulheres na Rede de Atenção à Saúde (RAS) que alcançaram o Dispositivo Intrauterino (DIU) e suas características. Métodos: Coorte prospectiva em andamento em serviço de referência em Belo Horizonte-MG para inserção do DIU. Foram incluídas 304 mulheres ≥18 anos entrevistadas no dia da inserção. Realizou-se análise das frequências absolutas e relativas de variáveis do percurso na RAS antes de chegar no serviço e características sociodemográficas.Resultados: Mais de 90% conheciam e tinham cadastro na Atenção Primária à Saúde (APS), 80,8% buscaram atendimento na APS no último ano e 38% participaram do planejamento reprodutivo antes de escolher o DIU. Cerca de 61% não buscaram informações com profissional após considerar o uso do DIU, 44,7% procuraram diretamente o serviço e 33,8% passou por pelo menos um serviço. O acesso ao serviço foi por indicação de amigos (43,8%) e parentes (14,6%). Ainda, 71,1% das mulheres que tiveram a inserção do DIU eram pretas/pardas, com 18-24 (36,3%) e 25-29 anos (27%), escolaridade intermediária (61,1%), trabalhavam (75,9%), renda familiar ≤2 salários (46,5%). Cerca de 63% relataram gestação não planejada, 55,9% ≥4 filhos, 77,3% parceria sexual atual, 56,8% não desejavam engravidar e 73,3% usavam outro método. Conclusão: Embora as mulheres estejam inseridas na RAS e acessem a APS, o acesso ao DIU é insuficiente. Muitas mulheres acessaram o serviço sem orientações e referenciamento nos serviços da rede, evidenciando peregrinação para assegurar o direito de livre escolha.
PERFIL DA MORTALIDADE MATERNA TARDIA NO BRASIL, 2010-2019
Pôster
Borgonove, K.C.A.1, Silva, R.A.R2, Brandi, L.F.C.‘2, Souza, K.V.2
1 HC-UFMG
2 UFMG
Objetivo: Analisar os óbitos maternos tardios no Brasil entre 2010 e 2019, investigando variáveis associadas, utilizando dados dos sistemas de informações de mortalidade e nascidos vivos. Método: Realizou-se uma pesquisa epidemiológica de séries temporais. Foram utilizados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos(SINASC). Mulheres cuja causa básica de morte foi codificada como O96 da CID-10 foram incluídas. Calculou-se a Razão da Mortalidade Materna Tardia (RMMT) e realizou-se uma caracterização por variáveis socioeconômicas utilizando estatística descritiva. Resultados: Foram registrados 1.470 óbitos maternos tardios no Brasil durante o período estudado, resultando em uma RMMT de 5/100.000 nascidos vivos. As mortes foram mais frequentes em mulheres entre 25 e 29 anos (22,3%), autodeclaradas negras (59,1%), solteiras (54%) e com 8 a 11 anos de escolaridade (34,8%). A RMMT aumentou com a idade das mulheres, sendo mais alta nas faixas etárias mais avançadas. Em relação à ocupação, mais da metade das mulheres eram empregadas domésticas (51,0%), seguidas por donas de casa (21,8%).Conclusão: Há urgente necessidade de melhorar a atenção à saúde no período puerperal. Os achados deste estudo reiteram as lacunas históricas que evidenciam a injustiça social e reprodutiva que marca a vida das mulheres.
PERFIL DOS ÓBITOS MATERNOS DE RESIDENTES DE CUIABÁ/MT, 2013-2022.
Pôster
OLIVEIRA, W. S.1, MENECCHINO, L. A.2, TUTIYA, M. M.2, SOUSA, E. T.1, MELANDA, F. N.3
1 ISC - UFMT
2 GEVINO - SMS
3 ISC -UFMT
Objetivo: Analisar o perfil dos óbitos maternos de residentes de Cuiabá-MT, no período de 2013-2022. Métodos: Estudo descritivo com dados obtidos nos Sistemas de Informação de Mortalidade e de Nascidos Vivos fornecidos pela SMS/Cuiabá. A RMM foi calculada pela divisão do número de óbitos maternos pelo número de Nascidos Vivos (NV), multiplicado por 100 mil e os óbitos foram descritos segundo características sociodemográficas, momento e causa do óbito. Os dados foram apresentados em frequências absolutas e relativas. Resultados: Foram registrados 61 óbitos maternos no período analisado. A RMM em Cuiabá variou de 28,8/100 mil NV em 2018 a 147,4 em 2021. Em um terço dos óbitos as mulheres tinham 35 anos ou mais e 6,6%, entre 15 e 19 anos. A maior parte era pretas ou pardas (72,1%), solteiras (52,5%) e que tinham mais de 8 anos de escolaridade (85,2%). 65,6% dos óbitos ocorreram no puerpério e 57,4% foram por causa obstétrica indireta. Conclusão: o perfil dos óbitos maternos de Cuiabá é de mulheres jovens, negras, solteiras e com elevada escolaridade. A causa obstétrica indireta foi a principal causa devido especialmente a COVID-19.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE MATERNA NO BRASIL E NO ESTADO DE SÃO PAULO
Pôster
Mora, A.V.V1, Lima, L.N1, Silva, M.A.C1, Canassa, M.N.M1, Ribeiro, J.H.M1, Tetemann, E.C1
1 UNISA
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico de morte materna (MM) no Brasil (BR) e estado de São Paulo (SP) de 2018 a 2022.Método: Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) Tabnet/Datasus no dia 17 abril de 2024. Foram calculadas as frequências absolutas e relativas do BR e SP dos anos de 2018 a 2022. As variáveis utilizadas foram: faixa etária, raça/cor, escolaridade, estado civil local de ocorrência e tipo de causa obstétrica. Resultados: Foram encontradas semelhanças nas características da MM entre BR e SP nas variáveis: faixa etária de 30 a 39 anos (44%x50%), de 8 a 11 anos de estudo (46%x55%), solteiras (47%x46%), ocorridos no hospital (91%x93%) e causas diretas (54%x49%). A diferença se deu em raça/cor, 53% no BR eram pardas e em SP 52% brancas. Pamplona et al (2023) encontraram resultados semelhantes no Sudeste de 2010 a 2022. No ano de 2021, 55,5% das mulheres que morreram no estado de SP eram pretas e pardas e a maioria por causas indiretas, corroborando com o aumento de MM à covid 19 (Souza, Amorim, 2021). Apesar da cor branca apresentar maiores percentuais (SP), analisando os dados anuais (2018 e 2019) a proporção de MM em brancas diminui e aumenta (2018, 2019 e 2020) em mulheres de cor parda e preta. Martins (2003) quando analisa a MM brasileira encontra um panorama onde mulheres pretas e pardas tem maiores risco de morrer, corroborando os achados neste estudo, onde houve um aumento da MM em pardas e pretas.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SRAG POR COVID-19 ENTRE GESTANTES E PUÉRPERAS EM MT, 2020-2022
Pôster
Aguiar, A. A.1, Magalhães, S. A. Z.1, Sousa, E. T.1, Menecchino, L. A.2, Melanda, F. N.1
1 UFMT
2 Secretaria de Saúde de Cuiabá
Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por COVID-19 entre gestantes e puérperas em Mato Grosso (MT), 2020-2022. Métodos: Estudo quantitativo descritivo dos casos de SRAG por COVID-19 entre gestantes e puérperas em MT, 2020-2022, segundo variáveis sociodemográficas, clínicas e de evolução dos casos. Os dados foram obtidos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe). Resultados: Observou-se que 624 gestantes e puérperas residentes em MT tiveram diagnóstico confirmado de SRAG por COVID-19. A maioria tinha entre 20 e 34 anos (70,5%) e eram de raça/cor parda (64,1%). Em cerca de 60% não há informação sobre escolaridade. 55,3% das gestantes estavam no terceiro trimestre gestacional. Os sintomas mais frequentes foram tosse (71,5%), febre (51,4%), dispnéia (46,3%) e desconforto respiratório (41,9%), enquanto as comorbidades foram diabetes mellitus (14,1%) e doença cardiovascular crônica (10,5%). Ocorreu internação hospitalar em 86,3% dos casos e em UTI 25,6% e uso de suporte ventilatório invasivo em 21,1%. A maioria evoluiu para a cura (92,7%) e 5,2% para o óbito. Conclusões: Gestantes e puérperas afetadas pela SRAG por COVID-19 possuem alta demanda por hospitalizações, sendo o último trimestre gestacional o mais vulnerável. Ademais, jovens e pardas são o grupo mais afetado. Embora o desfecho com a cura represente a maioria dos casos, destaca-se que o registro dessa informação apresenta limitações e o número de óbitos pode diferir do Sistema de Informação sobre Mortalidade.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE SÍFILIS GESTACIONAL EM MATO GROSSO: 2013 A 2022
Pôster
Cruz, P. N.1, Cristofolini, C. A.1, Arruda, V. L.1, Silva, E. G.1, Silva, P. R. S.1
1 UFMT
Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis em gestante no estado de Mato Grosso no período de 2013 a 2022. Método: Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo, utilizando dados de domínio público e acesso livre, cujo levantamento ocorreu por meio do aplicativo TABNET do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídos no estudo todos os casos de pacientes gestantes notificadas com sífilis em Mato Grosso. Resultados: Entre 2013 a 2022 foram registrados no Brasil 516.037 casos de sífilis gestacional. No estado de Mato Grosso, as taxas de detecção aumentaram gradualmente nos últimos 10 anos, passando de 5,5 casos em 2013 para 26,1 casos a cada 100 mil nascidos vivos, em 2022. Quanto à faixa etária destaca-se o crescente aumento entre gestantes adolescentes de 15 a 19 anos e 10 a 14 anos (43,5/1.000 nascidos vivos; 32,7/1.000 nascidos vivos; respectivamente) e o maior percentual entre a raça parda. Conclusões: O perfil demográfico revela a necessidade de intervenções específicas para o grupo de gestantes adolescentes, com ênfase no acesso aos cuidados de saúde e na implementação de estratégias eficazes de prevenção de doenças.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CITOPATOLÓGICOS DE COLO DE ÚTERO: MICRORREGIÃO DO TOCANTINS
Pôster
OLIVEIRA, D.V.R.1, BEZERRA, A. R.1, ATAIDES, V. M.1, PEREIRA, E. G. B1, CAVALCANTE, J. L.1, FIGUEREDO-SILVA, S.1
1 Unitins
Objetivos: Mensurar a quantidade de exames citopatológicos de colo de útero (ECCU) realizados nos municípios de uma microrregião do Norte do Tocantins entre 2013 e 2023, correlacionando-os com sexo, faixa etária e perfil racial. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, ecológico e retrospectivo. Os dados foram coletados do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) disponíveis no DATASUS. A pesquisa abrange a microrregião do Bico do Papagaio (TO), composta por 25 municípios, no período de 2013 a 2023. Resultados: Foram realizados 56.874 ECCU durante o período estudado. O ano com maior número de exames foi 2014 (11.681) e o menor foi 2013 (1.035). Entre os municípios, Tocantinópolis registrou o maior número com 7.937, enquanto Cachoeirinha com 699. A maioria dos exames foram realizados em pessoas do sexo feminino (56.838, 99,93%), com apenas 38 em pessoas do sexo masculino (0,07%). Quanto ao perfil racial, 14,52% dos exames foram em pessoas brancas, 7,73% em pretas, 38,13% em amarelas, 34,52% em pardas, 1,50% em indígenas e 3,60% sem informação. A faixa etária predominante foi de 25 a 64 anos (84,59%), seguidos de 9 a 24 anos (10,46%) e 65 a 79 anos (4,95%). Conclusões: Houve uma diminuição progressiva dos exames desde 2014, com leve aumento em 2017 e maior redução em 2019, 2020 e 2021, possivelmente influenciada pela pandemia da COVID-19. À vista disso, é crucial aprimorar ações educativas e preventivas para promover adesão aos exames citopatológicos, permitindo detecção precoce e eficaz das lesões, e consequentemente, reduzindo as taxas de morbimortalidade.
PRÁTICAS HUMANIZADAS NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL E AS PREVALÊNCIAS DE DEPRESSÃO PÓS PARTO
Pôster
Lima, B A P1, Simões, Taynãna César1
1 Instituto René Rachou- Fiocruz Minas
Objetivo: O objetivo da pesquisa foi avaliar as prevalências de depressão pós parto (DPP) em mulheres segundo variáveis relacionadas a práticas humanizadas no ciclo gravídico puerperal, bem como a influência de fatores socioeconômicos, demográficos, de condições e acesso à saúde, e características dos partos utilizando os dados da Pesquisa Nascer no Brasil I (2011-12). Métodos: Foram estimadas as prevalências e os respectivos intervalos de confiança de 95% para todos os desfecho de DPP deste estudo. As associações do desfecho com as variáveis citadas nos objetivos foram a princípio investigadas em análises bivariadas e em modelos múltiplos. Os testes estatísticos foram aplicados de acordo com a distribuição dos dados e a homogeneidade das variâncias dos grupos a serem comparados. Em todas as análises, foi levado em conta o delineamento complexo de amostragem. Resultados e Conclusões: Foi possível encontrar diferenças nas prevalências de DPP considerando os fatores sociodemográficos, mulheres de regiões mais pobres do país, pretas, que não possuem plano de saúde apresentam maior prevalência. Os históricos de saúde de gestações anteriores também influenciam para o aumento. Mulheres que tiveram acesso às práticas humanizadas no pré natal apresentam menor prevalência de DPP do que as mulheres que não tiveram. Em relação às práticas humanizadas durante o parto as pré-análises não mostraram uma grande diferença nas prevalências, apenas na variável de ‘‘presença de acompanhante durante o parto‘‘, mulheres que não tiveram seus acompanhantes tem maior prevalência de DPP. Ainda há necessidade de considerar mais variáveis para entender melhor a influência da humanização na saúde mental de puérperas.
PREVALÊNCIA DE HISTERECTOMIA EM BRASILEIRAS: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2013 E 2019
Pôster
Garcia, J. C.1, Ananias, M. C. B.1, Sebba, M. E. C.1, Palácios, G. B.1, Boclin, K. L. S.1
1 UNESA
Objetivo: Estimar prevalência de histerectomia em mulheres brasileiras e fatores clínicos e sociodemográficos associados nos anos de 2013 e 2019.
Métodos: Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada nos anos de 2013 e 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e pelo Ministério da Saúde. O desfecho estudado foi a realização de histerectomia, com dados obtidos via perguntas do módulo R - Saúde da Mulher da PNS (2013-2019). Foram estimadas prevalências de histerectomia e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) segundo características clínicas e sociodemográficas como: causa principal da cirurgia, região brasileira de moradia, situação de moradia (urbana/rural), faixa etária, escolaridade, cor/raça e renda em salários-mínimos.
Resultados: A prevalência de histerectomia foi de 9,00% em 2013 (IC 8,4-9,6) e 9,20% em 2019 (IC 8,70-9,70), sendo miomas uterinos, sangramento anormal e endometriose as principais causas. A região Norte apresentou menor prevalência, e a Centro-Oeste a maior. Dentre as histerectomizadas, houve aumento da prevalência conforme a idade, mantendo-se estável a partir dos 50 anos. Não houve associação entre histerectomia e escolaridade ou cor/raça. Houve uma maior prevalência de histerectomia em moradoras de áreas urbanas e com ganho de a partir de 1 salário mínimo.
Conclusão: Histerectomia é prevalente entre as brasileiras, sendo os miomas uterinos a sua principal causa. São necessários outros estudos que auxiliem no entendimento dos seus determinantes e fatores associados, principalmente no que se refere à epidemiologia dos miomas uterinos.
SEXUALIDADE DA PESSOA IDOSA: MENSURAÇÃO DE CONHECIMENTOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Pôster
Burmeister, A. T.1, Hoffmann, K. D.1, Soares, J; V;1, Knauth, D. R.1, Pires, F. S.1, Raizer, L1, Umpierre, D.1, Souza, M. C.1, Teixeira, L. B.1
1 UFRGS
Objetivo: Avaliar os conhecimentos dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no que tange às questões de sexualidade da pessoa idosa.
Método: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo. A coleta de dados foi aplicada através da Escala ASKAS (Aging Sexual Attitudes and Knowledge Scale). O instrumento foi desenvolvido pela plataforma Survey Monkey na UFRGS. Utilizou-se o software Jamovi para análises.
Resultados: A amostra foi composta por 1.000 ACS de todo país, majoritariamente do sexo feminino (84%). A média para o escore sobre Conhecimento teve um valor intermediário (30,2±6,8). Verificou-se que 19% (149/787) não acreditam que a sexualidade se faz presente durante a vida toda; 7% (55/835) não acreditam que a sexualidade traga benefícios físicos à saúde da pessoa idosa; 17% (144/836) dos agentes de saúde acreditam que a masturbação em excesso em idosos pode causar confusão mental e demência; e 39% (322/836) acreditam que a perda de satisfação sexual para mulheres seja inevitável após a menopausa.
Conclusões: Verificou-se lacunas importantes no conhecimento dos ACS sobre a sexualidade de idosos. Com base na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, os dados apresentados indicam que as formações em saúde devem abarcar as questões de sexualidade da pessoa idosa. Especialmente para a atuação de ACS, os quais aproximam a comunidade ao serviço de saúde, o trabalho na a promoção da saúde sob a perspectiva do envelhecimento ativo, abordando a importância dos aspectos da sexualidade e da saúde sexual, contribui para avançarmos na integralidade de cuidados da pessoa idosa.
TENDÊNCIA DA TAXA DE NATALIDADE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2014 E 2023
Pôster
SCHMIDT, C. L.1, DOMINGUES, J. G. M. C.1, PETER, J. L.1, FERREIRA, M. M.1, ALVES, C. B.1
1 Faculdade Souza Marques
Objetivo:
Analisar a tendência temporal da taxa de natalidade no município do Rio de Janeiro entre 2014 e 2023.
Métodos:
Trata-se de um estudo ecológico, com dados sobre os nascimentos obtidos no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), e sobre a população residente obtidas das estimativas elaboradas pelo Ministério da Saúde disponíveis no DATASUS, de 2014 a 2023.
Foram analisadas as variáveis: idade da mãe, nível de escolaridade e cor da pele. As taxas de natalidade foram obtidas dividindo-se o número de nascidos vivos pelo número de habitantes (taxa bruta), e pelo número de mulheres em cada faixa etária, para cada ano da série temporal.
Resultados:
No período analisado houve uma queda de 28,68% no número de nascimentos, passando de uma taxa bruta de natalidade de 15,05 em 2014 para 10,40/1000 habitantes em 2023.
Houve redução das taxas em todas as faixas etárias de mães abaixo de 40 anos, sendo as mais
acentuadas nas faixas 10 a 14 (57,37%), 15 a 19 (51,63%) e 20 a 24 (30,16%). Nas faixas acima de 40 anos, houve aumento nas taxas, sendo o mais expressivo na faixa de 45 a 49 anos, com aumento de 67,24%.
Conclusão:
A natalidade no município do Rio de Janeiro apresentou tendência de queda constante no período analisado, principalmente entre as adolescentes. Enquanto para as faixas acima de 40 anos as taxas apresentaram tendência inversa, sugerindo a opção das mulheres em adiar a maternidade.
TENDÊNCIA ESPAÇO-TEMPORAL DA TOXOPLASMOSE CONGÊNITA NO BRASIL DE 2019 A 2022
Pôster
Cruz, P. N1, Cristofolini, C. A1, Arruda, V. L1, Santos, C. S1, Ferraz, E. B1, Silva, P. R. S1
1 UFMT
Objetivos: Analisar a série espaço-temporal dos casos de toxoplasmose congênita no Brasil entre os anos de 2019 a 2022. Método: Este é um estudo epidemiológico observacional descritivo, utilizando dados secundários obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de informação de nascidos vivos (SINASC), disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram coletadas todas as notificações de casos de toxoplasmose congênita no Brasil entre 2019 e 2022. As variáveis selecionadas foram os casos confirmados por região, sexo e raça. Resultados: Foram registrados no Brasil um total de 22.651 casos de toxoplasmose congênita no período analisado. Em número absolutos, a região Sudeste e a região Nordeste apresentaram o maior número de casos notificados, 8.123 (35%) e 5.965 (26%), respectivamente. Em 2022, as maiores taxas de prevalência foram no sexo masculino com 178,26 casos/100.000 nascidos-vivos e a raça parda com 174,91 casos/100 mil nascidos-vivos. Conclusões: Com base no presente estudo, o elevado número de casos confirmados nos anos destacados, mesmo com áreas ainda apresentando subnotificações, torna essencial a análise e descrição dos aspectos epidemiológicos da toxoplasmose congênita. Isso é crucial para subsidiar políticas públicas de prevenção e controle à patologia.
TENDÊNCIAS DA INTERNAÇÃO HOSPITALAR POR ABORTO NO BRASIL
Pôster
Maciel, N. S1, Brito, L. K. T.2, Bezerra, A. D. C.3, Silva Filho, L. S.3, Silva, K. A.3, Costa, C. C.2, Damasceno, A. K. C.1
1 Universidade Federal do Ceará
2 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
3 Universidade Estadual do Ceará
Objetivos: Analisar a tendência temporal da internação hospitalar por aborto no Brasil. Métodos: Estudo ecológico de séries temporais, realizado em maio de 2024. Os dados foram obtidos do Sistema de Internações Hospitalares (SIH/DataSUS) acerca do número de internação por gestações que terminam em aborto (CID-10: O00-O02, O05-O08), por local de residência, de 2008 a 2023. Não foram considerados os abortos espontâneos e por razões médicas. Utilizou-se o software Joinpoint para realizar análise linear segmentada. Calculou-se a Variação Percentual Anual Média (AAPC) com intervalo de confiança de 95% (IC95%). Valor negativo de AAPC indica tendência decrescente e valor positivo indica tendência crescente. Resultados com p<0,05 foram considerados significativos. Resultados: Foram registrados 1.629.399 internações por aborto no Brasil. Em todo país, foi constatada tendência estacionária (AAPC: -0,1%; IC95%: -0,6; 0,5; p=0,733). Observou-se tendência decrescente na região Sudeste (AAPC: -1,4%; IC95%: -1,8; -1,1; p<0,001) e tendência crescente na região Centro-Oeste (AAPC: 1,6%; IC95%: 0,4; 2,7; p=0,006). As demais regiões não revelaram tendências significativas. Houve tendência decrescente em pessoas de 10 a 29 anos de idade (AAPC: -1,8%; IC95%: -2,5; -1,1; p<0,001) e crescente em mulheres com idades de 30 a 49 anos (AAPC: 2,2%; IC95%: 1,6; 2,8; p<0,001). Conclusões: As internações por aborto no Brasil permaneceram estáveis, com uma queda observada na região Sudeste e um aumento na Centro-Oeste. Entre as faixas etárias, houve uma tendência de diminuição entre os mais jovens e um aumento entre mulheres de meia-idade. Destaca-se a necessidade de direcionar ações para estes públicos.
VARIABLES SOCIOECONÓMICAS E HIPERTENSIÓN GESTACIONAL: COHORTES EN DOS CIUDADES DE BRASIL
Pôster
Uribe-Caputi JC1, Martinez EZ2, Cavalli RC2
1 Universidad Autónoma de Bucaramanga UNAB - Universidad de Sao Paulo Facultad de Medicina Ribeirao Preto
2 Universidad de Sao Paulo Facultad de Medicina Ribeirao Preto
Introducción: Los trastornos hipertensivos en el embarazo constituyen un evento de interés en salud pública y representan hoy en día, un reto para la ciencia médica mundial en cuanto a prevención y manejo. Este trabajo de investigación busca Identificar factores sociales y económicos asociados a la aparición de estos trastornos hipertensivos en madres de dos cohortes de nacimientos en Brasil.
Materiales y métodos: Estudio de cohorte retrospectivo con información disponible del estudio “BRISA” (2010), en dos cohortes de nacimientos socioeconómicamente dispares con seguimientos durante varios años en las ciudades de Ribeirão Preto (São Paulo) y São Luís (Maranhão).
Resultados: El total de la población estudiada fue de 9.660 gestantes, el 85,7% residentes en Ribeirão Preto; la incidencia de hipertensión gestacional global fue de 13,2%, siendo de 12,5% en Ribeirão Preto y 16,9 en São Luís; encontrándose además diferencias significativas en variables sociodemográficas, económicas y antecedentes clínicos, entre las dos ciudades.
Conclusiones: Se encontró una incidencia de hipertensión gestacional superior a la reportada a nivel mundial y diferente estadísticamente por ciudad de residencia, así como la identificación de variables sociales y económicas relacionadas con este evento, con diferencias por localidad. La intervención de factores sociales y económicos asociados a hipertensión gestacional puede lograrse mediante implementación de políticas públicas y trabajo intersectorial, así como también desde el entorno del médico especialista clínico, para controlar y reducir su incidencia e impacto en la salud materna y perinatal.
FATORES ASSOCIADOS À ADEQUAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL EM BOA VISTA, RORAIMA.
Pôster
Costa, M. S.1, Dias, B. A. S.1, Félix, R. J. S. F.1, Feitosa, M. C.1, Casimiro, C. F.1, Barreto, T. M. A. C.1
1 UFRR
Objetivo: Analisar os fatores associados à adequação da assistência pré-natal no município de Boa Vista, Roraima. Métodos: Estudo transversal realizado entre janeiro e agosto de 2023 por meio de entrevistas face a face com puérperas, utilizando questionários estruturados contendo características sociodemográficas, da gestação e da assistência pré-natal. Inicialmente foram realizadas análises descritivas por meio de frequências absolutas e relativas, seguido dos testes Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher. Sequencialmente, foram realizadas regressões lógicas simples e múltiplas para verificar os fatores associados à adequação do pré-natal. Resultados: A cobertura da assistência pré-natal foi de 83,0%, contudo, 74,0% foram consideradas adequada ou mais que adequada. Verificou-se maiores proporções de adequação do pré-natal em mulheres pardas, com idade entre 20 e 34 anos, com companheiro, ensino médio completo, com atividade remunerada, renda de até 2 salários-mínimos e multíparas. Entretanto, mulheres com trabalho remunerado e maior renda apresentaram maiores chances de assistência pré-natal adequada ou mais que adequada. Conclusão: As características socioeconômicas estiveram relacionadas a realização do pré-natal e, por isso, se faz necessária a (re)formulação de estratégias que favoreçam, principalmente, o público com menores condições socioeconômicas, a fim de diminuir as iniquidades em saúde e os desfechos maternos infantis desfavoráveis.
FATORES ASSOCIADOS À REALIZAÇÃO DA CONSULTA PUERPERAL NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA, RORAIMA.
Pôster
Félix, R. J. S. F.1, Dias, B. A. S.1, Costa, M. S.1, Maciel, J. C.1, Teixeira, C. A. B.1, Feitosa, M. C.1, Barreto, T. M. A. C.1
1 UFRR
Objetivo: Estimar e analisar os fatores associados à realização da consulta puerperal em mulheres atendidas por Equipes Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Boa Vista, Roraima. Métodos: Estudo quantitativo realizado no período de janeiro a agosto de 2023 por meio de entrevistas face a face, utilizando questionários contendo informações sobre aspectos individuais, assistência pré-natal e puerperal. Foram realizadas análises descritivas através dos testes Qui-quadrado de Pearson, seguidas de regressões logísticas simples e múltiplas. Resultados: Dentre 363 mulheres, 77,6% realizaram a consulta puerperal. Verificou-se que quanto maior a escolaridade, maiores são as chances de realização da consulta puerperal. Além disso, mulheres que exerciam atividade remunerada (86,0%) e que receberam orientação na maternidade (85,5%) tiveram maiores chances de adesão a consulta. Conclusões: O cuidado ofertado aliado às orientações durante o pré-natal e pós-parto imediato são significativos para a assistência contínua à puérpera. Para isso, é crucial a capacitação dos profissionais de saúde, identificação precoce e busca ativa de puérperas nos territórios de saúde e investimentos em práticas educativas com participação ativa das usuárias, a fim de ampliar o acesso, eficiência dos serviços de saúde e adesão à consulta puerperal.