Programa - Sessão de Poster - Saúde do trabalhador e da trabalhadora
ACIDENTES DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO A MATERIAIS BIOLÓGICOS EM ENFERMEIROS NO BRASIL
Pôster
SANTANA, F. G. R.1, NERY, A. A.1, SOUZA, A. J.1, SILVA, A. T. P. S.1, SANTANA, K. D.1, FILADELFO, S. R.1, COSTA, M. O.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico dos acidentes de trabalho com exposição a materiais biológicos em enfermeiros no Brasil, no período de 2013 a 2023. Métodos: estudo epidemiológico, do tipo ecológico, realizado com dados secundários provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A população estudada foi composta por todos os casos notificados dos acidentes de trabalho com exposição a materiais biológicos em enfermeiros, residentes no Brasil. A distribuição dos casos ocorreu de acordo as variáveis: ano de notificação, região de notificação, faixa etária, sexo, raça/cor da pele e a circunstância do acidente. Resultados: No período analisado, houve o registro de 58.740 casos de acidentes de trabalho envolvendo material biológico entre enfermeiros no Brasil. Observou-se, uma tendência crescente de 4,16% nas notificações desse agravo, com o pico ocorrendo em 2023, representando 11,1% da totalidade dos casos notificados. A Região Sudeste apresentou o maior número de notificações, com 45,7% dos casos. Os resultados também demonstram que 86,6% dos eventos envolveram profissionais do sexo feminino, 62% do grupo etário de 20 a 34 anos e 61,9% eram brancos. Em relação à circunstância do acidente, a maioria das exposições ocorreu durante a administração de medicamentos (20,6%). Conclusão: No período analisado, houve um aumento no registro de ocorrências envolvendo enfermeiros que sofreram acidentes de trabalho por exposição a materiais biológicos. A análise apontou que os profissionais mais afetados foram enfermeiros jovens, brancos e com exposição principalmente no momento de administrar medicamentos.
AGRESSÕES/AMEAÇAS/VIOLÊNCIA SOFRIDAS POR TRABALHADORAS(ES) DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2023/24
Pôster
Santos, M.S1, 1, 1, 1, 1, 1, Cremonese, C1
1 UFBA
Objetivos: Medir a prevalência de relatos de agressões, ameaças e violência (AAV) por determinantes sociodemográficos e ocupacionais entre trabalhadoras(es) de praias de Salvador/BA, 2023/24. Métodos: Trata–se de um estudo epidemiológico transversal com coleta de dados primários, em uma amostra de trabalhadoras(es) de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Participaram do estudo, 579 trabalhadoras(es) com idade ≥14 anos, com tempo de trabalho superior a 3 meses em praias, independentemente do tipo de atividade. Aplicou-se questionários estruturados, por plataforma REDCap, sendo mensurado o desfecho pela pergunta “Nos últimos 12 meses você já sofreu agressões/ameaças/violência durante suas atividades?”, com resposta dicotômica “Sim/Não”. Variáveis sociodemográficas (autodeclaradas) e ocupacionais foram coletadas para potencial identificação de fatores associados. Construiu-se um modelo multivariado, por regressão de Poisson, com cálculos de RP e IC95%. Análises realizadas no software R. Pesquisa aprovada pelo CEP/ISC – CAAE: 68859623.0.0000.5030. Resultados: Prevalência geral de relatos de AAV foi de 39,1% entre trabalhadoras(es), predominando entre homens, pessoas de 30 e 39 anos de idade, raça/cor preta, com renda diária de 41 a 75 reais e com mais horas diárias de trabalho. Em relação às variáveis ocupacionais, o desfecho foi mais relatado entre aqueles que trabalham como garçom. Análise ajustada identificou que trabalhadoras(es) com maior 15 ou mais anos de trabalho nas praias apresentaram 1,69 vezes de AAV em comparação com até 2 anos de trabalho (RP:1,69; IC95%1,18-2,47). Conclusões: Alta prevalência de relatos de AAV em trabalhadoras(es) de praia. Maior tempo de trabalho em praias esteve associado com experiências de eventos violentos
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES ANTES E DEPOIS DA ADESÃO AO TELETRABALHO
Pôster
Barbosa,T.C.X1, Steluti, J.1
1 Unifesp
Objetivo: Investigar a diferença na qualidade de vida de trabalhadores, de uma instituição pública de Ensino Superior no município de São Paulo, após a adesão a modalidade de teletrabalho Métodos: Avaliou-se a qualidade de vida em dois períodos antes e após a adesão à modalidade de teletrabalho por servidores públicos da Unifesp. Foram avaliados quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. O questionário aplicado foi WHOQOL-Bref, versão reduzida do WHOQOL-100, ambos desenvolvidos pela OMS e validado no Brasil. O teste t de amostra pareada foi conduzido para investigar as diferenças do escore da pontuação antes e depois da adesão, considerando nível de significância de 5%. Resultados: Participaram do estudo 107 adultos, a maioria de mulheres (65,4%), da raça branca (63,1%), na faixa etária de 31-40 anos (53,8%). As médias das pontuações nos domínios antes e após a adesão ao teletrabalho foram de 13,7 e 16,3 (físico), 12,5 e 14,7 (psicológico), 13,4 e 15,0 (social) e 12,7 e 15,1 (meio ambiente), respectivamente. Em todos os domínios foram encontradas diferenças significativas (p<0,05). Conclusão: A alteração da modalidade de trabalho presencial para teletrabalho aumentou as pontuações em todos os domínios avaliados do questionário sobre qualidade de vida nesta população estudada. Essas informações são importantes para o conhecimento sobre a saúde destes trabalhadores, principalmente, diante do aumento deste tipo de modalidade de trabalho.
CAMINHOS DO TRABALHO UFPB: COMBATE À SUBNOTIFICAÇÃO DE ACIDENTES E DOENÇAS OCUPACIONAIS
Pôster
Araujo, A. S.1, Geremias, A. R.1, Cavalcante, C. C.1, Alves, D. F.1, Costa, D. F.1, Lima, G. T.1, Pontes, G. B. M.1, Soares, G. B.1, Lins, I. G. A. D. S.1, Medeiros, I. B.1, Nascimento, J. A. D.1, Cardoso, J. R. A.1, Vasconcelos, L. E. M.1, Lima, M. L. D. A. F.1, Cornélio, M. T. S. C.1, Araújo, R. S. D.1, Torres, T. D. L.1, Maximo, T. A. C. D. O.1
1 UFPB
Objetivos: Descrever a experiência do projeto Caminhos do Trabalho UFPB, que visa combater a subnotificação de doenças e acidentes de trabalho na Paraíba.
Métodos: Iniciado pela UFBA e Ministério Público do Trabalho em 2017, e na UFPB em 2023, o projeto envolve assistência, pesquisa e formação profissional, em colaboração com várias instituições. Os trabalhadores são captados por divulgação e parcerias com sindicatos. A equipe, composta por professores e discentes de medicina, psicologia e direito, utiliza um questionário estruturado para realizar levantamentos de riscos, atendimentos sociojurídicos e médicos. Confirmada a relação entre adoecimento e trabalho, a notificação é feita no SINAN, com emissão de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) e encaminhamentos.
Resultados: Desde março de 2024, seis atendimentos foram realizados, envolvendo trabalhadores de diferentes áreas. Esse contato foi fundamental para compreender a realidade da subnotificação de acidentes de trabalho na Paraíba. A abordagem interdisciplinar não apenas permitiu identificar casos ocultos e fortalecer a notificação de agravos, mas também proporcionou valiosa experiência prática. Além disso, auxiliou no suporte médico e sociojurídico aos trabalhadores afetados, ampliando a compreensão sobre a importância de um atendimento integral e humanizado na área da saúde ocupacional.
Conclusões: O Projeto Caminhos do Trabalho UFPB é essencial para identificar e combater a subnotificação de doenças ocupacionais, promovendo saúde e justiça para os trabalhadores. Sua investigação interprofissional fortalece o sistema de notificação e oferece suporte aos trabalhadores, destacando a importância de ações colaborativas. Além disso, é relevante para a formação universitária, proporcionando enriquecedora experiência prática em saúde do trabalhador.
COVID-19 ENTRE TÉCNICOS DE ENFERMAGEM: SOBREVIDA E RISCO DE INFECÇÃO PELO SARS-COV-2
Pôster
França-Neto, C. L.1, Albuquerque, M. F. P. M.1, Almeida, C. M. C.1, Morais, C. N. L.1, Cortes, F.1, Albuquerque, G. D. M.2, Barbosa, J. M. V.1, Vicente, J. D. S.3, Viegas-Filho, M. P.3, Carvalho, M. R.1, Silva, M. T. S.1, Xavier, M. N.1, Montarroyos, U. R.2
1 Instituto Aggeu Magalhães – IAM/Fiocruz Pernambuco
2 Universidade de Pernambuco - UPE
3 Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Objetivos: Calcular a incidência, analisar a sobrevida e identificar fatores de risco para infecção pelo SARS-COV-2 entre técnicos de enfermagem em atendimento a casos de COVID-19. Métodos: A coorte foi recrutada pela técnica Respondent-Driven Sampling na Região Metropolitana do Recife entre março de 2020 e março de 2021. A coleta de dados foi conduzida remotamente pela página eletrônica Fique Seguro (FITec). A curva de sobrevida foi estimada pelo método de Kaplan-Meier e a associação entre as variáveis de exposição e o desfecho primário (teste RT-PCR positivo) foi calculada pelo modelo de regressão de Cox. Resultados: A maioria dos participantes (n = 134) foi do sexo feminino (78,4%) e não-branca (78,3%), com idade média de 36,8 ± 9,5 anos. A densidade de incidência de infecção foi de 8,3/100 pessoas-mês (IC 95%: 6,3 a 10,9). A probabilidade cumulativa de infecção foi de 61,4%, com maior probabilidade até o segundo mês de exposição laboral (25%). Os fatores de risco associados (p < 0,1) foram: idade superior a 30 anos; sexo masculino, atuação em instituições privadas, falta de treinamento para uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e acidentes com material biológico. Ter múltiplos vínculos empregatícios apresentou associação limítrofe com o desfecho (p = 0,169). Conclusões: A elevada incidência de infecção pelo SARS-CoV-2 entre técnicos de enfermagem e sua forte associação com fatores de risco ocupacionais indicam falhas na oferta de EPIs e treinamento para esses trabalhadores no primeiro ano da pandemia de COVID-19.
EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E SEUS POTENCIAIS DANOS À SAÚDE DE AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS
Pôster
Neves, A. P.1, Gonçalves, E. S.2, Vidal, P. J. S. R.1, Santos, M. V. C.3, Carvalho, L. B.3, Cardoso, A. C.3, Meirelles, L. C.3, Sarpa, M.4, Poça, K.4, Gomes, L.3, Costa-Amaral, I.5, Teixeira. L.R.3, Santos, M. B.3, Larentis, A.L.3, Rosa, A. C. S.3
1 ENSP/Fiocruz
2 UFF
3 Cesteh/Fiocruz
4 INCA
5 Pesquisadores colaboradores do Projeto
Introdução: Os agrotóxicos organoclorados foram empregados no combate vetorial brasileiro até a década de 1990, sendo substituídos por outros, que atualmente já são proibidos em alguns países, mas ainda são empregados no Brasil, mesmo sendo associados a efeitos nocivos à saúde. Objetivo: Caracterizar a exposição ocupacional a agrotóxicos e potenciais danos à saúde dos ACE. Metodologia: Estudo transversal multicêntrico. Análise de 127 questionários e quantificação de biomarcadores de exposição, de efeito e clínicos de ACE do estado do Rio de Janeiro. Resultados: Observou-se medianas de idade e contato com agrotóxicos de 57 e 26 anos, respectivamente. Dos 127 ACE, 61,4% trabalham atualmente em contato com agrotóxicos, 72% reportaram histórico de exposição e 81% relataram sintomas de intoxicação aguda após contato com agrotóxicos. As classes mais usadas entre 1980 e 2022 foram: anticolinesterásicos (94%), biológicos (61%), piretroides (57%), benzoilureias (54%), éter piridixílico (39%), espinosinas (23%), neonicotinoides (9%) e cumarínicos (5%). Dentre os trabalhadores, 61% foram positivos para resíduos de organoclorados no sangue e 35% apresentaram níveis de acetilcolinesterase abaixo do valor de referência (VR); 73% com alterações no colesterol ou triglicerídeos; 44%, função hepática; 44%, hematológicas; 35%, glicose; e 50% acima do VR para malondialdeído. Verificou-se que 87% têm diagnóstico de doenças crônicas. Conclusão: Os ACE são expostos de forma aguda e crônica há décadas a diversos agrotóxicos que causam danos à saúde, incluindo danos neurológicos e câncer. São necessárias mudanças no processo de trabalho dependente de produtos químicos, aumentando o uso de métodos alternativos e o investimento em saneamento ambiental.
MORTALIDADE POR OFIDISMO COMO ACIDENTE DE TRABALHO NO BRASIL (2012-2021)
Pôster
Jesus, J.C.S.1, Ferreira, D.S.1, Mise, Y. F.1
1 UFBA
Objetivo. Estimar a mortalidade por ofidismo como acidente de trabalho no Brasil, 2012-2021. Métodos. Trata-se de um estudo agregado descritivo temporal, utilizando dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação sobre acidentes ofídicos notificados no Brasil entre 2012-2021 e dados populacionais do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tabulou-se o total de casos anuais e por táxon. Estimou-se a mortalidade total anual e por táxon do ofidismo como acidente de trabalho no país. Resultados. No Brasil (2012-2021), foram notificados 78.478 casos de ofidismo como acidente de trabalho e 341 óbitos. O ano com maior número de casos foi 2012 (8.533 casos), seguido por 2013 (8.191) e 2018 (7.364) e, de óbitos 2020 (40), 2013 (37) e 2017 (36). Os táxons com mais casos e óbitos notificados no período foram Bothrops, (60.568 e 246) e Crotalus (6.843 e 53). A mortalidade total por ofidismo como acidente de trabalho evoluiu com oscilação no período, partindo de 0,36 óbitos/1.000.000trab em 2012 a 0,46 óbitos/1.000.000trab em 2021. O mesmo padrão foi observado nos envenenamentos botrópicos (0,26 óbitos/1.000.000trab em 2012 e 0,27 óbitos/1.000.000trab em 2021), enquanto que envenenamentos crotálicos apresentaram elevação (0,05 óbitos/1.000.000trab em 2012 e 0,08 óbitos/1.000.000trab em 2021). Conclusão. A oscilação no coeficiente de mortalidade por ofidismo como acidente de trabalho durante o período estudado reforça a persistência do agravo, mesmo tendo medidas de prevenção conhecidas e de baixo custo, evidenciando a necessidade de estudos mais detalhados, visando estorvar fatores impeditivos ao êxito total dessas medidas.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍNDROME DE BURNOUT: SAÚDE OCUPACIONAL NO BRASIL
Pôster
Anjos, K. R. B.1, NASCIMENTO, J. W.1
1 UPE
Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico da síndrome de burnout notificados no Brasil no período de 2014 a 2023. Método: Estudo transversal quantitativo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram analisadas variáveis sociodemográficas e ocupacionais. Estatísticas descritivas foram aplicadas para identificar padrões e associações significativas. Resultado: Foram registradas 1032 notificações, com 74,7% registradas nos anos 2023 (38,1%), 2022(22%) e 2021(14,6%). Os estados representantes das notificações foram São Paulo (34%), Minas Gerais (15,2%) e Bahia (9,2%). Mulheres (71,3%), brancos (55,14%) e pessoas com idade entre 40 e 59 anos (50,1%) foram as mais afetadas. A maioria das notificações de burnout foi em profissionais com ensino superior completo (49,7%). Categorias profissionais com maior registro: bancários (18,8%) , equipe de Enfermagem (10,5%) e auxiliar administrativo (5,6%). O hábito mais comum foi a utilização de psicofármacos (50%). A condução dos casos em sua maioria foi o afastamento da situação de desgaste (54%), porém sem adotar mudanças na organização de trabalho (74,4%). Os trabalhadores evoluíram, em sua maioria, com incapacidade temporária (66,4%). Conclusão: Este estudo sublinha a necessidade urgente de estratégias de prevenção e gestão do burnout que vão além do tratamento individual. É fundamental que as organizações revisem e melhorem suas práticas de trabalho, promovendo ambientes mais saudáveis. Intervenções voltadas para a redução da carga de trabalho, melhoria das condições laborais e apoio psicológico devem ser priorizadas para mitigar os efeitos negativos do burnout.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS DOENÇAS E AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO DE DUQUE DE CAXIAS
Pôster
Batista, A. A.1, Pepe, C. C2
1 Cesteh/Ensp/Fiocruz
2 CST/Fiocruz
Objetivo: Conhecer o perfil epidemiológico das doenças relacionadas ao trabalho e acidentes de trabalho dos municípios de abrangência do Cerest de Duque de Caxias de 2013 a 2022. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de caráter epidemiológico, sendo utilizado dados secundários de domínio público disponíveis no Painel de Vigilância Epidemiológico em Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde no período de 2013 a 2022. Resultados: As maiores proporções de casos notificados nos municípios estudados foram: AT com material biológico (71,04%), Acidente de trabalho (24,37%), câncer relacionado ao trabalho (1,54%). Observou-se que há uma maior notificação de AT com material biológico (73,5%) entre o sexo feminino, enquanto no caso de AT (75,0%) as notificações são maiores entre o sexo masculino, estes fatos podem estar relacionados ao tipo de ocupação e exposição que os trabalhadores desses sexos estão expostos. Observamos que trabalhadores de estrutura de alvenaria lideram notificações de óbitos por acidente de trabalho com 13 óbitos. Logo o sexo masculino lideram as notificações de óbitos por AT com (95,1%). Conclusões: Ao analisarmos o perfil das notificações de Darts e óbitos por AT, observamos padrões e tendências que nos permitem identificar grupos de maior vulnerabilidade. É essencial reconhecermos a importância de estudar e monitorar as doenças relacionadas ao trabalho como parte integrante da promoção da saúde. Somente através de uma abordagem abrangente e baseada em evidências podemos enfrentar os desafios e garantir ambientes de trabalho seguros, saudáveis e dignos para todos os trabalhadores e trabalhadoras.
PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL ENTRE TRABALHADORES DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2023/2024
Pôster
Marques, J. R.1, Dias, W. P.1, Nunes, T. S.1, Silva, J. S.1, Santos, M. S.1, Cremonese, C.1
1 UFBA
Objetivos: Medir a prevalência de Hipertensão Arterial (HA) autorreferida e fatores associados entre trabalhadoras(es) de praias de Salvador-BA, 2023/24. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, com coleta de dados primários, em trabalhadoras(es) de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Participaram do estudo 579 trabalhadoras(es) com idade ≥14 anos, tempo de trabalho ≥3 meses em praias, independente do tipo de atividade. Aplicaram-se questionários estruturados, com uso de celulares e plataforma REDCap, sendo o desfecho medido pela pergunta “Algum profissional de saúde já te diagnosticou com hipertensão/pressão alta?”. Variáveis sociodemográficas e ocupacionais autorrelatadas foram coletadas. Construiu-se um modelo multivariado, com aplicação de regressão de Poisson, cálculos de RP e IC95% para identificação de potenciais fatores associados. Análises realizadas no software R. O projeto foi aprovado no CEP/ISC - parecer 6501806. Resultados: A prevalência geral de HA foi de 20,2%, revelando-se mais elevada em trabalhadoras, indivíduos com idade ≥60 anos, raça/cor parda, que convivem com companheiros e com menor escolaridade. Em relação às variáveis ocupacionais, a HA foi mais relatada entre aqueles que trabalham em pé (parado) ou sentado, com mais horas de trabalho e atuando ≤4 dias na semana. Na análise ajustada, foi possível identificar uma probabilidade 37% maior de HA entre trabalhadoras(es) com idade ≥60 (RP: 1,37; IC95% 1,03-1,81). Conclusões: Alta prevalência de HA entre trabalhadoras(es) das praias. Maiores prevalências de HA entre trabalhadoras, aqueles atuando ≤4 dias semanais e em pé (parado) ou sentado. A HA esteve associada, independente de outras variáveis, em trabalhadoras(es) com idade ≥60.
PREVALÊNCIA DE LER/DORT E FATORES ASSOCIADOS EM TRABALHADORES DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2024
Pôster
Santos, M.S1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, Cremonese, C1
1 UFBA
Objetivos: Medir a prevalência de Ler/Dort e potenciais determinantes sociodemográficos e ocupacionais associados entre trabalhadores de praias de Salvador/BA, 2024. Métodos: Trata–se de um estudo epidemiológico transversal com coleta de dados primários, em uma amostra de trabalhadores de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Participaram do estudo, 579 trabalhadores com idade ≥14 anos, com tempo de trabalho superior a 3 meses em praias, independentemente do tipo de atividade. Aplicou-se questionários estruturados, por plataforma REDCap, sendo mensurado o desfecho pela pergunta “Nos últimos 12 meses você recebeu diagnóstico de Lesão por esforço repetitivo Ler/Dort?”, com resposta dicotômica “Sim/Não”. Variáveis sociodemográficas (autodeclaradas) e ocupacionais foram coletadas para potencial identificação de fatores relacionados a Ler/Dort. Construiu-se um modelo multivariado, aplicação de regressão de Poisson, com cálculos de RP e IC95% para identificação de potenciais fatores associados. Análises realizadas no software R. Projeto aprovado no CEP/ISC com parecer 6501806. Resultados: A prevalência geral de Ler/Dort foi de 18% entre todos os trabalhadores, sendo mais frequente em mulheres, raça/cor preta, menor renda diária, carregando peso na atividade laboral e com ponto fixo na praia. Análise ajustada identificou uma probabilidade 68% maior de Ler/Dort entre trabalhadoras em comparação aos trabalhadores (RP:1,68; IC95%1,13-2,51). Trabalhadores com ≥11h por dia de trabalho apresentaram 2,21 vezes mais diagnósticos de Ler/Dort em comparação ao com ≤8h diárias (RP:2,21; IC95%1,32-3,89). Conclusões: Alta prevalência de Ler/Dort em trabalhadores de praia. Fatores ocupacionais associados ao desfecho foram carregar peso durante a atividade laboral e grande carga diária de trabalho nas praias.
PREVALÊNCIA DIABETES MELLITUS ENTRE TRABALHADORES DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2023/2024
Pôster
Marques, J. R.1, Dias,W.P.1, Nunes,T. S.1, Silva, J. S.1, Santos, M. S.1, Cremonese, C.1
1 UFBA
Objetivos: Medir a prevalência de Diabetes Mellitus (DM) autorreferidas e fatores associados entre trabalhadoras(es) de praias de Salvador-BA, 2023/24. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, com coleta de dados primários, em trabalhadoras(es) de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Participaram do estudo 579 trabalhadoras(es). Aplicaram-se questionários estruturados, com uso de celulares e plataforma REDCap. O desfecho foi medido pela pergunta “Algum profissional de saúde já te diagnosticou com diabetes?”. Variáveis sociodemográficas e ocupacionais autorrelatadas foram coletadas. Construiu-se um modelo multivariado, com aplicação de regressão de Poisson, cálculos de RP e IC95% para identificação de potenciais fatores associados. Análises realizadas no software R. O projeto foi aprovado no CEP/ISC - parecer 6501806. Resultados: A prevalência geral de Diabete Mellitus foi de 9,2%, revelando-se mais elevada entre trabalhadoras (11,5), indivíduos com idade ≥60 anos (33,3), raça/cor preta (10,4), que convivem com companheiros (11,4) e com menor escolaridade (11,0). Em relação às variáveis ocupacionais, a DM foi mais relatada por aqueles que são ambulantes (12,4), que trabalham em pé (parado) ou sentado (13,0), com menos horas de trabalho (10,5) e que trabalham menos dias na semana (11,4). Conclusões: Alta prevalência de DM entre trabalhadoras(es) das praias. Maiores prevalências de DM entre trabalhadoras, aqueles atuando ≤4 dias semanais e em pé (parado) ou sentado. A DM esteve associada, independente de outras variáveis, em trabalhadoras(es) com idade ≥60.
PREVALÊNCIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO E SUA RELAÇÃO COM O SEXO DOS ACIDENTADOS
Pôster
SANTANA, K. D.1, NERY, A. A.1, OLIVEIRA, E. S.1, SANTANA, F. G. R.1, COSTA, M. O.1, ALMEIDA, P. S.1, FILADELFO, S. R.1, SILVA, A. T. P. S.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivos: Objetivos: analisar a prevalência de acidentes de trabalho em Jequié-BA e sua relação com o sexo dos indivíduos. Métodos: trata-se de um estudo do tipo relato de pesquisa com a utilização dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre os casos de acidentes de trabalho típicos ou de trajeto, sendo os dados submetidos através da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ao Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A busca foi realizada com a identificação dos casos de acidentes de trabalho em Jequié, Bahia, de 2019 a 2023, com a utilização das variáveis: tipo de acidente (trajeto, típico e ignorados) e sexo dos acidentados. Resultados: foram notificados, um total de 669 (100%) acidentes de trabalho no período, sendo que 510 (76,2%) envolveram indivíduos do sexo masculino, e 159 (23,8%) do sexo feminino. Os acidentes típicos foram os mais prevalentes, com 510 (76,2%) casos, seguidos por 123(18,4%) de trajeto e 36 (5,4%) ignorados. Conclusão: os dados analisados revelam uma predominância de acidentes laborais envolvendo os homens, sendo a maior parte de natureza típica, seguida por acidentes de trajeto. Tais resultados reverberam maior vulnerabilidade dos trabalhadores do sexo masculino aos acidentes de trabalho, com ênfase para os acidentes típicos no ambiente laboral. A predominância pode ser atribuída, em parte, a fatores comportamentais, onde os homens, além de serem mais prevalentes no mercado de trabalho, praticam comportamentos de risco no trânsito e ficam mais expostos aos acidentes.
PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO AO ASSÉDIO E ÀS DISCRIMINAÇÕES NO TRABALHO NA SAÚDE
Pôster
SILVA, P.F.A.1, BOWES, E.C.S.1, OLIVEIRA, E.S.1, GONÇALVES, E.L.1, SILVA, S.R.1, SANTOS, L.R.S.1, JESUS, T.A.2
1 Ministério da Saúde
2
Objetivo: Desenvolver estratégias eficazes de prevenção e enfrentamento ao assédio, discriminação e violência relacionada ao trabalho no âmbito do Ministério da Saúde. Método: Para a elaboração do Programa foi constituído um Grupo de Trabalho (GT) com a participação de representantes da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. As reuniões do GT iniciaram em 2023, com encontros quinzenais/semanais, totalizando 20 encontros e cerca de 80 horas de trabalho. Foi realizado um projeto de “Apoio à Elaboração de Análise de Impacto Regulatório (AIR) ” com vistas à realização de oficinas de AIR na temática do programa, como parte das atividades do GT para aprofundamento conceitual e alinhamentos necessários. A partir de então foram realizadas nove oficinas com produção significativa para a construção da minuta do Programa, contribuindo para a definição do problema e dos objetivos. Resultados: A minuta do programa foi finalizada em maio de 2024, contemplando 4 pilares fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de prevenção, sendo estes Prevenção, Acolhimento, Detecção, Apuração Ética e Atos Correicionais e Monitoramento e Avaliação. Conclusão: O programa desenvolvido será crucial para criar estratégias de prevenção ao assédio no trabalho, promovendo um ambiente mais digno e saudável.
TRABALHADORES EM TELETRABALHO: ANÁLISE DO CONSUMO ALIMENTAR, CONDIÇÕES DE TRABALHO SAÚDE
Pôster
Barbosa,T.C.X1, Steluti, J.1
1 Unifesp
Objetivo: Investigar o consumo alimentar, estilo de vida e condições de trabalho de trabalhadores em teletrabalho de uma instituição pública de Ensino Superior no município de São Paulo. Métodos: Avaliou-se consumo regular de alimentos saudáveis e não saudáveis e condições de saúde e trabalho de servidores públicos da Unifesp. Conduziu-se estatística descritiva e teste de McNemar para avaliar as diferenças das frequências de consumo na residência e no trabalho, considerando o nível de significância de 5%. Resultados: Participaram do estudo 107 adultos, a maioria de mulheres (65,4%), da raça branca (63,1%) e pós-graduação completa (45,8%). Das condições de trabalho, 57,9% trabalhavam no formato de teletrabalho híbrido, sendo que 34,4% trabalhavam 4 dias/semana remotamente. Nas condições de vida e saúde, observa-se na população 62,1% de excesso de peso, 11,2% de tabagistas e 14% hipertensão arterial. Da alimentação, a maioria não apresentou consumo regular de feijão (57%), de frutas e hortaliças (62,6%) e refrigerante (90,6%), ademais, 61,3% mencionaram comer melhor em casa do que no trabalho. Na avaliação das diferenças da alimentação na residência e trabalho, observa-se maior frequência de consumo na residência da maioria dos alimentos, à exceção de biscoitos. Além disso, não houve diferença do consumo na frequência do consumo na residência e trabalho de refrigerantes, sucos e refrescos industrializados, bebida achocolatada. Conclusão: Há prevalência relevante de excesso de peso. Verificou-se diferenças do consumo no domicílio e no trabalho. Todavia, os alimentos industrializados são igualmente consumidos em ambos os locais.
TRABALHO E SAÚDE MENTAL ENTRE DOCENTES DE ENSINO SUPERIOR
Pôster
LAURENTINO, P. P.1, GIACOMIN, V. S. N. S.1, SILVA, M. A.1, PINHO, P. S.1, ARAÚJO, T. M.2
1 UFRB
2 UEFS
Objetivos: Descrever aspectos psicossociais do trabalho e estimar a prevalência de agravos em saúde mental entre docentes de ensino superior. Métodos: Estudo transversal com 454 docentes de duas universidades públicas da Bahia, com coleta de dados por meio do software REDCap no ano de 2023. Projeto aprovado pelo CEP/UFRB. As análises exploratórias foram feitas no programa SPSS, versão 23.0. Resultados: A amostra de docentes que participaram do estudo foi, majoritariamente, do sexo feminino (61,2%), com idade entre 41 e 59 anos (70,4%), de raça/cor autodeclarada negra (51,3%). Quanto ao trabalho, a cada 10 docentes, 7 (69,5%) consideram que possuem volume elevado de demandas e tempo insuficiente para realizá-las e 30,9% informou usar alguma medicação para lidar com a rotina de trabalho. As demandas do trabalho frequentemente invadem o tempo que outrora era destinado ao descanso em 26,5% dos docentes e ao tempo familiar em 25,6% dos docentes. A insatisfação com o trabalho está presente em 17,6% dos docentes de ensino superior. Quanto à saúde, a prevalência de transtornos mentais comuns foi de 46,7%; ansiedade chegou a 52,2%, depressão foi 28,6% e 48,7% relataram qualidade do sono ruim. Conclusão: Nota-se que há significativa prevalência de agravos em saúde mental entre docentes de ensino superior, acompanhados de presença expressiva de condições de trabalho não saudáveis. Há necessidade de estudos que possam contribuir verificando quais são os principais fatores que podem intensificar esses achados, além de propor intervenções.
TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM DOCENTES UNIVERSITÁRIOS/AS DURANTE/APÓS PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
Moura, M. A.1, Teixeira, J. R. B1, Souza, D. R. A.1, Araújo, T. M1, Pinho, P. S2
1 UEFS
2 UFRB
OBJETIVO: Avaliar grupos de sintomas de Transtornos Mentais Comuns (TMC) entre docentes universitários(as) da Bahia durante e depois da pandemia de COVID-19 (2020/2023). MÉTODO: Estudo transversal, do tipo websurvey, realizado em duas fases: Fase 1 (junho/2020 a fevereiro/2021), com 777 docentes de duas universidades públicas da Bahia em trabalho remoto e Fase 2 (agosto a dezembro/2023) com 454 docentes em atividades presenciais. A análise foi baseada nos grupos de sintomas do Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). RESULTADOS: As prevalências de TMC não distinguiram: (47,7%) em 2020 e (46,7%) em 2023, contudo os sintomas mudaram. Em 2020, no momento que vivenciavam o distanciamento social e não tinham vacinação prevaleceu a tristeza (40,8%), choro mais que de costume (36,7%) e assustar-se facilmente (39,6%); dentre os sintomas somáticos foi a má digestão (47,7%) e as dores de cabeça (39,6%). Relataram dificuldade em tomar decisões (41,3%) e em realizar as tarefas diárias com satisfação (38,0%), além de sentir-se incapaz de desempenhar um papel útil na vida (18,8%). Em 2023, após o retorno das atividades presenciais, a tristeza aumentou (43,8%) e os/as docentes sentiam-se mais nervoso(as), tenso(as) ou preocupado(as) (66,5%). O sono piorou (54,4%). Porém, os itens do Decréscimo de Energia Vital foram marcantes e a dificuldade em realizar as tarefas diárias com satisfação chegou a 48,0% e 46,3% referiram sentir-se cansado(a) o tempo todo; 26,7% disseram perder o interesse pelas coisas. CONCLUSÕES: É necessário implementar ações direcionadas à saúde mental dos(as) docentes universitários(as), considerando os desafios enfrentados na pandemia com luz nas sequelas atuais do pós-pandemia.
A RAÇA COMO FATOR DE RISCO PARA DEPRESSÃO ENTRE TRABALHADORES DA APS NO CENÁRIO PANDÊMICO
Pôster
Abastoflor, L.L.L1, Magalhães, J.P.R1, Nascimento, D.D.G1
1 UFMS
Objetivo: Investigar a prevalência de transtornos mentais entre os profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) durante a pandemia da COVID-19, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Metodologia: Foi realizado um estudo transversal com médicos, enfermeiros, odontólogos, farmacêuticos e fisioterapeutas que trabalhavam em unidades da APS. Os participantes responderam um questionário socioeconômico e à Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21) em 2021. Foi realizada uma análise de regressão de Poisson bivariada para cada desfecho avaliado pela DASS-21, obtendo as razões de prevalência (RP) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%) e valores de p. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados: A prevalência dos transtornos mentais revelou que mais de 50% dos profissionais de saúde que atuavam na APS apresentaram algum sinal/sintoma de depressão, ansiedade ou estresse. A prevalência de depressão encontrada, grosso modo, foi de 59,6% e ao analisar a presença de sinais/sintomas de depressão em relação às variáveis independentes, observou-se uma associação significativa com a raça/cor da pele preta (RP: 1,44; p=0,038).
Conclusão: O resultado é parte de uma dissertação que rastreou os impactos psicossociais dos profissionais de saúde da APS e revela uma preocupante disparidade racial na saúde ocupacional, com maior prevalência de sintomas de depressão entre profissionais de pele preta. Isso destaca a urgência de políticas públicas para combater as iniquidades em saúde no campo da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras.
ABSENTEÍSMO-DOENÇA EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE DA REDE DE ATENÇÃO BÁSICA DE RIO BRANCO/AC
Pôster
Felix, M. E. R.1, Santos, S. S.2
1 UFAC
2 ENSP / UFAC
Objetivo: Analisar o perfil de absenteísmo-doença dos profissionais da área da saúde da rede de atenção básica do SUS na cidade de Rio Branco – Acre, no período de 2018 a 2022. Métodos: Trata-se de um estudo transversal descritivo com os dados sociodemográficos, relacionados ao trabalho, licenças e atestações médicas e odontológicas dos 1.551 profissionais efetivos da área da saúde da rede de atenção básica do SUS na cidade de Rio Branco/AC, obtidos junto ao departamento de gestão de pessoas da Secretaria Municipal de Saúde. Foram calculadas prevalências de período de absenteísmo-doença de acordo com as características sociodemográficas e do trabalho, categorias profissionais e capítulos da CID-10. Resultados: Os profissionais que apresentaram as maiores prevalências de absenteísmo-doença foram os agentes de combate a endemias (80,35%), os do sexo feminino (67,80%), com regime de trabalho de 40 horas semanais (43,40%) e com tempo de serviço entre 1 e 10 anos (35,52%). Quanto a prevalência por capítulos da CID-10, os mais prevalentes foram capítulo I (21,41%), capítulo XXI (16,76%) e capítulo X (15,99%). Conclusões: Os resultados permitiram conhecer o perfil de absenteísmo-doença dos profissionais de saúde da rede de atenção básica do SUS na cidade de Rio Branco/AC, apresentando suas principais causas e magnitude, que indicam a necessidade de avanços na segurança do trabalho destes profissionais.
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL: TRABALHO, AMBIENTE E OCUPAÇÃO DOS TERRITÓRIOS
Pôster
Figueiredo, F. G.1, Araújo, L. M. F.1, Pinho, D. X.1, Souza, F. S.1, Palma, T. F.1, Pires, F.G.2
1 UNEX
2
Objetivo: analisar o perfil dos acidentes com animais peçonhentos no Brasil, entre 2018-22, com e sem relação com o trabalho. Método: Estudo ecológico, analítico, a partir de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação- SINAN, com foco no perfil epidemiológico, tendência temporal e distribuição espacial do agravo. Foram calculadas as incidências: por ocupação, a Variação Percentual Proporcional-VPP e letalidade, por tipo de acidente. Utilizou-se para cálculo das taxas por ocupação dados de 2021, do DIEESE, CEASP/USP e FIEB. Resultados: Ocorreram 1.354.835 acidentes notificados. Majoritariamente, entre homens (55,1%), negros (55,6%), com baixa escolaridade (50,3%), sendo que 8,6% são relacionados ao trabalho (11,9% em trabalhadores da agricultura). Os Estados com maior ocorrência foram, respectivamente: Minas Gerais (18,6%), São Paulo (13,0%) e Bahia (9,7%); porém há maior letalidade no Amazonas (5,7%). O município de Cerro Grande (RS) apresentou a razão de 11 acidentes relacionados ao trabalho, para cada um não relacionado. Houve maior ocorrência com escorpiões (60,8%), porém, há maior letalidade com serpentes (4,2%), em especial a Surucucu (10,3%). Os acidentes incidem, majoritariamente, nas mãos e pés (66,8%). O tempo picada/atendimento com maior frequência não passa de uma hora (50,9%). Os trabalhadores agropecuários lideram os registros (11,9%), mas são os segundos em incidência (8,7/1.000 trabalhadores). A maior é em trabalhadores da construção civil (10,0/1.000) e, (terceiro) trabalhadores domésticos (2,5/1.000). Conclusão: O modelo de ocupação territorial no ambiente rural, ausência de cuidados e vigilância do trabalho (tanto urbano, quanto rural) e a subnotificação, precisam de destaque para a melhor compreensão do evento.
ACIDENTES DE TRABALHO EM MÉDICOS NO BRASIL: CARACTERIZAÇÃO DE PERFIS DE VULNERABILIDADE
Pôster
Figueiredo, F. G.1, Araújo, L. M. F.1, Pinho, D. X.1, Souza, F. S.1, Palma, T. F.1, Pires, F.B.1
1 UNEX
Objetivo: analisar o perfil dos acidentes de trabalho em médicos no Brasil. Método: Estudo ecológico, com finalidade analítica, a partir de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN, com foco no perfil sociodemográfico dos acidentes de trabalho em médicos no Brasil, entre 2007-23. Foram calculadas as incidências por estratos, a Variação Percentual Proporcional-VPP, a letalidade e taxas de incidência, por ano e por especialidade. Utilizou-se o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde-CNES, para cálculo das taxas. Resultados: Ocorreram 2.748 acidentes de trabalho com médicos no Brasil, com uma taxa de incidência de 2,84/1000. Ocorreu aumento substantivo de notificações (VPP=+3027,8%). Dentre as especialidades médicas, o clínico (55,9%) obteve maior representatividade entres os médicos acidentados. Em relação a taxa de incidência, os mais afetados foram os médicos da família (13,2/1.000), seguidos pelos médicos clínicos (7,7/1.000) e os médicos do trabalho (5,8/1.000). O sexo afetado, majoritariamente, foi o feminino (54,9%). A faixa etária mais proeminente foi entre 20-39 anos (56,0%). O estado com mais notificação foi o de São Paulo (47,0%), e sua capital apresentou 28,3% dos casos. Dentre os tipos de acidente destacam-se: o ferimento do punho e mão (10,8%), circunstâncias relacionadas às condições de trabalho (7,9%) e entorse (4,3%). Evoluíram para cura (41,7%), incapacidade (31,8%) e óbito (2,0%). Ocorreram emissão da Comunicação de Acidentes de Trabalho-CAT, em 37,6% dos casos. Conclusão: A sobrecarga proveniente da organização do trabalho, com ausência de políticas de educação permanente e medidas protetivas em saúde do trabalhador, repercutem nestes registros.
ADOECIMENTO PSÍQUICO DOS POLICIAIS PENAIS DE JUIZ DE FORA/MG: “QUEM ME ESCUTA?”
Pôster
Araújo, S.S.1, Souza, A.P.1, Loureiro, M.A.D.D.1, Dutra, L.S.2, Costa, M.T.3
1 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Juiz de Fora
2 Superintendência Regional de Juiz de Fora – Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais
3 Faculdade Metodista Granbery
Resumo: Os policiais penais estão constantemente expostos a fatores estressores no ambiente de trabalho que potencializam condições patológicas da Saúde Mental.
Objetivos: Caracterizar os transtornos mentais relacionados à atividade dos policiais penais, investigados pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Juiz de Fora.
Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico e descritivo, realizado no período de janeiro de 2023 a maio de 2024. Realizada escuta especializada, investigativa e multidisciplinar; análise de documentos e registros diversos; planilhamento de dados e análise qualitativa.
Resultados: Observou-se que os transtornos mentais mais relevantes que atingem os policiais são: F33.2 - Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos (16,6%) e Z73.0: Esgotamento (41,6%), correspondendo, conjuntamente, a mais da metade dos atendimentos. A média etária foi de 41,6 anos; 75% possui ensino superior completo; 50% brancos, 33% pardos e 16,6% pretos; 33,3% estão na ocupação há menos de 10 anos. Comparando com estudos, identificamos que os fatores associados a violência e o medo são relatados em menor incidência. Destacamos como principais fatores adoecedores as condições de trabalho: ausência de lugar para descanso; vestiários e banheiros em condições sanitárias insatisfatórias; alimentação inapropriada para consumo; déficit de efetivo; rotineira e perigosa quebra de protocolos de segurança; transferência para outras unidades prisionais ou troca de escalas sem aviso prévio como punição.
Conclusão: Avalia-se a importância da inclusão da temática da Saúde Mental nos cursos de formação técnico-profissional como medida de promoção da saúde, além de proporcionar acompanhamento psicológico de forma rotineira durante a carreira profissional.
ALTA PREVALÊNCIA DE ACIDENTE DE TRABALHO EM TRABALHADORAS(ES) DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2024
Pôster
Cremonese, C.1, Siqueira, D.1, Silva, J. S.1, Marques, J. R.1, Prestes, J. F. C.1, Santos, L. N.1, Santos, M. S.1, Nunes, T. S.1, Dias, W. P.1
1 UFBA
Objetivos: Medir a prevalência de acidentes de trabalho (AT) nos últimos 12 meses e potenciais determinantes ocupacionais associados em trabalhadoras(es) de praias de Salvador/BA, 2023/24. Métodos: Realizou-se um estudo epidemiológico transversal com amostra de 579 trabalhadores de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Foram aplicados questionários, por meio de celulares e plataforma REDCap. O desfecho foi mensurado pela pergunta “Nos últimos 12 meses, você sofreu algum acidente de trabalho ou de percurso?”. Caso a resposta fosse positiva, detalhes sobre o AT eram identificados. Variáveis demográficas e ocupacionais autorrelatadas foram coletas e incluídas no modelo ajustado. Conduziu-se análise multivariada, por regressão de Poisson, com cálculos de Razão de Prevalência (RP) e IC95%. Análises foram realizadas no software R. Projeto aprovado pelo CEP/ISC com CAAE: 68859623.0.0000.5030. Resultados: A prevalência geral de AT foi de 40,3%. Perfurações, cortes e queimaduras foram os AT mais frequentes, com 70% ocorrendo em membros inferiores. Casos de AT foram mais frequentes entre trabalhadoras, pessoas de menor faixa etária e sem contribuição para INSS. Trabalhadoras(es) em atividade econômica andando na praia sofreram mais AT nos últimos 12 meses. Na análise ajustada, trabalhadoras(es) com ≤29 anos apresentaram probabilidade 2,5 vezes maior de AT (RP:2,49; IC95%:1,37-4,77) em comparação a trabalhadoras(es) com ≥60 anos. Conclusões: Alta prevalência de acidentes de trabalho entre trabalhadoras(es) de praias de Salvador/BA, concentradas em membros inferiores. Trabalhadora(es) com idade ≤29 anos apresentaram maior probabilidade de sobre AT. Há necessidade urgente de intervenções para proteção de trabalhadoras(es) de praias em relação aos AT.
ANÁLISE DESCRITIVA DE ACIDENTES DE TRABALHO GRAVE NO RIO DE JANEIRO/RJ DE 2013 A 2022
Pôster
Guimarães, J.A.1, Coutinho, M.S.C.1, Reis, I.A.1, Costa, C.M.1
1 SMSRJ
Objetivos: Analisar os acidentes de trabalho graves (ATG) notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), e comparar o resultado dos casos que evoluíram para óbito, também registrados em outros bancos de dados independentes.
Métodos: Estudo epidemiológico descritivo em trabalhadores e trabalhadoras residentes no município do Rio de Janeiro (MRJ) de 16 a 65 anos notificados no SINAN de janeiro de 2013 a dezembro de 2022. Análises comparativas e estatísticas foram realizadas com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS), no caso dos óbitos, utilizando o Microsoft Excel.
Resultados: Foram notificados 4.915 casos de ATG, predominando entre homens (68%), principalmente de 20 a 39 anos. Os campos de escolaridade e raça/cor tiveram 48% e 78,4% de informações sem preenchimento, respectivamente. Os tipos e locais de ATG mais frequentes foram típicos (28,7%) e via pública (18,1%). 117 ATG (9,34%) evoluíram para óbito, contrastando com zero óbitos no SIM e 594 óbitos (0,25%) no AEPS.
Conclusões: Há necessidade de qualificar o preenchimento das fichas de notificação devido ao alto percentual de informações inválidas. A subnotificação dos óbitos é um problema crítico, impactando negativamente a formulação de políticas preventivas. A discrepância entre os dados sugere a necessidade de melhorar a integração e precisão das notificações. Recomenda-se treinamento para os responsáveis pelas notificações, maior conscientização sobre a qualidade das informações e a integração do SINAN com outros bancos de dados, como o SIM e a base previdenciária.
ANÁLISE DOS SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO ENTRE AGENTES DE ENDEMIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster
Vidal, P. J. S. R.1, Neves, A. P.1, Carvalho, L.V.B.2, Santos, M.V.C.2, Gonçalves, E. S.3, Costa-Amaral, I2, Rosa, A. C. S.2, Gomes, L.2, Larentis, A.L.1, Teixeira, L. R.1
1 Ensp/Fiocruz
2 Cesteh/Fiocruz
3 UFF
Introdução: As intoxicações por agrotóxicos são um problema de saúde pública global e, especialmente no Brasil, um dos maiores consumidores mundiais dessas substâncias. Nas campanhas de saúde pública, a aplicação de agrotóxicos é realizada por Agentes de Combate às Endemias/Guardas de Endemias (ACE), levando-os a uma exposição aguda e crônica. Objetivo: Identificar sintomas de intoxicação entre os ACE do estado do Rio de Janeiro e associá-los às condições de saúde e à exposição a agrotóxicos. Métodos: Estudo transversal com 614 trabalhadores, realizado através de questionário online, aplicado entre 08/2020 e 08/2022. Foram calculadas medidas de tendência central e de dispersão, e utilizados testes qui-quadrado, exato de Fisher e regressão logística com Intervalo de Confiança de 95% (IC 95%). Resultados: População majoritariamente masculina (68%), com medianas de idade de 54 anos (50-58 anos) e tempo de aplicação de agrotóxicos de 25 anos (15-30 anos). Identificou-se a exposição crônica a diferentes substâncias, inclusive carcinogênica e neurotóxica; 51% indicaram pelo menos dois sintomas de intoxicação após uso ou contato, sendo associados ao uso de malationa e diflubenzurom (p = 0,04; 0,03, respectivamente). Entre os trabalhadores, 75% relataram doenças diagnosticadas, e destes, 63% são doenças crônicas não transmissíveis. Destacam-se, com maiores OR, a depressão (OR=4,29; IC-95%; 2,48-7,41) e o tremor essencial (OR=3,53; IC=95%; 1,85-6,71). Conclusão: Os resultados demostram como as condições e o processo de trabalho dos ACE são nocivos à saúde, inclusive à saúde mental. Desta forma, são imprescindíveis novas práticas para o controle de endemias, que não sejam centradas em modelos químico-dependentes.
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E DE POLÍTICAS PÚBLICAS RELACIONADAS AO ADOECIMENTO DE PEDAGOGOS
Pôster
Santos, W.S.1, Reis, M.L.2, Castro, D.D.3, Ribeiro, J.C.A.2
1 Secretaria Municipal de Educação de Goiânia
2 IFG Campus Goiânia Oeste
3 Superintendência Estadual de Vigilância em Saúde de Goiás
A profissão de docência, principalmente na educação infantil, requer dos professores aptidão física e mental para enfrentamento da carga diária de trabalho, atividades realizadas além do horário de trabalho, salas superlotadas, má infraestrutura e baixa remuneração. Pesquisa descritiva analisou dados de afastamentos de pedagogos do município de Goiânia-GO de 2017 a 2019. Objetivos: identificar problemas de saúde mais frequentes que levam ao afastamento; identificar a existência de políticas públicas voltada aos pedagogos da educação infantil no período de 2012 a 2019; analisar o perfil dos afastamentos da categoria à luz das políticas públicas identificadas. Os resultados apontam que do total de 24.260 licenças concedidas no período para todos os servidores públicos da Prefeitura de Goiânia-GO, 86% (21.081) eram referentes exclusivamente aos servidores da Secretaria de Educação, destas 19,4% (4.094) estão relacionadas a licenças acima de dois dias de profissionais de pedagogia. Principais agravos: transtornos mentais/psicológicos (32,1%), osteomusculares (18,5%) e doenças infectocontagiosas (10%); os distúrbios da voz representam 1%. Não foram identificadas políticas públicas que façam frente às condições de trabalho que exercem forte influência sobre o adoecimento docente. Algumas iniciativas do Legislativo com vistas à atenção à saúde dos trabalhadores docentes foram consideradas inconstitucionais e tornadas sem efeito por Ação Direta de Inconstitucionalidade promovida pelo chefe do Executivo. Fica evidente a necessidade de aprofundamento nos dados disponíveis sobre as especificidades do adoecimento docente e pesquisas que dêem voz aos trabalhadores para subsidiar a elaboração e execução de Políticas Públicas que promovam melhores condições de vida e trabalho.
ASSOCIAÇÃO ENTRE QUALIDADE DO SONO E SOBRECARGA DO CUIDADO DE CUIDADORES DE IDOSOS
Pôster
Costa, P. A.1, Araújo, M. F. S.2, Silva, M. E. W. B.3, Nogueira, M. F.3, Barbosa, I. R.2, Souza, J. C.4
1 FACISA/UFRN
2 UFRN
3 UFCG
4 FACISA/ UFRN
OBJETIVO: Avaliar a relação entre qualidade do sono e sobrecarga do cuidado de cuidadores de idosos. MÉTODOS: estudo transversal e analítico realizado com 73 participantes em um município de pequeno porte no interior da Paraíba (amostra representativa calculada a nível regional). A coleta de dados ocorreu de maneira sistemática e aleatória, entre abril e maio de 2023, utilizando os instrumentos: questionário sociodemográfico e ocupacional; Inventário de Sobrecarga de Zarit e o Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh. RESULTADOS: O sexo feminino foi prevalente na amostra (87,7%), com idade média de 46 anos, trabalhadoras do lar (21,9%), alfabetizadas (86,3 %) e residentes da zona urbana (72,6%). Foi observada uma predominância do cuidador informal-familiar (93,2%), sendo a maioria filhos (61,6%), seguidos de nora/genro (9,6%) e outros arranjos familiares (11%). Na análise da sobrecarga do cuidado, 67,1% dos participantes demonstram algum grau de sobrecarga (21,9% moderada, 39,7% moderada à severa e 5,5% severa) e metade da amostra (47,9%) apresentou má qualidade do sono. Além disso, a má qualidade de sono foi relacionada aos piores níveis de sobrecarga (ρ =0,727; p-valor < 0,0001). CONCLUSÕES: Evidenciou-se que a função de cuidadores de idosos ainda é exercida em sua grande maioria informalmente por mulheres (no interior da Paraíba) e que a qualidade de sono pode impactar diretamente suas atividades pessoais e sobrecarga do cuidado prestado.
AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO DAS VIGILÂNCIAS EM SAÚDE DO TRABALHADOR MUNICIPAIS NO ESPÍRITO SANTO.
Pôster
Mourão, D. S.1, Silva, T. V. D.2, Bastos, R. F.2, Santana, L. G.2
1 ICEPi/SESA-ES
2 NEVISAT/SESA-ES
Objetivo: Avaliar a atuação das vigilâncias em saúde do trabalhador municipais, de acordo com as orientações da Nota Informativa do Espírito Santo. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal do tipo descritivo com dados primários. O estudo foi conduzido no período de março a junho de 2023, por meio de questionário on line para os 78 municípios do Espírito Santo. As perguntas foram elaboradas com base nas atribuições das vigilâncias em saúde do trabalhado orientadas pela Nota informativa Nº 01 de 2021 da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Resultados: O questionário foi respondido por 44 (56%) dos municípios do estado. Destes, apenas 9% dos municípios tiveram metas de saúde do trabalhador no Plano Municipal de Saúde e no Programa Anual de Saúde. As principais articulações foram com os setores da Atenção Primária em Saúde (66%), da Vigilância Epidemiológica (61%) e da Vigilância Sanitária (50%) e as menores foram com os sindicatos ou outras formas de organização de trabalhadores (18%) e o ministério público (16%). O percentual de municípios que qualificam as notificações de doenças e agravos relacionados ao trabalho e que realizam inspeções em ambiente de trabalho foi de 84% e de 27%, respectivamente. Ações como divulgação sistemática de informação, participação da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, e de prática de educação permanente foi relatada por 18%, 9% e 11% dos municípios, respectivamente. Conclusão: O estudo aponta a necessidade da capacitação continuada dos profissionais de vigilância em saúde do trabalhador no Espírito Santo.
AVALIAÇÃO DA FADIGA MENTAL EM PILOTOS DE CAÇA DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
Pôster
Ferreira, D.M.1, Peleteiro, P.M.S.1, Ferreira, D.B.1
1 UNIFA
Objetivo:avaliar a fadiga mental em pilotos de caça de alta performance da Força Aérea Brasileira (FAB) e identificar o perfil dessa população. Métodos: a população de estudo foi composta por pilotos de caça de 3 esquadrões (RJ, RS e GO), no período entre 2022 e 2023. Foram da aplicados instrumentos para avaliação de dados sociodemográficos e para a avaliação de estresse (DASS-21), fadiga mental (Escala de Sentimento de Fadiga de Yoshitake-ESF), qualidade de vida (WHOQOL BREF) e atividade física (IPAQ-curto). A análise estatística consistiu na utilização de medidas de tendência central e de dispersão para as variáveis contínuas e medidas de frequências simples para as variáveis categóricas.Os dados estatísticos foram analisados com o software SPSS versão 25.0. Resultados:foram avaliados 58 pilotos do sexo masculino, idade média de 33,79 anos (±3,38), 81% casados, 91,4% não fumantes, com média de 16,36 anos (±3,65) de serviço. Os escores apontaram que nenhum dos pilotos apresentava níveis elevados de estresse e 37,3% dos pilotos mostravam-se muito ativos fisicamente. A avaliação da qualidade de vida evidenciou que 93,1% dos pilotos estavam satisfeitos. A aplicação ESF não apresentou escores superiores ao ponto de corte 7, utilizado como referência. Contudo, quando avaliadas as pontuações dentro de cada domínio, verificou-se que 03 pilotos (5,2%) apresentaram pontuação maior ou igual a 7, podendo indicar alteração.Conclusão:os pilotos de caça estão sujeitos ao risco de fadiga mental e a compreensão dos fatores relacionados a ela são de suma importância para o planejamento de estratégias de gerenciamento de risco de fadiga nessa população.
CANCER RELACIONADO AO TRABALHO NO ESTADO DE SÃO PAULO NOS ANOS DE 2007 A 2023
Pôster
Castro,A.A.F1, Giacometti,E.A1, Silva,N.H.1, Souza,J.V.S.1, Wandscheer,L.S.1, Vicente,H.R.1, Bastos,T.F.1, Melo,M.C.1, Santos,G.A.A.1
1 São Leopoldo Mandic Araras
Objetivos: Descrever os casos de câncer relacionado ao trabalho entre os anos de 2007 a 2023 no estado de São Paulo segundo variáveis demográficas e socioeconômicas. Métodos: Estudo ecológico com dados de notificação de casos de cancer relacionado ao trabalho, extraídos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) com análise de variáveis como ano de notificacao, sexo, faixa etária, raça, escolaridade, fumo e situação no mercado de trabalho utilizando o software Excel para cálculos de proporções e coeficientes de incidência. Resultados:Dados indicam uma predominância de câncer relacionado ao trabalho entre homens (75,1%). Os trabalhadores mais velhos, especialmente entre 60 a 69 anos, representam 30,3% dos casos.Quanto à raça/cor, 65,8% dos casos são entre brancos, com minorias também afetadas. Encontrou-se maior frequência de casos entre trabalhadores de escolaridade inferior ao ensino médio. Com relação à exposição ao tabagismo, a maioria dos casos se concentrou entre os não fumantes (35,2%).Ressaltam-se elevadas proporções de ignorados e brancos nas variáveis analisadas.Verificou-se um aumento da taxa de incidência entre os anos analisados, com picos nos anos de 2019 (1,79/1 milhão) e 2022 (2,19/1 milhão). Conclusões: Apesar da baixa taxa de incidência, o câncer traz grandes impactos em termos de saúde pública e para o indivíduo. Observou-se um aumento das taxas no período analisado evidenciando uma preocupação significativa em São Paulo, necessitando de políticas mais robustas de prevenção e cuidado, especialmente entre trabalhadores mais jovens e com maior exposição ocupacional a agentes carcinogênicos nos ambientes de trabalho.
CARACTERIZAÇÃO DA COVID-19 EM MÉDICOS NO BRASIL (2020-23): UM ESTUDO ECOLÓGICO
Pôster
Pinho, D. X.1, Souza, F. S.1, Figueiredo, F. G.1, Araújo, L. M. F.1, Mota, A. M. A.1, Palma, T. F.1
1 UNEX
Objetivo: Analisar a distribuição da COVID-19 em médicos no Brasil (2020-23), sua caracterização sociodemográfica, tendência temporal e desfecho dos casos. Método: Estudo ecológico, analítico, com dados provenientes do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), com foco nos casos de COVID-19 (CID-B34), em médicos. Foram calculadas a prevalência do evento, por extratos, sua taxa por especialidade e Variação Percentual Proporcional-VPP. Utilizou-se o CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) para cálculo das taxas. Resultados: No período, foram registrados 5.742 casos em médicos, no Brasil, com queda gradativa ano-a-ano (VPP2020-22= -33,0%), com maior amplitude após vacinação (VPP22-23= -85,5%). A especialidade médica com maior número de notificações foi a clínica geral (61,6%), seguidos por pediatria (5,6%) e médicos residentes (4,3%). Quando observadas as taxas, médicos da Estratégia da Saúde da Família despontam (15,4/1.000), seguidos por Cardiologistas (13,1/1.000), Clínicos (10,3/1.000) e Intensivistas (9,0/1.000). Do total, 53,4% eram jovens (20 a 39 anos). A região Nordeste concentrou 30,5% das infecções, no entanto, os estados com maiores registros estavam na região sul: Paraná (22,3%) e o Rio Grande do Sul (12,0%). Curitiba (22,3%) foi o município com mais notificações, seguido de Recife (8,9%). Ocorreram 77 óbitos e 889 profissionais evoluíram a incapacidade temporária e permanente. Apenas 16,4% apresentou emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho-CAT. Conclusão: A subnotificação é problema proeminente nos sistemas de informação, com destaque para a COVID-19. Tal fato mascara a pulsante necessidade de políticas de proteção aos trabalhadores da saúde que, mesmo em situações análogas à pandemia, permaneceram desassistidos.
CARACTERIZAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DE CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO, SRS/JF- MG, 2019-2023.
Pôster
Dutra, L.S.1, Araujo, S. S.2, Souza, A.P.2, Loureiro, M.A.D.D.2
1 Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais
2 CEREST - Juiz de Fora
Resumo: O câncer relacionado ao trabalho (CRT) é decorrente da exposição aos fatores, agentes e situações de risco presentes nos ambientes e processos de trabalho. Estima-se que 30% dos tipos de câncer estão relacionados à fatores ambientais, o que inclui a ocupação.
Objetivos: o objetivo desta pesquisa foi caracterizar os cânceres relacionados ao trabalho notificados pelas unidades de saúde da área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS/JF) - MG, no período de 2019 a 2023.
Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, transversal, realizado com dados secundários de câncer relacionados ao trabalho, obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram avaliados a prevalência e associação de variáveis sociodemográficas e ocupacionais, identificando-se o nexo epidemiológico entre a atividade ocupacional e o tipo de câncer diagnosticado. Foi utilizado o teste qui-quadrado (χ2) de Pearson, considerando dados categóricos para avaliar as variáveis sociodemográficas associadas ao CID-10.
Resultados: Os tipos de câncer mais prevalentes foram: Linfoma não-Hodgkin (13,75%), Leucemia (11,25%) e Outras neoplasias malignas da pele (20%), com prevalência majoritária em “Trabalhadares na exploração agropecuária”, que possuem 10,12 e 6,14 vezes mais chances de apresentar câncer do tipo Linfoma não-Hodgkin/Leucemia e Outras neoplasias malignas da pele, respectivamente (OR 10,12 IC95%: 0,29-3,42) (OR 6,14 IC95%: 0,28-3,47). Deste grupo de trabalhadores, 88,9% foi exposto a agrotóxicos.
Conclusão: Foi verificada evidência sobre a exposição a fatores de risco com agrotóxicos e as ocupações relacionadas a “Trabalhadares na exploração agropecuária”, caracterizando o nexo epidemiológico com o trabalho.
CÂNCER DE PELE NÃO MELANOMA RELACIONADO AO TRABALHO: SUBNOTIFICAÇÃO NO SINAN
Pôster
Santos, P. T. S.1, Castro, T. G. M.1, Santos, J. D. P.1
1 Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico dos casos de Câncer de Pele Não Melanoma (CPNM) relacionado ao trabalho no município de Belo Horizonte, no período de 2013 a 2023.
Metodologia: Estudo de dados secundários a partir das fichas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de Câncer Relacionado ao Trabalho do município de Belo Horizonte. Foram analisadas as fichas com diagnóstico de CPNM. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde, disponibilizados ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), local de trabalho das autoras. Os dados foram extraídos de acordo com as variáveis de interesse selecionadas nas fichas do SINAN e foi realizada análise descritiva por meio do programa Excel.
Resultados: 79 notificações de CPNM relacionadas ao trabalho foram identificadas com exposição a algum agente causador no ambiente laboral. A frequência maior foi do sexo masculino (94,9%), de raça/cor brancos e pardos (89%), trabalhador informal (79,75%), expostos ao tabaco (48%), ocupação de maior ocorrência em pedreiro (24,05%). Do total, 72 notificações foram realizadas pelos CERESTs do município.
Conclusão: A análise das informações obtidas no SINAN permitiu traçar um perfil dos casos registrados no município de Belo Horizonte. Foi identificado que há subnotificação dos casos de CPNM relacionados ao trabalho, revelando poucos registros pelos profissionais de ambulatórios especializados e hospitais que tratam este tipo de condição.
COMPROMETIMENTO EXCESSIVO COM O TRABALHO E QUEIXAS DE DOENÇAS MENTAIS ENTRE MÉDICOS
Pôster
Roviello VD1, Ogata AJN2, Demarch RB3, Silva-Junior JS1
1 Centro Universitário São Camilo
2 Fundação Getúlio Vargas
3 Hospital Israelita Albert Einstein
Objetivo: Este estudo visa analisar os fatores psicossociais associados aos sintomas de doenças mentais entre médicos que trabalham em serviços de saúde ocupacional. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com 436 médicos no Brasil, entre outubro e dezembro de 2020. Os participantes preencheram um questionário que abrangia características sociodemográficas, aspectos ocupacionais e avaliações de saúde mental utilizando o DASS-21 e o questionário do desequilíbrio esforço-recompensa. Análises por meio de modelos de regressão logística foram realizadas para determinar a associação entre os sintomas de doença mental e as variáveis independentes. Resultados: A amostra incluiu 57,7% de médicas com idade média de 46,3 anos e 42,3% de médicos com idade média de 53,8 anos. O alto comprometimento excessivo foi relatado por 25,8% dos homens e 34,1% das mulheres. Sintomas depressivos foram relatados por 48,6% das mulheres e 41,7% dos homens. Sintomas de ansiedade foram relatados por 36,5% das mulheres e 31,3% dos homens. Sintomas de estresse foram relatados por 54,2% das mulheres e 42,3% dos homens. O alto comprometimento excessivo foi significativamente associado a uma maior probabilidade de sintomas graves de depressão, ansiedade e estresse em ambos os sexos. Conclusões: O estudo destaca uma alta prevalência de queixas de sofrimento mental entre médicos de serviços de saúde ocupacional, exacerbada pelo comprometimento excessivo com o trabalho. Esses achados ressaltam a necessidade de intervenções direcionadas para melhorar a saúde emocional desses profissionais, abordando fatores individuais, organizacionais e de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
CONDIÇÕES DE TRABALHO E REPERCUSSÕES NA SAÚDE DO PROFISSIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA
Pôster
Lima, P.S.L.P.1, Peres, F.1, Silva, C.M.F.P1
1 Fiocruz
Objetivos: O estudo objetiva analisar as condições de trabalho e riscos mais prevalentes na atuação do profissional de Medicina Veterinária no Brasil, destacando o papel da Vigilância em Saúde do Trabalhador para a prevenção de agravos e promoção da saúde desses profissionais.
Métodos: Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, baseado em triangulação metodológica envolvendo revisão narrativa da literatura nacional e análise descritiva do banco de dados sobre acidentes de trabalho com Médicos Veterinários extraído no Sinan, no período entre os anos de 2013-2023.
Resultados: Os resultados revelam que os profissionais de Medicina Veterinária estão sujeitos a diferentes riscos, sendo os biológicos e físicos os mais prevalentes. A maior frequência dos agravos são identificados entre as mulheres, com 50,6%. A média de idade é de 35 anos, sendo a raça branca mais acometida, com 70,2%. Quanto aos acidentes de trabalho, 28,6% são causados por mordedura ou golpe provocado por animais. Apesar dos riscos evidenciados no levantamento de dados, estes profissionais não estão contemplados entre os grupos prioritários de programas e ações de vigilância em saúde do trabalhador, cuja abordagem preventiva poderia contribuir para a antecipação de riscos e mitigação de danos relacionados à atividade profissional.
Conclusões: Os resultados apontam tanto para a existência de um quadro de subnotificações de acidentes e agravos relacionados à atuação do profissional de Medicina Veterinária, assim como são escassos os programas e ações de vigilância em saúde do trabalhador voltados para esses profissionais, demandando esforços programáticos para a melhoria das condições de trabalho e vida desses profissionais.
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS EM TRABALHADORES E A RELAÇÃO COM SEXO E FAIXA ETÁRIA
Pôster
Costa, M. B.1, Cordeiro, L. L.1, Monteiro, Y. C.2, Anjos, S. M.2, Batista, D. R. O.2, Nogueira, S. M.1, Silva, P. R.2, Noll, M.2
1 Universidade Evangélica de Goiás, Campus Ceres, Goiás, Brasil
2 Instituto Federal Goiano, Goiás, Brasil
Objetivo: Avaliar a ingestão de alimentos ultraprocessados entre os trabalhadores do Vale do São Patrício, em Goiás, comparando os dados entre sexo e faixa etária dos participantes. Método: Trata-se de um estudo transversal quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o número 6.436.246. Para a avaliação das questões alimentares, foram utilizados blocos do questionário PeNSE. A análise dos dados foi realizada utilizando o teste t-independente e Q2 para comparação entre as variáveis. Resultados: Obteve-se amostra de 488 participantes, provenientes de diversas categorias e setores, em rede pública e privada, dos quais 60,6% eram do sexo feminino. O consumo regular (5 a 7 dias por semana) de refrigerantes foi de 15,2% entre a população estudada, com 19,9% entre os homens e 12,1% entre as mulheres (p<0,05). Em contrapartida, 20% da população estudada relataram consumir guloseimas regularmente, com as mulheres apresentando um índice mais elevado desse consumo (p<0,001). A média de idade dos consumidores regulares de guloseimas foi de 32 anos (±11,47), e o consumo diminuiu com o aumento da idade (p<0,001). Conclusão: Os resultados do presente estudo indicam a necessidade de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde no ambiente de trabalho, além de subsidiar novos estudos voltados para a avaliação da qualidade alimentícia de trabalhadores, especialmente em mulheres e faixa etária mais jovem. Uma vez que a ingestão de alimentos ultraprocessados têm sido associada a uma dieta pouco saudável e está relacionado a diversas patologias.
ENTRE A PRÁTICA E O PRESCRITO EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR NA MINERAÇÃO
Pôster
Rocha, M. P.1, Nery, A. A.2, Alves, M. S.3
1 SESAB
2 UESB
3 UESC
Objetivo: reconhecer a atuação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no setor da mineração. Métodos: pesquisa com abordagem qualitativa, realizada em uma Macrorregião de Saúde do estado da Bahia, Brasil, com muitos empreendimentos mineradores formais e informais, como pedreiras, garimpos e mineração de ferro, magnesita, talco e urânio. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com representantes da vigilância, movimentos sociais, trabalhadores da mineração e sindicalistas, submetidas à análise de conteúdo temática. Resultados: a vigilância realiza ações pontuais, como investigação de óbitos, em geral para atender denúncias. A fragilidade da atuação se dá por conta de questões, como: não priorização das ações no planejamento, a exemplo de inspeções e educação em saúde; estrutura inadequada da vigilância; e forma de organização das práticas, ainda não incorporadas na rede de saúde, e sem a participação dos trabalhadores e população. A vigilância não atua totalmente em consonância com o preconizado pelo Sistema Único de Saúde. Conclusões: a pesquisa aponta o (re) conhecimento das práticas de vigilância instituídas e caminhos para superação dos desafios do fazer, a partir da conjugação de esforços do Estado, controle social e trabalhadores, por meio de estratégias, como o diálogo, com vistas à construção de um plano de ação integrado para a efetivação da Vigilância em Saúde do Trabalhador.
ESTRESSE OCUPACIONAL MODIFICA A RELAÇÃO ENTRE TRABALHO NOTURNO E OBESIDADE ABDOMINAL?
Pôster
Arruda, H.C.1, Garcez, A.S.2, Kohl, I.S.1, Silva, J.C.3, Paniz, V.M.V3, Olinto, M.T.A.1
1 UFRGS
2 UFCSPA
3 UNISINOS
Objetivos: Investigar a relação entre o trabalho noturno, estresse ocupacional e obesidade abdominal em mulheres trabalhadoras no Sul do Brasil.
Métodos: Comparação entre dois estudos transversais (2017 n= 397; 2022 n= 400) com amostras independentes de mulheres trabalhadoras de um mesmo grupo empresarial. Foram incluídas mulheres acima de 18 anos, trabalhando em turnos fixos. Gestantes, puérperas e trabalhadoras recém-admitidas (menos de três meses) foram excluídas. O estresse ocupacional foi avaliado pela Job Stress Scale. A obesidade abdominal foi classificada a partir da média de duas aferições da circunferência da cintura (≥ 88 cm). A relação entre o trabalho noturno e a obesidade abdominal foi avaliada pela regressão de Poisson, e o efeito modificador do estresse ocupacional pelo teste de Mantel-Haenszel. Ambos estudos receberam parecer ético favorável: Parecer nº 2057810 e Parecer nº 5681627.
Resultados: As probabilidades de obesidade abdominal foram 43% e 18% nas trabalhadoras noturnas em comparação ao diurno em 2017 e 2022, respectivamente. Estratificando pelo estresse ocupacional, o efeito do turno noturno sobre a obesidade abdominal permanece apenas nas trabalhadoras com estresse ocupacional (2017: RP=2,34; IC 95%: 1,49–3,68; p<0,001 e 2022: RP=1,92; IC 95%: 1,12–3,29; p=0,017). Entre mulheres sem estresse ocupacional, não houve associação significativa entre turno de trabalho e obesidade abdominal.
Conclusões: Os achados demonstram a relação entre o estresse ocupacional, trabalho noturno e obesidade abdominal, com o estresse sendo modificador de efeito. destaca-se a necessidade do apoio social e psicológico no âmbito ocupacional visando mitigar a obesidade abdominal em mulheres trabalhadoras noturnas.
ESTRESSORES OCOPACIONAIS E ADOECIMENTO MENTAL EM TRABALHADORES DA SAÚDE INVISIBILIZADOS
Pôster
Maturino, M. M.1, Sousa, C. C.2, Araújo, T. M.1
1 UEFS
2 HUPES-UFBA
Objetivo: Avaliar associação entre estressores ocupacionais e transtornos mentais comuns (TMC), entre trabalhadores e trabalhadoras invisíveis da saúde, no contexto da pandemia de Covid-19. Métodos: Estudo transversal com amostra probabilística de 1014 trabalhadores/as da saúde de três municípios baianos. Os TMC foram avaliados pelo SRQ-20. A escala Desequilíbrio Esforço-Recompensa (DER) e o Modelo Demanda-Controle avaliaram os estressores ocupacionais. Análise descritiva, bivariada e múltipla para avaliar associação entre as variáveis de interesse. Resultados: A prevalência global de TMC foi de 39,9%, sendo mais elevada entre os ACS/ACE (47,2%), seguidos pelo pessoal da gestão e vigilância (38,6%), técnicos (35,4%) e pessoal de apoio/ conservação/limpeza (29,9%). A associação entre estressores ocupacionais e TMC variou entre as ocupações: 1. Comprometimento excessivo com o trabalho (CET), desequilíbrio esforço-recompensa (DER) e demanda psicológica associaram-se aos TMC entre trabalhadores de apoio/conservação/limpeza; 2.CET e DER permaneceram nos modelos finais entre ACS-ACE; 3.CET, DER e baixo controle sobre o trabalho associaram-se aos TMC entre os técnicos; 4. Entre trabalhadores de gestão e vigilância, apenas o DER permaneceu associado aos TMC. Conclusão: Estressores ocupacionais tiveram papel relevante no adoecimento mental, com variação entre os estratos de ocupação, demandando atenção, acompanhamento e controle.
ESTRESSORES OCUPACIONAIS E ADOECIMENTO MENTAL: INTERSECÇÃO DE GÊNERO, RAÇA E CLASSE
Pôster
Sousa, C. C.1, Maturino, M. M.2, Araújo, T. M.2
1 HUPES-UFBA
2 UEFS
Análises interseccionais contribuem para melhor compreensão dos processos saúde-doença, aproximando-se da complexidade da dinâmica dos fenômenos em populações. Objetivo. Avaliar a associação entre estressores ocupacionais e transtornos mentais comuns (TMC), considerando determinantes de gênero, da raça e de classe. Métodos. Estudo transversal com amostra aleatória de 3343 trabalhadores(as) da saúde. A escala Effort-Reward Imbalance (ERI) mensurou os estressores ocupacionais, exposição principal. Os TMC (desfecho), foram avaliados pelo Self-Reporting Questionaire (SRQ-20). Avaliou-se o papel de gênero, da raça e de determinantes da classe (escolaridade e renda) na relação estressores-TMC. A análise empregou modelagem de equações estruturais. Resultados. Os estressores ocupacionais associarem-se diretamente ao adoecimento mental e mediaram a relação do gênero, da raça e dos indicadores de classe com TMC. Gênero e raça mostraram-se dimensões-chave da estratificação social dos(as) trabalhadores(as) da saúde, associando-se diretamente aos aspectos indicativos de classe social - escolaridade e à renda. Gênero, raça e classe associaram-se a situações de trabalho estressante e ao adoecimento mental por caminhos diretos e indiretos. Conclusão. Os resultados evidenciaram a relevância da análise conjunta de gênero, raça e classe para a compreensão da desigualdade nas relações de trabalho-estressores-adoecimento mental na população trabalhadora.
EXPOSIÇÃO MÚLTIPLA EM AGENTES DE COMBATE AS ENDEMIAS: USO DE REDE DE INTERAÇÃO BIOLÓGICA
Pôster
Santos, M.V.1, Silveira, G.2, Neves, A.P2, Vidal, P.2, Teiceira, L.R.1, Leites, A.L.1
1 Fiocruz
2 ENSP
Objetivo: Este estudo evidencia como as doenças complexas estão associadas aos efeitos de múltiplos genes, proteínas e vias biológicas. Para isso utilizou-se as ferramentas da Medicina em Rede para explorar a complexidade molecular de uma doença ou exposição, identificando módulos e vias de correlação, para compreender como as exposições afetam a função das células e os mecanismos envolvidos. Metodologia: Dados provem de três metodologias de avaliação com foco na exposição nas bases da GeneMANIA, STRING e CTD database, nas quais foram selecionados genes diferencialmente expressos para exposição ao benzeno, a malationa e dados de agrotóxicos utilizados. A população do estudo foram os Agentes de Combate as Endemia estado do Rio de Janeiro. A construção das redes de interação foi realizada exportando os dados para o Cytoscape. Para cálculo das propriedades topológicas utilizou-se MCODE, BiNGO e CentiScaPe. Resultados: Uma rede Benzeno composta por 114 genes e 2.415 interações foi obtida. Os nós mais interligados foram identificados como: IL-8, KLF6, KLF4, JUN, SERTAD1. Na rede Malationa, composta por 67 proteínas e 134 interações, HRAS e STAT3 foram os nós mais interligados. A partir dos 21 agrotóxicos utilizados pelos ACE foi gerada uma rede de exposição múltipla químico-gene-doença, contendo dados das doenças causadas por múltiplos químicos, alterações genéticas devido a múltipla exposição e doenças causadas por essas alterações Conclusão: A análise em rede, combinada com dados de alto rendimento, permite verificar os processos biológicos abrangentes e cumulativo para ações de monitorização e prevenção de doenças relacionados a exposição aos produtos químicos.
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A AGROTÓXICOS AFETA IMUNIDADE DE AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS
Pôster
Pereira, C.D.1, Vellozo, N.2, Cabral, Y.1, Lyra, V.3, Santos, T.1, De Carvalho L.V.B.4, Gonçalves, E.S.4, Silva, A.P.N.4, Dos Santos, M.V.C4, Vidal, P.J.S.R4, Teixeira, L.R.4, Gomes, L.4, Rosa, A.C.S.4, Da Silva, M.R.4, Poça, K.1, Sarpa, M.1, Larentis, A.L.4, Guillermo, L.V.C.3
1 INCA
2 UFRJ
3 UNIRIO
4 Fiocruz
O objetivo do estudo é avaliar os efeitos à saúde dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) decorrentes da exposição ocupacional a agrotóxicos no município do Rio de Janeiro. A metodologia consiste em um estudo epidemiológico transversal com coleta de sangue e aplicação de questionários on-line auto aplicados, contendo 127 ACE, estratificados em atualmente expostos e temporariamente afastados, e 67 trabalhadores urbanos que não são expostos ocupacionalmente. Para análise imunológica foi realizada cultura de células mononucleares (PBMC) para avaliação da proliferação celular, dosagem de óxido nítrico pelo método de Griess e quantificação de citocinas por citometria de fluxo. Os dados indicam que 75% dos trabalhadores apresentam sintomas após manipulação de agrotóxicos, 31% não recebem treinamento quanto a utilização e perigos relacionados ao uso, 47% declara que o treinamento não foi suficiente e 88% que a pele entra em contato com a substância durante a aplicação. A porcentagem de PBMC nos ACE foi significativamente menor no grupo afastado quando comparado com trabalhadores urbanos. A concentração de óxido nítrico foi menor nos grupos expostos quando comparados com o não exposto. A citocina IL-17 apresentou aumento significativo em ambos os grupos com contato com agrotóxicos quando comparados com trabalhadores que não são expostos ocupacionalmente, enquanto IL-10 teve um aumento significativo nos trabalhadores afastados quando comparados com os sem exposição. Dessa forma, é possível observar que existem alterações no sistema imune dos ACE, possivelmente associadas à exposição ocupacional a agrotóxicos, mostrando a necessidade de monitorização da saúde desses trabalhadores que cuidam da saúde pública.
EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS E CÂNCER DE TIREOIDE: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO BRASIL 2019.
Pôster
Iwamoto, D.C.1, Buralli, R. J.2, Meyer, A.1
1 UFRJ
2 USP
Objetivo: Investigar a associação entre a exposição ocupacional a substâncias químicas e radiação e o câncer de tireoide (CA tireoide) na população adulta brasileira. Métodos: Neste estudo transversal, informações autorreferidas sobre exposição ocupacional a substâncias químicas específicas (agrotóxicos, gasolina, diesel, formol, chumbo, mercúrio, cromo, quimioterápicos etc.), radiação e CA tireoide foram coletadas da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. A associação entre o CA tireoide e covariáveis sociodemográficas (idade, sexo, raça, educação e tabagismo) foram estimadas por regressão logística simples, enquanto que a associação com a exposição ocupacional a substâncias química, radiação, ou ambas foi estimada através de regressão logística multivariada, ajustando pelas variáveis socioeconômicas. Resultados: O CA tireoide foi mais prevalente entre indivíduos mais velhos, mulheres, brancos, e com maior escolaridade. Participantes que autorreferiram CA tireoide apresentaram maior chance de exposições químicas (OR: 2,63; IC95%: 1,34 - 5,14) e radiológicas (OR: 6,44; IC95%: 2,72 - 15,24). Já a exposição ocupacional a ambos os fatores apresentou magnitude de associação ainda maior (OR: 9,90; IC95%: 3,86 - 25,36). Conclusão: A incidência de CA tireoide vem aumentando no Brasil. Nossos resultados sugerem que a exposição ocupacional a produtos químicos e à radiação no Brasil pode estar relacionada com o aumento do risco de CA tireoide. Essa associação precisa ser melhor investigada em estudos futuros.
FATORES ASSOCIADOS À INSATISFAÇÃO NO TRABALHO EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA.
Pôster
BRAVO, D.S1, GONÇALVES, S.G1, Rodrigues, R1, Mesas, A.E1, NC2, NC2, NC2
1 Universidade Estadual de Londrina
2 NC
Introdução: O trabalho do agente de segurança penitenciária (ASP), no interior do cárcere, caracteriza-se pela presença de acontecimentos inesperados e por atividades laborativas desenvolvidas em contínuo alerta, podendo desencadear prejuízos à saúde do trabalhador, bem como acarretar a insatisfação no trabalho (IT). Objetivo: Analisar os fatores ocupacionais relacionados à IT em ASP. Métodos: Estudo transversal, realizado com ASP de quatro unidades prisionais do interior do estado de São Paulo, durante o período de janeiro a agosto de 2019. Obteve-se variáveis sociodemográficas, ocupacionais, de estilo de vida e saúde. Para mensurar a insatisfação no trabalho, utilizou-se questões do instrumento de satisfação no trabalho Occupational Stress Indicator (OSI), empregando o percentil 75 para menor satisfação (≥78 pontos). Resultados: A população constituída por 301 ASP, com frequência de IT de 27,2%. Verificou-se que a IT entre os ASP se associou com pior percepção sobre as condições de trabalho (OR: 3,19; IC95%: 1,64 - 6,20; p < 0,001), ter sofrido insulto (OR: 2,38; IC95%: 1,27 - 4,47; p = 0,007), assédio moral (OR: 4,18; IC95%: 1,61 - 10,86; p = 0,003) nos últimos 12 meses e pensar de mudar de profissão (OR: 2,41; IC95%: 1,20 - 4,83; p = 0,013). Conclusão: Embora não seja possível afirmar causalidade entre as variáveis, supõem-se que as condições do ambiente de trabalho e a violência sofrida sejam fatores causadores da IT, ao passo que pensar em mudar de profissão seja resultado da IT.
FATORES ASSOCIADOS ÀS CONDIÇÕES DE TRABALHO E TMC EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA
Pôster
BRAVO, D.S1, GONÇALVES, S.G1, GIROTTO, E.1, González, A.D.1, Melanda, F.N2, Rodrigues, R1, Mesas, A.E1
1 Universidade Estadual de Londrina
2 Universidade Federal do Mato Grosso
Introdução: O trabalho do agente de segurança penitenciária (ASP) se destaca pelas situações vivenciadas diariamente na rotina do cárcere e pela iminência das situações de perigo, o que pode suscitar prejuízos à sua saúde mental. Objetivo: Analisar os fatores associados às condições de trabalho associadas aos transtornos mentais comuns (TMC) em ASP. Metodologia: Estudo transversal, realizado com ASP de quatro unidades prisionais do interior do estado de São Paulo, de janeiro a agosto de 2019. Foram obtidas variáveis sociodemográficas, ocupacionais, de estilo de vida e saúde. Para mensurar a presença de TMC, foi utilizado o instrumento Self Reporting Questionnaire (SRQ-20). A associação entre as variáveis foi verificada por meio de regressão binária logística, ajustada por fatores de confusão, para obtenção da odds ratio (OR) e intervalo de confiança (IC) a 95%. Resultados. A população de análise foi constituída por 331 ASP, com frequência de TMC de 33,5%. A presença de TMC entre os ASP se associou com a pior percepção sobre as condições de trabalho (OR: 2,67; IC95%: 1,19 - 6,05; p = 0,018), ter sofrido insulto (OR: 4,07; IC95%: 1,76 - 9,41; p < 0,001) e assédio moral (OR: 8,01; IC95%: 2,42 - 26,52; p < 0,001), nos últimos 12 meses. Conclusão: O TMC apresentou associação com diversas condições de trabalho, tais como piores condições do ambiente no interior do cárcere e a ocorrência de violência psicológica.
FATORES PSICOSSOCIAIS NO TRABALHO INFORMAL: ANÁLISE DE CLASSE LATENTE
Pôster
Souza, S. F.1, Araújo, T. M.2, Werneck, L. G.3, Campos, A. C. P.4
1 DINTER- UFRJ/UFBA
2 UEFS
3 UFRJ
4 IME- UFBA
Objetivo:
Este estudo objetiva identificar características psicossociais do trabalho em subgrupos de trabalhadores/as informais.
Método:
Estudo transversal incluiu amostra, aleatoriamente selecionada, de 1.111 trabalhadores/as informais residentes em zona urbana de cidade brasileira de grande porte. Os fatores psicossociais do trabalho foram mensurados pelo Job Content Questionnaire (JCQ). Análise de classe latente (ACL) foi utilizada para classificar subgrupos de trabalhadores informais com padrões semelhantes de respostas às variáveis investigadas.
Resultados:
A maioria dos/as trabalhadores/as referiu raça/cor negra, idade de 20 a 50 anos e renda mensal até R$ 1000,00. Um modelo de 5 classes resultou em melhor ajuste. As classes foram caracterizadas em quatro situações de trabalho (controle do trabalho, demanda psicológica, apoio social e demanda física) e no resultado da relação demanda/controle (resultando nas
situações de trabalho: ativo, passivo, de alta exigência e de baixa exigência). Alto controle sobre o trabalho se apresentou em 4 das 5 classes. Alta demanda psicológica e alta demanda física foram observadas nas classes 3 e 5 e o suporte social dos colegas esteve presente em todos os subgrupos. Não apareceu situação de trabalho de alta exigência (baixo controle e alta demanda). Trabalhos ativo, passivo e de baixa exigência se distribuíram entre as classes.
Conclusões:
No trabalho informal há subgrupos heterogêneos, mas características comuns como níveis de controle sobre o próprio trabalho e apoio social de colegas. O uso da ACL permitiu identificar aspectos psicossociais do trabalho em subgrupos latentes, formados por indivíduos que se agrupam em torno de um conjunto de características em comum.
GUARDAS DE ENDEMIAS EXPOSTOS A INSETICIDAS APRESENTAM CÉLULAS COM MICRONÚCLEOS
Pôster
SANTOS, T. O.1, POCA, K.1, SOUZA, I. S.1, PEREIRA, C. D.1, SARPA, M.;MELLO.1, LARENTIS, A.2, Neves, A P;Silva,2, VIDAL, P. J. S. R.2, CORRÊA, M. V.2, VARGAS, L;CARVALHO.2, COSTA, I.C.2, CARDOSO, A. C.2, BAPTISTA, F. P.2, RIBEIRO, F. L.2
1 Coordenação de prevenção e Vigilância do Câncer / INCA
2 Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana / FIOCRUZ
OBJETIVO: Avaliar as condições de saúde e os efeitos nocivos em trabalhadores “Guardas de Endemias/Agentes de Combate as Endemias (ACEs)” expostos aos agrotóxicos no ambiente de trabalho. MÉTODOS: Amostras de sangue de 110 ACEs e 67 trabalhadores do grupo de comparação foram incubadas por 72 horas (RPMI 1640, 20% SFB, 10ug/mL PHA) e a citocinese bloqueada com citocalasina B (6ug/mL). As amostras foram processadas com tratamento hipotônico (KCl 0,075M), fixadas (NaCl 0,9%, metanol e ácido acético, 6:5:1) e coradas por 10 minutos em DAPI (1ug/mL). A presença de micronúcleos, brotos nucleares e pontes nucleoplasmáticas foram quantificadas usando sistema de imagem (Metafer 4), avaliando ao menos 2.000 células por indivíduo. RESULTADOS: O questionário respondido pelos ACEs mostrou que 66% informaram ter recebido treinamento para manuseio com agrotóxicos, porém apenas 40% afirmaram que o treinamento foi suficiente; 64% relataram o contato atual com os agrotóxicos, 82% alegam contato diretamente com a pele e 98% lavam as roupas com resíduos de agrotóxicos em casa. As principais queixas relatadas foram insônia, irritação/nervosismo, dor de cabeça e tremores nas mãos. Resultados parciais revelam frequência aumentada de micronúcleos (p<0,05) para esses trabalhadores, indicativo de efeitos clastogênicos. CONCLUSÃO: Mesmo com resultados parciais, os dados disponíveis levantam preocupações para essa classe de trabalhadores e a necessidade de expandir o conhecimento sobre exposição a agrotóxicos/inseticidas.
INCAPACIDADE POR NEOPLASIAS ENTRE SEGURADAS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)
Pôster
Ferreira, M.A.V.C.1
1 UFBA
Objetivo: Analisar as concessões de Auxílios por Incapacidade Temporária (AIT) e Aposentadorias por Invalidez (AI) relacionadas às Neoplasias para seguradas do RGPS. Método: Estudo quantitativo, do tipo descritivo, utilizando dados do Ministério da Previdência Social referentes ao período entre 2011 e 2022. Resultados: No período concederam-se 12.353.755 de AIT por causas não vinculadas ao labor para as seguradas da clientela urbana (urbanas) e rural (rurais) do RGPS, 91,5% destinados às urbanas. As AI somaram 899.519 casos, 90,5% destinadas às urbanas. O valor médio dos AIT e das AI destinados às seguradas rurais correspondeu respectivamente a 66,7% e 81.8% dos mesmos benefícios destinados às urbanas. As Neoplasias representaram a 4ª causa mais frequente de incapacidade temporária para as urbanas, 1.117.613 de casos, e a 2ª causa mais frequente para as seguradas rurais, 152.088 de casos, sendo responsáveis por 69.297 casos de incapacidade definitiva para as urbanas e 7.263 casos para as rurais, terceira causa mais frequente para ambas as clientelas. A razão entre AI e AIT no período foi igual a 0,06 para urbanas e 0,05 para rurais. Conclusão: Houve menor número de concessões de AI motivadas por Neoplasias frente ao número de AIT no período, com diferença mais expressiva para a clientela rural, fato que pode ser explicado pela concessão de mais de um AIT ao longo da vida, cura ou desfecho letal antes no curso do AIT. Observou-se ainda menor diferença de valor médio da AI entre urbanas e rurais, frente a diferença do valor médio dos AIT.
INTERSECÇÃO DE GÊNERO E RAÇA NA OCORRÊNCIA DE ESTRESSORES NO TRABALHO DOMÉSTICO E FAMILIAR
Pôster
Carneiro, C.M.M.1, Lua, I.1, Morais, A.C.1, Pinheiro, E. S.1, Lemos, L.M.1, Araújo, N. C.1, Pinho, S.P.2, Araújo, T.M.1
1 Universidade Estadual de Feira de Santana
2 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Objetivo: Avaliar a intersecção entre gênero e raça na ocorrência de estressores no trabalho doméstico e familiar. Métodos: Analisaram-se dados transversais de indivíduos com mais de 15 anos, residentes na zona urbana de um município baiano, em 2021/22. Utilizou-se técnica de amostragem por conglomerado e questionário estruturado. Os estressores foram avaliados pela escala de “Desequilíbrio Esforço-Recompensa no trabalho doméstico e familiar” (DER-Doméstico). Os níveis de desequilíbrio foram considerados com análises em relação aos perfis criados a partir da intersecção do gênero (homem e mulher) e raça: homem negro, mulher negra, homem não negro, mulher não negra. Razões de prevalência (RP) foram estimadas por meio de modelos de regressão para investigar a associação dos perfis com o desfecho. Resultados: A amostra foi composta por 3.872 pessoas, das quais 70,57% são mulheres; 68,53% tem idade acima dos 40 anos; 34% são negros. Foi identificado 31,3% de estresse no trabalho doméstico, com maior prevalência entre mulheres (37,5%) e negros (35,2%). Ao avaliar a intersecção destes fatores, identificou-se um gradiente dose resposta com aumento progressivo, partindo dos homens negros (RPa:1.6, IC:1.0407-2.3373), mulheres não negras (RPa:3.7; IC:2.798-4.926) até mulheres negras (RPa:4.3; IC:3.2251-5.7243). Conclusão: O gênero e raça são marcadores sociais das diferenças no estresse no trabalho doméstico e familiar, com ampliação das vulnerabilidades na presença de intersecção entre eles, com as mulheres negras sofrendo piores situações de estresse nesse tipo de trabalho, estando maior expostas aos desfechos em saúde associados ao estresse no trabalho doméstico e familiar.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS: ESTUDO DE CASO DA EXPOSIÇÃO HUMANA NO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO
Pôster
Soares,S.M1, Oliveira,M.S1, Silva,M.S1
1 Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória (UFPE/CAV)
Analisar as notificações de acidentes de trabalho por exposição química relacionadas ao derramamento de petróleo no estado de Pernambuco- 2019 a 2020. Estudo retrospectivo de caráter descritivo de série temporal, transversal, de abordagem quantitativa para traçar os casos de intoxicação exógena relacionados ao petróleo registrados no DATASUS. Processamento dos dados foi o software Qgis. Variáveis avaliadas: Estados brasileiros, município, sexo, raça/cor, escolaridade e situação no mercado de trabalho. Foram registrados 344 casos notificados, o Estado de Pernambuco apresentou um maior número de casos com (n= 314; 91,3%). O município de Cabo de Santo Agostinho tem a maior frequência de casos (116; n= 33, 7%), o sexo mais acometido é o feminino (n= 189; 54,9%), raça/cor Parda (n= 192; 55, 8%), escolaridade foi ignorado com (n=82; 18,6%), e a situação no mercado de trabalho outro com (n=239; 69, 5%). A presente pesquisa contribui como uma linha de base sobre a exposição de pessoas ao petróleo, demonstrando a relevância da produção de dados epidemiológicos para a produção de ações para a proteção e cuidado da população exposta. Diante dos desafios que vêm permeando a atualidade, é relevante destacar que ações de acompanhamento e assistência à saúde dos expostos por derramamento de petróleo sejam desenvolvidas como avaliação de riscos à saúde ou seja as autoridades de saúde devem avaliar os riscos à saúde das pessoas expostas ao petróleo derramado e aos produtos químicos associados.
INVISIBILIDADE DOS ENTREGADORES POR APLICATIVOS NOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Pôster
Campos, A. G.1, Lira, P. V. R. L.1, Coutinho, G. B.1, Gurgel, A. M.1
1 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco (IAM/Fiocruz PE)
Objetivo: identificar sinistros de trânsito e adoecimento relacionado ao trabalho em entregadores por aplicativo. Métodos: Realizou-se um estudo transversal descritivo, coletando informações nas bases de dados referente aos sinistros de trânsito registrados pela Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU); dos atendimentos realizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); e do adoecimento relacionado ao trabalho, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e do Sistema de Informação de Mortalidade(SIM). Foram coletados dados de 2021 a 2023, na cidade do Recife, Pernambuco. Resultados: Foram registrados 7.374 sinistros de trânsito com vítimas pela CTTU, sendo 77,7% com envolvimento de motocicleta e 5,9% de bicicleta. Nos atendimentos do SAMU, 7,3% eram sinistros de trânsito com participação de moto ou bicicleta. Já nas informações de adoecimento relacionado ao trabalho, 4.531 acidentes de trabalho foram notificados no Sinan, dentre os quais 2,8% desempenhavam a função de motociclistas no transporte de documentos e pequenos volumes. Dos 233 óbitos relacionados ao trabalho registrados no SIM, apenas 1,3% foram identificados como motofretistas. Conclusões: os resultados apresentam a dificuldade de identificação desta categoria profissional nos sistemas de informação, uma vez que não há na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) um código que contemple esses trabalhadores e sua particular forma de inserção no mercado de trabalho, apesar da grande incidência de sinistros de trânsito entre ciclistas e motociclistas. É necessário discutir sobre a padronização desta nova categoria, que representa importante parcela dos trabalhadores no país, nos sistemas de informação de saúde e de mobilidade urbana.
NOTIFICAÇÕES DE ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO ENTRE DENTISTAS NO CEARÁ
Pôster
Mendes, G. M.1, Teixeira, A. K. M.1, Aquino, I. S.1, Silva, R. A. D. A.1, Mendes, G. M.1
1 UFC
OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo traçar o perfil das notificações de acidentes de trabalho com exposição a material biológico envolvendo cirurgiões-dentistas no estado do Ceará em 2023. MÉTODOS: Realizou-se um estudo transversal descritivo, utilizando dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN). Foram coletadas informações sobre o número de notificações de acidentes de trabalho com exposição a material biológico no ano de 2023, especificamente envolvendo cirurgiões-dentistas. RESULTADOS: No ano de 2023, foram registradas 95 notificações, das quais 72 (75,7%) envolviam profissionais do sexo feminino e 23 (24,2%) do sexo masculino. A maioria das notificações (68,4%) foi feita por cirurgiões-dentistas clínico-gerais, seguidos pelos dentistas de saúde da família e comunidade (13,6%). Não houve notificações de categorias como CD-Implantodontista ou CD-Traumatologista Bucomaxilofacial, que são teoricamente mais propensos a realizar procedimentos cirúrgicos de maior risco. Além disso, 76,8% dos acidentes ocorreram durante procedimentos odontológicos, enquanto 8,4% aconteceram durante procedimentos cirúrgicos. CONCLUSÕES: O número de notificações feitas por cirurgiões-dentistas foi baixo, considerando o número de profissionais cadastrados. A maior parte dos acidentes ocorreu com profissionais do sexo feminino e durante procedimentos odontológicos, evidenciando a necessidade de medidas preventivas e de incentivo à notificação, especialmente entre os profissionais do sexo masculino e aqueles que realizam procedimentos cirúrgicos.
O ESTRESSE PSICOLÓGICO E O DESEMPENHO DE ATIVIDADES MILITARES - UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.
Pôster
Santos, J.P.G.1, Bomfim, A.B.C.1, Ferreira, D.B.1
1 UNIFA
Objetivos:identificar os fatores estressantes relacionados a atividade militar e as evidências das consequências físicas, psicológicas e ocupacionais do esgotamento profissional em militares das Forças Armadas e Forças Auxiliares. Métodos:bases de dados PubMed,Lilacs, Pepsic, Science Direct,PsycAPA, Scopus, Web of Science, CINAHAL,SportDiscus e Cochrane foram pesquisadas entre dezembro/2021 e março/2022, sem restrição de idioma ou data. A redação foi elaborada segundo a recomendação PRISMA. Foram incluídos estudos observacionais que analisaram o estresse psicológico como condição de exposição. Resultados:dos 1.523 artigos identificados,34 atenderam aos critérios de inclusão e foram avaliados quanto ao risco de viés e qualidade metodológica. O estresse e a perda de produtividade laboral foram mais frequentemente observados em militares mais jovens, mulher, solteira, com filhos e de nível escolar reduzido ou mais baixo.Dentre os fatores laborais estressores destacaram-se a rigidez hierárquica, as transferências e destacamentos frequentes, longas jornadas de trabalho com alto nível de responsabilidade. As implicações do estresse no trabalho estavam relacionadas à diminuição da produtividade, ao aumento de acidentes e absenteísmo.Considerando a saúde física, problemas no sistema digestivo, nervoso e musculoesquelético foram identificados. Os efeitos psicológicos mais frequentes foram insônia, ansiedade, sintomas depressivos e aumento no uso de medicamentos. As limitações impactaram também na vida social dos militares, com sentimentos de dever contínuo e falta de compreensão da família e amigos sobre a atividade. Conclusão:estudos mostraram consequências físicas, psicológicas e ocupacionais do esgotamento profissional.Os impactos do adoecimento psíquico evidenciam a necessidade de intervenções preventivas e identificação precoce dessa condição de saúde no ambiente de trabalho das organizações militares.
OBSERVATÓRIO EM SAÚDE MENTAL E TRABALHO: FORTALECIMENTO DAS REDES DE SAÚDE NO BRASIL
Pôster
Araújo, T.M.1, Miranda, F.M.D2
1 UEFS
2 UFPR
Objetivo: Monitorar situação de saúde mental e trabalho e propor ações para a Vigilância em Saúde Mental e Integração das Redes de Atenção à Saúde (ABS-Urgência/Emergência-CEREST-RAPS). Método: Relato de experiência da iniciativa de consolidação de um Observatório de Saúde Mental e Trabalho no Brasil. Esta iniciativa foi gerada a partir dos investimentos de pesquisadores atuantes nesse campo de investigação oriundos de vários grupos de pesquisa e de serviços de saúde da RENAST do país. Desta proposta participam atualmente pesquisadores e profissionais de saúde das cinco regiões do país, totalizando inserção de 19 universidades e 19 serviços do SUS (17 CEREST e 2 CAPS). Resultados: A criação de um Observatório Nacional em Saúde Mental e Trabalho no Brasil, sustenta-se em uma rede já existente de cooperação de pesquisadores/as e de profissionais atuantes no SUS, contemplando problemas e desafios elencados em investigações e estudos desenvolvidos no âmbito acadêmico e em práticas de atenção, assistência e de vigilância dos serviços de saúde do SUS com a perspectiva de subsidiar estratégias e políticas que reduzam os agravos relacionados ao trabalho. Conclusão: O Observatório orienta-se por abordagem interdisciplinar, multiprofissional, incluindo pesquisadores e profissionais das cinco regiões do país, incluindo diversas universidades, centros de pesquisa e serviços de saúde do SUS. A produção de insumos para a gestão, para a organização dos serviços e para as práticas das equipes de saúde envolvidas com Saúde do Trabalhador(a) são aspectos transversais aos projetos.
OBSTÁCULOS RELACIONADOS AO RETORNO AO TRABALHO APÓS ADOECIMENTO CRÍTICO
Pôster
Carneiro, R. S.1, de Jesus, A.P. S.1, Lopes Cardoso, M.S1, Silva Filho, A. M. S.2, Freitas, K. S.2, de Jesus, A. P. M.2, Valente, C. O.2, Bastos, A. O. da S.2, Fernandes, A. R. G2, Carneiro, R. dos S.1, Silveira, R. A. da Paz2
1 UFRB
2 UEFS
Objetivo: Descrever os obstáculos relacionados ao retorno ao trabalho de pessoas após três meses da alta da Unidade Terapia Intensiva (UTI). Métodos: Estudo de corte transversal realizado em hospital público baiano, entre abril 2022 a julho 2023. Entrevistados 98 pessoas após três meses da alta da UTI. Instrumentos: Caracterização social do trabalho e Obstacles to Return-to-Work Questionnaire (ORTWQ) adaptado. Dados armazenados no REDCap, analisados pelo SPSS® 22.0. Análise descritiva realizada por meio de frequências absolutas e relativas para variáveis categóricas. Resultados: Média de idade de 50,5 anos, maioria do sexo masculino (60,2%), cor parda (57,1%), nível médio (46,9%), casado (35, 7%), renda mensal entre 1 e 3 salários mínimos (69,4%). Antes da internação, 65,3% estava trabalhando e apenas 20,4% retornou ao trabalho após alta. Alusivo ao ORTWQ, domínio “Dificuldades para retorno ao trabalho”, 33,3% considerou aumento da dor como impasse e 30% considera incapacitado demais para retornar ao trabalho. Domínio “Suporte social no trabalho”, 43,3% afirma apoio do supervisor para tornar as coisas mais fáceis e 73,3% possui bom relacionamento com os colegas. Domínio “Prognóstico autopercebido de retorno ao trabalho”, 53,3% visualiza grande chance de retorno ao trabalho; 33,3% acredita que esse retorno será muito difícil e 76,6% está convencido que vai se recuperar. Conclusão: Após três meses da alta da UTI a maioria das pessoas não retornou ao trabalho e os obstáculos são predominantemente influenciados pela dor e incapacidade física. Apesar das dificuldades, destaca-se que a maioria declara bom suporte social no trabalho e otimismo frente à sua recuperação.
OS RISCOS TÊM COR:INCIDÊNCIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO E SUAS IMPLICAÇÕES RACIAIS EM CG-MS
Pôster
Abastoflor, L.L.L1, Magalhães, J.P.R1, Ferreira, D.A2, Bomfim, R.A1
1 UFMS
2 SESAU
Objetivo: Investigar as tendências de notificações por acidente de trabalho com recorte de raça/etnia no período de 2013 a 2023, em Campo Grande - MS. Metodologia: Estudo ecológico de séries temporais com dados secundários, utilizando o método de Prais-Winstein, considerando a autocorrelação serial de Variações Percentuais Anuais (VPA), tradução do inglês Annual Percentage Change (APC), com intervalo de confiança de 95% (IC95%). Resultados: A taxa racial de acidentes de trabalho por 100.000 trabalhadores apresentou aumento significativo na prevalência na população parda de 2017 a 2020, comparada às demais raças. No período pós pandêmico, esse número aumentou entre as pessoas pretas e, em contrapartida, o campo “ignorado” atingiu a maior taxa na última década. Conclusão: A análise revela um cenário alarmante da desigualdade racial na saúde ocupacional com o predomínio de acidentes entre pardos de 2017 a 2020, o aumento da taxa em 2023 para trabalhadores pretos e o crescimento da categoria "ignorado" exigem atenção imediata, visto que o crescimento das tendências identificadas pode ser ainda maior se considerarmos a subnotificação. Isso somado as disparidades raciais dos acidentes de trabalho na última década revela não apenas os desafios enfrentados na promoção da saúde única, mas também alerta sobre a urgência na formulação de políticas públicas capazes de reduzir os acidentes, combater as iniquidades em saúde, capacitar trabalhadores para preenchimento correto da notificação e garantir ambientes de trabalho seguros aos trabalhadores mais atingidos.
ÓBITOS RELACIONADOS AO TRABALHO REGISTRADOS NO SIM E SINAN EM PERNAMBUCO
Pôster
Campos, A. G.1, Barbosa, A. L. Q.1, Lima, S. A. A.1, Lira, P. V. R.1, Baêta, K. F.1
1 Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE)
Objetivo: Descrever os óbitos relacionados ao trabalho registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) em Pernambuco. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo transversal considerando os óbitos relacionados ao trabalho ocorridos em Pernambuco no SIM e no Sinan em 2023. No Sinan foram identificados os acidentes de trabalho cuja variável “evolução” estava assinalada como “óbito por acidente de trabalho grave”. No SIM, foram consideradas as Declarações de Óbito (DO) com a variável “acidente de trabalho” assinalada afirmativamente. Comparou-se as DO considerando nome da vítima, nome da mãe e data de nascimento. Resultados: Foram notificados 68 óbitos por acidente de trabalho no Sinan e 70 no SIM. Destes, apenas 31 estavam em ambos os sistemas. As ocupações dos óbitos encontrados no Sinan foram, principalmente, trabalhadores da agricultura (17,6%) e construção civil (16,2%) e as lesões mais frequentes foram os traumatismos intracranianos (14,7%) e o traumatismos múltiplos (10,3%). No SIM, as principais ocupações encontradas também foram da agricultura (15,7%) e construção civil (11,4%), embora 4 óbitos (5,7%) estavam com ocupação em branco. A causa básica do óbito foram majoritariamente os traumatismos (8,6%) e a exposição à corrente elétrica (8,6%). Conclusões: Apesar de apresentarem perfis semelhantes quanto às categorias profissionais mais atingidas, existe discrepância entre os óbitos nas duas bases de dados. É fundamental desenvolver estratégias de comparação dos bancos periodicamente, de modo a reduzir as divergências entre os sistemas e qualificar as informações sobre os óbitos relacionados ao trabalho no estado.
PANDEMIA DE COVID-19 E FATORES ASSOCIADOS AO SOFRIMENTO PSICOLÓGICO ENTRE TRABALHADORES
Pôster
Alonso, M. S.1, Nunes, H. R. C.1, Ruiz-Frutos, C.2, Gómez-Salgado, J.2, Dias, A.1, Bernardes, J. M.1
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
2 Faculdade de Ciências do Trabalho, Universidade de Huelva, Espanha
Objetivos: identificar fatores associados ao sofrimento psicológico entre trabalhadores brasileiros essenciais e não essenciais durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19. Métodos: este estudo transversal incluiu 2.903 participantes que responderam a um questionário online entre abril e maio de 2020. As associações das variáveis com o desfecho foram estimadas por regressão linear simples com resposta Poisson. As variáveis que apresentaram associação com p < 0,20 foram levadas para um modelo de regressão linear múltipla com resposta Poisson (MRLMP). O processo de seleção do melhor MRLMP se deu com base na busca do modelo que apresentasse o conjunto de variáveis que mais contribuíssem para explicar o desfecho e que gerassem a menor deviance. Resultados: As interações entre as variáveis senso de coerência e convívio com familiar infectado (RP 0,989; IC 95% 0,987-0,991), e estresse no trabalho e convívio com familiar infectado (RP 1,086; IC 95% 1,057-1,115) foram estatisticamente significativas no MRLMP. Assim, a ocorrência de sofrimento psicológico diminui com o aumento do senso de coerência, contudo, o convívio com um familiar infectado torna este efeito mais sutil e com menor relevância epidemiológica. Já, o aumento do estresse no trabalho, entre pessoas que convivem e que não convivem com familiar infectado, esteve associado positivamente com o sofrimento psicológico. Conclusão: intervenções que aumentem o senso de coerência e reduzam o estresse no trabalho são essenciais para redução do sofrimento psicológico entre trabalhadores no início de um evento pandêmico que exija distanciamento social.
PERCEPÇÕES DOS RESIDENTES DE MEDICINA APÓS UM ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO
Pôster
Frison, F.S1, Alonzo, H.G.A.1
1 Universidade Estadual de Campinas
Objetivos: Descrever as percepções dos residentes de medicina que sofreram um acidente de trabalho com exposição a material biológico quanto aos fatores pessoais, institucionais e sociais associados à ocorrência do acidente. Métodos: As informações foram coletadas no ano de 2020, por meio das fichas de notificação dos acidentes e de entrevistas com uma questão aberta norteadora. Foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin e o fechamento amostral por saturação. Resultados: Foram entrevistados vinte e um residentes de medicina, e identificados dois eixos temáticos: condições de trabalho e estado emocional do residente médico. Os resultados revelaram que a sobrecarga de trabalho, o acúmulo de atividades, a equipe de saúde reduzida, a ausência de supervisão por um preceptor médico e a imperícia do profissional contribuíram para ocorrência do acidente. Além disso, foram relatados fatores como cansaço, fadiga, privação do sono, desatenção e, sobretudo, estresse emocional. A amostra apresentou diversidade entre as áreas de atuação no ambiente de trabalho. Conclusões: Os resultados obtidos aprofundam as reflexões sobre a relação do trabalhador (residente de medicina) com as condições de trabalho e seu bem-estar físico e psíquico. As percepções dos residentes médicos evidenciaram um cenário em que o processo de trabalho interfere na ocorrência dos acidentes.
PERFIL DA MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL DE 2012 A 2022
Pôster
CARVALHO, R.B.V.M.1, GARCIA, K.K.S.1, MORALES, L.M.P.1, GUIMARÃES, L. N. A.1
1 MINISTÉRIO DA SÁUDE
Objetivo: descrever o perfil de mortalidade por acidente de trabalho no Brasil. Métodos: trata-se de um estudo descritivo com dados secundários, públicos, provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade, entre 2012 e 2022. Os dados populacionais foram obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram incluídos no estudo pessoas com idade igual ou maior a 14 anos. Utilizou-se medidas descritivas e cálculo de coeficiente de mortalidade para a apresentação dos resultados. Resultados: Foram registrados um total de 1.624.009 óbitos por causas externas no Brasil, 37.807 (2%) foram por acidente de trabalho. Destes, 29.744 (79%) tinham o campo ocupação preenchido. Os óbitos foram mais frequentes entre trabalhadores do sexo masculino (94%), na faixa etária entre 30 a 49 anos (46%), de raça/cor negra (50%), com 8 a 11 anos de estudos (32%). Somente 33% dos óbitos receberam assistência médica e 28% foram investigados. Os óbitos foram causados principalmente por acidente de transporte (46%) e ocorreram em via pública (32%). A ocupação mais afetada foram motoristas de veículos de cargas em geral (9%). O maior coeficiente de mortalidade foi no estado do Mato Grosso (12,6 óbitos/100 mil trabalhadores). Conclusões: Os resultados destacam a invisibilidade do trabalho em eventos fatais. Contudo, apesar da subnotificação, nota-se alta concentração de óbitos por acidente de trabalho decorrentes de acidentes de trânsito. Recomenda-se medidas interdisciplinares e intersetoriais para educar estes trabalhadores, aprimorar medidas de proteção no trânsito e consequentemente minimizar a ocorrência de óbitos relacionados ao trabalho.
PERFIL DOS ACIDENTES DE TRABALHO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO ESTADO DA BAHIA, 2017-2023.
Pôster
Silva, A.R.1, Mise, Y.F.2
1 Divast/Cesat/Suvisa/SESAB
2 Universidade Federal da Bahia
Objetivo: Estudar os acidentes de trabalho por animais peçonhentos (ATAP) no estado da Bahia de 2017 a 2023.
Métodos: Estudo de vigilância dos acidentes de trabalho por animais peçonhentos, na Bahia, entre 2017 a 2023, notificados no Sinan. Como denominador, considerou-se a população economicamente ativa. Foram consideradas variáveis sociodemográficas, tipo de acidente e macrorregião. Foram estimados coeficientes de incidência e frequência absoluta e relativa das variáveis de interesse.
Resultados: Na Bahia, de 2017-2023, foram notificados 15.261 casos de ATAP, com coeficiente de incidência média anual de 37,3 casos por 100.000 trabalhadores. Os ATAP foram prevalentes em homens (12.513-81,9%), pardos/pretos (12.361-81,0%), de 35 a 49 anos (5.005-32,8%), com ensino fundamental (5.625-36,9%), com evolução para cura (13.613-89,2%), em trabalhadores do campo (5.134-69,9%), sendo que os três tipos de acidentes de maior ocorrência foram por escorpião (60,6%), serpentes (27,1%) e abelhas (5,7%), tendo nas macrorregiões sudoeste (3.379-22,1%) e sul (2.901-19%) os maiores registros de casos no estado. Acidentes por serpentes foram mais prevalentes na região Sul, os acidentes por escorpião e aranha na Sudoeste e os com abelha na região Norte.
Conclusões: O perfil dos ATAP na Bahia, de 2017-2023 corresponde ao padrão típico de acidentes por animais peçonhentos na população geral, envolvendo homens, pardos/pretos, de 35-49 anos, com baixa escolaridade, trabalhadores do campo e com evolução para cura. As macrorregiões sudoeste e sul possuem maiores registros, sendo mais comum o acidente por escorpião. É oportuno conhecer os riscos ocupacionais dos ATAP nos territórios, para se planejar ações de proteção aos trabalhadores.
PERFIL DOS CASOS DE COVID-19 EM TRABALHADORES DOS SERVIÇOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE EM MG
Pôster
Arantes, E. A. M.1, Carvalho, A. P. M.2, Dias, E. C.3, Abreu, M. N. S.3
1 Universidade Federal de Minas Gerais e Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SESMG)
2 Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SESMG)
3 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo
Analisar o perfil dos casos confirmados de covid-19 em trabalhadores dos serviços assistenciais de saúde em MG.
Métodos
Estudo transversal descritivo, a partir da análise de dados secundários das fichas dos sistemas oficiais de notificações de covid-19, e-SUS Notifica e SIVEP-Gripe, e da ficha de Acidente de Trabalho com Exposição a Material Biológico (ATEMB) por covid-19 do Sinan, padronizada pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COES), da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, referentes aos trabalhadores dos serviços assistenciais de saúde que foram acometidos por COVID-19 em seus ambientes de trabalho, entre março de 2020 a maio de 2021, em MG.
Resultados
Observou-se nos sistemas de informação analisados o predomínio de acometimento do gênero feminino, entre 30 e 44 anos e da soma das raças preta e parda. A classe da enfermagem foi predominante, dentre os trabalhadores dos serviços assistenciais de saúde, e a administrativa, dentre os trabalhadore de apoio desses serviços. Apesar da maioria dos casos apresentar evolução favorável, a letalidade no e-SUS Notifica e SIVEP-Gripe apresentou-se maior (8,5%), do que a do Sinan (0,4%).
Conclusões
Evidenciada a necessidade de políticas públicas de saúde para os trabalhadores da classe da enfermagem, direcionadas à promoção de ambientes de trabalho seguros. Supõe-se que as diferenças apresentadas entre os sistemas na letalidade, podem ser atribuídas a subnotificações, decorrentes de desconhecimento dos instrumentos de notificação, características de cada sistema e insuficiência de recursos humanos para investigação epidemiológica em saúde do trabalhador.
PERFIL DOS TRABALHADORES DE SAÚDE NOTIFICADOS COM COVID-19 EM ARACRUZ/ES DE 2020 A 2023
Pôster
Soprani, L.C.P.1, Nardi, L.M.1, Pignaton, L.R.1
1 Prefeitura Municipal de Aracruz
objetivo: descrever o perfil dos casos notificados da covid-19 entre trabalhadores de saúde em aracruz/es de 2020 a 2023.
metodologia: a pesquisa foi realizada no banco de dados do sistema de notificação e-sus/vs. os critérios da busca foram as fichas de notificação compulsória de covid-19 entre trabalhadores de saúde notificadas em aracruz/es no período de 01/01/2020 a 31/12/2023.
resultados e conclusão: foram notificados um total de 43.421 casos confirmados de covid-19 em aracruz/es. desse total, 1.141 (2,6%) notificações foram qualificadas como profissional de saúde, evoluindo 1 (0,87%) caso a óbito. Dentre as variáveis, foi constatado que 76,9% dos casos acometeu o sexo feminino, em relação a cor 36,4% são pardos, 35,1% dos trabalhadores de saúde possuem ensino superior completo e 63,7% residem na zona urbana. os sintomas mais frequentes entre os trabalhadores de saúde adoecidos foram cefaleia (58,7%), tosse (49,1%), coriza (56,2%), e febre (36,7%). um fato que chamou atenção das pesquisadoras foi que 23,9% das notificações ignoraram o campo profissional de saúde. esse fator contribui para um banco de dados que não representa a realidade do município, prejudicando o desenvolvimento de ações para a proteção e promoção da saúde do trabalhador e explicita a necessidade de intervenção quanto a qualificação dos campos da notificação compulsória para os notificadores. ainda assim, é evidente o adoecimento dos trabalhadores de saúde para a covid-19. o estímulo à vacinação e medidas de proteção à saúde física e mental dos trabalhadores de saúde são práticas que reduzem a contaminação e a gravidade da doença.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA PNEUMOCONIOSE RELACIONADA AO TRABALHO NO BRASIL, 2013 A 2023
Pôster
Grilo, J. S.1, Borges, I. C. L. D.1, Zani, A. C.1, Leveghin, C.1, Figueiredo, J. B.1, Menegatti, B. B.1, Escóssia, G. D. B.1, Melo, M.C.1, Bastos, T. F.1, Silveira, D.1
1 Faculdade São Leopoldo Mandic Araras
Objetivo: Descrever a incidência dos tipos de pneumoconiose relacionadas ao trabalho no Brasil, de 2013 a 2023. Métodos: Estudo ecológico com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) via Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foi realizado com base nos dados socioeconômicos (sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade) e clínicos (tipo e tempo de exposição -sílica, asbesto, poeira mista e carvão mineral) dos pacientes com pneumoconiose. Resultados: Houve 4077 casos de pneumoconiose, em que as maiores taxas nos períodos de 2013-2018 e 2019-2023, respectivamente, foram: sexo masculino (96,1% e 95,13%), faixa etária acima de 55 anos (54,38% e 59,95%), raça branca (48,56% e 55,87%), Ensino Fundamental de 1° a 4° série (28,42% e 25,45%), exposição maior de 1 ano (91,95% e 96,1%) e tipo silicose (60,49% e 64,51%). A incidência de silicose foi maior nos períodos de 2013 a 2016 e 2019 a 2023, com exceção de 2017, em que a maior incidência foi de asbestose (0,261/100.000 habitantes). A pneumoconiose por poeira mista e carvão mineral tiveram incidência constante de 2013 a 2023. Conclusão: A análise da pneumoconiose no Brasil destaca a predominância da silicose, com variações temporais e demográficas marcantes. Os dados apontam desafios contínuos na saúde ocupacional, especialmente entre trabalhadores masculinos de idade avançada, cor branca e baixa escolaridade, necessitando de ações de educação, vigilância, monitoramento e prevenção em saúde mais eficazes.
PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE TRABALHO PARA TRABALHADORAS(ES) DE PRAIAS DE SALVADOR/BA, 2023/24
Pôster
Cremonese, C.1, Siqueira, D.1, Silva, J. S.1, Marques, J. R.1, Prestes, J. F. C.1, Santos, L. N.1, Santos, M. S.1, Nunes, T. S.1, Dias, W. P.1
1 UFBA
Objetivos: Descrever as condições de ambiente e processo de trabalho entre trabalhadoras(es) de praias de Salvador/BA, 2023/24. Métodos: Estudo epidemiológico transversal com amostra de 579 trabalhadores de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Foram aplicados questionários, por meio de celulares e plataforma REDCap. O objetivo foi mensurado pelas perguntas: a) “Como você avalia o seu ambiente de trabalho?” <ótimo; bom; regular; ruim; péssimo>; b) “O que você acredita que falta para realizar melhor seu trabalho nas praias?” com uma lista de 14 potenciais itens: banheiros, ponto de água, segurança, local de descanso etc. Variáveis demográficas e ocupacionais autorrelatadas foram coletas, e análises bivariadas foram realizadas com aplicação do teste qui-quadrado de Person aplicado. Análises foram realizadas no software R. Projeto aprovado pelo CEP/ISC com CAAE: 68859623.0.0000.5030. Resultados: Avaliaram seu ambiente de trabalho como regular 17,9% e ruim/péssimo 4,5%. Piores avaliações foram relatadas por trabalhadoras, aqueles indivíduos com idade ≤29 e com ≥9 diárias de trabalho. Quanto perguntados sobre estrutura e necessidades, 92% relataram a falta de banheiros no local de trabalho. Falta de cestos de lixo (91%), ausência de segurança pública (87%), de local para guardar equipamentos (78%), sem ponto de refeições (71%), de descanso (64%) foram aqueles itens mais identificados por trabalhadoras(es) de praias urbanas de Salvador/BA. Conclusões: Apesar da avaliação de ambiente de trabalho regular/ruim/péssima ser de 22%, o relato de falta de estrutura básica, como banheiros, ponto de alimentação, de descanso, e ausência de segurança foi frequente entre trabalhadoras(es) de praias urbanas de Salvador/BA.
PREVALÊNCIA DE DOENÇAS DE PELE ENTRE TRABALHADORAS(ES) DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2023/24
Pôster
SILVA, J.S.1, DIAS, W.P.1, NUNES, T.S.1, MARQUES, J.R.1, CREMONESE, C.1
1 UFBA
Objetivos: Medir a prevalência de doenças de pele e determinantes sociodemográficos e ocupacionais associados entre trabalhadoras(es) de praias de Salvador/BA, 2023/24. Métodos: Realizou-se um estudo epidemiológico transversal com amostra de 579 trabalhadoras(es) de praias urbanas de Salvador/BA, entre novembro/2023 e março/2024. Foram aplicados questionários estruturados, através de celulares e plataforma REDCap. O desfecho foi mensurado pela pergunta “Você apresentou nos últimos 12 meses doenças de pele, coceira, vermelhidão, manchas ou lesões?”. Variáveis demográficas e ocupacionais autodeclaradas foram coletadas e incluídas no modelo final. Conduziu-se análise multivariada, por meio de Regressão de Poisson, com cálculos de Razão de Prevalência (RP) e IC95%. Análises foram realizadas no software R. Projeto aprovado no CEP/ISC com CAAE: 68859623.0.0000.5030 e parecer 6501806. Resultados: A prevalência geral de doenças de pele foi de 25,5%. Maiores prevalências foram observadas entre trabalhadoras (28,6%), raça/cor parda (28,7%), faixas etárias até 39 anos (28,5%), que sempre atuaram nas praias (33,5%), sem contribuição para o INSS (26,6%), com maior carga horária diária (30,9%) e semanal (32,7%). Na análise ajustada, trabalhadoras(es) com ≥11 horas por dia de trabalho apresentaram 70% a mais de relatos para doenças de pele em relação a trabalhadoras(es) com ≤8 horas por dia de trabalho (RP:1,70; IC95%:1,11-2,66). Conclusões: Alta prevalência de doenças de pele em trabalhadoras(es) de praias de Salvador/BA, com queimadura sendo a lesão mais relatada. Foi observado que o maior tempo diário de trabalho e carga semanal intensa de atividade econômica nas praias estão associados à presença ou histórico recente de doenças ou lesões de pele.
PREVALÊNCIA DE DOR NAS COSTAS ENTRE PROFISSIONAIS DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
Pôster
Félix, A.M1, Monteiro, L.F1, Oliveira, I.F.R1, Jesus, J.I.F.S2, Noll, M1
1 IF GOIANO CAMPUS CERES
2 UFG
O objetivo do estudo foi investigar a frequência de dor nas costas dos profissionais da rede federal de educação. Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, através de um questionário online. A pesquisa foi conduzida no período de junho a novembro de 2022, envolvendo a participação de 1.563 profissionais da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT). A avaliação da dor nas costas foi realizada pelo questionário (BackPEI), validado. Os dados foram processados utilizando o SPSS versão 26.0. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, destacando-se a faixa etária entre 33 e 42 anos (46,8%), a maioria do sexo feminino (57,5%), casada ou viúva (66,1%) e natural da região Centro-Oeste (32,2%). A dor nas costas foi definida como qualquer dor nos últimos 3 meses e sua prevalência foi de 1.241 (81,1%). As variáveis que permaneceram associadas à presença de dor nas costas foram sexo feminino 1.12 (1.06-1.18) e se o servidor praticava algum exercício físico (<0.001). É válido considerar as limitações do estudo, como a predominância do sexo feminino na amostra. Os resultados ressaltam a importância de avaliar as condições de trabalho dos profissionais da educação, fornece recursos adequados para suas atividades e apontam para a importância de criar políticas direcionadas para o desenvolvimento profissional desses trabalhadores.
PREVALÊNCIA DE EXPOSIÇÕES CARCINOGÊNICAS NO BRASIL: ACHADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Pôster
Damacena, G,N1, Otero, UB2, Nogueira, FAM2
1 CEPESC
2 INCA
Objetivo: estimar a prevalência de carcinógenos ocupacionais em trabalhadores brasileiros de 18 anos ou mais de idade. Métodos: estudo transversal, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Calcularam-se prevalências e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) de seis carcinógenos ocupacionais: radiação solar (RS), material radioativo (MR), tabagismo passivo no trabalho (TP), poeiras minerais (PM), agentes químicos (AQ) e trabalho noturno (TN), segundo variáveis geográficas, sociodemográficas, ocupacionais e setores econômico. Considerou-se o desenho complexo da amostra. Resultados: participaram 52.582 trabalhadores, 55,5% do sexo masculino, 87,7% residiam na área urbana, 50,1% tinham entre 18 e 39 anos e 68,7% com vínculo trabalhista formal. Trabalhadores do sexo masculino, em comparação ao feminino, apresentaram maiores prevalências de exposição aos carcinógenos ocupacionais, exceto para MR. Entre os homens, o setor da construção foi o que se destacou com altas prevalências de RS (67,1%), TP (32,0%) e PM (55,1%), e entre as mulheres, o setor de saúde humana, se sobressaiu em MR (15,3%), AQ (19,1%) e TN (21,4%). Na área rural, observaram-se maiores prevalências de RS (54,1%), TP (12,6%) e AQ (21,3%). As maiores prevalências de radiação solar e tabagismo passivo foram observadas entre aqueles com menor escolaridade (40,8% e 17,6%), baixa renda (31,2% e 13,5%) e vínculo informal (22,9% e 11,8%). Conclusão: a prevalência da exposição aos carcinógenos ocupacionais é desigualmente distribuída por setores econômicos, área geográfica, sexo, escolaridade, renda e vínculo trabalhista. Tais resultados podem subsidiar o planejamento de ações para a prevenção do câncer relacionado ao trabalho no Brasil.
PRINCIPAIS CAUSAS DE INCAPACIDADE ENTRE OS SEGURADOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
Pôster
Ferreira, M.A.V.C.1
1 UFBA
Objetivos: Identificar as principais causas não associadas ao labor para concessão de Auxílio por Incapacidade Temporária (AIT) aos segurados do Regime Geral de Previdência Social entre 2011 e 2022, codificadas pelos capítulos da 10ª Edição Revisada da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Métodos: Estudo quantitativo, do tipo descritivo que utilizou dados do Ministério da Previdência Social, considerando informações disponíveis de 1ª de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2022. Resultados: Concederam-se no período 25.143.056 de AIT, 50,6% destinados aos homens, que correspondiam a 53,5% do total de segurados em 2022. As principais causas, em ordem decrescente, estão nos capítulos XIX (Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas), XIII (Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo) e V (Transtornos mentais e comportamentais), totalizando 48,9% dos AIT. As mulheres foram maioria para os Capítulos XIII, 51,4%, e V, 54,9%, representando 29,1% para o XIX. A proporção de acometimento para homens e mulheres que perceberam AIT foi respectivamente: XIX, 31,9% e 13,4%; XIII, 16,6% e 18,0%; V, 7,8% e 9,8%. Análise gráfica mostra tendência de elevação da frequência para as mulheres no Capítulo V desde 2017, após redução entre 2011 e 2017, e elevação desde 2011 para o Capítulo XIX. Conclusões: Constatou-se tendência de elevação de casos de incapacidade laboral para as mulheres associados aos Capítulos XIX e V, mantendo-se os homens como maioria significativa de casos associados ao Capítulo XIX, sugerindo associação entre absenteísmo-doença e dinâmicas sociais de gênero.
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE ENFERMEIROS RESIDENTES
Pôster
Toledo, A. B1, Anjos, P. A1, Fonsêca, C. R. P.1, D’Almeida Miranda, F. M. D.A1
1 UFPR
Objetivos: Analisar a qualidade de vida no trabalho dos enfermeiros residentes de um Programa de Residência Multiprofissional de um Complexo Hospitalar de Curitiba no Paraná. E com intuito de identificar as condições e fatores que impactam na qualidade de vida desses profissionais. Métodos: Pesquisa descritiva e analítica, de natureza exploratória e abordagem quantitativa, a coleta de dados ocorreu com o público-alvo de enfermeiros residentes de um Complexo Hospitalar de Ensino da cidade de Curitiba no Paraná, no período de novembro de 2023 a maio de 2024. Para atingir o público-alvo foi utilizado a técnica “Bola de neve”, para amostragem não probabilística, introduzida por Coleman (1958) e Goodman (1961), cujo objetivo é utilizar redes de referência de indivíduos da população para fornecer ao pesquisador um maior conjunto de indivíduos. Resultados: Foram selecionados 23 enfermeiros residentes, equivalente a 88,4% da população de interesse. Houve predomínio na insatisfação da influência do trabalho na vida familiar (78,2%), salário e jornada de trabalho (43,5%), salubridade (56,5%), respeito da empresa aos direitos do trabalhador (52,2%), incentivo ao estudo (73,9%), e muito insatisfeitos com o cansaço (62,5%) que o trabalho realizado causa e o pouco tempo para descanso (69,6%). Destacou-se a satisfação em relação a imagem da empresa perante à sociedade (65,2), autonomia que lhes é conferida no trabalho (52,2%), comprometimento da equipe (52,2%) e importância do trabalho que realiza (87%). Conclusões: Enfermeiros residentes expressaram-se insatisfeitos com a remuneração recebida, carga horária exaustiva. pouco tempo para descanso. Contudo demonstram satisfação com a equipe, o trabalho que realizam e a imagem diante da sociedade.
QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE E CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE CUIDADORES
Pôster
Araújo, L.1, Dias, A.1, Bernardes, J. M.1
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
Objetivos: avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) e a capacidade para o trabalho (CT) de cuidadores formais e informais, além de investigar seus fatores associados. Métodos: estudo transversal, envolvendo 97 cuidadores formais e 91 informais. Diferenças entre cuidadores foram avaliadas com testes U de Mann-Whitney e qui-quadrado. Dois modelos de regressão logística foram usados para analisar os fatores associados aos desfechos (QVRS inadequada e CT inadequada): um hierárquico de dois níveis e outro explorando a relação entre a sobrecarga de cuidado e o suporte social com os desfechos. Resultados: cuidadores informais relataram maior sobrecarga (p=0,001), menor suporte social (p=0,002), pior QVRS (p=0,014) e CT (p=0,001). As horas diárias de cuidado foram positivamente associadas aos desfechos (QVRS: OR 1,057, IC 95% 1,006-1,111; CT: OR 1,079, IC 95% 1,018-1,143), enquanto a boa aptidão física esteve inversamente associada a estes (QVRS: OR 0,275, IC 95% 0,140-0,543; CT: OR 0,257, IC 95% 0,116-0,570). Os níveis de sobrecarga moderado e severo apresentaram forte associação dose-resposta positiva com os desfechos (QVRS: OR 5,908, IC 95% 2,613-13,362; OR 12,502, IC 95% 4,677-33,424; CT: OR 6,358, IC 95% 2,677-15,096; OR 21,829, IC 95% 8,174-58,295). Já, o suporte social apresentou associação negativa com os desfechos (QVRS: OR 0,666, IC 95% 0,462-0,960; CT: OR 0,565, IC 95% 0,384-0,832). Conclusão: cuidadores informais enfrentam maiores desafios quanto a sobrecarga de cuidado, suporte social, QVRS e CT. Intervenções para reduzir a sobrecarga e aumentar o suporte social, além de promover aptidão física, são essenciais para esses trabalhadores.
RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E TRABALHO INFORMAL: OS IMPACTOS NA POPULAÇÃO NEGRA.
Pôster
REIS, D. M.1, SOUSA, G. M. C.1, FIGUEREDO-SILVA, S.1
1 Universidade Estadual do Tocantins
Objetivos: Este estudo teve como objetivo comparar o grau de formalização do trabalho das pessoas ocupadas a partir de um recorte racial e analisar as repercussões do trabalho informal para a saúde do trabalhador negro na Região Norte do Brasil. Métodos: Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, na qual dados secundários de domínio público advindos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e dos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como artigos relevantes à temática encontrados nas bases de dados SciELO e Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), foram utilizados para comparar o grau de formalização do trabalho entre pessoas negras e brancas no Norte do país e para apontar os impactos do fator “raça” na saúde do trabalhador informal nortista. Resultados: A análise dos dados evidenciam como a saúde das pessoas negras é mais afetada pelo trabalho informal comparada às pessoas brancas, visto que essas ocupam mais cargos dentro da formalidade. Ademais, os trabalhos informais não asseguram a segurança do trabalhador quanto aos riscos envolvidos, além de estarem relacionados com estigmas sociais e preconceitos que afetam as condições psicossociais dos trabalhadores negros. Conclusões: A informalidade, com condições precárias de trabalho e negação de princípios básicos de cidadania, agrava as desigualdades sociais. Sob tal ótica, a pesquisa revela uma forte relação entre trabalho informal, raça e saúde na Região Norte do Brasil. Nesse sentido, pessoas negras, mais suscetíveis ao trabalho informal, também estão mais sujeitas a problemas de saúde de natureza física e mental.
REPERCUSSÕES DO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO NO CONSUMO E COMÉRCIO DE PESCADOS
Pôster
Soares, S. L. D.1, Campos, R. H. L.2, Santos, S. O. M.1, Gurgel, D. G. I.1, Gonçalves, E. J.1, Bonfim, V. C.2
1 IAM - FIOCRUZ
2 FUNDAJ
Objetivo: Compreender as implicações do derramamento de petróleo no consumo e comércio de pescados. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, a população de estudo foram pescadores(as) que residem nos 16 municípios do litoral de Pernambuco. O instrumento de coleta foi questionário com perguntas estruturadas. Foram selecionadas variáveis como, ingestão de substância contaminada, consumo de pescado antes do evento, consumo durante o evento, impacto na quantidade de pesca, nos preços e nas vendas dos pescados. Resultados: Dos 1.259 indivíduos que participaram da pesquisa, (n=197; 16,8%) relataram ter ingerido substância contaminada pelo petróleo, (n=1.257; 99,8) afirmaram que consumiam pescados antes do derramamento, durante o evento (n=838; 67%) interromperam o consumo. Com relação ao comércio, em uma escala de pouco, médio e grande impacto, (n=1.021; 81,1%) dos entrevistados relataram que houve grande impacto na quantidade de pescado, (n=1.059; 84,1%) apontaram que houve aumento nos preços e (1.131; 89.8%) relataram grande impacto nas vendas do pescado. Conclusão: Os resultados destacam a interrupção no consumo de pescado entre os pescadores durante o derramamento de petróleo, evento que afetou a economia local, e levantou preocupações sobre a insegurança alimentar na comunidade pesqueira. Ademais, a redução nas vendas e o aumento nos preços do pescado podem ter exacerbado os desafios existentes relacionados ao acesso a alimentos seguros.
RISCO DE ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO NO SETOR TÊXTIL DE SANTA CATARINA, 2008 A 2017
Pôster
Menegon, L. S.1, Maeno, M.2, Kupek, Emil.1
1 UFSC
2 Fundacentro
Apesar dos acidentes de trabalho serem considerados um problema de saúde pública são escassos os estudos epidemiológicos sobre acidentes no setor têxtil. Objetivo: estimar o risco de acidente de trabalho típico no setor têxtil de Santa Catarina de acordo com variáveis sociodemográficas, categoria e tamanho do estabelecimento, entre 2008 e 2017. Método: trata-se de uma coorte retrospectiva, populacional, com base na Relação Anual de Informações Sociais. As estimativas foram realizadas por meio da regressão de Poisson. Resultados: no período estudado houve 1.555.414 vínculos empregatícios, que resultaram em 11.397 afastamentos decorrentes de acidente de trabalho típico. Houve tendência de queda na incidência (73%) de afastamentos por acidente de trabalho típico, passando de 28,49/1.000 trabalhadores-ano, em 2008, para 7,77/1.000 trabalhadores-ano, em 2017. As taxas foram maiores entre os homens (13,66/1.000 trabalhadores-ano), pessoas entre 50 e 59 anos (10,93/1.000 trabalhadores-ano), ensino fundamental completo até médio incompleto (9,84/1.000 trabalhadores-ano), fabricação de têxteis (11,25/1.000 trabalhadores-ano) e estabelecimentos que empregavam acima de 1.000 trabalhadores (10,63/1.000 trabalhadores-ano). Conclusões: os resultados precisam ser analisados com cautela, pois a base de dados considera apenas trabalhadores formais a partir da auto declaração das empresas. Além disso, alguns aspectos podem ter contribuído para a pronunciada queda observada nas taxas: subnotificação, instituição de novas formas de notificação dos acidentes pelo Instituto Nacional do Seguro Social e adoção de novas modalidades de trabalho (ex.: trabalho compatível). Os resultados podem subsidiar informações para o delineamento e implementação de políticas públicas, ações de vigilância e melhoria nas condições de trabalho no setor têxtil.
RISCO OCUPACIONAL E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA COVID-19 EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO BRASIL
Pôster
Pinho, D. X.1, Souza, F. S.1, Figueiredo, F. G.1, Araújo, L. M. F.1, Mota, A. M. A.1, Palma, T. F.1
1 UNEX
Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico da COVID-19 em profissionais de saúde no Brasil, entre 2020 e 2023. Método: Estudo ecológico, descritivo, a partir de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN, com foco no perfil sociodemográfico dos casos de COVID-19 (CID B34), entre os profissionais de saúde no Brasil. Foram calculadas as prevalências por estratos, a Variação Percentual Proporcional-VPP e as taxas, por ano e por categoria profissional. Utilizou-se o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde para cálculo das taxas. Resultados: No período, foram notificados 64.075 casos de COVID-19 no SINAN. A diminuição nos registros foi de 31,2%, até 2022. Apresentou maior queda a partir do acesso à vacina (VPP2022-23=-83,7%). Técnicas(os) de Enfermagem (38,8%), Enfermeiras(os) (17,4%) foram os mais atingidos, porém o risco de contágio foi maior em Agentes de Saúde Pública (67,7/1.000 trabalhadores), seguidos de Técnicas(os) de Enfermagem(33,7/1.000) e Enfermeiras(os)(25,8/1.000). Prevaleceram casos em mulheres (79,6%). O Nordeste concentrou 31,6% das infecções, no entanto, os estados com maior destaque estavam na região Sul: Paraná (16,1%) e Rio Grande do Sul (13,4%). Curitiba foi o município com mais notificações (16,1%). Houve extensa subnotificação do agravo, com registro em apenas 14,8% dos municípios brasileiros. A letalidade foi 0,5% e 16,4% evoluiu a algum tipo de incapacidade. A Comunicação de Acidentes de Trabalho-CAT foi emitida em 18,1% dos casos. Conclusão: A força de trabalho em saúde atua diretamente lidando com diversos agravos. Entretanto, ela não é homogênea, havendo diferenças significativas entre ocupações, gênero e raça. Ações protetivas precisam acompanhar estas distinções.
RISCOS OCUPACIONAIS NA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Pôster
Picanço, G. S.1, Fonsêca, C. R. P.1, Aguiar, B. F.1, Miranda, F. M. DA1
1 UFPR
Objetivo: Investigar na literatura científica os riscos ocupacionais vivenciados pelos profissionais de enfermagem que desempenham suas atividades em uma Central de Material e Esterilização. Metodologia: Revisão de escopo, baseada nas diretrizes do Instituto Joanna Briggs, realizada entre fevereiro e março de 2024, nas bases de dados Embase, PubMed, Lilacs, Web Of Science e Cinahl. A pergunta norteadora formulou-se como: “Quais são os riscos ocupacionais vivenciados pelos profissionais de enfermagem em uma Central de Material e Esterilização?”. Resultados: A amostra final desta revisão foi composta por nove artigos. Os riscos identificados englobam os físicos, químicos e biológicos, além dos riscos psicossociais e ergonômicos. Os achados indicam riscos que envolvem a estrutura física de trabalho, as altas temperaturas às quais os profissionais estão expostos, o ruído constante, a vulnerabilidade à infecções, o curto tempo de pausa, a exigência de atenção constante, a falta de recursos humanos, a desvalorização da unidade e a falta de cooperação entre colegas. A presença desses fatores corrobora com a ideia de que os riscos ocupacionais contribuem para a insatisfação no trabalho, já que ambientes inseguros podem diminuir a motivação e o bem-estar dos funcionários. Conclusões: Prejuízos à saúde do trabalhador são provenientes dos riscos encontrados neste estudo e a equipe de enfermagem os enfrenta constantemente no processo de trabalho desenvolvido na Central de Material e Esterilização. Por isso, torna-se necessária a elaboração de medidas preventivas e de suporte, que garantam a segurança e o bem-estar dos trabalhadores enquanto desenvolvem suas ocupações.
SAÚDE MENTAL E TRABALHO DOCENTE: TRABALHO REMOTO E DOMÉSTICO DURANTE PANDEMIA DA COVID-19
Pôster
Lima, M. E.1, Araújo, D. R.1, Araújo. T. M.1, Lemos, L. M.1, Cardoso, R. S.1, Lua, I.1
1 UEFS
Objetivo: Descrever o trabalho remoto e doméstico e saúde mental de docentes universitárias durante a pandemia da Covid-19. Métodos: Estudo transversal incluindo 239 docentes de universidade pública do interior da Bahia. Os dados foram coletados em 2020-21 com uso de formulário online estruturado contendo informações sociodemográficas, ocupacionais e o Self Report Questionnaire (SRQ-20), o qual foi utilizado para mensurar o Transtornos Mentais Comuns (TMC), com ponto de corte de 7 ou mais respostas positivas. Resultados: Estimada prevalência de 45,2% de TMC entre docentes durante a pandemia, as quais encontravam-se em teletrabalho (96,65%), com maior carga de trabalho (68,62%), e condições inadequadas no home-office. As condições de trabalho no ambiente domiciliar foram inadequadas, apresentando : alto nível de ruído (34,7%), interrupções (35,6%), mobiliários (39,3%) e espaço físico irregular (36%). Também foram relatadas dificuldades quanto à comunicação com os alunos (67,8%), planejamento e execução das atividades a distância (66,1%) e utilização das ferramentas requeridas para executar o trabalho (64%). Quanto ao trabalho doméstico, 20,1% não receberam nenhum tipo de ajuda, e 61,09% se queixaram da sensação de ter que fazer “mil coisas” ao mesmo tempo. Conclusão: O trabalho docente durante a pandemia da COVID-19 exigiu diversas mudanças e trouxe consigo condições insalubres de trabalho, que somadas com as atividades domésticas ampliadas neste período podem ter reflexos significativos na saúde mental destas mulheres, o que é evidenciada pela elevada prevalência de TMC encontrada neste cenário.
SINTOMAS FÍSICOS EM PESCADORES(AS) ARTESANAIS E EXPOSIÇÃO AO PETRÓLEO APÓS DERRAMAMENTO.
Pôster
Carvalho, M. N.1, Rêgo, R. C. F.1, Falcão, I. R.2, Machado, L. O. R.3, Lima, V. M. C1
1 UFBA
2 Cidacs/Fiocruz
3 IESC/UFRJ
Introdução: Pescadores(as) artesanais de comunidades tradicionais foram afetados pelo derramamento de petróleo ocorrido na costa brasileira em 2019, causando impactos negativos na saúde de pescadores e no ecossistema dos territórios de pesca. Objetivo: Este estudo identificou a exposição ao petróleo e a presença de sintomas físicos estressores da saúde mental em pescadores(as) artesanais de comunidades tradicionais residentes em duas áreas de proteção ambiental (APAs) atingidas pelos resíduos oleosos. Método: estudo epidemiológico de corte transversal realizado entre 2021 e 2022. Um questionário estruturado e validado pelo método Delphi foi aplicado a 377 pescadores(as) em APAs nos estados de Sergipe e Bahia. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e exploratórias dos dados. Resultados: Os resultados mostraram altas prevalências de sintomas físicos estressores da saúde mental (45,6%) entre os pescadores(as); maiores exposições ao petróleo pela via inalatória (73,7%) e cutânea (51,7%). Tontura (23,9%), náuseas (18,4%) e falta de ar (17,0%) foram os sintomas mais frequentes entre os entrevistados. Entre os pescadores(as), 20,7% apresentaram um ou dois sintomas e 24,9% apresentaram três ou mais sintomas físicos estudados. Conclusão: Verificou-se altas prevalências de sintomas físicos e exposições entre os participantes, alertando-se quanto a importância de avaliar os efeitos à saúde de comunidades afetadas pela poluição ambiental com o petróleo. É preciso realizar o acompanhamento e monitoramento da saúde das populações afetadas pelo petróleo para assim, fomentar estratégias e políticas públicas de enfrentamento a eventos semelhantes que possam ocorrer futuramente.
SITUAÇÃO VACINAL DE TRABALHADORES(AS) DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO NORDESTE BRASILEIRO
Pôster
SILVA, Alexandre Bezerra.1, COSTA, W. A. G.2, CAMPOS; JDF3, LIMA,S.S.1, SOUZA, K.M.S1, MAIA, Allysandra Maria Lima Rodrigues4
1 Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP/RN)
2 Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN
3 Secretaria Municipal de Taipu/RN
4 Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
Objetivo: Relatar uma experiência de ações em vacinação desenvolvidas para monitorar a situação vacinal de trabalhadores em janeiro de 2023 no Hospital Dr. José Pedro Bezerra, localizado em Natal/RN. Método: Foram desenvolvidas ações de vacinação entre 32 trabalhadores ao todo. Destes 22,2% tinham entre 20 e 39 anos de idade, 55,6%, entre 40 e 59 e 22,2% entre 60 e 79. As ações ocorreram conforme os seguintes procedimentos: análise do cartão de vacinação, aplicação de vacinas contra hepatite B, difteria e tétano (dT). Os dados foram compilados para planilha Excel dos quais foram realizadas porcentagens submetidas a análise descritiva. Resultados: Foram vacinados dezoito trabalhadores contra difteria e tétano, sendo 27,7% do sexo masculino, e 72,3% do sexo feminino,22,2% na faixa etária entre 20 e 39 anos de idade, 55,6% entre 40 e 59, e 22,2% entre 60 e 79 anos. Sobre o esquema vacinal de dT dos trabalhadores verificou-se que 16,7% estava completo, 33,3% foi a primeira dose, 5,6% a segunda dose, e 44,4% a dose reforço. Sobre a vacinação contra hepatite B, foram vacinados quatorze trabalhadores, sendo 35,7% do sexo masculino e 64,3% do sexo feminino, 35,7% na faixa etária entre 20 e 39 anos de idade, 42,8% entre 40 e 59, e 21,5% entre 60 e 79 anos. Sobre o esquema vacinal verificou-se que 57,1% precisaram tomar a primeira dose, 0% a segunda dose, e 42,9% a terceira. Conclusões: Constatou-se a importância dos imunizantes no contexto das atividades laborais, uma vez que essenciais no combate a diversas doenças.
SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE POLICIAIS MILITARES ATUANTES EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA
Pôster
Aguiar, B.F.1, Gama, B.S.1, Picanço, G.S.1, Sousa, R. D.1, Ferreira, S.I.R.1, Miranda, F.M.D.1
1 UFPR
Objetivos: Avaliar a prevalência da Síndrome de Burnout entre Policiais Militares atuantes no município de Curitiba e região metropolitana. Métodos: Trata-se de uma pesquisa de métodos mistos com estratégia explanatória sequencial dos dados, que possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Ela será realizada na perspectiva da teoria Job Demand Resources (JD-R), em busca de compreender à existência de riscos para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout para policiais militares. A população da pesquisa será composta por policiais militares ativos de Curitiba e região metropolitana. A coleta de dados quantitativa será por meio da aplicação de um questionário estruturado sobre as características sócio-ocupacional e epidemiológicas. Também será utilizado o Burnout Assessment Tool e Utrecht Work Engagement Scale. Na etapa qualitativa será utilizado um questionário semi-estruturado. Para análise dos dados será utilizado o Software Microsoft Excel® 2016 e o ambiente R CORE TEAM 2021, com uso de testes estatísticos como: “qui-quadrado”, “exato de Fisher” e cálculo da odds ratio, com intervalo de confiança de 95%. Para etapa qualitativa, o Software IRAMUTEQ_0.6-alpha3® e posteriormente a integração dos dados. Resultados: Espera-se identificar a prevalência da Síndrome de Burnout e os fatores de riscos associados ao seu desenvolvimento relacionados ao trabalho. Conclusões: A identificação da prevalência da Síndrome de Burnout entre os policiais militares pode subsidiar ações de intervenção no processo de organização do trabalho, promoção da saúde e qualidade de vida profissional.
SOFRIMENTO PSICOLÓGICO DE TRABALHADORES BRASILEIROS NO INÍCIO DA PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
Alonso, M. S.1, Nunes, H. R. C.2, Ruiz-Frutos, C.3, Gómez-Salgado, J.3, Dias, A.1, Bernardes, J. M.1
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB)
2 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB).
3 Faculdade de Ciências do Trabalho, Universidade de Huelva, Espanha
Objetivos: identificar a prevalência de sofrimento psicológico entre trabalhadores brasileiros essenciais e não essenciais durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19. Métodos: este estudo descritivo incluiu 2.903 participantes que responderam a um questionário online entre abril e maio de 2020. O questionário compreendia 147 perguntas divididas em 11 seções: características sociodemográficas, perfil ocupacional, características de saúde, conhecimento sobre COVID-19, histórico de contato com a COVID-19, sintomas percebidos da COVID-19, percepção de risco da COVID-19, medidas preventivas, senso de coerência (avaliado pela Escala de Senso de Coerência de 13 itens), engajamento no trabalho (avaliado pela Escala de Engajamento no Trabalho de Utrecht de 9 itens) e sofrimento psicológico (avaliado pela versão em português brasileiro do Questionário de Saúde Geral de 12 itens - GHQ). As variáveis foram analisadas usando distribuições percentuais simples e cumulativas e medidas de tendência central e dispersão. Resultados: observou-se uma prevalência de 72,6% (IC 95% 70,1–74,2%) de sofrimento psicológico (GHQ-12 ≥ 3) entre os participantes. Já, a mediana do escore de percepção de risco foi de 60 pontos (de um máximo de 90), e a maior preocupação foi transmitir o vírus para familiares, contatos próximos ou pacientes. Além disso, foi encontrado um menor senso de coerência e engajamento no trabalho entre os participantes em comparação com estudos anteriores realizados em outros países. Conclusão: quase três quartos dos participantes foram classificados como apresentando sofrimento psicológico. É imperativo fornecer intervenções de saúde mental aos trabalhadores durante eventos de saúde pública que exigem medidas prolongadas de distanciamento social.
SONO DE PROFESSORAS/ES UNIVERSITÁRIAS/OS: UMA COMPARAÇÃO ENTRE 2020 E 2023
Pôster
Santos, E. P.1, Muniz, C. F. D.1, Pinho, P. S.1
1 UFRB
Objetivo: Analisar a qualidade do sono das/os docentes de uma universidade pública da Bahia em dois momentos distintos da pandemia da COVID-19 (2020 e 2023). Métodos: Foi realizado um estudo transversal por meio de dois websurveys entre docentes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (372 em 2020 e 167 em 2023), todos em efetivo exercício de suas funções. A qualidade do sono e potenciais fatores associados à sua diminuição foram analisados, utilizando a escala Mini Sleep Questionnaire. As análises descritivas e bivariadas foram realizadas no software estatístico SPSS, versão 23.0. O projeto foi aprovado pelo CEP/UFRB. Resultados: Grande parte dos/as docentes apresentou má qualidade do sono em ambos os períodos da pesquisa, com 72,3% em 2020 e 74,4% em 2023. Esta condição esteve associada ao fate de ser docente mulher (78,2% em 2020 vs. 77,3% em 2023), ausência de prática de atividade física (80,2% em 2020 vs. 77,1% em 2023) e falta de momentos para relaxar e/ou lazer (84,7% em 2020 vs. 81,7% em 2023). A presença de Transtornos Mentais Comuns e o uso de medicação para lidar com a rotina de trabalho também mostraram significância estatística (p<0,001). Conclusão: Os resultados sugerem que a pandemia de COVID-19 teve um impacto duradouro na qualidade do sono dos docentes universitários, destacando a necessidade de medidas contínuas de apoio à saúde mental e à qualidade de vida desses profissionais.
SUBNOTIFICAÇÃO DE LER/DORT NO SINAN: DESAFIO DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR
Pôster
Castro, T. G. M.1, Santos, P. T. S.1, Santos, J. D. P.1
1 Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Objetivos: Identificar as notificações de Lesões de Esforços Repetitivos/Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (LER/DORT) no município de Belo Horizonte no período de 2018 a 2023 e descrever as características dos trabalhadores notificados.
Metodologia: Estudo de dados secundários a partir da análise das fichas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre LER/DORT preenchidas no município de Belo Horizonte. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde, disponibilizados ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST). A pesquisa foi realizada no CEREST Municipal de Belo Horizonte, local de trabalho das autoras. Os dados foram extraídos de acordo com as variáveis de interesse selecionadas das fichas SINAN e foi realizada análise descritiva por meio do programa Excel.
Resultados: 205 notificações de LER/DORT foram identificadas no banco SINAN do município de Belo Horizonte. A maioria (63%) dos trabalhadores são do sexo feminino, o tipo de ocupação mais frequente foi o serviço de limpeza e os agravos mais comuns foram as lesões no ombro. 97% das notificações do município foram realizadas pelos CERESTs.
Conclusão: O SINAN é uma das bases de dados norteadora para adoção de políticas públicas de saúde, porém a subnotificação é preocupante. A análise das notificações permite identificar unidades de saúde silenciosas para direcionamento de ações de educação permanente do CEREST. A compreensão das ocupações mais acometidas permite elaboração de ações educativas e de vigilância em ramos de atividades de maior risco, considerando a realidade do município de Belo Horizonte.
TEMPO DE TELA E DOR NAS COSTAS EM PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DURANTE A PANDEMIA
Pôster
Monteiro, L. F.1, Reis, F. R. S.1, Reis, F. R. S.1, Pereira, N. G.1, Costa, W. P.1, Nogueira, S. M.2, Costa, M. B.2, Noll, P. R. S.1, Noll, M.1
1 Instituto Federal Goiano Campus Ceres
2 Universidade Evangélica de Goiás Campus Ceres
Analisar a associação entre a ocorrência de dor nas costas dos servidores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT) e o tempo de tela (computador e TV) ao longo da pandemia de COVID-19.
Trata-se de um estudo transversal e quantitativo realizado em 2022, com coleta de dados via questionário eletrônico, envolvendo 1.563 participantes da RFEPCT. As variáveis analisadas incluíram dados sociodemográficos, tempo de tela (computador e TV) e ocorrência de dor nas costas, coletados por meio do questionário BackPEI. Os dados foram analisados por meio do software IBM™ SPSS™ Statistics. Utilizou-se o teste Qui-quadrado (χ2) para análise bivariada, regressão de Poisson para razão de prevalência (IC: 95%) (α=0,05).
O perfil dos participantes foi composto por técnicos administrativos em educação (56,2%) e docentes (43,8%), sendo a maior parte do sexo feminino (57,3%) e originários do Centro-Oeste (32,2%). A percepção de dor nas costas nos últimos 3 meses foi observada em 81,1% da amostra. Houve associação significativa entre o tempo diário gasto no computador e a dor nas costas (RP 1,09; IC 1,02–1,17; p<0,001), mas não houve associação significativa com o tempo gasto assistindo televisão (RP 0,99; IC 0,94–1,04; p=0,962).
Observou-se uma alta prevalência de dor nas costas entre os servidores da RFEPCT durante a pandemia de COVID-19, evidenciando que o tempo de uso do computador está significativamente associado a dor nas costas. Esses resultados ressaltam a importância de intervenções ergonômicas e comportamentais para reduzir a dor nas costas entre esses profissionais.
TRABALHO E SAÚDE MENTAL DE AUDITORES E AUDITORAS FISCAIS DO TRABALHO NO BRASIL
Pôster
Muniz, C. F. D.1, Laurentino, P. P.1, Santos, E. P.1, Silva, S. B.1, Araújo, T. M.2, Pinho, P. S.1
1 UFRB
2 UEFS
Objetivos: Descrever condições do trabalho e suas implicações na saúde mental de Auditores e Auditoras Fiscais do Trabalho (AFT) ativos no Brasil. Métodos: Inquérito divulgado por e-mail e redes sociais do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho. Inquérito do tipo websurvey com dados coletados entre maio e setembro de 2022, mediante preenchimento de Google formulário. O critério de elegibilidade foi ser AFT ativo de todas as regiões do Brasil. As análises foram feitas no software estatístico SPSS, versão 23.0. Projeto aprovado pelo CEP/UFRB. Resultados: o estudo alcançou 967 AFT das 27 unidades federativas do país (taxa de resposta de 48,5% dos AFT). A maioria dos entrevistados foram do sexo masculino (60,8%), autodeclarados brancos (69,5%), com idade entre 41 e 59 anos (66,0%). Sobre as condições de trabalho, 49,1% vivenciavam desequilíbrio esforço-recompensa e 46,7% informam que o volume de demandas é elevado e tempo insuficiente para realizá-lo. A prevalência de Transtornos Mentais Comuns foi de 47,3%, com maior prevalência associada a as mulheres (p<0,004), volume elevado de demandas (p<0,001) e considerar o próprio trabalho sem importância (p<0,001). A prevalência de depressão chegou a 27,4% e de Transtorno de Ansiedade Generalizada a 26,1%, com maior prevalência de ambos também associadas às mulheres (p<0,001). Conclusão: Agravos em saúde mental tem expressiva prevalência entre AFT no Brasil; gênero é uma categoria comumente associada a esses agravos. São necessárias ações voltadas à saúde mental para esta categoria profissional e mais estudos podem contribuir para a análise dos fatores associados a estes adoecimentos.
TRABALHO SUBORDINADO EM VEÍCULO DE DUAS RODAS E DOR EM PUNHOS OU MÃOS EM ENTREGADORES
Pôster
Siqueira, J.S.1, Werneck, G.L.2, Fernandes, R.C.P.3
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro / Universidade Federal da Bahia
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3 Universidade Federal da Bahia
Objetivos: Estimar a prevalência de dor em punhos ou mãos em entregadores em empresas-plataforma de entrega (EPE), conforme características sociodemográficas e ocupacionais. Métodos: Realizou-se websurvey - EpisSAT Entregadores - com entregadores de mercadorias no Brasil. A coleta de dados ocorreu de fevereiro a maio de 2022, utilizando-se questionário sobre características sociodemográficas, ocupacionais e de morbidade. Estimou-se a prevalência de dor em punhos ou mãos nos últimos 12 meses, considerando apenas os trabalhadores que exerciam a atividade há, no mínimo, um ano. Resultados: Participaram do estudo 563 entregadores, sendo 491 com um ano ou mais de atuação. A maioria trabalhava em EPE (89,2%), conduzindo motocicletas (90%). A prevalência de dor em punhos ou mãos correspondeu a 52,8% no último ano, e foi maior entre aqueles que trabalhavam 10 ou mais horas diárias (57,5%), sete dias por semana (60%), sem o apoio das EPE para resolução dos problemas decorrentes do trabalho (56,4%) e com experiência de conflitos com clientes no trabalho (61,8%). Entre os que apresentaram a sintomatologia, 23,5% consumiu medicamentos frequentemente e 22,2% afastaram-se do trabalho. Conclusões: Verificou-se elevada prevalência de dor em punhos ou mãos em entregadores, em especial entre os que apresentam extensas jornadas de trabalho e foram expostos a situações de conflito. O aumento da remuneração, visando viabilizar a redução da jornada com exposição a movimentos repetitivos, posturas anômalas e vibração em punho e mãos, e intervenções para reduzir conflitos e ampliar o apoio aos entregadores em EPE nestas situações são necessários para prevenção de dor e incapacidade.
UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Pôster
Farias Junior, Y .C1, Souza, F.O1, Melo, D.V1, Helioterio, M.C1, Pinho, P.S1, Araújo, T.M2
1 UFRB
2 UEFS
Objetivos: avaliar frequência de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de acordo com a disponibilidade por Trabalhadores da Saúde (TS) durante a pandemia de COVID-19. Métodos: estudo epidemiológico transversal realizado entre 2021 e 2022., conduzido com amostra representativa e aleatoriamente selecionada de TS da atenção primária e média complexidade de três municípios baianos. Aplicou-se questionário estruturado com entrevista face a face. Utilizou-se o Statistical Package for Social Sciences (SPSS) para análises estatísticas. Número do Processo no Comitê de Ética e Pesquisa: 90204318.2.0000.0053. Resultados: Participaram do estudo 1204 TS. Acerca da disponibilidade de EPI, 52,4% TS relataram que havia disponível avental; 72,9%, luvas; 84,7%, máscara; 40,7%, óculos de proteção. Em relação ao uso de EPI, 35,8% referiram que sempre utilizavam avental; 57,0%, luvas; 52,8%, máscara; 33,8%, óculos de proteção. Conclusões: Apesar da disponibilidade, parcela considerável de TS não utilizava rigorosamente os EPI. 1/5 dos TS referiram que nunca utilizavam máscara durante a jornada laboral ratificando a ausência de autoproteção. Considerando que o estudo foi realizado durante a pandemia de COVID-19, o uso de proteção respiratória era imprescindível em todos os setores dos serviços de saúde. Além da possibilidade de infecção pelo vírus da COVID-19, há o risco de contaminação para outros patógenos, além de acidentes de trabalho, evidenciando, consequentemente, a relevância da adesão ao uso de avental e luvas.
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL: PERSPECTIVA DA APS E DOS TRABALHADORES RURAIS
Pôster
Mazza, I.1, Silva, T. J.2, Leite, P. H. C P.2, Serpa, E.1, Coscarelli, P. G.3
1 Programa de Saúde do Trabalhador - Prefeitura Municipal de Resende
2 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Médio Paraíba II- Prefeitura Municipal de Resende
3 Hospital Universitário Pedro Ernesto e Instituto de Educação Física e Desportos - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Objetivos: A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) engloba ações de promoção e prevenção em saúde do trabalhador (ST) sistemáticas e permanentes, fundamentadas em análises territoriais. Assim, o Programa de Saúde do Trabalhador do Município de Resende - RJ em parceria com o Cerest Médio Paraíba II vem realizando inquéritos epidemiológicos e de gestão em ST para planejar intervenções relacionadas aos acidentes de trabalho (AT) e doenças relacionadas ao trabalho (DARTs) em territórios rurais. Métodos: Entre fevereiro/2022 e maio/2024 foi realizado matriciamento em ST nas oito Equipes de Estratégia da Família (ESFs) localizadas na zona rural, além de ações de VISAT em propriedades rurais. Nas ações foram aplicados questionários sobre o perfil produtivo dos territórios e os ATs/DART mais percebidos ou vivenciados. Foram analisados 34 questionários de profissionais de saúde e 81 de trabalhadores rurais. Resultados: Nos questionários dos trabalhadores rurais observou-se que 56% relatam ter sofrido AT, 89% relatam usar EPIs (botas e calça) e 4% utilizam agrotóxicos. Nos questionários aplicados nos profissionais de saúde, observou-se que no perfil produtivo os destaques foram pecuária, prestação de serviços e agricultura e os ATs/DARTs mais comuns corte/contusão, queda, acidentes com animais peçonhentos, dores no corpo, doença emocional e dermatoses. Segundo os profissionais de saúde muitos usuários não fazem uso de outros EPIs e sequer fazem relação aos produtos agropecuários como agrotóxicos. Conclusão: O estudo identificou a ocorrência de ATs/DARTs e oferece subsídios para ações em VISAT. Fica notória a necessidade de orientação para profissionais de saúde das ESFs e trabalhadores rurais.
INTENSIDADE DE ANSIEDADE NOS PROFISSIONAIS DA ESF NO CONTEXTO PÓS VACINAÇÃO DA COVID-19
Pôster
BATISTA, O. P.1, SOUZA, M. L2, PEREIRA, K. M. S.2, BRAUN, C. L.3
1 SESA
2 UFES
3 PMDM
Objetivo: Descrever os fatores sociodemográficos e identificar a intensidade de ansiedade em profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF) em Domingos Martins, ES, no contexto pós vacina. Métodos: Estudo descritivo exploratório transversal de abordagem quantitativo, realizado no período de dezembro a fevereiro de 2023. Foram avaliados 64 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentista, auxiliares de saúde bucal e agentes comunitários de saúde, atuantes nas 08 unidades de saúde da família do município. O instrumento de pesquisa constituiu-se em um questionário englobando aspectos sociodemográficos e ocupacionais e Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS 21). Resultados: A idade média dos participantes foi de 42,86 anos, sendo a maioria agentes comunitários de saúde, do sexo feminino, casadas, com filhos, renda per capita de até 2 salários mínimos e ensino médio completo. A ansiedade aparece em 51,6% entre os profissionais da ESF com intensidade entre extremamente severo e moderado. Conclusão: a intensidade da ansiedade merece ser avaliada dentro do contexto de atuação profissional da ESF, visto que os sintomas podem ser acentuados e causar transtornos que interferem na vida pessoal e profissional do indivíduo.