Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) - 5. Doença renal
ASSOCIAÇÃO ENTRE PADRÃO ALIMENTAR TRADICIONAL BRASILEIRO E OBESIDADE ABDOMINAL DINAPÊNICA
Pôster
Cattafesta, M.1, Salaroli, L. B.1
1 Universidade Federal do Espírito Santo
Objetivo: Avaliar a associação entre a adesão aos padrões alimentares e a presença de obesidade abdominal dinapênica em pacientes submetidos à hemodiálise. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal envolvendo 996 usuários dos serviços de hemodiálise da Região Metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil. A obesidade abdominal dinapênica foi definida pela combinação da presença da obesidade abdominal indicada pela relação cintura-estatura e da redução da força muscular mensurada pela força de preensão palmar. A Análise de Componentes Principais foi utilizada para determinar os padrões alimentares. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número 2.104.942 e CAAE 68528817.4.0000.5060. Resultados: A análise identificou uma associação significativa entre a obesidade abdominal dinapênica e dois padrões alimentares distintos: "Dieta de cafeteria" (p < 0,001) e "Tradicional brasileiro" (p < 0,001). Após ajustes para variáveis confundidoras, os pacientes em hemodiálise que mais aderiram ao padrão alimentar tradicional apresentaram 40,4% menos chances de terem obesidade abdominal dinapênica (OR = 0,596, IC95% 0,435 – 0,816, p < 0,001). Os alimentos predominantes neste padrão (com maior saturação) incluíam feijões, arroz, cebola, alho, tomate e alface. Conclusão: Os resultados demonstram que, dentre os padrões alimentares analisados, a maior adesão ao padrão tradicional brasileiro está significativamente associada a uma menor prevalência de obesidade abdominal dinapênica em hemodialíticos, evidenciando a relevância de promover uma dieta baseada em componentes tradicionais da culinária brasileira como uma estratégia eficaz de intervenção nutricional para pacientes em tratamento de hemodiálise.
DOENÇA RENAL CRÔNICA E USO DE ANALGÉSICOS: ESTUDO LONGITUDINAL DE SAÚDE DO ADULTO BRASIL
Pôster
Bergamini, P1, Barreto, SM2, Telles, RW2, Silva, IVG1, Figueiredo, RC1
1 UFSJ
2 UFMG
Resumo: A dor é um sintoma comum em pacientes com DRC (Doença Renal Crônica), principalmente em estágios avançados. Muitas vezes, os pacientes encontram-se desinformados para o manejo desse sintoma, podendo fazer uso incorretos de medicamentos, alguns nefrotóxicos que pioram a função renal com o uso crônico. Objetivo: Descrever e comparar o perfil de uso de analgésicos entre os participantes com dor, com e sem DRC, do segundo seguimento do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) de Minas Gerais. Métodos: Foram incluídos 2.186 participantes que possuíam informações sobre dor e que não tinham dor devido a traumas e acidentes. Os analgésicos analisados foram opioides, anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), corticoides e outros analgésicos (dipirona ou paracetamol). Resultados: Dos 2.186 participantes, 1.002 (46%) tinham dor, 226 (10%) DRC e 108 (5%) ambos. Entre os participantes com dor, 108 (11%) tinham DRC e 894 (89%) não. Entre os indivíduos com dor e sem DRC, 10 (1%) usavam opioides, 180 (20%) AINES, 15 (2%) corticoides e 316 (35%) outros analgésicos. Entre os indivíduos com dor e com DRC, 5 (5%) usavam opioides, 30 (28%) AINES, 2 (2%) corticoides e 37 (34%) outros analgésicos. Conclusão: É importante, conhecer o perfil de uso de analgésicos dessa população a fim de reduzir o uso incorreto de medicamentos para controle da dor e promover o uso racional desses medicamentos.
PREVALÊNCIA DE DISTÚRBIO MINERAL E ÓSSEO EM INDIVÍDUOS EM TRATAMENTO DIALÍTICO
Pôster
BENICIO, L. A. O.1, SENA, V. L. J. C.1, PEREIRA, L. C.1, PINHEIRO, S. M. S1, ANDRADE, K. V. F1
1 UEFS
Objetivos: Estimar a prevalência do distúrbio mineral e ósseo na doença renal crônica (DMO-DRC) em indivíduos em tratamento dialítico no município de Feira de Santana, Bahia. Métodos: Estudo transversal cujos participantes tinham idade mínima de 18 anos, diagnóstico de DRC e estavam tratamento dialítico durante fevereiro a março de 2022. Dados foram coletados por entrevistas e consulta aos prontuários dos pacientes. Para estimativa da prevalência de DMO-DRC considerou-se presença de anormalidades nos níveis séricos de fosfato (>5,5 mg/dL) e/ou cálcio (>9,5 mg/dL) e/ou paratormônio (PTHi>600 pg/mL). Na análise bivariada, utilizou-se teste qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Resultados: Participaram do estudo 100 indivíduos, sendo 65% do sexo masculino, 67% com idade entre 20-59 anos; 53% autodeclarados pardos e 58% com ensino fundamental completo. Os níveis séricos de fosfato, cálcio e PTHi estavam dentro das metas preconizadas em 57,8% (n=85); 83,5% (n=83) e 78% (n=84) dos participantes, respectivamente. A prevalência de DMO-DRC foi estimada em 52,4% (IC 95% 41,5-63,2) (n=82). Não houve associação entre sexo, idade, cor da pele autorreferida e escolaridade com prevalência de DMO-DRC. Conclusões: Evidenciou-se elevada prevalência de DMO-DRC, apesar dos níveis de cálcio e fósforo encontrados na maioria dos participantes estarem em conformidade com a diretriz National Kidney Foundation Kidney Diseases Outcomes Quality Initiative (NKF-KDOQI) e níveis de PTHi conforme a diretriz Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO). DMO-DRC é uma comorbidade associada com desfechos clínicos desfavoráveis, incluindo fraturas ósseas, calcificação vascular e risco aumentado de doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca e morte por doença cardiovascular.
PREVALÊNCIA DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM HOSPITAL CARDIOLÓGICO ENTRE 2014 E 2023
Pôster
Silveira, R.C.1, Samaan, F.2, Franchini, K. G.3
1 Universidade de São Paulo
2 Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
3 Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
Objetivos: Estimar a variação da prevalência de doença renal crônica (DRC) em um hospital público, especializado em Cardiologia e localizado no município de São Paulo. Métodos: Foram avaliados exames de creatinina sérica e relação albumina-creatinina em urina isolada (RAC), realizados ambulatorialmente em adultos entre 2014 e 2023. DRC foi definida por taxa de filtração glomerular (TFGe) <60 ml/min/1,73m², a qual foi calculada pela equação CKD-Epi 2021 (a partir da idade, gênero e creatinina sérica dos participantes). Indivíduos com dosagem simultânea de creatinina sérica e RAC foram distribuídos nas categorias de risco da DRC de acordo com as diretrizes vigentes. A variação anual de prevalências foi calculada por regressão de Prais-Winsten. Resultados: O número médio de adultos com resultados de creatinina sérica por ano foi 36.477±7.239, e de RAC, 16.870±4.310. A prevalência estimada de DRC foi maior no gênero masculino e nas faixas de idade mais avançadas. A prevalência de pacientes com TFGe <60ml/min/1,73m² variou entre 19,2% e 30,1%; a de RAC >300mg/g, entre 4,3% e 6,1%, e a de pessoas com as categorias de risco de DRC alto ou muito alto, entre 14,3% e 20,4%. Após ajuste por idade e gênero, a prevalência estimada de DRC aumentou cerca de 1,0 ponto percentual (pp) ao ano (p<0,001), a de pessoas com DRC de alto ou muito alto risco, 0,7 pp/ano (p<0,001) e a de RAC >300mg/g, 0,1 pp/ano (p=0,052). Conclusões: Independentemente de idade e gênero, a prevalência estimada de DRC em pacientes cardiológicos aumentou cerca de 50% em 10 anos.
TRATAMENTO ANTIHIPERTENSIVO DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM TERAPIA DIALÍTICA
Pôster
PEREIRA, L.C1, BENICIO, L.A.O1, FERREIRA, S.M.S.P1, ANDRADE, K.V.F1
1 UEFS
Objetivos: Analisar o perfil sociodemográfico e farmacoterapêutico de indivíduos com Doença Renal Crônica (DRC) em terapia dialítica no município de Feira de Santana, Bahia. Métodos: Estudo transversal com indivíduos diagnosticados com DRC em tratamento dialítico durante junho a agosto de 2023, em unidade conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Dados foram coletados através de entrevistas e consulta aos prontuários dos pacientes. Os medicamentos anti-hipertensivos foram classificados de acordo com o sistema Anatomical Therapeutic Chemical 2024, até o terceiro nível de classificação. Resultados: Participaram do estudo 318 indivíduos, sendo 63,5% do sexo masculino, com média de idade de 53 (mínima de 18 e máxima 92 anos), 85,5% se autodeclararam pretos ou pardos e 58,2% possuíam até o ensino fundamental completo. Em relação à farmacoterapia, 60,1% dos participantes utilizavam medicamentos para controle da hipertensão. O número de medicamentos anti-hipertensivos por paciente variou de 1 a 6, sendo que 47,2% das prescrições continham até três medicamentos anti-hipertensivos (n=591). A classe mais prescrita (C09) correspondeu aos agentes que atuam no sistema renina-angiotensina (34,5%), seguido da classe (C02) que incluem agentes adrenérgicos e que atuam no músculo liso arteriolar (19,5%). Conclusão: A hipertensão arterial é uma das principais causas de DRC e, quando associadas, aumentam consideravelmente o risco cardiovascular. Os resultados apresentados estão em conformidade com as recomendações da diretriz Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO), destacando o papel dos agentes que atuam no sistema renina-angiotensina na terapia anti-hipertensiva em pacientes com DRC, incluindo a proteção renal e a redução dos riscos de eventos cardiovasculares.
UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE PELA POPULAÇÃO BRASILEIRA COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Pôster
Gonçalves, A.C.S.1, Gonçalves, D.L.N.1, Ribeiro, Y.A.1, Silva, L.S.1
1 UFU
Objetivo: analisar a associação dos indicadores de utilização dos serviços de saúde com a doença renal crônica (DRC) na população brasileira. Metodologia: estudo transversal, realizado com indivíduos que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde, 2019. Foram coletadas variáveis sociodemográficas, clínicas e comportamentais. Foram considerados indicadores de utilização dos serviços de saúde: questões referentes à busca por serviço ou profissional de saúde nas duas últimas semanas, prejuízo das atividades habituais por motivo de doença nas duas últimas semanas e internação no hospital por 24 horas ou mais nos últimos 12 meses. Foi realizada análise de regressão logística para associar os indicadores referentes à utilização dos serviços de saúde com a DRC. Resultados: a DRC foi mais prevalente em indivíduos idosos, do sexo feminino, brancos, com baixo nível de escolaridade e que apresentavam outras condições crônicas. A necessidade de buscar por serviços de saúde nas duas últimas semanas foi observada em 43,5% dos participantes com DRC contra 21,3% dos participantes sem DRC. As prevalências de internação nos últimos doze meses e prejuízo das atividades habituais por motivo de doença também foram maiores no grupo com DRC, sendo 21,9% e 22,6%, respectivamente. A presença de DRC aumentou a chance de internação nos últimos 12 meses (OR 3,16; IC95% 2,76 – 3,62), de prejuízo nas atividades habituais por motivo de doença (OR 2,99; IC95% 2,63 – 3,40) e de busca por serviços de saúde nas duas últimas semanas (OR 2,50; IC95% 2,23 – 2,81). Conclusão: A DRC aumentou a chance de utilização nos serviços de saúde.
VIGILÂNCIA DE BASE LABORATORIAL DA DOENÇA RENAL CRÔNICA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Pôster
Silveira, R.C.1, Samaan, F.2, Mendes, T. M.3, Mota, B.4, 5. Versuri, E.3, Lemos, J.5, Shirassu, M. M.2
1 Universidade de São Paulo
2 Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
3 Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo
4 Diagnósticos da América
5 Associação Fundo de Incentivo a Pesquisa
Objetivos: Estimar a prevalência e categorias de risco da doença renal crônica (DRC) em usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) do município de São Paulo. Métodos: Estudo baseado em bancos de dados dos laboratórios que atenderam o SUS em 2022 e 2023. Foram avaliados os exames de creatinina sérica e proteinúria (relação albumina-creatinina em urina isolada, proteinúria de 24 horas e albuminúria de 24 horas), realizados ambulatorialmente em indivíduos ≥18 anos. A partir de idade, gênero e creatinina sérica dos participantes, foi calculada a taxa de filtração glomerular (TFGe). DRC foi definida por TFGe <60 ml/min/1,73m² e classificada nos estágios 3 a 5 de acordo com as diretrizes vigentes. Indivíduos com dosagem simultânea de creatinina sérica e proteinúria foram distribuídos nas categorias de risco da DRC. Resultados: Os adultos com resultados de creatinina sérica foram 2.353.967 (idade 52,1 [IQR, 38,9-64,1] anos, 37,8 % gênero masculino). A prevalência estimada de DRC foi 6,1% (5,5%, 0,4% e 0,2% nos estágios 3, 4 e 5, respectivamente). Dentre as pessoas com resultados de creatinina sérica e proteinúria (n=388.286), 78,6% foram da categoria de baixo risco da DRC, 14,8% risco médio, 4,2% risco alto e 2,3%, muito alto. Conclusões: A estimativa de adultos com DRC no município de São Paulo foi de 6,1%. Dentre os pacientes com dosagem simultânea de creatinina e proteinúria, 6,5% foram das categorias de risco alto ou muito alto da doença. Enquanto cerca de 25% da população realizou o exame de creatinina sérica, apenas 4% foi testada para proteinúria.