Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) - 11. Fatores de risco e de proteção para doenças crônicas
ANÁLISE TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO PARA DCNT NO BRASIL ENTRE 2006 E 2023
Pôster
Migowski, A1, Costa, GTL2
1 Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e Instituto Nacional de Câncer (INCA)
2 Instituto Nacional de Cardiologia (INC)
Objetivos: Descrever a série histórica de prevalência de obesidade, sobrepeso, hipertensão arterial, tabagismo e do alcoolismo no Brasil e da associação entre alguns desses fatores, entre 2006 e 2023, tanto para toda a população elegível, quanto de forma estratificada por sexo, faixas etárias, escolaridade, raça/cor, regiões, capitais brasileiras, modalidade de entrevista (telefone fixo ou móvel) e associação entre alguns dos fatores de risco.
Métodos: As fontes de dados utilizadas foram todas as edições do inquérito telefônico Vigitel. As análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SAS on demand, tendo sido utilizados os pesos amostrais para cada indivíduo. Foram calculados intervalos de confiança (IC95%) para as prevalências.
Resultados: 2023 foi o ano de maior prevalência de hipertensão, obesidade e sobrepeso. O excesso de peso e alcoolismo seguiram em aumento durante a série histórica, enquanto a hipertensão aumentou a partir de 2021 após anos de estabilidade, sendo que os resultados de 2023 seriam piores se indivíduos entrevistados por celular não tivesse sido incluídos. Indivíduos com menor escolaridade apresentaram maior prevalência de hipertensão ao longo de todo o período. Em 2023, pela primeira vez a proporção de indivíduos com sobrepeso ultrapassou a daqueles com peso normal no Brasil. Os entrevistados por celular diferiram em diversas variáveis, sendo mais jovens e com menor prevalência de hipertensão, porém a média de IMC foi similar entre os grupos.
Conclusões: Todos os fatores de risco estudados, exceto tabagismo, apresentaram aumento de prevalência nos anos mais recentes, no geral e em praticamente todos os subgrupos analisados.
ESTIMATIVAS DE PEQUENAS ÁREAS PARA AVANÇO NO MONITORAMENTO DA ATIVIDADE FÍSICA
Pôster
Faria, T.M.T.R.1, Bernal, R.T.I.1, Alvez, S.N.1, Souza, J.B.1, Gomes, C.S.1, Célio, F. A.1, Almeida, J. M.1, Malta, D.C.1
1 UFMG
Objetivos: Estimar a prevalência de atividade física no lazer (AFTL) em pequenas áreas dentro da cidade de Belo Horizonte e identificar as iniquidades da prática no território. Métodos: As entrevistas do VIGITEL (2009-2018), Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, foram georreferenciadas nos 3.830 setores censitários da capital. Aplicou-se a técnica de k-means (agrupamentos hierárquicos) para relacionar as entrevistas em diferentes grupos derivados do IVS (Índice de Vulnerabilidade da Saúde), indicador sintético de saúde do município. A análise do coeficiente de Silhueta definiu o número ideal de agrupamentos. As prevalências de AFTL foram calculadas nos clusters utilizando os pesos de pós-estratificação da amostra. Os dados foram reportados em dois períodos para análise da evolução da prática de AFTL. Resultados: Foram encontradas 9 pequenas áreas com menor grau de heterogeneidade em relação ao IVS. Baixo risco: BA-0 e BA-1; médio risco: MD-0 e MD-1; elevado risco: EL-0, EL-1 e EL-2; e muito elevado risco: ME-0 e ME-1. De 2009 a 2013 a prevalência de AFTL variou de 23,70% (ME-1) a 45,55% (BA-1); e de 2014 a 2018 variou de 31,44% (EL-0) a 52,81% (BA-1). Conclusões: A estimativa em pequenas áreas mostrou-se efetiva ao capturar um nível de granularidade mais preciso em relação aos 4 níveis originais do IVS. A diferença entre os clusters de baixa e alta vulnerabilidade, porém, permaneceu inalterada, demonstrando manutenção das iniquidades na prática de AF entre os dois períodos. Mais estudos são necessários acerca dos agrupamentos descritos e seus efeitos.
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NOS INDICADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS NO BRASIL
Pôster
Prates, E. J. S.1, Gomes, C. S.1, Bernal, R. T. I.1, Malta, D. C.1
1 UFMG
Objetivos: Analisar as mudanças ocorridas nos comportamentos de risco e de proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), na morbidade referida e na realização de exames preventivos de câncer em adultos residentes nas capitais brasileiras, antes e ao final da terceira onda da pandemia de COVID-19. Métodos: Trata-se de uma série histórica do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) entre 2006 e 2021. Foram analisadas as tendências dos indicadores utilizando regressão linear, e para calcular as diferenças entre os anos, empregou-se o teste T de Student. Adotou-se um nível de significância de 5%. Resultados: Observou-se redução na prevalência da prática de atividade física (AF) no tempo livre e na AF no deslocamento, e aumento na prevalência de adultos com prática insuficiente de AF, comportamento sedentário e inatividade física durante os anos de pandemia. Também houve piora nos indicadores de excesso de peso, obesidade e diabetes durante a pandemia. A hipertensão, estável no período de 2009 a 2019, aumentou nos anos da pandemia. Houve também uma redução nas coberturas de exames preventivos de mamografia e citologia do colo de útero, diferindo da tendência anterior. Conclusões: A crise sanitária ocasionada pela COVID-19 resultou em piora nos indicadores de AF, excesso de peso e obesidade, morbidade por DCNT e cobertura dos exames preventivos de câncer em mulheres no Brasil, contribuindo para a acentuação das desigualdades sociais e econômicas no país.
ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE POR ADULTOS MAIS VELHOS COM MULTIMORBIDADE: ELSI-BRASIL
Pôster
Vieira, M. A. S.1, Pereira, R. R.1, Ribeiro, M. T. S.1, Vieira, V. F. M.1
1 Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais
Objetivo: Investigar os fatores sociais que determinam o acesso aos serviços de saúde por adultos mais velhos com multimorbidade no Brasil. Métodos: Estudo transversal utilizando dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) de 2019-2021. Foi realizada análise descritiva das prevalências e intervalos de confiança de 95% das variáveis sociodemográficas e do acesso aos serviços de saúde em usuários com multimorbidade. Todos os resultados apresentados atingiram p<0,05. Resultados: O aumento da idade foi inversamente proporcional a dificuldade de acesso a consultas médicas, com maior prevalência entre 50 a 59 anos (36,3%). Pessoas negras enfrentam maior dificuldade em marcar uma consulta (38,9%), enquanto indígenas/amarelos tiveram maior dificuldade em obter atendimento em 24 horas (72,5%) e informações por telefone (77,7%). Indivíduos de baixa renda apresentaram maior dificuldade em agendar consultas (42,4%), em ter atendimento em 24 horas (59,9%) e obter informações por telefone (67,1%). Aqueles sem casa própria apresentaram maior dificuldade em agendar consultas (38,5%) e conseguir atendimento em 24 horas (58,2%). Pessoas com autopercepção de saúde ruim tiveram maior dificuldade em marcar consultas (37,8%) e em ser atendido em 24 horas (55,9%). Indivíduos sem plano de saúde apresentaram maior dificuldade para os três desfechos: agendar consultas (38,5%), atendimento em 24 horas (56,8%) e obter informações por telefone (66,1%). Conclusão: A determinação social atua no sentido de aumentar a dificuldade de acesso aos serviços de saúde no Brasil em idosos mais novos, da raça/cor negra, indígenas/amarelos, de baixa renda, sem casa própria, com saúde percebida como ruim e sem plano de saúde.
ADESÃO À DIETA DASH, RISCO DE EVENTOS CARDIOVASCULARES ADVERSOS MAIORES E MORTALIDADE
Pôster
Francisco, S.C.1, Coelho, C.G.1, Camelo, L.V.1, Vigo, A.2, Barreto, S.M.1, Giatti, L.1
1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Objetivo: Investigar associação entre adesão à dieta DASH e incidência de eventos cardiovasculares adversos maiores (em inglês, MACE), mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) e por todas as causas em adultos brasileiros. Métodos: Utilizou-se dados da linha de base (2008-2010) da coorte ELSA-Brasil. Critérios de exclusão: ingestão energética implausível, informações incompletas sobre dieta, óbito ou diagnóstico de MACE no primeiro ano de seguimento. Os desfechos foram tempo até a ocorrência do primeiro MACE (N= 13.606), tempo até o óbito por DCV e tempo até o óbito por todas as causas, excluindo óbitos por causas externas (N=14.313). O escore de adesão à dieta DASH (contínua) foi expresso em incrementos de cinco pontos. Utilizou-se o modelo de regressão de Cox com ajustes por características sociodemográficas, comportamentos relacionados a saúde, condições de saúde e ingestão energética total. Resultados: O seguimento médio foi de 4,11 anos para MACE, 10,34 anos para óbito por DCV e 10,31 anos para óbito por causas naturais. A densidade de incidência, por 10.000 pessoas-ano, foi de 36,6 para MACE, 10,56 para óbito por DCV e 30,9 para óbito por causas naturais. Após ajustes, cada incremento de cinco pontos no escore da DASH associou-se à redução de 18% no risco de MACE e de 14% no risco de mortalidade por causas naturais. O escore da dieta DASH não foi associado estatisticamente à mortalidade por DCV. Conclusão: Quanto maior adesão à dieta DASH menor risco de MACE e de morte por causas naturais em adultos brasileiros.
AROMATERAPIA NA DEPENDÊNCIA DE NICOTINA EM TRABALHADORES DA SAÚDE
Pôster
Clemente, C.C.C.1, Abreu, Mery N. S.1, Almeida, Vanessa de.1
1 UFMG
Objetivo: Avaliar a efetividade da aromaterapia na dependência de nicotina em trabalhadores tabagistas. Método: Estudo piloto de ensaio clínico, duplo-cego, que utilizou dois óleos essenciais, piper nigrum (intervenção) e angelica archangelica (referência), por inalação, durante 30 dias. Avaliados 29 trabalhadores, de um hospital universitário de Belo Horizonte/MG, aleatorizados em dois grupos, para avaliar o efeito desses óleos nos níveis de dependência do tabagismo, por meio do Teste de Fargestrom e medida de carga tabágica. Foram utilizados os testes qui-quadrado de Pearson para comparação das variáveis entre os grupos; o teste de Wilcoxon para verificar mudanças nos níveis de dependência da nicotina e de carga tabágica ao longo do estudo e o teste de Mann-Whitney para verificar a efetividade dos óleos essenciais entre os grupos. Considerou-se um nível de significância de 5%. Resultados: Os grupos aleatorizados foram semelhantes entre si na maioria das variáveis analisadas. Houve diminuição tanto da carga tabágica quanto no teste de dependência à nicotina após a intervenção com os óleos essenciais em ambos os grupos. Dois participantes do sexo masculino, cada um de um grupo avaliado, alcançou a abstinência. Não houve diferença significativa no tamanho do efeito em relação ao tipo de óleo essencial utilizado. Conclusão: Os óleos essenciais utilizados na pesquisa foram efetivos na redução da dependência da nicotina e na diminuição da carga tabágica dos sujeitos avaliados. Não houve diferença significativa entre o efeito dos OE do grupo controle em relação ao grupo experimental.
ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA COM A FORÇA DE PREENSÃO MANUAL RELATIVA EM ADULTOS
Pôster
Sousa Júnior, J. J. A.1, Monteiro, G. T. R.2, Amaral, C. A.3, Vasconcellos, M. T. L.4, Amaral, T. L. M.1
1 UFAC
2 FIOCRUZ
3 IFAC
4 SCIENCE
Objetivos: Analisar a associação da síndrome metabólica (SM) com a força de preensão manual relativa (FPMr) em adultos. Métodos: Trata-se de um inquérito com amostra de 643 adultos, de 18 a 59 anos, de Rio Branco, Acre. A SM foi definida pela presença de pelo menos três dos seguintes componentes: diabetes, hipertensão arterial, triglicerídeos igual ou maior que 150 mg/dL, colesterol total elevado ou circunferência da cintura igual ou maior que 102 cm para homens e 88 cm para mulheres. A FPMr foi calculada pela razão entre a maior força absoluta da mão e o índice de massa corporal (IMC). Foram utilizadas estatísticas descritivas e a associação entre a SM e os tercis da FPMr foram testadas com técnica de regressão ordinal múltipla, considerando significância de p<0,05. O delineamento de amostras complexas e os pesos das observações foram considerados nas análises. Resultados: A prevalência de indivíduos classificados com SM foi de 63,7%, de 65,4% para obesidade central e de 67,4% para diabetes, no tercil de baixa FPMr. A SM está associada a redução da FPMr (OR 3,40; IC95%1,86-5,22), independentemente associada também à obesidade central (OR 4,81; IC95% 3,02-7,67) e diabetes (OR 3,74; IC95% 1,05-13,37). Conclusão: A SM está associada à redução da FPMr e a condições clínicas de risco para complicações metabólicas, podendo ser um biomarcador útil na detecção de doenças e na promoção da saúde.
ASSOCIAÇÃO ENTRE AMBIENTE ALIMENTAR COMUNITÁRIO E HOSPITALIZAÇÕES POR DIABETES MELLITUS
Pôster
Magalhães, E. I. S.1, Colucci, C. M.1, Schattschneider, D. P.1, Silva, L. Y.1, Vargas, J. C. B.1, Canuto, R.1
1 UFRGS
Objetivos: Investigar a associação entre ambiente alimentar comunitário e hospitalizações por diabetes mellitus (DM).
Métodos: Estudo ecológico, tendo como unidades de análise os municípios do RS (n=497), em 2022. Os dados de ambiente alimentar foram obtidos da base da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Os estabelecimentos de vendas de alimentos foram agrupados em estabelecimentos que comercializavam predominantemente alimentos in natura/minimamente processados (AINMP); alimentos ultraprocessados (AUP); mistos; e supermercados/hipermercados, sendo a proporção (%) de cada grupo calculada e categorizada em tercis. As taxas de hospitalizações foram calculadas a partir do número de internações por DM, obtidos no sistema de Morbidade Hospitalar do SUS, e da população residente em cada município, do Censo de 2022. Análise de regressão linear foi utilizada para avaliar a associação entre exposições e desfecho, ajustando-se por sexo, faixa etária e raça/cor dos pacientes e população do município.
Resultados: As proporções médias dos estabelecimentos de vendas de AINMP, de AUP, mistos e supermercados/hipermercados foram de 6,2% (DP=2,7), 69,2% (DP=10,0), 20,5% (DP=8,4) e 4,2% (DP=1,4), respectivamente. A taxa média de hospitalização por DM foi de 89,2 (DP=17,4) por 100.000 habitantes. Comparados aos municípios no 1º tercil de estabelecimentos de vendas de AINMP, os municípios no 2º (β ajustado: -25,2; IC95%: -45,1;-5,3) e 3º tercil (β ajustado: -25,4; IC95%: -46,5;-5,6) apresentaram menor média de taxa de hospitalização por DM. Para os demais tipos de estabelecimentos não foram observadas associações significativas.
Conclusões: A disponibilidade de estabelecimentos de venda de AINMP foi inversamente associada à taxa de hospitalização por DM.
ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E APNEIA DO SONO EM EGRESSOS DO ESTUDO CUME.
Pôster
Paixão, L. T.1, Bressa, J.2, Menezes-Júnior, L. A. A.1, Pimenta, A. M.3, Hermsdorff, H. H. M.2, Carraro, J. C. C.1
1 UFOP
2 UFV
3 UFPR
Objetivos: Verificar a associação entre comportamento sedentário (CS) e apneia do sono em adultos egressos de universidades mineiras (Coorte de Universidades Mineiras - CUME). Métodos: Este é um estudo transversal, com participantes do estudo CUME, no qual foram avaliadas características sociodemográficas, comportamentais e de saúde. A amostra do estudo foi composta por 8.695 participantes (68,2% mulheres, 31,8% homens, 35,6 anos de idade ± 9,3 anos) que responderam aos questionários. O CS foi avaliado de acordo com o tempo sentado <9 horas por dia e >= 9 horas. A apneia foi avaliada por autorrelato de diagnóstico médico, pela resposta de “Nunca teve apneia” e “Teve apneia alguma vez”. Regressão logística foi utilizada para estimar a probabilidade de ter apneia do sono conforme o CS, ajustado por sexo e estratificado por idade. Resultados: Da amostra, 35,3% tem idade entre 18 a 29 anos e 55,9% entre 30 a 50 anos e 8,8% idade maior de 50 anos. Para apneia do sono, 2,2% teve diagnóstico para essa condição. O CS não foi associado com a apneia na população geral, porém ao estratificar por idade, os participantes de 18 a 29 com CS tem menor chance de ter apneia. (OR:0,38; IC95%:0,23-0,62), em contrapartida, nos participantes com 50 anos ou mais, aqueles com CS >=9h/dia tem 2,23 vezes mais chance de ter apneia (OR:2,23; IC95%:1,53-3,26). Conclusão: O CS elevado é associado a maiores chances de apneia do sono em adultos com 50 anos ou mais.
ASSOCIAÇÃO ENTRE OBESIDADE RELATADA E AFERIDA E ASMA GRAVE NA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Pôster
Tenenbaum, R.M1, Chaves, A.C.A1, Haddad, A.L.A1, Silva, C.V1, Teixeira, C.M.A1, Dantas, G.A1, Louzada, J.R1, Silva, L.G1, Bessa, M.A.A1, Angeiras, M.E.M1, Tristao, R.C.C.S1, Souza, A.S.S1
1 Universidade Estácio de Sá
Objetivos: Estimar a associação entre asma grave e obesidade autorrelata e aferida no Brasil em 2019. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, incluindo adultos de 18 a 59 anos. Asma grave foi avaliada pelo autorrelato de crise pela condição no último ano e obesidade foi avaliada considerando IMC>30. Dados de peso e altura foram obtidos por meio de autorrelato e aferido. Foram estimadas Razões de Prevalência (RP) brutas e ajustadas por características sociodemográficas, estilo de vida e saúde, e seus respectivos IC95% por meio de modelos de regressão de Poisson % utilizando pesos amostrais no programa Stata. Resultados: Obesidade aferida e autorrelatada aumentou a prevalência de asma grave em 69% (IC95%1,54-1,84) e 42% (IC95%1,3-1,54), respectivamente. Nas mulheres, a RP foi 2,3 (IC95%1,34-3,95) para obesidade aferida e 2,04 (IC95%1,24-3,37) para obesidade autorrelatada. Para os homens, obesidade mostrou-se um fator protetivo: RP 0,19 (IC95%0,04-0,83) na aferida e 0,16 (iC95%0,03-0,72) na autorrelatada. Quando ajustado por variáveis sociodemográficas, estilo de vida e saúde na população geral, a obesidade autorrelatada e aferida apresentou relação inversa com a prevalência de asma grave e, nos homens, essa relação de proteção se manteve. Nas mulheres, não houve associação estatisticamente significativa no modelo ajustado. Conclusões: obesidade apresentou relação inversa com asma na população em geral, sendo mais importante nos homens. Nas mulheres, essa relação precisa ser melhor avaliada.
ATIVIDADE FÍSICA NO PÓS-PARTO EM MULHERES COM DIABETES GESTACIONAL, ESTUDO LINDA-BRASIL
Pôster
Feiden, G.1, Santos, D.P.1, Feter, N.1, Galliano, L.2, Bracco, P.1, Schmidt, M. I.1
1 UFRGS
2 UFRN
Introdução: Informações obtidas por acelerometria sobre atividade física são escassas no pós-parto em mulheres com diabetes gestacional recente (GDM).
Objetivos: Descrever o tempo gasto em atividade física moderada e vigorosa (MVPA) e fatores relacionados em mulheres com GDM recente, participantes do estudo LINDA-Brasil.
Métodos: Estimamos o tempo gasto em MVPA com base em acelerômetro usado na cintura por 7 dias e questionário em 391 mulheres e avaliamos a frequência de alcançar a meta de ≥150 minutos/semana. Testamos a associação do tempo gasto em MVPA com fatores relacionados usando um modelo linear generalizado.
Resultados: O tempo de pós-parto foi 7,32 (IIQ 3,98-14,02) meses. A média de MVPA foi de 245,86 (±147,78) e considerando apenas períodos de 10 minutos, 49,25 (DP 71,11) min/semana. Avaliado por questionário, o tempo gasto em lazer foi de 38,48 (±119,35), incluindo deslocamento, 170,09 (293,46) min/semana. Alcançar 150 min/semana em MVPA total foi alcançado por 71,61% (IC 66,86; 76,03), mas apenas por 8,44% (IC 95% 5,88; 11,65) em períodos de 10 minutos com base no acelerômetro. Com base no questionário, a meta foi alcançada no lazer por 7,42% (IC 95% 5,02; 10,48) e 26,85 (IC 95% 22,52; 31,54) incluindo deslocamento. Ter uma educação mais alta e complicações na gravidez associou-se a menor atividade física.
Conclusão: Mulheres com GDM recente passaram tempo considerável em MVPA no pós-parto, embora não ao considerar apenas atividades de 10 minutos. Essas diferenças provavelmente refletem múltiplas atividades domésticas realizadas em sessões de menos de 10 minutos.
CARACTERIZAÇÃO DE DCNT NA POPULAÇÃO DE UMA AUTOGESTÃO EM SAÚDE
Pôster
Cavalcante, DM1, Oliveira, DF2, Freitas, FA2, Lima, FNS2, Bernardo, RFB2
1 CASSI/ UNB
2 CASSI
Objetivo: Caracterizar o perfil da população de uma operadora de autogestão em saúde para Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial e Dislipidemia. Métodos: Foram analisados dados referentes ao período de agosto de 2016 a julho de 2021, referentes aos registros contidos no Prontuário Eletrônico dos Pacientes, sistema de pagamentos, telessaúde e de estudos preditivos realizados pela operadora. Resultados: Identificou-se 43.630 beneficiários com diabetes, com prevalência de 7,19%, predominando entre os homens (54,1%) e a faixa etária que mais apresentou a doença foram os de 59 anos e mais. Quanto a distribuição por estado a maior proporção foi encontrada no Rio de Janeiro (10,86%) e a menor no Acre (3,38%). Para hipertensão, 119.031 beneficiários foram identificados, com prevalência de 23,87%, com ligeira predominância feminina (50,03%), sendo a faixa etária predominante a de 60 anos ou mais (69,25%). Quanto a distribuição por estado a maior proporção estava no Distrito Federal (24,01%) e a menor em Rondônia (9,85%). Na dislipidemia, 152.728 beneficiários apresentaram à condição, com uma prevalência de 30,92%. A distribuição por sexo foi predominante no feminino (53,54%), principalmente, acima dos 40 anos. A faixa etária com maior proporção da doença foi a de 60 a 79 anos (57,76%). As maiores proporções entre os estados do país foram encontradas no Rio Grande do Norte (36,89%) e a menor em Rondônia (21,36%). Conclusão: O estudo forneceu um panorama das características demográficas e geográficas e tem contribuído tanto para a compreensão, quanto para o planejamento de estratégias mais eficazes de gestão da saúde populacional, na operadora.
CARGA DAS DOENÇAS PARA AS QUAIS CONSUMO DE ÁLCOOL É CAUSA NECESSÁRIA NO BRASIL
Pôster
Vegi, A.S.F.1, Costa, A.C.1, Guedes, L.F.F.1, Felisbino-Mendes, M.S.2, Malta, D.C.2, Machado, Í.E.1
1 UFOP
2 UFMG
Objetivos: Quantificar os efeitos das doenças para as quais o consumo de álcool é uma causa necessária para a saúde da população brasileira e para o Sistema Único de Saúde (SUS) em 2019.
Métodos: Utilizamos uma abordagem ecológica, com dados secundários do estudo Global Burden of Disease e dos Sistemas de Informações Hospitalares e Ambulatoriais do SUS. As doenças consideradas foram: câncer de fígado devido ao consumo de álcool; cardiomiopatia alcoólica; cirrose e outras doenças hepáticas devido ao uso de álcool; transtornos relacionados ao uso de álcool (incluindo dependência/uso nocivo de álcool, síndrome alcoólica fetal e intoxicação alcoólica). Os indicadores anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs), mortalidade e custo em Dólares Internacionais (Int$) foram desagregados por sexo, faixa etária, causa e estado.
Resultados: Em 2019, o consumo de álcool foi causa necessária para 30.355 óbitos e 1.688.009 DALY, no Brasil, representando 3,92% e 6,32% do total, respectivamente. Observou-se um impacto mais significativo entre os homens, na Região Nordeste e na faixa etária de 40 a 64 anos. Os gastos totais para o SUS atribuídos a essas condições somaram mais de Int$43 milhões, sendo que 94,16% desse montante corresponderam a internações hospitalares.
Conclusões: O consumo abusivo de álcool teve um impacto substancial para o SUS em 2019. Como um fator de risco evitável, é necessário implementar medidas regulatórias mais rigorosas, como restrições ao acesso e à publicidade de bebidas alcoólicas, bem como a promoção de intervenções para redução/suspensão do consumo na atenção primária.
CICLO CIRCADIANO E TRABALHO NOTURNO, RISCO PARA CARDIOPATIAS: REVISÃO BIBLIOMÉTRICA
Pôster
Rossi, E. B.1, Cabral, E. R. M.1, Oliveira, N. A.1, Melo, M. C.1
1 Faculdade São Leopoldo Mandic de Araras
Objetivo: descrever e analisar o perfil das publicações mundiais sobre alterações circadianas relacionadas ao trabalho noturno e correlação com comorbidades cardiovasculares. Método: Por meio do Software EndNote Web, foram feitas análises de publicações que correlacionaram o trabalho noturno com risco cardiovascular no período de 2000 a 2023 e que estão publicados nas bases de dados LILACS, MEDLINE via PubMed e BVS. Foi realizada análise de regressão segmentada, a qual ausentou pontos de inflexão, explicitando a crescente constância nas publicações. Resultados: Foi estimada a variação anual percentual (Annual Percentual Change) de 13,9%, com intervalos de confiança de 95%. Constatou-se que os Estados Unidos da América possuem o maior percentual de estudos referentes ao tema, aproximadamente 27,5% a mais que o Brasil, enquanto há demonstração de carência nos continentes Oceania, África e América Central. Conclusão: A compreensão sobre as alterações no ciclo circadiano em trabalhadores noturnos, propicia o desenvolvimento de patologias cardiovasculares, as quais são consideradas de extrema importância para a Saúde Pública brasileira e mundial. Este estudo concluiu que para a diminuição da prevalência de doenças cardiovasculares e melhor compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes das atividades laborais foi importante compreender as condições de trabalho e a correlação com o processo saúde-doença de cunho ocupacional.
CLASSIFICAÇÃO COMBINADA DE IMC E PERCENTUAL DE GORDURA ASSOCIADA AO RISCO CARDIOMETABÓLICO
Pôster
Martins, G.S.1, Nogueira, M. D. A.1, Lourenço, E. W. R.1, Maia, C. S. C.1
1 UECE
Objetivos: Avaliar a associação entre o risco cardiometabólico (RCM) e o estado nutricional de crianças e adolescentes de acordo com uma classificação combinada pelo índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura corporal (%GC).
Métodos: Estudo transversal de base escolar realizado com 314 crianças (5 a 9 anos) e 1107 adolescentes (10 a 19 anos) de Fortaleza-Ce. O RCM foi considerado pela presença de circunferência da cintura e relação cintura/estatura elevadas de acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. O %GC foi obtido por bioimpedância, sendo considerado elevado: ≥25 para meninas e ≥30 para meninos. O estado nutricional foi classificado considerando: IMC + %GC adequados; IMC adequado + %GC elevado; excesso de peso + %GC adequado; excesso de peso + %GC elevado. O teste de qui-quadrado foi utilizado para avaliar a associação entre o RCM e o estado nutricional.
Resultados: O RCM foi associado ao estado nutricional de crianças e adolescentes com maiores frequências de risco encontradas na classificação combinada de excesso de peso e %GC elevado, sendo respectivamente CC: 86,8% e 79,6%; RCE: 80,6% e 82,2%. Crianças com excesso de peso e %GC adequados apresentaram 7,4% de risco pela CC e 12,5% pela RCE, enquanto a frequência nos adolescentes foi de 16,1% pela CC e 13,6% pela RCE.
Conclusões: Crianças e adolescentes com excesso de peso e %GC elevado simultaneamente apresentam maior frequência de RCM pela CC e RCE.
COMPORTAMENTO DAS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM BELO HORIZONTE NO COVID-19
Pôster
Polato, C. P. B.1, Machado, C. J.2, Barros, N. A.1
1 Universidade Fernando Pessoa
2 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivos: Discutir a evolução da ocorrência de doenças não transmissíveis (DNT), antes, durante e após o lockdown da pandemia do COVID-19, em Belo Horizonte. Para isso, foram avaliadas as taxas de morbidade, mortalidade e letalidade das seguintes DNT, asma, DPOC, IAM, AVC.
Métodos: foi realizada a coleta e o tratamento de dados relativos a dados de saúde, antes (2015 a 2019), durante (2020) e após o lockdown da pandemia de COVID-19 (2021 a 2022), num período de observação total de oito anos, de 2015 a 2022. A discussão foi realizada com base nos resultados obtidos pela análise estatística descritiva e inferencial das séries temporais das variáveis relevantes.
Resultados: o número de internações, óbitos e letalidade para todas as doenças caiu em 2020, exceto óbitos e letalidade da asma.
Conclusões: com relação aos dados de saúde, de todas as DNT analisadas, apenas a asma apresentou piora nos seus indicadores de óbito e letalidade, provavelmente pela piora do quadro quando há infecção simultânea com COVID-19. Já com as demais DNT houve queda em todos os indicadores por provável diminuição da poluição do ar durante o lockdown.
CONDIÇÃO DE PESO, ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Pôster
Taveira, J.K.V.1, Nogueira, P.S.2, Gorgulho, B.M.2
1 Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso
2 UFMT
Objetivo: Identificar as orientações sobre condição de peso, alimentação saudável e prática de atividade física recebidas por indivíduos com hipertensão arterial e diabetes. Metodologia: Dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Foram analisadas variáveis do Bloco Q – Doenças Crônicas, aplicadas aos moradores selecionados (15 anos ou mais de idade). Considerou-se as orientações recebidas no último atendimento médico para hipertensão arterial ou diabetes. Resultados: Em 2019, 20,67% (20,22%-21,13%) da população apresentava hipertensão arterial ou diabetes, com IMC médio de 27,98kg/m2. Destes, 24% receberam na última consulta alguma orientação sobre o risco de excesso de peso ou obesidade, 66% sobre a importância de uma alimentação saudável e 3% sobre a prática regular de atividade física. Já entre os indivíduos com hipertensão e diabetes (4,66%; IC4,44-4,88), o IMC médio foi de 29,16kg/m2 e receberam orientações sobre peso, alimentação e atividade física cerca de 88%, 94% e 81% dos indivíduos, respectivamente. Conclusões: Implementar essas orientações de forma consistente e personalizada pode levar a um melhor controle da hipertensão e do diabetes, melhorando significativamente a saúde e a qualidade de vida. É essencial que os indivíduos com essas condições sejam proativos em seguir as recomendações e em buscar apoio contínuo de profissionais de saúde. Adotar um estilo de vida saudável, focado em uma dieta equilibrada, atividade física regular e manutenção de um peso saudável, é uma estratégia eficaz para o manejo dessas condições crônicas e para a promoção da saúde em geral.
CONHECIMENTO E USO DE CIGARROS ELETRÔNICOS ENTRE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM
Pôster
ZAGO, G. B.1, DA SILVA, C.V.R.1, ROSOLEN, G.E.E.C.1, DEVOGLIO, L.L.1
1 UNIARARAS
Avaliar o conhecimento sobre cigarros eletrônicos, seu uso e a percepção de risco comparados a cigarros convencionais, entre estudantes de enfermagem. Realizou-se um estudo descritivo, transversal, o qual está sendo desenvolvido na Fundação Hermínio Ometto no município de Araras/SP, desde fevereiro de 2024. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da mesma instituição, sob parecer aprovado pelo comitê de ética em pesquisa n° 6.564.480, utilizou-se questionário eletrônico específico através da plataforma Google Forms. Até o momento, foram entrevistados 203 estudantes, cursando entre o 1º e o 5º período de enfermagem, destes, 38,4% referem fazer uso dos cigarros eletrônicos, 46,8% relatam ter conhecimento médio sobre estes dispositivos, 49,3% acreditam que os cigarros eletrônicos são mais nocivos que os cigarros convencionais e 68,5% não acreditam que eles podem auxiliar as pessoas a pararem de fumar, 51,2% sabem que a venda deste produto é proibida no Brasil e 78,3% sabem que estes dispositivos possuem substâncias cancerígenas em sua composição. Porém, 51,2% relatam não terem tido nenhuma aula sobre o tabagismo e seus malefícios e apenas 54,7% dos discentes se sentem aptos para orientar um paciente que lhe questione sobre o uso do cigarro eletrônico . Analisando os dados coletados e com ciência de que todo público abordado corresponde a estudantes de enfermagem, que serão futuros profissionais de saúde, o conhecimento a respeito do cigarro eletrônico é de suma importância e deve ser tratado desde a graduação.
CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS ESTÁ ASSOCIADO A VIOLÊNCIA INTERPESSOAL EM ADULTOS BRASILEIROS
Pôster
SILVA, E. P.1, VASCONCELOS, M. S. L.1, GOMES, L. E. S.1, ARAÚJO, L. F.1
1 UFC
Objetivo
Avaliar as associações entre a exposição à violência interpessoal (violência física, psicológica e sexual) e o consumo de alimentos ultraprocessados em adultos.
Metodologia
Estudo transversal com 72.597 participantes (18-64 anos) da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. As variáveis explicativas foram exposição a violência interpessoal (física, psicológica e sexual) nos últimos 12 meses. A variável dependente foi o consumo elevado de alimentos ultraprocessados (0-5 e 6-10 unidades). As associações e intervalos de confiança de 95% foram estimados por regressão de Poisson com variância robusta. Ajustes sequenciais foram feitos para idade, cor da pele, estado civil, orientação sexual, educação, renda e índice de massa corporal, usando o software Stata 14.0.
Resultados
Nossos resultados mostraram maior prevalência de mulheres (52,5%), idade entre 35 e 44 anos (23,8%), cor parda (45,1%), residentes na região sudeste (42,9%) e áreas urbanas (86,4%), ensino médio completo (38,7%) e renda de até 1 salário mínimo (28,4%). Após ajustes, mulheres e homens expostos à violência física e psicológica apresentaram maior prevalência de consumo elevado de alimentos ultraprocessados em comparação com não expostos. Embora não tenha havido associação significativa para mulheres expostas à violência sexual, homens expostos mostraram maior consumo de ultraprocessados. Não foi detectada modificação do efeito do sexo na relação entre exposição à violência e consumo de ultraprocessados (p>0,05).
Conclusão
Mulheres e homens apresentaram efeitos semelhantes daqueles expostos à violência física e psicológica sobre o consumo elevado de alimentos ultraprocessados. No entanto, a violência sexual pode estar relacionada apenas ao consumo não saudável de alimentos em homens.
CORRELAÇÃO ENTRE PESTICIDA E PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM ADULTOS
Pôster
Torres, A. B.1, VERLY JR, E.1, Cunha, D. B.1
1 IMS/UERJ
Objetivo: Analisar a correlação entre níveis séricos de pesticidas organoclorados (DDE) e percentual de gordura corporal em adultos.
Métodos: Utilizaram-se dados de uma coorte de 3339 funcionários de uma universidade pública no Rio de Janeiro, com coletas de dados em 1999, 2001, 2007 e 2012. Níveis séricos de DDE foram medidos em uma amostra aleatória de 520 participantes. A análise estatística incluiu testes de correlação de Spearman, histogramas, transformações logarítmicas para normalização, modelos de regressão linear ajustados por sexo e idade, e correlações estratificadas por sexo e categorias de IMC.
Resultados: Houve correlação significativa entre DDE e massa gorda total (r = 0.32, p = 0.002), massa gorda do braço (r = 0.27, p = 0.010), massa gorda das pernas (r = 0.30, p = 0.004) e massa gorda do tronco (r = 0.25, p = 0.030). Não houve correlações significativas entre DDE e massa gorda androide (r = 0.18, p = 0.080) e ginoide (r = 0.20, p = 0.060). As variáveis de massa gorda apresentaram distribuições assimétricas, justificando transformações logarítmicas que melhoraram a normalidade. Modelos de regressão linear indicaram DDE como preditor significativo das variáveis de massa gorda log-transformadas. Correlações estratificadas por sexo mostraram variações nos coeficientes entre homens e mulheres, e as correlações por categorias de IMC indicaram que DDE tende a aumentar com o IMC.
Conclusões: A exposição ao DDE está associada a maiores medidas de massa gorda, sugerindo seu potencial papel como fator de risco para obesidade e outras doenças crônicas.
CUSTOS DE INTERNAÇÕES POR PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA ELEVADA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Pôster
Guedes, L. F. F.1, Vegi, A. S. F.1, Machado, I. E.1
1 UFOP
Objetivo: Analisar a carga e o custo das internações relacionadas a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) atribuídas à pressão arterial sistólica elevada (PASE) para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil e estados em 2021. Métodos: Utilizamos as frações atribuíveis populacionais (FAP) das DCNT relacionadas a PASE, estimadas pelo Global Burden of Disease 2021, a partir do nível mínimo teórico de exposição ao risco (105 a 115mm Hg) e dos riscos relativos dos pares risco-desfecho verificados em metanalises. Aplicamos as FAP aos valores das internações pagas pelo SUS, obtidos na base de dados dos Sistemas de Informação Hospitalar, para maiores de 25 anos. Os custos foram calculados e convertidos em dólares internacionais (Int$) utilizando o poder de paridade de compra em 2021. Também apresentamos os anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) e a mortalidade causada por DCNT relacionadas a PASE. Resultados: A PASE contribuiu para 12% (108.427) e 7% (4,6 milhões) do total de óbitos e DALYs, respectivamente, no Brasil, em 2021. O SUS gastou Int$316,8 milhões com internações relacionadas a PASE, sendo isquemia cardíaca (Int$181,7 milhões), acidente vascular cerebral (Int$62 milhões) e doença renal crônica (Int$35,2 milhões) as mais dispendiosas. Paraná (Int$61,5 milhões) e Rio Grande do Sul (Int$43,8 milhões) dispenderam os maiores valores, enquanto Roraima (Int$394 mil) e Amapá (Int$617 mil), os menores. O maior montante foi pago para faixa etária entre 55-69 (Int$145 milhões) e para o sexo masculino (Int$197,4 milhões). Conclusão: A PASE impacta significativamente a morbimortalidade dos brasileiros e os gastos do SUS.
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM UMA REGIÃO RIBEIRINHA EXPOSTA AO MERCÚRIO
Pôster
MOTA, A.L.M.1, SOUZA, S.M.S.2, MOTA, M.L.M.2, SOARES, J.M.2, SOBRAL, J.C.2, MOTA, R.C.2, SANTOS, M.R.S.2, FARIAS, M.P.S.2, MORAIS, C.G.3, FERNANDES, F.D.P.1, MENESES, H.N.M.2
1 UEPA
2 UFOPA
3 USP
Objetivos: Avaliar a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) uma amostra da população ribeirinha ambientalmente exposta ao Hg de Santarém-Pará. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo, realizado pelo Laboratório de Epidemiologia Molecular em 2022, com 168 adultos de 7 comunidades do rio Tapajós. A coleta de dados ocorreu através de um questionário, coleta de sangue e bioimpedância dos participantes. Com as informações de peso e altura, foi realizado a cálculo Índice de Massa Corpórea (IMC), que considerou a classificação de: sobrepeso (≥25 kg/m2) e obesidade (≥30 kg/m2). Para determinação dos níveis de Hg total (HgT) foram coletados 5 mL de sangue periférico em tubo EDTA e foram quantificados a partir do método de espectrometria de absorção atômica no equipamento DMA-80. Foram considerados alta exposição aqueles indivíduos que apresentarem níveis de Hg no sangue de >5,8μg/L, conforme recomendado pela Environmental Protection Agency - EPA. Esta pesquisa tem aprovação do CEP sob parecer: 5.964.823. Resultados: Entre os participantes 35,1% estavam com sobrepeso, dos quais 89,8% apresentaram níveis altos de HgT com média de 32,1μg/L. Além disso, 16,1% estavam com obesidade, desses todos apresentaram alta exposição ao HgT com níveis médios de 35,5μg/L. Houveram 17,3% hipertensos e 8,9% diabéticos, dos quais 86,2% e 86,7% apresentaram altos níveis de HgT, com médias de 33,6 e 40,2μg/L. Conclusão: Os resultados observados podem indicar que a exposição ao Hg está agravando as DCNT’s pré-existentes, de modo que urge a necessidade de acompanhamento clínico e orientação para as populações expostas a níveis altos de HgT.
EFETIVIDADE DAS OFICINAS DE ALIMENTAÇÃO E HORTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster
Braga, M.C.S.1, Guerreiro, N. A.1, Andreoni, S.1, Tomita, L.Y.1
1 UNIFESP
Objetivo: Avaliar a efetividade de oficinas baseadas no Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) e atividades na horta nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para pacientes com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Métodos: Estudo de efetividade em pacientes com DCNT atendidos nas UBS de São Paulo. Seis UBS foram indicadas pelos gestores públicos: três selecionadas para o grupo intervenção (n=90) com espaço para horta, e três para o grupo controle (n=90). Foram coletados dados sociodemográficos, econômicos, estilo de vida, história clínica, consumo alimentar, adesão ao GAPB, insegurança alimentar, qualidade de vida, atividade física, avaliação antropométrica no início e após 3 meses, , e dados bioquímicos apenas no início do estudo. O grupo intervenção participou de três atividades de roda de conversa sobre alimentação saudável e manejo de horta; o grupo controle recebeu apenas um livro sobre alimentação saudável. A análise estatística utilizou métodos de transição condicional e intenção de tratar. Resultados: Após o acompanhamento, 71 participantes do grupo intervenção e 50 do controle mantiveram a adesão. No grupo intervenção, houve menor chance de frequência elevada de consumo de refrigerante (≥3 dias/semana) após o acompanhamento (p=0,009). Observou-se manutenção na média do escore de adesão ao GAPB no grupo intervenção, enquanto o grupo controle apresentou piora: [ΔMédia= 0,48 (IC95%: -0,66; 1,61)] e [ΔMédia= -2,12 (IC95%: -3,44; -0,80)] (entre grupos, p=0,004).Conclusões: As oficinas sobre alimentação e atividades na horta na UBS mostraram-se positivas para a manutenção de práticas alimentares saudáveis e promoção da saúde.
FATORES ASSOCIADOS AO ÓBITO MATERNO POR TRANSTORNOS HIPERTENSIVOS EM PERNAMBUCO, 2013-2022
Pôster
Frutuoso, L. A. L. M1, Pereira, C. C. B.1, Oliveira, H. J. P.2, Filho, E. J. S.1, Lima, J. L.1, Mendonça, E. F.1, Ishigami, B. I. M1, Barbosa, C. C.2
1 SES-PE
2 SES-PE; IAM-FIOCRUZ-PE
Objetivo: analisar os fatores associados da mortalidade materna por transtornos hipertensivos em Pernambuco, entre 2013 e 2022. Métodos: estudo transversal dos óbitos
maternos por hipertensão, residentes em Pernambuco, com dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade e sobre Nascidos Vivos. Calculou-se a razão de mortalidade materna específica, bem como, frequências absolutas e relativas das variáveis raça/cor da pele (negras e não negras), faixa etária (< 35 anos e ≥ 35 anos), escolaridade (< 4 anos e ≥ 4 anos), situação conjugal (com companheiro e sem companheiro) e momento do óbito (antes e durante o puerpério). Para avaliar os fatores associados aos óbitos maternos com e sem hipertensão foi utilizado o teste qui-quadrado de Pearson com significância de 5%. Resultados: foram notificados 176 óbitos maternos por transtornos hipertensivos, destes 87,5% ocorreram por hipertensão desenvolvida durante a gestação. A razão de mortalidade materna específica no decênio foi 13,1/100.000 nascidos vivos. Predominaram as variáveis negras (143; 81;3%); < 35 anos (95; 54,0%); escolaridade >4 anos (129; 73,3%), sem companheiro (100; 56,8%); durante o puerpério (127; 72,2%). Os fatores associados com significância estatística foram raça/cor da pele negra (p-valor = 0,01) e idade ≥ 35 anos (p-valor = <0,01). Conclusão: a análise apresentou como fatores associados ao óbito materno por transtornos hipertensivos a raça/cor da pele negra e idade ≥ 35 anos, indicando populações de risco. Dessa forma, é fundamental a garantia da assistência integral à mulher no ciclo gravídico-puerperal objetivando reduzir estes eventos.
IMPACTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS ATRIBUÍDAS AO USO DE ÁLCOOL PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Pôster
Vegi, A. S. F.1, Guedes, L. F. F.1, Felisbino-Mendes, M. S.2, Malta, D. C.2, Fernandes, E. L.1, Machado , I. E.1
1 UFOP
2 UFMG
Objetivos: Estimar a carga de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e os custos financeiros atribuídos ao uso de álcool, em 2019, para o Sistema Único de Saúde (SUS) estratificado por estados. Métodos: Estudo observacional e ecológico que explorou as frações atribuíveis populacionais (FAPs) das DCNTs associadas ao uso de álcool, produzidas pelo estudo Global Burden of Disease. Utilizamos as FAPs para avaliar os custos relacionados às internações e aos procedimentos ambulatoriais de média e alta complexidade, financiados pelo SUS, a partir dos bancos de dados oficiais. Os custos foram convertidos para dólares internacionais (Int$) baseado no poder de paridade de compra de 2019. Também calculamos a carga dessas DCNTs por meio dos indicadores anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) e mortalidade. Resultados: As DCNTs atribuídas ao álcool contribuíram com 8,5% das mortes e 7,0% dos DALYs entre os homens, e 1,3% das mortes e 1,6% dos DALYs entre as mulheres. As principais condições de saúde atribuídas ao uso de álcool incluíram: transtornos relacionados ao uso de álcool, neoplasias, doenças hepáticas, e cardiovascular. Int$202 milhões foram pagos pelos SUS para custear essas DCNTs, principalmente, com internações. Identificamos uma carga de doenças mais acentuada na Região Nordeste, enquanto os maiores gastos foram registrados na Região Sul. Conclusões: O uso de álcool tem um impacto substancial na morbimortalidade da população, especialmente a masculina, e nos gastos do SUS, e reflete as desigualdades regionais dos padrões de uso de álcool, das condições sociodemográficas e econômicas, das características epidemiológicas e do serviço de saúde.
INDICADORES DE ATIVIDADE FÍSICA EM 2022: RESULTADOS DO I VIGITEL-GOIÁS
Pôster
Paula, E. B.1, Oliveira, M. M.1
1 UFG
Objetivo: Descrever os indicadores de atividade física em participantes (≥ 18 anos) do I Inquérito Telefônico de Fatores de Risco e Proteção para Doenças e Agravos Não Transmissíveis no Estado de Goiás (Vigitel-Goiás) 2022. Métodos: Foram utilizados dados do Vigitel-Goiás, inquérito representativo de adultos (≥18 anos) das cinco macrorregiões do Estado. Foram calculadas as prevalências e os respectivos intervalos de confiança (IC95%). Resultados: A prevalência de prática de atividades físicas no tempo livre equivalente a pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana foi de 36,0% (IC95%: 43,2;37,9); prática insuficiente de atividade física de 45,1% (IC95%: 43,2;47,0); fisicamente inativos de 12,6% (IC95%: 11,4;13,9); três ou mais horas diárias de tempo livre assistindo televisão ou usando computador, tablet ou celular de 58,7% (IC95%: 56,7;60,6). Foram observadas diferenças segundo sexo, faixa etária e escolaridade, entretanto não houve diferença segundo macrorregião. Conclusões: Programas voltados ao fomento da atividade física são essenciais para encorajar estilos de vida saudáveis, assim é necessário compreender as diferenças sociodemográficas. Atrelado a isso, políticas de planejamento urbano e ambiental são cruciais para elevar a atividade física populacional, criando espaços que permitam lazer e transportes ativos de maneira segura e acessível.
MACHINE LEARNING NÃO SUPERVISIONADO PARA REGIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DE SAÚDE EM DOENÇAS CRÔN
Pôster
Silva, G. F. S.1, Duarte, L. S.2, Shirassu, M. M.2, de Moraes, M. A.2, Chiavegatto Filho, A.1
1 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP)
2 Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DVDCNT), Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP)
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são altamente prevalentes em todo o mundo. Algoritmos de Machine Learning (ML) podem melhorar a organização local da gestão de saúde ao identificar clusters de áreas com desafios semelhantes em relação ao perfil epidemiológico de DCNT. O objetivo deste estudo foi desenvolver um método de clusterização regional para a morbidade e mortalidade por DCNT, visando fornecer aos formuladores de políticas de saúde ferramentas para apoiar a organização espacial dos sistemas de saúde, com base em características epidemiológicos identificadas por algoritmos de ML. Foram analisados dados de mortalidade e morbidade dos 645 municípios do Estado de São Paulo (ESP) no período de 2010 a 2019. Os coeficientes foram ajustados pelo método direto para a idade e análises espaciais exploratórias foram realizadas com clusters LISA. Foram utilizadas a clusterização hierárquica, k-means e o algoritmo SKATER para criar os clusters finais com diferentes números de grupos (k). O algoritmo SKATER regionalizou efetivamente essas áreas em 17 clusters, oferecendo insights sobre padrões específicos de doenças, destacando-se altas taxas de mortalidade por diabetes e doenças cardiovasculares em clusters distintos. Uma aplicação interativa online foi desenvolvida para a análise exploratória desses clusters. Algoritmos não supervisionados foram capazes de agrupar áreas com perfis de morbidade e mortalidade semelhantes para DCNT. Esta abordagem pode fornecer informações para intervenções direcionadas, alocação de recursos e tomadas de decisão, contribuindo para a melhoria das iniciativas e políticas de saúde pública, bem como para a eficiência geral do cuidado aos pacientes com doenças crônicas no ESP.
MONITORAMENTO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS, SEGUNDO SEXO
Pôster
Vasconcelos, NM1, SIlva, AG1, Baldi, FVSO1, SOuza, JB1, Gomes, CS1, Malta, DC1
1 Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivo: avaliar as tendências temporais de fatores de risco para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, segundo sexo. Método: Estudo de série temporal com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico entre 2006 e 2023. Empregou-se a regressão linear para analisar as tendências ao longo dos anos, estratificadas por sexo. Para 2023, foi realizada a Razão de Prevalência por meio da regressão de Poisson. Resultados: Apesar de homens apresentarem maior consumo de bebidas alcoólicas em 2023, com prevalência 44% maior que as mulheres (RP: 0,56; IC95%: 0,49-0,63), o consumo deles se manteve estável durante o período analisado, enquanto quase dobrou entre as mulheres (de 7,7% em 2006 para 15,2% em 2023). Nesse mesmo período, o consumo do tabaco reduziu significativamente para os dois sexos e, em 2023, a prevalência do hábito de fumar foi menor entre as mulheres em comparação com os homens (RP: 0,61; IC95%: 0,51-0,74). O excesso de peso aumentou para ambos os sexos, contudo, em 2023 tinha menor prevalência entre as mulheres (RP: 0,93; IC95% 0,88-0,97). Também em 2023, as mulheres apresentaram menor consumo de alimentos ultraprocessados (RP: 0,64; IC95%: 0,56-0,73), mas tiveram maior prevalência de prática insuficiente de atividade física (RP: 1,38; IC95%: 1,27-1,51). Conclusões: A prevalência e a tendência temporal dos fatores de risco variaram significativamente entre os dois sexos ao longo do período estudado. Isso alerta para a importância da lente de gênero no estudo das DCNTs e seus fatores associados.
MORTALIDADE POR HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES NO ACRE: ANÁLISE DE TENDÊNCIA E CAUSAS
Pôster
RIGAMONTE, P.P.1, MONTEIRO, G.T.R.2, AMARAL, T.L.M.1
1 UFAC
2 ENSP/FIOCRUZ
Objetivos: Analisar a tendência e as principais causas de morte em pessoas hipertensas e diabéticas, no decorrer de 23 anos, em Rio Branco, no Acre. Métodos: Estudo ecológico de tendência de mortalidade por HAS e DM, como causas básicas, e análise das menções. Foram selecionados os registros de óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade ocorridos entre 1996 e 2019, cuja declarações de óbito constassem HAS (I10-I13 e I15) e/ou DM (E10-E14 da CID-10) como causa básica ou associada da morte. As análises de tendência foram realizadas no Joinpoint. Resultados: Em 1996, a mortalidade por HAS era de 14,7/100.000, subindo para 31,2/100.000 em 2008, com um aumento anual de 6,4% (p=0,04). De 2008 a 2019, a tendência foi de queda, com -3,97% ao ano (p=0,056). Quanto ao DM, foi encontrado decréscimo da mortalidade de 2005 a 2019 (de 48,64 para 29,24 óbitos/100.000 habitantes), com redução anual -3,6% (p-valor 0,043). As causas de morte naqueles com HAS foram insuficiência cardíaca (17,8%), insuficiência renal (9,6%), pneumonia (8,4%) e DM (6,7%) e na presença de DM foram HAS (17,1%), septicemia (9,7%) e pneumonia (6,0%). Conclusão: No estudo, 60,7% das mortes eram preveníveis com ações do SUS. Houve queda nas taxas de mortalidade por HAS e DM, embora elas permaneçam altas, o que reforça a necessidade de consolidar e aprimorar a infraestrutura e as políticas de saúde, a fim de reduzir eficazmente as mortes resultantes dessas doenças.
MUDANÇAS NO PADRÃO DE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS PELOS BRASILEIROS ENTRE 2013 E 2019
Pôster
Damacena, G. N.1
1 FIOCRUZ e INCA
Objetivo: Este estudo teve o objetivo de descrever mudanças no padrão de consumo de bebidas alcoólicas na população brasileira, entre os anos de 2013 e 2019 a partir dos dados das duas edições da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
Métodos: O tamanho das amostras em 2013 e 2019 foram de 60.202 e 88.943 indivíduos de 18 anos ou mais, respectivamente. Foram estimadas as prevalências de três indicadores marcadores do padrão de consumo de bebidas alcoólicas (consumo abusivo episódico de álcool (CAE), consumo regular de álcool (CR) e beber e dirigir (BD)) segundo variáveis socioeconômicas e de localização geográfica. Foram calculados intervalos de 95% de confiança (IC) levando-se em consideração o desenho amostral complexo. A comparação das estimativas entre as edições da PNS foi realizada a partir do teste t de Student para amostras independentes ao nível de significância de 5%.
Resultados: Foi observado um aumento na prevalência do CAE entre 2013 e 2019 (2013:13,6% IC:13,1-14,2; 2019:17,1% IC:16,6-17,6). De modo geral, houve diminuição na prevalência do CR (2013:2,7% IC:2,4-2,9; 2019:2,5% IC:2,3-2,7), mas, em sua maioria, sem diferenças estatisticamente significativas. Houve diminuição das prevalências do BD (2013:24,4% IC:22,7-26,0; 2019:17,0% IC:16,1-18,0). Foram observados estratos socioeconômicos e de localizações geográficas diferentes entre os tipos de padrões de consumo.
Conclusões: O estudo demonstrou que apesar da diminuição do consumo nos padrões CR e BD, altas prevalências de CAE e BD ainda são encontradas e que atingem subgrupos distintos da população brasileira, tornando imprescindível a adoção de medidas de prevenção direcionadas.
O USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA PREDIZER O CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS
Pôster
GOMES, C.S1, BERNAL, R.T.I1, SOUZA, J.B1, ALVES, S.N1, BARBOSA, B.R.G1, CELIO, F.A1, GONÇALVES, M.A1, ALMEIDA, J.M1, FARIA, T.M.T.R1, STEIN, A.T2, CARDOSO, L.3, MELENDEZ, J,G.V1, MALTA, D.C1
1 UFMG
2 UFCSPA
3 MINISTÉRIO DA SAÚDE
Objetivo: Estimar a prevalência do consumo recomendado de frutas e hortaliças (FH) em pequenas áreas de Belo Horizonte, utilizando métodos de inteligência artificial.
Métodos: Utilizou-se os dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de Belo Horizonte, MG georreferenciadas. Considerou-se consumo recomendado de FH quando o indivíduo referia o consumo desses alimentos em pelo menos cinco dias da semana e quando a soma das porções consumidas diariamente desses alimentos totalizava pelo menos cinco. Aplicou-se a técnica de k-means (agrupamentos hierárquicos) para identificar clusters de vulnerabilidade, derivados do Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVS). A análise do coeficiente de Silhueta definiu o número ideal de clusters. As prevalências do consumo de FH foram calculadas segundo os clusters, utilizando os pesos de pós-estratificação da amostra e considerando dois períodos (2010 à 2013 e 2014 à 2018).
Resultados: Foram identificados nove clusters de vulnerabilidade, sendo dois de baixa (BA-0, BA-1), dois de média (MD-0, MD-1), três de elevada (EL-0, EL-1, EL-2) e dois de muito elevada (ME-0, ME-1) vulnerabilidade. No período de 2010 a 2013, a prevalência de consumo de FH variou de 41,6% em cluster de baixa vulnerabilidade (BA-1) a 16,9% em cluster de alta vulnerabilidade (ME-1). De 2014 a 2018, prevalência variou de 45,2% (BA-1) para 22,3% (EL-1).
Conclusão: O estudo mostrou pior consumo de FH em áreas de maior vulnerabilidade. O estudo destaca a importância do uso da inteligência artificial para prever estimativas de fatores de risco em pequenas áreas geográficas.
PERFIL DOS CONSUMIDORES DE CIGARROS ILEGAIS NAS CIDADES DO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO
Pôster
Cortes, C.1, Carvalho, H.N.1, Drope, J.2, Iglesias, R.3, Szklo, A.S.4, Borges, P.5, Stoklosa, M.6, Welding, K.2, Figueiredo, V.C.7
1 CETAB/ENSP/FIOCRUZ
2 Universidade Johns Hopkins
3 Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CINDES)
4 Instituto Nacional do Câncer (INCA)
5 ICICT/FIOCRUZ
6 Universidade de Illinois
7 DEMQS/ENSP/FIOCRUZ
Objetivo: Estimar o percentual de fumantes que consomem cigarros ilegais segundo variáveis sociodemográficas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Métodos: Pesquisa domiciliar com entrevistas presenciais entre adultos fumantes residentes nas cidades estudadas, realizada entre janeiro e abril de 2019. O questionário abordou variáveis sociodemográficas, comportamento tabagista, marca regular, preço e marca da última compra, local da última compra e características dos maços. Os maços disponíveis foram fotografados e analisados detalhadamente.
Resultados: Foram realizadas 1.278 entrevistas, 680 no Rio de Janeiro e 598 em São Paulo. O consumo de cigarros ilegais foi maior entre adultos jovens (18 a 34 anos), pessoas com baixa escolaridade (<8 anos), que fumam 21 cigarros ou mais ao dia e que acendem o primeiro cigarro a menos de 5 minutos após acordar. São Paulo apresentou um consumo de cigarros ilegais mais alto que o Rio de Janeiro. O preço médio dos cigarros ilegais foi 45,5% menor no Rio de Janeiro e 52,3% menor em São Paulo, comparado aos legais. O Rio de Janeiro apresentou um perfil de maior consumo de marcas legais mais caras, como Hollywood e Dunhill. Gift legal e ilegal foram vendidos por preços semelhantes, indicando a necessidade de regulamentação mais rigorosa pela ANVISA.
Conclusões: O perfil de fumantes de cigarros ilegais está relacionado a baixa renda e escolaridade. Esses fumantes são mais dependentes de nicotina. A acessibilidade econômica dos cigarros ilegais é um fator chave no consumo, com implicações para políticas de controle do tabaco.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE UMA OPERADORA DE SAÚDE E PROGRAMAS DE SAÚDE PARA DOENTES CRÔNICOS
Pôster
KANEKO, R.T.1, KITAGAWA, B.Y.1, VIEIRA, E.P.G.1, SOUZA, L.1, ROSA, F.E.1
1 HAPVIDA NOTREDAME INTERMEDICA
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico, incluindo hábitos de vida, de respondentes de um questionário da operadora de saúde Hapvida Notredame Intermédica e ações desenvolvidas. Método: estudo epidemiológico descritivo de beneficiários que responderam no período de janeiro de 2022 a maio de 2024. Foram analisados 280.130 questionários. Resultados: A idade mediana foi de 40 anos, sendo 63% do sexo feminino. Do total, 47% se declararam sedentários, sendo que 8% referiram apresentar diabetes, 10% dislipidemia e 20% hipertensão; sendo diferente para a população não-sedentária, com 6% de diabéticos, 9% de dislipidêmicos e 16% de hipertensos. Em relação às doenças cardiovasculares, a prevalência entre os sedentários é de 2,7% e 1,8% para os ativos. Ao analisarmos dados referentes ao sobrepeso e obesidade, 67% foram classificados em sobrepeso ou obesidade. Dentre os sedentários, a prevalência vai para 70%. Considerando as doenças osteomusculares, dentre os sedentários, a prevalência foi de 59%, e para os ativos 46%. Dentre os sedentários, houve relato de estresse para 69% dos respondentes e diagnóstico de depressão para 14%; sendo 60% e 10% para os ativos respectivamente. Além disso, 88% apresentaram baixo risco cardiovascular e 69% apresentaram baixo risco de internação. Em relação a autopercepção da saúde, quase 2% se classificaram como ruim, 19% boa, 41% boa, 27% muito boa e 11% excelente. Conclusão: Diante do cenário mundial das doenças crônicas e do perfil epidemiológico, foram desenvolvidos programas de saúde na operadora para pacientes com doenças crônicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e idosos frágeis.
PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO DE USUÁRIOS COM DOENÇAS CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster
Szczerepa, S. B.1, Borges, P. K. O.1, Muller, E. V.1, Teixeira, D. C.2, Lúcio, P. S.2, Teodoro, D. A. L.1, Chiodi, S. L.2
1 UEPG
2 UEL
Introdução: as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são os maiores problemas de saúde pública da atualidade no Brasil. O projeto Capacita Doenças Crônicas está capacitando profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) para reorientação do processo de trabalho. Conhecer a população usuária com DCNT é importante para direcionar ações para as especificidades locais. Objetivo: descrever o perfil socioeconômico e demográfico de usuários da rede de APS de Ponta Grossa-PR, portadores de DCNT. Metodologia: foi aplicado um formulário com questões socioeconômicas e demográficas para 280 usuários de 8 Unidades Básicas de Saúde (UBS), de diferentes regiões da cidade e zona rural, que apresentaram uma ou mais doenças crônicas (diabetes, hipertensão ou obesidade). Resultados: a população estudada foi composta por mulheres (74,30%), de etnia branca (75,70%), com idade média de 59,81 (±12,95) e faixa etária prevalente a de 60 anos ou mais (56,40%). A maioria dos indivíduos era casado (53,90%), o número médio de pessoas na residência foi 2,67 (±1,2) e o número médio de filhos 2,43 (±1,47). Quanto à situação funcional, 38,60% eram aposentados e 32,10% ativos. A escolaridade mais frequente foi o ensino fundamental (61,80%), a renda de 1-3 salários mínimos (58,90%) e 54,30% da amostra recebia algum tipo de benefício governamental (social ou previdenciário). Conclusão: o perfil descrito está em conformidade com a literatura sobre o tema e demonstra que a população usuária da rede de APS, com DCNT, é vulnerável social e economicamente.
PREVALÊNCIA DO FENÓTIPO CINTURA HIPERTRIGLICERIDÊMICA EM ADOLESCENTES E FATORES ASSOCIADOS
Pôster
Nogueria, M. D. A.1, Martins, G. S.1, Valentim, A. S.1, Maia, C. S. C.1
1 UECE
Objetivos: Identificar a prevalência do fenótipo da cintura hipertrigiceridêmica (CH) em adolescentes e avaliar fatores de risco cardiometabólicos (RCM) associados.
Métodos: Estudo transversal com 822 adolescentes (10 e 17 anos) de Fortaleza-Ce. Foram coletados dados antropométricos: peso, altura, circunferência da cintura (CC); bioquímicos: colesterol total (CT) , LDL-c, HDL-c, triglicerídeos (TG) e glicemia. A CH foi classificada pela presença de CC elevada (meninas >83 cm; meninos >80,5 cm) e TG elevado (≥90 mg/dL). Os fatores de RCM avaliados foram: presença de excesso de peso segundo IMC/idade; CT elevado (≥170 mg/dL); LDL-c elevado (≥110 mg/dL); HDL-c baixo (≤45 mg/dL); glicemia elevada (>99 mg/dL). Regressão logística múltipla foi utilizada para verificar associação entre a variável dependente (presença de CH) e as variáveis independentes (presença de cada fator de RCM) ajustada por sexo e idade.
Resultados: A prevalência da CH foi de 7,4% entre os adolescentes, 6,7% das meninas e em 8,4% dos meninos, com maior proporção nos adolescentes entre 10 e 14 anos de idade (8,3%). A regressão logística mostrou que a presença da CH foi associada ao excesso de peso (OR: 20,86; IC 95%: 10,27-42,42), CT elevado (OR: 2,70; IC 95%: 1,51-4,85) e HDL-c baixo (OR: 3,21; IC 95%: 1,78-5,79), independente de sexo e idade. O LDL-c e a glicemia elevados não foram associados a CH.
Conclusões: A presença de excesso de peso e alterações lipídicas foram associadas a CH em adolescentes.
PREVALÊNCIA DO USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS PARA FUMAR ENTRE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM
Pôster
ROSOLEN, G. E. E. C.1, DA SILVA, C. V. R.1, ZAGO, G. B.1, DEVOGLIO, L. L.1
1 UNIARARAS
Estimar a prevalência do consumo de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) entre os estudantes universitários do curso de Enfermagem. Estudo descritivo, transversal, o qual está sendo desenvolvido na Fundação Hermínio Ometto no município de Araras/SP, desde fevereiro de 2024. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da mesma instituição, sob parecer n° 6.564.480, utilizou-se questionário eletrônico específico através da plataforma Google Forms. Até o momento, foram entrevistados 203 estudantes, cursando entre o 1º e o 5º período de enfermagem, a prevalência do consumo de DEF foi de 38,4%, 4,9% consideram-se fumantes com uso diário, a maioria (45,3%) são jovens entre 20 a 23 anos , 89,2% são do gênero feminino, 67% se declararam brancos, 81,8% solteiros, 38,9% possuem renda familiar entre 3 e 4 salários mínimos, 52,7% não praticam atividade física regularmente, 53,7% fazem o uso de bebidas alcoólicas e a taxa de conhecimento sobre os malefícios relacionados ao consumo dos DEF foi de 46,8%, categorizado como médio. Observou-se alta prevalência do consumo de DEF pelos estudantes, mesmo com a grande maioria afirmando que o DEF seja mais nocivo do que o cigarro convencional. Torna-se preocupante o aumento do consumo desses dispositivos pelos estudantes de Enfermagem, considerando os prováveis prejuízos à saúde em decorrência desse hábito. Intervenções educativas deverão ser direcionadas aos jovens dentro do campo universitário para aumentar o conhecimento, a fim de conscientizar os estudantes sobre os malefícios causados pelo uso de dispositivos eletrônicos para fumar.
PREVALÊNCIA E BARREIRAS NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E DO DIABETES EM RIO BRANCO/AC
Pôster
Sampaio, A. F. S.1, Amaral, L. M. A.1, Amaral, C. A.2, Rego, M. T. L.3, Monteiro, G.T. R4
1 UFAC
2 IFAC
3 ENCE
4 FIOCRUZ
Objetivos: Descrever a prevalência e as barreiras para o controle de hipertensão arterial (HA) e do diabetes mellitus (DM) em pacientes cadastrados da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Métodos: Estudo transversal de base populacional de adultos com18 ou mais anos de idade, portadores de HA e DM, de ambos os sexos, acompanhados pela ESF, da zona urbana, do município de Rio Branco, Acre, em 2019. A amostragem foi probabilística complexa, em dois estágios, sendo a amostra final expandida constituída por 7.865 pessoas com HA e/ou 2.245 pessoas com DM. A PA não controlada foi definida como pressão arterial (PA) acima de 140/90 mmHg e a glicemia não controlada como hemoglobina glicada (HbA1c) maior do que 7,0% e/ou glicemia pré-prandial superior a100 mg/dL. Foram avaliadas barreiras relacionadas aos pacientes, aos profissionais e ao sistema de saúde. Os dados foram analisados de forma descritiva, com nível de significância de 95%. Resultados: A prevalência de PA não controlada e glicemia não controlada foi 50,5% e 69,6%, respectivamente. A barreira relacionada ao controle de HAS foi a baixa escolaridade (54,5%; p= 0,0110) e as barreiras para o controle de glicemia foram utilização da terapia combinada (84,2%; p=< 0,001) e multimorbidades (60,0%; p=0,002). Conclusões: Os resultados indicam a necessidade intervenções coletivas e individualizadas para o alcance das metas terapêuticas na população avaliada.
PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DO USO DE CIGARROS COM SABOR EM CINCO CIDADES BRASILEIRAS
Pôster
Figueiredo, V.C.1, Nascimento, H.1, Cortes, C.1
1 ENSP-FIOCRUZ
Objetivo: Estimar o percentual e características de cigarros legais e ilegais com sabor (mentol, chocolate e outros) em cinco cidades brasileiras.
Métodos: foram utilizados dois métodos: (a) coleta e caracterização de maços descartados nas ruas de 70 setores censitários (SC) selecionados por amostra probabilística e proporcional ao número de fumantes de 5 capitais brasileiras: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), João Pessoa (JP), Belo Horizonte (BH) e Campo Grande (CG) (n = 8753 maços). (b) entrevistas individuais face a face em uma amostra por cotas entre moradores das unidades do primeiro estágio no RJ e SP (n = 1278).
Resultados: O percentual de cigarros descartados na rua de marcas legais com sabor variou de 2,7% (I.C. 95% 1,4 – 5,4%) em BH a 18,8% (I.C. 95% 16,7 – 21,2) em CG. Entre os ilegais, o percentual foi menor. A prevalência de uso de marcas legais e ilegais com sabor no RJ foi, respectivamente 2,9% (I.C. 95% 1,8 – 4,9%) e 0% e em SP, respectivamente 4,7% (I.C. 95% 2,8 – 7,7%) e 1,3 (I.C. 95% 0,4 – 4,1%). Pessoas com 8 anos ou + de escolaridade (versus < 8 anos) nas duas cidades apresentaram maior preferência por cigarros com sabor. O preço médio pago por fumantes foi maior para marcas com sabor e as marcas preferenciais foram Marlboro e Lucky Strike.
Conclusão: Há uma variabilidade no consumo de cigarros com sabor nas cidades estudadas. Pefil de uso sugere papel importante do preço e propaganda e do cumprimento da proibição deste produto pela ANVISA.
SÉRIES TEMPORAIS DE FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA DCNT NA INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS
Pôster
Oenning, N.S.X.1
1 Petrobras
Objetivo: Verificar a prevalência de fatores de risco e de proteção para doenças crônicas (obesidade, perfil lipídico, pré-diabetes, consumo de bebidas açucaradas, consumo de folhas, legumes e verduras (FLV), consumo de álcool, nível de atividade física, regularidade do sono, hipertensão e tabagismo) em trabalhadores da indústria de óleo e gás nos últimos 10 anos. A hipótese exploratória foi “nos últimos 10 anos houve mudança no perfil de saúde?”. Metodologia: Estudo transversal, com população de trabalhadores de uma empresa de óleo e gás brasileira (n=40.173). Os dados foram extraídos dos registros anuais dos exames ocupacionais (janeiro/2014-dezembro/23). Foram calculadas prevalências anuais de 11 indicadores de saúde para o período (10 anos), constituindo séries temporais. Cada série temporal foi estratificada por faixa etária e sexo. Resultados: Nos últimos dez anos houve incremento nas prevalências de sujeitos fisicamente ativos e no consumo recomendado de FLV (15 e 20 pontos percentuais, respectivamente); queda no consumo de bebidas açucaradas e manutenção do tabagismo abaixo de 3%. Entretanto, houve aumento na obesidade e na pré-diabetes (10 e 5 pontos percentuais, respectivamente). As mulheres apresentam melhores resultados para obesidade, tabagismo, pré-diabetes e consumo de FLV, enquanto os homens tiveram as maiores prevalências de atividade física e regularidade do sono. Conclusões: Ao comparar os resultados das séries históricas com as do Vigitel, identificou-se: melhores prevalências de sujeitos fisicamente ativos, de tabagismo, de consumo de FLV e de bebidas açucaradas em relação à população brasileira, entretanto, perfil de obesidade similar e piores níveis de sedentarismo.
TABAGISMO EM ADULTOS JOVENS BRASILEIROS ENTRE 2006 E 2023
Pôster
Roesberg, J.M.A.1, Abreu, M.N.S.1
1 UFMG
Objetivo: Analisar a tendência temporal da prevalência de tabagismo em adultos jovens brasileiros entre os anos de 2006 e 2023 e a associação desse indicador com outros fatores de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Metodologia: Estudo transversal, de base populacional, que utilizou dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), de 2006 a 2023, para análise da prevalência de tabagismo no Brasil na faixa etária de 18 a 24 anos. Também foi avaliado a associação da prevalência do tabagismo com indicadores relacionadas ao sedentarismo, má alimentação e etilismo. Foi usado o software IBM SPSS Statistics 20.0 para análise dos dados, considerando um nível de significância de 5%. Resultados: Houve redução gradativa na prevalência de tabagismo entre os adultos jovens brasileiros durante os anos de 2006 a 2023 (12,1% - 6,7%). Os fatores que tiveram correlação direta com o tabagismo foram: assistir televisão diariamente (r=0,595; valor-p=0,032), praticar atividades físicas no deslocamento (r=0,732; valor-p=0,001) e consumir refrigerante frequentemente (r=0,717; valor-p=0,00). Exercício físico no lazer (r=-0,840; valor-p=0,00), comer 5 porções diárias de frutas e hortaliças (r=-0,519; valor-p=0,048) e sobrepeso (r=-0,903; valor-p=0,00) foram correlacionadas com menor prevalência do tabagismo. No modelo de regressão, o exercício realizado durante deslocamento foi associado com maior prevalência do hábito de fumar, enquanto a atividade física no tempo livre teve associação negativa. Conclusão: A prevalência do tabagismo entre os adultos jovens brasileiros reduziu, entretanto, o sedentarismo e a má alimentação consolidam-se como comportamentos de riscos associados ao tabaco.
TABAGISMO EM IDOSOS DE MUNICÍPIO BRASILEIRO: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Pôster
Zaitune, M.P.A.1, Lima, M.G.2, Barros, M.B.A.2
1 UnB
2 Unicamp
Trata-se de estudo transversal de base populacional que incluiu 986 adultos com 60 anos ou mais de Campinas-SP com o objetivo de conhecer a prevalência do hábito de fumar e os fatores associados ao tabagismo em idosos. Os dados foram obtidos por meio de questionário estruturado. Foram estimadas as prevalências e razões de prevalência brutas e ajustadas por sexo e idade e respectivos intervalos de confiança de 95%. As análises levaram em consideração o desenho amostral por conglomerados, utilizando Stata 11.0. A prevalência de idosos fumantes foi 10,4% (IC 95%: 8,5 – 12,7%), sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos masculino (11%) e feminino (10%). As prevalências de fumantes foram significativamente mais elevadas entre idosos com 60 a 69 anos, negros, com situação conjugal classificada em vive junto ou separado/divorciado/desquitado, naqueles que não eram evangélicos, que tinham renda menor ou igual a um salário-mínimo, com 9 a 11 anos de estudo, que não tinham plano privado de saúde, que consomem bebida alcóolica, dependentes de álcool, não realizavam atividade física de lazer, que passam 3 ou mais horas assistindo TV, nada satisfeitos com a vida, que sentiam solidão muitas vezes ou sempre e que referiram autoavaliação da saúde e autoavaliação de saúde bucal ruim ou muito ruim. Embora os resultados deste estudo possam nortear estratégias benéficas para toda a população, é importante fazer distinções entre subgrupos e propor ações específicas nas políticas públicas de cessação do tabagismo.
TABAGISMO REDUZ A SOBREVIDA DE IDOSOS, ESTUDO DE COORTE EPIFLORIPA IDOSO
Pôster
Curi Hallal, A.L.1, Salvador, S.1, Quialheiro, A.2, Figueiró, T.1, Hillesheim, D.1, de Oliveira, C.3, Rech, C.1, d’Orsi, E.1
1 UFSC
2 CESPU
3 UCL
Objetivo: Descrever a prevalência de tabagismo e sua relação com a sobrevida em idosos. Métodos: Dados das entrevistas domiciliares de 2009/10 (onda 1,n=1.705), 2013/14 (onda 2,n=1.197), 2017/19 (onda 3,n=1.335) e 2023/24 (onda 5,n= 695) do Estudo de Coorte EpiFloripa Idoso. Desfecho: tempo até óbito. Exposição: autorrelato de tabagismo (nunca fumou, ex-fumante, fumante atual). Tempo de sobrevida calculado em meses entre data da primeira entrevista e data do óbito ou último contato com o participante. Estimadas hazard ratios (HR) brutas e ajustadas para fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde. Resultados: A prevalência de fumantes atuais foi maior nos homens. Na faixa etária de 60 a 69 anos esta prevalência foi 12,4% (onda 1),11,9% (onda 2), 16,3% (onda 3) e 18,3% (onda 5);70 a 79 anos:4,9%,5,7%,7,0% e 8,1%; e nos 80+:2,5%,1,8%,2,5% e 2,7%. A probabilidade de se tornar fumante para quem nunca fumou foi 0,25% enquanto a probabilidade de se tornar ex-fumante foi 26,5%. A taxa de mortalidade (por 1000 pessoas/mês) foi 3,2 (nunca fumantes na linha de base), 4,6 (ex-fumantes) e 3,9 (fumantes atuais). Ex-fumantes tiveram um risco 40% maior de morrer (HR=1,40 IC95%: 1,15-1,71) e fumantes 85% maior (HR=1,85 IC95%:1,37-2,51) comparados aos nunca fumantes. Conclusões: A prevalência de tabagismo está aumentando entre idosos mais jovens, especialmente após a pandemia. A probabilidade de deixar de fumar foi maior do que a de passar a fumar. O tabagismo, tanto atual quanto passado, aumenta o risco de morrer em idosos, independente de fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde.
TENDÊNCIA TEMPORAL DAS CONDIÇÕES CARDIOMETABÓLICAS EM ADULTOS BRASILEIROS (2006-2023).
Pôster
CASTRO, B.1, WAHRHAFTIG, J.1, ALMEIDA-PITTITO, B.1, CLARO, R. M2, FERRARI, G.3, REZENDE, L. F. M1
1 Departamento Medicina Preventiva, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil
2 Departamento de Nutrição, Universidade Federal Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brazil.
3 Universidad de Santiago de Chile (USACH), Escuela de Ciências de la Actividad Física, el Deporte y la Salud, Santiago, Chile
Objetivos: Identificar a tendência temporal da prevalência das condições cardiometabólicas em adultos residentes nas capitais brasileiras entre 2006 e 2023, segundo características sociodemográficas.
Métodos: Dados autorreferidos de peso, altura e diagnóstico médico de hipertensão e diabetes foram obtidos através de 806.169 relatos de adultos (≥18 anos) participantes do Vigitel. A prevalência de hipertensão, diabetes e obesidade, individualmente e combinadas, foi calculada para o período de 2006 a 2023. Regressão de Prais-Winsten foi utilizada para identificar a tendência temporal da prevalência das condições cardiometabólicas.
Resultados: Entre 2006 e 2023, observou-se aumento na prevalência de hipertensão (22,6% em 2006 para 27,9% em 2023; incremento de 0,22 ponto percentual (pp)/ano; P=0,011), diabetes (5,5% para 10,2%; incremento de 0,22 pp/ano; P<0,001) e obesidade (11,8% para 24,3%; incremento de 0,72 pp/ano; P<0,001). A prevalência de todas condições cardiometabólicas combinadas aumentou de 1,2% em 2006 para 2,7% em 2023, com incremento médio de 0,08 pp/ano (P<0,001). Em 2023, observou-se maior prevalência das condições cardiometabólicas combinadas entre mulheres (3,3%), adultos com ≥65 anos idade (7,0%) e <8 anos de estudo (5,1%).
Conclusões: A prevalência das condições cardiometabólicas aumentou entre 2006 a 2023. Disparidades na prevalência das condições cardiometabóçocas foram observadas segundo sexo, idade e escolaridade. O monitoramento de condições cardiometabólicas pode auxiliar no planejamento de estratégias preventivas para redução da mortalidade por doenças crônicas no Brasil.
DIABETES E HIPERTENSÃO EM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE: UM RETRATO DA SAÚDE E ESTILO DE VIDA
Pôster
ANJOS, J.R.C1, PESSOA FILHO, D.M2, MARQUES, M.L3, STELUTI, J1
1 UNIFESP
2 UNESP
3 PUC- Campinas
Objetivo: Analisar os fatores de estilo de vida (EV) relacionados a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) em município de pequeno porte. Métodos: Estudo epidemiológico observacional transversal que considerou dados coletados a partir de uma amostra de 756 indivíduos recrutados de forma voluntária e aleatória em feiras de saúde realizadas em toda a região urbana do município de Penápolis/SP. Foram coletados dados demográficos e de EV (consumo alimentar, consumo de bebida alcoólica, tabagismo, nível de exercícios físicos e utilização de serviços de saúde). A pressão arterial e a glicemia capilar foram aferidas por profissionais habilitados. Análises estatísticas consideraram um nível de significância de 5%. Resultados: A prevalência de HAS foi de 21,7%, enquanto a de DM foi de 3,5%, e maior em indivíduos casados, na faixa etária de 50 a 59 anos e de cor branca. Ademais, o tabagismo e o consumo excessivo de carnes com gordura estavam associados com a ocorrência de DM. Por outro lado, o tabagismo, o consumo de bebida alcoólica e de alimentos ricos em açúcar e a atividade física insuficiente (<150 min/sem) se associaram com a presença de HAS (p<0,05). Dos indivíduos com DM e HAS, 59,3% e 72,6% não realizam acompanhamento regular em unidade básica de saúde, respectivamente. Conclusão: A prevalência de HAS e DM são relevantes. O EV relacionado a DM e HAS inclui hábitos de vida pouco saudáveis, além disso a maioria dos indivíduos não são acompanhados na atenção primária à saúde.
SERVIÇOS DE SAÚDE E EXCESSO DE PESO: UM OLHAR PARA O MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE
Pôster
ANJOS, J.R.C1, PESSOAS FILHO, D.M2, MARQUES, M.L3, STELUTI, J1
1 UNIFESP
2 UNESP
3 PUC
Objetivos: Mapear os serviços assistenciais de saúde (SAS) e investigar a relação entre percepção desses serviços na vizinhança com excesso de peso (EP) na população de Penápolis-SP. Métodos: Estudo transversal conduzido com uma amostra de 756 adultos residentes na zona urbana e que frequentaram as feiras de saúde realizadas nas 11 regiões do município. Foram coletadas informações sociodemográficas, de percepção da existência e utilização do SAS próximos a residência e medidas de peso e altura, que permitiu o cálculo do IMC. Ademais, foram identificados e classificados os SAS em públicos e privados. Análises estatísticas consideram o nível de significância de 5%. Resultados: O EP foi de 62,1% na população, sendo a maior prevalência entre indivíduos de 40 a 49 anos, casados e de cor de pele parda. Foram identificados 54 SAS no município, sendo a maioria privados (70,4%). Ainda, 51,3% dos indivíduos com EP não realizam acompanhamento na rede pública de saúde. Em relação à percepção sobre os SAS, 84,7% dos indivíduos com EP afirmaram que há serviços próximos à sua residência, porém 43,4% relataram não frequentar esses locais. Além disso, 60,0% afirmaram utilizar o pronto socorro municipal quando necessitam de atendimento, sendo a questão financeira o principal motivo mencionado por 62,4% dos entrevistados. No entanto, a utilização de SAS próximos à residência não estavam associadas ao EP (p>0,05). Conclusão: No município de pequeno porte a prevalência de EP é elevada e há fragilidade na distribuição e acesso aos SAS públicos.
TENDÊNCIA TEMPORAL DO PADRÃO DE ATIVIDADE FÍSICA “GUERREIROS DE FIM DE SEMANA” EM ADULTOS
Pôster
Dos Santos, M1, Mello, M2, Ferrari, G3, Claro, R2, Rezende, LFM1
1 UNIFESP-EPM
2 UFMG
3 USC
Objetivos: Identificar a tendência temporal do padrão de atividade física “Guerreiros de fim de semana” em adultos no Brasil no período de 2009 a 2023.
Métodos: Estudo de séries temporais conduzido a partir de dados de 643,196 adultos participantes do Vigitel entre 2009 e 2023. O nível de atividade física foi avaliado por meio do autorrelato da frequência semanal, duração e tipo da prática de atividade física no lazer. Foram considerados “guerreiros de fim semana” participantes que realizaram ≥150 minutos semanais de atividade física moderada ou ≥75 minutos de atividade vigorosa no lazer em 1 ou 2 dias na semana. Modelo de regressão de Prais-Winsten foi utilizado para identificar tendência nas variações temporais do padrão de atividade física.
Resultados: A prevalência do padrão de atividade física “guerreiros de fim e semana” diminuiu de 5,9% em 2009 para 3,1% em 2023, com redução média de -0,185 ponto percentual (pp) por ano (P<0,001). No período, observou-se redução absoluta no padrão de atividade física em homens (-0.418 pp/ano; P<0.001), e estabilidade em mulheres (0,015 pp/ano; P=0.221). Em 2023, a prevalência de “guerreiros de final de semana” foi de 5,8% em homens e 1% em mulheres, sendo o futebol (75,6%) e a ginástica aeróbica (37%) as modalidades mais praticadas, respectivamente. Observou-se ainda maior prevalência desse padrão entre adultos de 18-24 anos (4,7%) e com 9 a 11 anos de estudo (4,0%).
Conclusões: A prevalência do padrão de atividade física “Guerreiros de fim de semana” reduziu no período de 2009 a 2023, particularmente em homens.