Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia em subgrupos populacionais específicos - 1. Saúde da população indígena
INTERNAÇÕES POR PNEUMONIAS EM RORAIMA DE 2010 A 2023, EM MENORES DE 9 ANOS
Pôster
Bertelli, E.V.M.1, Guimarães, R.M.2, Dutra, V.G.P2
1 Universidade Estadual de Roraima/Universidade Estácio de Sá
2 Universidade Estácio de Sá
Objetivo foi analisar as internações por pneumonia bacteriana em menores de 9 anos em Roraima. Método: Estudo ecológico de série temporal, com dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, utilizando as autorizações de internações hospitalares como fonte de dados, no período de 2010 a 2023. Os dados foram analisados por raça/cor, idade e nacionalidade. A análise estatística foi regressão linear segmentada (joinpoint regression). Resultados: no período foram identificadas 10616 internações por pneumonia bacteriana, destas a grande concentração de casos ocorreu em crianças menores de 1 ano que concentraram 40,13% dos casos e crianças de 1 ano com 24,27%. Em relação a variável raça/cor, 24,7% dos casos ocorreram em crianças indígenas e 17,33% em crianças estrangeiras. Nos casos de pneumonia em crianças indígenas, 68,94% das ocorrências foram em crianças Yanomami e 20,73% em crianças Makuxi. 96,95% dos casos em crianças estrangeiras são de origem Venezuelana. Em relação a série temporal foi possível observar segmentos com comportamento distinto no período analisado. No primeiro segmento, de janeiro/2010 a novembro/2012 identificamos uma grande queda no período, de 22,84% ao mês (IC:-31,19; -14,67 e p:<0,001). O segundo joinpoint foi de novembro/2012 a agosto/2015, com crescimento nas taxas a uma velocidade de 53,15% ao mês, (IC:38,83;86,15 e p:<0,001). No último período, de agosto/ 2015 a julho/2023, não houve significância estatística na análise. Conclusão: a pneumonia bacteriana foi a principal causa de internação em crianças menores de 9 anos no estado de Roraima, com um crescimento nos casos a partir de 2015.
MALÁRIA NO POVO YANOMAMI, UMA DÉCADA DE EMERGÊNCIA: ANÁLISE DESCRITIVA DE 2010 - 2023
Pôster
LCF Penha1, Daniel Villela2
1 ENSP-Fiocruz
2 Programa de Computação Científica- Fiocruz-RJ
O povo Yanomami, um dos maiores grupos indígenas do Brasil, é frequentemente afetada pela malária devido a vários fatores, incluindo condições socioeconômicas desfavoráveis, desmatamento, mineração ilegal e falta de acesso a serviços de saúde adequados. O estudo apresenta uma análise descritiva da malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami-Yekuana (DSEI YY), com recorte temporal de 2010 a 2023. Dados apontaram um total de 155.689 casos, média de 11.974 casos/ano. A predominância de espécie foi o P. vivax com 92.851 casos, seguido do P. falciparum com 40.956 casos. O estudo apresentou aumento exponencial da espécie P. falciparum ao longo dos anos, atingindo um total de 9.337 casos em 2023. Os dados indicam altíssimos índices da doença em crianças de 0 a 9 anos, com média de 4.957 casos/ano, correspondendo a 53% da doença. Por fim, foi contextualizado os cenários de acordo com eventos ocorridos na região, abordando reflexões e desafios da vigilância da malária com povos indígenas.
MORTALIDADE EM MULHERES INDÍGENAS: DESAFIOS, ESTRATÉGIAS E INTERVENÇÕES CULTURAIS .
Pôster
Pires, N. de O.1, Capeleto, S. M.1
1 UNEMAT
Objetivos: O estudo analisou o número de óbitos de mulheres indígenas em idade fértil por faixa etária em Mato Grosso, de 2018 a 2022, com foco na saúde dessas mulheres, destacando estratégias e intervenções culturalmente sensíveis. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e retrospectivo com abordagem quantitativa. Foram examinados dados de óbitos de mulheres indígenas em idade fértil, considerando faixas etárias e causas de morte. Resultados: A análise dos óbitos revelou uma concentração significativa de mortes entre mulheres mais velhas, especialmente na faixa etária de 40 a 49 anos. Também foram identificados desafios em diferentes grupos etários, como jovens de 15 a 19 anos. Fatores como acesso limitado aos cuidados de saúde, falta de educação em saúde reprodutiva e obstétrica, condições socioeconômicas desfavoráveis e barreiras culturais e linguísticas foram destacados como contribuintes para a mortalidade elevada. Conclusões: O estudo identificou lacunas nos sistemas de informação de saúde, dificultando uma avaliação precisa da situação. Desafios persistentes na atenção à saúde das mulheres indígenas foram atribuídos a políticas superficiais e desatualizadas. Conclui-se que é urgente adotar medidas para melhorar a saúde materna entre as mulheres indígenas, incluindo o fortalecimento dos serviços de saúde e o acesso equitativo aos cuidados pré-natais e obstétricos de qualidade. A necessidade de ações coordenadas e abrangentes é enfatizada para enfrentar os desafios de saúde dessas populações vulneráveis, com intervenções culturalmente sensíveis sendo cruciais para a eficácia das estratégias propostas.
PERFIL LIPÍDICO E ESTADO NUTRICIONAL DE INDÍGENAS ALDEADOS EM ARACRUZ, ESPÍRITO SANTO
Pôster
Santos, H. C.1, Mendes, F. D.2, Vieira, M.P.3, Silva, A. S.3, Cruz, G. F.3, Porto, A. S.1, Faria, C. P.2, Mill, J. G.4
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, CEP 29047-105, Campus Maruípe, Vitória, Espírito Santo, Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, CEP 29040-090, Campus Maruípe, Vitória, Espírito Santo, Brasil.
3 Departamento de Ciências Fisiológicas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Sano, CE`P 29040-090, Campus de Maruípe, Vitória, Espírito Santo, Brasil.
4 Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, CEP 29040-090, Campus Maruípe, Vitória, Espírito Santo, Brasil. Departamento de Ciências Fisiológicas, Centro de Ciências da Saúde, Univers
Objetivo: Avaliar o perfil lipídico de adultos indígenas aldeados em Aracruz, Espírito Santo (ES) segundo estado nutricional. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado com os dados da pesquisa “Avaliação da prevalência e severidade das doenças crônicas na população indígena do ES” (2020/22). A classificação do perfil lipídico foi realizada conforme as recomendações da V Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose. A dislipidemia foi definida pela presença de ao menos uma alteração do perfil lipídico. Foram classificados com excesso de peso (EP) os indivíduos que apresentaram Índice de Massa Corporal ≥25,0Kg/m². O teste qui-quadrado foi utilizado para a comparação das proporções. Os dados foram analisados no software STATA versão 18.0, com nível de significância de p<0,05. Resultados: A amostra foi composta de 1.038 indivíduos. Observou-se que 70,1% (n=709) apresentavam ao menos uma alteração no perfil lipídico. Sendo o HDL-c baixo (53,4%), seguido da hipertrigliceridemia isolada (30,1%) os tipos de dislipidemias mais prevalentes. A prevalência de EP foi de 76,0% (n=709). Nas análises bivariadas verificou-se que entre os indivíduos com EP 85,0% apresentaram HDL-c baixo (p<0,001). O EP também esteve associado à hipertrigliceridemia isolada (89,7%; p<0,001). Não foram observadas associações significativas entre o EP e a hipercolesterolemia isolada e a hiperlipidemia mista. Conclusão: Os resultados encontrados no presente estudo confirmam a associação entre a dislipidemia e o EP, sendo que a dislipidemia mais prevalente nessa população é o HDL-c baixo.
AÇÕES EM SAÚDE DESENVOLVIDAS NO DSEI ALTO RIO PURUS COM FOCO NA TUBERCULOSE NO ANO 2023.
Pôster
Bacas,BC.H1, Silva,C.L2, Vieira,NA3, Araújo,K.D4, Farias,E.N5, Huni,K.N6, - Prats,J.B7, - Prats,J.B7, Argemiro,E.M8, Prats,E.JC9, Sinzino,A.S10, Maffi,H.JH11
1 Médica do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (DSEI/ARP), Especialização Pneumologia Sanitária (ENSP/FIOCRUZ/RJ) e Especialização Medicina Familiar (UFPEL) Especialização em Saúde Indígena em andamento (UNIFESP)- - Rio Branco/AC
2 Enfermeira e Referência Técnica das Doenças Crônicas e Agravos do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (DSEI/ARP) Especialização em Saúde Indígena (UNIFESP) e Especialização em Centro Cirúrgico (UNIFB) -Rio Branco/AC
3 Enfermeira e Referência Técnica do Programa Saúde da Mulher e da Criança do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (DSEI/ARP) Especialização em Saúde Indígena -Rio Branco/AC
4 Enfermeira e Referência Técnica em Imunização do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (DSEI/ARP), Especialização em Gestão de Saúde Pública (FAVENI) Faculdade Venda Nova do Imigrante. -Rio Branco/AC
5 Gestora do Núcleo de Infecções Sexualmente Transmissível. Programa de Controle da Tuberculose/SESACRE, Rio Branco/AC
6 Cacique do Povo Amazonense Huni Kui. -Acre
7 Estudante de Licenciatura em Letras Francês da UFAC -Rio Branco/AC
8 Gestora da Associação de Redução de Danos de Acre. AREDACRE-Rio Branco/AC
9 Especialista em Economia, Especialização em Informatica (FAVENI) Faculdade Venda Nova do Imigrante. -Rio Branco/AC
10 Coordenador do Polo de Saude Indígina de Boca de Acre. Técnico de enfermagem. Especialização em Saúde Pública
11 Estudante de contabilidade. UNINORTE. Acre
A Tuberculose (TB) continua representando mundialmente uma doença causadora de problemas de saúde pública. Esforços para reduzir a morbimortalidade na população geral brasileira, vêm mostrando resultados. No entanto, em alguns segmentos da população a TB se distribuiu de forma concentrada, especialmente na População Indígena. Este estudo descritivo, de natureza qualitativa, na modalidade de Relato de Experiência tem como objetivo mostrar o trabalho desafiador desenvolvido pelas Equipes de Saúde Indígenas (EMSI) do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (DSEI/ARP) de Acre no atendimento integral aos pacientes indígenas desde o acolhimento, promoção e educação em saúde nas aldeias até os serviços de média e alta complexidade. A pesquisa teve por finalidade criar espaços de conversa, materiais na língua nativa das etnias, identificar percepções sobre a tuberculose, estabelecer projeto de cuidado a partir da identificação das necessidades do paciente indígena, desenvolver ações de prevenção do adoecimento nas aldeias e capacitações nos Agentes Indígenas de Saúde (AIS), Lideranças e Equipes de Saúde Indígenas para sensibiliza-los no controle da Tuberculose. Superar a barreira da comunicação na língua nativa das diferentes etnias e há resolução dos problemas de saúde respeitando as interfaces entre saúde, cultura e modo de vida foram os maiores desafios. Conclui-se que o atendimento desta população especifica e prioritária é um espaço permanente de reflexão para o atendimento diferenciado ao paciente indígena com Tuberculose nos campos da assistência, ensino, pesquisa e extensão.
Tuberculose; Saúde de Populações Indígenas; Serviços de Saúde do Indígena; Promoção da Saúde; Educação em Saúde; Acolhimento
ANÁLISE ECOLÓGICA DE FATORES SOCIOAMBIENTAIS E SÍFILIS GESTACIONAL EM INDÍGENAS NO BRASIL
Pôster
Rorato, AC1, Lana, RM2, Escada, MIS1, Codeço, CT3, 4, 4, Santos JR, HG5, 6, 7, 8, 9, 10
1 Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
2 Barcelona Supercomputing Center (BSC)
3 Programa de Computação Científica, Fundação Oswaldo Cruz
4 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), FIOCRUZ
5 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ), Rio de Janeiro - RJ, Brasil
6 London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, United Kingdom, Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), FIOCRUZ
7 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
8 Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA) e Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS/FIOCRUZ)
9 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), FIOCRUZ, Salvador, Bahia, Brasil, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)
10 Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), FIOCRUZ
No Brasil, a prevenção da sífilis em gestantes (SG) é desafiadora, particularmente em populações vulnerabilizadas, como os povos Indígenas, dado os contextos sócio-históricos de não acesso à saúde e à educação, e às múltiplas ameaças socioambientais que afetam seus territórios. Nosso objetivo foi investigar os determinantes socioambientais da SG em mulheres indígenas no Brasil. Trata-se de um estudo ecológico com abordagem espaço-temporal da associação entre indicadores de vulnerabilidade socioambiental e a taxa de detecção de SG entre mulheres indígenas, em escala municipal, nos períodos de 2010-2014 e 2015-2019. Nós utilizamos o referencial teórico do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), no qual a vulnerabilidade é expressa como uma função da exposição, sensibilidade e capacidade de resposta de um sistema suscetível a ameaças. Os indicadores foram calculados por Terra Indígena (TI) para expressar a exposição e a sensibilidade da população indígena à violência, degradação ambiental e a ocupação ilegal do território. Posteriormente cada indicador foi ponderado para o município, sendo em seguida, utilizado um modelo estatístico linear multivariado para estimar as associações pretendidas. Encontramos uma associação positiva entre a taxa de detecção de SG e os índices de sensibilidade (t = 8.37, p < 0.0001) e exposição (t = 9.95, p < 0.0001). Nossos resultados revelam uma tendência de maior detecção de SG em municípios com maior vulnerabilidade socioambiental nas TIs, indicando que a degradação ambiental no entorno e nas TIs têm associações negativas com a saúde dos povos Indígenas, sendo a SG um reflexo da vulnerabilidade vivenciada por essas mulheres.
BAIXA ESTATURA EM ADOLESCENTES XAVANTE DA TI PIMENTEL BARBOSA, MATO GROSSO - MT
Pôster
MEDEIROS, F. G.1, FERREIRA, A. A.2, WELCH, J. R.1, COIMBRA JUNIOR, C. E. A.1
1 Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2 Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Objetivo: Investigar a prevalência e fatores associados à baixa estatura em adolescentes Xavante da Terra Indígena (TI) Pimentel Barbosa, Mato Grosso. Método: Foram coletados dados antropométricos, socioeconômicos, demográficos e alimentares de todos os 250 adolescentes (10-19 anos) Xavante da TI entre junho e agosto de 2011. A prevalência de baixa estatura foi definida por E/I abaixo de -2 escore z e realizadas análises de regressão logística (IC95%). Resultados: A prevalência de baixa estatura foi de 21%, sendo mais acentuada entre as adolescentes do sexo feminino (34,6%). A maior prevalência de baixa E/I foi na idade ≥ 16 anos, independentemente do sexo (93,3% para meninas e 28,6% para meninos). A faixa etária (12 a <16 anos: OR = 9,15, IC95%: 2,43 - 15,08) e (≥ 16 anos: OR = 6,52, IC95%: 5,37 - 25,59) e a frequência escolar (OR = 0,02, IC95%: 0,00 - 0,47) emergiram como principais fatores associados à baixa estatura, com a escolaridade atuando como fator protetor. Conclusões: A significativa prevalência de baixa estatura entre os adolescentes Xavante, especialmente entre as meninas, aponta para a continuidade de agravos que se iniciam na infância, permanecendo assim com possíveis reflexos na fase adulta, incluindo aumento de chances de DCNT e obesidade, especialmente no sexo feminino. São necessárias políticas públicas também direcionadas a este segmento etário indígena no país.
Palavras-chave: Adolescente, Desnutrição, Populações indígenas, Estado nutricional, Índios Sul-Americanos.
DESCRIÇÃO DOS CASOS DE COVID-19 NA ALDEIA INDÍGENA SAPUKAI, ANGRA DOS REIS, 2020 A 2024.
Pôster
Silva, L.R.M1, Reis, R.M.2, Santos, C.3
1 MS/DEMSP-Apoiadora CIEVS-ANGRA DOS REIS
2 CIEVS Angra dos Reis
3 MS/SESAI-LITORAL SUL
Descrever os casos confirmados de Covid 19 na população indígena no município de Angra dos Reis (MAR), da aldeia Sapukai (AS), de 2020 a 2024. Estudo descritivo com utilização de base de dados secundárias provenientes do Sinan net, SIVEP gripe, Esus-notifica e SIM, e notificações registradas no período de março de 2020 a maio de 2024. Os dados foram tabulados por meio do Tabwin e Tabnet e as análises foram conduzidas com o auxílio do MS Excel. Os seguintes dados foram levantados: frequências absolutas e relativas, taxa de incidência, de mortalidade e letalidade. Foram notificados 283 casos de Covid-19 entre indígenas na AS (TI de 83.480,83 casos/100 mil hab.), um óbito (TM de 294,99 óbitos/100 mil hab. e letalidade de 0,35%) e 18 internações pelo agravo (6,36%). A frequência foi um pouco maior nos casos no sexo feminino (53%), praticamente metade dos acometidos foram em menores de 20 anos (50,53%) e proporcionalmente poucos casos em pessoas com 60 anos ou mais (5,65%). A mediana de idade foi de 19 anos (mínima-máxima: 0-100). A maioria das notificações se concentraram no ano de 2020 (70,32%, 199 casos, TI de 58.702,06 casos/100 mil hab.), ano em que foram registradas as três únicas gestantes da série. Trata-se de estudo que possibilitou melhor caracterizar o perfil epidemiológico de acometidos pela pandemia de Covid-19 entre indígenas da maior comunidade guarani do Estado do Rio de Janeiro, elemento essencial para desenvolvimento de estratégias de prevenção e promoção da saúde direcionados a essa população.
DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL PÓS-PANDEMIA
Pôster
Kolte, I.V.1, Cunha, E.A.T.2, Alves, E.3, Brito, L.3, Basta, P.C.1
1 ENSP/FIOCRUZ
2 LACEN-MS
3 SES-MS Programa Estadual de Controle de Tuberculose
Objetivos: A OMS recomenda o diagnóstico precoce da tuberculose como estratégia central para o controle da doença em grupos de alto risco como a população indígena brasileira. Investigamos o nível de diagnósticos laboratorialmente confirmados, acompanhamento dos casos, investigação de MDR-TB e desfechos da doença na população indígena no período de 2001-2023.
Métodos: Dados sobre casos de tuberculose notificados foram coletados do SINAN na plataforma TabNet. Realizamos análise descritiva dos dados.
Resultados e conclusões: 1176 casos de TB indígenas foram notificados em 2023 - o maior registro anual desde 2001, e um aumento de 28% desde 2019. Entre 2001-2023, o percentual de casos laboratorialmente confirmados aumentava, mas permanece significativamente menor para os indígenas em comparação à população geral (60,2% vs. 69,2% em 2023). Em nível estadual, o percentual mediano de diagnósticos confirmados foi 60% (variação entre 0-100% em 2023). A queda notada desde 2011 no tratamento diretamente observado (TDO), continua pós-pandemia para indígenas e não-indígenas. Pós-pandemia houve um aumento marcado no percentual de casos indígenas com MDR-TB, de 0,44% (2019), 0,26% (2020), 2,22% (2021), 1,04% (2022), 0,77% (2023, dados preliminares). Desde 2019, teste de sensibilidade (TDS) vem sendo realizada em cerca de 10% dos casos indígenas anualmente. Casos recidivos e reingresso após abandono representaram 10-12% anualmente dos casos indígenas desde 2019. Porém, somente 11-12% desses casos de alto risco para MDR-TB receberam um TDS. Reforçamento do diagnóstico confirmado, TDO e TDS para, no mínimo, os pacientes recidivos e voltando após abandono é essencial para o controle da tuberculose nessa população vulnerável.
DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE EM INDÍGENAS E NÃO INDÍGENAS
Pôster
VAZ, I.F1, PAIVA, N.S2, VIANA, P.V.S3
1 ESNP/FIOCRUZ
2 IESC/UFRJ
3 ENSP/CRPHF/Fiocruz
OBJETIVO: Descrever a distribuição espaço-temporal das taxas de incidência (TIs) de tuberculose em indígenas e não indígenas, segundo as unidades federativas (UF) do Brasil, no período de 2011 a 2022. MÉTODOS: Estudo ecológico, temporal e espacial sobre os casos novos de tuberculose no Brasil em indígenas e não indígenas. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foram coletados para o período de 2011 a 2022 e estratificados por UF, sendo analisados exploratória e estatisticamente por meio do software R 4.2.3. RESULTADOS: A TI média no Brasil foi de 71,7/100 mil habitantes entre indígenas e 28,6/100 mil habitantes entre não indígenas. As maiores incidências para indígenas ocorreram nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Norte, com destaque para as UFs do Rio de Janeiro e São Paulo, e a mais elevada em Mato Grosso (444,9/100 mil habitantes). As taxas mais altas foram registradas em 2013 e 2012 para indígenas e não indígenas, respectivamente, com os menores índices em 2021 para ambos os grupos. O índice de Moran indicou classificação "alto-alto" para indígenas do Amazonas e Bahia, enquanto para não indígenas houve correlação espacial positiva no Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia e Goiás. CONCLUSÃO: Altas incidências de tuberculose entre indígenas, em comparação com não indígenas, ressaltam a necessidade de abordagens específicas para atender às necessidades de saúde dessas populações. As disparidades regionais nas incidências indicaram a necessidade de abordar questões socioeconômicas e de infraestrutura que afetam a saúde desses povos.
EXCESSO DE MORTALIDADE NA POPULAÇÃO INDÍGENA E NÃO INDÍGENA ENTRE 2020 E 2022.
Pôster
Nascimento, L. A.1, Rosalen, J.2, Ferron, M. M.1
1 FICSAE
2 FFLCH; IEPE
Objetivos:
Analisar o impacto da pandemia de COVID-19 na mortalidade da população indígena (PI) brasileira em comparação à população não indígena (PNI), utilizando o cálculo do excesso de mortalidade (EM).
Métodos:
Utilizamos a metodologia da OMS para calcular o EM. Dados do Sistema de Informação de Mortalidade foram divididos em PI e PNI. O excesso de mortes foi a diferença entre óbitos observados e esperados, baseados na média mensal do período pré-pandêmico. Foram realizados testes t para cada ano, considerando p < 0,05 e IC 95%.
Resultados:
Em 2020, o EM na PI foi de 35,98%, quase o dobro da PNI (18,82%), com RR de 1,91. Em 2021, a PI teve aumento no EM (45,22%) comparado à PNI (39,96%), com RR de 1,13. Em 2022, o EM na PI foi de 42,68% e na PNI de 17,86%, com RR de 2,39. No total dos três anos, a PI EM de 41,29% versus 25,55% na PNI, com RR de 1,62. O teste t mostrou significância para 2020. A mortalidade por CID 1 foi menor na PI, possivelmente pela vacinação, com maior diferença observada entre março e outubro de 2021.
Conclusões:
O estudo revela disparidades significativas na mortalidade entre PI e PNI no período. Embora a vacinação tenha oferecido proteção para causas específicas, a mortalidade geral foi maior na PI, refletindo vulnerabilidades exacerbadas por desigualdades socioeconômicas e barreiras no acesso à saúde. Futuros estudos devem considerar variáveis como idade para aprofundar a análise dessas disparidades e promover a equidade na saúde.
EXCESSO DE PESO EM ADOLESCENTES INDÍGENAS XAVANTE DA TI PIMENTEL BARBOSA, MATO GROSSO - MT
Pôster
MEDEIROS, F. G.1, FERREIRA, A. A.2, WELCH, J. R.1, COIMBRA JUNIOR, C. E. A.1
1 Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2 Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Objetivos: Avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade e identificar fatores associados a essas condições em adolescentes indígenas Xavante da Terra Indígena (TI) Pimentel Barbosa, Mato Grosso. Métodos: Foi conduzido um estudo transversal com todos os 250 adolescentes (10-19 anos) Xavante da TI. Foram aferidos o peso e estatura, para o cálculo do Índice de Massa Corporal-para-idade (IMC/I) para determinar sobrepeso e obesidade, seguindo os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) para classificação nutricional. Os resultados foram agrupados em uma única categoria denominada "excesso de peso". As análises consideraram variáveis socioeconômicas e de saúde materna e foram feitos modelos de regressão logística (IC95%). Resultados: 32,0% apresentaram sobrepeso e 6,0% obesidade com prevalências significativamente maiores entre as meninas. A faixa etária com maior excesso de peso foi < 12 anos (36,8%). Fatores como estado civil (OR 2,29; IC 95%: 1,04 – 5,04) e IMC da mãe (sobrepeso: OR = 3,34 (1,18 – 9,49) e (obesidade: OR = 5,39 (1,43 – 20,39), mostraram associação significativa com o excesso de peso nos adolescentes do sexo feminino. Conclusões: Os resultados indicam uma prevalência de sobrepeso e obesidade entre os adolescentes Xavante, especialmente nas mulheres. Trata-se de um segmento populacional pouco investigado e que possui alta relação com as chances de desenvolverem DCNT na fase adulta. São necessárias ações direcionadas para a promoção da saúde, respeitando o direito a uma alimentação adequada e saudável, especialmente entre os indígenas do Brasil.
Palavras-chave: Sobrepeso, Obesidade, Adolescentes, População Indígena, Saúde Pública
EXPOSIÇÃO AO METILMERCÚRIO E NEURODESENVOLVIMENTO INFANTIL INDÍGENA: UM MODELO TEÓRICO
Pôster
Jacques, A.D.1, Souza Filho, B.A.B.2, Andrade, C.A. F.3, Vaz, J.S.4, Basta, PC3
1 FIOCRUZ/UNIFASE
2 UFRN
3 FIOCRUZ
4 UFPel
Objetivos:
Este estudo desenvolveu um modelo teórico para explicar os determinantes do neurodesenvolvimento nos primeiros 1000 dias de vida, com ênfase na exposição pré-natal ao metilmercúrio em crianças indígenas.
Métodos:
A elaboração do modelo teórico seguiu sete etapas: i) identificação do objeto; ii) resgate cognitivo/tempestade de ideias; iii) representação gráfica; iv) revisão da literatura; v) estruturação; vi) submissão a especialistas; e vii) reestruturação e finalização. Foi utilizado o Checklist para Relato Teórico em Estudos Epidemiológicos para orientar o processo.
Resultados: O estudo aborda a análise teórico-metodológica das dimensões e variáveis explicativas ligadas à exposição a condições adversas desde a vida intrauterina, que podem resultar em danos neurológicos e impactar a saúde das crianças indígenas. Estas enfrentam vários obstáculos, incluindo a falta de cuidados pré-natais adequados, desnutrição, doenças infecciosas e vulnerabilidade socioeconômica, todos os quais podem influenciar seu neurodesenvolvimento. Além disso, a exposição ao metilmercúrio, originado do consumo materno de peixes contaminados, tanto durante a gravidez quanto através da amamentação, é um fator adicional a ser levado em consideração.
Conclusões:
O modelo teórico desenvolvido é pioneiro na área da saúde, proporcionando uma compreensão aprofundada sobre a complexa rede causal do neurodesenvolvimento em populações infantis indígenas. Ele destaca a importância de considerar as vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais que afetam essas comunidades. O modelo contribui para ampliar o conhecimento sobre os impactos da exposição ao metilmercúrio e outros determinantes adversos no neurodesenvolvimento, oferecendo uma base para futuras intervenções e políticas públicas voltadas para a proteção e promoção da saúde dessas crianças.
HIPERTENSÃO ARTERIAL E USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO INDÍGENA BRASILEIRA NÃO ALDEADA
Pôster
Leitão, V.B.G.1, Francisco, P.M.S.B.1
1 UNICAMP
Objetivo: estimar a prevalência de hipertensão arterial segundo características sociodemográficas, indicação e uso de medicamentos anti-hipertensivos na população indígena brasileira adulta com idade ≥20 anos. Métodos: Estudo transversal de base populacional com dados de indígenas da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (n=651). Estimaram-se as prevalências de hipertensão arterial e respectivos intervalos de confiança de 95% e as comparações foram verificadas pelo teste Qui-quadrado (Rao-Scott) com nível de significância de 5%. Resultados: 50,9% eram homens e a média de idade foi de 45,2 anos; 87,4% viviam em área urbana, 64,2% com cônjuge/companheiro(a), 49,3% possuíam ensino fundamental/médio completo e 86,4% não possuía plano privado de saúde. A prevalência de hipertensão arterial foi de 29,3% (IC95%:23,7-35,5) e 64,8% (IC95%:59,0-70,2) tiveram diagnóstico nos 6 meses anteriores à pesquisa. Observaram-se maiores prevalências nos residentes em área urbana (30,4% vs. 21,1%), nas mulheres (37,5% vs. 21,2%), nos idosos (65,0% vs. 18,1%), nos que não viviam com o cônjuge/companheiro(a) (36,8% vs. 25,1%) e naqueles sem instrução/ensino fundamental incompleto (44,1%; IC95%:35,0-53,6) (p<0,05). Sobre o uso de serviços, 55,9% (IC95%:49,9-61,8) referiu acompanhamento médico/serviço de saúde regularmente por causa da hipertensão arterial e 37,4% (IC95%:32,3-42,8) quando tem algum problema em decorrência da doença. A indicação de tratamento medicamentoso foi referida por 95,2% (IC95%:96,0-96,7) dos indígenas e o uso de medicamentos anti-hipertensivos, entre aqueles com indicação, foi de 87,1% (IC95%:81,3-91,3). Conclusão: Este estudo verificou que a prevalência de hipertensão e uso de medicamentos anti-hipertensivos na população indígena foi semelhante àquelas encontradas para o conjunto da população adulta brasileira.
INFECÇÃO RESPIRATÓRIA NA POPULAÇÃO INDÍGENA DA REGIÃO AMAZÔNICA, BRASIL
Pôster
Ramos. S.S.1, Silva, L.M.2, Novais, L.R.3, Pereira, P.M.B.3, Meneguzzo. V.1, Daros, G.C.1, Silva, M.G.3, Portela, W.F.3, Goldim, M.P.S.3, Iser, B.P.M.3, Bitencourt, R.M.3
1 Faculdade de Medicina, Universidade do Sul de Santa Catarina
2 Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Santa Catarina
3 Programa de Pós Graduação de Ciências da Saúde, Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivos: Identificar o perfil de doenças respiratórias de um determinado grupo dos povos indígenas do Brasil, representado pelo território de abrangência do DSEI Alto Solimões. Métodos: Estudo transversal realizado em comunidades indígenas do município de Amaturá (Amazonas, Brasil), no período de maio de 2017 a julho de 2021. Resultados: Foram analisados 2.728 prontuários de pacientes diagnosticados por infecções respiratórias. Destes, 52.7% eram do sexo feminino e 76.6% tinham menos de 18 anos. A nasofaringite aguda foi o diagnóstico mais prevalente (91.5% dos casos). A faixa etária de 1 a 4 anos apresentou razão de verossimilhança (RV) significativa. As mulheres apresentaram RV significativa com tonsilite aguda não especificada e os homens com laringofaringite aguda. A análise específica da aldeia revelou RV para pneumonia e bronquite aguda em Bom Pastor e bronquite aguda por vírus sincicial respiratório estreptococo em Nova Itália. Conclusões: Esses dados colaboram para elaboração e implementação de políticas públicas específicas e diferenciadas entre os Distritos Indígenas, afim de permitir a garantia das particularidades desse grupo populacional tão diverso.
INTOXICAÇÃO POR MERCÚRIO EM INDÍGENAS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS DADOS DE NOTIFICAÇÃO
Pôster
VAZ, I.F1, BASTA, P.C1, VASCONCELLOS, A.C.S2
1 ESNP/FIOCRUZ
2 EPSJV/FIOCRUZ
Objetivo: Descrever o perfil sociodemográfico e clínico das notificações de intoxicações exógenas por mercúrio na população indígena brasileira, entre 2014 e 2023. Métodos: Estudo transversal descritivo utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os dados foram analisados de forma exploratória utilizando o software R 4.4.0. Resultados: Durante o período de estudo, foram registrados 305 casos de intoxicação por metais entre a população indígena, sendo 97,4% atribuídos ao mercúrio. Em 2019, os casos de intoxicação por mercúrio representaram 63,4% do total anual. A maioria dos casos ocorreu entre mulheres (48,5%) e crianças de 0 a 5 anos (16,1%). Na Região Norte, 89,3% dos 299 casos de intoxicação por metais foram relacionados ao mercúrio, sendo 65,6% dos casos no Pará e 23,7% em Roraima, especificamente nos municípios de Itaituba e Iracema. Todos os casos de contaminação por mercúrio foram decorrentes de intoxicação digestiva em circunstância ambiental, com 94,7% tendo confirmação de exposição ou intoxicação por critério clínico laboratorial. Conclusão: Os resultados indicam uma subnotificação de casos de intoxicação por mercúrio disponibilizados atualmente no SINAN, não refletindo a realidade da ampla população indígena afetada pelos efeitos da exposição ao agente. Este trabalho conversa diretamente com estudos recentes que, a partir de exames laboratoriais, revelaram altos níveis de mercúrio entre os indígenas Munduruku do Pará e Yanomami de Roraima, que foram prontamente notificados e classificados como intoxicações confirmadas. Destaca-se a necessidade de fortalecer a vigilância em saúde indígena e implementar políticas públicas para o diagnóstico e tratamento da intoxicação por mercúrio.
MALÁRIA POR P. FALCIPARUM EM ÁREAS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA NO PERÍODO 2008 A 2022.
Pôster
Terrazas, W. C. M.1, Simões, R. C.1, Machado, M. B.1, Becker, J. N.1, Ramos, T. C. A.1, Fernandes, L. G.1, Figueira, E. A. G.1
1 FVS-RCP
Introdução
A malária é o principal problema de Saúde Pública no Brasil, sendo as populações indígenas as que são, proporcionalmente, mais acometidas pela malária. Os pacientes indígenas apresentam elevada incidência de malária por P. falciparum.
Objetivo (s)
Avaliar a distribuição espacial dos casos de Malária na Amazônia Brasileira no período de 2008 a 2022.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados secundários agrupados, extraídos do Sistema (SIVEP MALÁRIA), sem a necessidade de submissão a comitê de ética. Foram observadas frequências (por espécie parasitária e faixa etária), em número absoluto e percentual.
Resultados e Conclusão
No período analisado, foram registrados 227.550 casos de malária em áreas indígenas, sendo 82.967 (36,46%) casos de malária por P. falciparum, destes, 18.263 (22,00%) apresentaram a forma de Gametócitos, garantindo ativa transmissão na área de estudo. O Amazonas registrou 38,73% dos casos de malária indígena, 67,94% dos casos por P. Falciparum e 76,36% dos casos com forma de Gametócitos presente nos exames hemoscópicos realizados. Os estados do Amazonas e Roraima, com indígenas Yonomami, tem garantido a persistência desta realidade. Dentre os casos em áreas indígenas os estados AM (88.129), AC (59.566) e RR (25.807), contribuem com 38,73%; 26,18% e 11,34%), respectivamente. Dentre os casos com Gametócitos, 42,91% estão na faixa etária <15a, sendo que 26,64% em <9a, evidenciando falha na estratégia de diagnóstico precoce e tratamento oportuno frente a estas populações. Mesmo diante um sub-sistema de saúde específico por meio dos DSEI´s, pouco se tem conseguido avançar no controle da malária nesta população.
MORTALIDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES INDÍGENAS E NÃO INDÍGENAS NA PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
Barddal, Maria Tereza da Matta1, Ferron, Mariana Maleronka1
1 FICSAE
Objetivos:
Descrever a mortalidade geral de crianças e adolescentes indígenas durante os anos de 2020 a 2022, comparado com a mortalidade de crianças e adolescentes não indígenas e analisar as coberturas vacinais de COVID-19 nesta população no período.
Métodos:
Para análise de mortalidade, utilizou-se dados do DATASUS, via TABnet – SIM, sendo a taxa de mortalidade calculada por faixa etária, projetada de acordo com metodologia sugerida pela OMS. Análise vacinal utilizou dados dos Informes epidemiológicos da SESAI, de janeiro a outubro de 2022, entre crianças e adolescentes indígenas, considerando a vacinação por faixa etária e tipo de dose aplicada.
Resultados:
Na análise de mortalidade, os resultados apontam que para as crianças de 5-9 anos, o fator de proteção observado na população não indígena não ocorreu na indígena [RR 1,39 e p < 0,05]. Para a população de 10-19 anos, não houve diferença estatisticamente significativa [ RR 1,37 e p > 0,05].
Indígenas de 5 a 11 anos apresentaram 60,48% de cobertura vacinal, sendo a maior na região S e SE (83,83%) e a menor na região N (35,5%). Entre os de 12 a 17 anos, a cobertura vacinal atingiu 84,02%, sendo maior na região NE (88,64%) e pior na região N (54,42%).
Conclusões
O estudo revela disparidades nas taxas de mortalidade entre crianças indígenas e não indígenas na pandemia, além de apontar para disparidades regionais de cobertura vacinal entre os DSEI. Estudos mais aprofundados sobre as causas destas diferenças e impacto da disparidade de cobertura vacinal deverão ser conduzidos.
ÓBITOS INFANTIS EM INDÍGENAS RESIDENTES NOS MUNICÍPIOS SOBREPOSTOS AO DSEI YANOMAMI
Pôster
Santos, E.M.T.1, Dantas Júnior, A.B.2, Cunha, B.C.B.2
1 Universidade de Brasília
2 Pesquisador independente
Objetivo: Apresentar uma análise da série histórica da Mortalidade Infantil (MI) em indígenas residentes nos municípios sobrepostos ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, segundo ano e componente. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo da MI em indígenas com base em dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). A análise foi realizada com dados abertos de estatísticas vitais, tabulados no Tabnet/DataSUS. As categorias de análise foram componentes da MI e causas evitáveis (0 a 4 anos). A seleção de indígenas foi obtida por meio da variável raça/cor. Resultados: Entre os anos 2010 a 2022 foram registrados 1.410 óbitos infantis em indígenas e 33.967 nascimentos indígenas no conjunto dos 08 municípios sobrepostos ao Dsei Yanomami, cuja taxa acumulada da MI foi de 41,5 óbitos/1.000 nascidos vivos. Os óbitos infantis de indígenas representam 83,5% dos dados do conjunto dos municípios, enquanto os nascimentos foram 28,6%. Destaca-se que a proporção de nascimentos com raça/cor ignorada foi de 67,6%. Em relação aos componentes da MI, 44,6% dos óbitos ocorreram no período neonatal precoce, 9,7% no neonatal e 45,3% no pós-neonatal. Identificou-se que 85,7% (n=1208) dos óbitos são evitáveis, principalmente por ações de promoção à saúde vinculadas as ações atenção (48%) e por ações diagnóstico e tratamento adequado (16%). Conclusões: É alta a MI nos indígenas residentes dos municípios sobrepostos ao Dsei Yanomami, concentrando-se nos componentes neonatal precoce e pós neonatal. Ressalta-se ainda que a elevada proporção de raça/cor ignorado pode superestimar a taxa de MI.
PERFIL DE MORTALIDADE INDÍGENA NO BRASIL ANTES, DURANTE E APÓS PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
Alves, F. T. A.1, Carneiro, L. H. P.1, de Sá, A. C. M. G.1, Pena, E. D.1, Cardoso, L. S. M.1, Malta, D. C.1
1 EEUFMG
Objetivo: Analisar o perfil da mortalidade na população indígena no Brasil, antes, durante e após a pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo descritivo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade referentes aos óbitos da população indígena entre 2018 e 2022. Calculou-se o acréscimo percentual de óbitos nos povos indígenas, considerando anos anteriores, tendo como referência o ano 2015, para melhor visualização dos efeitos da pandemia. Posteriormente, calculou-se a mortalidade proporcional, segundo sexo, faixa etária e regiões do Brasil. Resultados: Os povos indígenas apresentaram expressivo acréscimo percentual de óbitos desde 2018 (+17%), com pico no período pandêmico (2020: +47%; 2021: +54%). No período analisado, a mortalidade proporcional entre a população indígena foi maior na região Norte em todas as faixas etárias e anos analisados e no sexo masculino de 20 a 59 anos (2018: 18,35%; 2019: 17,74%; 2020: 17,71%; 2021: 19,09%; 2022: 18,08%), enquanto indígenas de 60 anos ou mais apresentaram menores valores proporcionais de óbito (<30%) de 2018 a 2022. Conclusão: O estudo evidencia a vulnerabilidade contínua da população indígena, acentuada pela carência de políticas de proteção durante a pandemia. A persistente desigualdade social, entre outros fatores, refletem a manutenção na mortalidade prematura desses povos e mostra a necessidade de políticas públicas, ações e estratégias voltadas para a saúde dessa população.
UM OLHAR SOBRE OS HOMICÍDIOS DE MULHERES E ADOLESCENTES INDÍGENAS NO BRASIL (2003-2022)
Pôster
Santo, R. O.1, Wanzinack, C.1, Oliveira, V. S.1, Signorelli, M. C.1
1 Universidade Federal do Paraná - UFPR
Objetivos : Este artigo objetivou examinar a evolução temporal (2003 a 2022) dos homicídios contra mulheres e adolescentes indígenas (MAI) no Brasil, perfil das vítimas, meios de agressão e distribuição territorial. Método: Estudo ecológico retrospectivo com dados da população de MAI (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e homicídios (Ministério da Saúde; códigos X85-Y09 e Y35-Y36); analisados por estatística descritiva, estabelecendo características das vítimas, tipos de homicídio, taxas proporcionais e distribuição geográfica, plotada em mapa utilizando QGIS. Resultados: Observou-se crescimento de 500% no número de homicídios de MAI entre 2003 e 2022, sendo as mais jovens, solteiras e com menor escolaridade as principais vítimas; em homicídios cometidos principalmente por objetos cortantes/perfurantes e no ambiente doméstico. A Região Centro-Oeste possui maior número de homicídios (n=157) e taxa de 9,7 por 100 mil habitantes. Mato Grosso do Sul é o estado com maior número absoluto (n=149) e taxa (15,7 óbitos por 100 mil mulheres indígenas). Conclusão: Os achados apontam para a urgência de medidas preventivas e intervenções específicas, destacando a necessidade de políticas públicas para conter essa escalada de homicídios contra MAI. A identificação de regiões e grupos indígenas mais afetados fornece a compreensão para a implementação de estratégias focalizadas, visando a proteção das MAI mais vulneráveis.
A COVID-19 E A VACINAÇÃO NA POPULAÇÃO INDÍGENA NO DSEI-CUIABÁ, MATO GROSSO, BRASIL.2
Pôster
Pires, N. de O.1, SILVEIRA, A.K1
1 UNEMAT
Objetivo: O estudo visa analisar os impactos da Covid-19 na população indígena do DSEI-Cuiabá, Mato Grosso, com ênfase em casos, óbitos, taxas de incidência, mortalidade e vacinação. Métodos: Foram coletados dados demográficos e de Covid-19 de diversas fontes. As variáveis analisadas incluíram ano, casos confirmados, óbitos, sexo e vacinação. Utilizou-se o teste de qui-quadrado para comparações entre grupos. Resultados: Entre 2020 e 22 de agosto de 2023, foram notificados 1.609 casos e 34 óbitos na região. Em 2020, a incidência de casos foi mais alta entre indígenas (14,84%) do que não indígenas (4,98%), com redução nos anos seguintes. A mortalidade foi de 0,27% entre indígenas e 0,12% entre não indígenas. Na vacinação, 91,31% dos indígenas receberam a primeira dose, em comparação a 79,71% dos não indígenas; a segunda dose foi aplicada em 83,01% dos indígenas e 71,49% dos não indígenas. A adesão à dose de reforço foi menor, com 56,07% para indígenas e 31,41% para não indígenas. Homens apresentaram mais casos e óbitos em ambos os grupos. Conclusão: Os resultados evidenciam a vulnerabilidade dos indígenas à Covid-19, destacando a necessidade de investimentos e políticas específicas adaptadas às suas particularidades culturais, territoriais e de gênero para garantir uma resposta eficaz e inclusiva.
ANÁLISE COMPARATIVA DO PERFIL DE MORTALIDADE DE POVOS INDÍGENAS E NÃO INDÍGENAS NO AMAPÁ,
Pôster
Labate, C. R.1, Rosalen, J.2, Maleronka, M. F.1
1 FICSAE
2 IEPÉ
Objetivos: Descrever o perfil de mortalidade da população indígena do Amapá nos últimos 10 anos, comparando com o perfil de mortalidade da população não indígena do estado. Métodos: Foram coletados dados do DATASUS, considerando os sistemas de informação de mortalidade e de nascidos vivos do estado do Amapá entre 2011 e 2021, calculadas as taxas de mortalidade infantil e a proporção de óbitos por diferentes causas. Foram realizados testes, considerando p<0,05.Resultados: Os resultamos mais expressivos encontrados dizem respeito a mortalidade infantil: taxa 27,27 para indígenas e 18,80 para não indígenas no período. A taxa de mortalidade geral para todas as idades não apresentou diferença significativa entre as populações, sendo a taxa média para a população indígena de 0,42 e não indígena de 0,38. As 5 principais causas de morte para os indígenas do Amapá segundo capítulos do CID no período em estudo foram: I. Algumas doenças infecciosas e parasitarias; II. Neoplasias (tumores); IX. Doenças do aparelho circulatório; XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais em exames clínicos e laboratoriais; e XX. Causas externas de morbidade e mortalidade. Apenas as duas últimas apresentaram diferença estatisticamente significante entre população indígena e não indígena. Conclusão: A alta taxa de mortalidade infantil do Amapá e particularmente dos povos indígenas, reflete o estado de vulnerabilidade desta população. Outros dados estão sendo analisados para posterior complementação do estudo. Importante ressaltar que há um considerável desafio no acesso de dados epidemiológicos referentes aos povos indígenas, sendo que estudos como este podem auxiliar na explicitação da vulnerabilidade desta população.
REALIZAÇÃO DE EXAMES DE ROTINA NO PRÉ-NATAL DE MULHERES INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO SUL
Pôster
Abreu, G.R.1, Pícoli, R.P.2, Reis, S.R.dos1
1 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS
2 Fundação Oswaldo Cruz de Mato Grosso do Sul- Fiocruz/ MS
Objetivo: Analisar a realização e o registro do resultado de exames laboratoriais preconizados durante a assistência pré-natal em mulheres indígenas no Mato Grosso do Sul. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, de abrangência estadual, com 461 mulheres indígenas que tiveram parto e/ou receberam atendimento pós-parto imediato, em unidades hospitalares e casa de parto normal de Mato Grosso do Sul, entre 2021 e 2022. As informações sobre a realização e o registro do resultado dos exames (testes rápidos anti-sífilis e anti-HIV, VDRL/Sífilis (Venereal Disease Research Laboratory), hemograma, exame de urina (EAS), glicemia de jejum e ultrassonografia obstétrica) foram extraídos da caderneta da gestante mediante autorização da mulher. A pesquisa foi aprovada na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) (parecer n.5393.703). Resultados: Os resultados indicaram que 40,6% das mulheres tiveram registro de solicitação e de resultados de exames de rotina. Dentre estas, a maioria residiam na região Leste do estado (57,5%) ou na capital (56,5%), o que representa quase o dobro do obtido para as que residiam na região Sul (zona rural de mais difícil acesso), que foi de (33%). Conclusões: O alto percentual de mulheres que tiveram solicitação e registro de exames e residiam na região Leste e em área urbana, sugere que residir em locais onde é maior a disponibilização de exames pode contribuir no acesso aos exames de rotina durante a gestação, sendo esta recomendação uma importante ferramenta para realização de um pré-natal adequado, podendo a ausência de seus registros resultar em implicações negativas para assistência pré-natal.