Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia em subgrupos populacionais específicos - 2. Saúde da população negra
ABORDAGEM DA SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA EM CURSOS DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE MINAS GERAIS
Pôster
Oliveira, B. W. C.1, Silva, C. V.1, Ribeiro, Á. D. F.1, Alcântara, S. G.1, Nunes, A. P. N.1
1 UFVJM
Com o objetivo de identificar e compreender o avanço institucional do debate quanto à saúde da população negra (SPN) desde a implantação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), o presente estudo documental analisou quali-quantitativamente os Projetos Político-Pedagógicos (PPPs) de cursos da área da Saúde de universidades públicas de Minas Gerais (MG) a partir da abordagem da SPN.
Com auxílio de software de busca, foram localizadas as palavras-chave "Determinantes Sociais da Saúde", "Iniquidade", "Minoria", “Afro-Brasileira”, “Anemia Falciforme”, “Étnico-Racial”, “Lei 10.639”, “Negro”, “Pardo”, “Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”, “Preto”, “Quilombo”, “Raça”, “Racismo”, “Resolução 1/2004” e “Saúde da População Negra”. Para avaliação quantitativa, os PPPs foram pontuados pela presença dessas palavras-chave. Avaliou-se também se a abordagem transcendia o tema de cotas e se havia disciplinas específicas sobre Saúde da População Negra na grade curricular desses cursos.
Após a análise de 85 PPPs, 5,88% dos cursos foram classificados como “muito ruim”, 30,58% como “ruim” ou “regular”, 55,29% como “bom” e apenas 8,23% sendo “muito bom”. Em relação à abordagem da PNSIPN, apenas dois cursos fizeram referência a essa política. Quanto às matérias específicas sobre a SPN, tem-se apenas sete cursos em todo o estado, cinco destes na Universidade Federal de Uberlândia. A presença de matérias específicas sobre SPN foi associada aos PPPs de atualização nos últimos 7 anos. Dessa forma, verifica-se a não implementação plena da PNSIPN no estado e a persistência de desafios para sua inserção no ensino superior.
ACESSO A ASSISTÊNCIA À SAÚDE DE PESSOAS QUILOMBOLAS DA BAHIA, 2023
Pôster
MENESES, A. C. S. S.1, FREITAS NETO, W. A.2, BORGES, D.3, BARROS, R. A. L.3, SOUZA, T. O. M.4, PEREIRA, J. C.3, PRATES, T. L.3, OLIVEIRA, A. L.3, SOUZA, T. S.5, SANTANA, K. S. S.5, JOVELINO, J. V.6, SANTOS, I.7, SANTOS, S. S.6, SILVA, J. S.8, ROCHA, V. P.5, SILVA, S. A.9, SOUZA, R. S.9, VIANA, P. J. S.3, SANTANA, R. A.3, MENEZES JUNIOR, G. C.3, MISE, Y. F.3, MOTA, C. S.3, MIRANDA, S. S.3, LACERDA, R. S.10, NERY, J. S.3
1 Faculdade de Medicina da Bahia - FMB/UFBA
2 Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
3 Instituto de Saúde Coletiva - ISC/UFBA
4 Instituto Multidisciplinar de Reabilitação e Saúde - IMRS/UFBA
5 Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP
6 Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape
7 Associação Quilombola do Engenho da Cruz
8 Coletivo de jovens empreendedores do Quilombo Engenho da Ponte
9 Quilombo Rio dos Macacos
10 Universidade Federal de Sergipe - UFS
Objetivo: Descrever o acesso à assistência à saúde de pessoas quilombolas de Cachoeira e Simões Filho - Bahia. Métodos: Trata-se de um inquérito epidemiológico, realizado nos quilombos Dendê, Kalembá, Kaonge, Engenho da Praia, Engenho da Ponte, Engenho da Cruz (Cachoeira) e Rio dos Macacos (Simões Filho), entre pessoas que residiam na comunidade há pelo menos 6 meses e com 14 anos de idade ou mais. Destaca-se ainda que neste estudo, a unidade de análise foi o indivíduo. Resultados: Foram entrevistadas 300 pessoas quilombolas, das quais 221(73,7%) buscaram, inicialmente, atendimento nos serviços de saúde abaixo relacionados e foram atendidas 217(98,2%): Unidade Básica de Saúde local 205(68,3%), Pronto Atendimento público 49(16,3%), Unidade Básica de Saúde fora da comunidade 25(8,3%), hospitais particulares 10(3,3%). Entre os entrevistados, o acesso ao serviço de saúde esteve relacionado, principalmente, a: doença ou continuação de tratamento 83(37,6%) e prevenção/puericultura 48(21,7%). Ademais, da totalidade dos entrevistados, a maioria era usuária da assistência farmacêutica 209(69,7%), dos quais, 111(53,11%) adquiriram a medicação pela rede pública e 99(47,4%) pela rede particular. Evidencia-se que dos entrevistados que priorizaram a rede pública para assistência farmacêutica, 21(18,9%) não conseguiram adquirir todas as medicações. Conclusão: O acesso à assistência à saúde para as comunidades quilombolas é dificultada pelas limitações socioterritoriais e racismo estrutural. O estudo evidencia fragilidades do sistema de saúde para essa população, sobretudo, na assistência farmacêutica.
ASSOCIAÇÃO ENTRE RAÇA/COR E PERCEPÇÃO DE SEGURANÇA EM ADOLESCENTES BRASILEIROS.
Pôster
Matos, M. S.1, Souza, A. M.1, Cavalcanti, M. L. T.1
1 UFRJ
Objetivos: Investigar a associação entre raça/cor e percepção de segurança em escolares brasileiros participantes das quatro edições da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE, 2009, 2012, 2015 e 2019).
Métodos: Trata-se de um inquérito de base escolar utilizando dados de estudantes do nono ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas dos 26 municípios das capitais brasileiras e do Distrito Federal. A percepção de segurança foi avaliada pelo número de faltas nos últimos 30 dias devido à falta de segurança no caminho de casa para escola e na própria escola. A proporção de escolares que faltaram pelo menos um dia de aula por falta de segurança foram estimadas para cada ano avaliado e segundo cor da pele.
Resultados: Nos últimos dez anos o percentual de escolares que faltaram às aulas por falta de segurança na escola e no caminho aumentou, passando de 10,2% (IC 95% 9,6- 10,8) em 2009 para 16,9% (IC 95% 15,2-18,6) em 2019. Este aumento foi observado independentemente da cor da pele dos estudantes. A proporção de escolares que faltaram as aulas por falta de segurança foi maior entre estudantes negros (pretos/pardos) do que brancos, sendo 18% superior em 2009 e 6% superior em 2019. Esta diferença foi estatisticamente significante em todos os anos, exceto para o ano de 2019.
Conclusões: A percepção de segurança diminuiu ao longo do período analisado, e foi menor entre estudantes negros quando comparados aos brancos.
DESIGUALDADES RACIAIS (BRANCOS E NEGROS) NA UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM CAMPINAS-
Pôster
Bajano FF1, Andrade C.C.P1, Barros, M.B.D.A1, Lima, M.G1
1 Unicamp
Objetivos: Analisar o uso do serviço de saúde segundo raça/cor (brancos e negros) na cidade de Campinas. Métodos: Este estudo transversal de base populacional analisou dados de pessoas com 20 anos ou mais do 3º Inquérito de Saúde ISACamp 2014/15. As variáveis dependentes foram indicadores de uso do serviço e saúde (consultas médicas, motivo do atendimento, encaminhamento para exames e especialistas a partir da última consulta, qualidade do atendimento, hospitalização e cirurgia no último ano). A variável independente foi a raça/cor dos entrevistados. Foram estimadas as prevalências e as razões de prevalência foram estimadas por meio de regressão múltipla de Poisson (ajustes por sexo e idade). Resultados: A prevalência do motivo de consulta por lesão foi o dobro nos negros em relação aos brancos. A dificuldade para conseguir especialista e realizar exame, solicitados na consulta, foram 26% e 28% maiores nos negros. Os outros indicadores não apresentaram diferenças nas análises ajustadas. Conclusão: Os resultados apresentam equidade, entre brancos e negros adultos de Campinas, na maior parte dos indicadores de uso do serviço de saúde estudados, o que remete ao sucesso do Sistema Único de Saúde no Brasil (SUS), contribuindo para a redução das desigualdades em saúde. No entanto vale ressaltar que a busca de serviço devido à lesão mostra a maior vulnerabilização às causas externas, entre os negros. O estudo também alerta para a demora ou não realizar exames ou consultas com especialistas, ambos solicitados na última consulta, cujas prevalências são desiguais, desprivilegiando os negros.
DESIGUALDADES SOCIAIS E RACIAIS NOS NÍVEIS DE INSEGURANÇA ALIMENTAR NO MUNICÍPIO DO RIO DE
Pôster
Costa, G. O. R1, Freitas, J. M. C1, Lopes, J. A. S1, Câmara, J. H1, Ghiggino, L. T1, Domingos, T. B1, Ferreira, A. A1, Salles-Costa, R.1, Rúbio, L. B. N1
1 UFRJ
Objetivos: Avaliar as desigualdades sociorraciais na insegurança alimentar (IA) no município do Rio de Janeiro (MRJ). Métodos: Estudo transversal com dados secundários do I Inquérito sobre a Insegurança Alimentar no MRJ. Considerou-se as chefias do domicílio de 20-59 anos (n=1.231). Analisou-se a raça/cor (branca, preta e parda); renda per capita em múltiplos de salário mínimo (SM) em até ¼ SM, entre ¼ e ½ SM, entre ½ e 1SM, 1 a 2 SM e ≥2 SM;, cinco áreas de planejamento (AP) do município; e escolaridade (<4, 5-8, ≥9 anos). A IA foi aferida através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Realizaram-se as prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Dados disponibilizados pela organização do Inquérito (GISAN/UFRJ).Resultados: Notaram-se proporções mais elevadas de IA grave nas chefias pretas (24,8%) e pardas (59,5% ), em comparação à branca (15,6% ). Observou-se uma concentração de pessoas pardas nas AP 3 e 4, com 50,5% e 49,6%, respectivamente. Nesse mesmo sentido, a chefia preta (31,1%) e parda (59,0% ) possuía renda per capita até 1/2 SM e menos de 4 anos de estudo (33,0%) e (45,4%), respectivamente. Conclusões: Resultados refletem as desigualdades sociorraciais na IA existentes no MRJ, sobretudo nas chefias pretas e pardas. Apesar dos avanços na discussão da temática, as iniquidades ainda persistem, resultando em piores indicadores para a população negra.
DISPARIDADES RACIAIS NA TENDÊNCIA DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO BRASIL
Pôster
Oliveira, F. A.1, Silva, D. R. M.1, Curado, M. P.1
1 A.C. Camargo Cancer Center
Introdução. A mortalidade brasileira por câncer de laringe, orofaringe e cavidade oral está entre as mais altas da América Latina.
Objetivo. Analisar as taxas e tendências brasileiras de mortalidade por esses tumores, por raça, idade e região geopolítica, de 2002 a 2021.
Metodologia. Os óbitos foram extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Sistema Único de Saúde (DATASUS/SIM), para indivíduos acima de 40 anos de idade, estratificados por faixa etária, sexo, ano, raça e regiões brasileiras, de 2002 a 2021. Foi utilizado o Censo Demográfico Brasileiro 2010 para obtenção dos dados populacionais nas cinco regiões brasileiras. Taxas padronizadas foram calculadas pelo método direto e, as tendências, foram calculadas pelo software Joinpoint Regression Program, versão 5.0.22.
Resultados. No Brasil, no geral, a mortalidade diminuiu em brancos e aumentou em pardos, para ambos os sexos. Homens pretos tiveram aumento da mortalidade por câncer de orofaringe de 1,4% ao ano (IC95% 0,47 a 2,29) e laringe de 1,1% (IC95% 0,37 a 1,83). Mulheres Pretas tiveram aumento de orofaringe de 2,1% (IC95% 0,62 a 3,48). As análises por região e idade revelaram aumento da mortalidade por câncer de orofaringe e laringe em homens brancos e em mulheres brancas acima de 60 anos, nas regiões Norte e Nordeste.
Conclusão. A mortalidade por raça no Brasil é desigual, assim como por região geopolítica. Resultados mais desfavoráveis concentram-se no grupo etário acima de 60 anos.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ÓBITOS POR DCBV EM NEGROS E NÃO NEGROS - SÃO PAULO, 2011-2020 .
Pôster
Camargo-Cruz, P. E. A.1, Souza, M. V. M.1
1 USP
Objetivos: Analisar as taxas de mortalidade por doenças cerebrovasculares (DCbV) entre a população negra e a de não negros no munícipio de São Paulo (MSP), maiores de 50 anos de idade, no período de 2011 a 2020. Correlacionar as taxas com variáveis sociodemográficas e compará-las por meio de análise de estatística espacial. Distribuir espacialmente as taxas de mortalidade por DCbV entre os distritos (96) do MSP por cor, sexo e faixas etárias (50-59, 60-69 e maiores de 70 anos). Métodos: Estudo epidemiológico-ecológico, realizado com dados secundários, tendo como unidade de análise os distritos do MSP. Foram incluídos todos os óbitos causados por DCbV (CID-10: I60 até I69) dos residentes na capital paulista. A taxa de mortalidade por DCbV correspondeu ao número de óbitos ocorridos anualmente, divididos pela população negra (pretos e pardos) e não negra (brancos, amarelos e indígenas) dos distritos, padronizadas pela estrutura etária populacional. Analisamos, para os dois grupos étnicos, a curva de evolução temporal da mortalidade. Resultados: os maiores HotSpots de óbitos por DCbV foram encontrados nas regiões periféricas/mais socialmente vulneráveis (no caso da população negra) e nas regiões centrais (no caso da população não negra). A evolução temporal das taxas, demonstra uma aceleração entre os negros, inversa a encontrada entre os não negros. Conclusões: As diferenças, territoriais e de magnitude, entre as taxas de mortalidade para a população negra e a de não negros podem ser explicadas pela renda média, vulnerabilidade social e falta de assistência à saúde nos espaços onde a população negra vive.
DOENÇA FALCIFORME: DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DE DADOS EPIDEMIOLÓGICOS NA BAHIA DE 2020-2023
Pôster
Santos, TPM.1, Larceda, FLL2, Silveira, MS2, Souza, RB.2, Santos, EC.2
1 UFRJ
2 UFBA
Introdução: Os registros sobre a incidência de doença falciforme (DF), morbidade e mortalidade auxiliam na produção de dados epidemiológicos para construção de ações e políticas de saúde (MOTA; et al, 2022). Conhecer o quadro epidemiológico da DF se faz importante para planejamento e organização da rede de atenção, evidenciada com a ocorrência da Pandemia da Covid-19. Este estudo objetivou descrever os principais desafios na produção dos dados epidemiológicos relacionada mortalidade à DF entre 2020 à 2023 na Bahia. Métodos: Estudo quantitativo usando de dados secundários, fonte dos dados foram SIM e IBGE, extraídos do Tabnet-SESAB e DATASUS. Resultados: Foram descritos óbitos de acordo com sexo, raça e faixa etária por transtornos falciformes na Bahia, de 2020 até 2023. Assim, totalizou 301 óbitos, com ano 2022 apresentando maior número de óbitos (89 casos), os quais 50,56% no sexo masculino e 49,44% entre o sexo feminino. O ano com maior coeficiente de óbitos foi 2022, 0,60, seguido por 2020, com 0,50. Das pessoas pardas e pretas com DF respectivamente [91= (30,23%)] e [175= (58,14%)]. As faixas etárias que apresentaram maiores números de óbito foram 20-29 anos, com [57= (18,94%)], 30-39 anos, [45= (14,95%)] e [40= (13,29%)] acima dos 60 anos. Conclusões: Houve insuficiência de informações sobre a mortalidade DF, que impossibilita a construção do perfil epidemiológico fidedigno a realidade. Das limitações encontradas: notificação da DF, descrição nas DO, disponibilização desses dados - às subnotificações “justificadas” pela COVID-19.
INCIDÊNCIA DE CASOS DE LESÕES AUTOPROVOCADAS INTENCIONALMENTE EM SENHOR DO BONFIM – BAHIA
Pôster
Sá, M. V. G. de1, Fraga, D. N.1, Amaral, C. R. M.1, Lima, E. O.1
1 UFRB
Objetivo: Estimar a taxa de incidência de casos de autolesões intencionalmente provocadas no município de Senhor do Bonfim - Bahia. Método: Estudo de corte transversal, quantitativo, descritivo-analítico, com dados dos anos de 2014 e 2022 coletados na Superintendência de Proteção e Vigilância em Saúde do estado da Bahia. Resultados: Verificou-se que o estado da Bahia tem enfrentado um aumento preocupante na incidência de lesões autoprovocadas intencionalmente, com taxa que dobrou de 0,29% em 2014 para 0,61% em 2022. Foi observado que em 2022 88,52% das pessoas que se autolesionaram no estado da Bahia eram negras, identificando um aumento de 9,21% em relação a 2014 nesse grupo racial. Seguindo essa tendência, no município de Senhor do Bonfim - Ba, a taxa de autolesão aumentou de 0,74% em 2014 para 1,20% em 2022, ano em que todas as pessoas que cometeram autolesão eram negras. Conclusão: Os resultados demostraram crescimento expressivo de autolesão intencional, que sinaliza a necessidade de atenção e intervenção por parte do estado para prevenir tais ocorrências, sobretudo, em Senhor do Bonfim – Ba, cidade que detém a maior população quilombola do Brasil, sendo esta atravessada por iniquidades sociodemográficas. A implementação e fortalecimento de políticas públicas e programas de saúde mental, bem como o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial são ações cruciais para enfrentar este cenário e fornecer o suporte adequado às pessoas em situações de vulnerabilização social.
INSEGURANÇA ALIMENTAR NOS DOMICÍLIOS CHEFIADOS PELA POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL
Pôster
Luiz, G.B.S1, Julio, J.S.S1, Cherol, C.C.S1, Ferreira, A.A1, Salles-Costa, R1
1 UFRJ
Objetivo: Avaliar a insegurança alimentar (IA) em domicílios chefiados por mulheres e homens negros do Brasil.
Métodos: Estudo transversal com microdados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua 2023, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (n=173.676 domicílios). Escala Brasileira de Insegurança Alimentar foi utilizada para classificar as famílias em segurança alimentar (SA), IA leve (IAL), IA moderada (IAM) e IA grave (IAG). Foram criados seis perfis da pessoa de referência das famílias segundo sexo e raça/cor. As prevalências de IA foram calculadas mantendo-se a estratificação por sexo e raça/cor, por tabelas de contingência, considerando nível de significância de 95% (IC95%) no STATA 16.0. Não foi necessária aprovação pelo Comitê de Ética (Resolução CNS nº 510/2016).
Resultados: Os domicílios cujos homens e mulheres brancos (a) eram as pessoas de referência possuíam maior prevalência de SA (84,6% [IC95%: 83.68;85.41] e 77,2% [IC95%: 76.20;78.26], respectivamente). Em todos os níveis de IA, as maiores prevalências se encontravam em domicílios chefiados por mulheres pretas e pardas. Sendo mulheres pretas: IAL: 24,7% (IC95%23,2-26,3); IAM: 8,5% (IC95%7,6-9,5) e IAG: 6,6% (IC95%5,8-7,4). E mulheres pardas: IAL: 23,9% (IC95%23,2-24,7); IAM: 8,1% (IC95%7,6-8,7) e IAG: 6,0% (IC95%5,5-6,4).
Conclusões: Os resultados evidenciam que a sobreposição das desigualdades raciais e de gênero continuam sendo determinantes críticos para a IA no Brasil.
PREVALÊNCIA DE CASOS DE HANSENÍASE EM GESTANTES E SUA RELAÇÃO COM A RAÇA/COR
Pôster
SILVA, R. V.1, COSTA, M. O.1, SANTOS, F. P. A.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivos: analisar a prevalência de casos de hanseníase em gestantes e a sua relação com a raça/cor, no estado da Bahia. Métodos: trata-se de um estudo do tipo ecológico, em que se utilizou como fonte os dados secundários provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados através do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), com a aplicação dos seguintes filtros: mulheres gestantes, diagnosticadas com hanseníase; no período de 2021 a 2023; raça/cor (Ign/Branco, Branco, Preta, Amarela, Parda e Indígena) e faixa etária (10-14, 15-19, 20-29, 30-39, 40-49). Resultados: o total de casos foi de 2.267 (100%). Deste total, 423 (18,65%) casos correspondem às gestantes de raça/cor preta e 1.148 (50,63%) casos da raça/cor parda. Conclusão: a hanseníase mostrou-se prevalente em mulheres pretas e pardas, sendo que nas gestantes diagnosticadas, esta doença se torna um fator de risco na gravidez devido aos seus possíveis agravos à saúde, podendo causar o nascimento prematuro, eclâmpsia e anemia. Além disso, a alta prevalência de casos da doença de acordo com a raça/cor pode ter relação com a falta de acesso adequado à saúde desta população.
PREVALÊNCIA DE ESCORPIONISMO NO QUILOMBO RIO DOS MACACOS
Pôster
SOUZA, T. O. M.1, BARROS, R. A.1, FREITAS NETO, W. A.2, COSTA, D. B.1, PRATES, T.1, MENESES, A. C. S. S.1, ROCHA, V. P.3, SANTANA, R. A.1, SILVA, G.S.4, SANTOS, V.S.4, SOUZA, T.S.3, SANTANA, K. S. O.3, MENEZES JUNIOR, G. E. C.1, MIRANDA, S. S.1, LACERDA, R. S.5, NERY, J. S.1, MISE, Y. F.1
1 UFBA
2 UEFS
3 EBMSP
4 Quilombo Rio dos Macacos
5 UFS
Objetivo: Estimar a carga dos acidentes por escorpião, descrevendo seus aspectos epidemiológicos no Quilombo Rio dos Macacos no ano de 2023. Método: Inquérito epidemiológico com quilombolas residentes por mais de seis meses na comunidade Rio dos Macacos, situada em Simões Filho, Bahia. Foram entrevistados indivíduos com idade mínima de 14 anos, por meio de um questionário individual e outro domiciliar. A análise incluiu estatística descritiva, e foi estimado coeficiente de prevalência, utilizando os softwares Microsoft Excel (versão 2016) e SPSS (versão 26). Resultados: Entre os 45 entrevistados, 10 (22,2%) já sofreram acidentes escorpiônicos, com predominância de mulheres cisgênero (6 casos; 54,5%) e pretos (8 casos; 72,7%). Houve prevalência entre jovens (3 casos; 33,3%) e idosos (3 casos; 42,8%), com ensino fundamental incompleto (6 casos; 63,6%). Em relação à ocupação, 6 (63,6%) trabalhavam com agricultura (extração vegetal) e 4 (36,3%) não realizavam atividades fora do ambiente doméstico. Conclusão: O escorpionismo constitui um problema de saúde relevante para Rio dos Macacos, quilombo periurbano, cuja população enfrenta diversas barreiras estruturais, socioeconômicas, e raciais, que dificultam o acesso aos serviços de saúde. Esse aspecto é crucial, pois o tratamento do escorpionismo exige a aplicação rápida do soro antiescorpiônico/ antiaracnídico em ambiente hospitalar. Como o escorpionismo é um agravo de forte determinação social, o enfrentamento desses acidentes requer abordagem intersetorial, envolvendo melhoria de renda, infraestrutura e saneamento, além de acesso ampliado a serviços de saúde.
VULNERABILIDADE SOCIAL E IMPACTOS DA COVID-19 NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DO RECÔNCAVO
Pôster
Silva, C.S.1, Conceição, E.J.2, Araújo, E.M.3, Mota, C.S.4, Silva, A.M.3, Santos, D.B.2
1 UFRB/UEFS
2 UFRB
3 UEFS
4 UFBA
Objetivo: Analisar as vulnerabilidades sociais e impactos da COVID-19 nas comunidades negras tradicionais do Recôncavo da Bahia. Métodos: Estudo transversal de abordagem quantitativa. Foram incluídos no estudo indivíduos e suas respectivas famílias que residem em terreiros de religião de matrizes africanas do Recôncavo. Os dados sobre COVID-19 foram obtidos à partir dos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia e de questionário aplicado a ser aplicado nas comunidades. Os dados para análise sociodemográfica foram provenientes das bases atualizadas do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal. Resultados: Foram identificados 420 terreiros no Recôncavo, e selecionados 40 para este estudo. Sobre o total de famílias de povos de terreiro registradas no Cadúnico, nos quatro municípios somam-se um total de 315 famílias. Faixa de renda total da família até um salário mínimo: Cachoeira (91,86%); Cruz das Almas (82,14%); Muritiba (80,0%); São Franscisco do Conde (85,37%); sobre a raça/cor da pele maior predominância de pretos e pardos: Cachoeira (90,2%); Cruz das almas (93,3%); Muritiba (100%); São Francisco do Conde (99,0%). Grau de instrução predominaram sem instrução, fundamental incompleto em Cachoeira (27,76%); Cruz das Almas médio completo (26,04%); Muritiba fundamental incompleto (83,3%) e São Francisco do Conde (27,1%).Conclusões: A análise desses e outros indicadores podem contribuir para aferição do grau de vulnerabilidade social e das condições de vida e saúde dos indivíduos e famílias de comunidades de terreiro e os resultados podem apontar para políticas públicas de redução das desigualdades nesses territórios
ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE RAÇA E RACISMO NO BRASIL: IMPLICAÇÕES PARA A EPIDEMIOLOGIA
Pôster
Torquato, M.C.1, Andrade, R.B.S.1, Oliveira, J.C.1, Germani, A.C.G.1, Blumrich, L.2
1 Grupo de pesquisa Race.ID ,Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
2 Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Objetivos: Analisar quantitativamente a produção de conhecimento sobre raça e racismo em Saúde Pública no Brasil indexados internacionalmente, e sinalizar implicações para a Epidemiologia. Métodos: A base de dados Web of Science Core Collection foi utilizada para identificação da literatura brasileira, dentro da categoria Public, Environmental & Occupational Health, usando as expressões “race OR racial” e “racism”. Uma análise bibliométrica foi realizada com os softwares Bibliometrix e VOSviewer. Resultados: Foram encontrados 874 artigos sobre raça e 179 sobre racismo, estando 119 em ambos os grupos. Análises de tendências temporais mostraram um grande aumento de publicações anuais a partir de 2020, mais marcante nos artigos sobre racismo, que aumentaram 9 vezes. A maior parte dos artigos foi publicada nas mesmas revistas, embora os temas de estudo difiram substancialmente entre os dois grupos. Foram identificadas mais colaborações internacionais no primeiro grupo. Existe um predomínio de instituições do Sul-Sudeste, com maior contribuição da Fiocruz em ambos os casos. Entretanto, destaca-se a contribuição total e relativa da UFBA, que apresenta proporcionalmente duas vezes mais publicações sobre racismo, em comparação à raça. Conclusões: Houve um aumento substancial de publicações de 2020 a 2022, expressivamente maior sobre o tema racismo. Entretanto, numericamente as publicações sobre tema ainda são menores quando comparadas àqueles com ‘raça’ como principal objeto. Esses dados revelam a produção da saúde pública concentrada em raça, com um deslocamento recente para a abordagem do racismo. Entende-se que a compreensão e distinção entre os dois conceitos seja importante para o incremento da produção crítica na epidemiologia.
INIQUIDADES DE GÊNERO E RAÇA: REVISÃO SISTEMÁTICA DOS FATORES ASSOCIADOS AO FEMINICÍDIO,
Pôster
Nery, M. G. D1, Gomes, B. M.1, Nery, F. S. N.1, Souza, I.M.2, Araújo, E. M.1
1 UEFS
2 UFRB
Objetivo: revisar, sistematicamente, os fatores associados ao feminicídio no Brasil e no mundo. Metodologia: Revisão sistemática baseada no PRISMA e com protocolo registrado na PROSPERO. Foram considerados artigos originais completos, observacionais e publicados em periódicos indexados; com delineamento epidemiológico; envolvendo mulheres com idade de 10 anos ou mais, vítimas de feminicídio. Bases de dados utilizadas: Biblioteca Virtual em Saúde; Scientific Electronic Library Online; Web of Science; PubMed/Medline; e Scopus. Resultados: Foram incluídos 13 estudos conduzidos, principalmente, no Brasil (61,54%), seguido pelos Estados Unidos (38,47%), publicados entre 2010-2022. Do total, 53,9% (7) identificaram a raça/cor como fator associado ao feminicídio, sendo as mulheres negras e as mulheres mais jovens os grupos com maiores riscos de serem vítimas, quando comparadas com as mulheres brancas e as mais velhas. A lógica da política de gênero, que sublinha como o Estado, em seu viés necropolítico, contribui para a perpetuação do feminicídio; a impunidade e a tolerância da sociedade à violência contra a mulher; a falta de responsabilização dos agressores e a aceitação social e normalização da violência masculina são possíveis explicações para esse fenômeno. Conclusões: o feminicídio está associado, principalmente, às mulheres negras, jovens, com baixo nível socioeconômico e educacional, que sofrem violência física repetida, com uso frequente de arma de fogo. Faz-se necessário identificar e proteger mulheres vítimas de violência, enfrentar o feminicídio em diversos campos: legislativo, sanitário, educacional, econômico, cultural e social; e promover uma cultura antirracista e de equidade de gênero pela seguridade da vida e dos direitos das mulheres.
PREVALÊNCIA DE USO ABUSIVO DE ÁLCOOL POR COR OU RAÇA NO BRASIL: ANÁLISE VIGITEL 2013-2023
Pôster
Sumar, N1, Macedo, M. S. S2, Santos, A. L. S dos3, Silva, I. G. da2, Oliveira, T. N. C. da2, Dantas, L. D.2, Santos, B. L. S. dos2, Waltz, M. B.2
1 ENSP/FIOCRUZ; UNIFASE
2 ENSP/FIOCRUZ
3 ENSP/ FIOCRUZ
Objetivo:
Analisar a prevalência do uso abusivo de álcool em diferentes grupos raciais e étnicos da população brasileira entre 2013 e 2023, utilizando dados do VIGITEL.
Método:
Estudo transversal repetido, realizado com dados do VIGITEL de 2013 a 2023, analisados por meio de modelo de regressão logística, desenvolvido no RStudio, para avaliar o uso abusivo de álcool por raça ou cor, ajustado por sexo, faixa etária e escolaridade. A análise considerou o desenho amostral ponderado e uma família quasibinomial para erros. Foram calculados odds ratios de prevalência (ORP) e intervalos de confiança (IC95%).
Resultados:
Os resultados mostraram que a raça ou cor preta apresentou ORP elevados ao longo dos anos, indicando maior probabilidade de abuso de álcool em comparação com a referência (população branca). Em 2021, a raça ou cor preta teve um ORP de 1.82 (IC95%: 1.35-2.47). A raça ou cor parda mostrou variações ao longo do tempo, com um OR significativamente menor em 2022 (0.62; IC95%: 0.42-0.93). Amarelas e indígenas apresentaram ORP menos consistentes e, na maioria das vezes, não significativos, possivelmente devido ao tamanho amostral reduzido.
Conclusão:
Os resultados indicam que a raça ou cor preta apresentou ORP elevados, especialmente em 2021, sugerindo uma maior probabilidade de abuso de álcool e necessidade de intervenções específicas. Entre os pardos, as ORP foram variáveis, com um valor significativamente menor em 2022. Para amarelas e indígenas as estimativas menos consistentes e frequentemente não significativas sugerem desafios com o pequeno tamanho amostral.
RESERVA OVARIANA FUNCIONAL DE MULHERES COM DOENÇA FALCIFORME
Pôster
Silva, C. S.1, Miranda, E. P.2, Ribeiro, A. P. M.3, Oliveira, A. C. S3, Zambrano, J. C. C.3, Passos, N. M.4, Molina, C.5, Sternberg, C6, BESSA, J.3
1 UEFS/FIOCRUZ
2 UNICRISTHUS
3 UEFS
4 UFBA/FIOCUZ
5 FMUSP
6 FIOCRUZ
Objetivo: avaliar a reserva ovariana funcional em mulheres com Doença Falciforme (DF) a partir de marcadores bioquímicos e ultrassonográficos. Métodos: Foi realizado um estudo transversal no Programa Municipal de Atenção à Pessoa com Doença Falciforme. A coleta de dados foi realizada em três etapas: avaliação clínica, avaliação laboratorial e avaliação ultrassonográfica. O genótipo da hemoglobina de cada participante foi confirmado por eletroforese de hemoglobina. Para análise do hormônio anti Mulleriano, as amostras de soro e plasma foram testadas utilizado o teste Access2 Immunoassay System (Beckman Coulter) e a contagem de folículos antrais foi realizada a partir da ultrassonografia bidimensional. Resultados: Foram avaliadas 59 mulheres com idade média de 34 ±10 anos. A maioria com diagnóstico do genótipo HbSS e β-talassemia (62,7%). A mediana dos níveis séricos de HAM foi de 1,0 ng/mL (0,1 - 1,5 ng/mL). Níveis mais baixos de HAM foram demonstrados entre participantes com hemoglobinopatia HbSS e β-talassemia em comparação com participantes com hemoglobinopatia HbSC e HbCC (0,5 ng/mL (0,1 – 2,2 ng/mL) vs 1,3 ng/mL (0,0 – 3,2 ng/mL)). Valores do AMH foram menores nas mulheres que faziam uso de contraceptivos orais e naquelas em uso de hidroxiureia. Apenas uma participante apresentou parâmetros ultrassonográficos sugestivos de reserva ovariana funcional muito baixa. Conclusão: O estudo demostrou reserva ovariana funcional diminuída em mulheres com DF, pelo menos metade das participantes tem valores do HAM menor do que 1,0 ng/mL. Estes níveis são nitidamente inferiores ao observado em mulheres saudáveis na faixa etária estudada.
“NEM TODAS AS CRIANÇAS VINGAM”: MORBIDADE HOSPITALAR POR PNEUMONIA NO RIO DE JANEIRO.
Pôster
Daflon-Silva, L.1, Silva, E. C. D.2, SILVA, Alexandre Sousa da1, CARVALHO, M. F.3
1 UNIRIO
2 UERJ
3 CBMERJ
Introdução: As vacinas pneumocócica 10-valente (aplicadas em crianças com idade de 2 meses a 4 anos) e a 23-valente (aplicadas a partir de 2 anos) são eficazes na prevenção de infecções bacterianas graves. Sabe-se que a disponibilidade dessas vacinas no PNI não garantem, de maneira igualitária, o acesso aos indivíduos de diferentes raça/cor. Explorar e quantificar essas diferenças têm relevância na elaboração de políticas públicas. Objetivos: Avaliar o cenário epidemiológico de crianças, de 0 a 4 anos, hospitalizadas por pneumonia no município do Rio de Janeiro, com foco na raça/cor. Métodos: Foram considerados dados sobre internações hospitalares de 2008 a 2013, disponíveis no DATASUS, consideradas foram raça/cor (branca, parda, preta, amarela, indígena e ignorado), faixa etária (<1 ano, 1 a 4 anos), ano (de 2008 a 2023) e quantidade de internações. Os dados foram analisados por meio dos softwares RStudio e PyCharm. Resultados: Crianças pardas <12 meses representam >64% das hospitalizações por pneumonia do ano de 2023, com taxa de incidência anual de 30,32/10.000 habitantes, enquanto a mesma taxa no ano para crianças brancas é de 6,05/10.000 habitantes. Conclusão: Sob o capital, existem formas desiguais de viver, adoecer e morrer. A necessidade de capilarização de ações para promoção de saúde, de forma que atenda demandas de populações específicas, é evidente. Este enfoque de cor busca aprofundar as análises epidemiológicas além das questões biológicas e socioeconômicas, destacando fatores que impactam a prática sanitária, como os DSS juntamente de fatores histórico-sociais que contribuem para iniquidades na saúde.
DESFECHOS E DILEMAS GESTACIONAIS DE MULHERES COM DOENÇA FALCIFORME
Pôster
Silva. C. S.1, Miranda, E. P.2, Ribeiro, A. P. M. R3, Oliveira, A. C. O.3, Zambrano, J. C. C.3, Passos, N. M.4, Molina, C5, Bessa, J.3
1 UEFS/FIOCRUZ
2 UNICRISTHUS
3 UEFS
4 UFBA/FIOCRUZ
5 FMUSP
Objetivo: Descrever os desfechos e dilemas gestacionais em mulheres com doença falciforme (DF) acompanhadas em um Programa de Apoio à Pessoa com Doença Falciforme. Método: Foi realizado um estudo transversal com mulheres acompanhadas no Programa de Apoio à Pessoa com Doença Falciforme em Feira de Santana/BA. Foram coletados dados sociodemográficos, hábitos de vida, aspectos clínicos, sexuais e reprodutivos. Foi realizada uma análise descritiva dos dados utilizando o programa GraphPad Prism. Resultados: Avaliamos 59 mulheres com DF com idade média de 34,1± 10,1 anos. A média de idade ao diagnóstico foi de 14,4 ± 11,7 anos, da menarca 14,2 ± 2,04 anos e da sexarca 18,4 ± 3,06 anos. Quarenta e quatro mulheres (74,6%) referiram alguma gestação prévia, e destas 30 (68,2%) não foram planejadas. Aborto foi referido por 16 (37%) das mulheres que gestaram. Na amostra total vinte e quatro (40,7%) desejam ainda ter filhos ainda, das quais apenas 16 (27%) receberam algum aconselhamento genético. Vinte e sete (47%) participantes relataram ter recebido orientações contrarias a gestação por profissionais de saúde. Malformação fetal associado ao uso inapropriado da Hidroxiureia foi reportado por uma paciente. Conclusão: Gestação não planejada, e abortos ainda são achados prevalentes entre mulheres com DF em nossa região. Esses achados, somados à falta de aconselhamento genético sugerem lacunas na atenção e no cuidado de saúde reprodutiva nessa população e possivelmente implicações importantes e problemas futuros na saúde reprodutiva e obstétrica dessa população.
DETECÇÃO DA DOENÇA FALCIFORME EM MULHERES: UMA ANÁLISE DA IDADE AO DIAGNÓSTICO
Pôster
Silva, C. S.1, Miranda, E. P.2, Ribeiro, A. P. M. R.3, Oliveira, A. C. S.3, Zambrano, J. C. C.3, Passos, N. M.4, Molina. C.5, Bessa, J3
1 UEFS/FIOCRUZ
2 UNICRISTHUS
3 UEFS
4 UFBA/FIOCRUZ
5 FMUSP
Objetivo: analisar a idade de diagnóstico da doença falciforme (DF) em mulheres acompanhadas em um programa de referência. Metodologia:
Foi realizado um estudo transversal no Programa Municipal de Atenção à Pessoa com Doença Falciforme. Os dados foram coletados retrospectivamente e incluíram informações sobre a idade ao diagnóstico, a realização do teste do pezinho, e outras variáveis sociodemográficas e clínicas relevantes. O genótipo da hemoglobina de cada participante foi confirmado por eletroforese de hemoglobina. As idades de diagnóstico foram apresentadas como medianas e intervalos interquartis. Resultados: Foram avaliadas 60 mulheres com idade média de 34 ±10 anos, autodeclaradas pretas/pardas (100%). A maioria com diagnóstico do genótipo HbSS e β-talassemia (62,7%) e apresentavam um quadro grave da doença (50,9%). A idade mediana de diagnóstico da DF foi de 15 [1-22] anos, indicando uma variabilidade considerável na idade ao diagnóstico. Apenas 25% dos casos foram diagnosticados no primeiro ano de vida. Isso revela uma lacuna significativa na detecção precoce, com a maioria dos diagnósticos ocorrendo muito além do período neonatal. Conclusão: Apesar da existência do teste do pezinho, que é um método estabelecido para a detecção precoce de doenças genéticas em recém-nascidos, o diagnóstico das mulheres avaliadas foi tardio.