Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia em subgrupos populacionais específicos - 3. Saúde da população LGBTQIA+
POPULAÇÃO TRANS E INSEGURANÇA ALIMENTAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster
Cabral, I. M.1, Luiz, G. B. S1, Silva, M. L. B. M.1, Bagni, U. V.2, Ferreira, A. A.1
1 UFRJ
2 UFF
Objetivos: Investigar e sintetizar as evidências disponíveis sobre a prevalência de Insegurança Alimentar (IA) na população transgênero do mundo. Métodos: Trata-se de revisão sistemática, realizada nas seguintes bases de dados: Pubmed, BVS e Scopus no mês de abril de 2024. Os termos utilizados foram obtidos por meio de descritores em Ciência da Saúde (DeCs/MeSh): “pessoa transgênero” AND “insegurança alimentar”; “identidade de gênero” AND “insegurança alimentar”, incluindo artigos completos em português e inglês, no período dos últimos 10 anos. A seleção dos artigos foi realizada de acordo com as diretrizes do PRISMA. Resultados: A estratégia de busca resultou em 280 estudos, dos quais foram selecionados 9. Destes, seis (66,6%) eram estudos transversais, um (11,1%) era de coorte, um (11,1%) era estudo de métodos mistos e um (11,1%) era estudo de caso. Quanto ao país de origem, 5 (55,5%) foram conduzidos nos Estados Unidos, enquanto os demais foram realizados no Brasil, Canadá, Nigéria e Singapura. Os artigos analisados, com exceção do realizado na Nigéria, revelaram uma associação significativa entre a IA e a identidade de gênero trans. No Brasil, 68,8% das pessoas transexuais vivenciaram IA, destas, 20,2% em sua forma mais grave. Conclusões: Ser transgênero se mostra um fator de risco para a IA, pois expõe o indivíduo a uma maior vulnerabilidade social. Entretanto, há poucos estudos sobre como essa relação se desenvolve, sobretudo no Brasil, sendo necessário aprofundar a compreensão da multidimensionalidade da IA na população trans.
SAÚDE MENTAL DE PESSOAS LÉSBICAS, GAYS E BISSEXUAIS NA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Pôster
Almeida, D.S.1, Junior, A.J.R.1, Abade, E. A. F.1, Almeida, M.M.C.1
1 UFBA
Objetivo: Descrever o perfil de saúde mental de pessoas Lésbicas, Gays e Bissexuais (LGB) no Brasil. Métodos: Estudo transversal, descritivo, a partir de dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde, PNS 2019. A população de estudo foram pessoas acima de 18 anos auto identificadas LGB. Variáveis sociodemográficas e de saúde mental foram descritas percentualmente. Resultados: 1,2% das mulheres e 0,7% dos homens se autodeclararam LGB. Essas tinham a idade de 18 a 30 anos (62,8% das mulheres e 54,0% dos homens), 85,5% das mulheres e 88,6% dos homens eram solteiras (os), além de 54,3% e 60,0% eram negras (os). 32,3% das mulheres e 40,5% dos homens LGB referem escolaridade igual ou maior que a graduação. 54,2% das mulheres e 60,3% dos homens LGB consideram ter boa saúde, embora a prevalência de depressão seja de 17,5% entre mulheres e 12,7% entre homens. Queixas de saúde mental foram impeditivas para o trabalho em 19,7% das mulheres e 15,6% dos homens. Mulheres e homens LGB também referem se sentirem mal consigo mesmas (os) quase todos os dias, 8,0% e 4,5% respectivamente, com ideação de autolesão suicida e não suicida para 4,0% das mulheres e 0,9% dos homens. Conclusão: A população LGB respondente da PNS 2019 é negra, jovem, feminina, com maior escolaridade e boa percepção de saúde. Contudo, as queixas de saúde mental podem expressar as consequências da LGBfobia, especialmente entre as mulheres.
TENDÊNCIA DA NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA INTERPESSOAL CONTRA MULHERES TRANSGÊNERAS NO BRASIL
Pôster
Marinho Neto KRE1, GIRIANELLI VR1
1 Fiocruz
O Brasil ocupa a primeira posição entre os países que mais matam transgêneros, sendo em sua maioria travestis e mulheres transexuais. O campo identidade de gênero foi inserido na ficha de notificação de violência em 2015, possibilitando dar visibilidade a esta população.
Objetivo: Analisar a tendência da notificação de violência interpessoal contra mulheres transgêneras nos municípios brasileiros de 2015 a 2021.
Método: Estudo do tipo painéis repetidos, utilizando dados do sistema de informação, e análise de tendência temporal pelo método Prais-Winsten.
Resultados: Foram elegíveis 11.211 notificações, variando de 20,2% na região Nordeste a 46,9% na Sudeste, com destaque para municípios do estado do Acre (54,5%) e do Rio de Janeiro (60,9%). Os municípios notificantes têm aumentado nos estados do Amazonas (β=0,54; p=0,015) e do Rio de Janeiro (β=0,84; p=0,018) e reduzido no Rio Grande do Norte (β=-0,37; p=0,005), Pernambuco (β=-0,63; p=0,022) e Tocantins (β=-0,41; p=0,037). A violência física foi a mais notificada (88,3%) e com estabilidade no período (β=-0,38; p=0,482). A violência psicológica (36,8%) tem reduzido (β=-0,71; p=0,005) e a violência sexual (7,7%) tem aumentado (β=0,67; p=0,003).
Conclusões: A notificação de violência ainda não reflete a realidade para mulheres transgêneras, mas a violência psicológica, que costuma ser o início do ciclo de agressão e pode culminar em feminicídio, já é a segunda mais notificada, apesar dos retrocessos vivenciados nos últimos anos. O investimento na ampliação das instituições notificadoras, para além da saúde, como prevista, poderá contribuir para minimizar a subnotificação existente e a melhoria da qualidade da informação.
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DA ESCALA T-IPV PARA USO NO BRASIL
Pôster
CUNHA, M.S.1, MORAES, C.L.1, REICHENHEIM, M. E.1, SANTOS, G.S.1, RAFAEL, R. M. R.1, CARVALHO, P.G.C.2, SAGGESE, G.S.R.2, MASCHIÃO, L.F.3, VERAS, M.A.S.M.4
1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
2 Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Saúde da População LGBT+/Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
3 Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Saúde da População LGBT+ (NUDHES)
4 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Objetivos: analisar o processo de adaptação transcultural (ATC) do instrumento de aferição T-IPV para identificação da Violência entre Parceiros Íntimos na população trans e travestis.
Métodos: Baseada no modelo processual de Reichenheim e Bastos (2021), a pesquisa focaliza as quatro primeiras etapas da adaptação: avaliação das equivalências conceitual, de itens, operacional e semântica. Para tal, realizou-se revisão bibliográfica; discussões com população-alvo e especialistas; traduções; retraduções; consolidação de versão nacional; e pré-teste na população alvo. Resultados: As discussões com especialistas e a revisão da literatura sugerem que os conceitos relacionados à VPI do instrumento original T-IPV são pertinentes ao contexto brasileiro, já que o instrumento se baseia em comportamentos que ferem a identidade e expressão de gênero como forma de poder e controle. Na análise da equivalência de itens, optou-se por manter os dez itens da escala original e não os oito propostos pelos autores após sua primeira avaliação psicométrica. Na equivalência operacional, optou-se por ampliar a definição de parceiro íntimo e recomendar que as entrevistas sejam preferencialmente face a face, sem restrição do cenário de coleta de dados, desde que assegurada a privacidade. Manteve-se o recordatório utilizado no instrumento original. Quanto à equivalência semântica, o instrumento já foi enviado a dois tradutores bilingues com experiência no tema. Espera-se que até o final de junho seja finalizada esta fase e que em julho sejam realizados os pré-testes e a elaboração do protótipo. Conclusões: Espera-se que com esses passos seja possível alcançar a adaptação transcultural do instrumento e subsequente utilização no público alvo.
ANÁLISE DO PERFIL DA POPULAÇÃO HOMO E BISSEXUAL NA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Pôster
Ferreira, D. G.1, Iwasaki, J. P. L.1, Vieira, G. H.1, Tenório, A. V. Q.1, Ferreira, J. G. A.1, Kcleber, L. G. M1
1 UNIVAG
Objetivos:
Caracterizar a população homo e bissexual a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 e identificar fatores de risco associados.
Métodos:
Estudo transversal, com participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019. Para este estudo considerou-se a variável orientação sexual, raça, sexo, religião, uso de álcool e violência sexual alguma vez na vida. Foram realizados modelos de regressão logística ajustados para identificar fatores associados à orientação sexual homo e bissexual. A pesquisa foi aprovada pela CONEP e seguiu as normas éticas.
Resultados:
Os participantes homossexuais eram majoritariamente pardos (50,16%) e homens (56,32%). Já os participantes bissexuais eram em sua maioria brancos (50,16%) e homens (52,54%). Comparado a população heterossexual, observou-se uma diferença na prática de atividade religiosa, entre os heterossexuais, a sua maioria possui alguma atividade religiosa (69,3%), entre os bissexuais a maioria não possui (58,1%). Esse resultado é similar em relação ao uso de álcool, entre os heterossexuais a maioria não usa (58.0%), mas entre os homossexuais e bissexuais a maioria usa 1 vez por mês ou mais, 51% e 48%, respetivamente. Na análise multivariada identificou-se que que os homossexuais e bissexuais tem mais chances de serem vítima de violência sexual comparado aos heterossexuais (OR 4,77[IC95%:1,61-14,1] e OR 5,39 [1,40-20,73], respectivamente).
Conclusões:
Os resultados mostram um risco epidemiológico para a população homo e bissexual em serem vítimas de violência sexual, evidenciando a importância de se falar sobre a saúde da população LGBTQIA+.
FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS AO USO DE HORMÔNIO NO PROCESSO TRANSEXUALIZADOR
Pôster
Galhardo, D. R.1, Rosa, B. L.2, Sá, F. A. F.3, Neves, A. L. M.4, Gomes, F. C.1, Silva, H. P.1, Carneiro Nunes, E. F.3, Melo Neto, J. S.1
1 UFPA
2 UFG
3 UEPA
4 UEA
Objetivo: Identificar os fatores sociodemográficos associados ao uso de hormônio no processo transexualizador. Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado com pessoas transgêneros maiores de 18 anos. A coleta foi iniciada em novembro/2022 e aplicada de forma online pela plataforma Google Formulários, utilizando um formulário sociodemográfico elaborado pelos autores. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade de Estado do Pará, n° 4.799.053. Para verificar a normalidade dos dados quantitativos, Shapiro-Wilk test foi realizado. O teste Qui-quadrado (χ²) e o teste U Mann-Whitney (dados não-paramétricos) foram utilizados para verificar diferença estatística. A significância estatística foi estabelecida em p<0,05. Statistical Package for the Social Sciences (versão 25.0) foi utilizado para análise estatística. Resultados: 44 pessoas trans foram entrevistadas, com média de idade de 29,6±9,7 anos. A maioria identifica-se como mulher trans ou travesti (50,0%), heterossexuais (45,5%), pardos (40,9%), declararam estar solteiros (72,7%), com ensino superior (52,3%), autônomo (34,1%) e com renda entre 1 a 2 salários mínimos (34,1%). As variáveis raça/cor [pardo] (p=0,033), escolaridade [ensino superior] (p=0,032), identidade de gênero [travesti/mulher trans] (p=0,003) e sexo designado ao nascer [masculino] (p=0,041) estiveram significativamente associadas ao maior uso de hormonização no processo transexualizador. Conclusão: Raça/cor parda, maiores níveis de escolaridade, mulheres trans e travestis e sexo masculino designado ao nascer estiveram mais associados ao uso da hormonioterapia transexualizadora.
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ENTRE MULHERES TRANS USUÁRIAS DE PREP
Pôster
Bassichetto, K.C.1, Rocha, A.B.M.1, Freitas, L.V.1, Moraes, C.A.1, Veras, M.A.S.M.1
1 Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Saúde da População LGBT+ - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Objetivo – Comparar a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (IST), em mulheres trans e travestis(MTTr), usuárias e não usuárias de Profilaxia de Pré-Exposição(PrEP) ao HIV em cinco capitais brasileiras. Métodos – Utilizamos dados do ‘TransOdara’ - estudo transversal realizado entre 2019-2021 com recrutamento por Respondent Driven Sampling. Analisamos o uso de PrEP e diagnóstico de IST - HPV, Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG), coletados em sítios (anorretal, orofaríngeo e uretral) e de sífilis ativa (VDRL>1/4). As variáveis foram descritas em frequências relativas e absolutas, e apresentadas nos subgrupos ‘uso’ e ‘não uso de PrEP’. Utilizamos teste Exato de Fisher e adotamos valor de p <0,05. Resultados – De um total de 1317 participantes, 995 (75,5%) eram elegíveis para PrEP. Dentre estas, 946 (95,1%) não conheciam/não faziam uso de PrEP e 49 (4,9%) se encontravam em uso. Apresentamos as prevalências estratificadas das IST selecionadas considerando uso/não uso: sífilis ativa (21,8% versus 38,8% - p=0,061), HPV(32,7% versus 45,1% - p=0,105), NG(4,1% versus 13,4%, p=0,770) e CT(12,2% versus 10,8% - p=0,810). Conclusão – Não foram observadas associações entre uso de PrEP e a prevalência das IST, ainda que tenham sido observados valores proporcionalmente menores entre as usuárias, com exceção da prevalência de CT. Vale ressaltar que o uso de PrEP era escasso entre MTTr na época do estudo. Contudo, essa estratégia pode ser considerada um fator importante para ampliar o diagnóstico de IST, uma vez que em acompanhamento de PrEP é esperado facilidade de acesso ao diagnóstico, medidas de prevenção e tratamento de outras IST.
NÍVEL DE ACEITABILIDADE DO RISCO DE FAZER SEXO SEM USAR PRESERVATIVO ENTRE HSH
Pôster
Silva, J. R. P.1, Castro, S. M. J.1, Leal, A. F.1, Knauth, D. R.1, The Brazilian HIV/MSM Surveillance Group1
1 UFRGS
Objetivo: mensurar o traço latente Nível de Aceitabilidade do Risco de fazer sexo sem usar preservativo (NAR) e associá-lo ao uso inconsistente de preservativo (UIP) entre HSH. Método: estudo transversal, com homens adultos, de 12 capitais do Brasil, recrutados por Respondent-Driven Sampling, em 2016. Um questionário com sete itens dicotômicos foi utilizado para mensurar as situações em que os HSH aceitavam fazer sexo sem usar preservativo. O UIP foi aferido por meio da última relação sexual anal. O NAR foi construído utilizando o modelo logístico de dois parâmetros da Teoria de Resposta ao Item. Regressão logística multivariável foi utilizada para associar o NAR ao UIP. Pesos e delineamento foram incorporados em todas as análises. Resultados: entre os 2158 HSH analisados, 16,6% (n=331) apresentaram baixo NAR, 65% moderado NAR (n=1433) e 18,4% alto NAR (n=394). O item que apresentou maior poder de discriminação para mensuração do NAR foi “aceitar fazer sexo sem usar preservativo quando não ocorre ejaculação interna (a=2,20, EP:0,02)”. Já item “aceitar fazer sexo sem usar preservativo com um namorado” apresentou o menor coeficiente de dificuldade (b=-2,01, EP:0,02). Os HSH com NAR em nível moderado (ORa=3,2, IC95% 1,7-6,3, p<0,0001) e alto (ORa=5,7, IC95% 2,9-10,2, p<0,0001) tiveram mais chances de fazer UIP na última relação sexual comparados aos com NAR baixo. Conclusão: Ações de prevenção à infecção pelo HIV entre HSH devem considerar a influência da percepção de risco em seu comportamento sexual, uma vez que este aspecto pode estar relacionado à concepção errônea de segurança e resultar no UIP.
ORIENTAÇÃO SEXUAL E USO DE PRESERVATIVO E RELATO DE DIAGNÓSTICO DE IST EM HOMENS CISGÊNERO
Pôster
Pilecco, F.B.1, da Silva, J.R.P.2, Martins, R.S.3, Prado, M.A.M.1
1 UFMG
2 UFRGS/SES-RS
3 UFRGS/Hospital Moinhos de Vento
Objetivos: Investigar a associação entre orientação sexual e uso de preservativo e relato de diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Métodos: A partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, foram analisados 30.512 em homens de 18 a 59 anos. Modelos de regressão de Poisson com variância robusta brutos e ajustados foram utilizados para investigar a associação entre orientação sexual e uso de preservativo nos últimos 12 meses e na última relação e o relato de diagnóstico de IST. Resultados: Embora nas análises brutas homens homo e bissexuais fizessem mais uso de camisinha nos últimos 12 meses e na última relação sexual, após ajuste para a variável morar com companheiro/a, essas associações perderam significância estatística. O relato de diagnóstico de IST, no entanto, manteve-se mais prevalente em homo e bissexuais, mesmo após ajustes (aRP 4,69; IC95% 2,76-7,99). Conclusões: As políticas públicas de prevenção de IST/HIV/Aids devem passar de uma lógica de práticas de risco para a análise de um contexto mais amplo, que inclua os diferentes tipos de relacionamento, suas temporalidades e negociações.
ÓBITOS POR VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UM ESTUDO DE ACURÁCIA
Pôster
Gil, A.C1, SILVA, K. P.1, RAFAEL, R. M. R1, DEPRET, D.G.1
1 UERJ
OBJETIVO: ANALISAR O EFEITO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE GÊNERO NAS BASES DE DADOS DE MORTALIDADE E VIOLÊNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. MÉTODO: ESTUDO OBSERVACIONAL, DO TIPO COORTE NÃO CONCORRENTE COM SEGUIMENTO PASSIVO, FOI APLICADA A TÉCNICA DE RELACIONAMENTO PROBABILÍSTICO DE DADOS (LINKAGE) NAS BASES DE DADOS DO SINAN E SIM NO PERÍODO 2015-2020. RESULTADOS: A ACURÁCIA VARIOU DE 98,46% PARA SENSIBILIDADE E 90.04% PARA ESPECIFICIDADE, O PONTO DE CORTE (17,9) FOI OBTIDO A PARTIR DA ELEIÇÃO DA MELHOR ESTRATÉGIA COM CAPACIDADE DE DISCRIMINAR OS PARES VERDADEIROS E FALSOS (CURVA ROC 0.979 (IC95%: 0,976-0,983)). O TOTAL DE PARES VERDADEIROS ENCONTRADO FOI DE 1.556 ÓBITOS, RESULTANTES DO LINKAGE PROBABILÍSTICO DE 80.178 REGISTROS DO SINAN E 737.493 DO SIM. VISANDO A MELHOR COMPREENSÃO DOS RISCOS ESTIMADOS, OS COEFICIENTES TESTADOS FORAM APRESENTADOS EM HARZARD RATIO (HR), HOMENS CISGÊNERO E HETEROSSEXUAIS APRESENTAM RISCO AUMENTADO DE MORTES POR CAUSAS VIOLENTAS (HR 10.13; IC 95%: 7,04-14,59). O RISCO DE MORTE POR CAUSAS VIOLENTAS EM TRAVESTIS E MULHERES TRANS FOI 4,07 MAIOR QUANDO COMPARADO AO GRUPO DE MULHERES CISGÊNERAS HETEROSSEXUAIS. CONCLUSÕES: OBSERVOU-SE QUE A COMPREENSÃO TÉCNICA DA EXCELÊNCIA DOS REGISTROS DE DADOS APRESENTA-SE COMO UM DESAFIO PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE.. A TECNICA DO LINKAGE É ÚTIL NA PESQUISA DIÁRIA E MONITORAMENTO DOS SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MOSTRA-SE ESTRATÉGICA NO MONITORAMENTO DA MORTALIDADE APOIANDO NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO LGBTQIA+.
PREVALÊNCIA DE AIDS EM HOMOSSEXUAIS E A SUA RELAÇÃO COM A RAÇA/COR, NO ESTADO DA BAHIA
Pôster
COSTA, M. O.1, NERY, A. A.1, OLIVEIRA, J. S.1, SILVA, A. T. P. S.1, ALMEIDA, P. S.1, SANTANA, K. D.1, SANTANA, F. G. R.1, FILADELFO, S. R.1
1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Objetivos: analisar a prevalência de AIDS em homossexuais e a sua relação com a raça/cor, no estado da Bahia. Métodos: estudo do tipo ecológico, realizado a partir de dados sobre os casos de AIDS notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), e registrados no Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL)/Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), através do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foi realizada a busca pelos casos de AIDS identificados no estado da Bahia, e a notificação dos anos de 2022 e 2023, utilizando as variáveis sociodemográficas faixa etária (13-19, 20-24, 25-29, 30-34, 35-39, 40-49, 50-59, 60 e mais) e raça/cor (branca, preta, amarela, parda, indígena e ignorado), sendo que todos os indivíduos se identificaram como homossexuais, independente do sexo. Resultados: o total de casos identificados foi 288 (100%). Observa-se uma prevalência de 63 casos (21,87%) de AIDS em homossexuais na faixa etária de 25-29 anos, sendo que 22 são de raça/cor preta (7,63%) e 25 pardos (8,68%). É importante destacar também 24 casos (8,33%) de portadores de AIDS na faixa etária de 30-34 anos, da raça/cor parda. Conclusão: a prevalência de AIDS em homossexuais pretos e pardos reflete à desigualdade racial, um fenômeno social, encontrado no estado da Bahia e no Brasil, levando em consideração que estes indivíduos estão mais expostos ao risco de infecção por HIV/AIDS devido a múltiplos fatores, dentre outros, a dificuldade no acesso à saúde.