Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia em subgrupos populacionais específicos - 5. Saúde da população de rua
PESSOAS VIVENDO EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL
Pôster
COSTA, D.O.F1, CASTRO, N.S1, GONÇALVES, L.M.S1, GIL, A.C1, RAFAEL, R.M.R1
1 UERJ
O alto índice de pessoas em situação de rua no Brasil é fruto do agravamento de questões sociais. Vários fatores corroboram para a ocorrência desse fenômeno¹. Objetivos: O estudo buscou correlacionar a luz da Interseccionalidade, a raça e gênero das pessoas vivendo em situação de rua no município do Rio de Janeiro. Métodos: Estudo transversal, a partir do Censo com pessoas em situação de rua de 2022, com um total de 7.865, realizado pelo grupo de trabalho composto pelas secretarias de Assistência social, saúde e o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos do município do Rio de Janeiro e análise através do software Stata SE 15. Resultados: Ao proceder com as análises univariadas, foi possível realizar a caracterização da população estudada, é composta majoritariamente pelo sexo masculino- 82,39%, da faixa etária dos 19 a 59 anos - 48,97% Homens cis - 84,14%, pretos e pardos - 86,35%. Escolaridade - 51,11%, não frequentaram a escola. Teste de Fisher, usando as variáveis cor/raça e gênero, apresentou o valor de 0,190 de significância. Conclusões: A interseccionalidade, possui uma utilidade analítica e política na abordagem de importantes questões sociais. As relações de poder, que envolvem raça, classe e gênero afetam todo o convívio social e criam populações marginalizadas². Neste contexto, observamos que a população (homens) preta é a maioria pelas ruas do município do Rio de Janeiro. Vulnerabilizados desde a reforma urbana do município que gerou o processo de favelização, produto da falta de emprego e renda.
A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA ANTE OS CASOS DE TUBERCULOSE EM RIO DE JANEIRO E PETRÓPOLIS
Pôster
França, E.1, Pereira, L.1, Gondim, M.1, Miranda, L.1, Miranda, Y.1, Boccolini, P.1
1 FMP/UNIFASE
Objetivos: Analisar a prevalência da população em situação de rua (PSR) entre os casos notificados de tuberculose, nos municípios do Rio de Janeiro e de Petrópolis, no período de 2018 a 2023. Métodos: Estudo epidemiológico descritivo, realizado, a partir de dados adquiridos do SINAN, com o intuito de formular um indicador, que, através da divisão dos casos de tuberculose na PSR, pelo total de casos notificados, multiplicado pela constante 1000, examine a PSR perante os casos de tuberculose. O total de casos inclui os que se declararam como PSR, os que não pertencem ao grupo e os que não se declararam. Resultados: Os dados ilustram que a prevalência da PSR entre os casos notificados de tuberculose é maior no Rio de Janeiro, quando comparada a Petrópolis. No Rio de Janeiro, o indicador aumentou gradualmente no período. Já em Petrópolis, houve oscilações: uma redução em 2019, um leve aumento em 2020, uma redução significativa em 2021 e nenhum caso notificado em 2022. Em 2023, ambos os municípios registraram um aumento expressivo do indicador, que atingiu o seu maior valor. Conclusão: O estudo revelou que a imprecisão dos dados e a ineficácia das políticas públicas podem perpetuar a invisibilidade e a violação de direitos sofridas pela PSR. Os Centros POPs existentes e as políticas de saúde não suprem as demandas dessa população. Recomenda-se a implementação de estratégias aprimoradas de atenção à saúde e de coleta de dados, pelos órgãos públicos, para reduzir a prevalência da PSR entre os casos de tuberculose.
CONSULTÓRIO NA RUA: ANÁLISE DO SERVIÇO NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA
Pôster
NOGUEIRA, L.M.N1, SALES, E.A1, SOARES, D.G1, BEZERRA. M.L1, LUCAS. L.F1, ZARANZA, L.P1, PIRES, R.P1, Nobre, C.S.1
1 Instituto Cisne de Ensino e Pesquisa em Saúde/ICEPES
Objetivo: Descrever o perfil do serviço de Consultório na Rua (CR) no Município de Fortaleza- Ceará. Método: O serviço foi implantado em maio de 2023 por uma Organização Social de Saúde, com o objetivo de ampliar o acesso dos usuários em situação de rua à rede de atenção e ofertar de maneira oportuna a atenção integral à saúde. Ao total são 6 equipes de CR compostas por Médico, Enfermeiro; Psicólogo; Assistente Social; Agente Social e dois (2) Técnicos de Enfermagem com o desenvolvimento de ações de forma itinerante. As equipes seguem a formatação de acordo com as necessidades dos territórios, portanto, duas equipes no período matutino e quatro no vespertino. Cada equipe possui dois veículos, um para o transporte dos profissionais e outro para realização de atendimentos. Os cronogramas de rotas semanais são elaborados e reconstruídos à medida que a dinâmica dos territórios e das pessoas nele existentes. Resultados: No período de um ano pós a implantação do serviço, 7.675 usuários em situação de rua já foram atendidos, gerando cerca de 71.447 consultas e 83.903 procedimentos, tais como curativos, Vacinas, Testes Rápidos e coleta de exames laboratoriais. Destaca-se que 81,78% dos pacientes estão compreendidos na faixa etária de 20 a 59 anos e 11,82% estão compreendidos na faixa etária de 60 anos ou mais. Conclusão: Os desafios são constantes nas práticas profissionais, além de apreender territórios com pessoas em situações bastantes precárias, as crises por uso de substâncias psicoativas são ocorrências frequentes e que apresentam limitações nos atendimentos.
COORTE: FATORES ASSOCIADOS AO INSUCESSO DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO DE RUA
Pôster
Rodrigues, O1, Mogaji, H1, Alves,L1, Flores-Ortiz, R2, Cremonese, C1, Nery, J1
1 ISC-UFBA
2 CIDACS
Objetivo: avaliar os fatores associados ao insucesso do tratamento da tuberculose (TB) na população em situação de rua (PSR) em comparação com aqueles abrigados. Métodos:
Coorte retrospectiva com 284.874 pessoas diagnosticadas com TB no Brasil entre 2015 e 2020, registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), das quais 7.749 (2,72%) eram PSR e 277.125 (97,28%) não eram. A de regressão de Cox foi realizada com ambas as populações para identificar fatores associados ao insucesso do tratamento da TB e preditores dos resultados ao longo do tratamento da TB. Resultados: a PSR possui maior risco ao insucesso do tratamento em comparação aos não-rua (RR: 2,04, IC 95% 1,82–2,28). Entre a PSR, o uso de drogas ilícitas (DI) (RR: 1,38, IC 95% 1,09–1,74), transtornos mentais (TM) (RR: 2,12, IC 95% 1,08–4,15) e não receber tratamento diretamente observado (TDO) (RR: 18,37, IC 95% 12,23–27,58) foram significativamente observados como preditores para não concluir o tratamento. Entre as causas para não concluir, o uso de DI (RR: 1,53, IC 95% 1,21–1,93) e a falta de TDO (RR: 17,97, IC 95% 11,71–27,59) estão associados à perda de seguimento, enquanto a falta de TDO (RR: 15,66, IC 95% 4,79–51,15) foi associada à mortalidade na PSR. Conclusão: Os achados apontam que investimento em ações intersetoriais à saúde da PSR, associado a melhores condições de labor aos trabalhadores que atuam com o segmento são fundamentais para mitigar os danos destes determinantes sociais.
DETERMINANTES DO TEMPO EM SITUAÇÃO DE RUA EM BELO HORIZONTE/MG DURANTE A PANDEMIA
Pôster
Silva, G. D. M.1, Souza, A. A.2, Dantas, A. C. M. T.1, Fernandes, L. M. M. F1, Martins, A. L. J1, Marinho, R. A.1, Rodrigues, D. M.1, Paes-Sousa, R.1
1 Instituto René Rachou (Fiocruz Minas)
2 Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição
Objetivos: Analisar os fatores associados à entrada recente em situação de rua durante a pandemia de Covid-19 em Belo Horizonte-MG. Métodos: Estudo transversal com dados de pessoas em situação de rua com informações atualizadas a até 18 meses no Cadastro Único de setembro de 2021. Os fatores associados ao tempo de rua de até um ano foram identificados via Regressão Logística. A análise simples (significância de 20%) precedeu a estimação da Razão das Chances (RC) com modelo múltiplo. Variáveis contínuas foram testadas na forma logarítmica e o Fator de Inflação da Variância avaliou a multicolinearidade do modelo final. Resultados: Das 3.171 pessoas com dados atualizados, 35,3% (n=1.118) estavam em situação de rua há no máximo um ano. Houve maior chance de tempo de rua de até um ano entre pessoas brancas (RC=1,43; IC95%= 1,16-1,75), mulheres (RC= 1,28; IC95%= 1,01-1,62), com renda per capita de R$89,01 a 1/2 salário-mínimo (RC= 1,48; IC95%= 0,92-2,39), sem bolsa família (RC= 0,54; IC95%= 0,45-0,64), e fora da região Centro-Sul (RC= 1,36; IC95%= 1,16-1,58). A chance aumentou com a redução do logaritmo da idade (RC= 0,25; IC95%= 0,19-0,33). Conclusões: Durante a pandemia, o Brasil foi duramente atingido por impactos socioeconômicos como o aumento do desemprego e o declínio de renda da população ocupada. Os resultados sugerem que o Auxílio Emergencial não foi suficiente para impedir que uma parcela da população entrasse em situação de rua, com aumento na vulnerabilidade de grupos específicos, como mulheres e jovens.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL
Pôster
Santos, L. F.1, Sestrem, B. A.1, Silva, A. A.1, Sousa, K. K. S.1, Paiva, M. C. S.1, Silva, T. W. M.1, Gontijo, T. G.1
1 Centro Universitário Newton Paiva
Objetivo: Identificar as características epidemiológicas da população em situação de rua. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura integrativa, que proporcionou o agrupamento e a sistematização de artigos já divulgados. Como critério de inclusão, os artigos deveriam abordar a temática de perfil epidemiológico da população em situação de rua, publicados há no máximo 10 anos, disponíveis para acesso em formato eletrônico e nos idiomas português, inglês ou espanhol. Após levantamento das bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e National Library of Medicine and National Institutes of Health (PUBMED), foram identificados 207 artigos, sendo selecionados 17 após análise de resumo e título. Resultados: Ao explorar uma gama de artigos acerca da temática foi possível identificar que as características epidemiológicas das pessoas em situação de rua são descritas pela prevalência da tuberculose; uso de substâncias psicoativas e transtornos mentais; infecções sexualmente transmissíveis e doenças crônicas não transmissíveis. Conclusão: As características epidemiológicas deste grupo social são determinadas por peculiaridades do seu modo de vida, assim como pela desigualdade e exclusão social. Logo, tendo em vista esse panorama, é possível constatar a necessidade de ampliação da atuação dos serviços de saúde para essa parcela da população.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE USUÁRIOS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE TRATAMENTO PARA USO DE DROGAS
Pôster
Telles-Dias, P.R.1, Bianco, V.G.2, Grumarães, A.S.3
1 NEPAD/UERJ e ISC/MEB/UFF
2 NEPAD/UERJ e CAPS-III Torquato Neto
3 NEPAD/UERJ
Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico de usuários que buscaram atendimento num Centro de Referência de tratamento para uso de droga, no Rio de Janeiro-RJ.
Métodos. Pesquisa quantitativa epidemiológica em registros institucionais, no ano 2023.
Resultados: Foram realizados 1.848 atendimentos, destes, 299 para novos usuários. Média etária 42,5 anos. 11,1% sexo feminino(F). Transgêneros (1M/1F). Cor: 47,1% parda; 32,8% preta; 20,1% branca. Estado Civil: 72,6% solteiros; 10,5% casados; 14,2% separados; 2,6% viúvos. Renda mensal: 69,8% até 2 salários mínimos, 57,0% recebiam bolsa família. Escolaridade: 58,7% até primeiro grau. Do total, 46,0% já recebeu tratamento prévio e 16,5% referiu passagem prévia por comunidades terapêuticas. 65,3% eram pessoas em situação de rua ou abrigadas (PESRA). As substâncias mais consumidas foram cocaína (85,6%), álcool (74,9%), maconha (48,1%) e crack (28,3%). Apesar de pouco frequente, há cada vez mais relatos do uso de “club drugs” (GHB, Crystal, MDMA) e consumo de novas drogas (K9, Black Lança). Problemas de vida relacionados ao uso, foram citados por usuários de: cocaína (56,9%), álcool (30,3%), crack (15,9%) e maconha (10,6%). Tanto o uso de crack, como problemas relacionados ao seu uso, foram mais frequentes entre PESRA, respectivamente: (OR=4,46 95%CI[2,16-12,5]); (OR=2.98 95%CI[1,17-9,2]). Não encontrou-se outras associações estatisticamente significativas (p<0.05).
Conclusões: A análise do perfil dos usuários permite adequar o serviço de forma a viabilizar um melhor atendimento aos usuários. Contribuindo para um maior conhecimento de informações sobre o uso de drogas, tão escasso em nosso meio. Ressalta-se a ocorrência de aspectos específicos que diferenciam o consumo de drogas entre PESRA
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO ESTADO DO PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL
Pôster
Silva, L.A.1, Bruna, C.S1, Lídia, D.G.1
1 UFPA
Objetivo: Analisar o perfil sociodemográfico das Pessoas em Situação de Rua (PSR) atendidas pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Estado do Pará, de 2014 a 2023. Metodologia: Estudo descritivo e transversal das PSR atendidas pelo CAPS, no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde de 2014 a 2023. Os dados foram depurados e tabulados com o software TabWin 415, realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais com aplicação de cálculos percentuais e teste qui-quadrado de proporções esperadas iguais, considerando estatisticamente significativo p-valor <0,05. Resultados: Dos 14.043 atendimentos realizados, a maioria das PSR atendidas foram mulheres (51,16%), adultas jovens (39,53%), pardas (88,61%), sem informações sobre uso de drogas (95,20%), recebendo atendimento individual (61,57%), provenientes da atenção básica (50,49%), assistidas no CAPS (99,18%). Conclusões: Embora a Política Nacional da População de Rua (PNPSR) aponte os homens como maioria, no Pará há predomínio de mulheres, entre 18 e 40 anos, autodeclaradas pardas. Existe estigma do uso de drogas às PSR, porém a ausência de informação nesta pesquisa, sugere que a demanda em saúde mental ultrapassa a dependência química. Ademais, a concentração de atendimentos individuais no CAPS desafia priorizar a coletividade extra-muro conforme orientação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), ampliando acesso e fortalecendo o vínculo, com a origem dos atendimentos na atenção básica parte integrante da RAPS. Assim, urge visibilidade às políticas públicas em saúde mental, com foco na equidade de gênero, idade e raça, além de investimentos na ampliação de espaços de cuidado e qualificação profissional.
PREVALÊNCIA DE TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL DE 2018 A 2023
Pôster
Miranda, L.1, Miranda, Y.1, França, E.1, Gondim, M.1, Pereira, L.1, Sumar, N.1, Boccolini, P.1
1 FMP
Objetivo:
Analisar a prevalência de tuberculose na população em situação (PSR) de rua por estado no Brasil durante o período de 2018 a 2023.
Método:
Realizou-se uma avaliação epidemiológica descritiva, desenvolvendo um indicador da prevalência de tuberculose na PSR por estado no Brasil no período determinado. Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Esse índice percentual foi obtido pela divisão do número de casos de tuberculose na PSR pelo total de casos nos respectivos estados e período.
Resultados
Foi elaborada uma tabela e um gráfico representando os casos de tuberculose na PSR, casos totais e a prevalência desses casos entre 2018 e 2023 para cada estado e o Brasil. Os dados mostram que o Distrito Federal teve a maior prevalência de tuberculose na PSR, enquanto o Pará a menor. Nas regiões Sul e Sudeste, exceto o Distrito Federal, a prevalência foi alta. O Rio de Janeiro registrou o índice mais baixo (4,2%) da região Sudeste, e os demais estados apresentaram valores acima de 5%, possivelmente devido às disparidades em políticas públicas e práticas de notificação.
Conclusão
Portanto, é essencial aprimorar dados sobre PSR em sistemas informacionais para orientar políticas públicas e ampliar a visibilidade do grupo. Ademais, a realização de um censo específico para PSR e a sensibilização das equipes de saúde para o diagnóstico e preenchimento correto dos formulários são cruciais para qualificar as informações e desenvolver políticas eficazes, visando uma rede de atenção integral à saúde da PSR.
TUBERCULOSE EM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA (PSR)
Pôster
Macedo, L. P.1, Oliveira, J. S.1, Barbosa, A. P. F.1
1 Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos casos de tuberculose (TB) em pessoas em situação de rua (PSR) no município do Rio de Janeiro (MRJ) entre 2020 e 2022.
Métodos: Estudo ecológico descritivo, baseado nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Censo População em Situação de Rua 2022.
Resultados: Entre 2020 e 2022, foram registrados 306 novos casos de TB em PSR, com um aumento de 31,7% de 2021 para 2022 e uma proporção de confirmação laboratorial 14,9 vezes maior do que na população geral. A maioria dos casos ocorreu em negros (79,7%), com prevalências significativas de comorbidades como uso de drogas ilícitas (64,8%), tabagismo (51,6%) e alcoolismo (39,4%). A coinfecção TB-HIV foi 2,4 vezes mais frequente em PSR. Observou-se uma tendência de declínio nos casos curados e um aumento na interrupção do tratamento ao longo da série histórica.
Conclusões: A população PSR no MRJ apresenta um perfil de alto risco para TB, enfrentando desafios significativos para o controle da doença, como altas taxas de interrupção de tratamento e baixas taxas de cura. São necessárias intervenções específicas e integradas para melhorar a qualificação das informações e o acompanhamento oportuno dos casos, visando reduzir a morbidade e mortalidade por TB nessa população vulnerável.
TUBERCULOSE EM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO AMAZONAS, 2019 A 2023
Pôster
Carneiro, K. J. S. A.1, Chaves, L. C.2, Queiroz, L. A. F.3, Santos, E. A.4
1 Centro Universitário Metropolitano de Manaus
2 Universidade Estadual do Amazonas
3 Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
4 Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas
Objetivos: descrever o perfil epidemiológico em pessoas em situação de rua com tuberculose no Amazonas, de 2019 a 2023. Métodos: estudo epidemiológico descritivo que abrange pessoas em situação de rua (PSR) que residem no estado do Amazonas, no período de 2019 a 2023. A fonte de dados utilizada foi o Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram utilizadas as variáveis: população em situação de rua, tipo de entrada como caso novo, data do diagnóstico, raça/cor, faixa etária, sexo, forma clínica, se coinfecção com HIV, uso de drogas e situação de encerramento como abandono. Resultados: Foram encontrados 345 casos novos de tuberculose em PSR, apresentando um aumento de 143% dos casos, indo de 46 para 112 de 2019 para 2023, respectivamente. Indivíduos da raça/cor parda foram mais frequentes com 316 casos (91,5%), a faixa etária mais acometida foi de 20 a 39 anos com 181 (52,4%) e no sexo masculino com 268 casos (77,6%). A principal forma clínica foi a pulmonar com 314 (91%), as que fazem uso de drogas ilícitas foram de 214 pessoas (62%), coinfecção com HIV foram de 76 casos (22,0%) e 126 indivíduos (36%) abandonaram o tratamento. Conclusões: O uso de drogas ilícitas e o abandono do tratamento de tuberculose entre PSR no Amazonas revela a vulnerabilidade dessa população. Esse fenômeno evidencia a necessidade de políticas públicas que abordem os fatores sociais e econômicos que impedem a adesão, promovendo um suporte integral e contínuo.
VIOLÊNCIAS PRESENCIADAS POR PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Pôster
da Silva, M. P.1, Mariotto, C. B.1, Retondario, A.1
1 UFPR
Desde a década de 2010, vem sendo percebido, nos centros urbanos, o aumento do número de pessoas em situação de rua, grupo que depende do fluxo das cidades para obter alimentos e dinheiro. O objetivo deste resumo é apresentar resultados de investigação sobre o tipo de violências presenciadas pela população em situação de rua (PSR) durante o período da Pandemia de Covid-19. Estudo observacional e transversal, parte do Projeto Termômetro Social Covid-19 - Brasil, centro colaborador Curitiba-PR. Os dados foram coletados entre abril e setembro/2022, com aplicação de um questionário à PSR em Curitiba-PR, via aplicativo REDCap®. Participaram da pesquisa, 114 pessoas em situação de rua há pelo menos 6 meses e que frequentavam instituições de acolhida à PSR - sendo a maioria homens (87,7%; n=100) e pessoas adultas (56,1%; n=64). As violações mais presenciadas pela PSR foram tráfico de drogas (57,0%; n=65), violência policial (53,5%; n=61), famílias sem moradia (52,6%; n=60), racismo (41,2%; n=47) e famílias em situação de fome ou falta de alimentos (39,5%; n=45). Grande parte dos participantes (77,9%; n=88) afirmaram não ter rede de apoio para obter medicamentos ou alimentação, mas em caso de adoecimento pelo coronavírus pediriam auxílio para voluntários ou instituições de apoio à PSR. A pesquisa identificou as principais violações presenciadas pela PSR, sendo importante ressaltar que todas as formas de violação de direitos contribuem para a piora da situação de vulnerabilidade e saúde destas pessoas.