Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia em subgrupos populacionais específicos - 6. Saúde da população de migrantes e refugiados
ASSOCIAÇÃO ENTRE DISCRIMINAÇÃO E COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO NO LAZER EM IMIGRANTES NA SUÉCIA
Pôster
Figueiredo, J.A.1, Straatmann, V.S.2, Berg, L.2, Lopes, C.S.1, Rostila, M.2
1 UERJ
2 Stockholm University
Objetivo: Este estudo visa estimar a associação entre discriminação percebida e comportamento sedentário no lazer em imigrantes suecos.
Métodos: Dados transversais da pesquisa "Health on Equal Terms" (het) (2011/2015) em västra götaland, suécia, foram analisados, considerando perguntas sobre discriminação percebida com base na cor da pele, etnia e/ou religião como exposição e atividade física no lazer como desfecho (tendo como referência o grupo ativo no lazer). Foram incluídos indivíduos maiores de 18 anos. Regressões logísticas (brutas e ajustadas por sexo, idade e nível educacional) foram conduzidas separadamente para imigrantes europeus (n=5615) e não europeus (n=2356).
12% dos imigrantes não europeus e 4% dos imigrantes europeus sofreram discriminação étnica. Foi observada associação significativa entre discriminação e comportamento sedentário entre imigrantes (OR: 1,2; ci: 1,0-1,5). No entanto, uma análise estratificada mostrou que apenas foi encontrada uma associação entre os imigrantes europeus (OR: 1,5; ci: 1,1-2,1), enquanto a discriminação étnica não aumentou significativamente o risco de comportamento sedentário em imigrantes não europeus.
Conclusão: Imigrantes que percebem discriminação por etnia, cor da pele e/ou religião apresentam maior chance de desenvolver comportamento sedentário no lazer. Imigrantes de origem europeia parecem ser mais vulneráveis ao impacto negativo da discriminação em seu tempo de lazer do que os não europeus.
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE MIGRANTES VENEZUELANOS NO BRASIL
Pôster
FARIAS, I.F.1, TRAJMAN, A.2, NADANOVSKY, P.3, RIBEIRO, M.1, FAERSTEIN, E.1
1 IMS/UERJ
2 UFRJ, McGill University
3 IMS/UERJ, ENSP/FIOCRUZ
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida (QV) de migrantes venezuelanos no Brasil. Métodos: Estudo transversal com coleta de dados primários por meio de instrumento desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-Bref), autoadministrado online de 20/10/2020 a 10/05/2021. Foram elegíveis venezuelanos maiores de 18 anos, recrutados via curso de português (Cáritas/RJ e UERJ); contatos com as Cátedras Sérgio Vieira de Mello; e divulgação em mídias sociais. Foram calculadas, na escala 0-100, as pontuações médias e os desvios padrão (DP) para o item QV geral e os quatro domínios da QV. Quanto maiores tais pontuações, melhor a QV. As associações da QV e seus domínios com as características dos participantes foram analisadas através de modelos de regressão linear múltipla. Resultados: Dentre os 312 incluídos, 66% eram mulheres, idade média de 36 anos, 38% com autorização de residência por prazo determinado, 38% moravam na região Norte do Brasil. A pontuação média da QV foi de 45 (DP:22). O domínio físico apresentou a maior pontuação, 66 (DP:18), e o domínio meio ambiente a menor, 51 (DP:15). O baixo rendimento familiar e o fato de ter sido vítima de discriminação diminuiram a pontuação da QV geral (redução de até 24 e 7 pontos, respetivamente). Conclusões: Uma pior QV (geral e em alguns domínios) associou-se ao sexo feminino, não viver com companheiro(a), menor renda familiar e discriminação pela nacionalidade. A QV insatisfatória entre os venezuelanos no Brasil pode ter sido agravada pela pandemia da COVID-19.
DESAFIOS DO ACESSO À SAÚDE DOS REFUGIADOS INDÍGENAS WARAO: RELATO DE EXPERIENCIA
Pôster
UCHOA, F.S.V.1, SOARES, A.M.G.2, BARAKAT, R.D.M3, MOREIRA, T.M.M.3
1 UECE; SMS FORTALEZA
2 SMS FORTALEZA
3 UECE
Introdução: O acesso aos serviços de saúde dos indígenas Warao é um desafio em todo País. A falta de habilidade dos profissionais de saúde para compreender as diferenças interculturais dos indígenas no contexto urbano, a dificuldades de compreensão do idioma, a interseccionalidade e o não reconhecimento da etnia, nos dados oficiais do Ministério da Saúde, contribuem para o aumento das desigualdades dessa população. Objetivo: relatar a experiência de ações de saúde, para garantia do acesso aos serviços de saúde dos Warao no município de Fortaleza. Métodos: A ação foi realizada pela equipe de saúde do Posto de Saúde do território em parceria com o Consultório na Rua, SESA, FUNAI e DSEI.A partir dessa ação, foi realizado um plano de ação para garantir o acesso a saúde dessa população. Resultados: O acesso ao Cartão Nacional de Saúde foi feito a partir das visitas domiciliares da equipe de saúde da APS, foram atualizadas a situação vacinal, encaminhado as gestantes para o pré-natal, realização do atendimento odontológico, formação de uma comissão de saúde Warao interinstitucional, elaboração de um plano de educação permanente e inclusão dos Warao no Conselho Local de Saúde. Conclusão: Ações intersetoriais e interinstitucionais são ferramentas importantes para a garantia dos direitos a saúde dessa população. A ausência de dados oficiais de mortalidade e morbidade e a invisibilidade da etnia no cadastro domiciliar fragilizam as ações de vigilância à saúde, aumentando a desigualdade e vulnerabilidade dos indígenas refugiados que vivem no contexto urbano.
O ACESSO AO PRÉ-NATAL DE MIGRANTES E BRASILEIRAS NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).
Pôster
Portela, B. T.1, França, A. P.1, Barretto, R. S.2, Junior, N. C.1, Silveira, C.1
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
2 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
Objetivo: analisar o acesso à assistência pré-natal de mulheres brasileiras e migrantes no estado do MS entre 2012 e 2022. Métodos: O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) do MS cedeu os dados do SINASC, que foram estratificados entre mães brasileiras e migrantes. As variáveis “início do pré-natal tardio” e “número de consultas pré-natal” foram analisadas no Joinpoint, software de análise de regressão para testar se tendências temporais são estatisticamente significativas. A categorização das variáveis seguiu recomendações da OMS. Resultados: em todo período foi identificada queda no início do pré-natal tardio ( 2o trimestre) em ambos os grupos, com redução anual de 6,4% para migrantes e de 6,1% para brasileiras. O número insuficiente de consultas (<6) também declinou nos dois grupos, com redução de 5,0% e 3,4% ao ano, respectivamente.
Considerando as quebras temporais sugeridas pelo software, identificou-se queda mais evidente no número insuficiente de consultas apenas para migrantes entre os anos de 2014 e 2017 (10,2% ao ano). Não foram sugeridas quebras temporais para o início de pré-natal tardio em nenhum dos grupos. No melhor cenário, 2022, a prevalência de início de pré-natal tardio foi 46% maior (RP:1,46; IC95%:1,42-1,51) e de consultas insuficientes foi 119% maior (RP:2,19; IC95%:2,14-2,27) entre as mães migrantes quando comparadas às brasileiras. Conclusão: Apesar da melhoria no acesso aos serviços públicos de pré-natal, evidencia-se desigualdades entre os dois grupos, com indicadores piores para as mães migrantes.
PERFIL DE MULHERES MIGRANTES OU REFUGIADAS QUE REALIZARAM PRÉ-NATAL NO ESTADO DE RORAIMA
Pôster
Franco, M.L.M1, Pereira, A.V1
1 UFF
Objetivo: Analisar o perfil de mulheres migrantes ou refugiadas que realizaram pré-natal entre 2016 a 2022 no Estado de Roraima – Brasil. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico, baseado nos dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos no Estado de Roraima entre os anos de 2016 a 2022, sendo analisadas variáveis como: faixa etária, estado civil, escolaridade, raça/cor, tipo de gravidez, duração da gestação e tipo de parto. Resultados: Do total (85.806) dos nascimentos no período estudado, 13.655 (15,91%) foram de mulheres migrantes ou refugiadas venezuelanas. A maioria dos nascimentos concentrou-se na faixa etária de 20 a 29 anos (58,97%), seguida de 10 a 19 anos (21,53%). Em relação ao estado civil 85,07% eram solteiras, quanto a escolaridade 52,46% possuíam o ensino médio completo e cerca de 79,26 % eram pardas. Observou-se ainda que 97,83% foram de gravidez única, maior duração entre 37 a 41 semanas (82,49%), 31,45% realizaram mais de 7 consultas de pré-natal, no entanto, 35,89% mulheres tiveram nenhuma a 3 consultas, e em relação ao tipo de parto 68,48% foram vaginas. Conclusão: Percebe-se que, o acesso e continuidade das consultas de pré-natal na Atenção Primária à Saúde precisam ser fortalecidas no Estado para garantir atenção integral e universal conforme preconiza o SUS.