Programa - Sessão de Poster - Epidemiologia em subgrupos populacionais específicos - 7. Saúde de outros subgrupos populacionais
A FEMINIZAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL
Pôster
Lima, K.J.1, Freitas, A.S.F1, Ferreira -Júnior, A.R.1
1 UECE
Objetivo: Descrever o perfil de mulheres em situação de pobreza e extrema pobreza no Brasil
Método: Estudo descritivo, quantitativo, sobre mulheres em situação de pobreza e extrema pobreza no Brasil, no ano 2022. Utilizaram-se base dados e publicações estatísticas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), referentes ao período de 2022. Consideraram-se as variáveis: índice de feminilidade extrema pobreza; raça/etnia; faixa etária, chefe de família, renda própria, taxa de desemprego e trabalho não remunerado. Analisaram-se os dados em frequências e taxas.
Resultados: Em 2022, o Brasil esteve na terceira posição entre os países da América Latina e Caribe, no índice de feminilidade de extrema pobreza. No país, há 119,5 mulheres em extrema pobreza para 100 homens em similar situação. Observou-se maior concentração em mulheres abaixo de 14 anos (33,2%), e de negras e indígenas (59,7%) vivendo na linha de pobreza. Uma a cada quatro mulheres (22,7%) não tem renda própria, quase duas vezes mais que a proporção de homens (14,1%). Mulheres de 15 a 24 anos são chefes de família (32,7%), enquanto que os homens correspondem a 17,8%. Sobre o desemprego, as mulheres apresentaram taxa de 11,5 e os homens de 7,5, no mesmo período. Verificou-se que 14,8% da população feminina com 15 anos ou mais se dedicam exclusivamente ao trabalho doméstico.
Conclusão: A pobreza não atinge igualmente homens e mulheres. Ante os dados e informações expostas, compreende-se que a iniquidade de gênero leva à feminização da pobreza e à precariedade da vida.
PERFIL DEMOGRÁFICO DA POPULAÇÃO QUILOMBOLA RESIDENTE NO MUNICÍPIO DE CUSTÓDIA - PERNAMBUCO
Pôster
Santos, E. M. P.1, Arruda, L. E. S.1, Silva, M. E. S.1, Santos, M. P. R.1, Conceição, M. C.1, Santo, R. C.1
1 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz - PE
Objetivos
Descrever o perfil demográfico da população quilombola residente em Custódia – Pernambuco (PE).
Métodos
Análise de tabelas provenientes do levantamento censitário divulgado pelo Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com delimitação pelo município de Custódia – PE e variáveis: índice de envelhecimento, idade mediana, razão de sexo, quantitativo de pessoas quilombolas de 0 a 14 anos e com 60 anos ou mais, além do total de homens e mulheres.
Resultados
O Estado de Pernambuco é a quinta Unidade da Federação em termos de população quilombola, contabilizando um total de 78.864 pessoas. O município de Custódia se destaca por concentrar o maior número absoluto dessa população, com 7.744 quilombolas, dentre os quais nenhum foi identificado em território quilombola oficialmente delimitado.
Desse total, as mulheres representam, aproximadamente, 50,8% do total de quilombolas e os homens 49,2%. A razão de sexo (RS) encontrada foi de 96,7. No que se refere ao recorte de faixa etária, observa-se uma idade mediana de 35 anos, com aproximadamente 19,5% da população na faixa de 0 a 14 anos de idade, enquanto que 15,7% está na faixa dos 60 anos ou mais. Diante disso, o índice de envelhecimento (IE) representou uma razão de 80,42.
Conclusões
A população quilombola de Custódia tem um número aproximado de mulheres e homens, visto pela razão de sexo. A idade mediana dessa população coincide com a da população brasileira, segundo dados do IBGE. Além disso, o valor elevado de IE indica estágio avançado da transição demográfica e envelhecimento da população.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E DESIGUALDADES SOCIAIS NO BRASIL
Pôster
Silva, M. L. B. M.1, Cabral, I. M.1, Silva, M. E. G.2, Freitas, J. M. C.1, Cherol, C. C. S.1, Ferreira, A. A.1
1 UFRJ
2 UERJ
Objetivo: Descrever o perfil socioeconômico e demográfico das pessoas com deficiência (PCD) no Brasil. Métodos: Estudo transversal descritivo com os microdados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. As PCD foram identificadas a partir das diferentes variáveis que delimitam a presença de deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla. O indivíduo que apresentou ao menos uma destas deficiências, foi considerado PCD. Calculou-se percentuais e intervalos de confiança a 95% (IC95%). Análises foram realizadas no STATA 16.0 no modo survey. Resultados: Na população brasileira, 8,2% possuíam algum tipo de deficiência, sendo a mais prevalente, a deficiência visual (3,3%), seguida da deficiência física de membros inferiores (3,7%). Ao caracterizar o perfil socioeconômico e demográfico, observou-se que a maior parte das PCDs residia na região Nordeste (9,6%) e a menor parte na região Centro-Oeste (6,9%) (p<0,05). Adicionalmente, 9,4% viviam em áreas rurais, 18,7% moravam sozinhas e 10,5% relataram receber entre 1/2 a 1 salário mínimo mensal per capita. A maior parte era mulher (9,6%), com 60 anos ou mais (24,8%), sem instrução (22,2%), com estado civil viúvo(a) (31,3%) e autodeclaradas pretas (9,6%) ou pardas (8,3%). Conclusão: Estes dados evidenciam as iniquidades sociais enfrentadas pelas PCD no Brasil, que constituem um grupo socialmente vulnerável. São necessárias políticas públicas direcionadas para esse grupo visando a inclusão social e equidade das condições de vida.
TABAGISMO MATERNO GESTACIONAL E OCORRÊNCIA DE EXCESSO DE PESO INFANTIL: COORTE NISAMI
Pôster
Souza, M. C. J.1, Santana, J. M.2, Lisbôa, C. S.1, Santos, D. B.2
1 UEFS
2 UFRB
Objetivo: Avaliar a associação entre tabagismo materno durante a gestação e ocorrência de excesso de peso em crianças, em um município do Recôncavo da Bahia. Método: Trata-se de uma coorte prospectiva, conduzida no município de Santo Antônio de Jesus, Bahia. A amostra foi constituída por 310 pares mães-filhos. A hipótese é que o tabagismo materno durante a gestação está relacionado positivamente ao ganho de peso excessivo em crianças. A primeira etapa da coleta de dados foi realizada no serviço de pré-natal, através de uma entrevista utilizando um questionário contendo dados sociodemográficos, de saúde geral, nutricionais, obstétricos e de estilo de vida. A segunda etapa ocorreu na maternidade e em domicílio, na qual foram coletadas informações sobre o recém-nascido, como circunferências, estado geral de saúde e informações antropométricas. Na terceira etapa, as crianças foram localizadas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, sendo as informações antropométricas (peso e estatura), do último ano disponível, coletadas. O teste estatístico realizado foi o Qui-Quadrado de Pearson. Para ajuste das covariáveis aplicou-se a técnica de Regressão Logística e a magnitude da associação foi calculada pela Odds Ratio. Resultados: 17,7% das mulheres relataram ter fumado alguma vez durante a gestação e 37,1% das crianças apresentaram excesso de peso. As chances de a criança desenvolver excesso de peso caso a mãe fosse fumante no período gestacional foi de 1,06 (IC95%= 0,58 – 1,93). Conclusão: A associação investigada apresentou uma tendência positiva para a ocorrência de excesso de peso em filhos de mães fumantes.
ACESSO E PERCEPÇÃO SOBRE ESTADO DE SAÚDE EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL
Pôster
Oliveira, Q. C. A.1, Dantas, R. P.1, Almeida, M. M. C.1
1 UFBA
Objetivo: Descrever o acesso e o estado de saúde de Pessoas com Deficiências (PcD), comparando-as às Pessoas sem Deficiências maiores de 18 anos, no Brasil. Métodos: Estudo epidemiológico descritivo, com dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), IBGE, 2019. A população de estudo foram as pessoas maiores de 18 anos entrevistados pela PNS 2019, com projeção para a população total brasileira. As variáveis sociodemográficas, de acesso e estado de saúde foram descritas por frequências simples e relativas. Resultados: As PcD acima de 18 anos representam 10,3% da população investigada, maioria mulheres (61,9%), idade entre 51 a 70 anos (39,5%) e raça/cor parda (45,1%). Observa-se uma maior prevalência dos estados de saúde regular (38,2%) e ruim (15,6%) em PcD, em relação ao grupo de comparação, 17,2% e 2,0%, respectivamente. As prevalências de hipertensão arterial, diabetes, problemas crônicos de coluna e depressão entre PcD representam pelo menos o dobro dessas entre pessoas sem deficiência. As PcD referem buscar e acessar mais serviços de saúde, exceto pelo acesso a odontólogos, que é superior entre pessoas sem deficiência. Metade da população investigada, com e sem deficiência, refere acessar esses serviços de reabilitação no Sistema Único de Saúde. Conclusão: O estado de saúde e a prevalência de doenças crônicas indicam pior situação de saúde entre PcD, quando comparadas às pessoas sem deficiência, mas a referência do acesso a serviços de saúde indicam que essas desigualdades podem estar sendo minimizadas pelo Sistema Único de Saúde.
AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE NEGATIVA ENTRE JOVENS “NEM-NEM”, BRASIL, 2019
Pôster
Marinho, GL1, Paz, EPA1
1 UFRJ
Objetivo: Analisar fatores associados a autoavaliação de saúde (AAS) negativa referida por jovens de 15 a 24 anos de idade, com ênfase no segmento que não estudava e não trabalhava (jovens “nem-nem”) residentes no Brasil, em 2019. Métodos: Estudo seccional realizado com dados da amostra da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019). Foram selecionados jovens com idades entre 15 e 24 anos (n = 43.827) e os “nem-nem” foram identificados como aqueles que não estudavam e não trabalhavam (n = 11.624). Ocorrências de AAS negativa foram comparadas com base em razões de prevalência (RP) geradas por modelos estatísticos (regressão de Poisson). A magnitude da AAS negativa referida pelos “nem-nem” foi descrita por modelo ajustado segundo variáveis sociodemográficas. Os indicadores apresentam respectivos intervalos de confiança, adotando-se o nível de significância de 5%. As estimativas incorporaram os efeitos do delineamento complexo da amostra da PNS. Resultados: Os “nem-nem” representaram 24,9% dos jovens residentes no Brasil, dentre os quais, 19,0% avaliaram a saúde de forma negativa, superando a ocorrência entre os demais jovens (13,0%) (RP: 1,23; IC95% 1,11; 1,37). AAS negativa foi mais expressiva entre as mulheres “nem-nem”, raça/cor parda/preta e renda de até 1 salário-mínimo (RP: 1,34, 1,39 e 0,59; ρ < 0,01, respectivamente). A AAS negativa foi mais elevada entre jovens “nem-nem” e estava sistematicamente associada aos determinantes sociais. Sugere-se o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para jovens, com foco no segmento de condições socioeconômicas menos favoráveis.
CONDIÇÕES DE VIDA, HÁBITOS ALIMENTARES E SAÚDE BUCAL EM CRIANÇAS RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA
Pôster
Abreu, F. M.1, Pereira, L. L.1, Lopes, A. F.2, Vettore, M. V.3, Herkrath, F. J.1, Siqueira, J. H.1
1 Instituto Leônidas e Maria Deane - Fundação Oswaldo Cruz
2 Universidade Federal do Amazonas
3 Aarhus University
Objetivos: Avaliar as condições de vida, hábitos alimentares e a saúde bucal autorreferida em crianças residentes em localidades rurais ribeirinhas da Amazônia.
Métodos: Estudo epidemiológico transversal de base escolar conduzido com crianças (5 a 10 anos de idade) de 4 escolas situadas em localidades rurais ribeirinhas de Coari, Amazonas. Variáveis sociodemográficas, frequência de consumo de marcadores de alimentação saudável/não saudável e informações sobre (in)segurança alimentar foram coletadas por meio de entrevistas com as crianças e responsáveis. Em relação à saúde bucal dos escolares, foram avaliadas: dor dentária referida; frequência de utilização de serviços de saúde bucal; e autopercepção da saúde bucal. A coleta de dados está em andamento e foi realizada uma análise descritiva exploratória.
Resultados: Foram avaliados 66 escolares (7,9±1,6 anos; 60,6% sexo masculino; 86,4% pardos). Os domicílios eram, em sua maioria, de madeira, a renda média foi R$1.300,00±756,00, 36% dos responsáveis relataram ter ensino fundamental e 91% estavam cadastrados no Bolsa Família. Cerca de 60%, 47%, 49%, 50%, 20% e 12% dos escolares relataram consumir fruta, leite, peixe, doces, refrigerante e macarrão instantâneo, ao menos 5 vezes na semana, respectivamente. A insegurança alimentar foi evidenciada em 91% dos domicílios. Em relação à saúde bucal dos escolares, 37,8% referiram dor dentária nos últimos seis meses, 12,1% relataram nunca ter ido ao dentista e 56% perceberam a saúde bucal como regular, ruim ou muito ruim.
Conclusões: Os achados relacionados à insegurança alimentar, marcadores de alimentação não saudável e saúde bucal na população de estudo evidenciam uma situação de saúde preocupante.
EL ENCUENTRO COMO PRODUCCIÓN DE CUIDADO EN VECINAS DE PUEBLO “SAUCE” EN RÍO NEGRO-URUGUAY
Pôster
Canon-Buitrago, E. A.1, Salvatierra-Acosta, F.1, Brun-Lomando, M.1, Roig, F.1
1 Udelar;CENUR L.N.
La presente investigación tuvo como objetivo el comprender desde el campo de la Educación Física al “encuentro” como espacio relevante para generar prácticas de producción de cuidado en un grupo de vecinas de la comunidad de pueblo “Sauce”; área rural localizada en el interior del departamento de Río Negro-Uruguay. Basada en un delineamiento descriptivo con un abordaje teórico-metodológico cualitativo, el estudio reunió un conjunto de materialidades empíricas que, en base a la implementación de prácticas corporales, entrevistas, así como el registro de información en un cuaderno de campo, posibilitó identificar dos características esenciales que ayudan a producir cuidado en las colaboradoras del estudio. La primera, el considerar los entendimientos/necesidades ampliadas en relación a la salud de las “vecinas” y que transitan hacia la realización de prácticas individuales como son el caminar al arrollo, el tejer, la huerta, el leer, el hablar, el escuchar; todas estas realizadas fuera de sus obligaciones diarias y de alta representatividad para la vida cotidiana de la localidad. La segunda, la secuencia o continuidad en la oferta de prácticas corporales que, articuladas a las políticas públicas, permitan que las “vecinas” se reúnan para colectivizar el cuidado y vivenciar todo aquello que generalmente realizan de forma individualizada. Prácticas corporales que, desde su visión ampliada de salud, se articularían a la política del Primer Nivel de Atención del Sistema Nacional Integrado de Salud y de la cual hoy el licenciado en Educación Física no hace parte como una de las profesiones esenciales en la política de salud nacional.
ESTRUTURA INTERNA DO MÓDULO DE QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES DE PESSOAS COM CÂNCER
Pôster
BASTOS, A. O. S.1, OLIVEIRA, M. C.1, FREITAS, K. S.1, ALMEIDA, I. F. B.2, SANTOS, L. R.1, BRITO, V. L.1, EVANGELISTA, G. S.1
1 UEFS
2 UFRB
Objetivo: identificar evidências de validade com base na estrutura interna e confiabilidade do módulo de qualidade de vida de familiares de pessoas com câncer (MQV-FAMC). Método: estudo com delineamento transversal de cunho psicométrico que ocorreu entre julho de 2022 a agosto de 2023, envolvendo 202 familiares de pessoas com câncer que realizavam tratamento oncológico em uma unidade de alta complexidade em oncologia numa cidade do interior da Bahia. Os instrumentos utilizados foram a ficha de caracterização para a obtenção dos dados sociais e econômicos do familiar e clínicos do parente em tratamento oncológico e o MQV-FAMC. Os dados foram armazenados no RedCap, exportados para o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0, plataforma Windows, e analisados nos softwares Factor (versão 12.04.05) e Mplus (versão 7.4). Resultados: A análise fatorial exploratória e confirmatória indicou a solução unidimensional após testagens de soluções fatoriais. A análise da confiabilidade pelo ômega de Mcdonald, confiabilidade composta e alfa de Cronbach, revelou valores elevados. Conclusões: O MQV-FAMC apresentou resultados confiáveis e satisfatórios que servem como evidências de validade na perspectiva da estrutura interna para avaliação da qualidade de familiares de pessoas que possuem um parente em tratamento oncológico.
MORTALIDADE EM PORTADORES DE HEMOFILIA EM CENTRO HEMOTERÁPICO NO BRASIL, 1985-2021
Pôster
Carmo, RA1, Lino, VT2, Martins, ML1, Dezanet, LNC3
1 Fundação Hemominas-Hemocentro de Belo Horizonte
2 Fundação Hemominas-Hemocentro de Belo Horizonte; Universidade Professor Edson Antônio Velano- Câmpus Belo Horizonte
3 Instituto René Rachou/Fundação Oswaldo Cruz; Universidade Professor Edson Antônio Velano- Câmpus Belo Horizonte
Objetivo: Avaliar o impacto da infecção pelo HIV e hepatites virais na mortalidade de portadores de hemofilia em hemocentro do país, entre 1985-2021. Métodos: Coorte retrospectiva com 870 homens vivendo com hemofilia A e B, cadastrados no hemocentro de Belo Horizonte entre 1985-2021, com pelo menos duas visitas médicas no período. Status vital, data do óbito e causa da morte foram obtidos a partir do prontuário médico, banco SIM/MG e sistema Hemovida/Web-Coagulopatias/MS. Modelo de Cox foi usado para estimar hazard ratio (HR) e intervalos de 95% de confiança (IC95%). Definiu-se nível de significância como p<0,05. Resultados: 169 mortes ocorreram no período (taxa de incidência=9,1/100 pessoas-ano; IC95%=7,9–10,6), sendo mediana de idade de 32 anos no óbito (IIQ=19-42). As perdas de acompanhamento (45/870; 5,2%) tiveram maior proporção de doença leve (p=0,001), sem hemotransfusão prévia (p=0,045) e ausência de inibidores (p=0,039). No período de 1985-1996, causas de morte mais frequentes foram doenças relacionadas ao HIV/AIDS (34/57; 59,6%); transtornos do sangramento predominaram nos períodos de 1997-2011 (38/77; 49,3%) e 2011-2021 (15/35; 42,9%). Causas de morte por doenças hepáticas/hepatites virais aumentaram de 3/57 (5,3%) para 10/77 (13,0%) e 8/35 (22,8%) nos períodos de 1985-1996, 1997-2011 e 2012-2021, respectivamente. Mortalidade por todas as causas esteve significativamente associada com anti-HCV+ (HR=2,31;IC95%=1,35-3,97), anti-HBc total+ (HR=1,88;IC95%=1,19-2,97), anti-HIV+ (HR=3,11;IC95%=2,00-4,82), após ajustamento por idade no óbito e uso exclusivo de inativado. Conclusões: Este estudo indica a importância das comorbidades infecciosas transmissíveis pelo sangue na mortalidade desta população, com impactos diferenciados frente aos avanços terapêuticos e de biossegurança transfusionais alcançados ao longo do período.
PERFIL HEPÁTICO DE MORADORES RIBEIRINHOS AMBIENTALMENTE EXPOXTOS AO MERCÚRIO NA AMAZÔNIA
Pôster
Souza, S.M.S.1, Mota, A.L.M.2, Sobral, J.C.1, Soares, J.M.1, Farias, M.P.S.F1, Santos, R.S.S.1, Oliveira-Junior, J.M.B.1, Meneses, H.N.M1
1 UFOPA
2 UEPA
Objetivo: Verificar o perfil hepático de moradores de uma área ribeirinha exposta ao mercúrio (Hg). Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP da Universidade Estadual do Pará-UEPA. Foram colhidos de cada voluntário 10 mL de sangue venoso. A exposição ao Hg foi classificada em exposta (acima de 10 μg/L) e não exposta (abaixo de 10 μg/L), segundo recomendação da OMS. Para a TGO os valores de referência utilizados foram de 11 a 39 U/L para homens e 10 a 37 U/L para mulheres. Para a TGP os valores de referência foram de 11 e 45 U/L para homens e 10 a 47 U/L para mulheres, segundo a indicação do Kit comercial Labtest. Compõem esse estudo 237 moradores de comunidades do Baixo Amazonas, Pará-Brasil. Resultados: O nível mais alto de TGO foi 232 U/L e de TGP foi 143 U/L e os níveis de Hg foram 42,4 μg/L e 50,2 μg/L, respectivamente. 27 indivíduos (8,3%) apresentaram TGO alterada, dos quais 21 apresentaram níveis de Hg acima de 10 μg/L. Não foi encontrada uma associação estatisticamente significativa entre exposição ao Hg e alteração da TGO (RP=0,96; IC 95% = 0,41 – 2,27; p = 0,55). Dos 18 (5,5%) indivíduos que apresentaram resultado alterado para a TGP, 14 apresentaram níveis de Hg acima de 10 μg/L. Não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre exposição Hg e TGP (RP=0,96; IC 95% = 0,33 – 2,81; p = 0,57). Conclusão: Estes resultados sugerem que a alteração hepática observada seja um sintoma inicial decorrente da exposição ao Hg.
SAÚDE MENTAL E USO PSICOATIVOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS DURANTE A PANDEMIA DO COVID19
Pôster
BRIGNOL, S.1, DEMENECH, L. M.2, FONSECA, V. A.1
1 UFF
2 FURG
Objetivo: Calcular as prevalências dos transtornos mentais comuns (TMC), risco e tentativas de suicídio, bem como do uso de drogas lícitas e ilícitas entre os universitários, durante o isolamento social na pandemia do covid19. Métodos: Recorte do projeto multicêntrico “saúde e bem-estar”, pesquisa do tipo corte transversal (on-line). Os resultados se referem a dados de 1.133 de estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF)-Niterói–RJ, cuja coleta de dados foi entre 11/2020 e 02/202. A análise de correspondência múltipla (ACM) foi usada para identificar os fatores que estruturavam os perfis de drogas e TMC. Resultados: Prevalências encontradas: estresse percebido: 39,6%; ansiedade: severa (37,8%) e moderada (30,2%); sintomas de depressão: moderada (25,1%) e severa: 28,5%; risco de suicídio: alto (17%) e moderado (8%); tentativas de suicídio: na vida (21,2%) e na universidade (9,1%). Para o uso de substâncias os resultados foram: álcool no último mês (58,8%); tabaco (14%); maconha (13%), tranquilizantes ou ansiolíticos (16%), calmantes ou sedativos (18,8%). As associações investigadas e os fatores socioeconômicos-demográficos estruturam os perfis típicos para o uso de drogas mostrando um retrato da vulnerabilidade social que podem causar prejuízos à saúde dos discentes e a ocorrência dos TMC, risco e tentativas de suicídio – ilustradas nos gráficos da ACM. Conclusões: As prevalências são consideradas altas entre os universitários da UFF, assim como o consumo de drogas lícitas e ilícitas. Estes resultados mostram aos gestores a urgência de implantar uma política de saúde mental para acolher o sofrimento psíquico dos discentes, ou ainda ampliar os recursos existentes.
USO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE POR PESSOAS IDOSAS DE UMA COMUNIDADE RURAL DO MÉDIO AMAZONAS
Pôster
Alves, G.S.B.1, Herkrath, F. J.1, Vettore, M. V.2, Parente, R.C.P.1
1 ILMD Fiocruz Amazônia
2 Aarhus University
Objetivo: Descrever as características relacionadas à utilização dos serviços de saúde por pessoas idosas residentes em uma comunidade rural de um município do Amazonas. Método: Foi realizado um inquérito transversal de base domiciliar envolvendo todos os indivíduos idosos (≥60 anos) que residiam na sede da comunidade rural Novo Remanso, Itacoatiara, Amazonas. A utilização dos serviços de saúde foi descrita por meio de estimativas de prevalência e respectivos intervalos de confiança a 95%. Foram avaliados cadastro na Estratégia Saúde da Família, intervalo de tempo da última consulta médica e odontológica, procura do serviço nas duas semanas anteriores, e última aferição da pressão arterial e da glicemia. Resultados: Foram avaliadas 301 pessoas idosas (50,5% do sexo masculino), com idade média de 72,5 ±8,38 anos. A maioria havia realizado consulta médica nos últimos doze meses e consulta odontológica nos últimos três anos. A maioria da população idosa residente na comunidade rural realizou a última consulta na unidade básica de saúde local, sendo este o principal serviço de escolha para o primeiro atendimento em caso de necessidade. Conclusões: Os achados do estudo evidenciaram a relevância do serviço de atenção primária à saúde local na redução das barreiras de acesso à utilização dos serviços pelas pessoas idosas. No entanto, são necessárias ações para promoção do envelhecimento saudável e que garantam o bem-estar da população idosa, considerando as especificidades dos territórios rurais em que residem.