Programa - Poster dialogado - PD25.2 - Epidemiologia nutricional de gestantes e usuárias da APS
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
PREVALÊNCIA DE ANEMIA NA GESTAÇÃO: CONSÓRCIO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL
Pôster dialogado
Freitas-Costa, N. C.1, Carrilho, T. R. B.1, Normando, P.1, Brazilian Maternal and Child Nutrition Consortium1
1 UFRJ
Objetivo: Estimar a prevalência de anemia entre gestantes brasileiras participantes dos estudos do Consórcio Brasileiro de Nutrição Materno-Infantil (CONMAI).
Métodos: Foram avaliadas 12.287 gestantes, de 15-49 anos, provenientes de 11 estudos brasileiros realizados entre 2007-2014. A concentração de hemoglobina (Hb, g/dL) foi obtida por meio de registros da caderneta da gestante ou mensurada em sangue capilar. A anemia foi definida como Hb <11 g/dL no 1° e 3° trimestres e <10,5 g/dL no 2° trimestre de gestação. Foram estimadas as prevalências de anemia e intervalos de confiança de 95% (IC95%) segundo a idade, escolaridade e índice de massa corporal pré-gestacional. A ausência de sobreposição entre IC95% foi utilizada para considerar diferenças estatisticamente significativas.
Resultados: A prevalência de anemia foi de 14,1% (IC95%: 13,6-14,6), sendo de 6,7% (IC95%:6,1-7,4), 11,3% (IC95%:10,5-12,1) e 23,5% (IC95%:22,5-24,6), no 1°, 2° e 3° trimestre gestacional, respectivamente. A prevalência de anemia foi maior em mulheres entre 15-19 (17,4; IC95%:16,1-18,7) e 20-24 anos (14,9; IC95%:13,9-15,8), comparadas às de 25-34 (12,4; IC95%:11,7-13,1) e 35-49 anos (12,9; IC95%:11,4-14,5) e dentre aquelas com escolaridade ≤ 4 anos (15,9; IC95%:14,1-17,8) comparadas às com 9-11 (13,1; IC95%:12,4-13,8) e ≥ 12 (10,3; IC95%: 9,2-11,5) anos. A prevalência de anemia foi maior entre as mulheres com baixo-peso pré-gestacional (19,2; IC95%:15,9-22,4) e eutrofia (15,3; IC95%:14,4-16,2) comparadas às com sobrepeso (12,2; IC95%:10,8-13,6) e obesidade (9,9; IC95%:8,1-11,7).
Conclusões: A prevalência de anemia na gestação ainda é alta no Brasil, especialmente no 3° trimestre e entre gestantes jovens, com menor escolaridade e com baixo peso pré-gestacional.
ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DE PETRÓPOLIS, RJ.
Pôster dialogado
Rezende, L. R. P1, Pires, I. E2, Santos, A. P. R1, Rosa, L. C. L.2, Costa, A. S.2
1 SMS Petrópolis
2 UNIFASE
Objetivo: Avaliar o estado nutricional (EN) em gestantes beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) residentes em Petrópolis.
Métodos: Estudo realizado pela Secretaria de Saúde e residentes de nutrição do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto entre março de 2023 e maio de 2024. Os dados foram coletados através da ficha de notificação de gestantes beneficiárias do PBF com informações para avaliação do EN na gestação preenchida durante o pré-natal. Para avaliação do EN, utilizou-se o Índice de Massa Corporal Gestacional (IMC gestacional), calculado a partir do peso e altura e classificado pelo IMC segundo a Idade Gestacional baseada na DUM. As informações foram tabuladas em planilha Excel e posteriormente realizada análise descritiva.
Resultados e Conclusões: No total, foram notificadas 680 gestantes beneficiárias, das quais, 592 foram selecionadas, pois possuíam as informações necessárias para avaliação do EN. Através do IMC gestacional, observou-se que 31,8% (188) das gestantes encontravam-se com IMC adequado, enquanto 68,2% (404) com alteração no estado nutricional, sendo: 16,9% (100) baixo peso, 24,8% (147) sobrepeso e 26,5% (157) obesidade. Ao avaliar esses resultados, observa-se maior desnutrição nas gestantes beneficiárias do PBF em relação às gestantes do município, uma vez que a prevalência de desnutrição nas gestantes em geral foi de 13,8%, segundo o SISVAN 2023. Dessa forma, as gestantes estudadas, apesar do benefício de transferência de renda, ainda se encontram com índices preocupantes de baixo peso, que podem acarretar maiores riscos na gestação.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E CONSUMO DE ALIMENTOS EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO BÁSICA
Pôster dialogado
Sousa, A., B.1, Ferreira, E., N.1, Lopes, T., S.1, Pereira, R., A.1
1 UFRJ
Objetivo: Avaliar a relação entre e insegurança alimentar (IA) e marcadores da alimentação saudável e não saudável.
Métodos: Estudo transversal com adultos (20-59 anos de idade) assistidos em uma unidade básica de saúde do município do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados em entrevistas pessoais. A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar foi aplicada para avaliar a IA, que foi categorizada em segurança alimentar (SA), insegurança alimentar leve (IAL), insegurança alimentar moderada ou grave (IAMG). Foi avaliada a frequência de consumo de alimentos saudáveis (MAS): legumes, hortaliças, frutas, carnes, batata, leite; e não-saudáveis (MANS): embutidos, macarrão instantâneo, pão, biscoito doce/recheado, biscoito salgado, refrigerante, refresco em pó e doces; categorizada em nunca, mensal, semanal e diária. O teste do qui-quadrado foi aplicado para avaliar a homogeneidade das distribuições das variáveis de interesse (p<0,05).
Resultados: Foram obtidas informações para 476 indivíduos (81% mulheres) e 68% relataram IA, sendo 30% com IAMG. O consumo de diário de frutas (36 vs. 19%) e leite (40 vs. 31%) foi mais elevado (p<0,05) entre os que estavam em SA comparados aos que relataram IA; o mesmo foi observado para o consumo semanal de carne (78 vs. 62%); o inverso foi encontrado para o consumo diário de embutidos (3% vs. 13%) e semanal de macarrão instantâneo (15 vs. 24%).
Conclusões: A frequência de IA em usuários da atenção básica era elevada e a qualidade da alimentação dos indivíduos em IA se caracterizava pelo consumo reduzido de MAS e frequente de MANS, que são, em geral, menos custosos.
MUDANÇA DE IMC ENTRE GESTAÇÕES E RESULTADOS ADVERSOS DO NASCIMENTO
Pôster dialogado
Rocha, A. S.1, Carrilho, T. R. B.2, Magalhães, K. B. B. S3, Ribas, Priscila4, Silva, N. J.5, Paixao, E. S.6, Silva, H. B. M4, Falcão, I. R.3, Fiaccone, R. F.7, Barreto, L. M.3, Ribeiro-Silva, R. C.3
1 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS)/Fundação Oswaldo Cruz, Salvador,Bahia
2 Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdade de Medicina, Universidade da Colúmbia Britânica, Vancouver, BC, Canadá.
3 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS)/Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, Bahia
4 Escola de Nutrição, Universidade Federa da Bahia, Salvador, Brasil
5 ISGlobal, Hospital Clínic. Universitat de Barcelona, Barcelona, Spain
6 Faculty of Epidemiology and Population Health, London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, United Kingdom
7 Departamento de Estatística, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil; Brasil;
Objetivo: Avaliar a associação entre mudança IMC entre gestações e resultados adversos no nascimento na gravidez subsequente. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo utilizando dados da Coorte de Nascimentos CIDACS (2008-2015). O nascimento prematuro (<37 semanas gestacionais), baixo peso ao nascer (BPN, peso ao nascer < 2.500g) e macrossomia (peso ao nascer ≥ 4.000g) foram comparados entre mudanças de categorias de IMC através de regressão logística e multinomial. Resultados: Foram analisados 15.570 nascidos vivos de 7.785 mulheres multíparas. Diminuição do IMC de peso normal para baixo peso entre as duas primeiras gestações aumentou a chance de nascimento prematuro na gravidez subsequente (OR 1,43; IC 95% 1,00-2,31). Crianças nascidas de mulheres que tiveram um aumento no IMC de sobrepeso para obesidade apresentaram uma chance reduzida de BPN na gravidez subsequente (OR 0,47; IC 95% 0,24-0,97). Além disso, a chance de macrossomia foi maior entre os nascidos vivos de mulheres que mudaram a categoria de IMC para um nível mais elevado [peso normal para sobrepeso OR 1,89 (IC 95% 1,36-2,46); peso normal para obesidade OR 3,85 (IC 95% 2,39-6,21); e sobrepeso para obesidade OR 2,61 (IC 95% 1,79-3,98)] do que aqueles nascidos de mulheres com IMC normal em ambas as gestações. Conclusão: Diminuição ou aumento de categoria de IMC entre gestações foram associados a resultados adversos no nascimento em gestações subsequentes. Esses dados reforçam a importância do controle do peso entre as gestações para melhorar os resultados tanto para as mães como para as crianças.
EFEITO DE UM ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NO CONSUMO ALIMENTAR DE GESTANTES
Pôster dialogado
Lima, M. C. de1, Carreira, N.P.1, Sartorelli, D.S.1
1 FMRP - USP
Objetivos: Avaliar o efeito de um aconselhamento nutricional no consumo alimentar, segundo a Nova, entre gestantes com sobrepeso.
Métodos: Ensaio clínico randomizado controlado, conduzido entre 2018 e 2021 na atenção básica de Ribeirão Preto, SP, Brasil. Foram incluídas 350 gestantes com sobrepeso, idade gestacional até 15ª semana e 6 dias, idade ≥18 anos; alocadas aleatoriamente em grupo controle (GC) ou intervenção (GI). O GI participou de três sessões de aconselhamento nutricional baseado no estímulo a prática de atividade física e consumo de alimentos in natura e minimamente processados, em detrimento aos alimentos ultraprocessados (AUP). Dois inquéritos recordatórios de 24 horas foram obtidos no baseline e dois na segunda avaliação. Os alimentos foram classificados segundo a Nova e o percentual energético (%E) foi calculado. A estimativa da dieta usual foi realizada no Multiple Source Method. Foi aplicado o teste de Wilcoxon para estimar as diferenças intragrupos entre as avaliações e do teste de Mann-Whitney para as diferenças entre o GI e o GC.
Resultados: A mediana (P25; P75) da idade materna foi de 27 (23; 32) anos. Verificou-se uma redução do consumo de alimentos in natura e minimamente processados [66,25 (58,32; 72,69) vs 63,84 (53,14; 73,98) p=0,006] e aumento AUP [24,17 (19,08; 32,29) vs 26,75 (18,87; 35,27) p=0,009] entre as avaliações no CG. Não houve diferença no GI, nem entre os grupos.
Conclusão: Observou-se que as gestantes que não receberam o aconselhamento nutricional apresentaram uma piora na qualidade da alimentação.