Programa - Poster dialogado - PD25.12 - Desafios e oportunidades na atenção à saúde de populações em vulnerabilidade
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
ACOLHIMENTO À POPULAÇÃO LGBT+: CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTO PARA UM AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO
Pôster dialogado
Santos, J. M. S.1, Oliveira, F. S.2, Abade, E. A. F.2, Santos, J. P. B.2, Freitas, T. M.2, Barbosa, T. M. P.2, Junior, R. O. P.2, Ramos, D. O.3, Goes, E. F.4
1 UFBA
2 Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
3 ISC/UFBA
4 CIDACS
Objetivo: Relatar a experiência da construção de um instrumento de acolhimento para monitoramento das necessidades de saúde da população LGBTQIAPN+ em um ambulatório especializado. Métodos: Para essa construção foram necessários diálogos com profissionais de saúde e ativistas dos movimentos sociais, bem como, foram realizadas leituras de produções científicas que se debruçam sobre as principais demandas e dificuldades enfrentadas por pessoas LGBTQIAPN+ na busca por um acolhimento de qualidade nos serviços de saúde, visando o levantamento das possíveis variáveis para inserção neste instrumento. Resultados: O instrumento em questão possui 12 dimensões: dados de identificação gerais, dados de residência, dados sociodemográficos, hábitos de vida, antecedentes de saúde, antecedentes gravídicos e puerperais, saúde sexual e reprodutiva, especificidades da saúde trans, saúde mental, violência interpessoal e autoprovocada, encaminhamentos e informações complementares. Cada dimensão foi subdividida em itens, os quais totalizam 68 variáveis. O instrumento de acolhimento tem sido aplicado por uma equipe multiprofissional de um ambulatório especializado em saúde de pessoas LGBT+ no município de Salvador-BA. Entre o período de setembro de 2023 a maio de 2024, um total de 763 acolhimentos foram realizados por intermédio deste instrumento. Conclusões: A partir da implementação do instrumento em um serviço especializado em saúde LGBT+, foi possível dimensionar as principais necessidades de saúde de pessoas LGBTQIAPN+ acolhidas pelo serviço. Cabe salientar que esse instrumento foi desenvolvido no âmbito da residência multiprofissional em Epidemiologia com vistas a fortalecer o conhecimento epidemiológico nos serviços de saúde.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ORIENTAÇÃO SEXUAL E RASTREAMENTO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO NO BRASIL
Pôster dialogado
Jomar, R.T.1, Alves, L.A.1, Meira, K.C.2
1 INCA
2 UFRN
Objetivo: investigar a associação entre orientação sexual e tempo de realização do último exame de Papanicolaou no Brasil. Métodos: estudo seccional baseado em dados da PNS 2019 que incluiu mulheres que responderam à pergunta ‘Qual é a sua orientação sexual?‘ (exposição), que foi dirigida somente àquelas com idade ≥ 18 anos. O desfecho (tempo de realização do último exame de Papanicolaou) foi obtido através da pergunta ‘Quando foi a última vez que a senhora fez um exame preventivo para câncer de colo do útero?‘, cujas opções de resposta foram categorizadas em ‘há menos de três anos‘ e ‘há três anos ou mais‘. Considerando a amostragem complexa do inquérito, a associação foi investigada mediante regressão de Poisson com variância robusta que estimou razões de prevalências (RP) e intervalos de 95% de confiança (IC95%). A partir desse modelo bruto, foram testados outros ajustados por covariáveis introduzidas na seguinte ordem: idade, raça/cor, escolaridade, rendimento domiciliar mensal per capita e macrorregião do país. Aquelas que, ao serem introduzidas no modelo, apresentaram p-valor > 0,05 foram excluídas da sequência de introdução. Resultados: participaram do estudo 45.307 mulheres, sendo 44.587 (98,15%) heterossexuais e 720 (1,85%) não heterossexuais. Uma associação negativa foi evidenciada tanto entre mulheres com idade ≥ 18 anos quanto entre aquelas na faixa de idade 25-64 anos, com prevalências, respectivamente, 17% (RP=0,83; IC95% 0,76-0,90) e 14% (RP=0,86; IC95% 0,78-0,96) menores entre as não heterossexuais. Conclusão: no Brasil, mulheres não heterossexuais apresentam menor probabilidade de realizar exame de Papanicolaou há três anos ou menos.
SINTOMAS DEPRESSIVOS GRAVES EM JOVENS HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS DURANTE A PANDEMIA
Pôster dialogado
Silva, C. A. S1, Almeida, B. E. M.1, Cairo, S. M. C.1, Silva, A. M. B.1, Soares, F.2, Magno, L.3, Dourado, I.4, Marques, L. M.1, Campos, G. B.1, Medeiros, D. S.1
1 UFBA/IMS-CAT
2 UNEB/DCV
3 UFBA/ISC, UNEB/DCV
4 UFBA/ISC
Objetivo: Estimar a prevalência de sintomas depressivos graves e fatores associados em jovens homens que fazem sexo com homens (JHSH) na pandemia de Covid-19 em um município da Bahia. Métodos: Estudo transversal utilizando método Respondent-Driven Sampling (RDS) entre JHSH (15-24 anos), residentes em Vitória da Conquista-BA, entre agosto-dezembro/2021. Coletaram-se dados sociodemográficos e comportamentais em um centro de referência para o cuidado e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. A escala do Center for Epidemiologic Studies Depression foi usada para avaliar os sintomas depressivos. O escore ≥24 indicou presença de sintomas graves. As razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança 95% (IC95%) das potenciais associações foram estimadas por regressão de Poisson, ponderadas pelo estimador de Giles. Resultados: Dos 111 JHSH recrutados, 80,4% tinham entre 20-24 anos, 63,5% negros, 72,9% cursavam ensino superior, 63,4% tinham nível econômico mais alto. A prevalência de sintomas depressivos graves foi 30,1%. As variáveis associadas foram idade de 15-19 anos (RP=2,41, IC95%=1,23-4,74), recebimento de dinheiro/favores em troca de sexo (RP=3,32, IC95%=1,51-7,30) e experiências de discriminação em redes sociais ou outros ambientes virtuais por conta da orientação sexual/ identidade de gênero (RP=2,75, IC95%=1,39-5,42). Conclusões: A prevalência de sintomas depressivos graves entre JHSH foi elevada e os fatores associados indicam a vulnerabilidade desproporcional desses jovens, com importantes implicações à saúde pública. Ressalta-se que, durante a pandemia, o isolamento social, o maior uso das redes sociais, associados à existência de apologia às variadas formas de violência e discriminação, aumentaram a exposição a fatores estressores, agravando a saúde mental desses indivíduos.
TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE, CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 2019 A 2022
Pôster dialogado
Barbosa, C. S.1, Lopes, F. A.2, Hökerberg, Y. H. M.3
1 UNESA; INI/Fiocruz
2 SMS/RJ; ENSP/Fiocruz
3 INI/Fiocruz; UNESA
A tuberculose (TB) é uma doença de transmissão respiratória com alta prevalência na população privada de liberdade (PPL), podendo afetar seus familiares e os trabalhadores destes ambientes. Objetivos: Caracterizar os estabelecimentos penais e descrever a evolução temporal das taxas de incidência e da proporção de casos de TB na PPL, cidade do Rio de Janeiro, 2019 a 2022. Métodos: Estudo observacional descritivo, com base nas informações sobre os estabelecimentos penais e a população carcerária, do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, das notificações obtidas na base municipal do Sistema de Informação de Agravos de Notificação de tuberculose (SINAN). Foram descritos o número e a taxa de ocupação dos estabelecimentos penais da cidade do Rio de Janeiro, calculadas as taxas de incidência (*105) de TB e a proporção de casos em PPL. Resultados: Dos 34 estabelecimentos penais cadastrados, 20 tiveram taxa de ocupação acima de 100%, variando de 18,8% a 283,2%. Foram notificados 6380 casos de TB em PPL, representando 23% do total de notificações na cidade do RJ em 2019 e 14%, em 2022. A taxa de incidência de TB na PPL reduziu de 298,9 para cada 100 mil presos (2019) para 208,2 por 100 mil (2022), o que significa um risco 129% e 39% maior do que o da população geral, respectivamente. Conclusão: Estes resultados sugerem uma redução na incidência de tuberculose nos estabelecimentos penais do Rio de Janeiro, apesar da manutenção do risco elevado de transmissão.
SÍNDROME METABÓLICA EM PRESÍDIOS NA PARAÍBA
Pôster dialogado
COSTA, G.M.C.1, SILVA, L. A. P.1, MELO, M. A. A.1, PONTES, G.S.1, ARAÚJO, R. S.1, MENEZES, T. N.1
1 UEPB
Objetivo: estimar a prevalência e fatores de risco associados à síndrome metabólica (SM) entre as Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) em presídios no estado da Paraíba. Método: estudo transversal, realizado após apreciação ética e liberação de parecer, entre fevereiro e dezembro de 2023, com 171 PPL, com idade de 19 a 73 anos, de onze unidades prisionais. A identificação da Síndrome Metabólica (SM) foi determinada pelos critérios definidos pelo National Cholesterol Education Program-Adult Treatment Panel III, e referiu-se à variável dependente. As variáveis independentes foram variáveis sociodemográficas, antropométricas, hábitos alimentares e de vida. A associação foi realizada por meio do teste Exato de Fisher e Qui-quadrado. Resultados: A prevalência da SM foi de 40%, em uma população com média de idade 42,3 anos, dieta com baixo consumo de vegetais, frutas e legumes, alto consumo de doces e refrigerantes, circunferência da cintura (CC) alta (35,1%) e colesterol HDL baixo (56,1%). Identificou associação estatisticamente significativa da SM e obesidade tipo II (p<0,001), falta de atividade física (p<0,018) e tabagismo (p<0,008). Conclusão: No cenário, a elevada prevalência da SM associada ao sedentarismo, tabagismo e obesidade, indica necessidade de unidades de atenção básica prisional realizarem intervenções nutricionais que, ao considerarem os determinantes ambientais e comportamentais, modifiquem hábitos alimentares e estilo de vida. Todavia, há de se garantir a realização da triagem preliminar na admissão de PPL no sistema para seja possível compreender o impacto do aprisionamento no adoecimento dos sujeitos.
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: EPIDEMIOLOGIA E FATORES ASSOCIADOS
Pôster dialogado
Queiroz, G. V. R.1, Silva, T. B. V.2, Batista, M. J.3
1 Universidade de São Paulo - USP
2 Universidade do Estado do Pará - UEPA
3 Faculdade de Medicina de Jundiaí - FMJ
Objetivo: descrever o perfil epidemiológico da população em situação de rua e avaliar os fatores associados ao uso de substâncias psicoativas ilícitas. Método: Estudo transversal analítico realizado com pessoas em situação de rua em Jundiaí, São Paulo, Brasil. Aplicou-se um questionário com variáveis sociodemográficas, comportamentos em saúde, condições clínicas e uso dos serviços de saúde. A variável dependente foi o uso de substâncias ilícitas, analisada com as variáveis independentes por meio do teste Qui-Quadrado. Posteriormente, as que obtiveram p<0,20 foram incluídas no modelo de regressão logística binária múltipla. Adotou-se nível de significância de 5%. Resultados: A amostra de 270 participantes foi predominantemente do sexo masculino, com idade média de 39 anos, autodeclarados negros, heterossexuais, com ensino fundamental incompleto e em situação de rua por mais de cinco anos. As condições de saúde mais prevalentes foram o sofrimento mental, problemas no sono, desconforto digestivo e doença respiratória. No modelo final, o uso de substâncias ilícitas esteve associado à escolaridade (OR = 4,16; IC95% 1,63-10,62), maior tempo em situação de rua (OR = 2,08; IC95% 1,01-4,28), ter sofrido violência (OR = 2,05; IC95% 1,04-4,04), tabagismo (OR = 3,46; IC95% 1,60-7,50) e em não receber benefício socioassistencial (OR = 2,62; IC95% 1,28-5,34). Conclusão: Revelou-se a presença de comorbidades nesta população e alta prevalência de uso de substâncias psicoativas, associada a determinantes comportamentos em saúde. Esses dados possibilitam o norteamento da gestão pública em saúde na elaboração de estratégias e ações conduzidas para as demandas particularidades dos viventes de rua.