Programa - Poster dialogado - PD25.13 - Estudos de temas e de problemas de saúde em trabalhadores(as) pouco visibilizados(as)
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA-TRABALHO DOS(AS) PESCADORES(AS) ARTESANAIS DO LITORAL PERNAMBUCANO
Pôster dialogado
Medeiros, ACLVM1, Gonçalves, JE1, Santos, MOS2, Gurgel, IGD1, Souza, W.V.1
1 IAM/FIOCRUZ
2 IAM/FIOCRUZ; UFRN
Objetivo: compreender o processo saúde-doença-trabalho dos(as) pescadores(as) artesanais do litoral Pernambucano. Método: estudo epidemiológico transversal, realizado entre setembro/2021 a agosto/2022, utilizando questionário estruturado, junto à 1.259 pescadores(as) artesanais dos 16 municípios do litoral Pernambucano,. Realizou-se análise descritiva com frequência absoluta e relativa das variáveis selecionadas. Resultados: a maioria dos(as) entrevistados(as) era do sexo feminino(67,7%), pretos/pardos(84,8%), com ensino fundamental incompleto(53,4%) e rendimentos insuficientes para a sobrevivência familiar(87,8%), o que levava alguns (26,2%) a terem outro trabalho além da pesca. Para a maioria, sua saúde era razoável ou ruim (57,0%) e já havia interferido no trabalho/atividade diária (59,6%), possuíam hipertensão arterial (59,9%), sobrepeso/obesidade (74,7%) e circunferência de cintura elevada/muito elevada (75,2%). Alguns fumavam (10,3%) ou já haviam fumado (18,9%) e consumiam bebida alcoólica(34,4%), sendo para alguns (16,4%) de forma abusiva. Conclusão: os(as) pescadores(as) sofrem processos de vulnerabilização, com suas vidas marcadas por questões de raça e gênero, baixas escolaridades e por rendimentos insuficientes, com a necessidade de outros tipos de trabalho para garantia da soberania alimentar. Esses fatores contribuem para o aumento do ritmo de trabalho, com intensificação das sobrecargas e adoecimentos, o que pode ser evidenciado a partir da autopercepção negativa da saúde, do impacto no trabalho e da presença de fatores de risco cardiovascular e de alguns hábitos de vida danosos. Essa realidade demonstra a importância da criação de estratégias de cuidado direcionadas a esse público, que é constantemente impactado em seus modos de vida e saúde e é tão importante para a cadeia produtiva do pescado pernambucana e brasileira.
AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE RUIM ENTRE TRABALHADORAS(ES) DE PRAIAS, SALVADOR/BA, 2023/24
Pôster dialogado
Nunes, T. S.1, Dias, W. P.1, Silva, J. S.1, Rodrigues, J. M1, Cremonese, C.1
1 UFBA
Objetivo: Medir a prevalência de autoavaliação de saúde ruim e determinantes sociais associados entre trabalhadoras(es) de praias em Salvador/BA, 2023/2024. Métodos: Realizou-se um estudo epidemiológico transversal, com aplicação de questionários estruturados, entre novembro/2023 e março/2024. A amostra foi composta por 579 trabalhadoras(es) das praias urbanas de Salvador/BA. Para medir o desfecho, utilizou-se a pergunta “Em geral, você diria que sua saúde é?”. A variável foi dicotomizada pela união das respostas “Excelente”, “Boa” ou “Regular” e “Ruim” ou “Péssima”. Variáveis sociodemográficas e ocupacionais foram coletadas por autoidentificação e incluídas no modelo (quando a análise bivariada apresentou p≤0,2) para condução de análise multivariada por meio de Regressão de Poisson (RP, IC:95%). Pesquisa aprovada pelo CEP/ISC – CAAE: 68859623.0.0000.5030. Resultados: A prevalência de autoavaliação de saúde ruim foi de 38,8%. Maiores prevalências foram identificadas em mulheres, pessoas pretas, idade entre 40 e 44 anos, escolaridade de nível médio e renda diária ≤ R$40. Ter sofrido acidente de trabalho no último ano foi relatado por 45,7% dos respondentes que apresentaram o desfecho. Quarenta e quatro por cento de trabalhadoras(es) com periodicidade de atuação nas praias de 5 dias/semana avaliam sua saúde como ruim. A análise ajustada identificou uma probabilidade 79% maior de percepção de saúde ruim entre trabalhadoras(es) que reportaram uma ou mais Doenças Crônicas Não Transmissíveis (RP: 1,79; IC95%: 1,26 – 2,51). Conclusão: Os resultados demonstram aspectos relevantes para avaliação das condições de saúde entre trabalhadoras(es) das praias. A autoavaliação de saúde ruim esteve associada, independente de outras variáveis, ao histórico de acidentes de trabalho.
DETERMINAÇÃO SOCIAL DOS ESTRESSORES DO TRABALHO DOMÉSTICO NÃO REMUNERADO
Pôster dialogado
Morais, A. C.1, Araujo, T. M.1, Lua, I.1, Araújo, N. C1, Carneiro, C. M. M.2, Pinho, P. S.2, Palma, T. F.1
1 UEFS
2 UFRB
Objetivo: avaliar determinação social dos estressores no trabalho doméstico não remunerado em população urbana. Métodos: Estudo transversal com amostra aleatória de 3.872 indivíduos com 15 anos ou mais de idade, derivado da pesquisa “Vigilância em saúde mental e trabalho: uma coorte da população de Feira de Santana-BA”, desenvolvida pelo NEPI/UEFS. Dados coletados em 2022-23, com questionário domiciliar e individual. A escala do DER-doméstico foi a variável desfecho de interesse. Resultados: População composta por 70,6% mulheres, com mais de 40 anos (68,53%), 34% negra, 42,5% com parceiros, 77,1% tinham filhos, 60,2% com ensino médio completo ou superior, 65,3% sem emprego formal; 60,87% sem ajuda no trabalho doméstico e 72,42% trabalhavam em casa. As estimativas evidenciaram presença de estressores no trabalho doméstico em 31,3% (n=989) das pessoas, com maior exposição entre mulheres (RP=3,29; IC95%:2,67-4,04), negras (RP=1,20; IC95%:1,08-1,32); menor renda mensal - até dois salário mínimo (RP=1,25; IC95%:1,10-1,42); mulheres que assumiam a chefia da família (RP=1,30;IC95%:1,17-1,43); que cuidavam de crianças (RP=1,60;IC95%:1,44-1,77); com maior carga horária dedicada ao trabalho doméstico (RP=1,47; IC95:1,32-1,63) sem ajuda domiciliar (RP=1,96;IC95%:1,21-3,18). Conclusões: Os estressores no trabalho doméstico são determinados por fatores sociais e culturais, com destaque para o gênero, raça, renda e características das demandas e jornadas do trabalho doméstico.
CONDICIONES ALIMENTARIAS, LABORALES Y OBESIDAD EN TRABAJADORAS INFORMALES, MEDELLIN-2021
Pôster dialogado
Garzón-Duque, MO1, Rodriguez-Ospina, FL2, Navarro-Zuluaga, M1, Jérez-Vélez, C1, Zuluaga-Giraldo, AM1
1 Universidad CES - Facultad de Medicina
2 Universidad de Antioquia - Facultad Nacional de Salud Pública
Objetivos: Identificar la relación existente entre las condiciones sociodemográficas, laborales, los hábitos alimentarios y la obesidad, en trabajadoras informales “venteras” en época de pandemia, Medellín-Colombia 2021. Métodos: Diseño transversal con fuente primaria de información, tomada mediante encuesta asistida a 370 hombres y 286 mujeres, utilizando muestreo tipo bola de nieve. Fueron controlados sesgos de selección e información, y se realizaron análisis exploratorios, bivariados y multivariados. Resultados: trabajadoras con 50,17 (+/-12,17) años, ingresos de 138,00 US, 74,7% sin pareja, 89,9% cabeza de familia, y 9,4% vio desintegrado su hogar en pandemia. El 53,5% sin permiso para trabajar y con 86.484,49 (+/-12,17) horas de exposición laboro ambiental. Índice de Masa Corporal (IMC)=29,04 (+/-5,76), y 40,1% con obesidad. Mayor IMC (p<0,05) en quienes exhibían sus productos en; carretas (33,48; +/- 3,45), coches (31,04; +/- 4,88) o maletas (30,10; +/- 2,26). Mayor prevalencia de obesidad (p< 0,05) en; trabajadoras en unión libre (RP=2,02), con familias reestructuradas (RP=1,49), en quienes habían sido obreras (RP=1,87), percibirse en sobrepeso (RP=19,37), consumir alimentos que venden sus compañeros (RP=1,89), consumir frutas (RP=3,17), verduras (RP=5,83) y comidas rápidas (RP=1,83) >5 veces/semana. Explicaron la obesidad; desintegración familiar en cuarentena (RPA=3,17), más horas de exposición laboro ambiental (RPA=1,56), consumir azucares, dulces y postres >5 veces/semana (RPA=1,28), percibirse en sobrepeso (RPA=8,92), y con ventas semiestacionaria/estacionaria (RPA=1,33). Conclusiones: Las condiciones que se relacionan con la obesidad en estas trabajadoras, pueden ser revertidas con acciones sobre los determinantes estructurales y proximales de la salud, aportando a revertir esta condición y mejorar sus condiciones de vida.
ANÁLISE DA DEPENDÊNCIA ESPACIAL DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL
Pôster dialogado
Souza, F. N. F.1, Palma, T. F.2, Ramalho, W. M.1, Sanchez, M. N.1
1 UNB
2 UEFS
OBJETIVO: Analisar a dependência espacial da prevalência de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil-TI, no Brasil, em 2010. MÉTODO: Estudo ecológico espacial, que analisou a autocorrelação espacial, com base no Índice I Global de Moran e no Índice Local de Moran-LISA, de forma univariada, utilizada na investigação da distribuição da prevalência de TI a cada 100, de crianças e adolescentes (10-17 anos), por município, a partir do Censo Demográfico Brasileiro-IBGE (2010). Para identificação da dependência espacial local, foram considerados os municípios com significância menor, ou igual a 0,05 (95-99,9% de confiança). RESULTADOS: Em 2010, haviam 3.406.514 crianças e adolescentes trabalhando no Brasil, destes 2.848.836 (83,6%), em situação de TI. A maior parte, entre 16-17 anos (n=1.330.777), seguida de 14-15 anos (n=807.920) e, de 10-13 anos (n=710.139). O índice I Global de Moran indicou a existência de autocorrelação espacial no conjunto global dos dados (I = 0,454). A partir do LISA, 1.654 municípios (29,8% dos municípios) apresentaram significância, sendo 818 municípios (14,7%) com significância de 0,05, 548 municípios (9,9%) com significância de 0,01 e 288 municípios (5,2%) com significância de 0,001. Evidenciou-se a presença de clusters formados a partir de agrupamentos de municípios com altos valores de prevalência de TI, sobretudo nas regiões Sul, Sudeste (especificamente, São Paulo e Rio de Janeiro) e em torno das capitais do Nordeste do Brasil. CONCLUSÕES: A prevalência de TI em uma determinada área geográfica é fator essencial para a compreensão deste fenômeno no Brasil e assim subsidiar políticas públicas de enfreamento.
DESAFIOS PARA ESTUDOS DE INTERVENÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Pôster dialogado
Santos, P. G. A. S.1, Fernandes, R. C. P.1
1 UFBA
Objetivo: Identificar os desafios encontrados pelos pesquisadores em estudos de intervenção na saúde do trabalhador. Métodos: Revisão sistemática de ensaios randomizados individuados e comunitários, publicados entre 2015 e 2020, em inglês, português e espanhol. Foram incluídos estudos que investigaram intervenções para prevenir Distúrbios Musculoesqueléticos (DME) e excluídos aqueles direcionados à assistência. Após triagem de 1.354 títulos, 58 estudos foram incluídos, porém 15 atenderam aos critérios de qualidade metodológica do Critical Appraisal Skills Programme (CASP) e subsidiaram as análises. Resultados: Observou-se diminuição na frequência e intensidade dos sintomas musculoesqueléticos, principalmente dor, particularmente nos estudos com exercícios físicos supervisionados no local de trabalho. Todavia, a falta de adesão e a perda de acompanhamento durante o seguimento do estudo representaram desafios significativos. Fatores que podem comprometer a análise dos resultados, mas em ambiente laboral, ocorrem por situações não controláveis nem pelos pesquisadores nem pelos participantes da pesquisa. Aspectos organizacionais como alterações nas demandas de trabalho, férias coletivas, demissões e falta de apoio dos gestores afetaram a participação. Além disso, o cegamento dos participantes, elemento essencial em estudos de intervenção, mostrou-se inviável no ambiente laboral devido à natureza das intervenções. Conclusão: Embora os resultados sejam positivos, não há evidências robustas que permitam determinar a estratégia mais eficaz para prevenir DME no ambiente laboral devido às dificuldades encontradas no decorrer dos estudos e à falta de padronização das intervenções, mesmo quando se utiliza o mesmo método. Sugere-se estudos que enfatizem a criação de modelos de análise específicos às intervenções no contexto laboral, considerando suas especificidades.