Programa - Poster dialogado - PD25.14 - Avaliação da atenção em saúde materno-infantil
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
EFEITOS DO PIM SOBRE USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE ATÉ OS 2 ANOS NA COORTE DE PELOTAS DE 2015
Pôster dialogado
Viegas da Silva, E.1, Hartwig, F.P.2, Yousafzai, A.3, Bertoldi, A. D.2, Murray, J.4
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, UFPEL; Centro de Pesquisas em Desenvolvimento Humano e Violência, UFPEL; Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul
2 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, UFPEL
3 Department of Global Health and Population, Harvard School of Public Health
4 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, UFPEL; Centro de Pesquisas em Desenvolvimento Humano e Violência, UFPEL
Objetivos: Avaliar efeitos em condições de vida real, do programa de visitas domiciliares Primeira Infância Melhor (PIM), sobre o uso de serviços de saúde preventivos (pré-natal, puericultura, saúde bucal e vacinação) e de recuperação (emergências e hospitalizações). Métodos: Quase-experimento aninhado ao estudo de base populacional Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. Após identificar as crianças da coorte que receberam o PIM, pareamento por escore de propensão baseado em 27 preditores foi empregado para selecionar controles comparáveis. O grupo intervenção foi inicialmente definido como todas as crianças que receberam o PIM até os 6 meses de idade, e depois estratificado entre as que iniciaram durante a gestação ou após o nascimento. Os desfechos de uso de serviços de saúde até os 2 anos de idade foram relatados pelas mães em 5 acompanhamentos da coorte. Regressão de Poisson com variância robusta foi empregada. Resultados: Não foram encontrados efeitos para o grupo intervenção geral (262 pares analisados), ou para o subgrupo que iniciou o PIM após o nascimento (133 pares analisados). Porém, quando iniciado na gestação (129 pares analisados) o PIM aumentou em 13% a prevalência de número adequado de consultas de pré-natal (RP = 1,13; IC 95% 1,01–1,27). Teste de interação indicou que receber o programa por mais tempo com menor rotatividade de visitadoras potencializou tal efeito. Não foram encontrados efeitos sobre uso de outros serviços. Conclusão: As visitas do PIM na gestação facilitaram a integração da família com serviços de saúde neste período extremamente sensível ao desenvolvimento humano.
DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DA SUFICÊNCIA DE LEITOS NEONATAIS NO BRASIL
Pôster dialogado
Gomes, M.A.S.M.1, Magluta, C.1, Silva, L.B.R.A.A.1, Campos, T.P.1, Almeida, B.C.F.1
1 IFF/FIOCRUZ
Objetivos
Analisar a distribuição regional da suficiência de neonatais por Unidades da Federação (UF) e Macrorregiões de Saúde (MS) em 2022.
Métodos
Foram utilizados dados secundários disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), utilizando as bases de dados do CNES e SINASC. A análise se deu através do TabWin, RStudio e Excel.
Resultados
Foi analisada a distribuição suficiência de neonatais de acordo com o número de nascidos vivos residentes em cada UF e MS, conforme estabelecido pela Portaria nº 930, que define as diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação de leitos de Unidade Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A análise evidenciou disparidades entre a necessidade de leitos e a capacidade instalada, essa diferença se deu de modo desigual, principalmente com relação aos leitos neonatais intermediários em todo o Brasil, nos quais os leitos estão concentrados nas capitais.
Conclusões
O estudo evidencia um déficit de leitos neonatais em muitas MS, impactando na qualidade da assistência neonatal e reafirmando os achados de Rashidian, em revisão sistemática de 2014, que a implementação de programas de regionalização perinatal está correlacionada a melhorias nos resultados perinatais. Uma organização adequada da rede de atenção perinatal assegura o cumprimento dos princípios constitucionais de universalidade do acesso, equidade e integralidade do cuidado.
FATORES ASSOCIADOS A PARENTALIDADE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL: ANÁLISE POR SEM
Pôster dialogado
Dal‘Ava dos Santos, L. M. T.1, Gonçalves, V. S. S.1, Carmo, A. S.1, Buccini, G.2, Pizato, N.1
1 UnB
2 UNLV
O objetivo foi avaliar como fatores sociodemográficos e de saúde mental materna influenciam na parentalidade e no desenvolvimento infantil de crianças até 24 meses. Estudo transversal utilizando dados da linha de base de 301 cuidadores de crianças participantes de Programa Criança Feliz (PCF) no Distrito Federal (DF). Em 2022 foram coletados dados sociodemográficos, de depressão e ansiedade materna práticas parentais responsivas e não responsivas, e risco de atraso no desenvolvimento por meio de questionários validados. Os dados foram analisados por um modelo híbrido de equações estruturais. Entre os cuidadores, 61,8% declararam ter menor renda (até R$1.000,00 mensais, US$ 194.55), 50,2%; IC95%: 44,5-55,8) e 65,9% (IC95%: 60,3-71,1) dos pais possuíam ensino médio incompleto ou menos. Metade das mães reportaram depressão e ansiedade (50,5%; IC95%: 44,9-56,1). A frequentes de práticas parentais não responsivas como inconsistência parental foi 32,6% (IC95% 27,5-38,0) e práticas coercitivas 43% (IC95%37,4-48,5). Entre as crianças, 44% (IC95%: 38,7-49,8) apresentaram risco para atraso no desenvolvimento, sendo esta variável associada com menor nível de escolaridade paterna (β=-0,197; p=0,008) e com a presença de ansiedade materna (β=0,292; p=0,001). Práticas parentais não reaponsivas (variável latente formada pelo encorajamento parental, qualidade do relacionamento pai-filho, ajustamento parental e ajustamento familiar) se associaram com menor renda (β=-0,398, p<0,001) e com a presença de ansiedade (β=0,214, p=0,046). Disparidades sociodemográficas e a presença de ansiedade materna foram associados com práticas parentais não responsivas e com o risco de atraso no desenvolvimento destas crianças.
EFEITO DA REDE CEGONHA SOBRE A MORTALIDADE MATERNA NO BRASIL NO PERÍODO DE 2011 A 2019
Pôster dialogado
Lima, A. M.1, Alves, F. J. O.1, Luz, L.A.1, Santos, M. S.1
1 UFBA
Introdução: A morte materna é um grave problema de saúde pública mundial. A implementação de programas e políticas públicas como a Rede Cegonha poderiam auxiliar na mudança deste cenário no Brasil. Objetivo: Avaliar se existe efeito da Rede Cegonha na redução da Mortalidade Materna no Brasil no período de 2011 a 2019. Método: Estudo ecológico modelado a partir de séries temporais interrompidas, considerando uma série de dados de 1999 a 2019 no Brasil e regiões brasileiras. Os dados secundários foram extraídos para cada Unidade Federativa (UF) e sumarizados para cada ano (réplica) da série temporal. Modelos lineares generalizados (GLS) com estrutura de autocorrelação ARMA (p q) e estrutura de regressão de uma série temporal interrompida foram selecionados para a presente abordagem. Além do modelo geral para o Brasil, outros cinco modelos para cada região do país foram ajustados seguindo os mesmos procedimentos e estruturas. Todos os modelos foram ajustados no ambiente R, utilizando os pacotes nlme (função gls) e forecast (função checkresiduals). Um modelo “contrafactual” foi também computado para simular um cenário onde a Rede Cegonha nunca foi implantada. Resultados: Foi observado tanto um efeito imediato quanto tardio no modelo para o Brasil e as regiões Centro-Oeste e Sul, revelando uma redução na mortalidade materna. Região Nordeste apresentou apenas um efeito tardio, região Sudeste apresentou apenas um efeito imediato e região Norte foi a única que não apresentou nenhum efeito. Conclusão: Os resultados evidenciaram que programas como a Rede Cegonha atuam na trilha causal dos desfechos desfavoráveis na gestação.
QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA MATERNA COM SISTEMA INFORMATIZADO DE VIGILÂNCIA DE ÓBITOS
Pôster dialogado
Vieira, F.M.S.B1, Cardoso, B.B1, Gerassi, CD1, Alvarenga, C.A.R1, Melo, M.F.R.S1, Penha, A.S1, Zapata, G.O.G.1, Meijinhos, L.S.1, Santos, A.F1, Tenório, U.S1
1 Secretaria Municipal de Saúde - SMS-RJ
Objetivo: apresentar o Sistema de Informação de Vigilância de Óbitos do município do Rio de Janeiro, construído para subsidiar a qualificação da assistência à saúde materna.
Métodos: construído sistema de informação com acesso exclusivo através de rede restrita, como ferramenta de registro de informação da investigação dos óbitos no ciclo gravídico-puerperal. Criados módulos para inserção de ficha, busca da ficha inserida, área de exportação de banco de dados, dicionário de banco de dados, e módulo para análise automatizada. A interface de entrada de dados contém os campos da ficha de conclusão do caso e bloco para registro dos problemas identificados na investigação, com campos que possibilitam classificá-los como: Gestão, Monitoramento, Avaliação e conduta no risco e Protocolo clínico. O sistema possibilita o registro das recomendações geradas na análise do caso no percurso assistencial, possibilitando anexação do resumo das informações de cada caso.
Resultados: Foram registradas 793 investigações de óbito de 2019 a 2023, com 1406 problemas identificados, média de 1,8 problemas por óbito. Os problemas foram direcionados para as áreas: Pré-natal (55,9%), Planejamento reprodutivo (10,2%), Assistência hospitalar (exceto parto) (10,0%), Assistência ao parto (7,8%), Assistência na urgência/emergência (5,5%), Organização do sistema/serviço de saúde (3,6%) e outros (7,0%). Em relação às categorias, os problemas foram classificados como Protocolo clínico (38,9%), Avaliação e conduta no risco (30,1%), Monitoramento (20,4%) e Gestão de Serviço (10,6%).
Conclusão: O sistema permite a categorização dos principais problemas relacionados aos óbitos no ciclo gravídico-puerperal, permitindo ações direcionadas à realidade local, qualificando a assistência à saúde das mulheres.
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS ÓBITOS NA PRIMEIRA HORA DE VIDA EM MATERNIDADE DE ALTO RISCO
Pôster dialogado
Oliveira, M. M. M. R.1, Arruda, S. M. M.1, Lima, A.M.1, Cruz, E. R. C.1, Souza, S. R. S.2, Silva, W. S.1, Braz, P. C. D. O.1, Oliveira, R. L.3, Nascimento, C. H.3
1 Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP
2 Faculdade Pernambucana de Saúde - FPS
3 SES-PE
Descrever características epidemiológicas e demográficas de crianças que morreram na 1ª hora de vida em uma maternidade de referência para gestações de alto risco.
Estudo descritivo, transversal de todos os óbitos neonatais na primeira hora de vida no IMIP, de janeiro de 2021 a dezembro de 2023. Dados primários foram obtidos do SIM e do Sinasc. Excluídas crianças com peso inferior a 500g. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da instituição.
No período nasceram no IMIP 12.680 RN e ocorreram 474 óbitos neonatais, sendo 73 (15,4%) na primeira hora de vida. Observou-se que a idade materna variou de 16 a 45 anos, com média de 28 anos, sendo 12,3% adolescentes. Mais da metade das mães (58,9%) tinham entre 10 e 12 anos de estudo e 28,7% eram primíparas. Em relação ao pré-natal, a maioria (58,9%) realizou 6 ou mais consultas e apenas 5,4% nenhuma. Quanto à procedência, 20,5% eram da capital, 45,2% da Região Metropolitana e 30,9% do interior. O parto vaginal ocorreu em 53,4% dos casos. O peso ao nascer variou entre 504 e 4.716g, com média de 1.967g e a taxa de prematuridade foi de 65,7%. O sexo feminino predominou (49,3%). As principais causas básicas foram malformações graves (69,9%), seguidas das síndromes genéticas (9,6%) e processos infecciosos na gestante (8,2%).
Do total de óbitos, 15,4% ocorreram na primeira hora de vida.
As malformações congênitas representaram a principal causa de óbito, no entanto a ocorrência de eventos potencialmente preveníveis pode estar relacionada à assistência pré-natal inadequada nos desfechos inesperados.