Programa - Poster dialogado - PD25.17 - Epidemiologia da saúde da criança
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
ASSOCIAÇÃO ENTRE METABOLOMA E ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS <5 ANOS: RESULTADOS DO ENANI
Pôster dialogado
Freire, S.S.R.1, Keller, V. N.1, Padilha, M.1, Schincaglia, R. M.2, Freitas-Costa, N. C.1, Damasceno, D. B.1, Araújo, C.S.D.T.1, Normando, P.1, Ferreira, G. S. A.1, Castro, I.R.R.3, Lacerda, E. M. A.1, Farias, D. R.1, Kac, G.1
1 Instituto de Nutrição Josué de Castro/ Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás
3 Instituto de Nutrição/ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Objetivo: Examinar a associação do metaboloma infantil com o stunting e o excesso de peso entre crianças brasileiras de 6-59 meses.
Métodos: O metaboloma não direcionado (untargeted) foi analisado no soro de uma subamostra de 5.004 crianças pesquisadas pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019). Foram identificados 75 metabólitos pelo método de eletroforese capilar com injeção multissegmentada e espectrometria de massa. A classificação do estado nutricional considerou as recomendações da OMS: stunting, altura/comprimento para idade <-2 escores-z; e excesso de peso, IMC para idade >2 escores-Z. Foram identificados outliers e removidos 4 marcadores com valores faltantes. Para avaliar a associação entre o metaboloma e os desfechos foi realizada regressão logística bruta com estimativas de Odds ratio (OR) e p-valores ajustados para múltiplas comparações pelo método de Benjamini-Hochberg.
Resultados: A prevalência de stunting foi de 5,7% e de sobrepeso, 8,3%. Os metabólitos creatinina (OR=0,34; p=3,04 x 10-7), treonina (OR=0,61; p=0,009), valina (OR=0,57; p=0,009), ácido homovanílico (OR=0,54; p=0,017), lisina (OR=0,64; p=0,026), carnitina (OR=0,59; p=0,042), citrulina (OR=0,65; p=0,042) e leucina (OR=0,67; p=0,042) foram inversamente associados com o stunting. O ácido beta-aminobutírico (OR=1,41; p=0,004), tirosina (OR=1,87; p=0,004), valina (OR=1,70; p=0,004), treonina (OR=1,56; p=0,012), metilarginina (OR=1,51; p=0,012), ácido hidroxibutírico (OR=1,42; p=0,024) e lisina (OR=1,41; p=0,030) apresentaram associação direta e a prolina-betaina (OR=0,89; p=0,011), inversa com o sobrepeso.
Conclusões: Crianças com stunting e excesso de peso apresentaram diferenças em metabólitos relativos ao crescimento e desenvolvimento infantil como os aminoácidos, aminas biogênicas e compostos orgânicos.
ADEQUAÇÕES DE IMC E ESTATURA EM SEIS MILHÕES DE CRIANÇAS BRASILEIRAS SEGUNDO REGIÕES
Pôster dialogado
AGUIAR, S. M.1, VIEIRA, C. S.2, MOREIRA, Alexandra Dias3, MAIA, K. N. H.1, CABRAL, L. S. V.4, DE JESUS PINTO, ELIZABETE5, FELISBINO-MENDES, MARIANA SANTOS3, BARRETO, MAURICIO2, VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, Gustavo3, DE CÁSSIA RIBEIRO SILVA, RITA6
1 Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais
2 CIDACS/FIOCRUZ, Bahia
3 Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais
4 Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
5 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
6 Universidade Federal da Bahia
Objetivos: Analisar a adequação do crescimento linear e ponderal de crianças brasileiras por meio dos escores-z de estatura/idade, peso/idade, e Índice de Massa Corporal (IMC)/idade segundo regiões brasileiras. Métodos: Utilizamos uma coorte administrativa de base populacional ( “Coorte de 100 Milhões de Brasileiros”) obtida por linkage entre as seguintes bases: Cadastro Único do Governo Federal, Sistema Nacional de Nascidos Vivos e Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional. A partir delas, foi constituída uma coorte longitudinal de seis milhões de crianças nascidas entre 2001 e 2014, acompanhadas até os nove anos de idade. Resultados: No Norte, as tendências de adequação à população de referência em escore-z de estatura/idade foram negativas, sem recuperação até os 9 anos. Adequações negativas também foram observadas, porém, com recuperação à norma, a partir dos 5 anos no Sudeste, dos 6 anos no Sul, dos 5 anos no Centro-Oeste e dos 8 anos no Nordeste. Em todas as regiões, os escores-z de peso/idade e de IMC/idade atingiram valores positivos, exceto no Norte. Os escores-z desses índices foram mais elevados no Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Conclusões: Os índices de estatura das crianças menores de 9 anos, em geral, se adequam a referência da OMS, com exceção do Norte. Nas outras regiões, observa-se uma retomada de adequação de estatura à referência, a partir dos 5 anos de idade. Os escores-z de peso e IMC em geral foram adequados com alerta de potencial aumento do sobrepeso em todas as regiões, exceto do Norte.
PREVALÊNCIA DE ALERGIA ALIMENTAR EM CRIANÇAS BRASILEIRAS <5 ANOS: RESULTADOS ENANI-2019
Pôster dialogado
Araujo, C.S.D.T1, Mello, J.V.C1, Freitas-Costa, N.C1, Damasceno, D.B1, Schincaglia, R.M2, Lacerda, E.M.A1, Oliveira, Natália1, Castro, I.R.R3, Kac. Gilberto1
1 UFRJ
2 UFGO
3 UERJ
Objetivo: Estimar a prevalência de qualquer tipo de alergia alimentar (AA), ao leite (AL) e a ovos (AO) segundo macrorregião, idade da criança e escolaridade da mãe. Métodos: Foram analisados dados de 14.558 crianças <5 anos do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), inquérito nacional de base domiciliar. Prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC95%) de alergia alimentar foram estimados mediante diagnóstico médico segundo relato da mãe. A ausência de sobreposição dos IC95% indicou diferenças estatisticamente significativas. Resultados: A prevalência de AA foi de 4,6% (IC95%), sendo maior na região Sul [6,3% (4,5-8,2)], entre crianças de 48-59 meses [6,3% (5,1-7,6)] e filhos de mães com ≥11anos de escolaridade [5,3% (4,6-6,1)], quando comparada à observada entre crianças da região Nordeste [3,3% (2,4-4,3)], aquelas entre 1-23 meses [3,0% (2,1-3,8)] e filhos de mães com 8-10 anos de escolaridade [3,0% (2,0-4,0)], respectivamente. A prevalência de AL foi de 2,1% (IC95%), sendo maior na região Sul [3,4% (2,1-4,7)], entre crianças de 48-59 meses [6,3% (5,1-7,6)], e filhos de mães com ≥11anos de escolaridade [2,5% [1,9-3,0)], quando comparada à observada na região Nordeste [1,4% (0,8-2,0)] e entre filhos de mães com 8-10 anos de escolaridade [1,1% (0,7-1,6)], respectivamente. A prevalência de AO foi de 0,6% (IC95%) e maior entre filhos de mães com ≥11 anos de escolaridade [1,0% (0,6-1,3)], quando comparada à daquelas com 0-7 [0,2% (0,0-0,4)]. Conclusão: A prevalência de diferentes alergias alimentares acometeu 4,6% das crianças brasileiras e variou segundo a macrorregião, idade da criança e escolaridade da mãe.
DOR DENTÁRIA E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE BUCAL EM CRIANÇAS
Pôster dialogado
K. P. R.1, M. S. F.2, L. A. P.2, M. S. A.2, V. P. P. C.2, M. L. G2
1 UFRGS
2 UFPel
Objetivo: Verificar a associação entre a dor dentária e o impacto na qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) em crianças.
Método: Estudo transversal com 199 crianças (2-5 anos) matriculadas em todas as pré-escolas em Capão do Leão-RS, Brasil. Um questionário estruturado foi aplicado para coletar as variáveis de interesse (aspectos sociodemográficas, econômicos, uso de serviços odontológicos, QVRSB e dor/trauma dentário). A percepção da QVRSB das crianças foi avaliada através da versão brasileira do Early Childhood Oral Health Impact Scale (B-ECOHIS). A regressão de Poisson com variância robusta foi realizada para identificar a razão de risco (RR) e o intervalo de confiança de 95%-IC95% na associação entre o desfecho (dor dentária-ausente vs. presente) e a principal variável de exposição (ECOHIS-variável contínua) - Razão de Prevalência (RP) para descrição das variáveis categóricas; modelo ajustado para sexo/idade/escolaridade materna/renda familiar/uso de serviços/trauma dentário/cárie dentária. Comitê de Ética em Pesquisa UFPel-#2531245.
Resultados: A prevalência de dor dentária foi de 14,57% (n=29). As crianças com dor dentária apresentaram pontuações significativamente mais altas no B-ECOHIS [RR=7,11(4,55-11,09);p<0,001] e em todos os domínios avaliados [sintomas orais/funcionalidade/psicológico/autoimagem/angústia paternal/social (p<0,001)]. O histórico de trauma dentário e o motivo de última visita ao consultório odontológico (extração/restauração/tratamento endodôntico) também foram significativamente associadas ao desfecho [RP=2,41(1,15-5,04);p<0,001–RP=2,49(1,01-6,19);p=0.048, respectivamente].
Conclusão: Uma substancial prevalência de dor dentária nos últimos 6 meses foi identificada, sobretudo entre àquelas crianças com maior grau de impacto na QVRSB. O histórico de dor dentária também foi associado ao trauma dentário e ao motivo de última busca ao tratamento odontológico.
ABUSO SEXUAL INFANTIL: UMA PERSPECTIVA EPIDEMIOLOGICA NA IDENTIFICAÇÃO DE VULNERABILIDADES
Pôster dialogado
Silva, B.B1, Martins, A.G1, Alves, V.H1
1 UFF
OBJETIVOS: O estudo teve como objetivo analisar as vulnerabilidades associadas ao abuso sexual infantil no estado de Roraima, Brasil, no período de 2019 a 2022. MÉTODOS: Foi realizada uma análise transversal com dados obtidos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), abrangendo notificações de abuso sexual infantil em crianças de 1 a 9 anos de idade, no estado de Roraima, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022. Os critérios de inclusão foram baseados no recorte temporal definido e nas notificações de abuso sexual em crianças dentro da faixa etária mencionada. RESULTADOS: Foram registrados 556 casos de abuso sexual infantil no estado de Roraima durante o período analisado. A distribuição por faixa etária revelou 41 casos em crianças com menos de 1 ano, 232 casos em crianças de 1 a 4 anos, e 283 casos em crianças de 5 a 9 anos. A maioria dos casos ocorreu em ambientes domésticos, sendo os agressores majoritariamente conhecidos das vítimas, incluindo familiares. Fatores de risco significativos incluíram baixa renda familiar, baixa escolaridade dos pais, e histórico de violência doméstica. Crianças negras e indígenas apresentaram maior vulnerabilidade comparativamente a crianças brancas. A presença de múltiplos fatores de risco aumentou significativamente a probabilidade de ocorrência de abuso. CONCLUSÕES: A vulnerabilidade das crianças mais novas e a capacidade limitada de denunciar os abusos ressaltam a necessidade urgente de fortalecer as estratégias de prevenção e intervenção.
SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE EM MENORES DE UM ANO HOSPITALIZADOS DURANTE A PANDEMIA
Pôster dialogado
Sansone, N. M. S.1, Ulmer, T. P.1, Fraga, A. M. A.1, Marson, F. A. L.1
1 USF
Objetivo: Descrever as características de pacientes com menos de 1 ano de idade no Brasil com diagnóstico da SRAG e demonstrar fatores associados à morte pela COVID-19 nessa faixa etária.
Métodos: As características foram obtidas no Open-Data-SUS. Os pacientes foram classificados em: (G1) COVID-19 (RT-PCR ou testes de antígeno positivos), (G2) SRAG causada por outros fatores etiológicos e (G3) SRAG por agente etiológico indefinido (possível subnotificação da COVID-19). Os preditores de óbito no G1 foram listados por regressão logística binária multivariada.
Resultados: Foram incluídos 61.118 [G1 (n=8.700; 14,2%), G2 (n=7.775; 12,7%) e G3 (n=44.643; 73,1%)] indivíduos. O óbito, quando descrito, foi observado com maior frequência no G1 (n=760; 10,4%) em comparação ao G2 (n=130; 1,8%) e G3 (n=1.289; 4,0%). Os perfis demográficos, clínicos e evolutivos foram diferentes no G1, G2 e G3. Diferentes fatores podem estar associados à classificação dos pacientes em cada grupo e ao possível subdiagnóstico da COVID-19 no G3. A análise multivariada foi capaz de predizer o óbito entre os pacientes classificados como G1 e os principais preditores foram: raça [asiática (OR=6,80; IC95%=1,76-26,28) e pardos (raça multirracial; OR =1,94; IC95%=1,35-2,80)], presença de comorbidades [cardiopatias (OR=2,97; IC95%=1,89-4,67), síndrome de Down (OR=3,28; IC95%=1,60-6,72), diabetes mellitus (OR=5,26; IC95%=1,30-21,36) e outras comorbidades (OR=1,89; IC95%=1,32-2,71)], necessidade de tratamento em unidade de terapia intensiva (OR=1,76; IC95%=1,14-2,73) e necessidade de suporte ventilatório invasivo (OR=15,60; IC95%=8,59-28,34).
Conclusão: A SRAG em pacientes <1 ano de idade esteve associada à presença de agente etiológico indefinido, e essa classificação, pode estar relacionada à provável subnotificação da COVID-19.