Programa - Poster dialogado - PD25.18 - Epidemiologia dos transtornos mentais
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
IDENTIFICAÇÃO DE BARREIRAS AO ACESSO À SAÚDE EM GESTANTES COM TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
Pôster dialogado
Scherer, J.N.1, Santos, F.S.1, Gorniak, V.2, Althoff, B.2, Lopes, R.2, Garcia, G.3, Primo, L.1
1 UNISINOS
2 UFCSPA
3 HMIPV
Objetivo: Identificar barreiras ao acesso à saúde mental e fatores associados em gestantes com transtornos psiquiátricos.
Método: Estudo de caráter transversal e abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 70 gestantes recrutadas em diferentes setores de um hospital público especializado no cuidado materno-infantil. A identificação de transtornos psiquiátricos ocorreu por meio da Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5. As participantes foram avaliadas a partir de instrumentos validados e pela Escala de Avaliação das Barreiras ao Acesso ao Cuidado (BACE). A associação entre as variáveis estudadas foi verificada por análises bivariadas, considerando-se um nível de significância de 5%.
Resultados: As barreiras que mais apareceram como impedindo ou desencorajando muito o acesso à saúde mental na amostra foram: a dificuldade de falar sobre sentimentos (24,3%), querer resolver o problema sozinha (23,2%) e medo de ser vista como fraca por ter um problema de saúde mental (21,5%). Gestantes com episódio depressivo atual apresentaram maiores escores na BACE do que as gestantes com outros transtornos (mediana 24 vs 6; p=0,005). Ter histórico de abuso físico ou emocional também foi significativamente associado com maiores escores na BACE. Demais variáveis psicossociais, como idade, estado civil e classe social, não foram associadas aos resultados da BACE.
Conclusões: As principais barreiras ao acesso à saúde mental relatadas foram referentes a questões de medo e estigma. Mulheres com histórico de traumas na infância apresentaram mais barreiras ao acesso à saúde mental; na gestação, esses fatores podem causar o agravamento do quadro psiquiátrico, trazendo riscos à saúde materno-infantil.
PAPEL DOS COMPORTAMENTOS DE MOVIMENTO NA ASSOCIAÇÃO ENTRE OBESIDADE E SAÚDE MENTAL
Pôster dialogado
Barbosa, B.C.R.1, Paula, W.1, Fróis, L.F.1, Meireles, A.L.1
1 UFOP
Objetivo: Avaliar a associação entre saúde mental e obesidade em universitários, mediada pelos comportamentos de movimento.
Métodos: Estudo transversal multicêntrico com estudantes de graduação de oito universidades de Minas Gerais, entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022, por meio de um questionário online. A obesidade foi considerada variável desfecho, mensurada de forma autorreferida por meio do IMC, classificado de acordo com as recomendações da OMS. A variável explicativa foi a presença de sintomas de ansiedade e depressão, avaliada pela Depression, Anxiety and Stress Scale-21. A variável mediadora foi a razão entre o tempo gasto em atividade física de lazer moderada a vigorosa (AFMV) e em comportamento sedentário (CS). A prática de AFMV foi mensurada com base no Vigitel e o CS pelo tempo total sentado. Foram realizadas análises de regressão logística e de mediação, sendo esta última pelo método Karlson-Holm-Breen.
Resultados: Entre os 8.580 estudantes, 12.7% foram classificados com obesidade. A prevalência de sintomas de ansiedade e depressão foi 59,7% e 63,1%, respectivamente. Observou-se que estudantes com sintomas de ansiedade [OR: 1,34 (IC95%: 1,17-1,54)] e depressão [OR: 1,41 (IC95%: 1,22-1,62)] têm mais chances de apresentarem obesidade. Verificou-se que 12,8% e 14,1% do efeito total dos sintomas de transtornos mentais na obesidade são explicados pela razão AFMV/CS.
Conclusão: A presença de sintomas de ansiedade e depressão foi associada a obesidade e parte deste efeito é mediado pelos comportamentos de movimento. O ambiente universitário representa um cenário ideal para abordar a saúde mental e promover estilo de vida saudável.
ESTADOS BRASILEIROS COM MAIOR PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO
Pôster dialogado
Pontes, G. B. M.1, Cavalcante, C. C.1, Araujo, A. S.1, Alves, D. F.1, Vasconcelos Filho, E. V.1
1 UFPB
Objetivo: Rastrear os estados brasileiros com maior prevalência de transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT) notificados no período de 2010 a 2022. Método: Estudo quantitativo, longitudinal e retrospectivo, realizado por meio da coleta de informações das bases de dados do SmartLab-SINAN/Ministério da Saúde e IBGE, cujo critério de inclusão dos dados se deu por todas as notificações oficiais de TMRT, no período de 2010 a 2022, dos 26 estados brasileiros e do DF. Além disso, realizaram-se cálculos estatísticos de prevalência com a média obtida da população em idade ativa, de 15 a 64 anos, dos Censos de 2010 e 2022 dos respectivos estados e do DF, de maneira a mitigar eventuais distorções. Resultados: Verificou-se um total de 17.000 notificações de TMRT em todos os estados e no DF no período avaliado. Por meio da obtenção das respectivas prevalências (em casos para cada 100.000 pessoas em idade ativa), constataram-se os 10 estados cujos TMRT foram proporcionalmente mais frequentes: RN (≅52,39/100.000), AL (≅34,20/100.000), MS (≅31,34/100.000), MG (≅21,87/100.000), TO (≅21,81/100.000), PB (≅20,73/100.000), SP (≅14,91/100.000), PE (≅13,77/100.000), RS (≅13,75/100.000) e BA (≅13,16/100.000). Conclusões: Foram identificadas variações significativas na prevalência de TMRT nos estados brasileiros de 2010 a 2022, com destaque para a liderança do Rio Grande do Norte. Esses achados destacam a necessidade de políticas públicas regionais específicas, baseadas em estudos quantitativos e qualitativos estrategicamente direcionados, para prevenção e tratamento de TMRT, além de contínua coleta de dados para monitorar tendências e avaliar intervenções. Assim, poder-se-á minorar os impactos dos TMRT no país.
ESTRESSORES OCUPACIONAIS E TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS: GERAÇÃO E GÊNERO NO ELSA-BRASIL
Pôster dialogado
Cardim, A.1, Almeida, M.C.C.2, Nunes, M.A.A.3, Moreno, A.B.4, Griep, R.H.4, Matos, S.M.A.5
1 ISC/UFBA/SESAB/Divast
2 Fiocruz/BA
3 UFRGS
4 ENSP/Fiocruz/RJ
5 ISC/UFBA
Objetivo: Avaliar a associação entre estressores ocupacionais (EO) e transtornos mentais comuns (TMC), segundo gênero e geração de nascimento em uma coorte brasileira. Métodos: Estudo transversal realizado com 12.105 participantes ativos da linha de base do Estudo Longitudinal Saúde do Adulto. TMC foram identificados pelo Clinical Interview Schedule – Revised e os estressores ocupacionais, pelo Questionário Sueco de Demanda-Controle-Apoio Social. Prevalências de TMC foram analisadas usando a razão de prevalência (RP) como medida de associação e o teste de qui-quadrado com nível de significância de 5%. A associação entre EO e TMC foi estimada mediante análise de regressão logística binária com análises de potenciais confundidores e modificadores de efeito realizadas por gênero e geração de nascimento. Resultados: 26,8% dos participantes apresentaram TMC. A prevalência entre mulheres foi 35,9% e 19,3% entre homens (RP=1,86; IC95% 1,75-1,98). A associação positiva e estatisticamente significante entre EO e TMC após o ajuste do modelo se manteve entre mulheres da Geração Baby Boomer com trabalho ativo (RP=1,32; IC95% 1,13-1,54) e de alta exigência (RP=1,41; IC95% 1,14-1,73) e entre mulheres da Geração X com trabalho ativo (RP=1,39; IC95% 1,09-1,78). Entre homens não foi verificada associação positiva e estatisticamente significante entre EO e TMC. Conclusões: Os resultados apontam para necessidade de investigar efeitos de longo prazo associados à ocorrência de eventos de vida produtores de estresse e fatores que potencialmente modifiquem seu impacto. Mulheres pertencentes a Geração X e com menor escolaridade estão mais expostas aos efeitos do estresse do trabalho e falta de apoio social.
EFEITO DE UMA INTERVENÇÃO NOS SINTOMAS DEPRESSIVOS CONFORME ESTADO NUTRICIONAL EM ADULTOS
Pôster dialogado
Luciene R Franco dos Santos1, Cecília Bertuol1, Edu Fiorin Schopf1, Samara Mendes1, Giovani Firpo Del Duca1
1 UFSC
Objetivo: Verificar o efeito de uma intervenção de atividade física, conforme o estado nutricional, de adultos com sintomas depressivos. Métodos: Estudo de ensaio clínico randomizado, com 78 adultos com sintomas depressivos (n = 39 grupo controle; n = 39 grupo intervenção). Com intervenção realizada duas vezes na semana, por 16 semanas e consistiu em encontros presenciais e on-line. O desfecho do estudo foram os sintomas depressivos, avaliados pelo Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9), enquanto o estado nutricional foi utilizado como variável de estratificação (eutrofia versus excesso de peso). Para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), considerou-se o autorrelato da massa corporal e da estatura, com valores ≥25,0 kg/m2 indicando excesso de peso. Foram conduzidas análises por intenção de tratar e, para comparações entre os períodos e entre os grupos, a partir das Equações de Estimação Generalizadas, aplicando o post-hoc de Bonferroni. Adotaram-se valores significativos de p≤0,05 e de p≤0,10 nas interações tempo*grupo, através do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 23.0). Resultados: Nos indivíduos com excesso de peso, observou-se uma interação grupo*tempo estatisticamente significativa (p=0,006), com redução dos sintomas depressivos mais expressiva em favor do grupo intervenção. Por outro lado, nos indivíduos com eutrofia, diferenças significativas foram encontradas apenas para grupo (p=0,025) e tempo (p≤0,001), com menores médias de sintomas depressivos para o grupo intervenção e no pós-intervenção, respectivamente. Conclusão: O efeito de uma intervenção de atividade física foi dependente do estado nutricional dos adultos, beneficiando particularmente aqueles com excesso de peso na redução dos sintomas depressivos.