Programa - Poster dialogado - PD25.19 - Mortalidade por câncer no Brasil: perfis, tendências e impactos econômicos
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
14:00 - 15:00
SOBREVIDA GLOBAL DE MULHERES JOVENS COM CÂNCER DE MAMA ACOMPANHADAS NO RIO DE JANEIRO
Pôster dialogado
Silva, P. M.1, SARAIVA, D.C.A2, Gomes-Silva, B. R.3, PINHEIRO, R. L.2, MONTEIRO, G.T.R.4, SANTOS, S. S.4
1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2 Instituto Nacional do Câncer - INCA
3 Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
4 Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde, Escola Nacional de Saú
Objetivos: Estimar a sobrevida global de mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama e fatores associados. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo com 315 mulheres até 39 anos diagnosticadas no INCA entre 2010-2012 com câncer de mama primário (estadiamento I-III), identificadas por meio do Registro Hospitalar de Câncer do HCIII. Os dados foram coletados em prontuários físicos e eletrônicos. A sobrevida global (SG) foi calculada pelo método Kaplan Meier e as curvas de sobrevivência comparadas pelo teste log-rank. Os fatores associados foram determinados pela regressão de Cox. Resultados: A SG foi 69,1% e 49,4% em 5 e 10 anos, respectivamente. Verificou-se menor sobrevida global em 10 anos, estatisticamente significativa, em mulheres que apresentavam câncer de mama subtipo triplo negativo (42,5%), estadiamento clínico III (25,7%), receptores hormonais negativos (45,2%), não operaram (7,3%), realizaram cirurgia radical (52,7%), realizaram tratamento neoadjuvante (36,8%) e não realizaram tratamento adjuvante (14,7%). Na análise multivariada, foram considerados fatores prognósticos a idade entre 36 e 39 (HR 0,94; IC95% 0,89 – 0,99, comparado a ≤ 35 anos), o subtipo tumoral triplo negativo (HR 1,88; IC95% 1,21 - 2,93, comparado ao subtipo Luminal), estadiamento clínico III (HR 3,74; IC95% 1,47 - 9,52, comparado ao estadiamento I) e a não realização de cirurgia (HR 4,34; IC 95% 2,22 - 8,46). Conclusões: O presente trabalho corrobora estudos internacionais que relatam que o diagnóstico do câncer de mama em idade precoce leva a um pior prognóstico das pacientes.
PERFIL DA MORTALIDADE DO CÂNCER INFANTOJUVENIL EM PE:UM RESULTADO DE UMA ESTRATÉGIA GLOBAL
Pôster dialogado
Neves, M.G.A.B.1, Motta, C.S.1, Alves, M.A.1, Costa, M.T.M.1, Nunes, A.B.1
1 Instituto Desiderata
Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da mortalidade do câncer infantojuvenil em Pernambuco. Métodos: Estudo de coorte retrospectiva, utilizando dados do Sistema Informação sobre Mortalidade, extraídos através do TABNET PE. Foram incluídos pacientes com idades entre 0 e 19 anos, diagnosticados com câncer durante o período de 2013 - 2022. Resultados: No período analisado, foram registrados 1.375 óbitos por neoplasias em crianças e adolescentes, correspondendo a uma Taxa de Mortalidade de 41,5 óbitos/100 mil habitantes. Desses, 80% (1.096) ocorreram na I Gerência Regional de Saúde de Pernambuco, onde estão localizados municípios da região metropolitana, inclusive a capital do estado. Ao longo dos 10 anos, foi possível perceber um padrão no número de óbitos por câncer na faixa etária, apresentando uma média de 137 óbitos por ano. Entre os cinco estabelecimentos de saúde com maior registro de óbitos, 4 estão localizados no Recife e apenas 01 no sertão do estado, no município de Petrolina. Dessas, apenas 03 unidades são habilitadas como centros de referência para o tratamento de câncer infantojuvenil no estado. Em relação ao tipo de câncer mais prevalente entre os óbitos, estão as Neoplasias Malignas do Encéfalo (241), seguida por Leucemias Linfoides (221), Leucemia Mieloide (115) e Neoplasia maligna da medula espinhal, dos nervos cranianos e de outras partes do sistema nervoso central (101). Conclusão: Por caracterizar-se enquanto uma preocupação global de saúde pública, o câncer infantojuvenil exige compreensão detalhada de seu perfil epidemiológico para implementação eficaz de políticas de prevenção e tratamento.
MORTALIDADE POR CÂNCER EM IDOSOS E FATORES ASSOCIADOS EM ALAGOAS
Pôster dialogado
BARROS, R. A.1, JESUS, A. K. B.1, MOTA, M. F.1, ARAÚJO, G. C.1, OLIVEIRA, E. C. T.1, MOURA-SALES, C. B. P1
1 CESMAC
Objetivo: Analisar os fatores associados à mortalidade por câncer entre idosos no Estado de Alagoas no período de 2022. Métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado a partir da análise dos óbitos por câncer ocorridos em idosos (≥ 60 anos) residentes em Alagoas, no ano de 2022, obtidos a partir dos microdados do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Os óbitos por câncer foram analisados considerando variáveis sociodemográficas e a taxa de mortalidade prematura (60-69 anos). Utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson e a regressão logística para identificar os fatores associados. Resultados: Em 2022, o câncer foi responsável por 11,5% das mortes de idosos em Alagoas, sendo a maior proporção em homens (51,6%), 60 a 69 anos (37,9%), pretos/pardos (72,1%), casados (47,0%), sem educação formal (39,1%) e residentes na 1ª região de saúde (45,3%). A análise revelou significância estatística entre óbitos por câncer e faixa etária, estado civil, anos de estudo e região de saúde de residência (p<0,001, respectivamente). Após regressão, foi observado que a mortalidade por câncer foi 32,7% maior em idosos com 80 anos e mais e 50,0% maior entre residentes da 5ª região de saúde. Foi verificado que a taxa de mortalidade prematura (60-69 anos) por câncer em homens foi maior que entre as mulheres (315,2/100.000 e 272,3/100.000, respectivamente). Conclusão: A análise sobre a mortalidade por câncer entre idosos de Alagoas identificou que faixa etária, escolaridade e região de residência se apresentaram como fatores associados e que a mortalidade prematura foi maior entre os homens.
RAÇA E TENDÊNCIA DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE COLO UTERINO NA REGIÃO SUDESTE, 2007-2021
Pôster dialogado
Faleiro, M.R.C.1, Boschi-Pinto, C.2
1 UFF
2 ISC/UFF
Introdução: O câncer de colo uterino (CCU) ocupa a quarta posição na mortalidade feminina mundial, estando associado à raça/cor e condições de vida desfavoráveis.
Objetivo: Analisar a tendência da mortalidade por CCU em mulheres residentes na região Sudeste do país, segundo raça/cor e localização geográfica, no período 2007-2021.
Método: Estudo ecológico de tendência temporal, utilizando dados de óbito do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e informações populacionais do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Taxas de mortalidade foram calculadas após aplicação de fatores de correção. Tendências foram analisadas segundo raça/cor (branca, preta, parda) e estados da região (ES, MG, RJ, SP), utilizando o modelo de regressão Joinpoint. Resultados: Ocorreram 35.867 óbitos (corrigidos) por CCU na região Sudeste no período estudado. Em 2020, as taxas de mortalidade foram 6,3/100.000 mulheres pretas, 5,4/100.000 mulheres brancas e 4,3/100.000 mulheres pardas. Foi evidenciado aumento anual da mortalidade por CCU de 2,0% (IC95% 1,4-2,7) e 1,2% (IC95% 0,6-1,8) entre mulheres pardas e brancas, respectivamente, no período 2007-2021. Em SP e MG houve aumento entre mulheres pardas (2,5% e 2,7%, respectivamente) e brancas (1,3% e 2,4%, respectivamente). No ES verificou-se um aumento anual de 2,4% na população feminina parda. Ocorreu estabilidade da mortalidade para todas as raças no RJ, assim como para mulheres pretas em todos os estados da região. Não foi observado declínio. Conclusão: Houve tendência de aumento ou estabilidade da mortalidade por CCU em todas as raças e locais. O aumento mais acentuado foi evidenciado entre mulheres pardas, sugerindo crescente vulnerabilidade desse grupo.
IMPACTO ECONÔMICO DAS MORTES POR CÂNCER COLORRETAL NO BRASIL DE 2001 A 2030
Pôster dialogado
Monteiro dos Santos, J.E.1, Migowski, A.1, Lopes de Souza, L. B.1, Martins, L.F.L.1, Bezerra de Souza, D.L.2, Hanly, P.3, Soerjomataram, I.4, Pearce, A.5, Sharp, L.6, De Camargo Cancela, M.1
1 INCA
2 UFRN
3 National College of Ireland
4 International Agency for Research on Cancer
5 The University of Sydney
6 Newcastle University
Objetivos: Estimar o impacto econômico indireto da perda de produtividade devido a mortalidade por câncer colorretal (CCR) no Brasil entre 2001 e 2030. Métodos: Foi utilizado o método do capital humano para estimar os custos indiretos da mortalidade por CCR. Dados de mortalidade (2001-2015) foram obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade e projetados até 2030. Dados econômicos foram obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. A perda de produtividade foi calculada para os indivíduos maiores de 15 anos de idade. Resultados: Foram estimadas 635.253 mortes por CCR em todo o período (52% entre homens), correspondendo a 12,6 milhões de anos de vida produtiva perdidos e Int$ 22,6 bilhões em perda de produtividade. Regionalmente, ao comparar o início (2001-2005) e o final do período estudado (2026-2030), o maior aumento relativo da perda de produtividade foi observado na região Norte (9,7 vezes; Int$243,8 milhões) entre os homens e na região Nordeste (4,6 vezes; Int$368,2 milhões) entre as mulheres. Conclusões: A implementação de estratégias de prevenção primária, rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento em tempo oportuno são essenciais para reduzir o impacto econômico das mortes prematuras por CCR no Brasil. Os resultados observados nas regiões Norte e Nordeste sugerem processo de aceleração da ocidentalização do estilo de vida já consolidado no centro-sul do país.