Programa - Poster dialogado - PD26.1 - Temas em Epidemiologia Nutricional
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
QUALIDADE DE CARBOIDRATOS E INADEQUAÇÃO DE INGESTÃO DE MICRONUTRIENTES EM IDOSOS
Pôster dialogado
Cardoso, L. G.1, Rêgo, A. L. V.1, Silva, N. C.1, Alves, I. A.1, Marques, M. L.1, Araújo, M. C.2, Sichieri, R.3, Yokoo, E. M.4, Pereira, R. A.1
1 UFRJ
2 Fiocruz
3 UERJ
4 UFF
Objetivo: Avaliar a relação entre o índice de qualidade dos carboidratos (IQC) e a adequação da ingestão de vitaminas e minerais em idosos brasileiros.
Métodos: Foram examinados dados de dois recordatórios de 24h, obtidos no Inquérito Nacional de Alimentação de 2017-2018, de amostra nacionalmente representativa de indivíduos com ≥60 anos de idade (n=8.327). O cálculo do IQC considerou a ingestão de fibra dietética, índice glicêmico global, razão grãos integrais/grãos totais e razão carboidratos sólidos/carboidratos totais, proporcionando a estimativa de escore que varia entre 4 e 20, categorizado em quintos. A distribuição da ingestão usual de nutrientes foi calculada pelo método do National Cancer Institute e a EAR (Estimated Average Requirement) foi utilizada na estimativa das prevalências de inadequação segundo o sexo. Utilizou-se o programa SAS® versão 9.4 e as diferenças nas prevalências de inadequação comparando o primeiro (pior qualidade) e último (melhor qualidade) quintos do IQC foi avaliada pela não sobreposição dos intervalos de confiança de 95%.
Resultados: Na população avaliada, 54,5% eram mulheres e o IQC médio, 10,7. A prevalência de ingestão inadequada foi mais elevada no primeiro em relação ao último quinto do IQC para cálcio, cobre, folato, fósforo, magnésio, tiamina, vitaminas A, C, E e zinco. Para piridoxina, riboflavina e sódio a prevalência de ingestão inadequada foi mais elevada no último do que no primeiro quinto.
Conclusão: Valores mais elevados do IQC se relacionaram com menores prevalências de inadequação de vitaminas e minerais em idosos, podendo ser utilizado como indicador da qualidade da dieta de modo geral.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ULTRAPROCESSADOS E A INCIDÊNCIA DE CONDIÇÕES CARDIOMETABÓLICAS E MENTAIS
Pôster dialogado
CANHADA, SL1, VIGO, A1, FONSECA, MJM2, SCHMIDT, MI1, DUNCAN, BB1
1 UFRGS
2 UFRJ
Objetivos: Avaliar a associação entre subgrupos específicos dos alimentos ultraprocessados (AUPs) com a incidência de nove condições cardiometabólicas e de saúde mental. Hipotetizamos que após a remoção dos subgrupos que conferem risco individualmente, o agregado dos AUPs restantes ainda prevê o desenvolvimento das condições.
Métodos: O ELSA-Brasil é um estudo de coorte ocupacional que acompanha 15.105 adultos (35-74 anos) desde 2008-2010. O consumo de AUPs foi avaliado por um questionário de frequência alimentar na linha de base. Os desfechos foram ganhos elevados de peso e de cintura, síndrome metabólica, hipertensão, doença hepática gordurosa, diabetes, transtornos mentais comuns (TMC), episódios depressivos e transtornos de ansiedade.
Resultados: Na regressão de Poisson robusta ajustada por fatores sociodemográficos e comportamentais, o maior consumo de AUPs associou-se com cada um dos desfechos. Todos os subgrupos associaram-se com ao menos um desfecho; as carnes processadas e as bebidas açucaradas associaram-se com múltiplos desfechos. Para cada desfecho, após a remoção dos subgrupos associados, o consumo dos AUPs restantes, em conjunto, mostrou maior risco (para um desvio padrão de consumo) para ganhos elevados de peso (RR=1,08; IC95% 1,03-1,13) e de cintura (RR=1,07; IC95% 1,02-1,12), e para a incidência de TMC (RR=1,13; IC95% 1,08-1,19), depressão (RR=1,15; IC95% 1,04-1,26) e ansiedade (RR=1,12; IC95% 1,06-1,19).
Conclusões: Vários subgrupos específicos de AUPs associaram-se individualmente a várias condições. Mesmo com a remoção dos subgrupos que conferiam risco, o conjunto dos AUPs restantes ainda predisse o desenvolvimento dos desfechos. Nossos achados apoiam o conceito de AUPs em orientações e intervenções nutricionais.
FOLATO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DE CARÓTIDAS EM ESTUDO DE COORTE
Pôster dialogado
Palchetti, C.Z.1, Gonçalves, N.G.2, Suemoto, C.K.2, Santos, I.S.2, Lotufo, P.A.2, Bensenor, I.M.2, Marchioni, D.M.L.1
1 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Objetivo: Investigar a associação entre folato e alterações na espessura médio-intimal de carótidas (EMI-C).
Métodos: Estudo de coorte prospectivo incluindo 5.061 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) do centro de investigação de São Paulo com idade entre 35 e 74 anos na onda 1. Níveis séricos de folato e ingestão alimentar (questionário de frequência alimentar) foram avaliados na onda 1. A média dos valores médios das carótidas direita e esquerda foi realizada nas ondas 1 e 3. Modelos lineares mistos, ajustados para covariáveis, avaliaram a associação entre folato na onda 1 e alterações na EMI-C, considerando tempo de seguimento de 8 anos.
Resultados: Analisaram-se dados de 4.260 participantes; a idade média (DP) foi de 51,4 (8,9) anos e 54,5% eram mulheres. A prevalência de deficiência de folato foi de 0,02%. Os participantes no 4º quartil de folato sérico apresentaram aumento mais lento da EMI-C comparados aos do 1º quartil (1º vs. 4º quartil: β (IC 95%): -0,015 (-0,026; -0,004), P: 0,006 para modelo completamente ajustado). Estes resultados não foram alterados após análise de sensibilidade incluindo uso geral de suplementos alimentares e uso especifico de multivitamínicos. Não houve associação entre ingestão alimentar de folato (µg de equivalentes dietético de folato) e alterações na EMI-C.
Conclusão: A prevalência de deficiência de folato foi praticamente inexistente nesta população exposta à fortificação mandatória de farinhas de trigo e milho com ácido fólico. O último quartil de folato sérico pareceu retardar a progressão das medidas de EMI-C no período do estudo.
TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE POR DESNUTRIÇÃO PROTEICO-CALÓRICA EM PESSOAS IDOSAS
Pôster dialogado
Freitas, R. F.1, Gomes, D. E1, Silva, T. F.2, Rocha, L. S.2, Freitas, Y. N. L.1, Lessa, A. C.2
1 UFAM
2 UFVJM
Objetivo: Analisar a tendência temporal da mortalidade por desnutrição proteico-calórica em pessoas idosas no Brasil, no período de 2000 a 2021. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, com delineamento ecológico, descritivo e analítico. Os dados foram obtidos anualmente no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no período especificado. Foram calculadas as taxas de mortalidade brutas e ajustadas por idade, utilizando o método direto e a população mundial como referência. Para observar a tendência de mortalidade foram utilizados o modelo de Prais-Winsten e a Taxa de Incremento Anual (TIA). Resultados: No período de 2000 a 2021, a taxa de mortalidade geral por desnutrição proteico-calórica em pessoas idosas oscilou, atingindo a máxima em 2006 (28,74) e mínima em 2021(10,64), com uma tendência decrescente (β= -0,015; p=0,005; TIA= -3,454%). Ao analisar as taxas padronizadas de mortalidade por sexo, identificou-se tendência decrescente para os dois grupos, com taxas maiores entre os homens durante toda a série histórica. Com relação à faixa etária, a tendência de mortalidade foi decrescente entre aqueles de 60 a 79 anos e estacionária para os indivíduos com 80 ou mais anos. Conclusão: Os resultados desta pesquisa evidenciaram queda nas taxas de mortalidade por desnutrição proteico-calórica entre pessoas idosas, entretanto, as taxas de mortalidade por essa causa, que pode ser modificável, continuam elevadas, reforçando a necessidade de melhoria na assistência à saúde dessa população específica.
AMBIENTE ALIMENTAR PERCEBIDO POR HIPERTENSOS NA ATENÇÃO PRIMARIA A SAÚDE EM OURO PRETO MG
Pôster dialogado
Avelar, B. A.1, Justiniano, I. C. S.1, Cordeiro, M. S.1, Mendonça, R. D.1, Menezes, M. C.1
1 UFOP
Objetivos: Caracterizar o ambiente alimentar percebido por usuários da Atenção Primária à Saúde com diagnóstico de Hipertensão Arterial (HA) em Ouro Preto - MG. Métodos:Trata-se de um estudo transversal realizado entre março e julho de 2022. Utilizou-se o questionário “Perceived Nutrition Environment Measures Survey” (NEMS-P) de 29 itens, validado para a população brasileira, avaliando a disponibilidade de alimentos em domicílio, frequência de consumo, facilidade de comprar frutas e hortaliças (FH) na vizinhança e locais de compra. Características sociodemográficas também foram coletadas (sexo, idade, cor de pele autorrelatada e escolaridade). Análises descritivas de frequência foram realizadas com o software SPSS® versão 20.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE nº 42858120.9.0000.5150). Resultados: O estudo contou com 176 participantes, sendo maioria do sexo feminino (79,0%) com idade média de 57,64 ±11,08 anos, cor da pele não branca (76,7%) e ensino fundamental (46,6%). Quanto à disponibilidade de alimentos, a maioria relatou ter na semana anterior: banana (86,4%), maçã (84,7%), uva (19,9%), mamão (48,9%), laranja (86,4%), folhas verde escura (89,8%), cenoura (86,9%) e tomate (96,0%). Inclusive, a maioria relatou consumir todos os dias frutas (72,7%), salada de folhas (62,5%) e legumes (63,1%). A maioria concordou que é fácil comprar FH na vizinhança (77,8%), com boa qualidade (80,7%) e variedade (73,3%). Os principais locais de compra incluíram feira ou sacolão (84,7%) e supermercado (31,8%). Conclusão: Os usuários apresentaram favorável acesso a alimentos in natura, alta disponibilidade destes no domicílio e consumo regular de FH, essencial para o tratamento e prevenção da HA.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE AÇÚCARES TOTAIS E DE ADIÇÃO COM ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Pôster dialogado
Menezes-Júnior, LAA1, Silva, JMC1, Vidigal, MCA1, Sabião, TS1, Machado-Coelho, GLL1, Meireles, AL1
1 UFOP
Objetivo: Analisar a associação entre o consumo de açúcares totais e de adição com sintomas de ansiedade e depressão em adultos. Métodos: Inquérito de base populacional (outubro-dezembro/2020), em Ouro Preto, Minas Gerais, com 195 adultos. O consumo alimentar foi avaliado por recordatório alimentar de 24 horas, a partir da técnica de múltiplas passagens, e tabulados na plataforma Brasil-Nutri. O consumo de açúcares totais e de adição foi estimado e classificado em categorias de incrementos de 10g. Sintomas de ansiedade e depressão foram avaliados pelas ferramentas GAD-7 e PHQ-9, respectivamente, sendo classificados com presença de sintomas valores ≥10. Foi realizada regressão logística multivariada, ajustada para índice de massa corporal, consumo calórico e de macronutrientes. Resultados: Dos indivíduos avaliados, 66,5% eram do sexo feminino, 47,1% tinham de 18 a 34 anos, 79,4% eram negros ou pardos e 44,3% tinham renda familiar inferior a dois salários mínimos. A média do consumo de açúcares totais foi de 59,2g (IC95%:49,5-69,0) e de adição 30,6g (IC95%:22,6-38,7). A prevalência de sintomas de ansiedade e depressão foi de 26,3% e 12,5%, respectivamente. O consumo de açúcares totais não foi associado a ansiedade e depressão (p>0,05). Porém, o consumo de açúcares de adição foi associado a ansiedade, onde a cada incremento de 10g no consumo, aumentava-se a chance de ter sintomas de ansiedade em 34% (OR:1,34;IC95%:1,03-1,76). Conclusões: O consumo de açúcares de adição está associado a um aumento nas chances de apresentar sintomas de ansiedade, independentemente do consumo total de açúcares.