Programa - Poster dialogado - PD26.3 - Saúde sexual e reprodutiva: desafios e impactos
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
PREVALÊNCIA DOS INDICADORES DE SAÚDE PRÉ-CONCEPCIONAL DOS HOMENS BRASILEIROS
Pôster dialogado
SANTOS, BNS1, SOUZA, AFM1, BORGES, ALV2, FELISBINO-MENDES, MS1
1 UFMG
2 USP
Objetivo: Descrever as condições e comportamentos de saúde que compõem os indicadores de saúde pré-concepcional entre homens brasileiros. Método: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019) (n=25.212 homens de 15-49 anos de idade). Estimou-se as condições pregressas à concepção que constituem a saúde pré-concepcional (condições e comportamentos de saúde e estilo de vida). Utilizou-se o Teste qui quadrado de Pearson para avaliar diferenças segundo cor, escolaridade e paridade. Resultados: A maioria tinha 20-39 anos (65,4%), escolaridade média (45,3%), cor preta/parda (47,5%), era residente na região Sudeste (41,1%) e sem filhos (48,9%). Mais de 50% realizaram consulta médica e odontológica no ano anterior; 42,2% eram ativos fisicamente, embora 56,2% tinham excesso de peso; 55,5% consumiam bebida alcoólica e 15,0% eram tabagistas. A condição crônica mais prevalente foi a hipertensão (9,1%), seguida de depressão (4,1%) e diabetes (2,3%). Dentre os 90% sexualmente ativos, 48,8% nunca usavam preservativo. Aproximadamente 20% autodeclararam sua saúde como ruim/muito ruim, sendo em maior proporção os menos escolarizados (p<0,001), de cor autoclassificada preta/parda (p<0,001) e com quatro ou mais filhos (p<0,001). Conclusão: Mesmo que a maior parte dos homens tenha relatado boa saúde – com pior estado de saúde entre os grupos socialmente mais vulnerabilizados – observou-se inúmeros fatores de risco e doenças que requerem prevenção e controle, inclusive como parte do cuidado pré-concepcional. A oferta de cuidados pré-concepcionais para os homens constitui-se, portanto, em oportunidades não só para melhorar os resultados de uma futura gravidez, mas também para promoção de sua própria saúde.
IMPACTO DA COVID-19 NO USO DE EXAMES E MÉTODOS DE PREVENÇÃO E CONTRACEPÇÃO NO MRJ
Pôster dialogado
Pinho, A.A.1
1 IESC-UFRJ
Objetivo: Investigar os efeitos da pandemia de COVID-19 na realização de exames e métodos de prevenção e contracepção no município do Rio de Janeiro (MRJ). Métodos: Conduziu-se estudo ecológico de séries temporais interrompidas para estimar a mudança percentual no volume de exames e procedimentos no período de 2015 a 2022 no MRJ. Foram coletados, retrospectivamente, os seguintes dados secundários, agregados por mês, nos Sistemas de Informação em Saúde: número de exames de Papanicolaou e de mamografias de rastreamento, número de exames diagnósticos para HIV e Sífilis, e número de cirurgias de esterilização. Resultados: Observou-se uma redução de 48% no volume de mamografias e de 77% de exames de Papanicolaou em 2020, comparativamente à média pré-pandêmica; apenas em 2022, o número de procedimentos voltou a crescer, mas aquém da média pré-pandêmica. As laqueaduras de intervalo e vasectomias reduziram-se mais de 50% em 2020, mantendo a variação percentual negativa em 2021. Os exames de sífilis e HIV apresentaram variações percentuais negativas em 2020/2021, com tendência de crescimento em 2022, superando a média do período pré-pandêmico, com exceção dos exames de VDRL e teste rápido realizados em gestantes/parceiros. Conclusões: A pandemia afetou o volume de exames e serviços de prevenção e contracepção realizados nos anos de 2020 e 2021. Mesmo com a retomada gradual em 2020, a variação percentual continuou negativa em relação aos anos pré-pandêmicos, com tendência de retomada do volume de procedimentos somente a partir de 2022, mesmo daqueles considerados essenciais para uma adequada atenção à saúde sexual e reprodutiva (SSR).
FATORES ASSOCIADOS A CONSULTAS DE PRÉ-NATAL ENTRE MULHERES TRABALHADORAS DO SEXO NO BRASIL
Pôster dialogado
DE LIMA, AMP1, MAGNO, L.2, SZWARCWALD, CL3, DOURADO, I.4
1 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia (BA), Brasil.
2 Departamento de Ciências da Vida, Universidade do Estado da Bahia, Campus 1, Salvador, Bahia, Brasil.
3 Instituto de Comunicação Científica e Informação em Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil
4 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia (BA), Brasil
O cuidado pré-natal é reconhecido como uma intervenção de alto impacto na saúde materno-infantil. Apesar de ser ofertado no Brasil desde 1990, as mulheres trabalhadoras do sexo (MTS) ainda enfrentam barreiras de acesso ao serviço. Objetivos: Investigar os fatores associados a realização de consultas de pré-natal entre MTS em 12 cidades brasileiras. Métodos: Estudo transversal com MTS recrutadas por Respondent-Driven Sampling em 12 cidades brasileiras em 2016. Odds ratios (OR) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) de potenciais fatores com a realização do pré-natal na última gestação foram estimados usando regressão logística, com dados ponderados pelo estimador RDS-II. Resultados: Do total de 4178 participantes, 535 (12,8%) relataram ter realizado pré-natal na última gestação. Dentre elas, 59,3% tiveram com 7 ou mais consultas, 28,7% de 4 a 6 consultas e 12% de 1 a 3 consultas. Os fatores associados a realização das consultas foram: ser beneficiária do Programa Bolsa Família (PBF) (OR: 3,06, IC95%:1,31-7,11), possuir uma fonte habitual de cuidado (OR: 2,85, IC95%:1,50-5,40, ter se autodeclarado branca (OR:1,13, IC95%:0,96-2,77), possuir ensino médio completo (OR:3,20, IC95%:1,65-6,20), trabalhar em locais fechados (OR: 2,22, IC95%:1,12-4,40) e autoavaliar a saúde como muito boa ou boa (OR: 1,94, IC95%: 1,02-3,70). Conclusões: A realização de consultas de pré-natal ainda é insuficiente entre MTS, principalmente entre as negras, com menor escolaridade, com piores condições de trabalho, autoavaliação de saúde e acesso a serviços. Políticas intersetoriais como o PBF podem contribuir para redução dessas desigualdades em saúde.
AVALIAÇÃO DA ELEGIBILIDADE CLÍNICA DE BRASILEIRAS USUÁRIAS DE MÉTODOS HORMONAIS COMBINADOS
Pôster dialogado
SOUSA, C. O. G. L.1, SANTOS, B. N. S.1, FELISBINO-MENDES, M. S.1
1 UFMG
Objetivo: Estimar a prevalência de contraindicações e fatores de risco entre usuárias de contracepção hormonal combinada e fatores associados ao uso sem elegibilidade clínica. Método: Estudo transversal com 5.098 mulheres de 18-49 anos que usavam pílula ou injetável participantes da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Considerou-se contraindicações: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); Diabetes Melittus (DM); Infarto Agudo do Miocárdio; Acidente Vascular Cerebral/Derrame; tabagismo e idade ≥35 anos. Obesidade e depressão foram considerados fatores de risco. Estimou-se uso contraindicado segundo características sociodemográficas. Utilizou-se regressão de Poisson para estimar Razão de Prevalência ajustada, não ajustada (RP) e IC95% do uso contraindicado. Resultados: 16,6% tinham alguma contraindicação, principalmente HAS (12,6%), tabagismo em ≥35 anos (2,9%) e DM (2,5%). A prevalência de contraindicação foi maior entre mulheres de ≥35 anos (valor p <0,0001), com ≥4 partos (RP=5,98; IC95%4,00-8,95), baixa escolaridade (RP=2,72; IC95%2,00-3,69), casadas (RP=1,59; IC95%1,28-1,98). Observou-se que 27,6% tinham depressão e 3,2% obesidade, com prevalência de outras contraindicações duas e quatro vezes maior, respectivamente. No modelo multivariado, idade ≥35 anos, baixa escolaridade, maior paridade, depressão e obesidade mantiveram-se associadas positivamente ao uso contraindicado. Conclusão: Muitas brasileiras usuárias de pílula e injetável não têm elegibilidade clínica para utilização destes, principalmente aquelas com maior paridade, menor escolaridade e obesas. Destaca-se a necessidade de qualificar o acesso à contracepção no país, considerando a livre escolha informada, fatores de risco e contraindicações.