Programa - Poster dialogado - PD26.4 - Epidemiologia da violência na infância
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
VIÉS DE ATRIBUIÇÃO HOSTIL E AGRESSIVIDADE EM PRÉ-ESCOLARES DE UMA COORTE DE NASCIMENTOS
Pôster dialogado
Perrone, L. R.1, Bauer, A.1, Cruz, S.1, Murray, J.1
1 UFPel
Objetivos: Investigar a influência do viés de atribuição hostil (VAH) na agressividade de pré-escolares e considerar sua associação com outros fatores sociais, familiares e infantis que possam influenciar a agressividade.
Métodos: Um estudo de coorte de nascimentos acompanhou 3.707 crianças em Pelotas, Brasil, medindo o VAH e agressividade aos 4 anos de idade. Os comportamentos agressivos foram mensurados por questionários respondidos pelas mães, enquanto o VAH foi avaliado através de uma entrevista estruturada aplicada à criança. Vários fatores foram considerados nas análises, incluindo características da criança, mãe, família e comunidade.
Resultados: 70,6% das crianças apresentaram VAH e o escore de agressividade teve média 4,19 (3,37). As variáveis idade materna, escolaridade materna, renda familiar, comportamento antissocial dos pais e VAH materno mostraram associação significativa com o VAH infantil. A agressividade infantil mostrou associação com todos os fatores de confusão explorados, com exceção de idade materna. A associação entre VAH e agressividade infantil foi examinada em uma regressão multivariada. Na análise bruta, o grupo de crianças que apresentou VAH apresentou, em média, 0,09 (0,02–0,16) desvios-padrão a mais no escore de agressividade, comparado àqueles sem VAH (p=0,013). Após ajuste para fatores de confusão, esta associação perdeu sua significância estatística, resultando em um coeficiente padronizado ajustado de 0,05 (-0,01–0,11) (p=0,113).
Conclusões: Neste contexto brasileiro, o VAH não influenciou a agressividade infantil entre crianças pré-escolares. Outros determinantes psicossociais apontados neste estudo requerem investigação mais aprofundada para identificar os pontos de intervenção mais eficazes em termos de prevenção da agressividade infantil.
VIOLÊNCIA EM CRIANÇAS NO BRASIL: ANÁLISE DE FATORES ASSOCIADOS A PARTIR DO SINAN 2022
Pôster dialogado
Vieira, M. A. S.1, Silva, A. G.1, Sá, N. N. B.2, Bernal, R. T. I.1, Tonaco, L. A. B.1, Santos, L. A.1, Albuquerque, G.3, Santos, F. M.4, Malta, D. C.1
1 Universidade Federal de Minas Gerais
2 Universidade Federal do Pará
3 Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente/Ministério da Saúde.
4 Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais
Objetivos: descrever as violências sofridas por crianças brasileiras e os seus fatores associados. Métodos: Estudo transversal, com dados de notificações de violência interpessoal em crianças de 0 a 9 anos registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em 2022. Para verificar os fatores associados foi realizada análise de correspondência. Resultados: Foram registrados 38.899 casos de violências sendo que mais da metade correspondem ao sexo feminino (55,2%). A faixa etária mais notificada é de 2 a 5 anos (39,4%) e a residência foi o principal local de ocorrência (88,3%). A relação de vínculo entre agressor e vítima evidenciou que 51,7% dos agressores são as mães e 40% são os pais. Entre as crianças de 0 a 1 ano, a violência mais notificada foi a negligência, ocorrida na residência por meio de objeto quente e praticada por mãe ou pai; aquelas de 2 a 5 anos foi a violência sexual, ocorrida na residência por meio de assédio ou estupro e praticada por conhecidos; de 6 a 9 anos, foram as físicas e psicológicas, ocorridas na escola ou via pública por meio de ameaça, força corporal, uso de objetos cortantes ou contundentes e praticada pelo padrasto ou conhecidos. Conclusões: as crianças do sexo feminino de 2 a 5 anos foram as principais vítimas de violência, o principal local foi a residência e os agressores foram especialmente as mães e pais. Para cada faixa etária existe um perfil de violência, o que torna um desafio a ser enfrentado.
ASSOCIAÇÃO ENTRE AS EXPERIÊNCIAS ADVERSAS NA INFÂNCIA E A VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO
Pôster dialogado
Mairink, K. R.1, Santana, N. M. T.1, Pinto, I. B. A.1, Leite, F. M. C.1
1 UFES
Objetivo: Verificar a associação entre e experiências adversas na infância e a violência por parceiro íntimo. Metodologia: Estudo transversal, realizado em Vitória-ES, Brasil, com mulheres maiores de 18 anos que tiveram parceiro íntimo nos 24 meses anteriores a entrevista. Foram analisados as VPI do tipo física, psicológica e sexual, utilizando-se o World Health Organization Violence Against Women. As adversidades foram analisadas através do Adverse Childhood Experiences International Questionnaire da OMS nas categorias de negligências emocional e física; conflitos familiares de abuso de álcool, encarceramento de familiar, doenças mentais/ideação suicida e separação parental/divórcio e abusos físico, psicológico e sexual. A regressão logística bruta e ajustada foi feita para calcular Odds Ratio através do Stata® 14.0. Resultados: Após ajustes observou-se que as doenças mentais/ideação suicida associaram-se a todos os tipos de VPI (p<0,05). Observa-se maior chance de violência física por parceiro íntimo entre as mulheres que vivenciaram na infância o abuso sexual (OR: 1,77; IC95%1,15-2,72), negligência física (OR: 1,74; IC95%1,27-2,38) e familiar encarcerado (OR: 2,47 IC95%1,50-4,09). Maiores chances de VPI do tipo psicológica foram associadas a experiência de abuso físico (OR:1,36; IC95%1,01-1,84), psicológico/negligência emocional (OR:1,52; IC95%1,12-2,06), negligência física (OR:2,22; IC95%1,67-2,96) e familiar encarcerado (OR:2,12; IC95%1,25-3,61). Da mesma forma mulheres com histórico de abuso psicológico/negligência emocional (OR:1,63; IC95%1,13-2,37; p=0,010), abuso sexual (OR:1,70; IC95%1,08-2,69; p<0,001) e de álcool na família (OR:2,48; IC95%1,74-3,54; p=0,010) apresentaram mais chances de violência sexual por parceiro íntimo. Conclusão: Com exceção da separação parental/divórcio, todas as categorias de adversidades estiveram associadas a VPI nas mulheres, apontando o quanto as experiências adversas na infância podem impactar na vida adulta.
INFÂNCIA, VIOLÊNCIAS E PANDEMIA: UMA ANÁLISE DE INCIDÊNCIAS POR SEXO
Pôster dialogado
Rufino, J. R. V.1, Sousa, F. V. M1, Ferreira, I.S.1, Reis, I. B. M. S.1, Marinho, I. C.1, Yahoo, E.1, Kawa, H.1
1 UFF
Objetivo
Analisar notificações de violências interpessoais na população infantojuvenil nos períodos pré-pandêmico e pandêmico no estado do Rio de Janeiro.
Métodos
Análise descritiva utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, de 2015 a 2022, do estado do Rio de Janeiro. Dados populacionais verificados a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram calculadas taxas de incidências anuais de notificações (100 mil habitantes), médias de incidências e variações das médias, nos períodos pré-pandêmico (2015-2019) e pandêmico (2020-2022). Considerou-se violência física, sexual, psicológica e negligência, por sexo e faixa etária (0 a 9 e 10 a 14 anos).
Resultados
No grupo de 0 a 9 anos, a negligência apresentou maiores médias, em ambos os sexos, nos dois períodos (172,4; 206,2; feminino e 192,4; 207,5; masculino). O maior aumento das médias entre os períodos foi de violência psicológica, no feminino (61,4%). A única redução foi de violência física, no masculino (2,9%).
De 10 a 14 anos, no sexo feminino, predominou-se violência sexual, no período pandêmico (182,5), com aumento de 85,6%. No sexo masculino, a negligência permaneceu com maior índice.
As incidências foram, assim, mais elevadas no sexo feminino, em todas as violências, exceto negligência, no grupo de 0 a 9 anos.
Conclusão
A desigualdade entre gêneros pode ser agravante para maiores incidências no sexo feminino, cujas taxas foram elevadas mesmo com subnotificações observadas no período pandêmico. O aumento das violências na pandemia demanda vigilância e monitoramento, em momentos de crise sanitária.
MAUS TRATOS FÍSICOS PRATICADO POR MÃES CONTRA OS FILHOS: ESTUDO COM RESIDENTES DE VITÓRIA,
Pôster dialogado
Silva, L.F.1, Leite, F. M. C.1
1 UFES
Objetivo: Estudar a prevalência de maus-tratos físicos perpetrado por mães contra seus filhos entre residentes de Vitória, Espírito Santo. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, realizado no município de Vitória, onde participaram 418 mulheres com idade acima de 18 anos. Para o rastreio da violência física foi aplicada a Escala de tática de conflitos entre pais e crianças (CTSPC). A análise dos dados foi feita a partir do software STATA 17. Resultados: 32,1% das mães apresentaram ao menos uma resposta positiva a alguma prática de maus-tratos físicos contra seus filhos (IC 95% 27,58 - 36,53) enquanto 52,3% praticam algum ato considerado punição corporal (IC 95%: 47,84 - 57,42). Nota-se que cerca de 71% das entrevistadas afirmaram dar palmada no bumbum de seu filho (IC 95%: 66,46 - 75,17), 35,9% alegam sacudir o filho (IC95% 31,29 - 40,48) e 23,4% batem no filho com algum objeto duro (IC 95% 19,38 - 27,51) Conclusão: A violência física provocada está presente dentre os conflitos entre mães e filhos, sendo uma prática comum, o que pode contribuir para um contexto de adversidade na infância e adolescência, tornando-se um problema para a saúde pública local.