Programa - Poster dialogado - PD26.6 - Influências Ambientais na Saúde: Urbanização, calor extremo e exposição a metais
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
CALOR E SEUS EFEITOS NA SAÚDE: MONITORAMENTO AUTOMATIZADO NO MRJ
Pôster dialogado
CRUZ,O.G.1, Morais,J.A.M2, Ferreira,C.D.3, Aguilar,G.M.O4, Vieira,G.C.4, Cruz,D.M.O4, Saraceni,V4
1 PROCC/FIOCRUZ e CIE/SMS-RIO
2 ENSP/FIOCRUZ e CIE/SMS-RIO
3 CIE/SMS-RIO e IESC/UFRJ
4 CIE/SMS-RIO
Objetivos: Monitorar continuamente o nível de calor no município do Rio de Janeiro, a partir de dados da umidade e temperatura, e relacionar períodos de anomalias com o número de atendimentos de emergência.
Métodos: Criou-se uma estratégia de recuperação automática de dados meteorológicos dos sistemas Alerta Rio, INMET e REDEMET, e de previsão, obtidos da plataforma OpenMeteo. Calcula-se o Índice de Calor (IC) mediano no município, a partir da temperatura e umidade aferidas. Com base em quantis históricos, definiu-se níveis de calor de média e alta intensidade, a partir do número de horas de exposição ao calor intenso (4-8 horas e 8 horas ou mais com IC >= 40°C) no dia. Utilizando dados de prontuários eletrônicos, analisou-se a distribuição do número de atendimentos de emergência segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) possivelmente relacionados ao calor: edema, síncope, mal-estar e hipotensão em dias de calor baixo, médio e intenso.
Resultados: Em 2023, verificou-se 296 dias com índice de calor dentro da normalidade; 53 de calor médio; e 16 de calor intenso. Observou-se aumento gradual na distribuição desses atendimentos em dias de nível de calor mais alto. Para alguns CID, a mediana
diária de atendimentos em dias de calor intenso dobra em relação a dias de normalidade.
Conclusão: As ondas de calor se apresentam como um fator de relevância para a saúde pública, mostrando um efeito imediato nos atendimentos de emergência. Assim, monitorar a previsão dos níveis de calor é fundamental para preparação e resposta da rede de saúde.
ÁREAS VERDES URBANAS ESTÃO ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS? RESULTADOS DO ELSA-BRASIL
Pôster dialogado
Almeida, L.F.F1, Giatti, L.2, Barreto, S.M.2, Fonseca, M.J.M.3, Griep, R.H.4
1 Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz; Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; Fundação Oswaldo Cruz
2 Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas/EBSERH, Universidade Federal de Minas Gerais
3 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz
4 Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz
Objetivo: Investigar a associação transversal entre a quantidade de áreas verdes da vizinhança e o diabetes mellitus. Métodos: Foram avaliados 7356 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) residentes nas capitais de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro durante a linha de base (2008-2010). Áreas verdes públicas foram avaliadas como valores médios do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), em quartis. Participantes foram classificados como portadores de diabetes mellitus quando atendiam a pelo menos um dos critérios: autorrelato de diagnóstico médico de diabetes; uso de medicamentos para diabetes nos últimos 15 dias; glicemia de jejum ≥126mg/dL; glicemia ≥200mg/dL duas horas após sobrecarga de glicose; hemoglobina glicada ≥6,5%. Associações foram investigadas por regressão logística binária com ajuste pelas variáveis individuais idade, sexo, escolaridade, centro de pesquisa e pela variável contextual condição socioeconômica da vizinhança. Resultados: Após ajuste por variáveis individuais, participantes que residiam no quarto quartil de NDVI tinham chance 23% menor de diabetes (IC95%: 0,64 – 0,94) quando comparados àqueles que residiam no primeiro quartil. No entanto, essa associação não permaneceu estatisticamente significante após ajuste adicional pela condição socioeconômica da vizinhança (4º quartil: OR= 0,90; IC95%: 0,73 – 1,11). Conclusões: Resultados apontam que a maior quantidade de áreas verdes públicas na vizinhança pode contribuir para a menor chance de diabetes mellitus. No entanto, a condição socioeconômica da vizinhança parece ter papel primordial nessa associação e a quantidade de áreas verdes pode ser um dos mecanismos pelos quais o contexto socioeconômico da vizinhança influencia a saúde.
EXPOSIÇÃO MÚLTIPLA A METAIS NA PRIMEIRA INFÂNCIA - UMA COORTE DE NASCIMENTO NO RJ
Pôster dialogado
Figueiredo, N. D.1, Asmus, C.I.R.F.2
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro
Objetivo: Analisar a coexposição ao chumbo, arsênio, mercúrio e cadmio aos 3 e 6 meses de vida e Investigar a relação com as características sociodemográficas da mãe. Os dados foram obtidos do estudo de coorte conduzido pelo projeto PIPA-Brasil. Fazem parte desta analise 396 crianças que retornaram para o seguimento aos 3 e 6 meses de vida. Foi feita a comparação das taxas de detecção entre os seguimentos e teste de Spearman para avaliar a correlação entre os metais em cada seguimento. Para a comparação das concentrações de metais e fatores associados foram aplicados Mann Whitney U-test e Kruskal Wallis. Aos 3 e 6 meses de vida o Pb foi detectado em 93,2% e 96,3% das crianças, respectivamente (p=0,100). O Hg passou de 26,2% para 59.2% (p=0.001), O As passou de 97.9% para 99.5% (p=0,100) e o Cd passou de 55.8% para 72.7% (p=0,001). Verificou-se correlação positiva do Hg e As (r=0.13 p 0.001), Hg e Cd (r=0.12 p=0.02) e entre Pb e Cd (r= 0.31 p=0.001) nos dois momentos. Aos seis meses, a concentração de As esteve associado a exposição ao tabaco (p=0.01), e a fonte de agua (p=0.01). O Pb apresentou maior mediana de concentração em famílias mais pobres (p=0.05). Pb, Hg e AS apresentaram maior mediana entre as crianças em amamentação exclusiva (p<0.05). Verifica-se aumento da concentração dos poluentes do terceiro para o sexto mês, com a Coexposição aos 4 metais. Condições socioeconômicas e amamentação estiveram relacionadas a concentração dos metais somente no 6 mês de vida.
IMPACTO NA MORTALIDADE DE UMA ONDA DE CALOR SEVERA, NO ESTADO DE RIO DE JANEIRO
Pôster dialogado
Fernandez Medina, R.D.1, Mesquita Peixoto, E.1, de Oliveira Rodrigues, D.1, Freire da Silva, C.1, Pereira de Almeida, A.M.1, de Lima Moura, G.1, de Cássia Peres Braga, R.1, Ribeiro, C.1, Carvalho, S.1, Velasque, L.1
1 SES
Na semana epidemiológica 46, de 2023 uma intensa onda de calor afetou o Brasil. A temperatura máxima registrada alcançou 42,5oC, com sensação térmica que superou 59,3oC, em algumas regiões do estado de RJ (ERJ).
Objetivos
Descrever o impacto dessa onda de calor na mortalidade, considerando diferentes regiões geográficas, sexo, raça e faixas etárias.
Métodos
A mortalidade foi estudada a partir dos dados do banco SIM do DATASUS. Condições climatológicas (temperatura e umidade relativa ambiente) foram estudadas durante o período 2012 a 2024, a partir dos dados de todas as estações meteorológicas do INMET. A mortalidade observada na semana 46 de 2023 e em dias posteriores foi comparada com a esperada, analisando taxas de mortalidade reportadas para os cinco anos anteriores (2018 a 2022).
Resultados
Os resultados obtidos indicam que nesta onda de calor houve impacto direto e severo na mortalidade em várias categorias de doenças no ERJ, principalmente em adultos e idosos e em diferentes regiões do estado. Doenças endócrinas, respiratórias, circulatórias, transtornos mentais/comportamentais, genitourinárias e do sistema nervoso, apresentaram aumento significativo no período estudado. A região noroeste e pessoas maiores de 40 anos, apresentaram excesso de mortalidade nessa época.
Conclusões
Este trabalho aborda um analise da mortalidade em diferentes regiões do ERJ em uma única onde calor extremo que aconteceu em 2023. Os resultados indicam que houve consequências importantes para a saúde pública o que, no contexto das mudanças climáticas globais, sublinha a importância de preparar o sistema de saúde para responder e mitigar eventos climáticos extremos.