Programa - Poster dialogado - PD26.8 - Vigilância epidemiológica e vigilância em saúde

Objetivo: A varíola bovina (VB) é uma zoonose caracterizada por lesões cutâneas humanas semelhantes às vistas nos tetos de vacas infectadas, cuja transmissão ocorre, principalmente, através do contato ocupacional do retireiro. O estudo visa o monitoramento de casos de VB para o diagnóstico correto e desenvolvimento de estratégias de prevenção. Métodos: Em virtude da ocorrência de casos de VB na região do Médio Paraíba, estruturaram-se, no município de Resende, ações de Vigilância do agravo. Foram realizados encontros entre Vigilância em Saúde (VS), Atenção Primária em Saúde e Vigilância Epidemiológica Hospitalar com o objetivo de capacitar as equipes para identificação de casos suspeitos em humanos e com o Núcleo de Defesa Agropecuária e o Sindicato Rural para atenção à ocorrência e comunicação de casos em bovinos. Resultados: Além de materiais de orientação, a VS elaborou uma ficha de notificação para o agravo, que após publicação de decreto municipal, é de notificação compulsória em Resende e, ainda, um fluxograma intersetorial de atendimento de casos suspeitos. Entre 2019 e 2021 foram identificados seis casos suspeitos, quatro deles com confirmação clinico-epidemiológica. Um dos casos evoluiu para a forma grave da doença com internação prolongada. Conclusão: A partir do monitoramento e da capacitação das equipes de Saúde foi possível confirmar a circulação do vírus causador da VB em Resende. Para ampliar a vigilância dos casos, são necessárias ações conjuntas com o órgão de Defesa Agropecuária e sensibilização da população exposta sobre a importância das ações de prevenção e diagnóstico correto.

O estudo teve como objetivo desenvolver uma ferramenta de vigilância oportuna para fortalecer a estratégia de monitoramento de casos suspeitos de dengue, visando à detecção precoce de alterações nos padrões da doença nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). A metodologia empregou dados dos prontuários eletrônicos de pacientes de 25 UPAs sob gestão estadual no Rio de Janeiro, recebidos diariamente a partir de janeiro de 2023. Foi utilizada mineração de texto no campo “queixas/sintomas” com um conjunto de palavras-chave para identificar sinais e sintomas específicos de dengue, incluindo febre, dor no corpo, fadiga, dor retro-orbital, vômito, dor abdominal, dispneia, cefaleia, sangramento, náuseas e exantema. Os dados foram sistematizados e organizados em um painel Shiny, permitindo a verificação rápida das alterações nos padrões de sinais e sintomas por UPA e a análise das frequências conforme o dia da semana, horário de atendimento, sexo, faixa etária e capítulo do CID. As UPAs Nova Iguaçu II, Bangu e Tijuca, situadas na região metropolitana I, destacaram-se pelo maior número de atendimentos, nessa ordem. O indicador assistencial "Número de Atendimentos de Casos de Suspeita de Dengue" não apresenta atraso nas notificações, possibilitando a utilização da semana epidemiológica mais recente para avaliação. A estratégia de vigilância oportuna revelou-se uma ferramenta valiosa no enfrentamento às doenças infecciosas e outros problemas sanitários, oferecendo informações ágeis para respostas rápidas em emergências de saúde pública.

Objetivo: mapear os processos da vigilância da leishmaniose visceral (LV) e tegumentar (LT), com intuito de recomendar estratégias para o seu fortalecimento. Métodos: levantamento bibliográfico, reuniões com atores chaves e elaboração de instrumento para coleta de dados acerca do processo de vigilância, a fim de garantir a confiabilidade e consistência das informações sobre: detecção, notificação, análise e monitoramento, bem como, das ações de prevenção e controle, educação em saúde e capacitação. A coleta dos dados ocorreu em 2022 com a utilização de instrumento aplicado via Microsoft Forms aos profissionais das três secretarias de saúde estaduais e municipais de suas respectivas capitais. Também foram realizadas visitas, a fim de validar as informações coletadas on line. Resultados: principais fortalezas foram os processos de análises e disseminação de informação. E como oportunidades de melhorias: para LV, a integração da vigilância de casos humanos, vetores e hospedeiros; para LV e LT, rotina de monitoramento para detecção/notificação oportuna, oferta de treinamentos sobre ficha de notificação e sobre diagnóstico e tratamento para os profissionais de saúde. Conclusão: recomenda-se, prioritariamente, ações de educação permanente aos profissionais de saúde e uma maior integração entre setores da saúde - laboratório, vigilância e atenção primária, como também entre a saúde, meio ambiente e educação - para uma abordagem de saúde única. Assim, tais medidas, permitirão uma resposta coordenada, rápida e efetiva nas ações de prevenção e controle das doenças, fortalecendo a vigilância, principalmente para as populações mais vulneráveis.

OBJETIVO GERAL: Capacitar os profissionais Enfermeiros e Médicos da APS na avaliação dermatoneurológica de pacientes suspeitos ou positivos para Hanseníase. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Reduzir o índice das incapacidades por complicação da Hanseníase; Apropriar os profissionais da APS no manejo adequado para diagnóstico precoce; Promover habilidades clínica no manejo adequado à hanseníase. METODO: Relato de experiência numa abordagem qualitativa, realizado no período de janeiro a abril de 2023 nas ações da Carreta da Hanseníase em 7 municípios do Estado do Maranhão no processo de preceptoria para profissionais médicos e enfermeiros da APS. RESULTADOS: Melhora na adesão ao tratamento, confiança e satisfação do usuário, redução do estigma, descentralização das ações e combate a Hanseníase. CONCLUSÃO: O estudo trouxe à tona a insegurança dos profissionais na avaliação dermatoneurológica, por se tratar de uma doença negligenciada a maioria não possui habilidade para o seu manejo adequado, e ainda há um receio significativo no fechamento do diagnóstico, quando se trata de um agravo em que a clínica é essencialmente soberana, e o acesso a exames específicos é quase inexistente. Diante disso, conclui-se que é emergencial o fomento às ações voltadas para multiplicação de educação continuada e/ou permanente em saúde para redução desse grave problema de Saúde Pública.

Objetivo: Analisar a presença do Mycobacterium leprae e sua viabilidade em contatos de hanseníase e as contribuições destes testes para a vigilância epidemiológica.
Métodos: Realizou-se acompanhamento por três anos de uma coorte de 102 contatos de hanseníase, em seis municípios endêmicos em Minas Gerais. Os alvos RLEP e 16SrRNA do Mycobacterium leprae foram identificados por qPCR em amostras de swab nasal. Avaliou-se a concordância entre os testes a partir do coeficiente Kappa. O teste McNemar foi realizado para verificar a diferença de positividade entre os anos. Foram realizadas análises bivariadas para verificar a associação entre as variáveis. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS®.
Resultados: A prevalência de positividade ao RLEP foi superior a 80% nos três anos e maior que 60% ao 16S. A concordância entre os testes foi moderada (Kappa=0,505; p<0,0001). Não houve diferença significativa na positividade dos testes entre os três anos (RLEP- 1º e 2º ano: p=0,424, 1º e 3º ano: p=0,678, 2º e 3º ano: p=0,815. 16S- 1º e 2º ano: p=1,000, 1º e 3º ano: p=0,711, 2º e 3º ano: p=0,860). Na análise bivariada identificou-se que ser contato de mais de um caso não implicou em apresentar maior viabilidade ao bacilo (p= 0,030).
Conclusão: Há uma alta prevalência de Mycobacterium leprae presente e viável entre os contatos avaliados, o que indica que em regiões de alta endemicidade, as características socioeconômicas e de convívio não interferem na exposição ao bacilo. A manutenção da positividade entre os anos do estudo permite sugerir permanência da exposição.

Introdução: A Doença Meningocócica (DM) é uma infecção bacteriana aguda causada pela Neisseria meningitidis que pode assumir 3 apresentações clínicas distintas: meningococcemia, meningite meningocócica e meningite meningocócica com meningococcemia. Configura-se como um agravo de importância para a saúde pública mundial em razão de seu potencial de causar surtos e/ou epidemias e também por comumente apresentar altas taxas de letalidade e importantes sequelas entre os acometidos. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico da DM no estado do Rio de Janeiro entre 2007 e 2022, a partir dos registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Métodos: estudo ecológico, observacional, retrospectivo e descritivo dos casos de DM, residentes no estado do Rio de Janeiro, registrados no Sinan entre 2007 e 2022. Resultados: foram registrados 3.462 casos no período, sendo 56% do sexo masculino e 34,3% em menores de 5 anos. A manifestação predominante foi meningococcemia: 40% dos casos. 72,6% dos pacientes submeteram-se à punção lombar, 10,0% realizaram hemocultura e 56,2% cultura do líquor. A confirmação laboratorial foi obtida em 53,1% dos casos e a identificação do sorogrupo em 32,7%. Conclusão: Apesar da significativa taxa de punção lombar, existe uma importante proporção de casos que não realizam cultura e hemocultura, prejudicando a caracterização da carga da doença em relação ao sorogrupo. Ressalta-se a necessidade de melhorias no diagnóstico laboratorial visando aprimorar as estratégias de prevenção e controle da doença, como a produção de vacinas.