Programa - Poster dialogado - PD26.9 - Desafios da Epidemiologia na Saúde da população indígena
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
PERFIL DA ANEMIA E ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS INDÍGENAS XAVANTE EM MATO GROSSO, BRASIL
Pôster dialogado
Almeida, S.L.1, Ferreira, A.A.2, Arantes.R.3
1 ENSP/FIOCRUZ; UFRR
2 INJC/UFRJ)
3 ENSP/FIOCRUZ
Objetivos: Analisar o perfil da anemia em crianças indígenas Xavante no Mato Grosso, Brasil. Métodos: Estudo transversal, parte do Projeto "Saúde indígena em perspectiva diacrônica: Os A’uwê Xavante da Terra Indígena Pimentel Barbosa, Mato Grosso”, com crianças ≥ 6 meses e < 12 anos da TI Pimentel Barbosa. Métodos: Inquérito realizado em junho de 2023, com questionários estruturados e exames bioquímicos e antropométricos. Utilizou-se pontos de corte da OMS para anemia e estado nutricional (P/I, E/I e IMC/I). Foram feitas análises exploratórias, descritivas e inferenciais, incluindo o teste t de Student e o teste Qui-quadrado (p-valor<0,05). Resultados: A prevalência de anemia foi de 65,5%, e a anemia moderada foi a mais prevalente (43,3%). As crianças < 2 anos foram as mais acometidas (74,4%), sendo 59,0% com anemia moderada/grave. A anemia grave destacou-se entre crianças ≥ 8 e < 12 anos (44,4%) (p-valor=0,04). Não houve diferença significativa entre os sexos (meninos=65,4% e meninas=65,5%). Dentre as crianças com baixo P/I e baixa E/I, 80,0% (p-valor=0,181) e 81,8% (p-valor=0,009) tinham anemia, respectivamente. Dentre as crianças com anemia moderada/grave, 23,1% tinham baixa E/I e 14,3%, baixo P/I. Por outro lado, 58,0% das crianças com sobrepeso/obesidade (p=0,121) tinham anemia e 39,5% das crianças com anemia moderada/grave também estavam com excesso de peso. Conclusões: A anemia permanece como um grave problema de saúde entre as crianças Xavante, especialmente nos < 2 anos, e apresenta possível relação com diversas formas de má nutrição. Faz-se necessário políticas públicas, ações e programas efetivos, adequados às diversas realidades socioculturais dos indígenas do país.
SAÚDE DE ESCOLARES INDÍGENAS DO BRASIL: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR- PENSE 2019
Pôster dialogado
SILVA, A. K. F.1, Almeida, MMC2, PATAXÓ, V.C.1
1 Universidade Federal da Bahia
2 UFBA
Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico dos escolares indígenas brasileiros em 2019 Métodos: Estudo epidemiológico descritivo com dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, IBGE, 2019. A população de estudo foram os escolares da rede pública e privada do 7° ano fundamental ao 3°ano do ensino médio. As variáveis de interesse foram as sociodemográficas e de saúde, comparando escolares indígenas, com brancos e negros (excluídos os escolares amarelos da análise), descritas por percentual. Resultados: Dos 150.291 escolares, a maioria eram mulheres, entre as brancas (50,3%), negras (52,0%), exceto indígenas, que representaram 48,0% dos escolares. Entre os indígenas, foi maior a proporção de escolares de 18 anos ou mais (6,5%), quando comparados a negros (6,0%) e brancos (3,5%), bem como mais de cerca de 49,0% dos indígenas estudavam até o 8° ano do fundamental, em comparação aos brancos (38,3%) e negros (37,2%). A percepção de saúde muito boa (36,2%) e muito ruim foi superior entre os indígenas (1,8%) em comparação aos brancos (30,9% e 1,2%, respectivamente), negros (31,0% e 1,3%). Cerca de 12,4% dos escolares indígenas referiram que nos últimos 30 dias sempre sentiram que a vida não valia a pena ser vivida, em comparação com os brancos (8,5%) e negros (10,2%). Conclusão: Escolares indígenas têm idade maior e menor escolaridade quando comparados aos negros e brancos, bem como apresentam pior percepção de saúde e maior queixa de desvalorização da vida.
INTERNAÇÕES POR DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS NO ESTADO DE RORAIMA EM MENORES DE 9 ANOS
Pôster dialogado
Bertelli, E.V.M.1, Guimarães, R.M.2, Dutra, V.G.P.2
1 Universidade Estadual de Roraima-UERR/UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
2 Universidade Estácio de Sá
Objetivo foi analisar as internações por deficiências nutricionais em menores de 9 anos em Roraima. Método: Estudo ecológico de série temporal, com dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, utilizando as autorizações de internações hospitalares como fonte de dados, no período de 2010 a 2023. Os dados foram analisados por raça/cor e idade. A análise estatística foi regressão linear segmentada (joinpoint regression). Resultados: foram identificadas 963 internações por deficiências nutricionais, 38,1% em menores de 1 ano, 21,6 em crianças de 1 ano e 10,10 na faixa etária de 2 anos. Em relação a raça/cor das crianças, 67,7% foram em crianças indígenas, 7,9 em crianças pardas e 24,3 não tiveram a informação declarada. Entre os casos de desnutrição em crianças indígenas, pode-se identificar uma maior ocorrência em crianças da etnia Yanomami, com 53,6% dos casos, em crianças Makuxi ocorreram 7,9% das internações e crianças da etnia Wapixana 1,7% das internações. Ainda foi possível identificar casos de internações em crianças das etnias Acona, Apurina, Ingariko, Yaminawa e Yekuana. Em relação a série temporal foi possível observar crescimento constante nas taxas de internação no período, de janeiro de 2010 a julho de 2023, numa velocidade de 1,56% ao mês, (IC 0,27;2,80; p:<0,001). Conclusão: A saúde indígena vive uma Emergência em Saúde pública de Importância Nacional no Território Yanomami, comprovada pelo alto índice de déficit nutricional e insegurança alimentar entre a população indígena. A desnutrição grave é o principal agravo que leva à remoção aérea das terras indígenas.
MORTES DE INDÍGENAS E NÃO INDÍGENAS NO BRASIL POR CAUSAS BÁSICAS E FAIXA ETÁRIA: 2018-2022
Pôster dialogado
Alves, F. T. A.1, Carneiro, L. H. P.1, de Sá, A. C. M. G. N.1, Pena, E. D.1, Cardoso, L. S. M.1, Malta, D. C.1
1 EEUFMG
Objetivo: Analisar a mortalidade da população indígena e não indígena no Brasil, segundo causas básicas de óbitos e faixa etária, no período anterior, durante e após a pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo descritivo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade referentes aos óbitos da população indígena e não indígena no período de 2018 a 2022. Calculou-se a mortalidade proporcional dos grupos segundo faixa etária e causas básicas de óbitos. Resultados: Os povos indígenas apresentaram elevada proporção de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias (2018: 8,47%; 2019: 7,89%; 2020: 24,26%; 2021: 21,13%; 2022: 10,17%), doenças crônicas não transmissíveis (2018: 45,96%; 2019: 46,58%; 2020: 38,1%; 2021: 39,65%; 2022: 45,57%) e causas externas (2018: 16,52%; 2019: 15,31%; 2020: 11,65%; 2021: 13,54%; 2022: 14,32%). Na comparação por faixa etária de ambos os grupos analisados, observa-se e a alta proporção de mortes em indígenas <1 ano (acima de 10% de 2018 a 2022) e menor proporção de óbitos >60 anos (abaixo de 51% no período analisado), contrastando com o encontrado na população não indígena (abaixo de 3% e acima de 67%, respectivamente). Conclusão: O estudo reforça a transição epidemiológica vivenciada pelos povos indígenas e evidencia as vulnerabilidade às quais estes estão expostos e que se acentuam pelos fatores político-econômicos e sanitários impostos pela pandemia. Essa conjuntura mantêm a elevada mortalidade precoce do grupo, apontando a necessidade de fortalecer as políticas públicas destinadas à população indígena.
GANHO PONDERAL EXCESSIVO NA GESTAÇÃO DE INDÍGENAS NO MATO GROSSO DO SUL
Pôster dialogado
Reis, S. R. dos1, Pícoli, R. P.2, Freitas, G. A. de3, Lemos, E. F4, Abreu, G. R.1
1 UFMS
2 FIOCRUZ/MS
3 UFU
4 UEMS
Objetivos: Estimar a prevalência do ganho ponderal excessivo (GPE) e fatores associados na gestação de indígenas no Mato Grosso do Sul (MS). Métodos: Estudo transversal, com 416 puérperas indígenas, de parto e/ou atendimento pós parto imediato em unidades hospitalares de MS, entre 2021 e 2022. Os dados antropométricos, sociodemográficos, ambientais e obstétricos maternos foram coletados em instrumentos específicos, mediante entrevistas e verificação dos registros da Caderneta da Gestante. Os valores superiores às recomendações do Institute of Medicine (IOM/2009) foram considerados GPE. A associação foi verificada através do teste qui-quadrado e exato de Fisher, utilizando o software Rstudio versão 4.3.1. Aprovado pela Comissão Nacional de Ética de Pesquisa, parecer de nº 4.970.421. Resultados: A prevalência do GPE gestacional foi de 22,8%. Destas, 42,1% iniciaram a gestação com sobrepeso (p=0,043), 55,7% eram Kaiowá e Guarani (p=0,018), 47,4% tinham o ensino fundamental (p=0,162), 38/40% eram casadas (p=0,843) e 84,2% residiam em aldeias (p=0,040). Em 46% de seus domicílios, os sanitários estavam dentro de casa (p=0,324), em 73,7% o lixo era queimado (p=0,055) e água proveniente da SESAI (71/74,7%) (p=0,499). Houve ainda, parto cesáreo em 35,8% (p=0,000) e episiotomia em 9,5% (p=0,001) destas gestantes. Conclusões: O GPE gestacional associou-se ao estado nutricional pré-gestacional, etnia, local de residência destino do lixo, parto cesáreo e episiotomia.
INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS EM POPULAÇÃO INDÍGENA, MINAS GERAIS: ESTUDO DA MORTALIDADE.
Pôster dialogado
Alves, W.A.1, Moreira, A.F.G.1, Santos, M.S.1, Teixeira, G.C.1, Santos, J.F.1
1 UFJF-GV
Objetivo: Analisar o perfil de mortalidade por infecções respiratórias (DRI) na população indígena residente no território de Minas Gerais, no período de 2000-2022.
Método: Estudo descritivo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (acesso público). Variáveis de estudo: ano do óbito, faixa etária, sexo, raça/cor e causa básica da morte. Análise dos dados: frequência (n) e proporção (%). Software estatístico JASP 0.18.3.0.
Resultados: 2000-2020: 159.846 óbitos totais por DRI, sendo 10% (n=16.167) sem raça/cor informada. 2000-2022: 0,1% de óbitos em indígenas (n=258). Perfil de mortalidade: 1- Tempo: 2004: Menor registro (n=1; 0,4%), 2021: maior registro (n=56; 22%); 2020-2022 (período pandêmico: n=107; 41%)/// 2- Pessoa: média=57 anos/ 0,05-103 anos); 58%(n=102) idosos; 20%(n=19) menores 10 anos; 54%(n=95) mulheres; Causa básica da morte: 53%(n=137) causa mal especificada; 28%(n=73) infecções virais; 19%(n=48)/// 3- Lugar: 67% residentes das Regiões Norte(n=70;27%), Centro (n=61;24%) e Nordeste(n=41;16%), respectivamente.
Conclusão: Provável sub-registros de óbitos DRI para raça/cor indígena. A dificuldade dos profissionais de saúde em reconhecer a raça/cor dos indivíduos resulta em inconsistências importantes. Perfil predominante: idosos, crianças, sexo feminino, residentes no centro-norte do estado, causa da morte não investigada, sendo o 1º ano da pandemia aquele com maior mortalidade proporcional. A ausência de especificações revela fragilidade da vigilância laboratorial e genômica, e especialmente, na assistência hospitalar dos povos indígenas.