Programa - Poster dialogado - PD26.13 - Epidemiologia do curso de vida
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
RELAÇÃO BIDIRECIONAL ENTRE DURAÇÃO DE SONO E SAÚDE MENTAL DA INFÂNCIA À ADOLESCENCIA
Pôster dialogado
CARPENA, M.X.1, MARTINS-SILVA, T.1, SANTOS, I.S.1, WENDT, A.2, MATIJASEVICH, A.3, TOVO-RODRIGUES, L.1, Crochemore, I.1
1 UFPEL
2 PUCP
3 USP
Objetivo: Avaliar a relação bidirecional entre duração de sono e sintomas internalizantes e externalizantes
Métodos: A Coorte de Nascimento de Pelotas de 2004 recrutou 4231 crianças (2196 meninos) nascidas em 2004 em Pelotas, RS. Sintomas internalizantes e externalizantes de saúde mental foram avaliados usando o Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ) aos 6, 11, 15 e 18 anos, enquanto a duração do sono foi avaliada com dados coletados por acelerômetros ActiGraph nas mesmas idades. Foram utilizados Cross-lagged Painel Models com dados imputados para responder a pergunta de pesquisa.
Resultados: Maiores pontuações na escala de sintomas externalizantes predisseram maior duração de sono dos 6 aos 18 anos (β=0,003; p=0,035), com maior força de associação no início da adolescência (dos 11 aos 15 anos, β=0,044; p=0,005) e dos 15 aos 18 anos (β=0,038; p=0,013), representando um acréscimo médio de 0,18, 2,28 e 2,64 minutos, respectivamente, na duração do sono nas 24 horas, em comparação aos que não apresentavam sintomas externalizantes. A maior duração de sono aos 11 e 15 anos predisseram discreta diminuição na escala de sintomas internalizantes (β=-0,032; p=0,027. No entanto, essa associação não se manteve estatisticamente significativa quando os extremos de idade (6 e 18 anos) foram incluídos na análise (p=0,379).
Conclusão: Existe relação entre duração de sono e sintomas internalizantes e externalizantes, mais consistente no início da adolescência (11 e 15 anos). Problemas externalizantes predizem consistentemente mais longa duração do sono, enquanto a longa duração do sono pode levar a uma discreta diminuição de sintomas internalizantes.
VARIABILIDADE DIÁRIA DA ATIVIDADE FÍSICA MEDIDA POR ACELERÔMETRO EM ADULTOS E CRIANCAS
Pôster dialogado
Garcia, M.C.1, BRADY, R.2, BRANDÃO, J. M.1, SICHIERI, R.1, MIELKE, G.I.2, PARAVIDINO, V. B.1
1 UERJ
2 The University of Queensland
Objetivo: Descrever a variabilidade diária da atividade física de crianças com obesidade e seus responsáveis, e investigar se a variabilidade diária da atividade física dos pais está associada à variabilidade da atividade física das crianças. Métodos: Trata-se de uma análise inicial de um ensaio clínico randomizado para tratamento da obesidade em crianças de 7 a 12 anos. As crianças (N=21) e seus responsáveis foram analisados para este estudo. Ambos os participantes usaram um acelerômetro triaxial (ActiGraph wGT3X-BT) no pulso não dominante por 7 dias contínuos. Os minutos diários de atividade física de intensidade moderada a vigorosa (AFMV) foram estimados como minutos em que a aceleração média em períodos de 5 segundos foi ≥191 e ≥100 mg. A variabilidade diária individual foi calculada como o coeficiente de variação (%) da AFMV ao longo dos dias avaliados. A associação foi avaliada pelo teste qui-quadrado. Resultados: A média diária de AFMV foi de 84,2 minutos/dia (DP: 34,4) entre adultos e 48,9 minutos/dia (DP: 15,9) entre crianças. A variabilidade diária na atividade física foi de 37,4% (12,4) entre adultos e 41,7% (DP: 12,1) entre crianças. A variabilidade diária da atividade física esteve significativamente associada à variabilidade diária das crianças (p= 0,004, ). Conclusões: Os adultos acumularam mais atividade física diária do que as crianças e a variabilidade diária na atividade física apresentou associação significativa. A compreensão dos diferentes padrões de acumulação de atividade física na família poderá apoiar o desenvolvimento de estratégias que visem promover a atividade física de forma direcionada para adultos e crianças.
ASSOCIAÇÃO ENTRE AMBIENTE OBESOGÊNICO, CONSUMO ALIMENTAR MATERNO E PESO AO NASCER DO BEBÊ
Pôster dialogado
Inácio, M. L. C.1, Santos, L. C.2, Souza, R. C. V.2, Honório, O. S.1, Pessoa, M. C.2
1 UFOP
2 UFMG
Objetivos: verificar a associação entre o perfil obesogênico do bairro de residência de puérperas, o consumo alimentar durante a gestação e o peso ao nascer de seus bebês. Métodos: Trata-se de um estudo transversal conduzido com 623 puérperas atendidas em dois hospitais públicos de Belo Horizonte. Dados sociodemográficos, gestacionais e de consumo alimentar das participantes, bem como informações sobre os bebês, foram coletados por meio de questionário estruturado. Informações ambientais foram obtidas de dados secundários. A variável "padrão de ambiente obesogênico" foi gerada por análise de componentes principais e categorizada em tercis, sendo o terceiro tercil, o ambiente mais obesogênico. Bebês com peso ao nascer inadequado foram definidos como aqueles com baixo peso (<2500g), peso insuficiente (2500g a 2599g) e macrossomia fetal (>3999g). A associação entre ambiente obesogênico e peso ao nascer, bem como consumo alimentar, foi analisada por modelos de regressão logística usando equações de estimativa generalizadas (GEE). Resultados: O padrão obesogênico consistiu de maior densidade de estabelecimentos não saudáveis, criminalidade e atropelamentos. Identificou-se que puérperas residentes em bairros mais obesogênicos tinham maior chance [OR: 1,68 (1,07-2,64)] de terem bebês com peso ao nascer inadequado. Além disso, a maioria das puérperas com bebês de peso inadequado apresentou consumo aumentado de ultraprocessados [OR: 2,34 (1,61-3,72)] e consumo diminuído de alimentos minimamente processados [OR: 0,69 (0,36-0,92)]. Conclusões: Os resultados indicam a influência de fatores ambientais em desfechos materno-fetais e a necessidade de estratégias para promover ambientes mais saudáveis, considerando esses fatores no cuidado pré-natal.
RISCOS METABÓLICOS NA GESTAÇÃO E ATRASO NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NO 2º ANO
Pôster dialogado
Ribeiro, C.C.C1, Lima, N.I.P.P.1, Bandeira, B.O1, Simões, V.M1, Batista, R.F.L1, Sá, R.V.P.1, Nascimento, J.X.P.T1, Silva, A.A.M1
1 UFMA
Objetivo: Analisamos a associação entre riscos metabólicos na gravidez com o atraso no desenvolvimento neuropisomotor (ADNPM) no 2º ano. Métodos: Dados da Coorte Pré-Natal BRISA, São Luís, na 25ª vida intra-uterina (baseline), ao nascimento e no 2º ano da criança. Construímos um modelo teórico para analisar efeitos totais, diretos e indiretos da Situação Socioeconômica - SES, idade da gestante e riscos metabólicos na gravidez: IMC pré-gestacional, diabetes e hipertensão, cesárea e idade gestacional com ADNPM, esta uma variável latente multidimensional deduzida da escala dos componentes Bayley III: cognição, linguagem expressiva, linguagem receptiva, motricidade fina e motricidade grossa. Resultados: O NPMDD formou um bom construto (cargas fatoriais > 0,5). O maior SES protegeu para NPMDD (Coeficiente Padronizado - SC = -0,202, p = 0,001); no entanto, o SES também teve um efeito de risco indireto para ADNPM quando reduziu a idade gestacional (SC= 0,098, p = 0,017). O maior IMC protegeu diretamente o ADNPM (SC = -0,187, p = 0,032); por outro lado, também teve um efeito de risco indireto para ADNPM (SC = 0,134, p = 0,034) pela hipertensão reduzindo a idade gestacional. O diabetes teve maior efeito no NPMDD (SC = 0,280, p = 0,45). Proximamente, o aumento da idade gestacional protegeu o NPMDD (SC = -0,203, p <0,001). Conclusão: Além dos determinantes socioeconômicos, os estressores metabólicos durante a gravidez resultaram em ADNPM no 2º ano de vida, reforçando a importância do acompanhamento metabólico durante a gravidez para o desenvolvimento neuromotor da criança.
IDEAÇÃO SUICIDA EM POPULAÇÕES URBANAS: EXISTEM DIFERENCIAIS SEGUNDO AS FASES DA VIDA?
Pôster dialogado
Palma, T. F.1, Teixeira, J. R. B1, Pinho, P. S.2, Moura, M. A.1, Carneiro, C. M. M.1, Araújo, T. M.1
1 UEFS
2 UFRB
OBJETIVO: Avaliar a ocorrência da ideação suicida-IS e fatores associados em população urbana, segundo faixas etárias. MÉTODO: Estudo transversal, com 4.170 indivíduos, maiores de 15 anos, residentes urbanos de município brasileiro. Analisou-se dados sociodemográficos, saúde, hábitos, violência, insatisfação, psicopatologias e IS, identificada no item 17 do Self-Reporting Questionnaire. Conduziu-se análises bivariadas para a população geral e estratos etários (fases da vida): 15-24 anos; 25-59; e, 60 ou mais, com ponderação por peso amostral. RESULTADOS: Estimada prevalência de IS de 6,8%. Nos mais jovens (15-24 anos) destacaram-se: violências emocional/física (P=40,9%;p-valor<0,001); na infância (P=38,6%;p-valor<0,001); Autopercepção ruim da saúde (P=33,0%;p-valor=0,001); uso abusivo de álcool (P=30,9%;p-valor<0,001); insatisfações: relações pessoais (P=43,1%;p-valor<0,001); consigo (P=41,6%;p-valor<0,001); qualidade de vida (P=26,3%%;p-valor=0,019); Transtorno de Ansiedade-TAG (P=33,6%;p-valor=0,012); Distúrbio do Sono-DS (P=25,8%;p-valor=0,004); Transtorno do pânico-TP (P=56,8%;p-valor<0,001) e Depressão (P=66,1%;p-valor<0,001). Adultos (25-59): ser mulher (P=8,3%;p-valor=0,002); baixa escolaridade (P=6,9%;p-valor=0,043); desempregado(a) (P=13,2%;p-valor=0,03); violências emocional/física (P=13,2%;p-valor=0,015), na infância (P=19,8%;p-valor=0,005); saúde ruim (P=43,1%;p-valor<0,001); sobrecarga doméstica (P=10,1%;p-valor=0,043); insatisfações: relações pessoais (P=13,6%;p-valor=0,02), consigo (P=17,1%;p-valor=0,003); qualidade de vida (P=16,5%;p-valor<0,001); TAG (P=32,1%;p-valor<0,001); DS (P=14,5%;p-valor<0,001); TP (P=16,0%;p-valor=0,005); Transtornos somatoformes-TS (P=31,7%;p-valor<0,001); Depressão (P=29,7%;p-valor<0,001). Idosos (≥60): violência emocional/física (P=11,6%;p-valor=0,008); saúde ruim (P=8,4%;p-valor<0,001); insatisfações: relações pessoais (P=9,5%;p-valor=0,0013), consigo (P=13,5%;p-valor<0,001), qualidade de vida (P=7,9%;p-valor=0,006); TAG (P=21,0%;p-valor<0,001); TP (P=14,9%;p-valor=0,003); TS (P=10,4%;p-valor=0,016); Depressão (P=12,2%;p-valor=0,016). CONCLUSÕES: Os determinantes da ideação suicida variam segundo as fases da vida. Isso sugere a reflexão sobre as demandas com carga psíquica de cada fase, sendo distintas a partir das prioridades associadas à maturação pessoal, socialmente referenciada. Essas demandas emanam de um modelo comum, que determina a produção da vida a partir do consumo.
INFLUÊNCIA DA PRIVAÇÃO E AMEAÇA SOBRE FUNÇÕES EXECUTIVAS NA INFÂNCIA EM UMA COORTE
Pôster dialogado
Cardoso, A. S.1, Martins, R. C.1, Blumenberg, C.1, Gonzalez, A.2, Halligan, S.3, Murray, J.1
1 Universidade Federal de Pelotas - UFPel
2 McMaster University
3 University of Bath
Objetivo: Avaliar a associação entre experiências adversas na infância (EAIs), no contexto de privação e ameaça, e funções executivas (FE) de crianças de uma coorte de nascimentos. Métodos: Utilizamos dados da Coorte de nascimento de Pelotas de 2015. EAIs foram medidas por questionários preenchidos pelo cuidador e por observações filmadas das interações cuidador-criança aos 4 anos. A partir da análise de componentes principais (ACP), geramos escores padronizados de privação e ameaça, categorizadas em quintis. O desfecho foi um escore contínuo único e padronizado de FE aos 6-7 anos, gerado por ACP a partir dos subtestes de cubos e dígitos da Escala de Inteligência Wechsler, Stroop e Card-Sort. Diferença de médias e intervalos de confiança de 95% (IC95%) de cada categoria de exposição foram estimadas através de regressão linear bruta e ajustada. Resultados: Aos 6-7 anos, 3.867 crianças foram avaliadas (taxa de acompanhamento de 92,0%). Níveis mais altos de privação e ameaça foram associados a menores médias de FE, com um efeito dose-resposta para privação. Crianças no quintil mais alto de privação tiveram uma redução de 0,62 desvio-padrão na média dos escores de FE (IC95%: -0,77; -0,46), na análise ajustada, em comparação com o quintil mais baixo. No quintil mais alto de ameaça, houve redução de 0,20 desvio-padrão na média dos escores de FE. Conclusão: A exposição a privação e a ameaça aos 4 anos está associada a menores escores de FE aos 6-7 anos, esses resultados ressaltam para os efeitos duradouros das EAIs.