Programa - Poster dialogado - PD26.14 - Trabalhadores(as) de serviços (da saúde e da educação) e trabalhadoras da indústria: análise de riscos e agravos à saúde
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
TRABALHO E SAÚDE MENTAL DE DOCENTES DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
Pôster dialogado
Souza, D. R. A1, Moura, M. A1, Lua, I.1, Lima, M. E. A.1, Laurentino, P. P.2, Araújo, T. A1, Pinho, P. S2
1 UEFS
2 UFRB
Objetivo: Descrever características sociodemográficas e do trabalho, e estimar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) e depressão em docentes da pós-graduação stricto sensu em duas universidades públicas da Bahia. Métodos: Estudo transversal descritivo, com amostra de 149 docentes de Programas de Pós-Graduação (PPG) stricto sensu. A coleta de dados ocorreu via Websurvey, utilizando o REDCap, entre agosto e novembro de 2023. As variáveis foram: sexo/gênero, raça/cor da pele, idade, situação conjugal, tempo de trabalho, carga horária, titulação. TMC foi avaliado pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), depressão pelo Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e qualidade do sono pelo Mini-Sleep Questionnaire (MSQ). Resultados: A maioria dos docentes dos PPG stricto sensu são da cor branca (43,2%), mulheres (62,4%), casados (48,9%) e com filhos (68,2%). A média de idade é de 50,96 ±7,67 anos e com tempo de docência de 16,66± 9,02 anos. Quanto à titulação máxima, 61,7% possuem doutorado e 38,3% pós-doutorado. A maior parte trabalha em dedicação exclusiva (89,3%), leciona em cursos regulares (86,6%), orienta projetos de pesquisa (91,9%) e 73,6% dos docentes consideram que o volume de demandas no trabalho é elevado e o tempo para realizá-lo é insuficiente. Observou-se que 73% realizam atividade física e 70, 2% atividade de lazer. Porém, 66% apresentaram qualidade do sono ruim. A prevalência de TMC foi de 40,3% e de depressão 27,2%. Conclusão: É evidente a problemática da saúde mental em docentes dos PPG stricto sensu, um ambiente marcado por competitividade e pressão por produtividade acadêmica, isso pode repercutir no bem-estar mental desses profissionais.
ACIDENTE DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO: CONDUTAS PARA PREVENÇÃO
Pôster dialogado
Silva, C. A. S1, Rocha, P. H. S.2, Lima, F. F. O.2
1 SESAB/NRSS
2 PMVC/CEREST
Os acidentes de trabalho com exposição a material biológico aumentam o risco de transmissão de doenças, como Hepatite B, Hepatite C e o Vírus HIV. Na região de saúde de Vitória da Conquista/BA, é um dos agravos relacionados ao trabalho com maior número de notificações no Sinan, acomete majoritariamente mulheres, auxiliares ou técnicas de enfermagem.
Objetivo: Prevenir a transmissão de doenças após a ocorrência do acidente de trabalho com exposição a material biológico, capacitar os profissionais de saúde para conduzir os casos, implantar fluxos assistenciais municipais. Metodologia: Experiência de trabalho da VISAT do Núcleo Regional de Saúde Sudoeste (SESAB) e CEREST de Vitória da Conquista, iniciada em dezembro/2022 e em andamento. Realizado diagnóstico situacional para identificar as dificuldades para conduzir e notificar os casos, e a disponibilidade de insumos. Realizada oficina para orientar as condutas pós-acidente de trabalho, notificação dos casos no Sinan e elaboração de fluxo municipal, em parceria com o CAAV e CHVC. Resultados: Observou-se lacuna de conhecimento entre os profissionais de saúde sobre a avaliação da exposição de risco, os cuidados pós-acidente, testagem e notificação dos casos no Sinan, havia disponibilidade de insumos para testagem, e dos 19 municípios, apenas 03 tinham fluxo assistencial. A oficina proporcionou a padronização das ações, a elaboração de fluxos em 11 municípios e o treinamento de 64 profissionais. Conclusões: Observou-se expansão do conhecimento, a padronização das condutas, favorecendo a disponibilidade de medidas profiláticas em tempo oportuno, para evitar a transmissão de doenças.
VIOLÊNCIA NO TRABALHO EM SAÚDE E SUA ASSOCIAÇÃO COM TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS
Pôster dialogado
REIS, E. S.1, FEIJÓ, F. R1, ALMEIDA, M. M. C.1, PINHO, P. S.2, HELIOTERIO, MC2, ARAÚJO, T. M.3
1 UFBA
2 UFRB
3 UEFS
Objetivo: analisar a associação entre a exposição à violência no trabalho e Transtornos Mentais Comuns (TMC) em trabalhadores/as da saúde da atenção primária à saúde (APS) e média complexidade em 2021/22. Método: Estudo transversal com amostra probabilística de 1.011 trabalhadores/as da atenção primária e média complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) de três municípios baianos (pequeno, médio e grande porte). Foi utilizado o Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) para avaliar TMC e um questionário específico de autorrelatado sobre vitimização direta para avaliar agressões/violência no trabalho nos últimos 12 meses. Utilizaram-se ainda outros instrumentos validados como a Escala de Desequilíbrio Esforço-Recompensa, para avaliar fatores psicossociais do trabalho. Estimaram-se razões de odds e intervalos de confiança 95% por meio da Regressão Logística múltipla. Resultados: A prevalência global de TMC entre os trabalhadores/as foi de 40,8%. Trabalhadores/as expostos a situações violentas apresentaram 2,2 vezes maior chance de apresentarem o desfecho (OR = 2,28; IC 95% 1,44- 3,59), mesmo após ajuste para fatores de confusão sociodemográficos e ocupacionais, incluindo estressores laborais. Conclusão: Os achados apontam alta prevalência de TMC e evidenciam que a violência é um fator de risco à saúde independente de outras exposições. Intervir nos processos organizacionais e estruturais do trabalho em saúde no SUS, com vistas à redução da violência laboral, pode ser um meio possível para abrandar a carga de doença relacionada aos TMC, reduzindo incapacidade, afastamentos prolongados e custos sociais, o que pode, ainda, qualificar processos de trabalho no âmbito da APS e média complexidade.
CONDIÇÕES DE TRABALHO REFERIDAS COMO NEGATIVAS POR ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster dialogado
Marinho, GL1
1 UFRJ
Objetivo: analisar fatores associados à autopercepção negativa das condições de trabalho referidas por enfermeiros que atuavam em unidades de Atenção Primária à Saúde em todo o Brasil, no período 2020-2021. Métodos: estudo seccional que analisou atributos relacionados a condições de trabalho desfavoráveis referidas por enfermeiros da APS. Os dados são oriundos da pesquisa “Práticas de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde”, coletados por formulário eletrônico, com participação de enfermeiros de todas as regiões do Brasil (N = 7.308). Condições de trabalho referidas como “ruim, muito ruim e regular” foram consideradas negativas e os enfermeiros foram caracterizados segundo atributos sociodemográficos, de formação e do trabalho. Modelos estatísticos (regressão de Poisson) estimaram razões de prevalência (RP), indicando magnitudes do desfecho moduladas pelas características dos participantes. Os indicadores apresentam os respectivos intervalos de confiança, adotando-se o nível de significância de 5%. Resultados: as condições de trabalho foram consideradas negativas por 11,4% (IC95% 10,6; 12,1) dos enfermeiros da APS em todo o Brasil, variando de 5,9% a 16,1% nas regiões Sul e Centro-Oeste, respectivamente. Ocorrências elevadas foram observadas entre os homens de cor ou raça preta (> 15,0%). Nas análises ajustadas, chances de condições ruins de trabalho foram mais expressivas entre homens (RP = 1,34) e aqueles que atuavam em unidades de saúde sem gerente (RP = 1,27) (ρ < 0,01). Conclusões: enfermeiros são fundamentais aos serviços de APS e necessitam melhores condições para atuarem de modo satisfatório.
ASSOCIAÇÃO ENTRE TRABALHO NOTURNO E OBESIDADE ABDOMINAL EM MULHERES DO SUL DO BRASIL
Pôster dialogado
Canabarro, H. A.1, Garcez, A.1, Silva, J. C.2, Kohl, I. S.1, Olinto, M. T. A.1
1 UFRGS
2 UNISINOS
Objetivos: Investigar a associação entre trabalho noturno e obesidade abdominal em mulheres trabalhadoras de turnos de um grupo de indústrias no sul do Brasil. Métodos: Um estudo transversal foi conduzido com uma amostra de 400 trabalhadoras com 18 anos ou mais (média de 34,2 ± 9,9 anos), provenientes de um grupo de indústrias localizadas no sul do Brasil em 2022. A obesidade abdominal foi avaliada por meio da circunferência da cintura, com uma medida de 88 cm ou mais indicando sua presença. Trabalhadoras que operavam das 22:00 às 06:00 foram classificadas como expostas ao trabalho noturno. Regressão de Poisson com variância robusta foi utilizada na obtenção das razões de prevalência (RP) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: A prevalência de obesidade abdominal foi de 43,0% (IC 95%: 38,1–47,9) e 20,3% da amostra trabalhava no turno noturno. A obesidade abdominal foi mais prevalente entre as trabalhadoras noturnas em comparação com as trabalhadoras diurnas (54,3% vs. 40,2%). Após ajuste, observou-se uma associação significativa entre turno noturno e obesidade abdominal. As trabalhadoras do turno noturno apresentaram uma probabilidade 35% maior de ter obesidade abdominal em comparação às trabalhadoras diurnas (RP = 1,35; IC 95%: 1,06–1,72; p=0,015). Conclusões: Este estudo identificou uma associação significativa entre trabalho noturno e obesidade abdominal entre as mulheres trabalhadoras. Uma alta prevalência de obesidade abdominal foi identificada neste grupo populacional específico. Esses achados ressaltam a importância de abordar as implicações à saúde do trabalho noturno, particularmente no que diz respeito à obesidade abdominal.