Programa - Poster dialogado - PD26.15 - Temas em Vigilância, APS e saúde da mulher
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
COMPLEXIDADE DO COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA SAÚDE: COMPARANDO BRASIL E ALBÂNIA
Pôster dialogado
Sant Fruchtman, C.1, Cobos Munoz , D2, Vitral Pinto, I1, Ylli, A3, Pereira dos Santos, A1, Revenga Becedas, R2, Rama, R3, Dias Bevilacqua, P1
1 Instituto René Rachou - Fiocruz Minas
2 Swiss Tropical and Public Health Institute
3 University of Tirana
Objetivo: O estudo MISSOP investigou oportunidades perdidas no enfrentamento à violência contra mulheres (VCM) nos sistemas de saúde de Tirana, Albânia, e Belo Horizonte, Brasil, e comparou as causas dessas oportunidades perdidas nos dois contextos.
Métodos: Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com provedores de serviços e sobreviventes de VCM em ambos contextos. A análise temática gerou códigos e temas usados para desenvolver diagramas de laços causais (DLC). Posteriormente, os DLC das duas cidades foram comparados para entender as semelhanças e diferenças nas dinâmicas dos determinantes.
Resultados: Apesar da existência de protocolos de saúde robustos em ambos contextos, profissionais de saúde frequentemente não os seguem, e as mulheres não veem o setor de saúde como um local de busca de ajuda formal. Identificaram-se determinantes comuns para as oportunidades perdidas, como a capacidade da força de trabalho em saúde, a percepção sobre VCM, a confiança e aceitabilidade do sistema pelas sobreviventes, a capacidade de realizar encaminhamentos e a habilidade de responder às necessidades de saúde das sobreviventes. Em Belo Horizonte, determinantes territoriais, como a violência comunitária, também foram relevantes.
Discussão/Conclusão: Este estudo oferece insights sobre a resposta do setor de saúde à VCM, destacando a ausência de uma resposta sistemática que perpetua o ciclo de violência e priva as mulheres de serviços de apoio essenciais. A análise sublinha a complexidade e a interconexão dos determinantes das oportunidades perdidas, ressaltando a necessidade de abordagens abrangentes e multidimensionais para enfrentar efetivamente a VCM. Apesar dos contextos distintos, os determinantes mostraram-se muito semelhantes.
FATORES ASSOCIADOS À UTILIZAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA EM MULHERES:ESTUDO DE BASE POPULACIONAL
Pôster dialogado
ABREU, K. C. M.1, SARTI, T. D.1, COELHO, A. P. S.1
1 UFES
OBJETIVO: Analisar e compreender os fatores associados à utilização de consultas médicas por mulheres adultas no município de Vitória, no Espírito Santo, considerando os determinantes de saúde e o contexto da pandemia de COVID-19.
MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional, com 1.077 mulheres com 18 anos ou mais, residentes de Vitória. A seleção da amostra foi realizada de forma aleatória e sistemática por conglomerado em dois estágios. O desfecho foi definido pela afirmação a pergunta sobre consulta com médico generalista no ano de 2021. Foram avaliadas características demográficas, socioeconômicas, situação de saúde, estilo de vida e experiência com COVID-19 como variáveis de exposição. A análise descritiva foi determinada pela prevalência das variáveis, a análise bruta e ajustada por Regressão de Poisson no software Stata 17.
RESULTADOS: A prevalência de utilização de consulta médica referida em mulheres residentes de Vitória foi de 55,3% (CI95% 52,34-58,20). Os fatores associados à utilização, após análise ajustada, foram a situação conjugal sem companheiro (1,18; IC95%: 1,06 – 1,32; Valor de p: 0,0017), posse de plano de saúde (1,15 IC95%: 1,01 -1,30; Valor p: 0,0305), presença de multimorbidade (1,24 IC95%: 1,10 – 1,40 Valor p: 0,0006) e diagnóstico prévio de COVID-19 (1,17 IC95%: 1,05 -1,30 Valor p: 0,0042).
CONCLUSÕES: A utilização de consulta médica no contexto pandêmico esteve associada à ausência de companheiro, posse de plano de saúde, presença de multimorbidade e ao diagnóstico de COVID-19. Os achados ressaltam o acesso facilitado a portadores de plano de saúde, maior utilização de serviços na presença de multimorbidade e diagnóstico prévio de COVID-19.
BARREIRAS PARA O RASTREAMENTO ORGANIZADO DO CÂNCER DE MAMA ENTRE AS USUÁRIAS DO SUS
Pôster dialogado
Câmara, A. B.1, Luizaga, C. T. M.2, Duarte, L. S.1, Cury, L.3, López, R. V. M4, Contreras, C. H.5, Wünsch-Filho, V.3
1 Universidade de São Paulo e Fundação Oncocentro de São Paulo
2 International Agency for Research on Cancer
3 Fundação Oncocentro de São Paulo
4 Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
5 Universidade Federal de Juiz de Fora
Objetivo: Avaliar as barreiras para o rastreamento organizado do câncer de mama.
Métodos: Um inquérito populacional foi aplicado em 50 unidades básicas de saúde do estado de São Paulo. Questionários semi-estruturados foram aplicados utilizando o software REDCAP. Características sócio-demográficas foram associadas com as barreiras para o rastreamento utilizando o teste de fisher (SPSS v.29).
Resultados: Os resultados do inquérito demonstraram que 51% das entrevistadas conhecem algum fator de risco para o câncer e 39% conhecem a lei que garante à mulher o tratamento do câncer no prazo de até 60 dias. Entre as mulheres que possuem conhecimento sobre o câncer de mama, 21% não conhecem nenhum sintoma da doença. Em relação às principais barreiras para o rastreamento, 59% das mulheres afirmaram que o exame é doloroso, 44% queixaram-se do tempo de espera para realizar o exame e 40% apontaram a dificuldade para agendamento. A escolaridade esteve associada com o longo tempo de espera, enquanto que a faixa salarial e a localização da UBS estiveram associadas com dificuldades para agendar o exame. A presença de doenças esteve associada com o medo de descobrir algo errado. Por fim, a localização da UBS esteve associada com a vergonha e com a dor durante a realização do exame.
Conclusões: Ressalta-se a importância de considerar estratégias para facilitar o agendamento e reduzir o tempo de espera para realização da mamografia. Estes resultados estão sendo divulgados entre gestores da saúde a fim de implementar o rastreamento organizado para o câncer de mama no estado de São Paulo.
FATORES RELACIONADOS ÀS INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA NO CEARÁ
Pôster dialogado
Costa, N. G. S.1, Delerino, A. L.1, Ferreira, N. N. L.1, Rocha, R. N.1, Araújo, C. E. L.1
1 UFC
Objetivo: Caracterizar fatores relacionados à ocorrência de internações por condições sensíveis à atenção primária (ICSAP) no estado do Ceará.
Método: Realizou-se um estudo ecológico com dados secundários do SIH-SUS, SIOPS, CNES, IBGE e e-Gestor Atenção Básica/SAPS/MS do ano de 2019. As taxas de ICSAP municipais foram analisadas com base na taxa estadual, para cálculo do risco relativo por município, variável dependente do estudo. As variáveis independentes de interesse incluem características demográficas, estrutura do sistema de saúde local e aspectos do financiamento em saúde. Para análise estatística não paramétrica, utilizou-se a correlação de Spearman.
Resultados: a maior parte dos municípios do Ceará (60,86%) apresentaram taxas de ICSAP inferiores à taxa média do estado. Verificou-se correlações positivas do total per capita das transferências SUS (rho=0.353), dos gastos públicos totais per capita em saúde (rho=0.195), da taxa de leito disponível ao SUS (rho=0.305) e do número de médicos por 1000 habitantes (rho=0.157) com o risco relativo de ICSAP. Em contrapartida, a variável despesas per capita em saúde com recursos próprios dos municípios apresentou correlação negativa (rho=-0.188) com o risco de ICSAP. Demais aspectos estruturais do sistema de saúde e características sociodemográficas não demonstraram, neste estudo, associação com ICSAP.
Conclusões: As taxas de ICSAP, variável que permite inferência sobre a resolutividade presumida da atenção primária à saúde, dos municípios cearenses parecem sofrer influência das configurações do financiamento federal e subnacional em saúde, assim como de dimensões relacionadas à capacidade instalada.
EPIDEMIOLOGIA E ESTRUTURA DOS NÚCLEOS DE VIGILÂNCIA HOSPITALAR EM PERNAMBUCO, 2019-2024
Pôster dialogado
Noronha, G. A.1, Sivini, M. A. V. C.1, Rocha, B. G1, Ishigami, B. I. M.1, Lima, J. L.1, Avezedo, R. S. A.1, Silva, B. M.1
1 SEVSAP / SES - PE
Objetivos: Descrever perfil epidemiológico e estrutural dos 25 estabelecimentos de saúde que possuem núcleos de vigilância epidemiológica hospitalar (VEH) no Estado de Pernambuco, integrantes da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh).
Métodos: O perfil epidemiológico foi examinado com base em dados de morbimortalidade, entre 2019 e 2023, utilizando o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Quanto ao perfil estrutural em 2024, foi utilizado um questionário de autopreenchimento (Google Forms), com questões sobre estrutura física, recursos humanos, funcionamento do núcleo e a atuação dos profissionais. Os dados foram tabulados pelos softwares Tabwin e Microsoft Office Excel.
Resultados: De 2019 a 2023 foram registrados 99.771 óbitos nas 25 unidades Renaveh. As cinco principais causas de óbito (68%) foram doenças do aparelho circulatório, neoplasmas, doenças infecciosas e parasitárias, doenças do aparelho respiratório e doenças do aparelho digestivo. Em relação à morbidade, foram observados 186.058 agravos notificados no mesmo período. Os cinco principais agravos notificados foram dengue; violência doméstica, sexual e/ou outras violências; acidente por animais peçonhentos; atendimento antirrábico e intoxicações exógenas, totalizando 71% das notificações. Em relação ao perfil estrutural, os núcleos possuem estruturas físicas e profissionais próprios, protocolos de procedimentos definidos e referiram possuir fácil comunicação com a equipe Estadual da VEH. Realizam investigações de óbitos por agravos de notificação compulsória, divulgam informes de saúde e 92% monitoram os indicadores nacionais da Renaveh.
Conclusões: Foi constatado desempenho satisfatório nas atividades essenciais para VEH, sendo referência para outros estabelecimentos de saúde do Estado.
APSCRONISUL: PLANEJAMENTO PARA ENFRENTAMENTO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster dialogado
Ximendes, V. O.1, Krolow, M.R.1, Valério, T. D.1, Machado, K. P.1, Xavier, N. P.1, Costa, G. S.1, Soares, C.B.1, Dilélio, A. S.1, Facchini, L. A.1, Thumé, E.1, Tomasi, E.1
1 UFPel
Objetivos: O APSCroniSul objetivou capacitar profissionais e gestores da Atenção Primária à Saúde (APS) sobre o cuidado das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), com foco nas linhas de cuidado da diabetes, hipertensão e obesidade, e planejar o enfrentamento a essas enfermidades nos 38 municípios da região Sul do Rio Grande do Sul.
Métodos: A partir de um curso, com encontros virtuais e presenciais, os gestores e profissionais realizaram análise situacional em seu respectivo território. Identificaram fortalezas e fragilidades das ações de promoção da saúde e das linhas de cuidados, captadas pelos instrumentos Assessment of Chronic Illness Care e Painel de Indicadores do Município e pela trajetória do profissional. A análise fundamentou Objetivos, Metas, Indicadores e Ações criadas para direcionar o enfrentamento.
Resultados: Ao final, 78 participantes apresentaram planos de enfrentamento às DCNTs. Apesar dos temas similares, as fragilidades e/ou fortalezas foram diversificadas. A rotatividade ou vínculo trabalhista dos profissionais; ter ou não uma equipe multiprofissional de apoio; a cobertura completa ou não dos Agentes Comunitários no território e a realização ou não de grupos foram os mais citados. Dentre os objetivos e ações planejadas, destaca-se a realização de busca ativa de usuários, orientações de promoção da saúde e a capacitação dos profissionais. Também foram criados indicadores e metas para verificar a eficiência dessas ações.
Conclusões: As estratégias utilizadas para criação do plano de enfrentamento facilitaram a avaliação dos profissionais sobre o cuidado ofertado e capacitaram os profissionais quanto ao monitoramento da sua área de abrangência.