Programa - Poster dialogado - PD26.16 - Determinantes sociais em estudos de mortalidade e agravos à saúde
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
DESIGUALDADES RACIAIS, MORTALIDADE POR CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Pôster dialogado
Guimarães, JMN1, Pescarini, JM2, Moncayo, AL3, Craig P4, Matta G1, Almeida, MCCA5, Gabrielli, L6, dos-Santos-Silva, I2, Patrão, AL7, Matos, SMA6, Barreto, ML6, Aquino, EML6
1 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) – Fiocruz, Salvador, Brasil
2 Faculty of Epidemiology and Population Health – London School of Hygiene & Tropical Medicine, Londres, Reino Unido
3 Centro de Investigación para la Salud en América Latina (CISeAL), Pontificia Universidad Católica del Ecuador, Quito, Equador
4 MRC/CSO Social and Public Health Sciences Unit, University of Glasgow, Glasgow, Reino Unido
5 Instituto Gonçalo Muniz – Fiocruz, Salvador, Brasil
6 Instituto de Saúde Coletiva – Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil
7 Centro de Psicologia da Universidade do Porto - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, Porto, Portugal
Objetivos: Investigar a associação entre raça/cor e mortalidade por câncer de colo de útero, e se essa associação é atenuada pelo Programa Bolsa Família (PBF).
Métodos: Foram analisadas 20.636.205 mulheres adultas da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, vinculada ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) (2004-2015). A associação entre raça/cor auto-declarada (branca/parda/preta/amarela/indígena) e mortalidade foi analisada usando modelos de Poisson ajustados por idade, escolaridade, condições do domicílio (disponibilidade de serviço de água/esgoto/coleta de lixo/energia elétrica) e área de residência (rural/urbana). Foi avaliada modificação de efeito pelo recebimento do PBF (sim/não).
Resultados: As taxas de mortalidade foram maiores em mulheres indígenas (Razão de taxas de mortalidade ajustada-RTMa=1,78; IC95% 1,39-2,28), amarelas (RTMa=1,57; 1,17-2,10), pardas (RTMa=1,27; 1,21-1,33) e pretas (RTMa=1,21; 1,13-1,31), vs brancas. Ao estratificar pelo PBF, mulheres pretas e pardas vs brancas que não recebiam o PBF tiveram risco de mortalidade 55% e 35% maior (RTMa=1,55; 1,32-1,81 e RTMa=1,35; 1,23-1,48, respectivamente); enquanto mulheres pretas e pardas vs brancas que recebiam o PBF tiveram risco de mortalidade 13% e 24% maior (RTMa=1,13; 1,03-1,23 e RTMa=1,24; 1,17-1,31, respectivamente). Mulheres indígenas e amarelas vs brancas que recebiam o PBF tiveram maior risco de mortalidade (RTMa=1,76; 1,36-2,28 e RTMa=1,63; 1,16-2,29, respectivamente); já entre mulheres indígenas e amarelas vs brancas que não recebiam o PBF, o excesso de risco não foi significativo (RTMa=1,78; 0,80-3,98 e RTMa=1,44; 0,81-2,54, respectivamente) (P-valor da interação=0,016).
Conclusões: As diferenças na mortalidade foram menores entre mulheres pretas e pardas vs brancas que recebiam o PBF, do que entre as que não recebiam.
MORTALIDADE POR DOENÇAS CRÔNICAS E PRIVAÇÃO MATERIAL EM BELO HORIZONTE, 2010 A 2019
Pôster dialogado
Cardoso, L. S. de M.1, Souza, J. B. de1, Teixeira, R. A.1, Dundas, R.2, Leyland, A. H.2, Barreto, M. L.3, Malta, D. C.1
1 UFMG
2 University of Glasgow, Glasgow
3 Fundação Oswaldo Cruz e UFBA
Objetivos: Analisar a distribuição da mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no município de Belo Horizonte segundo status de privação material e a variação no tempo. Métodos: Após a correção dos dados faltantes e a redistribuição de códigos garbage, foram calculadas taxas de mortalidade para ambos os sexos, padronizadas por idade, na base de 100.000 habitantes, nos triênios de 2010 a 2012 (T1) e 2017 a 2019 (T2), por estratos do Índice Brasileiro de Privação (IBP). Foi realizada a análise comparativa dos valores das taxas e da variação percentual (VP) destas entre os estratos do IBP e entre ambos os triênios. Resultados: Taxas mais altas no estrato de alta privação em ambos os triênios para: o conjunto das DCNT (T1 = 287,4 e T2 = 272,2), doenças cardiovasculares (T1= 132,7 e T2 = 105,1); diabetes (T1 = 18,0 e T2 = 22,1); e doenças respiratórias crônicas (T1 = 19,5 e T2 = 15,6). Entre os triênios, houve decréscimo das taxas por DCNT e doenças cardiovasculares em todos os estratos do IBP, sobretudo nos agrupamentos de baixa privação (respectivamente, VP = -22,4% e VP = -37,2%). Houve acréscimo das taxas por neoplasias e diabetes no estrato de alta privação (respectivamente, VP = 10,4% e VP = 22,6%), e por doenças respiratórias crônicas no estrato de baixa privação (VP = 5,3%). Conclusões: As taxas aumentaram com a progressão da privação material. Áreas com status de maior privação apresentaram, entre os triênios, aumento do risco de morrer pelo conjunto das DCNT, doenças cardiovasculares, neoplasias e diabetes.
DESIGUALDADE RACIAL/SOCIOESPACIAL NA MORTALIDADE PREMATURA-MUNICIPÍO DE SÃO PAULO-2020-22
Pôster dialogado
Farias, S.H1, Bassichetto, K.C2, Lira, M.M.A.T3, Santos, E.F. de S4, Barros, M.B.A5
1 Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
2 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
3 Pesquisadora autônoma – São Paulo
4 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
5 Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas
Objetivo - Analisar a magnitude da desigualdade social na mortalidade prematura (30 a 69 anos) por todas as causas, segundo raça/cor e estratos de Vulnerabilidade Social (VS) da área de residência, no município de São Paulo (MSP). Métodos - Estudo ecológico utilizando dados de mortalidade, entre 2020-22. Para analisar as desigualdades socioespaciais utilizou-se o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, ordenando os Distritos Administrativos em cinco estratos. Foram calculadas as taxas de mortalidade, ajustadas por idade e sexo, segundo raça/cor e estrato de VS. A magnitude das desigualdades raciais e socioespaciais na mortalidade foram estimadas pelas Razões de Taxas (RT). Resultados - A taxa de mortalidade prematura no MSP foi 54% maior na população negra. Apenas na branca foi verificado gradiente crescente de mortalidade entre a área de muito baixa para a de muito alta VS (RT=1,48; 1,65; 1,75 e 1,94). Na população negra, a taxa de mortalidade prematura foi maior no estrato de baixa VS (RT= 1,20) comparativamente a de muito baixa VS (RT=1,07 e 1,10 nos outros estratos), portanto, sem presença de gradiente. Dada existência de gradiente na população branca e ausência na negra, a desigualdade da mortalidade entre negros e brancos mostrou-se maior no estrato de 'muito baixa VS' (RT=1,98) e decresceu com o aumento do nível de VS. Conclusão – Mais estudos são necessários para compreensão dos determinantes dessa distribuição no espaço urbano das populações analisadas, e o potencial de utilização das desigualdades socioespaciais para o monitoramento das desigualdades sociais na mortalidade de diferentes grupos étnicos.
ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL EM 30 ANOS DA MORTALIDADE POR CÂNCER OCUPACIONAL NO BRASIL
Pôster dialogado
Guimarães, R.M1, Muzi, C.D1, Neves, L1, Vardiero, N1
1 Fundação Oswaldo Cruz
Objetivos: Analisar a distribuição espaço temporal da carga de câncer relacionado ao trabalho no Brasil e nos estados federativos entre 1990 e 2019. Métodos: Foi realizada uma análise espacial e tendência temporal dos indicadores de morbimortalidade, a partir de dados extraídos do estudo Carga Global de Doenças (GBD). Resultados: O Brasil é um país cujas atividades produtivas estão amplamente espalhadas pelo território. De 1990 a 2019, a taxa de mortalidade por câncer relacionado ao trabalho no Brasil apresentou uma tendência de queda significativa (R2= 0,62;P<0,001). No entanto, foram observadas diferenças entre os sexos. O índice de Moran mostrou significância estatística (valor de p<0,001) para autocorrelação espacial global, tanto para mortalidade quanto para esperança de vida ajustados pela incapacidade (DALY). Conclusões: A tendência de morbidade e mortalidade por câncer relacionado ao trabalho está diminuindo no Brasil. Entretanto, as diferenças observadas entre os sexo e regiões destacam a existência de desigualdade para esse desfecho de saúde.
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA BAHIA: PERCEPÇÃO DE PERIGO
Pôster dialogado
BARROS, R. A. L.1, SOUSA, T. M1, BORGES, D. C.1, FNFREITAS NETO, W. A. de2, PRATES, T. L.1, PEREIRA, J. C.1, SOUZA, T. S.3, SANTANA, K. S. O.3, JOVELINO, J. v.4, SANTOS, I.5, SANTOS, M.4, SANTOS, J.4, SILVA, M. S.6, ROCHA, V. P.3, VIANA, P. J. S.1, ALMEIDA, U. A.6, OLIVEIRA, A. L.1, SANTANA, R. A.1, MENEZES JUNIOR, G. E. C.1, MIRANDA, S. S.1, MOTA, C. S.1, LACERDA, R. S.7, NERY, J. S.1, MISE, Y. F.1
1 Instituto de Saúde Coletiva - ISC/UFBA
2 Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
3 Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública- EBMSP
4 Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape
5 Associação Quilombola do Engenho da Cruz
6 Quilombo Rio dos Macacos
7 Universidade Federal de Sergipe – UFS
Objetivo: Descrever o perfil sociodemográfico segundo a percepção de perigo relativo aos acidentes com animais peçonhentos em comunidades quilombolas dos municípios de Cachoeira e Simões Filho, 2023. Métodos: Trata-se de um inquérito epidemiológico, realizado nos quilombos Dendê, Kalembá, Kaônge, Engenho da Praia, Engenho da Ponte, Engenho da Cruz (Cachoeira) e Rio dos Macacos (Simões Filho). O foco era entender se essa população negra e rural/periurbana se considera em perigo de picada por animais peçonhentos. Os dados foram coletados através de entrevista estruturada, com aprovação ética n°5.809.996. Resultados: Foram entrevistadas 300 pessoas, das quais 282 se consideram em risco (94%). A maioria que se considera em risco é mulher cis (58,5% / n=153). A idade varia de 14 a 49 anos (64,5% / n=212), com até o ensino fundamental completo (54,2% / n=130). Dentre aqueles que não se viam em perigo, a maioria (88,9% / n=08) tinha, no máximo, o ensino fundamental incompleto. Quanto à ocupação, 57,5% (n=161) dos que se consideram em risco não exercem atividade remunerada. Dos que exercem atividade remunerada (42,5% / n=119), 51,3% (n=59) são prestadores de serviço, e 42,2% (n=52) tem atividade remunerada com a pesca, pecuária e agricultura. A maioria dessas atividades é desenvolvidas em locais como rios, roças e localidades fora do domicílio (71,5% / n=75). Conclusão: A vulnerabilidade dos quilombolas a acidentes com animais peçonhentos exige acesso urgente ao soro antiveneno. A situação enfatiza a necessidade de estratégias de educação popular em saúde para conscientização dos perigos e promoção de proteção adequada.