Programa - Poster dialogado - PD26.17 - Epidemiologia do envelhecimento: evidências dos estudos brasileiros de base populacional
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
QUEM SÃO OS BRASILEIROS MAIS VELHOS QUE MORAM SÓ? EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Pôster dialogado
Vaz, C.T.1, Braga, L.B.2, Torres, J.L.2, Moreira, B.S.3, Lima-Costa, M.F.F.3, Mambrini, J.V.M.3
1 UFSJ
2 UFMG
3 Fiocruz/MG
Objetivos: Estimar a prevalência de brasileiros mais velhos morando sozinhos, segundo características sociodemográficas, condições de saúde e indicadores de envelhecimento saudável. Métodos: Trata-se de estudo transversal, que analisou dados da segunda onda (2019-2021) do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), conduzido em amostra nacionalmente representativa de pessoas com 50 anos ou mais (N=9.949 participantes). As variáveis analisadas foram: morar só (sim vs não); sociodemográficas (idade, sexo, raça/cor autorreferida, escolaridade e renda domiciliar); condições de saúde (multimorbidade, autoavaliação de saúde e sentimento de solidão); e indicadores de envelhecimento saudável (dificuldade para vestir-se, manejar dinheiro e tomar medicamentos, memória tardia e força de preensão palmar). Medidas de frequência e testes qui-quadrado foram utilizados, considerando o desenho amostral complexo e α=5%. Resultados: 21% dos participantes (IC95%: 18%-25%) reportaram morar só. Observou-se associação significativa entre morar só e idade, sexo, raça/cor, renda, multimorbidade, autoavaliação de saúde e solidão. As pessoas que moravam só eram mais velhas (41,7% entre 60 e 74 anos e 18,8% entre os de 75 anos ou mais), predominantemente do sexo feminino (58,1%), autodeclaradas brancas (56,3%), pertencentes ao tercil inferior de renda (60,7%), apresentavam duas ou mais doenças (35,6%), com autoavaliação da saúde boa (56,9%) e sentiam-se só (73,6%), quando comparadas aos adultos mais velhos que moravam com outras pessoas. Conclusões: Os resultados mostram a necessidade de desenvolver políticas sociais que atendam às necessidades dos brasileiros mais velhos que vivem só, especialmente aquelas relacionadas à renda e às atividades sociais, contribuindo para o aumento do apoio social deste grupo.
MENSURAÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL VIA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (ELSI-BRASIL)
Pôster dialogado
Carvalho, P. F.1, Braga, L.S.2, Lima-Costa, M.F.3, Mambrini, J.V.M.1
1 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Fundação Oswaldo Cruz - Instituto René Rachou
2 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Universidade Federal de Minas Gerais
3 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento, Fundação Oswaldo Cruz - Instituto René Rachou, Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivos: Avaliar propriedades psicométricas do construto envelhecimento saudável mensurado por modelos de 5 e de 23 itens relacionados à habilidade funcional e capacidade intrínseca, e comparar sua capacidade de discriminação em relação à autoavaliação de saúde. Métodos: Estudo transversal, utilizando dados da segunda onda (2019-2021) do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). Foram comparadas duas propostas do envelhecimento saudável das pessoas idosas, baseadas em 5 e 23 itens, segundo manual da OMS/OPAS 2020 e disponibilidade das informações no ELSI-Brasil. A mensuração do envelhecimento saudável foi realizada utilizando a Teoria de Resposta ao Item (TRI), após verificação da unidimensionalidade por meio do coeficiente α-Cronbach e análise da matriz de correlação policórica. Foi ajustado modelo logístico (α=5%) e construídas curvas ROC para comparar a capacidade dos escores em diferenciar os participantes segundo a autoavaliação de saúde. Resultados: A amostra incluiu 6.929 participantes, com idade média de 71,1 anos e 54,4% de mulheres. A matriz de correlação policórica apresentou valores positivos, com o primeiro componente explicando 54,2% (5-itens) e 42,4% (23-itens) da variabilidade, e α-Cronbach estimados em 0,65 e 0,88, respectivamente. A análise da curva de informação (TRI) mostrou ganho importante no modelo de 23-itens. Os dois construtos apresentaram associação significativa com autoavaliação de saúde, com maior capacidade discriminatória estimada no modelo de 23-itens (AUROC=71,8%). Conclusões: O modelo de Envelhecimento Saudável de 23-itens apresentou maiores consistência interna, precisão do construto e capacidade de diferenciação em relação à autoavaliação de saúde, reforçando sua adequação para monitoramento do envelhecimento saudável na população brasileira.
EFEITO DE IDADE, COORTE E PERÍODO E SOBREVIDA SEGUNDO SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS.
Pôster dialogado
d‘Orsi, E.1, Quialheiro, A.2, Xavier, A.J.3, Cascaes, A.1, Rech, C.1, Oliveira, C.4, Hillesheim, D.1, Figueiró, T.H.1
1 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil
2 Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (CESPU), Portugal
3 Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Brasil
4 University College London (UCL), Londres, Reino Unido
Objetivo: Descrever efeito de idade, coorte, período e sobrevida de idosos segundo sintomas depressivos.
Métodos: Dados das entrevistas domiciliares de 2009/10 (onda 1,n=1.702), 2013/14 (onda 2,n=1.197), 2017/19 (onda 3,n=1.335) e 2023/24 (onda 5,n= 695) do Estudo de Coorte EpiFloripa Idoso. Desfecho: tempo até o óbito. Exposição: pontuação >=6 na Geriatric Depression Scale -GDS-15. Tempo de sobrevida, em meses, entre data da primeira entrevista e data do óbito ou último contato com o participante. Estimadas hazard ratios (HR) brutas e ajustadas para fatores sociodemográficos e de saúde.
Resultados: Na faixa etária de 60-69 anos, a prevalência de sintomas depressivos diminuiu de 21,2% (onda 1) para 15,0% (onda 2) e 13,1% (onda 3), aumentando para 13,7% (onda 5). Nas outras faixas foi semelhante: 70-79: 24,6%, 20,8%, 13,0% e 21,2%; 80+: 37,5%, 25,7%, 19,9% e 26,4%. A probabilidade de passar a ter sintomas depressivos foi 12,1% e de deixar de ter 46,6%. A taxa de mortalidade (por 1.000 pessoas/mês) foi 2,8 (sem sintomas depressivos na linha de base) e 6,2 (com sintomas depressivos). Sintomas depressivos aumentaram em 56% o risco de morte (HR ajustada:1,56; IC95%:1,35-1,80).
Conclusões: A prevalência de sintomas depressivos diminuiu nas gerações mais recentes em comparação com as mais antigas em todas as faixas etárias no período pré-pandêmico e voltou a aumentar após. A probabilidade de deixar de ter sintomas depressivos foi maior do que a de passar a ter. Sintomas depressivos aumentam o risco de morte dos idosos, independente de fatores sociodemográficos e de saúde.
ASSOCIAÇÃO E EFEITOS MODERADORES ENTRE SUPORTE SOCIAL E MAUS-TRATOS EM IDOSOS BRASILEIROS
Pôster dialogado
Leocádio, V.A.1, Bomfim, W.C.2
1 SEJUSP/MG
2 UFMG
Objetivo: Verificar se o aumento do suporte social diminui o risco de maus-tratos aos idosos e se o suporte social tem efeito moderador nos maus-tratos nessa população. Métodos: Foram empregados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 e distintas métricas de suporte social e estado de saúde para examinar as hipóteses levantadas. A regressão logística binária é implementada como modelo estatístico para explorar como o suporte social se correlaciona com os maus-tratos aos idosos. Além disso, realizamos uma série de interações entre as nossas medidas de suporte social e o estado de saúde para avaliar o potencial efeito moderador do suporte social contra os maus-tratos. Foram utilizadas distintas variáveis de ajuste e teste para avaliar a qualidade de ajuste dos modelos. Resultados: No geral, os resultados indicam que o aumento do suporte social daqueles com laços mais fortes, como familiares e amigos próximos, reduz de facto a probabilidade de maus-tratos aos idosos, mesmo após os ajustes. Em contraste, o reforço do suporte social demonstrado pelo aumento da participação em redes sociais e círculos de sociabilidade mais amplos e distantes pode potencialmente aumentar o risco de maus-tratos nessa população. Além disso, os resultados das interações entre suporte social e condições de saúde, sugerem que a relação negativa entre o estado de saúde e os maus-tratos aos idosos é parcialmente moderada pelo aumento do suporte social. Conclusão: Os achados demostraram que o reforço do suporte, especialmente dos membros da família, pode mitigar os resultados negativos para as pessoas idosas.
MUDANÇAS NA COGNIÇÃO E ASSOCIAÇÃO COM CONTROLE/AUTONOMIA E AUTORREALIZAÇÃO/PRAZER EM IDOSO
Pôster dialogado
d‘Orsi, E.1, Quialheiro, A.2, Xavier, A.J.3, Rech, C.1, Oliveira, C.4, Hillesheim, D.1, Marques, L.5, Figueiró, T.H.1
1 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil
2 Escola Superior de Saúde do Vale do Ave (CESPU), Portugal
3 Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Brasil
4 University College London (UCL), Londres, Reino Unido
5 Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Brasil
Objetivo: Descrever o efeito de idade, coorte e período na cognição e estimar sua associação com controle/autonomia e autorrealização/prazer em idosos.
Métodos: Utilizaram-se dados de entrevistas domiciliares de quatro ondas (2009/10, 2013/14, 2017/19 e 2023/24) do Estudo de Coorte EpiFloripa Idoso. Desfecho:escala CASP-19 de controle/autonomia e autorrealização/prazer. Exposição: comprometimento cognitivo, pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM), contínuo e categorizado em ≤19 pontos (sem escolaridade) e ≤23 (com escolaridade). Estimaram-se coeficientes brutos e ajustadas por Equações de Estimativas Generalizadas.
Resultados: De 60-69 anos a prevalência de comprometimento cognitivo diminuiu de 18,3% na onda 1 para 15,1% na onda 2, 9,8% na onda 3 e aumentou para 13,9% na onda 5. Nas outras faixas houve comportamento semelhante: 70-79 anos: 30,5%, 24,7%, 17,2%, 20,3%; 80+: 46,6%, 44,5%, 37,3%, 40,9%. A probabilidade de passar a ter comprometimento cognitivo foi 14,3% e de deixar de ter 33,6%. Houve associação positiva entre maior pontuação do MEEM e maior controle/autonomia (Coef:0,16;IC95%:0,12-0,22) e autorrealização/prazer (Coef:0,15;IC95%:0,10-0,20).
Conclusões: A prevalência de comprometimento cognitivo diminuiu nas gerações mais recentes em comparação com as mais antigas, e aumentou após a pandemia. A cognição afeta diretamente o controle/autonomia e a autorrealização/prazer dos idosos, independentemente de fatores sociodemográficos e de saúde.
ALGUM DOMÍNIO DA FUNÇÃO COGNITIVA É MAIS RELEVANTE NA REDUÇÃO DA VELOCIDADE DE MARCHA?
Pôster dialogado
SCHNEIDER, I.J.C.1, FONTANELA, L.C.1, CORREA, V.P.1, DE OLIVEIRA, C.2, VIEIRA,D.S.R1
1 UFSC
2 UCL
Objetivo: Verificar a associação entre o declínio da função cognitiva global e seus domínios e a velocidade de marcha habitual em pessoas no processo de envelhecimento. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com 7.244 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). A velocidade de marcha, desfecho do estudo, foi classificada pela categorização do escore z de acordo com a idade, o sexto e altura, como normal (>-1DP) ou reduzida (≤-1DP). As variáveis exposição do estudo incluíram a função cognitiva global e os domínios orientação temporal, fluência verbal e memória, determinadas pela transformação em escore z da pontuação dos testes e categorizadas em reduzida normal (>-1DP) ou reduziada (≤-1DP). Foi realizada análise de casos completos, por meio da regressão de Poison bruta e ajustada por fatores sociodemográficos e de saúde. Resultados: No teste de caminhada, 10,2% (IC95%: 8,5;12,2) dos participantes realizaram o percurso com redução da velocidade de marcha e a função cognitiva global mostrou-se reduzida em 11,7% (IC95%:10,6;13,5). Na análise ajustada, a função cognitiva global reduzida aumentou em 76% a prevalência de pessoas com redução da velocidade de marcha (RP:1,76; IC95%:1,41;2,20). Além disso, todos os domínios da função cognitiva foram associados de forma independente, e a fluência verbal com maior magnitude (RP:1,93; IC95%:1,53;2,43). Conclusão: A redução da capacidade cognitiva global e seus domínios, principalmente a fluência verbal, aumentou de forma significativa a prevalência da redução da velocidade de marcha habitual. Esses achados reforçam a importância investigar esses dois componentes na avaliação multidimensional do idoso.