Programa - Poster dialogado - PD26.18 - Epidemiologia da saúde do adolescente
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
DESIGUALDADE DE RIQUEZA NA VACINAÇÃO CONTRA HPV EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: SEXO E IDADE
Pôster dialogado
Cunha, K. S.1, Miranda, R. R.1, Delfino, H. B. P.1, Azeredo, C. M.1
1 UFU
Objetivo: Avaliar a desigualdade de riqueza na vacinação contra HPV entre adolescentes, considerando sexo e idade. Métodos: A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2019 foi utilizada para estimar a prevalência ponderada de vacinação contra HPV entre adolescentes escolares, estratificados por sexo e faixa etária (13 a 15 e 16 a 17 anos). Criou-se um índice de riqueza com base em bens e serviços domésticos e número de residentes, conforme Barros e Victora (2005). Os adolescentes foram divididos em quartis de riqueza. Estimou-se a prevalência de vacinação por nível de riqueza em cada grupo. A desigualdade de riqueza foi avaliada pelo índice absoluto (SII). Resultados: Entre meninos, 74,2% foram vacinados (13-15 anos: 78,4%; 16-17 anos: 68,4%). Entre meninas, 89,2% foram vacinadas (13-15 anos: 88,5%; 16-17 anos: 90,2%). Os adolescentes mais ricos apresentaram menor prevalência de vacinação em todos os grupos, com adesão maior entre meninas mais jovens e menor entre meninos mais velhos (meninos×13-15 anos: 74,9%; meninos×16-17 anos: 66,2%; meninas×13-15 anos: 86,7%; meninas×16-17 anos: 85,0%). O SII indicou que meninos e meninas mais pobres foram mais vacinados que os mais ricos, sendo a desigualdade maior entre meninos com 13-15 anos (meninos×13-15 anos: -11,3%[IC95% -16,0;-6,6]; meninos×16-17 anos: -7,3%[IC95% -12,6;-2,0]; meninas×13-15 anos: -4,4%[IC95% -6,2;-2,6]; meninas×16-17 anos: -3,9%[IC95% -6,4;-1,3]). Conclusão: A adesão vacinal foi maior entre os adolescentes mais pobres. Há desigualdade de riqueza na vacinação contra HPV entre adolescentes, afetando mais os meninos de 13-15 anos. É necessário promover a saúde para aumentar a adesão vacinal entre meninos nessa faixa etária.
AUTORRELATO SUPERESTIMADO DE ADESÃO À PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV POR TIPO DE SERVIÇO
Pôster dialogado
Zeballos, D.1, Magno, L.2, Soares, F.1, Pinto Junior, J. A.3, Amorim, L.1, Greco, D.4, Grangeiro, A.5, Dourado, I.1
1 UFBA
2 UNEB
3 UFF
4 UFMG
5 USP
Objetivo: Avaliar a associação entre o tipo de serviço e o autorrelato superestimado de adesão à Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).
Métodos: O PrEP1519 é uma coorte demonstrativa da efetividade da PrEP oral diária entre adolescentes homens que fazem sexo com homens (AHSH) e travestis e mulheres trans (ATrMT) de 15 a 19 anos, realizada em Salvador, Belo Horizonte e São Paulo. Realizou-se análise transversal com dados de adolescentes em PrEP entre 02/2019 e 12/2020, selecionados para realizar exames de quantificação do antirretroviral difosfato de Tenofovir (TFV-DP) no sangue. A superestimação do autorrelato foi considerada quando o autorrelato de uso de mais de 60% das doses de PrEP dos últimos 30 dias não coincidia com os níveis de TFV-DP equivalentes ao uso de 4 ou mais comprimidos por semana. Serviços com prescrição de PrEP por médicos e enfermeiros (multiprofissional) foram comparados a serviços com prescrição somente por médicos (uniprofissional). A razão de chances (OR) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) foram estimados usando regressão logística.
Resultados: Foram incluídos 174 adolescentes, 78,2% AHSH, 67,8% negros ou pardos. A PrEP foi prescrita majoritariamente em serviços multiprofissionais (70,1%). A prescrição nesses serviços reduziu a chance de autorrelato superestimado de adesão em 73,5% (OR=0,26; IC95%:0,13-0,53) em comparação com aqueles que tiveram prescrição em serviços uniprofissionais, ajustada por idade, gênero e percepção de risco.
Conclusão: Ampliar o escopo de profissionais capacitados para prescrever a PrEP pode diminuir o viés de desejabilidade social e identificar oportunamente adolescentes que precisem intervenções para melhorar a adesão.
DESIGUALDADE DE RIQUEZA NA VACINAÇÃO CONTRA HPV ENTRE ADOLESCENTES POR SEXO E ESTADO
Pôster dialogado
Cunha, K. S.1, Miranda, R. R.1, Delfino, H. B. P.1, Azeredo, C. M.1
1 UFU
Objetivos: Avaliar a prevalência e a desigualdade de riqueza na vacinação contra HPV entre adolescentes brasileiros em cada estado por sexo. Métodos: Utilizou-se a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2019 para estimar a prevalência vacinal por sexo em cada estado. Criou-se o nível de riqueza conforme Barros e Victora (2005), dividindo os adolescentes em quartis. Mensurou-se o índice absoluto de desigualdade de riqueza (SII), considerando p<0,05. Resultados: Entre meninos, Paraná (84,6%), Minas Gerais (81,3%) e Espírito Santo (80,5%) apresentaram adesão superior a 80%. Entre meninas, Espírito Santo (94,8%), Minas Gerais (94,0%), Paraná (92,4%) e Santa Catarina (91%) mostraram adesão superior a 90%. Entre meninos, SII indica maior adesão entre os mais pobres no Maranhão (-27,7% [IC95% -42,1; -13,2]), Bahia (-18,3% [IC95% -32,6; -4,1]), Amapá (-16,3% [IC95% -27,0; -5,6]), Ceará (-16,3% [IC95% -30,9; -1,6]), Rio Grande do Norte (-13,9% [IC95% -22,2; -5,7]), Distrito Federal (-13,2% [IC95% -26,4; -0,03]) e Amazonas (-11,9% [IC95% -19,1; -4,7]). Entre meninas, a maior adesão entre as mais pobres foi nos estados de Maranhão (-16,1% [IC95% -24,8; -7,4]), Pará (-15,2% [IC95% -25,6; -4,8]), Piauí (-11,1% [IC95% -18,3; -4,0]) e Roraima (-10,8% [IC95% -20,0; -1,6]). Conclusão: A maioria dos estados não apresentaram 80% de adesão à vacinação contra HPV entre meninos. Há desigualdade de riqueza na adesão em alguns estados, sendo maior entre os mais pobres, tanto para meninos quanto meninas. As condições econômicas podem estar afetando a adesão vacinal diferentemente por estado, com os mais pobres sentindo maior necessidade de proteção do que os mais ricos.
PARAMETROS ANTROPOMÉTRICOS DE ADOLESCENTES: ESTUDO COM 2 MILHÕES DE BRASILEIROS
Pôster dialogado
MAGALHAES-SILVA, K.B.B1, ROCHA, A.S1, PINTO, E.J1, RIBEIRO-SILVA, R.C1
1 CIDACS/FIOCRUZ
Objetivo: Descrever parâmetros antropométricos de adolescentes brasileiros. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, utilizando dados da Coorte de nascimentos do CIDACS entre 2008 a 2017. Foram incluídos adolescentes de 10 a 17 anos de ambos os sexos. Medidas do Índice de Massa Corporal por idade (IMC/I) e Estatura por idade (E/I) de acordo com as recomendações da WHO (2007) foram avaliadas. O IMC/I foi categorizado em: Magreza (z-score < -2); Eutrofia (-2 < z-score <+1); Sobrepeso (+1 < z-score <+2) e Obesidade (z-score > +2). A E/I como: baixa estatura por idade (z-score < -2) e estatura adequada por idade (z-score > -2). A dupla carga de má nutrição foi definida como valores de IMC/I acima de um desvio padrão (z-score>+1) e os valores abaixo de dois desvios padrão para E/I (z-score < -2). Resultados: 83% dos 2.016.371 adolescentes envolvidos nas análises, eram do sexo feminino e apresentaram média de idade de 12,2 (+-1,7) anos. Em relação aos parâmetros antropométricos, 4,6% apresentaram magreza, 67% eutrofia e 28,4% excesso de peso (18,9% de sobrepeso e 9,5% de obesidade), e a baixa estatura foi observada em 9,1% deles. A prevalência de dupla carga de má nutrição foi encontrada em 4% da população. Conclusão: Observou-se alta prevalência de excesso de peso e dupla carga de má nutrição em adolescentes brasileiros. Esses resultados demonstram a necessidade de políticas públicas para controle e prevenção do desenvolvimento do excesso de peso e baixa estatura em adolescentes.
PREVALÊNCIA DE VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA EM ADOLESCENTES NO MATO GROSSO DE 2010 A 2022
Pôster dialogado
Paulo, M. E. I.1, Quadros, C. F.1, Ribeiro, A. D. N.1, Silvestre, G. C. S. B.1, Faria, N. B.1, Rocha, R. P. S.1, Moura, S. M.1, Silva, R. A.1
1 UNEMAT
Objetivo: Analisar a prevalência dos casos de violência autoprovocada notificados em adolescentes no Mato Grosso de 2010 a 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo com dados secundários disponíveis no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) dos adolescentes de 10 a 19 anos notificados com violência autoprovocadas nos últimos treze anos no Mato Grosso, Brasil. Foram avaliadas as variáveis sexo, faixa etária e raça/cor. A coleta dos dados ocorreu no mês de abril de 2024, filtrando as notificações que marcaram a opção sim na variável lesões autoprovocadas. Os dados foram analisados no Microsoft Office Excel 2010 a partir de estatística descrita utilizando frequência relativa (%) e absoluta (n). Resultados: No período analisado foram notificados 2.319 casos de violência autoprovocada entre os adolescentes no Mato Grosso, com aumento no decorrer dos anos, com variação de 8 casos notificados em 2010 e 517 casos em 2022, com maior prevalência em 2022 (22,29%). Em relação as características, a maior prevalência ocorreu na faixa etária de 15 a 19 anos com 74,00% (n= 1.716), no sexo feminino com 75,42% (n= 1.749) e na raça/cor autodeclarada pretos e pardos com 61,31% (n= 1.422). Conclusões: Houve aumento nas notificações de violência autoprovocada na adolescência nos últimos anos em Mato Grosso, com maior prevalência na faixa etária de 15 a 19 anos. Diante disso, torna-se necessário implementar estratégias direcionadas aos fatores de risco e de proteção para este comportamento.
MOBILIDADE, DECISÃO E VOZ: AGÊNCIA DE ADOLESCENTES EM COMUNIDADE PERIFÉRICA DE SÃO PAULO
Pôster dialogado
Generoso, N. K.1, Cabral, C. S.1
1 FSP/USP
Objetivo: Descrever a associação entre fatores contextuais e dimensões da agência (Liberdade de Circulação, Poder de Decisão e Voz) de adolescentes de 10-14 anos. Métodos: Estudo transversal com dados da pesquisa multipaíses Global Early Adolescent Study (2021). Realizou-se inquérito domiciliar com amostragem por conveniência em comunidades periféricas de São Paulo junto a adolescentes (10-14 anos). Considerou-se três subescalas de agência como variáveis desfecho. Regressões lineares simples e múltiplas avaliaram a associação entre fatores contextuais e as variáveis dependentes. Modelos finais ajustados incorporaram preditores com p < 0,25 na análise univariada; associações significantes refletiram p < 0,05. Resultados: O estudo com 996 adolescentes não revelou disparidades de gênero nas subescalas analisadas. Todavia, surgiram diferenças entre seus componentes, como tipos de espaços frequentados (Liberdade de Circulação) e conjunturas de comunicação e articulação de ideias (Voz). Fatores como maior idade, ensino superior da mãe e moradia própria foram associados a uma maior Liberdade de Circulação, permitindo acesso a diversas oportunidades. Ter tido experiências adversas na infância influenciou a Liberdade de Circulação, reduzindo também a dimensão da Voz, possivelmente para fugir das adversidades, com impactos negativos na assertividade. Adolescentes mais velhos demonstraram maior Poder de Decisão, sugerindo aumento nas habilidades e espaço para tomar decisões. Conclusões: Normas de gênero influenciam a expressão da agência juvenil, moldando-a conforme expectativas preestabelecidas. Esses jovens têm suas identidades desenvolvidas em contextos permeados de adversidades e vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas, afetando possibilidades de agência. Compreender esses mecanismos é essencial visando abordagens inclusivas e sensíveis às necessidades desse grupo.