Programa - Poster dialogado - PD26.20 - Epidemiologia do excesso de peso e diabetes no Brasil
26 DE NOVEMBRO | TERÇA-FEIRA
14:00 - 15:00
TENDÊNCIA DE MORTALIDADE POR DIABETES NO BRASIL: EFEITO DA PANDEMIA DE COVID-19
Pôster dialogado
Mesquita, L. O.1, Carvalho, K. M. B. de1
1 Universidade de Brasília (UnB)
Objetivo: Analisar o efeito da pandemia de Covid-19 na tendência de mortalidade por diabetes no Brasil. Métodos: Estudo ecológico de série temporal com aplicação de regressão de prais-winsten para análise de tendência da mortalidade por diabetes nos cenários pré-pandêmico (2010-2019) e pandêmico (2010-2022). A variável dependente foi a taxa de mortalidade por diabetes. A análise de tendência foi aplicada ao total do país e estratificada por macrorregiões do Brasil (N, NE, SE, S e CO) e sexo (F e M), em escala logarítmica. Posteriormente, a alteração percentual anual (APC) foi calculada para os períodos pré-pandêmico e pandêmico. Resultados: A tendência de mortalidade por diabetes no Brasil foi de -1,36% de decréscimo ao ano no período pré-pandêmico para estacionária no período pandêmico. Em três macrorregiões houve alteração da direção quando comparados os dois períodos. Destas, as regiões NE e SE passaram de decrescentes, com redução percentual de -1,09% e -2,16%, respectivamente, para estacionárias, onde não há significância para determinar a direção. Entre os homens, observou-se tendência estacionária, mesmo no período pandêmico, enquanto entre as mulheres, houve redução da magnitude de decréscimo anual de -2,01% ao ano no período pré-pandêmico para -1,18% ao ano no período pandêmico. Conclusões: A mortalidade por diabetes, que apresentou tendência majoritariamente decrescente no período pré-pandêmico, tornou-se estacionária no período pandêmico, provocando mudança de direção de tendência em algumas regiões do Brasil. Assim, a expectativa de redução incerta para os anos futuros evidencia a necessidade de estratégias pós-pandemia para diminuir a magnitude da morbimortalidade por diabetes.
QUEIXAS DE SONO E PROGRESSÃO DO PRÉ-DIABETES PARA O DIABETES: RESULTADOS DO ELSA-BRASIL
Pôster dialogado
Silva-Costa, A.1, Griep, R.H.2, Rotenberg, L.2, Fonseca, MJM3
1 UFTM
2 LEAS/IOC-Fiocruz
3 ENSP-Fiocruz
Objetivo: Avaliar a associação da duração, privação do sono e sintomas de insônia com a progressão de pré-diabetes (Pré-DM) para diabetes tipo 2 (DM2). Métodos: Foram utilizados dados de 5090 mulheres e 4077 homens participantes da segunda (2012-2014) e terceira ondas (2017-2019) do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), classificados em: (i) sem diagnóstico de DM2 nas duas ondas, (ii) com Pré-DM na onda 2 e DM2 na onda 3 (Progressão do Pré-DM para DM2) e (iii) sem diagnóstico de DM2 na onda 2 e com Pré-DM ou DM2 na onda 3. Resultados: Progressão do Pré-DM para DM2 ocorreu em 10,2% das mulheres e 11,7% dos homens. Para mulheres e homens, respectivamente, foram observadas frequências de 46,5% e 50,2% para sono curto (≤ 6h), de 3,7% e 2,4% para sono longo (≥ 9h), de 52,7% e 42,4% para privação do sono e de 25,9% e 18,3% para insônia. Após ajustes, privação do sono foi associada à maior chance, aproximadamente 30%, de progressão do Pré-DM para DM2 entre homens e mulheres. Sono curto (OR:1,26;IC95%:1,04;1,53) e longo (OR:2,06;IC95%:1,36;3,12) foram associados à progressão do Pré-DM entre mulheres. Não foram observadas associações significativas com a insônia. Conclusões: Efeitos adversos do sono sobre o metabolismo da glicose também se manifestam entre pré-diabéticos. O estudo inova ao abordar a restrição de sono e o gênero, aspectos pouco conhecidos na área.
MAPEAMENTO DAS TAXAS DE REALIZAÇÃO DE CIRURGIAS BARIÁTRICAS NO SUS EM PERNAMBUCO
Pôster dialogado
Silva, L. R.1, Souza, N. P.2, Dantas, A. C. B.3, Siqueira, J. O.1, Pajecki, D.3, Tess, B. H.1
1 USP
2 UFPE
3 HC-FMUSP
Objetivo: Descrever a distribuição espacial dos indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica no Sistema Único de Saúde em Pernambuco, segundo município de residência, entre os anos de 2017 e 2023. Método: Estudo ecológico, usando dados dos Sistemas de Informações Hospitalares e de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Calcularam-se as frequências e a taxa bruta de realização de cirurgias bariátricas (total de cirurgias realizadas/número de indivíduos com obesidade grave * 100). Resultados: Foram realizadas 1.307 cirurgias, dessas, 1.240 (94,9%) foram em indivíduos residentes do estado. A maioria era proveniente de municípios da macrorregião metropolitana (75,6%), 156 do Agreste (12,6%), 94 do Sertão (7,6%) e 52 do Vale do São Francisco e Araripe (4,2%). Desse público, 303 eram de Recife (24,4%), capital do Estado, onde ficam os quatro hospitais que ofertam o procedimento em questão. Foram registrados um total de 142.541 casos de indivíduos com obesidade grave. A taxa bruta geral foi de 0,9 cirurgia/100 indivíduos com obesidade grave, destacando-se os municípios de Paulista e Vitória de Santo Antão com taxas de 15,9 e 13,3, respectivamente. Já Recife apresentou uma taxa de 2,1. Conclusões: A oferta da cirurgia bariátrica está concentrada em Recife e apenas 25% dos indivíduos eram provenientes do interior. Tal achado demonstra que a regionalização do acesso a esse procedimento se mostra necessária. E as elevadas taxas em Paulista e Vitória de Santo Antão precisam de mais investigações, pois esses dados podem estar superestimados devido ao sub registro dos indivíduos com obesidade grave no SISVAN.
FATORES ASSOCIADOS COM A CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO ENTRE ADULTAS E IDOSAS: SHIP-BRAZIL
Pôster dialogado
Sousa, C.A.1, Malafaia, Q.S.C.B.1, Mafra, N.J.1, Silva, K.C.1, Nunes, C.R.O.1, Bracht, M.A.1, Santa Helena, E.T.1
1 FURB
Objetivo: Analisar os fatores associados com a medida da circunferência do pescoço (CP) elevada entre as mulheres adultas e idosas. Métodos: Estudo transversal de base populacional, com 1212 mulheres entre 20 e 79 anos, do Estudo Vida e Saúde em Pomerode - SHIP-Brazil. O desfecho foi a CP elevada >35cm. As variáveis independentes envolveram as sociodemográficas (faixa etária, escolaridade, cultura alemã, situação conjugal, classe econômica de consumo), de estilo de vida e condições de saúde (consumo de álcool, tabagismo, nível de atividade física moderada e vigorosa, relação cintura-quadril e força muscular relativa baixa) e doenças crônicas (hipertensão, diabetes e multimorbidade). As associações da CP com a idade, relação cintura-quadril e a força muscular relativa foram verificadas por meio da correlação de Spearman. Após, decidiu-se categorizar todas as variáveis e estimar as prevalências, as razões de prevalência (RP) e os intervalos de confiança (IC) de 95%. As magnitudes das associações das variáveis independentes, ajustadas por algumas covariáveis, foram estimadas por meio de razões de prevalência utilizando regressão de Poisson. Resultados: A CP elevada foi de 37,3% (IC95%: 34,5-40,2) e associou-se a ser mais jovem (30-49 anos), possuir cultura alemã, ser insuficientemente ativa, alto consumo de álcool, relação cintura-quadril elevada, hipertensão e possuir força muscular relativa baixa. Conclusões: A relação cintura-quadril elevada e a perda de força muscular relativa apresentam-se como os fatores mais fortemente associados a CP elevada nas mulheres. A hipertensão e as idades entre 30 e 49 anos também se associaram a CP elevada, além de possuir cultura alemã.