Programa - Poster dialogado - PD27.1 - Ambiente alimentar e consumo: desafios e oportunidades
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
14:00 - 15:00
AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS DA NOVA CESTA BÁSICA PELAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS DE BAIXA RENDA
Pôster dialogado
da Silva, M. A. L.1, Rodrigues, L. B.2, Brito, S. A.3, Lage, L. G.1, Louzada, M. L. C.1
1 Universidade de São Paulo (USP)
2 Universidade Federal do Ceará (UFC)
3 Universidade de Lisboa (UL)
Objetivo: descrever a aquisição dos alimentos da nova Cesta Básica pelas famílias em situação de baixa renda no Brasil em 2017-2018. Métodos: foram utilizados os dados de aquisição de alimentos para consumo domiciliar da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018 produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram consideradas apenas famílias de baixa renda (13.706 domicílios), ou seja, aquelas que receberam até meio salário mínimo per capita mensal, equivalente a 477 reais em 2018. Os alimentos foram selecionados a partir dos 10 grupos destacados na Portaria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Nº 966, de 6 de março de 2024 (cereais; açúcares, sal, óleos e gorduras; carne e ovos; leite e queijos; leguminosas; raízes e tubérculos; frutas; legumes e verduras; café, chá, mate e especiarias; e castanhas e nozes). As quantidades adquiridas dos alimentos foram convertidas em calorias. As estimativas foram expressas como percentual médio calórico. Resultados: Os alimentos da nova Cesta Básica representam, em média, 84,13% das calorias totais. Os grupos de alimentos com maior contribuição foram cereais (33,52%), açúcares, sal, óleos e gorduras (21,33%), carne e ovos (11,56%), leite e queijos (5,11%), leguminosas (5,0%) e raízes e tubérculos (4,78%). Já os menores foram frutas (1,91%), legumes e verduras (0,76%), café, chá, mate e especiarias (0,15%) e castanhas e nozes (0,01%). Conclusão: Observou-se que os alimentos da nova Cesta Básica contribuíram significativamente na aquisição das famílias em situação de baixa renda do Brasil, entretanto, destaca-se a baixa aquisição de frutas, legumes e verduras.
CONSUMO DE ADITIVOS ALIMENTARES COSMÉTICOS EM ADOLESCENTES E ADULTOS BRASILEIROS 2017/2018
Pôster dialogado
Lage, L. G.1, Pastorello, C. C. G.1, da Silva, M. A. L.1, Louzada, M. L. C.1
1 Universidade de São Paulo
Objetivo: avaliar o consumo de aditivos alimentares cosméticos segundo as características socioeconômicas em uma amostra representativa da população brasileira em 2017/2018.
Métodos: com dados Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017/2018, foram obtidas informações sobre o consumo alimentar e dados socioeconômicos ( gênero, faixa etária e quintis de renda per capita) de uma amostra representativa de brasileiros com >=10 anos. Foram identificados como aditivos alimentares cosméticos todos aqueles que possuem função de alterar as características sensoriais dos alimentos como cor, sabor, aroma e textura. Os aditivos alimentares foram identificados segundo as funções tecnológicas determinadas pela Portaria no 540, de 27 de outubro de 1997 e a presença desses aditivos foi estimada a partir da lista de ingredientes dos rótulos dos alimentos.
Resultados: observou-se que a prevalência de consumo de aditivos alimentares cosméticos foi de 87,8%, sendo maior em mulheres (88,0% vs 87,5% homens), adolescentes (94,4% vs 88,1% adultos e 83,1% entre os idosos) e entre os mais ricos (93,1% vs Q4 91,0%, Q3 88,6%, Q2 85,3%, Q1 81,8%). As maiores prevalência segundo função foram: aromatizante (79,2%), corante (77,8%), emulsionante/emulsificante (33,6%), espessante (26,03%), realçador de sabor (24,2%), edulcorante (20,3%), espumante (4,47%).
Conclusão: Observou-se que mulheres, adolescentes e os mais riscos foram mais expostos aos aditivos alimentares cosméticos.
COMÉRCIO DE ALIMENTOS E O CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS POR PARTICIPANTES DO NUTRINET-BRASIL
Pôster dialogado
SCACIOTA, L.L.1, LEITE, M.A.2, LOUZADA, M.L.C.1, MONTEIRO, C.A.1, LEVY, R.B.2
1 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
2 Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo
Objetivo: Verificar a associação entre características do ambiente alimentar e o consumo de alimentos ultraprocessados por participantes da coorte NutriNet-Brasil. Métodos: Estudo transversal realizado entre 2020 e 2021 com 20.472 participantes do NutriNet-Brasil que moram em regiões metropolitanas com indicadores socioeconômicos intramunicipais. A qualidade da dieta foi avaliada pelo rastreador de consumo de ultraprocessados de 23 itens (Nova24hScreener). Os dados de estabelecimentos são provenientes da Relação Anual de Informações Sociais de 2021. O CEP dos participantes e dos estabelecimentos foi associado à Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH) correspondente. Por meio do Atlas Brasil, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) foi atribuído às UDH. A proporção de estabelecimentos de venda predominante de ultraprocessados (lanchonetes, conveniências e bombonieres) em relação ao total foi calculada. A associação entre a proporção de comércios de ultraprocessados na UDH e o escore de consumo de ultraprocessados foi avaliada por regressão linear multinível estratificada por tercis do IDHM. Resultados: A idade média dos participantes é 42,5 anos, a maioria é do sexo feminino, branca, com ensino superior completo, residentes da região sudeste e de capitais. A média do score de ultraprocessados é 1,9. A proporção média de comércios de ultraprocessados em relação ao total é 0,22. No terceiro tercil (mais ricos) de IDHM, a cada aumento da proporção de comércios de ultraprocessado aumenta 0,54 (IC 95%; 0.15-0.92) no escore médio de consumo de ultraprocessados. Conclusões: Os resultados apontam para a relação entre o ambiente alimentar e o padrão de consumo ultraprocessado em regiões socioeconomicamente favorecidas.
COMPARAÇÃO DO PREÇO DOS ALIMENTOS EM SITES DE SUPERMERCADOS E VAREJISTAS AGROECOLÓGICOS
Pôster dialogado
Soares, E. P.1, Araujo, M. A. G. C.1, Sousa, T. M.1, Brito, F. S. B.1, Moreira, C. C.2, Silva, A. C. F.1, Oliveira, A. S. D.1
1 UERJ
2 UFGD
Objetivo: Comparar o preço dos alimentos da nova cesta básica anunciados em sites de venda de grandes redes de supermercados e varejistas de produtos agroecológicos. Metodologia: Trata-se de estudo transversal que avaliou o preço médio (100g/mL) dos alimentos mais adquiridos pela população do Sudeste, segundo a POF 2017/2018, que se encaixassem nas categorias da nova cesta básica (Decreto nº 11.936). Realizou-se a coleta dos preços, entre os dias 03 e 07/06/2024, em sites de venda de dois varejistas agroecológicos e duas grandes redes de supermercado da região metropolitana do Rio de Janeiro. Foi calculada a média de preço por 100g/mL para cada alimento avaliado. Analisou-se também o preço final (100g/mL) da cesta básica adquirida em sites de supermercados tradicionais e de alimentos agroecológicos. Resultados: Foi avaliado um total de 10 alimentos. A média de preço dos agroecológicos/orgânicos foi superior para todas as categorias comparadas aos preços praticados nos supermercados, com diferenças percentuais variando de 20,8% para feijão a 70% para o açúcar demerara. No geral, gasta-se R$ 14,15 e R$ 30,8 para a aquisição de 100g/mL dos alimentos da cesta básica em varejo tradicional e agroecológico, respectivamente. Conclusão: A aquisição de alimentos no e-comerce de pequenos varejistas de produtos agroecológicos é mais onerosa quando comparado as grandes redes de supermercados, apesar destes últimos contribuir com um sistema alimentar desigual e pouco sustentável.
CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ALIMENTAR VAREJISTA DE 24 REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRAS
Pôster dialogado
SCACIOTA, L.L.1, KANAI, C.M.2, BARATA, M.F.2, LEVY, R.B.2
1 FSP/USP
2 FMUSP
Objetivo: Descrever o ambiente alimentar varejista das regiões metropolitanas (RM) brasileiras com indicadores socioeconômicos intramunicipais. Métodos: Estudo transversal realizado em 24 regiões metropolitanas brasileiras. Os dados são provenientes da Relação Anual de Informações Sociais de 2021. Os comércios varejistas de alimentos foram categorizados de acordo com o tipo predominante de alimento comercializado, seguindo a classificação Nova. O georreferenciamento dos dados foi feito no software QGIS a partir do ponto médio do CEP dos comércios, posteriormente associados à Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH) correspondente. Para cada UDH foi calculada a proporção de comércios de venda predominante de alimentos ultraprocessados (lanchonetes, bombonieres e conveniências) em relação ao total. Os resultados foram descritos por tercis do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Resultados: Há 8.731 UDH distribuídas nas 24 RM, com IDHM médio de 0,76 (variando de 0,50 a 0,97). As UDH têm, em média, 8.267 habitantes, abrangem uma área de 9,9 km² e possuem 37,5 comércios varejistas de alimentos. A proporção média de estabelecimentos de venda predominante de ultraprocessados é de 0,18. Há um aumento da proporção de acordo com os estratos de IDHM nas UDH do sudeste (0,14 a 0,26) e das capitais (0,13 a 0,23). O tipo de comércio mais presente é o minimercado, seguido das lanchonetes e restaurantes. A proporção de minimercados diminui nos maiores estratos de IDHM, enquanto aumenta a proporção de restaurantes e lanchonetes. Conclusões: A distribuição dos comércios de alimentos é influenciada pelo IDHM da UDH, sendo os locais mais ricos com maior concentração de estabelecimentos.
PUBLICIDADE DE ALIMENTOS EM CANTINAS DE ESCOLAS PRIVADAS EM CAPITAIS BRASILEIRAS
Pôster dialogado
Silva, I.C.G.1, Castro Junior, P. C. P.2, Mendes, L.L.3, Cardoso, L.O.1
1 Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - Brasil
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - Brasil
3 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais - Brasil
Objetivos: Descrever a prevalência de ações de publicidade de alimentos e identificar quais alimentos são mais publicizados em cantinas de escolas privadas de capitais brasileiras. Métodos: Estudo descritivo ecológico utilizando dados do projeto Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras. Informações de cantinas foram coletadas de uma amostra aleatória simples de escolas privadas em dezessete capitais brasileiras, de junho/2022 a março/2024. Foram avaliadas a comercialização, a venda de combos, promoções e a presença de publicidade de 21 alimentos in natura ou minimamente processados (AIMPP) e 29 alimentos ultraprocessados (AUP). Frequências absolutas e relativas foram calculadas utilizando o software R 4.4.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 44440820.4.0000.525). Resultados: Participaram do estudo 1.498 cantinas escolares, distribuídas entre as regiões Nordeste (56%), Sudeste (19%), Centro-Oeste (15%) e Sul (10%). Poucas cantinas recebiam materiais publicitários de fornecedores (5,3%), vendiam combos (18,7%) ou faziam promoções de alimentos (17,3%). No entanto, a publicidade mostrou-se prevalente nos espaços (87,3%), sendo mais comum no Sudeste (94,2%) e menos no Sul (71,6%). Entre os alimentos publicizados, destacaram-se água (62,6%), suco natural de fruta (62,3%), salgado assado com recheio ultraprocessado (46,8%), refrigerante comum (46,5%) e salgado assado sem recheio ultraprocessado (43,2%). Conclusões: As cantinas de escolas particulares utilizam publicidade para impulsionar as vendas de alimentos, promovendo tanto AIMPP quanto AUP, conforme a oferta desses produtos pelos estabelecimentos. A maioria das cantinas não utilizou incentivos comerciais, como combos e promoções, para estimular as vendas. Análises adicionais devem investigar possíveis associações entre as características das cantinas e a presença de publicidade.