Programa - Poster dialogado - PD27.2 - Epidemiologia nutricional: aspectos metodológicos, desigualdades sociais e insegurança alimentar
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
14:00 - 15:00
EVOLUÇÃO NO CONSUMO DE ULTRAPROCESSADOS POR NÍVEL SOCIOECONÔMICO: COORTE DE PELOTAS - 1993
Pôster dialogado
Moreira, M. K. V1, Machado, A. K. F.1, Gonçalves, H1, Da Silva, B. G. C.1, Wehrmeister, F. C.1
1 UFPEL
Objetivo: descrever as mudanças no consumo de alimentos ultraprocessados (AUP), da adolescência ao início da vida adulta, de acordo com o nível socioeconômico. Métodos: foram utilizados dados dos 15, 18 e 22 anos, da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas- RS. A partir de questionários de frequência alimentar, 16 AUP (classificação NOVA), consumidos diariamente, foram agrupados em seis grupos: lanches, bebidas adoçadas, guloseimas, salgadinhos, embutidos e laticínios. O nível socioeconômico foi avaliado através da comparação entre o menor (Q1, mais pobres) e o maior (Q5, mais ricos) quintil de riqueza. Resultados: Dos 5249 integrantes da coorte, 82,4%, 77,8% e 69,5% aos 15, 18 e 22 anos, respectivamente, foram incluídos na análise. Dos 15 aos 22 anos, houve aumento da prevalência do consumo de laticínios (11,1% para 25,5%), lanches (12,7% para 21,3%) e salgadinhos (21,8% para 27,9%) no Q1. No Q5, houve redução na prevalência do consumo de bebidas adoçadas (55,0% para 35,0%) e guloseimas (67,2% para 51,0%). Nos demais grupos de AUP e nos dois estratos, houve estabilidade neste período. Aos 15 anos, em ambos os estratos, os AUP mais consumidos foram guloseimas (Q1= 57,8% [IC95%: 54,5-51,1]; Q5= 67,2% [IC95%: 64,0-70,3]) e bebidas adoçadas (Q1= 50,3% [IC95%: 47,0-53,7]; Q5= 55,0% [IC95%: 51,7-58,3]). Aos 22 anos, o maior consumo foi de bebidas adoçadas (56,5% [IC95%: 52,6-60,0]) e guloseimas (54,4% [IC95%: 50,7-57,9]) no Q1 e guloseimas (51,0% [IC95%: 47,4-54,7]) e laticínios (37,0% [IC95%: 33,6-40,6]) no Q5. Conclusão: O consumo de AUP aumentou entre os mais pobres e diminuiu no estrato mais rico.
DESIGUALDADES SOCIAIS NA TENDÊNCIAS DO BAIXO PESO AO NASCER NO BRASIL: 2010 A 2020
Pôster dialogado
Victor, A.1, Gotine, A.R.M.1, Aguiar, I.O.1, Xavier, S.P.2, Rodrigues,O.A.S3, Antunes, L1, Rondo, P.H.C1
1 Universidade de São Paulo
2 Universidade de Mato Grosso
3 World Food Programe
O baixo peso ao nascer (BPN) é uma questão global prevalente em países de baixa renda. Avaliações econômicas das intervenções para reduzir esse ônus são cruciais para orientar as políticas de saúde. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar a tendência temporal do crescimento fetal em recém-nascidos no Brasil entre 2010 e 2020. Métodos: Foi conduzido um estudo de séries temporais utilizando dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), que é gerenciado pelo Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde brasileiro. O modelo linear de Prais-Winsten foi aplicado para analisar as proporções anuais de BPN. As mudanças percentuais anuais (APC) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados. Médias das taxas de prevalência de BPN foram calculadas e exibidas em mapas temáticos para visualizar a dinâmica da evolução em cada Unidade Federativa (UF). Resultados: O estudo encontrou uma tendência à estabilização do aumento das proporções de BPN nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste entre 2010 e 2020. No Brasil e em outras regiões, essas tendências permaneceram estáveis. Conclusão: Para melhorar as condições de vida e reduzir as desigualdades sociais e iniquidades em saúde, são necessárias políticas públicas e ações. Fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), programas de transferência de renda, políticas de cotas para grupos vulneráveis e medidas de igualdade de gênero, como melhorar o acesso à educação para mulheres e o setor trabalhista, estão entre as abordagens sugeridas.
AMBIENTE ALIMENTAR E INSEGURANÇA ALIMENTAR DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 – ESTUDO ESANP
Pôster dialogado
Justiniano, I. C. S.1, Cordeiro, M. S.1, Lorenzato, H. N. C.1, Meireles, A. L.1, Mendonça, R. D.1, Menezes, M. C.1
1 UFOP
Objetivo: Avaliar o ambiente alimentar percebido e sua associação com a insegurança alimentar em domicílios de escolares nos municípios de Ouro Preto e Mariana (MG) durante a pandemia da Covid-19. Métodos: Trata-se de um inquérito telefônico transversal realizado entre março e maio de 2021 com adultos (n=475) responsáveis pela compra e/ou preparo de alimentos nas residências de alunos com idade entre 6 meses e 17 anos matriculados em escolas públicas de dois municípios brasileiros. O desfecho foi avaliado por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A percepção do ambiente alimentar foi avaliada por meio de um questionário sobre a percepção da disponibilidade, preço e qualidade de frutas e hortaliças (FH) e de alimentos ultraprocessados (AUP) comercializados na vizinhança. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Ouro Preto (CAAE:32005120.6.0000.5150). Resultados: A maioria das famílias era chefiada por homens (50,11%) com idade entre 36 e 45 anos (40,4%), cor da pele não branca (80,8%) e com ensino médio (60,0%). 55,1% das famílias estavam em insegurança alimentar leve e 14,5% estavam em insegurança alimentar moderada ou grave. O nível de insegurança alimentar foi associado à percepção de preço de FH (p<0,05). A percepção negativa sobre a qualidade (OR:1,92; IC:1,04-3,56) e o preço de FH (OR:3,56; IC:1,41-8,98) estiveram associadas a insegurança alimentar moderada/grave. Conclusão: Observou-se elevada proporção de domicílios vivenciando algum grau de insegurança alimentar, tendo os de nível moderada ou grave demonstrado uma percepção mais negativa do ambiente alimentar, destacando que a acessibilidade a FH é importante para as famílias em situação de insegurança alimentar.
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM ALUNOS ACOMPANHADOS PELO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA DE PETRÓPOLIS
Pôster dialogado
Santos, A. P. R1, Pires, I. E2, Rezende, L. R. P1, Netto, D. C. C1
1 SMS Petrópolis
2 UNIFASE
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o risco de Insegurança Alimentar (IA) em crianças e adolescentes acompanhados pelo Programa Saúde na Escola (PSE) de Petrópolis/RJ.
Método: A coleta de dados foi realizada através do PSE no período de junho a dezembro de 2023, por meio da aplicação de uma ficha que continha a Triagem para Risco de Insegurança Alimentar (TRIA) com os responsáveis dos escolares. A TRIA consiste em um instrumento rápido e de fácil aplicação para identificar famílias com risco de Insegurança Alimentar (IA).
Resultados e conclusões: No total, foram avaliadas 6.654 respostas da TRIA referentes à situação de IA nos domicílios das crianças e adolescentes acompanhados pelo PSE. Observou-se que a maioria (55,3%, n=3.677) encontra-se em Segurança Alimentar (SA) e 44,7% (2.977) com algum grau de IA, sendo 17,1% (1.137) IA leve e 27,6% (1.840) com IA moderada/grave. Com base nos dados obtidos, observou-se que os estudantes da rede pública de ensino de Petrópolis apresentaram resultados de IA superiores aos estudos em âmbito nacional, uma vez que 9,4% apresentaram insegurança alimentar moderada/grave nos domicílios brasileiros. Dessa forma compreende-se que mesmo a maioria das famílias apresentando SA, uma porcentagem consideravelmente alta encontra-se com algum grau de IA, possivelmente em situações de vulnerabilidades sociais importantes, acarretando riscos para o desenvolvimento físico e cognitivo destes estudantes, levando a consequências para toda vida.
AVALIAÇÃO DA USABILIDADE DO APLICATIVO CADE: CONSUMO ALIMENTAR NO DOMICÍLIO E NA ESCOLA
Pôster dialogado
Valporto do Nascimento, J1, Campos Araujo, M2, Navi, A1
1 UFF
2 ENSP
Objetivo: O objetivo deste estudo foi realizar a inspeção da usabilidade e avaliação da qualidade do aplicativo CADE (Consumo Alimentar no Domicílio e na Escola), desenvolvido para dispositivos móveis (smartphones e tablets), para avaliar a ingestão alimentar de escolares da faixa etária dos 4 aos 9 anos de idade.
Métodos: Estudo transversal realizado com uma ferramenta com funcionalidade online, no qual cinco especialistas em Interação Humano Computador (IHC) realizaram a inspeção da usabilidade do aplicativo por meio do método de avaliação heurística e cinco profissionais da área de saúde avaliaram a qualidade do aplicativo por meio da investigação das suas interfaces e funcionalidades. Os especialistas em IHC confrontaram as interfaces do aplicativo com um conjunto de 10 heurísticas. Os profissionais da área de saúde responderam um questionário aplicado remotamente, que contemplava 21 questões. Estimaram-se a frequência de violação das heurísticas e dos problemas mais relatados no aplicativo.
Resultados: Identificaram-se 74 problemas de usabilidade pelos especialistas em IHC, dos quais 17,8% violaram a heurística flexibilidade e eficiência de uso e o problema mais relatado foi não consegue avançar ou voltar nas telas do aplicativo(n=4). O aplicativo foi considerado fácil de aprender a usar pelos profissionais da área da saúde, sendo que 80% destes profissionais acharam alguma funcionalidade do aplicativo demorada para responder. Conclusão: O uso do aplicativo foi considerado fácil de aprender a usar pelos profissionais da área da saúde e os resultados observados orientam as prioridades para o aperfeiçoamento do aplicativo.
DESENVOLVIMENTO DE QUESTIONÁRIO QUANTITATIVO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR PARA ADULTOS VEGANOS
Pôster dialogado
Maroni, G. S.1, Lourenço, L. R. N. A.1, Crivellenti, L. C.2, Carreira, N. P.1
1 USP
2 UFU
Objetivos
O objetivo deste trabalho é desenvolver um Questionário Quantitativo de Frequência Alimentar (QQFA) para a população adulta vegana brasileira. Objetivos específicos incluem caracterizar a população do estudo segundo dados sociodemográficos, de estilo de vida e presença de comorbidades; avaliar a adequação nutricional dessa população; e descrever os itens alimentares do QQFA segundo o tamanho das porções.
Métodos
O estudo foi delineado com uma população de 200 veganos das cinco regiões do Brasil. Dados sociodemográficos, de estilo de vida, estado antropométrico e presença de morbidades foram coletados por meio de um formulário eletrônico. Dados alimentares foram coletados online utilizando recordatórios de 24 horas, e a dieta usual foi estimada utilizando o Multiple Source Method. Os itens alimentares foram organizados e agrupados em um banco de dados, e a lista de alimentos foi elaborada considerando sua contribuição percentual para cada nutriente de interesse para a população vegana (ômega 3, cálcio, ferro, zinco, vitamina B12 e vitamina D). Foram definidos o tamanho das porções, o período de tempo precedente e a frequência de consumo. O QQFA foi então estruturado.
Resultados
O QQFA contém uma lista de 100 itens alimentares, cobrindo 12 grupos alimentares específicos para dietas veganas. A lista representa pelo menos 90% da ingestão dos nutrientes de interesse.
Conclusões
O QQFA desenvolvido é uma ferramenta útil para obter o consumo habitual de adultos veganos brasileiros. Este QQFA pode ser utilizado em estudos epidemiológicos para testar hipóteses e investigar a relação entre dieta vegana e desfechos em saúde.