Programa - Poster dialogado - PD27.8 - Saúde da mulher e Morbimortalidade materna
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
14:00 - 15:00
MORBIDADE MATERNA POR HIPERTENSÃO EM INTERNAÇÕES NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, 2018-2022
Pôster dialogado
Sento Se, C. C.1, Bittencourt, S. D. A.1, Marinho, D. S.1
1 ENSP/FIOCRUZ
Objetivo: analisar as internações obstétricas por morbidade materna grave (MMG), relacionada à hipertensão arterial (HA), em maternidades públicas no município do Rio de Janeiro, de 2018 a 2022. Método: Trata-se de estudo descritivo, cuja fonte de dados foi a Autorização de Internação Hospitalar, disponível no Sistema de Informações Hospitalares - SUS, de mulheres em idade fértil, cujo diagnóstico de internação e/ou procedimento realizado contemplam a classificação de condição potencialmente ameaçadora à vida (CPAV) da Organização Mundial da Saúde. As variáveis analisadas foram: idade, raça/cor, diagnóstico principal, procedimento realizado, dias de permanência, tempo de internação em Unidade de Terapia Intensiva. Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel® e analisados pelo software estatístico Jamovi. Resultados: Das 268.028 internações obstétricas, 23.025 (8%) foram por HA, sendo a razão de CPAV de 87,6 por 1.000 nascidos vivos. A maioria das mulheres (90,3%) é munícipe do Rio de Janeiro, com média de idade de 28,7 anos e de raça/cor negra (76,9%). O diagnóstico principal e o procedimento mais prevalente foram pré-eclâmpsia (34,7%) e cesariana (65,5%). As internações tiveram média de 4,6 dias de permanência, com utilização de UTI em 6% dos casos. A razão de mortalidade materna por HA foi de 6,4 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos. Conclusão: A descrição das características das internações hospitalares por HA, principal causa de óbito materno no Brasil, se mostra necessária para subsidiar a elaboração de estratégias de acesso, continuidade e melhoria do cuidado às gestantes e puérperas e articulação entre os níveis de atenção.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DAS MULHERES QUE NÃO ACHAM O EXAME PREVENTIVO NECESSÁRIO, PNS 2019
Pôster dialogado
Bacurau, A.G.M.1, Francisco, P.M.S.B.1
1 UNICAMP
Objetivo: Verificar as características sociodemográficas das mulheres que não acham o exame preventivo do câncer do colo do útero necessário. Métodos: Estudo transversal com dados de mulheres (25 a 64 anos) que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 que nunca realizaram o exame preventivo ou realizaram há mais de 3 anos (n=6.745). Estimaram-se as prevalências segundo as características sociodemográficas, com respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). As associações foram verificadas pelo teste Qui-Quadrado de Pearson com correção de Rao-Scott e nível de significância de 5%. Resultados: 43,6% referiram não achar o exame necessário (33,6% nunca tinha feito e 66,4% haviam feito o exame há mais de 3 anos). A realização do exame há mais de 3 anos foi mais frequente nas mulheres de 55 a 59 anos (19,3%; IC95%:16,5-22,4) e de 60 a 64 (20,2%;IC95%:17,6-23,0), enquanto nenhuma realização por não achar necessário foi mais frequente entre mulheres de 25 a 29 anos (24,6%;IC95%: 20,5-29,2) e nas solteiras (58,6%;IC95%:53,8-63,2). A não realização ou realização do exame há mais de 3 anos, por não achar necessário, ocorreu mais frequentemente entre mulheres com ensino fundamental incompleto e com melhor autoavaliação de saúde (p<0,05). Não houve diferença entre as regiões do país, raça/cor, escolaridade e posse de plano de saúde (p>0,05). Conclusão: A realização do exame preventivo na faixa etária de 25 a64 anos e no período recomendado é uma das principais estratégias para o rastreio do câncer do colo uterino e deve ser estimulado pelas mulheres que já tiveram relação sexual.
FATORES ASSOCIADOS ÀS TRAJETÓRIAS DE GANHO DE PESO GESTACIONAL: RESULTADOS DO CONMAI
Pôster dialogado
Cursino, G.N.1, Kac, G.1, Farias, D.R.1, CONMAI2
1 UFRJ
2 Observatório de Epidemiologia Nutricional, UFRJ
Objetivo: Identificar determinantes demográficos, sociais e antropométricos das trajetórias de ganho de peso gestacional (GPG) em mulheres brasileiras. Métodos: Foram utilizados dados de 10 coortes prospectivas associadas ao Consórcio Brasileiro de Nutrição Materno-Infantil realizados entre 1990-2018. Foram analisados dados de peso pré-gestacional (PPG, kg), GPG (diferença entre ganho de peso na visita e o PPG; kg), IMC pré-gestacional, semana gestacional, raça/cor de pele e escolaridade materna de 15.338 mulheres (88.142 observações) adultas, com gestações únicas e sem intercorrências gestacionais. As trajetórias foram classificadas utilizando modelo de trajetória de classe latente. Resultados: Foram identificadas cinco trajetórias de GPG: 1) “Estável-baixo” (n=1.239), com menor GPG durante toda a gestação; 2) “Estável-médio” (n=4.849), com ganho estável mediano (referência no modelo); 3) “Rápido-alto” (n=3.032) com GPG acentuado a partir do 2º trimestre; 4) “Estável-alto” (n=5.383) com ganho alto e mais acentuado a partir do 3º trimestre; e 5) “Rápido-precoce” (n=835) com ganho rápido e alto desde o início da gestação. As gestantes pretas (OR:1,3 p<0,001) e pardas (OR:1,2; p<0,001), aquelas com sobrepeso (OR:2,2; p<0,001) e obesidade (OR:3,3; p<0,001) pré-gestacional tiveram maior chance de estar na trajetória 1, quando comparadas às brancas e eutróficas. As mulheres de menor escolaridade (<8 anos) possuíam maior chance (OR:2,4; p<0,001) de estar na trajetória 1 e menor (OR:0,3; p<0,001) na trajetória 5, quando comparadas àquelas com >11 anos de escolaridade. Conclusão: Os resultados contribuem para compreender trajetórias de GPG e os seus determinantes, com isso, apoiar as ações nutricionais de pré-natal na Atenção Primária à Saúde.
PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR MYCOPLASMA GENITALIUM EM GESTANTES NO BRASIL, 2022
Pôster dialogado
Diniz, I. V. A.1, Lannoy, L. H.2, Souza, I. M. C. D. M. N2, Schörner, M. A.3, Barazzetti, F. H.3, Rodrigues, S. C.1, Bazzo, M. L.3, Neto, D. B. C.4, Miranda, A. E. B.5, Gaspar, P. C.2, 6
1 MS/DEMSP/CGEMSP/EpiSUS Avançado (FETP Brasil)
2 MS/SVSA/DATHI/CGIST
3 LBMMS/PPGFAR/UFSC
4 MS/SVSA/DATHI
5 MS/SVSA
6
Objetivo: Descrever os resultados de Mycoplasma genitalium (MG) da implantação piloto do Serviço Nacional de Diagnóstico Molecular de CT/NG/MG/TV, realizado no Brasil. Métodos: Participaram da estratégia piloto 20 serviços de pré-natal do SUS, distribuídos nas cinco regiões do país. Para coleta de um espécime de esfregaço vaginal em gestantes de 15 a 49 anos foi utilizado o Aptima Collection Kit (HOLOGIC) e enviado ao laboratório de referência usando Aptima Assays (HOLOGIC) para detecção de MG. Análise descritiva das variáveis realizada por meio de frequência relativa e absoluta, medidas de tendência central e dispersão. Resultados: Das 2.616 gestantes atendidas no âmbito do estudo piloto, 44,61% residiam no Sudeste e 21,87% no Nordeste. A média de idade foi de 27 anos (DP+6,7), 43,16% se autodeclararam pardas, 47,90% renda familiar de até 1,9 salários-mínimos, 41,63% relataram escolaridade igual ou maior a oito anos. 25,69% alegaram nunca terem realizado exame citopatológico, 21,67% tiveram a primeira relação sexual antes dos 15 anos, 73,32% eram assintomáticas para ISTs, 85,93% não tinham diagnóstico de IST na gestação atual. A prevalência geral de MG foi de 7,68%. Quanto a detecção de MG nas regiões, a Nordeste presentou prevalência de 9,44%, Sul 7,43%, Sudeste 7,28%, Norte 7,04% e Centro-oeste 6,04%. Conclusões: A elevada prevalência de MG reforça a importância de avaliar a implementação de testes moleculares na rede pública e constante atualização de protocolos de diagnóstico e tratamento de MG, fortalecimento de estratégias para prevenção de ISTs, além do estímulo do desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o pré-natal.
USO DE CONTRACEPTIVOS POR MIGRANTES VENEZUELANAS RESIDENTES NO BRASIL
Pôster dialogado
Carvalho, T. D. G.1, Fonseca, P. A. M.2, Couto, V. N. G.1, Queiroz, R. S. B.2, Leal, M.C.1
1 ENSP/Fiocruz
2 ILMD/Fiocruz
Objetivos
Descrever o perfil de utilização de métodos contraceptivos por mulheres migrantes venezuelanas que residiam no Brasil.
Métodos
Inquérito realizado em 2021 com mulheres venezuelanas entre 15 e 49 anos que residem em Manaus e Boa Vista. A amostragem utilizou o método Respondent Driven Sampling. Um total de 1871 tiveram relação sexual alguma vez e responderam sobre a utilização de métodos contraceptivos. Foram calculadas as prevalências considerando a complexidade amostral no software SPSS.
Resultados
Três em cada quatro mulheres tiveram relação sexual no último ano e a maioria (63%) não utilizou preservativo masculino nenhuma vez. As principais razões para não utilização foram confiar no parceiro (50%), usar outro método contraceptivo (15%) e não gosta de fazer sexo com preservativo masculino (11%).
Na Venezuela 46% relataram usar algum método contraceptivo, sendo os mais usados a pílula (24%), seguido de injetáveis (19%) e preservativo masculino (19%), ligadura de trompas (14%) e DIU de Cobre (14%).
No Brasil, 53% faziam uso de contracepção. Os contraceptivos injetáveis eram os mais usados (35%), seguido de preservativo masculino (21%), pílula (16%) e ligadura tubária (13%), DIU de Cobre (10%). As principais formas de obtenção destes métodos foram em serviços de saúde (50%) e comprado com recursos próprios (25%).
Conclusões
Apesar do pequeno aumento na prevalência de utilização de métodos contraceptivos pelas migrantes após chegarem ao Brasil, as venezuelanas usam menos métodos do que as brasileiras. O acesso ao planejamento reprodutivo pelas mulheres migrantes é um direito e precisa ser ampliado no SUS.