Programa - Poster dialogado - PD27.9 - Desafios da Vigilância Ambiental
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
14:00 - 15:00
PROTOCOLO DE CRÍTICA DE DADOS PARA A VIGILÂNCIA DA FLUORETAÇÃO EM ALAGOAS, 2015-2023.
Pôster dialogado
LOURENÇO, M. G. V.1, CASTRO, C. R. S.2, NOVAES, I. M.1, SANTOS, J. S.3
1 UFAL
2 UFBA
3 ICEPi
Objetivos: Aplicar um protocolo de crítica dos dados da vigilância da fluoretação de sistemas de abastecimento de água para assegurar a consistência da produção de informações. Métodos: Foi aplicado o protocolo proposto por Prado e Frazão, em 2018, para os dados referentes aos municípios do estado de Alagoas nos anos de 2015 a 2023. Este protocolo estabelece as seguintes etapas de verificação da qualidade de dados para subsidiar a produção de informações: exclusão dos municípios cujos dados demonstrem desconformidades e correspondam a menos de três meses de registro, apresentem 50% ou mais de valores nulos ou aberrantes, bem como desvios-padrões iguais a 0,00 mg F/L. Resultados: Após os procedimentos de verificação e exclusão de dados inconsistentes, observou-se que, no mínimo, 98,04% dos municípios foram excluídos, em cenários nos quais apenas duas cidades apresentaram dados consistentes, o que ocorreu em 2016, 2018, 2019 e 2010. Também aconteceu de restar apenas um município, como em 2015, 2017, 2021 e 2022. Por fim, em 2023, nenhum município do estado apresentou consistência dos dados analisados. As localidades que mais apresentaram dados consistentes, em algum momento, foram: Penedo, Cajueiro, União dos Palmares e Batalha, em ordem decrescente. Conclusões: Ante o exposto, é evidente o descompromisso de todo o estado em relação à fluoretação das águas, medida obrigatória onde existem estações de tratamento de água, bem como com os processos de vigilância, o que revela desfalques na garantia do direito à saúde bucal para os cidadãos alagoanos.
CONCENTRAÇÃO DE ATRAZINA NA ÁGUA E PREVALÊNCIA DE HIPOSPÁDIAS NO RIO GRANDE DO SUL
Pôster dialogado
Rohweder, R.1, Barbian, M. H.1, Schuler-Faccini, L.1
1 UFRGS
Objetivo: avaliar a relação entre concentração do agrotóxico atrazina na água e prevalência de hipospádias (anomalia congênita da abertura do meato uretral, sinal de perturbação do desenvolvimento sensível à exposição a desreguladores endócrinos). Métodos: estudo ecológico entre municípios do RS no período de 2016 a 2019. Dados de concentração de atrazina foram obtidos do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. Números de nascidos vivos e de casos de hipospádia foram coletados do Sistema Nacional de Nascidos Vivos. Dados foram processados e modelados em ambiente R. Parametrizamos um modelo espaço-temporal com a concentração de atrazina como variável de exposição, incluindo uma covariável regional de saúde, e estimamos risco relativo de hipospádia entre os municípios. Distribuição a posteriori dos parâmetros foi obtida pelo método de aproximação de Laplace do pacote R-INLA (v. 24.5.1). Resultados: nem o logaritmo natural da concentração de atrazina (β=0.015, IC95% -0.232–0.262) nem a variável temporal (β=0.043, IC95% -0.068–0.153) foram associados ao risco de hipospádia entre os municípios. Entre as sete categorias de macrorregião de saúde, as macrorregiões Missioneira (β=-1.384, IC95% -2.357–-0.412) e Sul (β=-0.928, IC95% -1.707–-0.412) apresentaram redução no risco relativo comparadas à macrorregião Centro-Oeste, enquanto a macrorregião Vales (β=0.601, IC95% 0.058–1.144) apresentou aumento no risco. Conclusão: os níveis de atrazina não foram associados ao risco relativo de hipospádia. Observou-se diferenças no risco relativo entre as macrorregiões de saúde.
IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE SENTINELA DO VIGIAR NO COMPLEXO DE SUAPE, IPOJUCA/PERNAMBUCO.
Pôster dialogado
SILVA, C. S.1, BEZERRA, E. A. D.1, LIRA, P. V. R. A.1, LIMA, S. A. A.1, LIMA, I. M.1, BRAZ, C. F. M.1, ARAUJO, M. M. S.2, BRITO, R. G. R. R.3
1 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco - SES/PE
2 Instituto Aggeu Magalhães - Fundação Oswaldo Cruz
3 Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco - Ciatox/PE
A Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Expostas a Poluentes Atmosféricos (VIGIAR) foi instituída em 2001. O objetivo do presente estudo foi caracterizar o processo de implantação da unidade sentinela do VIGIAR no Complexo Industrial Portuário de Suape, localizado no município de Ipojuca/PE. Tratou-se de um estudo transversal e descritivo, que ocorreu entre agosto de 2023 a janeiro de 2024. O município localiza-se aproximadamente a 60km da capital do Estado. A localidade é marcada por um processo de industrialização que culminou numa densa concentração populacional e uma considerável poluição atmosférica, principalmente no aglomerado urbano do complexo industrial portuário de Suape, onde há relatos de problemas de saúde causados pela emissão de gases. O processo de implantação se deu a partir das seguintes etapas: 1) elaboração de plano de ação; 2) construção de roteiro para cadastramento da população exposta; 3) estabelecimento de indicadores de monitoramento; 4) matriciamento da Rede de Atenção à Saúde; 5) cadastramento da população exposta; e 6) construção de instrumentos de monitoramento da saúde. De janeiro a março de 2024, foram cadastrados mais de 200 imóveis e mais de 550 residentes, e até o momento não foi detectada nenhuma notificação de intoxicação exógena relacionada a exposição aos gases. Não foram observados limites acima dos padrões de normalidade para os indicadores ambientais e de saúde. O estabelecimento da Unidade Sentinela do VIGIAR em Ipojuca tornou-se indispensável. O processo incluiu a definição de estratégias de monitoramento e intervenção, com vistas na redução dos impactos causados pela exposição à poluição atmosférica.
ANÁLISE PREDITIVA DE ACIDENTES COM ESCORPIÕES ATRAVÉS DE APRENDIZADO DE MÁQUINA
Pôster dialogado
Galvão, M. H. R.1, LIMA, G. M.1, Silva, J. N.1, Gomes, J.C.1
1 Universidade Federal de Pernambuco
Objetivo: Desenvolver um modelo baseado em técnicas de aprendizado de máquina para predizer a taxa de ocorrência de acidentes com escorpiões a partir de variáveis que refletem alterações climáticas, degradação ambiental e condições socioeconômicas.Método: Estudo ecológico, realizado a partir da análise de casos notificados de acidentes com escorpiões extraídos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação em 2023. Foram considerados 46 indicadores municipais, abrangendo características sociodemográficas, urbanas, sanitárias, habitacionais e mudanças climáticas. Uma seleção entre os atributos iniciais foi feita empregando o algoritmo Particle Swarm Optimization, seguida pela aplicação de modelos de aprendizado de máquina, com o objetivo de comparar seus desempenhos.Resultados: Doze atributos de maior relevância foram selecionados para a predição do desfecho. Estes incluem percentual de cobertura vegetal natural, área urbanizada, percentual de domicílios em condições precárias de habitação, percentual de domicílios com estrutura residencial degradada ou inacabada, e variáveis que refletem a variação climática entre 1975 e 2023, como o intervalo médio diurno da temperatura, temperatura máxima no mês mais quente, temperatura média no trimestre mais úmido, temperatura média anual, intervalo de temperatura anual e precipitação no quadrimestre mais quente. O modelo Random Forest demonstrou um desempenho superior em comparação aos demais modelos avaliados.Conclusão: As variáveis relacionadas a mudanças climáticas, urbanização, degradação ambiental e condições de vida urbana emergem como preditores relevantes para a ocorrência de acidentes com escorpiões. Esses agravos constituem uma doença negligenciada e representam um desafio de saúde pública, cuja magnitude tende a crescer devido à atual crise climática.
PERFIL RENAL DE MORADORES RIBEIRINHOS AMBIENTALMENTE EXPOSTOS AO MERCÚRIO NA AMAZÔNIA
Pôster dialogado
Souza, S.M.S.1, Mota, A.L.M.2, Sobral, J.C.1, Soares, J.M.1, Farias, M.P.S.F1, Santos, R.S.S.1, Oliveira-Junior, J.M.B.1, Meneses, H.N.M.1
1 UFOPA
2 UEPA
Objetivo: Verificar o perfil renal de moradores de uma área ribeirinha ambientalmente exposta ao mercúrio (Hg). Método: Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP da Universidade Estadual do Pará-UEPA. Foi aplicado um questionário semiestruturado e realizada coleta de sangue. Por punção venosa foram colhidos de cada voluntário 10 mL de amostra. A exposição ao Hg foi classificada em exposta (acima de 10 μg/L) e não exposta (abaixo de 10 μg/L), segundo o limite de referência recomendado pela OMS. Os valores de referência utilizados para a ureia foram de 10 a 45 mg/dL e para a creatinina a referência de 0,51 a 1,20 mg/dL para ambos os gêneros, segundo a indicação do Kit utilizado da marca comercial Labtest. Compõem esse estudo 237 moradores de comunidades do Baixo Amazonas, Pará - Brasil. Resultados: 22 (9,3%) indivíduos apresentaram resultado alterado para a ureia, dos quais 20 apresentaram níveis de Hg acima de 10 μg/L. Dos 12 (5,1%) indivíduos com resultado alterado para a creatinina, 10 apresentaram níveis de Hg acima de 10 μg/L. O nível mais alto de ureia (116 mg/dL) e o nível mais alto de creatinina (4,4 mg/dL) foi observado em uma mulher de 65 anos, que apresentou 122,8µg/L de HgT. Conclusão: Estes resultados sugerem que a alteração renal observada seja um sintoma inicial decorrente da exposição ao Hg.