Programa - Poster dialogado - PD27.12 - Vigilância em Saúde do/a trabalhador/a: análise de situações de saúde e experiências inovadoras de VISAT

A intersetorialidade é uma integração de vários conhecimentos e experiências que contribuem para o enfretamento de problemas complexos na saúde coletiva. Neste contexto, a vigilância sanitária do município de Ipatinga (MG) tem recebido denúncias alegando que empresas do município não estavam disponibilizando máscaras e outros EPIs aos trabalhadores. Com o intuito de identificar ações que auxiliam a saúde do trabalhador, desde 2021, várias inspeções têm sido conjuntas com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) afim de intervir no problema de maneira efetiva. O CEREST é uma unidade de referência que tem como função dar suporte técnico especializado para a rede de serviços do SUS de Ipatinga e 19 municípios da área de abrangência, além de promover ações para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da prevenção e vigilância. A estratégia permitiu a apuração das irregularidades e autuações para empresas que descumpriam as legislações trabalhistas e sanitárias. Mas, sobretudo o caráter educativo, o que aumentou as notificações de agravos e acidentes de trabalho, melhorou a coberta vacinal e a compreensão a proteção do ambiente de trabalho e da saúde do trabalhador. Observou-se que a experiência contribuiu para a resolubilidade das não conformidades encontradas, propiciando ganhos aos trabalhadores e para a população geral. Esta ação trouxe uma maior conscientização por parte das empresas, fazendo valer o princípio do SUS que prevê a promoção e proteção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.

Objetivo:
Descrever a experiência de fortalecimento de ações de Vigilância Epidemiológica (VIEP) em Saúde do Trabalhador (ST) no estado de Minas Gerais (MG).
Metodologia:
Buscando fortalecer a VIEP -ST , seu eixo estruturante de doenças e agravos relacionados ao trabalho (DART), foram elaboradas as resoluções SES/MG 7730/2021 e 8383/2022, com repasse financeiro aos municípios (vigência 2022-2024), vinculado a metas de investigação epidemiológica. Com captação prévia de casos com suspeição nos sistemas de informação: SIM, RHC, SIVEP Gripe (Câncer Relacionado ao Trabalho, Acidentes de Trabalho Fatais, Óbito por: COVID-19, mesotelioma e pneumoconioses. E casos de Intoxicação Exógena. Constituindo-se bancos com total de casos suspeitos: 6583 em 2022 e 5528 em 2023, encaminhados para investigação nos municípios.
Resultados:
Para as atividades de VIEP realizadas durante o ano de 2022, 60,2% dos municípios não sede de Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e 83,3% de municípios sede de CEREST cumpriram a meta estabelecida de investigação de casos. Observou-se que houve um incremento das notificações no Sinan de 26.414 (casos em 2021), para 33.124 (casos em 2022), representando aumento de 25,5%. E 45922 (casos em 2023), aumento de 47,5% em relação a 2021 e 27% em relação a 2022.
Considerações:
O repasse financeiro atrelado às metas, monitoradas de forma sistemática, incentiva discussões de casos e execução das ações de VIEP onde não constituíam rotina, aproximando as referências técnicas regionais e municipais. As capacitações continuadas e a elaboração de instrumentos de apoio, impulsionam a qualificação da investigação epidemiológica.

O objetivo deste trabalho é aumentar a qualificação das fichas quanto aos indicadores dos acidentes de trabalho Ocupação (Cbo) e Classificação Nacional da Atividade Econômica (Cnae), em um hospital Estadual do Norte do estado do Es. Os dados de acidente de trabalho foram coletados através do sistema de notificação de doenças E-susVS dos anos de 2020 ao primeiro quadrimestre de 2024, e analisados por tratamento estatístico descritivo, utilizando a nota técnica nº2/2024-cgsat/dsast/svsa/ms, culminando com ações de apoio matricial em saúde do trabalhador para sensibilização da gestão, e ações de educação permanente aos profissionais da assistência no primeiro quadrimestre de 2024, permitindo assim, o conhecimento e monitoramento das vulnerabilidades e situações de risco dos ambientes de trabalho para planejamento das ações de prevenção e controle. Como resultados, verificou-se o aumento da qualificação das fichas em 21,22% do Cbo e 55,03% do Cnae comparando o 1° quadrimestre de 2023 com 2024, indicando que a vigilância de ambientes e processos de trabalho realizada pelo Cerest impactou no aumento da qualificação dos indicadores. Contudo, a notificação de acidente de trabalho representa uma grande evolução na Política de Saúde do Trabalhador, visto que, produz dados epidemiológicos, contribuindo para redução dos índices de acidente de trabalho, agindo sob a perspectiva da vigilância, prevenção e promoção à saúde do trabalhador, como também, a utilização do Cbo e Cnae que auxiliam na compreensão do risco ocupacional e os danos potenciais de acordo com os setores de atividade, subsidiando políticas de atenção integral à saúde do trabalhador.

Os 38 milhões de casos e 708 mil óbitos relacionados em 2023, enfatizam a relevância de dados suplementares acerca da variável trabalho. Os objetivos do estudo foram identificar tendências relativas aos casos e óbitos confirmados e relacionados ao trabalho (Covid-19 RT), para subsidiar gestores, trabalhadores e empregadores quanto às ações de atenção integral, vigilância epidemiológica e proteção à saúde de trabalhadores(as). Metodologia: Analisaram-se variáveis selecionadas: ocupação, situação no mercado se trabalho, sexo, raça, faixa etária, escolaridade, unidades notificadoras, dentre outras, dos casos e óbitos notificados no Sinan, entre 2020 e 2023. Resultados: 10.966 casos e 48 óbitos relacionados ao trabalho foram notificados, 79% dos óbitos ocorreu no sexo masculino, ao contrário dos casos (33%). A população negra representou 65% dos casos e 81% dos óbitos, e a maioria (87,5%) na faixa etária dos 30 a 59 anos. A metade tinha ensino médio completo ou educação superior completa e 40% um emprego registrado, ou eram servidoras públicas estatutárias. Trabalhadoras da saúde representaram mais da metade dos casos, sendo as técnicas de enfermagem e enfermeiras as mais afetadas, seguidas de escriturários, trabalhadores da manutenção, recepcionistas, motoristas e vendedores. O papel de destaque dos Centros Regionais de Referência em Saúde do Trabalhado(a) (Cerest), a partir de 2022, teve o protagonismo das equipes da atenção primária. Conclusões: A análise da situação epidemiológica, permitiu detectar tendências nas categorias analisadas, evidenciando condicionantes de risco, bem como limitações do acesso e de investigação epidemiológica e de notificação da relação com o trabalho dos casos confirmados de Covid-19.

Objetivo: este estudo objetivou analisar os efeitos isolados e combinados de Chikungunya e estressores ocupacionais na ocorrência de sintomas depressivos entre trabalhadores/as da saúde. Métodos: estudo de corte transversal com amostra probabilística de 1.204 trabalhadores/as da saúde da atenção primária e da média complexidade (serviços especializados). A coleta de dados ocorreu em 2021/22 e utilizou questionário estruturado em entrevistas face-to-face. A variável desfecho, sintomas depressivos, foi mensurada pelo Patient Health Questionnaire (PHQ-9). As variáveis de exposição principal foram infecção por Chikungunya (presença de anticorpos IgM/IgG em testagem rápida) e estressores ocupacionais (mensurados pelo JCQ-Job Content Questionnaire e ERI-Desequilíbrio Esforço Recompensa). Modelos de regressão de Poisson com variância robusta foram aplicados para avaliar os efeitos isolados e combinados das exposições de interesse. Procedimentos de avaliação de interação aditiva foram executados - excesso de razão de prevalência (RERI), proporção atribuível de casos e índice de sinergia (IS). Resultados: Os achados evidenciaram interação entre infecção pelo vírus Chikungunya e estressores do trabalho. A interação por aditividade foi mais expressiva (IS=1,96) na presença de Chikungunya, estresse elevado (demanda-controle) e baixo apoio social no trabalho e entre Chikungunya e desequilíbrio esforço-recompensa (IS: 1,50). Houve interação sinérgica entre infecção por Chikungunya e exposição aos estressores DC-DER. Discussão: Os indicadores estimados evidenciaram interação entre os estressores do trabalho e infecção por Chikungunya, resultando em maior prevalência de sintomas depressivos do que o esperado (afastamento da aditividade). Intervenções sobre o ambiente psicossocial de trabalho (estressores) podem ter efeitos benéficos na saúde mental entre trabalhadores/as expostos/as à arbovirose.

Objetivo. Estimar a exposição à sílica entre trabalhadores formais ocupados no Brasil por meio de matriz de Exposição Ocupacional (MEO). Método. Matriz de Exposição Ocupacional (MEO) desenvolvida a partir de um sistema informatizado que cruzou informações de ocupação e de atividade econômica da Base de Dados RAIS. Cada cruzamento, foi avaliado por especialistas, segundo contato direto ou indireto com sílica livre cristalina nos ramos de atividade distribuídos pelas Atividades Econômicas. Situações intermediárias foram tratadas de forma diferenciada. A MEO foi aplicada a uma série histórica de 22 anos da população formal ocupada no Brasil. Resultado. O método permite combinações de MEO com distintas possibilidades de aplicação. Situações com alta sensibilidade estimaram em 12,7% trabalhadores expostos à sílica e com alta especificidade 7,58%. Parâmetro conservadores estima entre 1990 e 2022, que a média de expostos foi de 3.884.669 trabalhadores. O período de 1990 a 2016 apresentou tendência de exposição crescente, mais acelerado a partir de 2009. Após 2016 a tendência reduz vinculada à redução do emprego formal. Esses valores situam-se muito acima dos estudos europeus. Conclusões. O Sistema Eletrônico de apoio à MEO facilita a adoção de parâmetros para a Vigilância em Saúde do Trabalhador, em consonância com a promoção de intervenções mais precoces e eficazes. As possibilidades de adoção de critérios a partir da realidade local viabilizam ações mais apropriadas no território. A exposição nos ambientes de trabalho no Brasil configura um fator de risco importante, mas ainda não valorizado na sua contribuição para a prevenção do câncer.