Programa - Poster dialogado - PD27.17 - Desenvolvimento infantil, amamentação e saúde materna
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
14:00 - 15:00
RISCO DE ATRASO NO DESENVOLVIMENTO EM CRIANÇAS ENTRE 1–59 MESES: RESULTADOS DO ENANI-2019
Pôster dialogado
Damasceno, D. B.1, Freitas-Costa, N. C.1, Mello, J. V. C.1, Araujo, C. S. D. T.1, Ferreira, G. S. A.1, Farias, D. R.1, Lacerda, E. M. A.1, Normando, P.1, Kac, G.1, Castro, I. R. R.2
1 UFRJ
2 UERJ
Objetivo: Estimar a prevalência do risco de atraso (RA) no quociente de desenvolvimento (QD) em crianças brasileiras segundo variáveis sociodemográficas.
Método: Foram analisados dados de 14.159 crianças entre 1–59 meses avaliadas no Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição (ENANI-2019). O desenvolvimento na primeira infância (DPI) foi avaliado usando o questionário Survey of Well-being for Young Children. A idade de desenvolvimento foi estimada usando o modelo de resposta gradual, e o QD foi calculado pela razão entre a idade de desenvolvimento e a idade cronológica. O RA foi classificado como QD<1 e foi analisado segundo escolaridade da mãe/cuidador, renda familiar per capita (múltiplos de salários-mínimos (SM)) e macrorregião. A prevalência de RA e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) foram estimados, e a ausência de sobreposição dos IC95% foi considerada diferença estatisticamente significativa.
Resultados: A prevalência (IC95%) de RA em crianças brasileiras foi de 53,3% (50,8–55,9), sendo maior entre meninos [57,8% (54,8–60,7)], residentes na região Norte [62,7% (57,6–67,8)], em crianças cujos mães/cuidadores tinham 0–7 anos de escolaridade [62,1% (58,0-66,2)] e renda familiar <¼ SM [57,2% (52,4–62,0)], quando comparada à das meninas [48,7% (46,0-51,4)], de residentes na região Sudeste [49,2% (44,1-54,4)], cuidadores com escolaridade ≥11 [49,1% (46,1-52,0)] e renda familiar >1 [44,9% (40,7-49,2)] SM, respectivamente.
Conclusão: A maioria das crianças avaliadas estava em RA do desenvolvimento. A presença de iniquidades relacionadas a características sociodemográficas é evidente, revelando a necessidade de implementar políticas públicas que promovam o desenvolvimento pleno das crianças brasileiras.
EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO EM GESTANTES – SANTARÉM – PARÁ – BRASIL
Pôster dialogado
Meira, NAF1, Silva, DM1, Taketomi, MSN2, Pereira, LLS2, Rego, RV2, Pinto, MLS2, Cardoso, ALP3, Macedo, AEG1, Holanda, ASS2, Meneses, HNM2
1 PPGBIONORTE - UFOPA
2 PPGCSA - UFOPA
3 UEPA
Objetivos: Avaliar se gestantes residentes na área urbana de Santarém - Pará – Brasil estão expostas ao mercúrio (Hg). Métodos: Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva e quantitativa com gestantes da área urbana do município de Santarém - Pará, Brasil. Foram coletados dados de gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde, no período de outubro de 2023 a abril de 2024. A dosagem de Hg foi realizada, a partir de amostras de sangue, no equipamento DMA-80 Mercury Analyzer (Milestone). Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Epidemiologia Molecular (LEpiMol). Para esta etapa preliminar, foi realizada uma análise descritiva dos níveis de Hg. Foram consideradas expostas as gestantes com níveis de Hg acima de 3,5µg/L, conforme orientação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Esta pesquisa tem aprovação do CEP-UFOPA (nº6.042.366). Resultados: Participaram até o momento, 54 gestantes, de 18 a 41 anos, com idade gestacional variando entre 6 e 39 semanas. Foi observado um nível médio de 3,87µg/L de HgT e 41,5% das gestantes estavam expostas ao Hg. O nível de Hg foi mais alto no primeiro trimestre gestacional. Conclusão: As gestantes são consideradas um grupo de risco devido às vulnerabilidades fisiológicas inerentes ao período gestacional, as quais são acentuadas com a exposição mercurial mesmo em baixas quantidades. A exposição crônica ao Hg pode prejudicar o neurodesenvolvimento fetal, principalmente nos primeiros meses de desenvolvimento embrionário, pois o mercúrio tende a acumular-se no tecido cerebral do feto em desenvolvimento.
A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA NA PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA O CORONAVÍRUS
Pôster dialogado
Amaral, Y.N.V.1, Marano, D.1, Costa, A.C.C1, Moreira, M.E.L.1
1 FIOCRUZ
Objetivo: Comparar o percentual e a duração dos anticorpos neutralizantes contra a variante Ômicron no leite humano após a vacinação contra SARS-CoV-2, considerando as diferentes tecnologias de vacinas disponíveis no Brasil, entre mulheres em aleitamento materno exclusivo ou não.
Métodos: Estudo transversal, realizado de abril a outubro de 2022. Os participantes elegíveis eram lactantes com 18 anos ou mais, residentes no Rio de Janeiro, que haviam completado o ciclo de vacinação primária com as vacinas contra COVID-19 disponíveis no Brasil, com ou sem doses de reforço. A coleta de leite materno ocorreu no Banco de Leite Humano, as amostras foram processadas e armazenadas para detecção de anticorpos usando o método cPass™ SARS-CoV-2 Neutralization Antibody ELISA.
Resultados: O estudo envolveu 209 lactantes, cerca de 62,1% relataram infecção prévia por COVID-19. O percentual de anticorpos neutralizantes no leite materno de mulheres em aleitamento exclusivo foi maior do que nas mulheres sem aleitamento exclusivo (p < 0,05). Não foi observada diferença significativa no percentual de anticorpos neutralizantes no leite materno entre aquelas que receberam duas ou mais doses de vacina (p = 0,578). Os anticorpos neutralizantes persistiram no leite materno por até 180-200 dias após a vacinação, sem variação entre as diferentes tecnologias vacinais (p = 0,900).
Conclusões: Este estudo revelou um aumento significativo no leite materno de mães que amamentam exclusivamente seus bebês. No Brasil, a vacinação contra a COVID-19 não é recomendada para bebês menores de seis meses, enfatizando a importância da vacinação para a proteção passiva do recém-nascido.
TRANSTORNOS MENTAIS MATERNOS E O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL INFANTIL: UM ESTUDO DE COORTE
Pôster dialogado
Sá, J. R. C.1, Silva, E. P.1, Ludernir, A. B.1
1 UFPE
Objetivo: Investigar a exposição aos Transtornos Mentais Maternos (TMMs) na gravidez, no pós-parto e nos últimos sete anos e a probabilidade de crianças apresentarem Dificuldades Emocionais e Comportamentais (DECs) na idade escolar.
Método: Estudo de coorte prospectivo em uma comunidade urbana o Nordeste do Brasil. A amostra foi composta por 631 pares de mães e filhos. As mulheres foram entrevistadas na gestação, pós-parto e sete anos após o parto. Os TMMs foram avaliados pelo Self Reporting Questionnaire-20 e Edinburgh Postnatal Depression Scale. Para avaliar as dificuldades emocionais e comportamentais das crianças, as mães responderam ao Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ).
Resultados: A frequência geral dos TMMs ao longo dos sete anos foi de 57,1%, com 14,1% das mães relatando TMM na gravidez, 5,2% depressão pós-parto e 9,7% sete anos após o parto. A frequência de DECs foi de 31,5%. A probabilidade de a criança em idade escolar apresentar DECs foi aumentada se a mãe referiu TMM em cada um dos três períodos de avaliação, mas a associação foi mais forte no período pós-parto. O risco de ter um filho com DECs aumentou com o número de períodos em que a mãe relatou TMM: um período (RRajustado= 1,56; IC95% 1,1-2,1), dois períodos (RRajustado= 2,32; IC95% 1,7-3,2) e três períodos (RRajustado= 2,90 IC95% 2,0-4,0).
Conclusões: O impacto dos TMM no desenvolvimento emocional das crianças foi cumulativo. Portanto, são necessárias intervenções que previnam e monitorem a saúde mental da mulher antes, durante e após a gravidez.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ALEITAMENTO MATERNO E ÍNDICE DE MASSA GORDA EM ADOLESCENTES
Pôster dialogado
Carneiro, J. R.1, Sá, R. V. P.1, Batista, R. F. L.1, Silva, A. A. M. D.1, Aristizábal, L. Y. G.1, Confortin, S. C.2
1 UFMA
2 UNESC
Objetivos: Analisar a associação entre aleitamento materno e índice de massa gorda (IMG) em adolescentes. Métodos: Trata-se de estudo longitudinal que avaliou 266 adolescentes da coorte de São Luís em três momentos: ao nascimento, aos 7 e 8 anos de idade, e aos 18 e 19 anos de idade. A duração do aleitamento materno foi avaliada por perguntas estruturadas e a composição corporal pelo IMG, sendo a massa gorda obtida utilizando método de pletismografia por deslocamento de ar. Por meio da elaboração de um gráfico acíclico direcionado, foi selecionado o seguinte conjunto mínimo de variáveis de ajuste: sexo, educação materna, classe socioeconômica, ocupação materna, tabagismo durante gestação, IMC materno, peso ao nascer e tipo de parto. A associação entre aleitamento materno e IMG foi analisada por modelos de regressão linear (bruta e ajustada). Resultados: Na análise bruta, adolescentes amamentados em algum momento da vida, exclusivamente ou não, apresentaram menor IMG (β: −1,63; IC95%: −3,03; −0,23) comparados aos que não foram amamentados, mas a associação não se manteve na análise ajustada (β: −1,34; IC95%: −2,98; 0,28). Na análise ajustada, adolescentes amamentados por mais de 6 meses diminuíram em 2,26 kg/m² seu IMG (β: -2,26; IC95%:-4,38; - 0,13) quando comparados aos que nunca foram amamentados. Não houve associação entre aleitamento materno exclusivo e IMG (β: -0,77; IC95%: -1,83; 0,28). Conclusões: Aleitamento materno por mais de 6 meses foi associado à redução do IMG aos 18 e 19 anos, demonstrando potencial efeito benéfico a longo prazo da amamentação na composição corporal de adolescentes.