Programa - Poster dialogado - PD27.19 - Epidemiologia do câncer: Desafios e tendências no Brasil
27 DE NOVEMBRO | QUARTA-FEIRA
14:00 - 15:00
FREQUÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO ATRASO NO TRATAMENTO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO
Pôster dialogado
Santos Junior, É.C.A1, Ribeiro, C.M2, Junger, W.L1, Azevedo e Silva, G1
1 IMS-UERJ
2 INCA
Objetivo: Analisar a frequência e os fatores associados ao atraso para início do tratamento para câncer de colo do útero no Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo de seguimento dos casos de câncer de colo do útero disponíveis no PAINEL-Oncologia de 2013 a 2022. Foram calculadas frequências absolutas e relativas dos casos que apresentaram atraso (tratamento iniciado 60 dias após o diagnóstico). Para avaliar a associação entre variáveis selecionadas e os casos com atraso, calculou-se Odds Ratio brutos e ajustados através da regressão logística. Resultado: Foram registrados 92.379 casos de câncer de colo do útero no Brasil no PAINEL-Oncologia na faixa etária de 25 a 64 anos entre 2013-2022. A tendência do percentual de casos com atraso aumentou entre as mulheres mais velhas, as residentes nas regiões Norte e Sudeste, e entre os casos com estadiamento entre I e III e para aquelas com o primeiro tratamento sendo radioterapia e quimioterapia. Estas condições se confirmaram ao analisar os fatores associados ao atraso: Estar dentro das faixas etárias 55-59 (OR: 1,47, IC95% 1,36-1,59) e 60-64 (OR: 1,49, IC95% 1,38-1,61); residir nas regiões Norte (OR: 2,62, IC95% 2,47-2,78) e Sudeste (OR: 1,60, IC95% 1,53-1,66), e realizar radioterapia (OR: 8,96, IC95% 8,59-9,35), quimioterapia + radioterapia (OR: 8,35, IC95% 7,81-8,94) e quimioterapia (OR: 5,68, IC95% 5,44-5,92). Conclusão: Os resultados encontrados demonstram a necessidade de ampliação do acesso ao tratamento radioterápico e quimioterápico para câncer do colo do útero, especialmente no Norte, que apresenta as maiores taxas de incidência e mortalidade pela doença no país.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA MORBIMORTALIDADE POR CÂNCER COLORRETAL NO BRASIL
Pôster dialogado
Dantas, A.A.G1, Oliveira, N.P.D2, Martins, L.F.L3, Cancela, M.C4, Souza, D.L.B5
1 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
2 Departamento de Fisioterapia da Universidade de Pernambuco – UPE. Petrolina-PE, Brasil.
3 Divisão de Pesquisa Populacional (DIPEP); Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV); Instituto Nacional de Câncer (INCA); Ministério da Saúde.
4 Divisão de Vigilância e Análise de Situação; Instituto Nacional de Câncer (INCA); Ministério da Saúde.
5 Departamento de Saúde Coletiva; Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva; Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
Objetivo: Analisar o padrão de distribuição espacial do diagnóstico em estádio avançado e da mortalidade por CCR no Brasil e sua relação com indicadores populacionais socioeconômicos e de oferta de serviços de saúde no período de 2015 a 2019. Métodos: Estudo ecológico, realizado com casos de CCR, em indivíduos de ambos os sexos a partir das 133 Regiões Intermediárias de Articulação Urbana do território brasileiro. Os dados de estadiamento, mortalidade, socioeconômico e oferta de serviços de saúde foram coletados em sistemas de informação. Foi realizada uma análise espacial utilizando o índice de Moran Global e Indicador Local de Associação Espacial. Na análise multivariada foram usados modelos com efeitos espaciais globais, o Spatial Error. Resultados: A proporção de diagnóstico em estádio avançado de CCR para o sexo feminino foi de 64,7% e de 65,9% para masculino. A taxa ajustada de mortalidade por CCR para o sexo feminino no Brasil foi 11,25 por 1000.000 mulheres, e a taxa ajustada de mortalidade para o sexo masculino no país foi 14,29 por 100.000 homens. As taxas ajustadas de mortalidade por CCR foi associada ao índice de vulnerabilidade social, densidade de clínico geral, de coloproctologista e de serviços especializados em oncologia para ambos os sexos. Conclusão: As iniquidades sociais e na oferta dos serviços de saúde são preditores do padrão espacial para mortalidade por CCR, o que exige ações e políticas de saúde pública direcionadas, a fim de abordar a complexidade dessas relações.
MUDANÇAS TEMPORAIS NA INCIDÊNCIA, MORTALIDADE E SOBREVIDA DO CÂNCER COLORRETAL
Pôster dialogado
Ferreira, M.C.1, Farias, S.H.1, Belon, A.P.2, Lima, M.G.1, Barros, M.B.A.1
1 UNICAMP
2 UNIVERSIDADE DE ALBERTA - CANADÁ
Objetivo: Verificar mudanças na incidência, mortalidade e estimativa de sobrevida do câncer colorretal, entre os períodos 1991-95 e 2014-18. Métodos: Foram analisados os casos e óbitos por câncer colorretal, ocorridos nos períodos de 1991-95 e 2014-18 dos residentes em Campinas. Os casos de câncer foram obtidos do RCBP e os óbitos do SIM. As taxas de incidência (TI) e de mortalidade (TM) foram padronizadas pela população de Campinas (2010). A estimativa de sobrevida foi calculada pela proxy: 1- (TM/TI). Resultados: A taxa de incidência no sexo masculino aumentou de 24,4 para 42,4 por 100 mil entre os períodos estudados (RT: 1,7), no sexo feminino, nesse mesmo período, passou de 21,7 para 32,7 (RT: 1,5). A taxa de mortalidade aumentou apenas no sexo masculino, passando de 12,6 para 17,2 por 100 mil entre 1991-95 e 2014-18 (RT: 1,4). Nos dois períodos analisados, a estimativa de sobrevida aumentou de 48,6% para 59,4% no sexo masculino e de 48,8% para 65,7% no feminino. Conclusão: Houve aumento da incidência em ambos os sexos, sendo maior no sexo masculino, e aumento na mortalidade apenas no sexo masculino. O aumento da sobrevida foi maior no sexo feminino. Os resultados mais favoráveis no sexo feminino, chamam a atenção para o cuidado a ser dado em relação a diagnóstico e tratamento do câncer no sexo masculino. O aumento da incidência reflete a adoção de comportamentos de risco para este câncer, e o aumento da sobrevida pode ser devido a diagnósticos mais precoces e avanços nos tratamentos.
ITINERÁRIO DE PESSOAS COM CÂNCER HOSPITALIZADAS COM COVID-19: ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL
Pôster dialogado
Viana LS1, Damasceno GMS1, Monteiro GTR1, Sobral A1
1 FIOCRUZ
Objetivo: analisar a distribuição espacial e temporal de pessoas com câncer e COVID-19, hospitalizadas no município do Rio de Janeiro – RJ, 2020-2022. Métodos: constitui um estudo epidemiológico observacional de base secundária. Na análise espacial, foram desenvolvidos dois bancos, o primeiro com o número de pacientes agregados por município de residência e o segundo com o número de hospitalizações agregados pela localização do estabelecimento de saúde, utilizando o software QGIS (v.3.22.16). E na análise do tempo, foram empregados os testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, por faixa etária, comorbidades, tipo de tumor, hospital de internação e período da pandemia, utilizando o software SPSS Statistics®. Resultados: o município do Rio de Janeiro apresentou o maior número de casos por 100 mil habitantes (12,56), 93,24% das hospitalizações foram registradas em 12 hospitais com especialidade em oncologia, 20% foram admitidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 64% foram a óbito devido à COVID-19. A maioria correspondiam a pacientes com tumores sólidos (86%), em relação as neoplasias hematológicas (14%). A presença de comorbidades (p-valor < 0,01) e os diferentes períodos da pandemia (p-valor = 0,03) tiveram um efeito sobre o tempo para hospitalização. Tanto o tipo de tumor (p-valor < 0,01 e p-valor = 0,02), quanto os diferentes períodos da pandemia (p-valor < 0,01 e p-valor = 0,01) exerceram efeito sobre o tempo de hospitalização e tempo de óbito, respectivamente. Conclusão: ressalta-se a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e individualizada para garantir o melhor cuidado possível aos pacientes oncológicos hospitalizados em pandemias futuras.