Programa - Comunicação Coordenada - CC1.1 - Vigilância da Morbimortalidade Materna e Parto Prematuro: Estudos Recentes e Tendências
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
09:40 - 11:00
QUAL O PERFIL DA MORBIDADE MATERNA NO SUS? UMA ANÁLISE USANDO MINERAÇÃO DE DADOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Pinheiro, R.S.1, Dias, M.A.B.2, Alves, L.G.B.1, Guillé, L.C.3, Meijinhos, L.S.1, Paiva, N.S.1, Saraceni,V.4, Coeli, C.M.1, Domingues, R.M.S.M.5
1 UFRJ
2 IFF/Fiocruz
3 SMS-Niterói
4 SMS-Rio de Janeiro
5 INI/Fiocruz
Objetivo: O Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS) é o único sistema brasileiro que possui dados de morbidade, e seu uso para a vigilância da morbidade materna é limitado. O objetivo foi identificar os diagnósticos que podem atuar isoladamente ou em conjunto no aumento do risco de morte materna.
Método: Foram analisadas as internações obstétricas de mulheres de 10 a 49 anos do maior estado do Brasil (São Paulo), de 2014 a 2019. Os diagnósticos, registrados em qualquer campo do SIH/SUS, foram classificados em 12 grupos, adaptando proposta da Organização Mundial de Saúde de classificação dos óbitos maternos. Os grupos de diagnósticos que estivessem relacionados com a morte materna foram identificados usando regras de associação com o algoritmo Apriori.
Resultados: Das 2.742.467 internações, houve morte em 831 (0,03%). Os diagnósticos associados à morte mais frequentes, de forma isolada ou combinada, foram as complicações não obstétricas (62,0%), assim como complicações hipertensivas específicas da gestação (20,1%), infecções relacionadas à gravidez (19,9%) e hemorragias (13,6%). O risco de morte foi 10 vezes maior para complicações não obstétricas, causas desconhecidas e causas externas, e foi pelo menos 3 vezes maior para as causas mais frequentes de morte materna no país (complicações hipertensivas, infecções e hemorragias). Aborto sem complicações, diabetes gestacional e outras causas de internação não obstétrica somente estiveram associados ao óbito materno quando acompanhados de outros diagnósticos.
Conclusão: Os resultados reafirmam a importância das causas hipertensivas, hemorrágicas e infecciosas e destacam a relevância das causas não obstétricas para a vigilância da morbidade materna.
PERFIL CLINÍCO E EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE MATERNA EM PERNAMBUCO, BRASIL, 2017 - 2022
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silva, V. M. P.1, Frutuoso, L. A. L.2, Leal, N. V.2, Oliveira, H. J. P.1
1 IAM/Fiocruz-PE
2 SES-PE
Objetivo: Analisar a distribuição espacial e a evolução temporal dos óbitos maternos em Pernambuco, no período pré-pandêmico e pandêmico. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico misto cuja unidade de análise espacial foram os municípios, e a temporal, os semestres dos anos de 2017 a 2022. Foram utilizados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, e, para cálculo da razão de mortalidade materna, dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos. Na análise temporal, foi utilizado o modelo de regressão Joinpoint. Para a distribuição espacial, utilizou-se o risco relativo entre os períodos pré-pandêmico e pandêmico por município, região e macrorregião de saúde. Resultados: Foram identificados 467 óbitos maternos. Destes, 225 ocorreram durante os anos pandêmicos com a principal causa de óbito sendo a covid-19. O risco de morte materna, no período pandêmico foi maior entre o grupo com menos de oito anos de estudo (p-valor = 0,01) e primigesta (p-valor = 0,04). A não realização do pré-natal (p-valor = 0,01) e a realização de seis ou mais consultas (p-valor = 0,01) apresentou maior risco. Na distribuição espacial da razão de morte materna por municípios, observou-se que, dos 127 municípios com registro de morte materna no período de estudo, 65 (51,2%) apresentaram aumento do risco no período pandêmico. Conclusão: Os óbitos maternos apresentaram maior ocorrência no período pandêmico, com aumento do risco na maior parte dos municípios. Observou ainda, na série temporal, uma tendência decrescente a partir do ano de 2022 (SPC= -6,5024).
ANÁLISE DO IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE MATERNA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Peppe, M.V.1, Costa, F. B.P.1, Pedrilio, L.S2, Prado, C.A.C.3, Baraldi, A.C.P.4, Stefanello, J.1
1 Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
2 Escritório de Excelência da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
3 Centro de Referência da Saúde da Mulher - MATER; Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
4 Organização Pan-Americana de Saúde
Objetivo: analisar a tendência temporal da mortalidade materna ao longo dos anos e em decorrência da pandemia de COVID-19. Método: estudo ecológico analítico de séries temporais. Realizado no estado de São Paulo, tendo como unidade de análise os dezessete Departamentos Regionais de Saúde (DRS). Os dados foram coletados de bases disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. As variáveis do estudo foram: razão de mortalidade materna (RMM) total, direta e indireta. A análise foi realizada pelo modelo de regressão segmentada. Resultados: a tendência da RMM foi estacionária no período 2011-2019, seguida de uma tendência de crescimento de 25,6% no período 2019-2021. A RMM por causas diretas teve uma tendência de crescimento de 7,2% no período 2011-2017, e uma tendência estacionária em 2017-2021. A RMM por causas indiretas foi estacionária no período de 2011-2019, seguida de crescimento de 70,5%, no período de 2019-2021. Os DRS da Grande São Paulo, Araçatuba, Bauru, Campinas, Presidente Prudente, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Sorocaba também apresentaram tendência de crescimento da RMM. O DRS de Ribeirão Preto foi o único que apresentou uma tendência decrescente de 12,9% na variação percentual anual da RMM direta entre os anos de 2015 e 2021. Conclusão: a pandemia de COVID-19 impactou severamente no aumento da RMM, especialmente por causas indiretas, sendo 2021 o pior ano da série histórica. Esse estudo evidencia resultados importantes que podem auxiliar na organização de estratégias para a redução da morte materna, direcionando-as para as regiões prioritárias.
FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM GESTANTES DE CURITIBA, PR
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Santos, D. S.1, Nakamura, C. Y1, Oliveira, A. A. S1, Quadros, F. C.1
1 Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba
Objetivos: Verificar a associação entre variáveis das gestantes assistidas na rede pública de saúde de Curitiba, PR, e o desfecho de parto prematuro. Métodos: Foram avaliados pré-natais iniciados em 2022, com partos ocorridos até 30/06/2023. Os dados das gestantes, disponíveis no prontuário eletrônico municipal, foram pareados com dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos. A junção das bases de dados foi realizada em etapas, utilizando pareamento determinístico e técnicas de pareamento probabilístico (similaridade de Jaro-Winkler e distância de Levenshtein). Para avaliação da associação das variáveis com o desfecho, foram aplicados modelos de regressão logística simples e múltipla, com apoio computacional da linguagem R e nível de significância de 5%. Resultados: Entre os 10.801 pré-natais elegíveis, 9.299 (86,1%) foram pareados, sendo 67,5% de modo determinístico e 18,6% probabilístico. As variáveis associadas ao parto prematuro foram: atendimento prévio por queixas de saúde mental (OR 1,17; IC95% 1,01 - 1,36), cadastro no programa Bolsa Família (PBF) (OR 1,23; IC95% 1,04 - 1,43), histórico de prematuridade anterior (OR 3,44; IC95% 2,58 - 4,54) e idade da mãe (OR 1,03; IC95% 1,02 – 1,04). Estas associações foram encontradas tanto no modelo simples quanto no múltiplo. Conclusões: O pareamento de dados do pré-natal com o nascido vivo permite uma análise individualizada da assistência prestada às gestantes na rede pública de saúde. A associação entre vulnerabilidade social (PBF) e atendimentos prévios de saúde mental com a prematuridade destaca a necessidade de atenção especial à saúde mental e aos aspectos sociais durante a gestação, visando minimizar desfechos adversos.
CORRELAÇÃO ENTRE A PANDEMIA DE COVID-19 E OS DESFECHOS OBSTÉTRICOS E PERINATAIS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Peppe, M.V.1, Stefanello, J.1
1 Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Objetivo: descrever a distribuição espacial entre a incidência de COVID-19 e a razão de mortalidade materna (RMM) e analisar a correlação entre a RMM, desfechos obstétricos e perinatais e as variáveis de COVID-19. Método: estudo ecológico analítico que utilizou dados de bases disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. Foi realizada uma análise espacial da RMM e incidência de COVID-19, por meio da autocorrelação espacial e aplicado o coeficiente de correlação para analisar as variáveis de desfechos obstétricos, perinatais, RMM e incidência de COVID-19. O estudo foi realizado no estado de São Paulo, tendo como unidade de análise os Departamentos Regionais de Saúde. Resultados: em 2020 houve uma autocorrelação de Moran positiva (alto-alto) entre a incidência de COVID-19 e a RMM direta, em 2021 a autocorrelação positiva foi com a variável RMM indireta. Ainda em 2021 ocorreu uma autocorrelação positiva (baixo-baixo) entre a incidência de COVID-19 e a RMM total e indireta. Houve uma correlação de Spearman positiva para as variáveis de RMM, baixo peso ao nascer e a incidência de COVID-19 (2020 e 2021). Em 2021 o mesmo aconteceu para os bebês prematuros, cesarianas e a incidência de COVID-19. Conclusão: a RMM esteve mais presente em regiões com maiores incidências de COVID-19, o estudo revelou uma correlação entre prematuridade, cesariana e a incidência de COVID-19. Esses achados permitem refletir como a pandemia de COVID-19 influenciou nos resultados obstétricos e perinatais, se tornando um importante aliado para que estratégias de redução e prevenção de agravos maternos e perinatais sejam implementados.