Programa - Comunicação Coordenada - CC1.6 - Emergências Sanitárias no Brasil: Análises e Estratégias de Resposta

Objetivos: descrever a experiência brasileira na resposta a emergência em saúde pública por zoonose ocorrida em 2023. Métodos: Trata-se de um relato de experiência da estrutura organizacional utilizada na resposta à emergência zoossanitária, especificamente, Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) ocorrida no Brasil em junho de 2023. Resultados: Em maio de 2023, foram notificadas as primeiras detecções de IAAP em aves no Brasil. A partir de então, o Ministério da Saúde (MS) subiu o estágio de mobilização para alerta, pois o evento apresentava potencial de evoluir para uma emergência em saúde pública. A partir da avaliação da emergência zoossanitária com impactos na saúde, o MS mobilizou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública Influenza Aviária (COE Saúde Influenza Aviária). Este atuou de forma articulada com outros ministérios, organizando medidas preventivas e de preparação para a resposta ao evento, propondo ações no âmbito da saúde única. O COE permitiu ainda a estruturação da vigilância de IAAP, a formação de recursos humanos e a elaboração de documentos orientadores para Estados e municípios. A agricultura e o Meio Ambiente também mobilizaram seus próprios COE e, rotineiramente, os comandos dos três se articulam em um Comando Unificado. O plano de ação foi estruturado em ações, área técnica, ação macro, atividades, data de início da atividade e prazo previsto para término, e recursos necessários. Conclusões: A estrutura do COE permite além de implementar e monitorar as ações de uma possível emergência, como também estabelecer mecanismos de aperfeiçoamento dos sistemas de vigilância.

Objetivos: apresentar as ações de preparação, resposta e controle da emergência de saúde pública por dengue, adotadas na cidade do Rio de Janeiro em 2024.

Métodos: através do monitoramento contínuo do cenário epidemiológico, com base em inteligência epidemiológica, integração de dados e uso de modelagem preditiva, estabeleceu-se ações para o controle da epidemia. Essas ações, realizadas por todas as instâncias da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ), abrangem assistência ambulatorial, hospitalar e farmacêutica, comunicação, controle vetorial, promoção e vigilância.

Resultados e Conclusões: Com o aumento sustentado de casos e internações hospitalares por dengue, o Centro de Operações de Emergência iniciou atividades em fevereiro de 2024, contando com representantes de setores estratégicos da SMS-RJ que se reuniam duas vezes por semana para monitorar o cenário e estabelecer ações de enfrentamento. Foram inaugurados 11 polos de atendimento exclusivo com hemograma e criados leitos dedicados à dengue nas principais regiões da cidade, com fluxo específico de regulação. No combate ao vetor, 2,8 milhões de imóveis foram inspecionados e 447 mil criadouros eliminados. Ações de promoção e prevenção foram realizadas em 1.188 escolas. Na comunicação, houve 618 demandas de imprensa, com 208 matérias realizadas e 505 publicações em redes sociais. Na vacinação contra a dengue, foram aplicadas 130 mil doses (10 a 14 anos). Em abril de 2024, foi decretado o fim do estado de emergência devido ao cenário controlado. As ações efetivas resultaram na menor letalidade das últimas quatro epidemias (2024: 0,01%, 2012: 0,03%, 2008: 0,13%, 2002: 0,04%).

OBJETIVOS

Realizar Avaliação Intra-Evento(AIE) das ações de resposta à Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional(ESPIN) por desassistência sanitária à população Yanomami, declarada em janeiro de 2023.

MÉTODOS

Foram realizadas oficinas de AIE em Boa Vista e Brasília com os técnicos e gestores que atuaram no Centro de Operações de Emergências(COE) Yanomami local e nacional, até junho de 2023, com metodologia qualitativa-quantitativas de avaliação das ações de resposta à ESPIN, como meio para identificar desafios, melhores práticas, lacunas e reavaliar o cenário e estratégias para direcionar as ações necessárias para garantir efetividade da resposta à ESPIN. O método baseou-se no modelo preconizado pela Organização Mundial da Saúde e Regulamento Sanitário Internacional.

RESULTADOS

Como produto da oficina foram realizados relatórios de análise da resposta à ESPIN. Os principais desafios identificados eram relacionados à logística e infraestrutura locais, e as principais boas práticas eram relativas ao aprimoramento dos fluxos de trabalho e da coordenação unificada da resposta por meio do COE. Também foi realizado um relatório parcial de atividades do Plano de Ação do Evento da ESPIN, no qual identificou que 83,4% das ações planejadas tinham sido realizadas ou estavam em andamento no momento da avaliação.

CONCLUSÕES

Os principais desafios identificados estão entrelaçados com as dificuldades inerentes do território Yanomami. Observou-se que diversos desafios iam além do processo emergencial e mostravam-se como questões estruturais de longo prazo. A participação ativa de diversos entes na resposta permitiu grandes avanços nos alinhamentos dos processos de trabalho da vigilância em saúde e da assistência.

Objetivos: Compreender os fatores associados à prática de chemsex entre homens que fazem sexo com homens (HSH) no Brasil, durante a crise de saúde de Mpox. Métodos: Estudo transversal e analítico utilizando survey eletrônica, conduzido de setembro a dezembro de 2022, durante o pico do surto de Mpox no Brasil com 1452 HSH com 18 anos ou mais. Os dados foram coletados através da plataforma REDCap e abordaram dados demográficos, parcerias sexuais, práticas, experiências com Mpox, uso de serviços de saúde e estigma ou medo relacionado ao Mpox: Resultados: A prevalência de chemsex foi de 19,42% (n = 282). A modelagem multivariada de Poisson indicou uma alta incidência de chemsex entre aqueles diagnosticados com Mpox e aqueles envolvidos em comportamentos de alta vulnerabilidade. A prática de chemsex foi seis vezes maior entre os diagnosticados com Mpox (IC 95%: 4,73–9,10). HSH que se envolvem em "bugchasing" tiveram uma prevalência duas vezes maior do que o desfecho principal (IC 95%: 1,31–3,16). Conclusão: Há uma necessidade significativa de intervenções direcionadas para HSH no Brasil, especialmente devido ao surto de Mpox. Este estudo destaca as fortes relações entre chemsex, experiências com Mpox e vários comportamentos sexuais, ressaltando a importância de iniciativas eficazes de saúde pública. Esses resultados destacam a importância de entender a inter-relação entre chemsex, comportamentos sexuais e a disseminação do Mpox. Reconhecer essas associações pode orientar o desenvolvimento de estratégias preventivas direcionadas a grupos mais vulneráveis.