Programa - Comunicação Coordenada - CC1.7 - Desafios e Tendências das doenças crônicas: Multimorbidade, Atividade Física, Diabetes e Cirurgia Bariátrica
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
09:40 - 11:00
ASSOCIAÇÃO ENTRE PADRÕES DE MULTIMORBIDADE E DEPRESSÃO EM ADULTOS DA COORTE PAMPA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silveira da Silva, L.1, Feter, N.2, Caputo, E. L.3, Rombaldi, A. J.1
1 UFPel
2 UFRGS
3 Brown University
Objetivos: examinar a associação entre padrões de multimorbidade e depressão em adultos.
Métodos: estudo transversal com dados do acompanhamento de junho de 2023 da Coorte PAMPA. Depressão e outras morbidades (e.g., diabetes, hipertensão) foram acessadas através do autorrelato de diagnóstico médico prévio. Os padrões de multimorbidade foram identificados por análise de classes latentes. Para associação com depressão foi utilizado regressão de Poisson robusta, com ajuste para sexo, cor da pele, idade, escolaridade, renda familiar, estado nutricional, atividade física, tabagismo, e consumo de álcool.
Resultados: foram avaliados 2671 adultos (idade média: 39±13,3 anos). Identificou-se quatro padrões de multimorbidade: “Relativamente saudável” (48,0%), com baixas probabilidades para cada morbidade; “Pulmonar” (-16,1%), com 99,3% de probabilidade de apresentar alergias respiratórias e sinusite (IC 95%: 90,7; 100,0); “Circulatório” (31,7%) apresentando maiores probabilidades de hipercolesterolemia (39,8%; 95% IC: 34,2; 45,6) e hipertensão (36,2%; 95% IC: 29,9; 42,9); “Multimorbidade severa” (4,6%), demonstrando altas probabilidades para todas as morbidades avaliadas. Observou-se associação positiva entre os padrões de multimorbidade e o diagnóstico de depressão. Os padrões "Pulmonar" e "Circulatório" apresentaram 60% (IC 95%: 1,33; 1,91) e 94% (IC 95%: 1,65; 2,29) maiores probabilidades de diagnóstico de depressão do que o padrão "Relativamente saudável". Os participantes pertencentes à classe "Multimorbidade severa" apresentaram RP de 3,33 (IC 95%: 2,69; 4,12) em comparação com aqueles que estavam na classe "Relativamente saudável".
Conclusões: a presença de duas ou mais morbidades está fortemente associada ao diagnóstico de depressão, indicando a necessidade de intervenções direcionadas para cada padrão de multimorbidade existente.
DESIGUALDADES NOS QUATRO DOMÍNIOS DE ATIVIDADE FÍSICA EM ADULTOS JOVENS DO SUL DO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Chiconato, A. G.1, Horta, B. L.1, Motta, J. V. S.1, Silva, B. G. C.1
1 UFPEL
Objetivo: Descrever as desigualdades demográficas e socioeconômicas nos quatro domínios de atividade física (AF) em adultos jovens. Métodos: Utilizou-se dados do acompanhamento dos 23 anos da Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas/RS (n=4.296). A prática de AF nos domínios do lazer, deslocamento, trabalho e doméstico foi avaliada pelo IPAQ. Os marcadores de desigualdade analisados foram: sexo, raça/cor e nível socioeconômico. Utilizou-se também uma abordagem interseccional combinando esses marcadores em uma única variável. Foram estimadas as prevalências e intervalos de confiança de 95% de praticar AF (sim/não) e de maior nível de AF (terceiro tercil de tempo de AF semanal) para cada domínio conforme os marcadores mencionados. Resultados: Houve desigualdades significativas em todos os domínios de AF. Para AF no lazer, sexo masculino e maior nível socioeconômico apresentaram maiores prevalências. Para AF no deslocamento e doméstica, sexo feminino, raça/cor negra e menor nível socioeconômico apresentaram maiores prevalências. A AF no trabalho foi mais prevalente no sexo masculino, na raça/cor negra e no menor nível socioeconômico. Ao combinar os marcadores, encontrou-se que homens brancos e ricos apresentaram prevalência quase três vezes maior de AF no lazer (86,2%; IC95%: 78,9-91,2) do que mulheres negras e pobres (29,9%; IC95%: 23,3-37,3), mas apresentaram menor AF no deslocamento (66,7%; IC95%: 57,9-74,5 vs. 87,2%; IC95%: 81,1-91,5), no trabalho (50%; IC95%: 38,5-61,5 vs. 81,1%; IC95%: 49,0-95,5) e doméstica (52,8%; IC95%: 44,0-61,5 vs. 97%; IC95%: 92,9-98,7). Conclusões: Importantes desigualdades na prática e nível de AF conforme sexo, raça/cor e nível socioeconômico, avaliadas individual e interseccionalmente, foram encontradas em todos os domínios.
TENDÊNCIA DE AMPUTAÇÕES DE MEMBROS INFERIORES E MORTALIDADE DE DIABÉTICOS NO AMAZONAS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
RIBEIRO JUNIOR, C. A.1, AMARAL, T. L. M.2, SANTOS, S. S.1
1 ENSP/FIOCRUZ
2 UFAC
Objetivo: Estimar a tendência temporal das amputações de membros inferiores e mortalidade de diabéticos do Estado do Amazonas, Brasil, no período de 2012 a 2021. Métodos: Estudo ecológico com dados dos Sistemas de Informações Hospitalares (SIH) e sobre Mortalidade (SIM) do SUS, segundo ano, sexo, faixa etária e regiões geográficas. Foram calculadas as taxas específicas e ajustadas por idade e a variação percentual anual média (AAPC) para o período do estudo. Resultados: Durante os 10 anos analisados ocorreram 3.621 amputações de membros inferiores em diabéticos nos hospitais públicos do estado, além de 9.497 óbitos por diabetes mellitus (DM). Verificou-se um aumento significativo das taxas de amputação ajustadas por idade em homens, passando de 8,33 (2012) para 15,55/100.000 homens (2021) (AAPC: 10,5%; IC95%: 3,8%; 17,6%). Não foi observado um aumento significativo em mulheres (AAPC: 4,3%; IC95%: -5,0%; 14,5%; de 4,80/100.000 em 2012 para 6,50/100.000 mulheres em 2021). A tendência da mortalidade por DM foi crescente e significativa no período de 2012 a 2021, tanto em homens (AAPC: 4,8%; IC95%: 3,7%; 5,9%; de 19,24/100.000 em 2012 para 28,23/100.000 homens em 2021), quanto em mulheres (AAPC: 2,6%; IC95%: 1,7%; 3,5%; de 20,83/100.000 em 2012 para 25,16/100.000 mulheres em 2021), sendo que em homens, a AAPC foi mais expressiva. Conclusão: O fortalecimento das ações e serviços da Atenção Primária em Saúde para prevenção de amputações de membros inferiores e morte prematura relacionada ao diabetes mellitus deve ser considerado, a partir de uma maior vulnerabilidade masculina no Estado do Amazonas.
ÓBITOS POR DIABETES MELLITUS ENTRE IDOSOS DE ALAGOAS E FATORES ASSOCIADOS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
ARAÚJO, G.C.1, MOTA, M.F.1, BARROS, R.A.1, JESUS, A.K.B.1, MOURA-SALES, C.B.P.1, OLIVEIRA, E.C.T.2
1 CESMAC
2 CESMAC/UNCISAL
Objetivo: Identificar a mortalidade por diabetes mellitus entre idosos de Alagoas e os fatores associados. Métodos: Trata-se de um estudo transversal que tem como unidade de análise o Estado de Alagoas, no ano de 2022. Utilizou-se os dados referentes aos óbitos por diabetes mellitus ocorridos em idosos (≥60 anos) residentes em Alagoas, obtidos no Sistema de Informação sobre Mortalidade por meio dos microdados. Os óbitos por diabetes mellitus foram verificados segundo variáveis sociodemográficas e considerando a taxa de mortalidade prematura (60-69 anos). Utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson e regressão logística para identificar fatores associados. Resultados: O diabetes mellitus foi responsável por 8,2% das mortes entre idosos em Alagoas, sendo a maior proporção entre mulheres, 80 anos e mais, pretos/pardos, casados, sem escolaridade e residentes na 1ª região de saúde. Verificou-se associação estatisticamente significativa entre óbitos por diabetes mellitus e sexo (p<0,001), faixa etária (p=0,008), raça/cor (p=0,037), anos de estudo (p=0,005) e região de saúde de residência (p<0,001). Após regressão logística, ser do sexo feminino (OR=1,411) e residir na 6ª região de saúde (OR=1,575) associaram-se a maior mortalidade por diabetes mellitus, enquanto ter 80 anos e mais (OR=0,694), ser da raça/cor preta/parda (OR=0,735) e ter 12 anos e mais de estudo (OR=0,373) associaram-se a menor mortalidade. A taxa de mortalidade prematura por diabetes mellitus foi de 163,70/100.000, sendo maior entre homens (195,26/100.000). Conclusão: Foi observado como fatores associados a mortalidade por diabetes mellitus entre idosos de Alagoas sexo, idade avançada, raça/cor, anos de estudo e região de saúde de residência.
CIRURGIA BARIÁTRICA NO SUS EM PERNAMBUCO: PERFIL DOS INDIVÍDUOS E DOS SERVIÇOS, 2017-2023
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silva, L. R.1, Souza, N. P.2, Dantas, A. C. B.3, Siqueira, J. O.1, Pajecki, D.3, Tess, B. H.1
1 USP
2 UFPE
3 HC-FMUSP
Objetivos: Descrever aspectos individuais e dos serviços onde foram realizadas cirurgias bariátricas no Sistema Único de Saúde em Pernambuco, entre 2017 e 2023. Métodos: Estudo ecológico usando dados do Sistema de Informações Hospitalares, tendo o município como unidade de análise. Para a extração dos dados, no campo “diagnóstico” buscou-se “obesidade” e em “procedimentos realizados”, “cirurgia bariátrica”. Selecionaram-se variáveis sociodemográficas (sexo, idade, raça/cor), temporais (ano de internação), geográficas (estado e município de residência) e relacionadas ao atendimento (tipo de procedimento, hospital de realização). Resultados: Foram realizadas 1.307 cirurgias, sendo a maioria do sexo feminino (85,8%), faixa etária de 20 a 39 anos (53,3%) e população negra (63%); 94,9% eram residentes de Pernambuco. Desses, cerca de 76% eram de municípios da macrorregião metropolitana e 24% eram provenientes do interior. A cirurgia por laparotomia foi mais frequente (60,4%), mas observou-se aumento da via videolaparoscópica desde 2019. As cirurgias foram realizadas em hospitais sediados em Recife, sendo 36,6% no Hospital Oswaldo Cruz, 28,3% no Hospital das Clínicas, 20,8% no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira e 14,2% no Hospital Agamenon Magalhães. Conclusões: A maior frequência de cirurgias ocorreu em mulheres, em jovens adultos e pessoas negras, demonstrando perfil populacional semelhante ao de outros estados. Viu-se também o aumento do número de cirurgias por videolaparoscopia, uma técnica menos invasiva. Além disso, cerca de 24% dos indivíduos eram residentes de municípios do interior do estado, necessitando de mais investigações sobre a regionalização do acesso ao procedimento.