Programa - Comunicação Coordenada - CC1.8 - Epidemiologia das doenças negligenciadas
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
09:40 - 11:00
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DE 2011-2023
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Corrêa, B. M.1, Marinho, D. S.1, Mello-Silva2
1 ENSP
2 IOC
Objetivos: Mapear a distribuição da esquistossomose mansoni (EM) nos municípios do Rio de Janeiro de 2011 a 2023, identificando agrupamentos de municípios com maior incidência. Métodos: Utilizou-se o QGIS para a confecção dos mapas temáticos, o Geoda para as análises espaciais bivariadas e univariadas, foram utilizadas as variáveis explicativas socioeconômicas (IDHM, IVS, Índice de Gini) e habitacionais (ligação de rede de esgoto e abastecimento com água encanada), o software Excel® foi aplicado na organização, tabulação de dados e na geração dos gráficos. As informações das notificações do SINAN foram utilizadas para detalhar as características da população afetada pela enfermidade, bem como para a união das malhas territoriais do IBGE. Resultados: Os municípios de Duas Barras, Porciúncula e Sumidouro apresentaram-se como os municípios com maiores números de casos totais e maiores coeficientes de incidência. O Índice de Moran Global e local, foram calculados para verificação da autocorrelação espacial entre municípios vizinhos, destacando-se na análise univariada local da incidência do período, a observação de clusters baixo-alto, em Natividade, e alto-alto em Varre-Sai, municípios vizinhos a Porciúncula local onde obteve-se maior número de casos 253 (25,35%) e maior coeficiente de incidência 106,33 por 100.000 habitantes nesse período, observou-se clusters baixo-baixo na capital do estado e em municípios da região norte fluminense. Conclusões: Identificou-se a necessidade de reintrodução do Programa de Controle da Esquistossomose nos 3 municípios mais afetados, adicionalmente reforçou-se a relevância do uso de ferramentas de geoprocessamento no direcionamento de medidas de saúde aos municípios fronteiriços.
A CARGA DA HANSENÍASE NA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA ENTRE 1990 E 2019
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Malta, DC1, Cardoso, LSM1, Alves, FTA1, Mello, FCM2, Isabela, CVS1, Teixeira, R1, Costa, SM1, Leao, GR1, Mello, AJM3, Vasconcelos, NM1, Santos, SLA1, Gonçalves, JES1, Baldi, FVS1, Silva, AG1, Ferrinho, P4, Vasconcelos, NM1
1 UFMG
2 USP/RP
3 UFJF
4 IHMT, Universidade Nova de Lisboa
Objetivo: analisar a carga da hanseníase entre 1990 e 2019 na comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP). Métodos: Estudo de serie temporal com dados do Carga Global de Doenças referentes a Hanseníase. Foram calculadas a taxa de incidência por 100.000 habitantes, os anos de vida pedidos segundo incapacidades (YLD), a taxa percentual de mudança entre 1990 e 2019 e o Social Demografic Index (SDI), o qual, os valores variam entre 0 a 1, sendo 0 o pior escore e 1 o melhor. Resultados: Houve redução da incidência de hanseníase em todos os países. Em Angola, a incidência em 1990 foi de 6,7 e em 2019 de 1,2/100.000 (-82,4); No Brasil foi 4,8 e 3,5/100.000 (-26,9); Cabo Verde 0,5 e 0,2/100.000 (-48,5); Guine Equatorial 6,4 e 0,4/100.000 (-93); Guiné-Bissau 2,6 e 1,5/100.000 (-43,4); Moçambique 13,1 e 2,4 (-81,6); São Tomé e Principe 1,1 e 0,6/100.000 (-44,6); Timor-Leste 8,2 e 2,7/100.000 (-67,2), respectivamente, e não houve casos de hanseníase em Portugal. Em 2019, as maiores taxas de YLD foram em Moçambique (2,3/100.000), Guiné-Bissau (1,8/100.000), Timor-Leste (1,5/100.000) e Brasil (1,0/100.000). Os países com maior SDI tiveram melhor desempenho, com menores taxas de incapacidade. Conclusão: A hanseníase ainda se faz presente na maior parte dos países do CPLP e está relacionada com a pobreza e a desigualdades sociais. Embora tenham ocorrido redução da taxa de incidência e das incapacidades ao longo dos anos, ainda é uma doença negligenciada e que exige prioridade e intervenções apropriadas.
ANÁLISE ESPACIAL DOS CASOS NOVOS DE HANSENÍASE. RECIFE, PERNAMBUCO, 2016 A 2021.
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Silva, A.P. S. C.1, Teixeira, A. Q.2, Costa, C. G. C.1, Souza, W. V.2
1 CAV/UFPE
2 Fiocruz Pernambuco
Objetivo: Analisar a distribuição espacial da hanseníase no Recife, Pernambuco, 2016 a 2021.
Métodos: Estudo ecológico dos casos novos de hanseníase notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação e disponibilizados em formato não nominal no site https://datasus.saude.gov.br/transferencia-de-arquivos/. Os estabelecimentos de saúde de notificação foram georreferenciados e a eles foi atribuído o número de casos novos de hanseníase de residentes do Recife por triênio de notificação, sendo 1º triênio (2016-2018) e 2º triênio (2019-2021) e por faixa etária (<15 anos e >15 anos). Foi adotada a análise de densidade de kernel, tendo como parâmetros a função quártica e raio de 1 quilômetro.
Resultados: Ocorreram 2.660 novos casos (27,0 casos/100 mil habitantes), desses 1.349 casos (27,6 casos/100 mil habitantes) no 1º triênio e 1.311 casos (26,4 casos/100 mil habitantes) no 2º triênio. Para o total de casos, é observado um deslocamento da alta densidade de casos do norte do Recife no 1º triênio para área localizada ao sudoeste do município no 2º triênio; trata-se de regiões com alta densidade populacional e concentração de moradias subnormais. Esse comportamento assemelha-se aos <15 anos. Para os >15 anos se mantem alta densidade ao norte, mas destaca-se o surgimento do cluster ao sudoeste do município.
Conclusões: Observou-se mudanças no padrão da distribuição espacial da hanseníase no Recife. O período pandêmico pode ter influenciado a mudança na prática das notificações, o que ressalta a importância da incorporação de ferramentas de análise espacial no monitoramento epidemiológico desta doença que tem forte caráter de transmissão comunitária.
LÓGICA FUZZY PARA ANÁLISE DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO XINGU, PARÁ
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Souza, B. C.1, Gonçalves, N. V.2, Brígida, G. S. S.3, Sousa, B. Y. S.2, Guimarães, X. B. M.2, Guimarães, H. M. M. S.1, Alves, T. M. K.2, Souza, A. M. F.2, Brito, S. R.3, Miranda, C. S. C.2
1 UFPA
2 UEPA
3 UFRA
Objetivo: Analisar o risco de ocorrência da Leishmaniose Cutânea (LC), considerando seus fatores de risco epidemiológicos, demográficos, socioeconômicos, ambientais e de políticas públicas em saúde, nos municípios da Região de Integração do Xingu (RIX), estado do Pará, no período de 2018 a 2022. Métodos: Este estudo experimental utilizou dados do Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A relação entre as variáveis foi analisada por um sistema fuzzy (motor de inferência Mamdani) desenvolvido com a linguagem de programação python 3.7 e a biblioteca scikit-fuzzy 3.3, no ambiente web Google Collab. O sistema considerou a prevalência da LC (casos/população x 100mil), a demografia, a taxa de alfabetização, a renda mensal entre ½ e 1 salário mínimo, o incremento do desmatamento acumulado e a Cobertura da Estratégia Saúde da Família (CESF) como input e o Risco de Estabelecimento da LC (RELC) como output. Resultados: Os municípios da RIX apresentaram gradientes no nível de RELC, sendo que este indicador foi muito alto em Altamira, Placas e Senador José Porfírio, que apresentaram precariedade muito alta com relação à CESF e Renda, bem como altos índices de desmatamento e de prevalência da doença. Conclusão: O sistema possibilitou a identificação dos municípios com maior risco para a LC, evidenciando aqueles com maior necessidade de intensificação de ações de vigilância ambiental e epidemiológica, visando a mitigação dos impactos causados por esta doença negligenciada.
A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM BARRA MANSA (RJ) DE 2014 A 2023
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Gonçalves, A. E.1, Braga, J. U.1, Santos, F. B.2, Maciel, E. M. G. S.1
1 ENSP/Fiocruz
2 INI/Fiocruz
Objetivos:
Identificar o padrão de distribuição espacial da Leishmaniose Visceral Canina (LVC) em Barra Mansa, Rio de Janeiro, e as possíveis mudanças no período de 2014 a 2023.
Métodos:
Trata-se de um estudo seccional com análise espacial. Os endereços residenciais dos tutores dos casos de LVC do município de Barra Mansa foram georreferenciados pelo Batchgeo. Foram elaborados mapas de ponto e mapas de intensidade de Kernel usando o QGIS versão 3.28.10. Mapas de Kernel para cada triênio foram comparados para avaliar possíveis modificações no padrão de distribuição espacial de casos de LVC.
Resultados:
A distribuição espacial dos casos de LVC no município de Barra Mansa, entre 2014 e 2023, revelou que dos 347 casos, apenas 3 casos se localizaram na zona rural, portanto 99% estavam na zona urbana do município. Três áreas da zona urbana concentraram a maioria dos casos, sendo que a mais importante área se localizava na fronteira da zona rural, outra na região central do território urbano e a terceira, limítrofe com Volta Redonda. Esse padrão esteve presente, porém com áreas quentes de maior abrangência no triênio final desse período.
Conclusões:
A LVC no município de Barra Mansa concentra-se na região urbana, seguindo uma tendência observada no Brasil desde a década de 80. A concentração dos casos para cada triênio foi similar, mantendo três zonas quentes, porém com uma expansão dessas zonas de elevada densidade. Esse padrão também pode ser atribuído a vigilância municipal da infecção canina em zonas onde a doença já estava estabelecida.