Programa - Comunicação Coordenada - CC1.11 - Saúde de Populações Indígenas
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
09:40 - 11:00
COBERTURA VACINAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA NA COORTE DE NASCIMENTOS INDÍGENAS GUARANI.
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Caldas, A.D.R.1, Caldas, J. R.2, Farias, Y. N.3, Barreto, C.T.G.4, Tavares, F. G.2, Pantoja, L. N.5, Duarte, M. C .L6, Cardoso, A. M.1
1 FIOCRUZ- Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
2 Universidade Federal Fluminense (UFF)
3 Universidade do Estado do Pará (UEPA)
4 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
5 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
6 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Objetivo: Descrever a cobertura e oportunidade vacinais no primeiro ano de vida por vacina e para o conjunto das vacinas recomendadas para a idade, em crianças indígenas Guarani do Sul e Sudeste do Brasil.
Métodos: Estudo descritivo sobre cobertura e oportunidade vacinais na primeira coorte de nascimentos indígenas no Brasil – a Coorte Guarani. Consideram-se elegíveis 535 crianças indígenas nascidas vivas entre junho/2014 e maio/2016, acompanhadas até completarem um ano de idade, em 81 (97,5%) das 83 aldeias Guarani existentes no litoral Sul-Sudeste. Os dados sobre doses aplicadas foram coletados pelas Equipes de Saúde Indígena a partir das cadernetas de vacinação, espelhos vacinais, prontuários e relatórios de trabalho.
Resultados: Foram obtidos dados vacinais de 472 (88,2%) das 535 crianças elegíveis. Coberturas acima de 95% foram alcançadas para vacinas aplicadas até os 3 meses de idade. Na análise de oportunidade, apenas a vacina contra a hepatite B alcançou proporção superior a 95%. Para o esquema básico completo, houve quedas importantes das coberturas, especialmente a partir dos 2 meses de vida, sendo que ao completar 1 ano, apenas 2% das crianças tinham o esquema básico recomendado.
Conclusão: Considerando a importância das doenças infecciosas na infância e a particular vulnerabilidade das crianças indígenas a essas doenças, sobretudo às infecções respiratórias agudas e diarreia, as baixas coberturas e oportunidade vacinais contra rotavírus, influenza e doença pneumocócica representam uma grave perda de oportunidade para o controle das doenças preveníveis e comuns na infância, redução da morbimortalidade e das iniquidades étnico-raciais em saúde no Brasil.
SOBREPESO E OBESIDADE GESTACIONAIS E DESFECHOS MATERNOS EM INDÍGENAS NO MATO GROSSO DO SUL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Reis, S. R. dos1, Pícoli, R. P.2, Freitas, G. A. de3, Lemos, E. F.4, Abreu, G. R.1
1 UFMS
2 FIOCRUZ/MS
3 UFU
4 UEMS
Objetivos: Estimar a prevalência de sobrepeso (SB) e obesidade (OB) pré-gestacional e os desfechos gestacionais das mulheres indígenas de Mato Grosso do Sul (MS). Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com 426 puérperas indígenas, que tiveram parto e/ou atendimento pós parto imediato em unidades hospitalares de MS, entre 2021 e 2022. Os dados antropométricos, clínicos e obstétricos maternos foram coletados em instrumentos específicos, por meio de entrevistas e verificação dos registros da Caderneta da Gestante. Para a classificação de SB e OB foi utilizado o Índice de Massa Corporal pré-gestacional, segundo as recomendações do World Health Organization (WHO/1995). Foram excluídas as puérperas sem peso pré-gestacional (até a 13ª semana gestacional), registrado na caderneta da gestante. Foi realizada a análise descritiva utilizando o software Rstudio versão 4.3.1. Estudo aprovado pela Comissão Nacional de Ética de Pesquisa (CONEP), parecer de nº 4.970.421. Resultados: A prevalência de SB e OB pré-gestacional juntas, representaram 64,1% do total de mulheres indígenas. O SB e OB esteve presente em 87% dos casos de hipertensão arterial, em 85,7% de pré-eclâmpsia, em 85,7% de diabetes gestacional, em 75,0% das gestações de alto risco, em 75,8% de partos cesáreos e em 43,3% das mulheres que foram submetidas à prática de episiotomia. Conclusões: Constatou-se elevada prevalência SB e OB pré-gestacional em indígenas de Mato Grosso do Sul e elevada ocorrência de morbidade materna entre as gestantes com SB e OB.
O REGISTRO HOSPITALAR DE CÂNCER DE BOCA ENTRE INDÍGENAS NO BRASIL EM UMA DÉCADA
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Mauricio, H. A.1, Silva, I. K. S.1, Vidal, H. G.1, Santos, L. F. R.2, Moreira, R. S.2
1 UPE
2 IAM/FIOCRUZ-PE
Objetivo: Analisar os registros de diagnóstico e de tratamento hospitalar dos casos de câncer de boca na população indígena no Brasil, no período de 2010 a 2019. Método: Estudo ecológico de desenho misto, com dados do Sistema Integrador Registro Hospitalar de Câncer (IRHC) referentes aos internamentos por câncer de boca (CIDs C00-C06), incluindo unidade hospitalar, sexo, faixa etária, local de nascimento, procedência do caso, raça/cor, escolaridade, ocupação, consumo de bebida, consumo de tabaco, histórico familiar de câncer, ano de diagnóstico e do 1º tratamento, tratamento recebido e desfecho do caso. Realizou-se análise descritiva e espacial dos casos e unidades hospitalares. A pesquisa foi aprovada por meio do Parecer CEP/Conep Nº4.421.223/20. Resultados: Do total de casos de câncer de boca (67.317), 54 foram notificados para indivíduos indígenas. Entre indígenas, as faixas etárias acometidas foram 30-59 anos (46,3%) e 60 anos ou mais (53,7%). Casos foram mais frequentes entre os indígenas com ensino fundamental incompleto (33,3%). A Região Nordeste apresentou maior frequência como local de origem das notificações (62,2%). Sobre o estadiamento clínico do tumor, a maioria encontrava-se em fases avançadas (III e IV) ou não estadiável. Elevadas frequências de consumidores e ex-consumidores de álcool e tabaco figuraram entre os casos. Conclusões: O perfil de usuários indígenas diagnosticados com câncer de boca no Brasil é marcado por desigualdades regionais, socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde, sinalizando elevada frequência de casos graves. O conhecimento do perfil epidemiológico pode ser capaz de apoiar ações de controle, prevenção e diagnóstico precoce.
FATORES ASSOCIADOS AO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS INDÍGENAS DE ALAGOAS
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Anjos, A. B. S. L.1, Oliveira, V. C.1, Santos, T. R.2, Ferreira, H. S.2, Cardoso, M. A.1, Lourenço, B. H.1
1 FSP/USP
2 FANUT/UFAL
Objetivos: Investigar fatores associados ao estado nutricional de crianças indígenas menores de 5 anos em Alagoas.
Métodos: Estas análises compõem o Estudo de Nutrição, Saúde e Segurança Alimentar de Indígenas de Alagoas, inquérito transversal de base domiciliar envolvendo 13 comunidades selecionadas por sorteio simples, com 329 crianças indígenas <5 anos (52% meninos, 39% <2 anos). Coletaram-se informações demográficas, socioeconômicas, maternas, perinatais e de saúde da criança, e realizou-se exame antropométrico de crianças e mães. Desfechos de interesse foram índices de altura para idade (A/I) e índice de massa corporal para idade (IMC/I) em escores-z segundo sexo de acordo com padrões de crescimento da Organização Mundial da Saúde. Modelos de regressão linear múltiplos estimaram coeficientes (β) e intervalos de confiança (IC95%) de fatores associados aos desfechos.
Resultados: Médias de escore-z de A/I e IMC/I foram -0,38 (DP: 1,09) e 0,50 (DP:1,10), sendo 6,1% das crianças com baixa estatura (A/I <-2z) e 9,5% com sobrepeso (IMC/I >2z). Para o crescimento linear, insegurança alimentar grave relacionou-se a menor A/I (β: -0,37; IC95%: -0,71; -0,03), enquanto crianças residentes em casas de alvenaria exibiram maior A/I (β: 0,71; IC95%: 0,10; 1,32). Altura materna e peso da criança ao nascer associaram-se positivamente a A/I até 5 anos. Com relação ao peso, excesso de peso materno, parto cesárea e macrossomia ao nascer estiveram positivamente associados a IMC/I até 5 anos.
Conclusões: Características maternas e tamanho ao nascer foram associados ao estado nutricional de crianças indígenas até 5 anos. Condições socioeconômicas foram relevantes particularmente para o crescimento linear.
SÍFILIS GESTACIONAL E CONGÊNITA ENTRE OS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA, 2011 A 2022
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Santos JR, H.G.1, Rorato, A.C.2, Paixão, E.S.3, Oliveira, G.L.4, Dos Santos, I.O.5, Soares, M.A.S.5, Lana, R.M.6, Fiaccone, R.7, Ichihara, M.Y.T.5, Cardoso, A.M.1
1 ENSP/FIOCRUZ
2 LISS/INPE
3 LSHTM
4 CEFET/MG
5 CIDACS/IGM/FIOCRUZ
6 BSC
7 IME/UFBA
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico da sífilis gestacional (SG) e congênita (SC) entre povos indígenas na Amazônia brasileira. Métodos: Estudo descritivo dos casos de SG e SC notificados no SINAN-Sífilis no período 2011-2022. Os denominadores populacionais são provenientes do SINASC. Foram descritas frequências absolutas e relativas da SG e SC segundo idade, escolaridade da gestante/mãe, idade gestacional no diagnóstico e realização de pré-natal. Estimou-se taxas anuais de detecção de SG e incidência de SC. Resultados: No período, foram notificados 972 casos de SG. A média de idade das gestantes foi de 24 anos (IC95%:23,6-24,5). Verificaram-se maiores proporções de SG entre mulheres indígenas na faixa etária de 10-19 anos (32,4%), com menos de oito anos de estudo (50,1%) e com diagnóstico a partir do segundo trimestre gestacional (69,1%). A taxa de detecção da SG aumentou 2,7 vezes, de 2,5/1000NV, em 2011, para 6,8/1000NV, em 2022. Foram notificados 256 casos de SC. Entre as mães, a idade média foi de 23 anos (IC95%:22,8-24,3), 55,9% tinham menos de oito anos de estudo e 19,1% não haviam feito pré-natal. A taxa de incidência de SC aumentou 3 vezes, de 0,6/1000NV, em 2011, para 1,8/1000NV, em 2022. Conclusões: Em uma década, houve incremento de cerca de 3 vezes nas taxas de SG e SC entre pessoas indígenas na Amazônia brasileira. Recomenda-se fortalecer a vigilância e atenção à saúde, particularmente ao pré-natal e ao recém-nascido, a fim de prevenir a doença e suas sequelas na saúde materno-infantil indígena, reduzindo as iniquidades étnico-raciais em saúde no Brasil.