Programa - Comunicação Coordenada - CC1.14 - Gênero e Saúde Reprodutiva
25 DE NOVEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
17:00 - 18:20
FATORES ASSOCIADOS AO STRESS RESPONSE SYNDROME RELACIONADO AO PARTO: NASCER NO BRASIL I
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Baldisserotto, M.L.1, Theme-Filha, M.M2, Amaral, A.C3, Papaterra, M.2, Pereira, A. P4, Osório, F.5, Nobre, A. A.6, Granado, S.2, Leal, M. C.2
1 UFRJ
2 ENSP/Fiocruz
3 INI/Fiocruz
4 ENSP/Fiocriz
5 USP
6 PROCC/ Fiocruz
Introdução: O parto, quando considerado um evento traumático, pode levar algumas mulheres a desenvolverem a Stress Response Syndrome (SRS), uma resposta de estresse emocional associada ao Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Esse estudo teve como objetivo estimar a prevalência e os fatores associados a SRS dentre puérperas do estudo Nascer no Brasil I. Método: A pesquisa "Nascer no Brasil I", realizada entre 2011/2012, foi composta por amostra complexa e representativa brasileira de 23.940 mulheres. A Stress Response Syndrome foi aferida via entrevista telefônica pelo instrumento IES (Impact Event Scale). A associação entre variáveis maternas e SRS foi avaliada via modelos de Poisson Inflacionado de Zeros. Os coeficientes e os respectivos Intervalos de Confiança de 95% foram estimados. Resultados: Quanto à prevalência de SRS, 85,5% das mulheres apresentaram sintomas negativos, 3,5% moderados e 11% severos. Os fatores associados a SRS foram macrorregião, cor de pele, escolaridade, nível socioeconômico, paridade, intencionalidade da gestação, tipo de parto, emergência obstétrica, qualidade da assistência ao parto e violência obstétrica. A idade materna e a situação conjugal não apresentaram associação. Discussão: O estudo detectou índices elevados de SRS nas mulheres no pós-parto para o Brasil. As mulheres pertencentes a níveis socioeconômicos mais baixos e cor de pele preta apresentaram maiores risco de desenvolverem SRS. Somado a isso, uma baixa qualidade de assistência ao parto e violência obstétrica aumentaram as chances de SRS nas mulheres. Isso demonstra a necessidade de melhoria da qualidade da assistência ao parto no Brasil.
CONSTRUÇÃO DA ESCALA DE SATISFAÇÃO COM A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR AO PARTO - VERSÃO 2
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Dall‘ Aqua, C. B.1, Castro, S. M. J.2, Iser, B. M.3, Paiz, J. C.1, Silva, A. A. M.4, C, D. D. O.4, Leal, M. C.5, Giugliani, C.1
1 Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS
2 Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS; Departamento de Estatística, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS
3 Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade do Sul de Santa Catarina (UniSul), Tubarão, SC
4 Departamento de Saúde Pública, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA
5 Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, RJ
Objetivos: Descrever as etapas da produção de evidências de validade da escala de Satisfação com a Assistência ao Parto em uma amostra de mulheres brasileiras. Métodos: Foram utilizados dados de 15965 mulheres participantes da pesquisa Nascer no Brasil, obtidos por questionário telefônico, aplicado até seis meses após o parto. Utilizou-se a Teoria da Resposta ao Item para as análises do estudo. Etapa 1: análise exploratória e definição de itens a compor a medida “nível de satisfação com o parto”. Etapa 2: divisão aleatória do banco de dados em duas partes: banco 1 (n = 7982), ajustado pelo Modelo de Resposta Gradual de Samejima; banco 2 (n = 7983), estimados os níveis de satisfação das mulheres com o parto. Etapa 3: verificadas medidas de fidedignidade. Etapa 4: validade de construto - Análise Fatorial Exploratória (EFA) no banco 1 e posteriormente, Análise Fatorial Confirmatória (CFA) no banco 2. Etapa 5: validade concorrente do traço latente com variáveis relacionadas à satisfação com o parto. Resultados e Conclusões: Etapa 1: definiu-se que a escala denominada Escala de Satisfação com a Assistência Hospitalar ao Parto - Versão 2 seria composta de nove itens. Etapa 2: todos os itens apresentaram boa capacidade de discriminação. Etapa 3: as medidas de fidedignidade obtidas foram de grande magnitude. Etapa 4: a EFA resultou em uma estrutura fatorial latente composta de três dimensões e a CFA demonstrou bom ajuste de modelo. Etapa 5: a direção das associações foi semelhante entre os bancos. As etapas realizadas demonstram que o instrumento possui propriedades psicométricas adequadas.
GRAVIDEZ E CONTRACEPÇÃO ENTRE MULHERES TRABALHADORAS DO SEXO NO BRASIL
Comunicação coordenada (apresentação oral)
DE LIMA, AMP.1, MAGNO, L.2, SZWARCWALD, CL.3, DOURADO, I.4
1 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia (BA), Brasil.
2 Departamento de Ciências da Vida, Universidade do Estado da Bahia, Campus 1, Salvador, Bahia, Brasil
3 Instituto de Comunicação Científica e Informação em Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil
4 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, Bahia (BA), Brasil
Mulheres trabalhadoras do sexo (MTS) estão mais vulneráveis a gravidez indesejada, com adoção inconsistente ou limitada de métodos de contraceptivos (MC). Objetivo: Estimar prevalência de gravidez ao longo da vida (mesmo que tenha sido interrompida) e investigar os fatores associados a utilização de MC entre MTS em doze cidades brasileiras.Métodos: Estudo transversal com 4.178 MTS recrutadas por Respondent-Driven Sampling em 12 cidades brasileiras em 2016. Odds ratios (OR) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) da associação entre potenciais fatores e a utilização de MC foram estimados usando regressão logística, com dados ponderados pelo estimador RDS-II. Resultados: A prevalência de gravidez ao longo da vida foi de 79%. Das entrevistadas, 67% (N=2764) relataram utilizar algum MC. O preservativo foi o método mais utilizado (38,1%), seguido do contraceptivo oral (29,7%) e injetável (28,9%). Os fatores associados ao uso de MC foram: idade entre 20-29 anos (OR:3,0, IC95%: 2,4-3,9), possuir ensino médio completo (OR:1,6, IC95%: 1,3-2,0), gravidez alguma vez na vida (mesmo que tenha sido interrompida) (OR:1,4, IC95%:1,0-2,1), realizar 4 programas ou mais por dia (OR:1,5, IC95%:1,2-1,9), enquanto as chances de utilizar MC diminuiu entre as que relataram residir com parceiro fixo (OR:0,6, IC95%:0,4-0,7) e trabalhar em pontos de rua (OR:0,7, IC95%:0,5-0,8). Conclusão: MTS possuem uma alta prevalência de gravidez ao longo da vida, com o uso de MC muito abaixo dos percentuais encontrados em mulheres na população geral.É urgente ampliar o acesso ao planejamento reprodutivo entre MTS, com atenção para aquelas em contexto de maior vulnerabilidade.
TENDÊNCIAS NA COBERTURA E NAS DESIGUALDADES EM SAÚDE REPRODUTIVA NO BRASIL, 1986-2019
Comunicação coordenada (apresentação oral)
.1, .1, .1, .1, COSTA, JC2, FERREIRA, LZ2, BARROS, AJD2
1 .
2 ICEH/UFPel
Objetivos: Descrever tendências na cobertura e desigualdades na saúde reprodutiva de mulheres no Brasil.
Métodos: Analisamos cinco inquéritos nacionalmente representativos (1986, 1996, 2006, 2013 e 2019) incluindo cobertura de métodos contraceptivos modernos, uma ou mais consulta pré-natal (PN1), quatro ou mais consultas PN (PN4), início oportuno de PN, parto institucional e cesárea. Estimativas foram calculadas em nível nacional, por macrorregiões, área de residência, quintis e decis de riqueza e raça/cor da pele. Medidas de desigualdade incluíram índice de inclinação da desigualdade, diferença e diferença média absoluta da média nacional.
Resultados: A cobertura de todos os indicadores aumentou nacionalmente e a maioria atingiu estabilidade entre 2013 e 2019. Cobertura quase universal foi alcançada para PN1, PN4 e parto institucional. Cesárea aumentou de 30% (1986) para 56% (2019). Desigualdades diminuíram entre as macrorregiões, com as menores disparidades observadas em 2019, principalmente para consultas PN (diferença média da estimativa nacional < 1p.p.). A região Nordeste apresentou os maiores incrementos. A magnitude das desigualdades relacionadas à área de residência e à riqueza diminuiu ao longo do tempo, embora persistente e favorecendo os grupos urbanos e mais ricos. A desigualdade em cesárea diminuiu, principalmente devido ao aumento entre os mais pobres. Desigualdades raciais persistentes foram observadas para PN e cesárea, com menor prevalência para mulheres pretas e pardas quando comparadas às brancas.
Conclusões: A diminuição das desigualdades foi conduzida por aumento na cobertura entre grupos historicamente desfavorecidos, entretanto, o aumento na prevalência de cesárea é motivo de alerta.
ADEQUAÇÃO DO PRÉ-NATAL DE BRASILEIRAS E MIGRANTES VENEZUELANAS EM RORAIMA NO ANO DE 2022
Comunicação coordenada (apresentação oral)
Carmo, T.T.1, Carvalho, T.D.G.1, Gama, S.G.N.1
1 ENSP/Fiocruz
Objetivos
Traçar o perfil socioeconômico e descrever a adequação de pré-natal de venezuelanas e brasileiras com partos em Roraima em 2022.
Métodos
Estudo seccional de base hospitalar. Trata-se de um recorte do estudo “Nascer no Brasil II” em Roraima, que inclui 580 puérperas brasileiras e 324 venezuelanas atendidas para o parto. Calculadas frequências absolutas e prevalências, as diferenças entre os grupos foram avaliadas pelo teste qui-quadrado (χ2).
Resultados
Brasileiras e venezuelanas têm em sua maioria entre 20 e 34 anos de idade (70,1% e 67,6%, respectivamente), se autodeclaram pardas (73,4% e 91,4%, respectivamente) e completaram o ensino médio (52,1% e 46,6%, respectivamente).
O início precoce do pré-natal ocorreu em 65,5% das brasileiras e 57,7% das venezuelanas, enquanto a realização de ao menos seis consultas foi menor nas venezuelanas (55,2%) comparadas às brasileiras (66,2%). A realização dos exames pré-natais foi adequada para 54% das brasileiras e 44% das venezuelanas. As brasileiras se sentiram mais informadas sobre onde buscar atendimento frente a emergências ou para o parto (72,6%) do que as venezuelanas (38%). A adequação ao pré-natal de forma global foi satisfatória em 26,7% das brasileiras e 13% das venezuelanas.
Conclusão
Migrantes venezuelanas encontram-se em situação de vulnerabilidade social mais acentuada do que as brasileiras. A adequação do pré-natal foi baixa nos dois grupos, o que evidencia a necessidade de estratégias de aprimoramento do pré-natal em Roraima. Às venezuelanas, que tiveram pior adequação, se faz necessário criar estratégias que levem em conta as diferenças culturais e barreiras de acesso específicas a essa população.